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O PODER JUDICIÁRIO NO ENFRENTAMENTO

À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA AS MULHERES

Luciana Lopes Rocha


Juíza Titular do Juizado de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher de
Taguatinga
Coordenadora do Núcleo Judiciário da
Mulher- NJM
Integrante do Grupo de Trabalho do CNJ
para criação e implantação do Formulário
Nacional de Avaliação de Risco
Ex-Presidente do FONAVID
FORMULÁRIO NACIONAL DE AVALIAÇÃO DE RISCO
(estrutura, objetivos, conteúdo, aplicação, encaminhamentos após
preenchimento, metodologia de aplicação)

Luciana Lopes Rocha


Juíza Titular do Juizado de Violência Doméstica
e Familiar contra a Mulher de Taguatinga
Coordenadora do Núcleo Judiciário da Mulher-
NJM
Integrante do Grupo de Trabalho do CNJ para
criação e implantação do Formulário Nacional
de Avaliação de Risco
Ex-Presidente do FONAVID
APLICAÇÃO DO FORMULÁRIO NACIONAL DE AVALIAÇÃO DE
RISCO

APRECIAÇÃO DO GRAU DE RISCO

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QUEM PODE PREENCHER O FORMULÁRIO NACIONAL DE AVALIAÇÃO
MEDIDA PROTETIVA CÍVEL
DE RISCO?

Parte I - Profissional capacitado ou pela própria vítima;


• Será preenchido preferencialmente aplicado pela Polícia Civil, no momento do
registro da ocorrência policial, ou, em caso impossibilidade, pela equipe do
Ministério Público ou do Poder Judiciário, por ocasião do primeiro atendimento
à mulher vítima de violência doméstica;
ENUNCIADO 55 FONAVID: Em caso de não aplicação do Formulário Nacional de
Avaliação de Risco pela Polícia Civil no momento do registro da ocorrência
policial, a aplicação será realizada pela equipe técnica de atendimento
multidisciplinar ou servidor capacitado do juízo preferencialmente antes de
qualquer audiência. (APROVADO NO XI FONAVID – São Paulo).
• Pode ser eletrônico ou impresso;
QUEM PODE PREENCHER O FORMULÁRIO NACIONAL DE AVALIAÇÃO
MEDIDA PROTETIVA CÍVEL
DE RISCO?

Parte II – Exclusivamente por Profissional capacitado


• Esta avaliação estruturada deve ser conduzida por profissional com experiência
em técnicas de entrevista e conhecimento sobre avaliação do funcionamento
global e saúde mental (equipes multidisciplinares, psicólogos, assistentes
sociais, etc)

• Pode ser eletrônico ou impresso

• Facultativamente outras instituições públicas ou privadas, que atuem na área


de prevenção e do enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a
mulher (Defensoria Pública, Polícia Militar, Centros de Referência de
atendimento às mulheres, Unidades de saúde, etc.)
APÓSMEDIDA PROTETIVA
APLICAÇÃO CÍVEL
DO FORMULÁRIO

• Será anexado aos inquéritos e aos procedimentos relacionados à prática de


atos de violência doméstica e familiar contra a mulher (requerimentos de
medidas protetivas de urgência, Inquéritos policiais e APF’s), para subsidiar
decisão MPU e/ou medida cautelar, bem como encaminhamentos da vítima e
autor dos fatos à rede de proteção;

• Será disponibilizado eletronicamente pelo Poder Judiciário e pelo Ministério


Público, observada a interoperabilidade com outros sistemas de processo
eletrônico. Na impossibilidade de acesso ao formulário eletrônico, deverá ser
aplicada a sua versão impressa.
INFORMAÇÕESMEDIDA PROTETIVA CÍVEL
SOBRE AVALIAÇÃO E GESTÃO DE RISCO

• Presença de fatores de risco que por sua existência isolada e o seu peso
específico representam sozinhos o risco de violências graves ou letais (itens
críticos/risco elevado de letalidade: histórico de violências, uso de faca, arma
de fogo, agressões físicas graves e ciúmes excessivo).

