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O FORA-DA-LEI
Como construir marcas extraordinárias
usando o poder dos arquétipos
Margaret Mark Caroi S. Pearson
eioamínwMjem
Sumário
Prcíaao.dcAlex.Kroll______________________________________________ 7
Agradeci mentos___________________________________________________ 11
Capítulo 5. O Explorador 79
Tixk
* * direitos rcvciNenhum
o * jwU drUr Into jvdc ter rcpnxlunibi eu cvkU de
qualquer Kxtna uu por qualquer meio. rtartouti ou mrsítOKCi. irxluuve íiHixópü
*
. gra«>-
ÇÔC6 oa tnieitu de AinuLxerueacntii aa hanio dr cUcko.. tem prnnMo por escrito cacetn
BaM de tstibc
* cwtos ctudiM em rrscnlua cnlaca
* ou artifjct
* de rrvhu»
td>>i Arx>
Os ativos fundamentais
Um sistema para administrar
A- K t 5 t\ l ' ■
o significado
c seu cone de cabelo, mas continua sempre a Rebelde extravagante. Dentro vérsia gerada pela decisão de devolvê-lo à guarda do pai. e portanto â Cuba
e fora das leias. Jack Nicholson ê o Fora-da-lei intratável. Meg Kyan e Tom casirista. refletia o conflito básico entre os valores que damos ã liberdade de
Banks passam a cada papel que representam o espirito do Inocente ingênuo. oportunidades, por um lado, e â família c relacionamentos, por outro? Aca
Essas identidades não sâo apenas consistentes — elís também são irre so essa controvérsia enfatizava a necessidade dc abandonarmos o ideário da
sistíveis. Ame-os ou os odeie, você nâo consegue deixar de notá-los. Na ver Gucira Fria e entrarmos em uma nova era? Sem dúvida, foi isso tudo e
dade. não conseguimos escapar de sentir fascínio por quem eles sâo e pelo cada um desses fatores possui seu terna arquetípico.
que eles implicitamente representam. Nesta era de audiência declinante das Comentando a natureza simbólica das notícias. Paul Richard, repórter
redes e de 300 canais a cabo, o julgamento de O.J. Simpson teve continua- do Washington Post. liga a história de Bián ao padrão mítico do Herói arque-
mente uma audiência recorde. Foi por causa do sensacionaltsmo do crime? típico: “O pequeno Moisés na cesnnh» de juncos e o pequeno Elián na sua
Pelo glamour de Beverly Hills? Pelas entrelinhas raciais? jangada estão relacionados em certo grau. A expectativa era de que eles se
Embora cada um desses fatores tenha desempenhado seu papel na ho afogassem Esses nascimentos aquátios parecem uma bênção; esses partos,
ra <le atrair a atenção do público, foi o significado arquetípico mais profun milagrosos A criança se tornará homtm."' Assim. Elián carrega a promessa
do que fez as pessoas acompanharem o julgamento pela tevê, dia apos dia. de redenção cultural Richard observa que “Moisés (...) viveu muitos anos
Indcpcndciilcinciiic da realidade de sua personalidade <iu de sua vida. Simp- prósperos no Egito ames dc partir para a Terra Prometida
,
* implicitamente
son. enquanto “marca
,
* foi visto como o guerreiro feroz, capaz de derrotar levantando uma questão Elián estava ali para resgatar os norte-americanos
qualquer adversário As revelações de abuso e violência que vieram â tona do materialismo ou para resgatar os cubanos de Castro e da pobreza?
durante seu julgamento levaram muitas pessoas a conJuir que de, apesar Novas histórias que realmcntc prendem a atenção do público sempre
de ter sido inocentado, realmcntc assassinou a esposa. Em vez de uma figu tem uma qualidade arqueiipica, observa Richard. “Quando surgir a próxi
ra popular, ele se tornou objeto de desprezo e ignomínia. Assim, a historia ma grande história, tudo» nós seremos novamente apanhados
,
* diz ele. por
de O.J. Simpson se encaixa no molde clássico do Oteloshakespeariano — o que cada história que tão misieríosamente nos prende é alguma versão do
guerreiro derrubado pelo poder destrutivo do própriociüme doentio. “Era uma vez...
* — uma fábula mítica representada na vida real.
Em sua vida e em sua morte. Diana Spencer dominou o mundo. O po Um exemplo da tese de Richard c a maneira pela qual a mídia cobriu a
der de sua história talvez faça lembrar o apelo magnético da fabula de Cin-
trágica morte de John-John Kennedy. Inserindo esse acontecimento no con
dcrela — a moça bela, porém vulnerável, que se casa com o príncipe mas é texto das mortes de outros belos e carismáticos homens da família Kennedy
obrigada a viver sob o olhar sempre vigilante da sogra repressora. Mesmo de
(Joseph. John e Robcrt). os noticiáncs evocavam crenças humanas arcaicas
pois do divórcio, a história de Diana evoluiu no padrão Romeu-e-Julieta. ela
e profundamente enraizadas: a crença na maldição da família Kennedy e a
desafia as convenções sociais por seu amor c encontra a morte prematura crença no poder redentor do sacnfícid do homem mais perfeito de seu tem
O caso eh princesa Diana também mostra como as pessoas acham irre
po Pouco importa que nos tempos antigos o belo jovem fosse sacrificado
sistível a evolução de uma história arquctipica. O qte acontece quando a
cm um ritual religioso, nâo que morresse em um trágico acidente ou fosse
moça se casa com o Príncipe Encantado, mas nâo vive feliz para todo o sem
assassinado, algum ponto da, psique numana ainda é tocado por essa histó
pre? Ela se divorcia, faz ajustes e se transforma em unia mulher que ama a
ria de martírio.
humanidade