• A Avaliação dos dados da Parte I objetiva é qualitativa e requer julgamento do


avaliador. Associação entre os fatores de risco existentes, quanto maior
número de respostas positivas nos Blocos I, II e III, maior o risco de violência
grave potencialmente letal.
INFORMAÇÕESMEDIDA PROTETIVA CÍVEL
SOBRE AVALIAÇÃO E GESTÃO DE RISCO

• As respostas do Bloco IV não configuram fatores de risco de feminicídio ou


lesão agravada, mas são informações importantes para atendimento das
necessidades da mulher em situação de violência doméstica e familiar e
compreensão dos fatos;

• As informações quantitativas da Parte I devem ser complementadas com a


avaliação estruturada da Parte II.

• As marcações NÃO SEI no formulário devem ensejar aprofundamento da


investigação sobre a existência do fator de risco na Parte II do Formulário.
MEDIDA
INFORMAÇÕES SOBREPROTETIVA
AVALIAÇÃO ECÍVEL
GESTÃO DE RISCO

• A partir da identificação dos fatores de risco objetivos (Parte I) e da avaliação


estruturada (Parte II) deve ser selecionado o tipo de intervenção adequada
para a gestão individualizada destes riscos (Políticas Públicas individualizadas
de prevenção);

• A critério do profissional, deve-se avaliar o encaminhamento do formulário aos


destinatários dos encaminhamentos da rede de proteção, preservado sigilo
perante terceiros (Protocolos de referência e compartilhamento de
informação para construir compreensão e responsabilização compartilhadas
por toda rede);
INFORMAÇÕESMEDIDA PROTETIVA CÍVEL
SOBRE AVALIAÇÃO E GESTÃO DE RISCO

• A avaliação realizada por meio do formulário (Parte I e Parte II) constitui um


recorte do fenômeno;

• Avaliação inicial não é definitiva, pois o risco é dinâmico, pode alterar-se com
o tempo. Outras avaliações podem ser realizadas nos diversos serviços da rede
de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher;
INFORMAÇÕESMEDIDA PROTETIVA CÍVEL
SOBRE AVALIAÇÃO E GESTÃO DE RISCO

MENDES, Liz-Elainne de Silvério e Oliveira


(Coord). Guia de Avaliação de Risco para o
Sistema de Justiça. Brasília: Ministério
Público do Distrito Federal e Territórios –
MPDFT, 2018.
GESTÃO DE RISCO

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PROTOCOLO DE GESTÃO DOS RISCOS NO DF

PROVÁVEL RISCO MODERADO


Situação atual de violências sérias sem indicadores de risco iminente de
violências físicas graves ou potencialmente letais, ou de possível progressão para
risco iminente. Poucos itens marcados.

• Encaminhamento de informações à vítima sobre a rede de apoio psicossocial


local, para demanda espontânea (DP, MP, Judiciário).

• Avaliação da necessidade de encaminhamento do suposto agressor a programa


de reflexão psicossocial (NAFAVD, NJM/TJDFT, Faculdades);

• Deferimento das medidas protetivas de urgência e continuidade do processo


criminal.
PROTOCOLO DE GESTÃO DOS RISCOS NO DF

PROVÁVEL RISCO GRAVE


Situação atual de violências sérias, mas sem indicadores de risco iminente de violência
física grave ou potencialmente letal, que podem, todavia, evoluir para o risco extremo.
Quantidade intermediária de itens marcados
• Encaminhamento do caso ao serviço psicossocial de atenção às mulheres (CMB, CEAM,
NAVAFD, CREAS, PAV, outros), com cópia deste questionário e ocorrência policial, para
tentativa de contato telefônico.
• Avaliação da necessidade de encaminhamento do suposto agressor a programa de
reflexão psicossocial (NAFAVD, NJM/TJDFT, Faculdades);
• Avaliar conveniência de realização de estudo psicossocial e monitoração da evolução da
situação de risco pelo Serviço Psicossocial do Sistema de Justiça (SEPS/MPDFT,
NERAV/TJDFT, DAP/DP);
• Deferimento das medidas protetivas de urgência e continuidade do processo criminal.
PROTOCOLO DE GESTÃO DOS RISCOS NO DF

PROVÁVEL RISCO EXTREMO:


Situação iminente de violência física grave ou potencialmente letal. Há uma grande quantidade
de itens marcados, ou, ainda, itens críticos (1-A, 2-B, 6-A, ou 6-C)
• Avaliação com a vítima da necessidade de seu encaminhamento à CASA ABRIGO;
• Encaminhamento do caso ao PROVID/PMDF, para construção do plano de segurança e
acompanhamento periódico;
• Encaminhamento do caso ao PROGRAMA SISTEMA DE SEGURANÇA PREVENTIVA (APPVIVA FLOR)
e PROGRAMA DE MONITORAÇÃO ELETRÔNICA DE PESSOAS;
• Encaminhamento do caso ao serviço psicossocial de atenção às mulheres (CMB, CEAM, NAVAFD,
CREAS, PAV, outros), com cópia deste questionário e ocorrência policial, para busca ativa
telefônica e/ou residencial;
• Avaliação da necessidade de encaminhamento do suposto agressor a programa de reflexão
psicossocial (NAFAVD, NJM/TJDFT, Faculdades);
• Encaminhamento do caso à comissão circunscricional de enfrentamento à violência doméstica e
familiar contra a mulher, para estudo do caso;
• Avaliar decretação da prisão preventiva, inclusive de ofício (art. 20, da Lei 11.340/06);
• Avaliar eventual desconsideração de retratação da vítima em crimes sujeitos à ação
condicionada à representação da ofendida
ROTA CRÍTICA

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ROTA CRÍTICA

Vítima de violência doméstica "Um homem atendeu e disse


escreve bilhete com pedido de que era pra denunciar no 197,
socorro em agência bancária porque tinha que apurar se
no DF: 'Ele tá aí fora' aquilo era verdade mesmo",
Como só é permitida a entrada revelou.
de uma pessoa por vez, mulher
foi ao caixa sozinha, enquanto
marido aguardava do lado de
fora. Funcionário procurou a
polícia após ler a mensagem. "Ele leu, leu, olhou o papel e
Por Mara Puljiz, G1 DF disse que era jurisdição de
03/03/2021 17h56 Planaltina porque a mulher
morava lá. Eu questionei se ele
"Sobra burocracia e falta empatia. Cheguei no não poderia fazer contato com
outro dia no banco desnorteado", disse o alguém, mas ele não deu a
bancário mínima pra mim", contou o
bancário.

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ROTA CRÍTICA

Informação e conhecimento;
• Busca de informação acerca de dispositivo legal
- Fatores impulsionadores • Conhecimento sobre Delegacia da Mulher

Percepções e atitudes
• Pressupor que o registro do boletim de ocorrência
solucionará a situação de violência;
• Compreender que está vivenciando uma situação de
*Quadro síntese das evidências dos artigos da revisão integrativa da rota crítica de violência;
mulheres em situação de violência (ARBOIT, Jaqueline; PADOIN, Stela Maris de
Mello; DE PAULA, Cristiane Cardoso. Rota Crítica de Mulheres em situação de
• Compreender a dimensão pública da violência
violência: revisão integrativa da literatura. Ver. Bra. Enferm. Vol. 72 supl. 3 dez.
2019. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0265
Experiências prévias;
• Possuir filhos;
• Violência grave, medo ou ameaças
Apoio de pessoas íntimas
• Familiares e amigos

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MEDIDA PROTETIVA
ROTA CRÍTICA CÍVEL

Negativos Positivos

• Falta de proteção e • Acompanhamento da


segurança/medidas legais mulher na retirada de seus
de difícil fiscalização; pertences;
Disponibilidade e
Fatores de resposta
qualidade dos serviços • Precariedade da estrutura • Afastamento do
física, recursos humanos companheiro da casa pela
das instituições e autoridade policial;
equipamentos sociais;
• Apoio de grupos de
autoajuda;
MEDIDA PROTETIVA
ROTA CRÍTICA CÍVEL

Positivos

• Encaminhamento das
Negativos mulheres para outros
serviços e instituições;
• Ausência de protocolos de
atendimento, formulários • Fortalecimento da
Disponibilidade e específicos para registros de autoestima da mulher,
Fatores de resposta
qualidade dos serviços casos e notificação, independência econômica,
encaminhamento e avaliação empoderamento,
das medidas adotadas; planejamento e
reorganização da vida;
• A desestruturação da rede;
• Atendimento prestado
pelos profissionais dos
serviços;
MEDIDA PROTETIVA
ROTA CRÍTICA CÍVEL

Positivas
Negativas
• Culpabilização, discriminação da mulher,
concepções patriarcais e julgamento moral; • Compreensão de lei como um
• Compreensão da violência como doença a ser dispositivo legal inovador;
tratada;
• Consideração de lei como inconstitucional;
• Entendimento da medida protetiva como papel de • Compreensão da importância do
Representações sociais de
valor simbólico; trabalho em rede;
servidores de serviços e
• Percepção de que a violência não representa um
comunidade perigo real; • Sensibilização quanto à
• Entendimento de que os outros serviços são violência.
concorrentes;
• Desvalorização da delegacia da mulher;
• Conhecimento apenas do seu setor de atuação;
• Concepções de que a violência contra a mulher se
trata de um assunto de domínio privado.
MEDIDA PROTETIVA
ROTA CRÍTICA CÍVEL

Negativas Positivas

• Diminuição de casos de lesão corporal


• Respostas negativas dos setores de após a criação de lei;
aplicação da lei, policial e judicia;
• Cessação da violência pelo parceiro
• Resposta do setor saúde limitada ao íntimo após registro de boletim de
tratamento de lesões; ocorrência ou prisão;
Resultados obtidos
• Ausência de respostas do setor • Suporte das organizações de mulheres
educacional; dedicadas à violência contra a mulher;

• Ninguém as ajudou. • Respostas positivas das instituições


religiosas;

• Serviço de boa qualidade pela polícia;


MEDIDA PROTETIVA
ROTA CRÍTICA CÍVEL

• Realizou denúncia nas delegacias, registro do boletim de


ocorrência e pedir medida protetiva;
• Desistiu do processo e retirar a queixa;
• Buscou proteção do Ministério Público;
• Buscou ajuda nos serviços de saúde;
• Como incidência de violência contra mulheres?
• Buscou ajuda da família, de amigos e de vizinhos;
• Buscou ajuda da polícia;
• Buscou ajuda de organizações não governamentais;
• Como estimar o potencial de letalidade do risco?
Decisões executadas e ações empreendidas • Buscou ajuda de organizações religiosas
• Buscou ajuda de abrigos para mulheres;
• Buscou ajuda em agências de serviço social;
• Como reduzir ou eliminar os riscos? • Buscou trabalho para tornar-se independente;
• Separou-se do companheiro temporária ou definitivamente;
• Mudou de estado;
• Defendeu-se física ou verbalmente;
• Conversou com alguém;
- Falou com o companheiro;
TRABALHO EM REDE

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MEDIDA PROTETIVA
TRABALHO CÍVEL
EM REDE

Rede Sociais= conexão entre pessoas. Nasce da necessidade de enfrentar


coletivamente uma determina situação, problema ou necessidade que atinge
direta ou indiretamente cada indivíduo de um determinado grupo ou sociedade.

Potencial de mobilização do seres humanos para enfrentar os problemas,


direcionando coletivamente as iniciativas individuais para um objetivo comum.

Intervenção em Rede: crescimento, superação, mudança, transformação


MEDIDA
PRINCÍPIOS QUE PROTETIVA
NORTEIAM CÍVEL
O TRABALHO EM REDE

Iniciativa

Articulação
Cooperação

Integração União
MEDIDA
REDE DE PROTETIVA
ATENDIMENTO ÀSCÍVEL
MULHERES

DEFINIÇÃO

“ atuação articulada entre instituições e serviços governamentais, organizações e


grupos da sociedade civil, visando à ampliação e à melhoria da qualidade do
atendimento, à identificação e ao encaminhamento de casos existentes nas
comunidades e ao desenvolvimento de estratégias de prevenção” (CARREIRA;
PANDJIARJIAN, 2003, p. 18).
MEDIDA
REDE DE PROTETIVA
ATENDIMENTO ÀSCÍVEL
MULHERES

• Rede: “uma malha de múltiplos fios, que pode se espalhar indefinidamente para
todos os lados, sem que nenhum dos seus nós possa ser considerado principal ou
central nem representante dos demais. Não há um chefe, o que há é uma vontade
coletiva de realizar determinado objetivo” (Francisco Whitaker)
• Para que uma rede decole é necessário: sentido, objetivos, valores e posturas
(trabalho articulado e potencialização da diversidade), comunicação.
• Importância da institucionalidade: reconhecer as redes de relações já existentes
entre organizações, identificar os atores (instituições, serviços e grupos),
reconhecimento e diferenciar os papéis dos diferentes organismos do Estado e da
sociedade civil na rede; estabelecer a figura de um organismo articulador,
impulsionador e animador da rede;
• sempre ter em mente que no centro da rede está a MULHER.
MEDIDA
REDE DE PROTETIVA
ATENDIMENTO ÀSCÍVEL
MULHERES

Reconhecer:
que o outro
existe e é
importante
Associar-se
compartilhar Pode-se Conhecer: o
objetivos e destacar cinco que o outro
projetos pilares que faz
fundamentam o
paradigma de
redes:
Colaborar:
Cooperar:
prestar
compartilhar
ajuda
saberes, ações
quando
e poderes
necessário
POLÍTICA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS
MEDIDA PROTETIVA CÍVEL
MULHERES

A Secretaria de Políticas para Mulheres apresenta cinco eixos da Política Nacional


de Enfrentamento à Violência contra Mulheres:

✓ a prevenção, que envolve ações educativas e culturais que problematizem os


padrões culturais sexistas e patriarcais da sociedade;
✓ a assistência, relacionado ao fortalecimento dos serviços de atendimento às
mulheres e à capacitação de agentes públicos;
✓ o enfrentamento e o combate à violência, que prevê ações punitivas e o efetivo
cumprimento da Lei Maria da Penha e
✓ o acesso e garantia de direitos, que diz respeito ao cumprimento das
legislações nacionais e internacionais
MEDIDA PROTETIVA
ASPECTOS NEGATIVOS CÍVEL
DE NÃO TRABALHAR EM REDE

• Isolamento: “sozinho/a eu fazendo a minha parte”;


• Desgaste para usuários e profissionais nas repetições das narrações e escutas,
respectivamente;
• Descrença das/dos usuários na capacidade do profissional/instituição de
resolver seus problemas;
• Desperdício de tempo e retrabalho;
• Sensação de desmotivação e de impotência dos profissionais;
• Baixa resolutividade
• Revitimização: não contribui para romper a vivência da violência.
MEDIDA INTEGRADO
VANTAGENS DO TRABALHO PROTETIVA CÍVEL
E ARTICULADO EM REDE

• O estabelecimento de vínculos positivos por meio da interação entre indivíduos;

• Estimula o exercício da solidariedade e da cidadania;

• Mobiliza pessoas, grupos e instituições para utilizar os recursos da própria


comunidade;

• Fortalece vínculos comunitários e estimula o protagonismo social;

• Maior resolutividade.
MEDIDA PROTETIVA CÍVEL
DESAFIOS/OBSTÁCULOS

• Reduzido número de serviços especializados;


• Escassez de recursos financeiros e humanos nos serviços existentes;
• Carência de equipe qualificada para o atendimento às mulheres, evitando a
revitimização no atendimento;
• Desconhecimento sobre o trabalho de outras instituições;
• Falta de identificação e de encaminhamentos adequados por parte dos
serviços não especializados;
• Pouca integração entre a rede de atendimento à mulher em situação de
violências e as outras redes: sócioassistencial, de atenção à saúde, do sistema de
justiça e segurança que, em algumas regiões, ainda trabalham de forma isolada,
dificultando a articulação.
(Carreira e Pandjiarjian, 2003)
ESTRATÉGIAS PARA ATUAÇÃO EM REDE FRENTE AOS DESAFIOS DA
MEDIDA PROTETIVA CÍVEL
PANDEMIA

Articulação interna:

•Atuação conjunta com a assessoria de comunicação do Tribunal para divulgar no


site do referido Tribunal os serviços que estão em funcionamento e as formas de
acesso. (muitas mulheres podem não ligar ou procurar a delegacia ou juizado por
acharem que não estão funcionando.

•Promover canais de comunicação, via telefone, whatsapp ou mesmo presencial,


com mulheres com grave/extremo risco de recidiva de violências para
acompanhamento do caso e acionamento rápido da Rede. Recurso necessário:
equipe multidisciplinar e/ou Coordenadoria.
ESTRATÉGIAS PARA ATUAÇÃO EM REDE FRENTE AOS DESAFIOS DA
MEDIDA PROTETIVA CÍVEL
PANDEMIA

Articulação externa

• Com a Policia Civil: otimização de procedimentos para facilitar a comunicação e


o requerimento das medidas protetivas de forma eletrônica ou por meio
virtual;
• Com a Polícia Militar: solicitar à PM, por meio das Coordenadorias ou Juízes das
varas especializadas ou com competência na matéria de reforço no
policiamento (Patrulha Maria da Penha, Provid) e do sistema de segurança
pública para uso de meios tecnológicos para fiscalização do cumprimento das
MPU’s (botão do Pânico, dispositivos de rastreamento móvel) para evitar que a
mulher tenha que sair de casa para informar descumprimento; reforçar rondas
preventivas naquelas áreas onde há maior número de casos.
ESTRATÉGIAS PARA ATUAÇÃO EM REDE FRENTE AOS DESAFIOS DA
MEDIDA PROTETIVA CÍVEL
PANDEMIA

• Se não houver esse tipo de policiamento, articular com o próprio 190;

• Mapear as rotinas/fluxo de atendimento dos principais serviços de assistência


social, jurídica, psicológica e criar um “repertório integrado” onde conste todas
informações da rede desde a denúncia até o acompanhamento e a proteção
(isso evita a dispersão das informações). A Coordenadoria ou equipe
multidisciplinar podem fazer esse mapeamento e encaminhar às varas, bem
como disponibilizar o catálogo da Rede no site do Tribunal de Justiça;
ESTRATÉGIAS PARA ATUAÇÃO EM REDE FRENTE AOS DESAFIOS DA
MEDIDA PROTETIVA CÍVEL
PANDEMIA

•Com a assistência social: CRAS, entidades assistenciais e grupos de ajuda.


Estabelecer parceria temporária para priorizar a doação de cestas básicas/benefício
eventual (auxilio aluguel, gás, água, luz, etc) para mulheres (com
criança/idoso/deficiente) atendidas pela Vara. A equipe multidisciplinar e/ou a
Coordenadoria poderiam articular essa parceria;

•Criar grupo de whatsApp entre Vara/juizado, policia civil, polícia militar e Centros
de Atendimento Especializados (CEAMs) para acompanhamento/monitoramento
dos casos com risco grave/extremo;
ESTRATÉGIAS PARA ATUAÇÃO EM REDE FRENTE AOS DESAFIOS DA
MEDIDA PROTETIVA CÍVEL
PANDEMIA

• Naquelas localidades que não dispõem de casa abrigo ou que a mulher tenha
alguma restrição ao abrigamento, mas está correndo risco de vida, mapear rede de
apoio familiar ou articular com CRAS, empresários locais ou grupo de apoio o
abrigamento temporário da mulher e seus/as filhos/as em hotel, pousadas e
pensões, guardados o sigilo e a privacidade;
POLÍTICAS JUDICIÁRIAS

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MEDIDA PROTETIVA
POLÍTICAS CÍVEL
JUDICIÁRIAS

“Conjunto articulado de diretrizes, ações, mecanismos e estruturas criadas pelo


Poder Judiciário Brasileiro, por meio do CNJ, que mobilizam recursos do Judiciário e
prevêem estratégias de coordenação dos esforços entre os diversos tribunais para a
transversalidade de gênero no Poder Judiciário, o aperfeiçoamento dos processos
de implementação da LMP e dos tratados internacionais de direitos humanos das
mulheres dos quais o Brasil é signatário.”
(SEVERI, Fabiana Cristina. RDU, Porto Alegre, volume 16, n. 88, 2019, 96-118, jul-
agosto 2019)
MEDIDA PROTETIVA
HISTÓRICO CÍVEL
DO CNJ

•Recomendação CNJ n° 9/2007 - Juizados de Violência Doméstica e Familiar


contra a Mulher, nas capitais e no interior, estruturando-os com equipes
multidisciplinares; estatísticas sobre violência doméstica e familiar, cursos de
capacitação multidisciplinar em direitos humanos;

•2007 e 2009: Jornadas Lei Maria da Penha e FONAVID

•Resolução n° 128/2011 do CNJ: Coordenadorias Estaduais da Mulher em


situação de Violência Doméstica e Familiar;

•Portaria CNJ n° 15/17: Política Judiciária Nacional de Enfrentamento à Violência


Contra as Mulheres no Poder Judiciário e Semana Justiça pela Paz em Casa;
MEDIDA PROTETIVA
HISTÓRICO CÍVEL
DO CNJ

•Resolução CNJ n° 254/18 - redefiniu a Política Judiciária Nacional de


Enfrentamento à Violência contra a Mulher e incluiu um capítulo sobre Violência
institucional contra as mulheres;

•Resolução CNJ n° 255/18 - institui a Política Nacional de Incentivo à Participação


Institucional Feminina no Poder Judiciário;

•Resolução CNJ n° 252/18 - estabelece princípios e diretrizes de atenção às


mulheres gestantes e lactantes privadas de liberdade;
MEDIDA PROTETIVA
HISTÓRICO CÍVEL
DO CNJ

•Resolução nº 284, de 5 de junho de 2019, do Conselho Nacional de Justiça –


Institui o Formulário Nacional de Avaliação de Risco de Violência;

•Resolução Conjunta nº 05/20 CNJ/CNMP - Institui o Formulário Nacional de


Avaliação de Risco no âmbito do Poder Judiciário e do Ministério Público;

•Resolução n° 342 e 352/2020 CNJ – Instituem e regulamentam o Banco Nacional


de Medidas Protetivas de Urgência – nos termos do parágrafo único do art. 38-A
da Lei nº 11.340/2006, com a redação dada pela Lei nº 13.827/2019;
MEDIDA PROTETIVA
HISTÓRICO CÍVEL
DO CNJ

•Recomendação nº 79/20 CNJ - Dispõe sobre a capacitação de magistradas e


magistrados para atuar em Varas ou Juizados que detenham competência para
aplicar a Lei no 11.340/2006.

•Resolução nº 346/20 CNJ - Dispõe sobre o prazo para cumprimento, por oficiais
de justiça, de mandados referentes a medidas protetivas de urgência, bem como
sobre a forma de comunicação à vítima dos atos processuais relativos ao
agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão (art. 21
da Lei nº 11.340/2006).
CARTA X JORNADA
LEI MARIA DA PENHA

Diretrizes para efetivação nacional da Lei nº 11.340/16

45
MEDIDA
CARTA XPROTETIVA
JORNADA CÍVEL
LMP

1.EFETIVIDADE NO CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA;

2.EXPERIÊNCIAS DO TRATAMENTO PSICOSSOCIAL COM MULHERES EM SITUAÇÃO


DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E COM HOMENS QUE SE ENVOLVERAM EM VIOLÊNCIA
DESSA NATUREZA;

3.FORMAÇÃO PARA O TRABALHO DE COMBATE Á VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER


MEDIDA
CARTAPROTETIVA CÍVEL LMP
X JORNADA

• Que os Tribunais dos Estados e do Distrito Federal, nos limites das possibilidades
orçamentárias, adotem o sistema virtual para comunicação e
monitoramento/acompanhamento das medidas protetivas, com a inclusão delas
em sistema de consultas integradas, interligando o Poder Judiciário com o Sistema
de Segurança Pública, Ministério Público e Defensoria Pública, visando dar
efetividade às medidas concedidas às mulheres em situação de violência
doméstica;

•Que sejam trabalhadas outras instituições do sistema de proteção da mulher para


que também sirvam como porta de entrada das vítimas, especialmente os Centros
de Referência, CRAS e CREAS, diante da existência de equipe multidisciplinar
nesses equipamentos.
MEDIDA
CARTAPROTETIVA CÍVEL LMP
X JORNADA

•Que o CNJ e/ou os Tribunais de Justiça e do Distrito Federal proporcione(m) a


realização de encontro entre os(as) Juízes(as) de Violência Doméstica, Família e
Tribunal do Júri, com as seguintes finalidades, dentre outras:

(i) Sensibilizar os(as) Juízes(as) de que as medidas protetivas previstas na Lei Maria
da Penha são apenas exemplificativas e que, se necessário, devem ser concedidas
medidas de caráter de família até que sejam resolvidas na respectiva Vara;
MEDIDA PROTETIVA
CARTA CÍVELLMP
X JORNADA

(ii) sensibilizar os(as) Juízes(as) de Família no sentido de dar efetividade às


decisões concedidas em sede de medidas protetivas, evitando conflitos de
decisões;

(iii) sensibilizar os(as) Juízes(as) das Varas de Júri sobre a


possibilidade/necessidade de serem concedidas medidas protetivas em favor da
vítima sobrevivente na própria Vara do Júri, sem necessidade de serem postuladas
nos Juizados/Varas de Violência Doméstica.
MEDIDA PROTETIVA
CARTA CÍVELLMP
X JORNADA

•Que os Tribunais de Justiça e do Distrito Federal incentivem o acompanhamento


das medidas protetivas por meio de audiências, com a presença das partes,
evitando que a Vara/Juizado se transforme em Vara apenas com caráter criminal.

•Fomentar parcerias com a segurança pública para monitoramento das medidas


protetivas, atendimento das chamadas e prestação de socorro às vítimas em
situação de ameaça ou de violência, por meio de dispositivos eletrônicos ou
Patrulhas Maria da Penha.
MEDIDA PROTETIVA
CARTA CÍVELLMP
X JORNADA

• Fomentar a implantação de questionário de avaliação de risco pelas Delegacias


de Polícia, a ser respondido pela vítima, para subsidiar o(a) Juiz(a) quando da
apreciação do pedido de medidas protetivas.

• Que o(a) Juiz(a) proceda ao monitoramento acerca da necessidade de


manutenção das medidas protetivas, a fim de evitar que permaneçam em vigor
por tempo indeterminado.

• Que os Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal implementem


medidas para dar agilidade na intimação do autor do fato acerca das medidas
protetivas.
MEDIDA PROTETIVA
CARTA CÍVELLMP
X JORNADA

•Que o(a) Juiz(a) proceda ao monitoramento acerca da necessidade de


manutenção das medidas protetivas a fim de evitar que permaneçam em vigor por
tempo indeterminado.

•Que os Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal implementem


medidas para dar agilidade na intimação do autor do fato acerca das medidas
protetivas.

• Que sejam implantados programas que articulem mecanismos alternativos, bem


como programas de responsabilização e reeducação com homens e grupos de
atendimento à mulher em situação de violência e aos seus dependentes,
independentemente da intervenção do sistema legal.
MEDIDA
CARTA XPROTETIVA
JORNADA CÍVEL
LMP

•Que os Tribunais dos Estados e do Distrito Federal estruturem os Juizados/Varas


Especializadas em Violência Doméstica e Familiar com equipe multidisciplinar
exclusiva, observadas as Resoluções que tratam da priorização do Primeiro Grau;

•Propor à ENFAM que, em parceria com o CNJ, o FONAVID, a Secretaria de Políticas


para as Mulheres e a ONU Mulheres, se promova a padronização de curso
multidisciplinar para magistrados e servidores na temática da violência de gênero
contra a mulher, com conteúdo programático mínimo a ser observado pelas Escolas
de Magistratura dos Estados e do Distrito Federal.
MEDIDA
CARTA XPROTETIVA
JORNADA CÍVEL
LMP

• Fomentar convênios e parcerias com instituições de ensino e/ou entes não


governamentais para a realização de cursos/palestras sobre a temática da
violência de gênero contra a mulher e sobre a difusão da Lei Maria da Penha e
dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres, voltados aos
integrantes do sistema de justiça, bem como ao público escolar e à sociedade
em geral;

• Fomentar a capacitação das Polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros e da


Guarda Municipal, bem como dos profissionais pertencentes aos órgãos e às
áreas enunciados no inciso I do art. 8º da Lei Maria da Penha, quanto às
questões de gênero, raça e etnia;
MEDIDA
CARTA XPROTETIVA
JORNADA CÍVEL
LMP

• Incentivar a capacitação e a formação de multiplicadores para trabalhar, nas


instituições de ensino, as temáticas da violência de gênero, raça e etnia;

• Fomentar a implementação e o fortalecimento das Coordenadorias Estaduais das


Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar, com dotação
orçamentária, estrutura de apoio administrativo e equipe multidisciplinar próprios.
MEDIDA
CARTA XPROTETIVA
JORNADA CÍVEL
LMP

• Incentivar a capacitação e a formação de multiplicadores para trabalhar, nas


instituições de ensino, as temáticas da violência de gênero, raça e etnia;

• Fomentar a implementação e o fortalecimento das Coordenadorias Estaduais das


Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar, com dotação
orçamentária, estrutura de apoio administrativo e equipe multidisciplinar próprios.
“No fundo, sabemos que o outro lado de todo o medo é a liberdade.”

“Que haja transformação, e que comece comigo.”

"Nenhum de nós é tão bom, e inteligente quanto todos nós“


Marilyn Ferguson

Muito Obrigada!!

Luciana Lopes Rocha


luciana.rocha@tjdft.jus.br

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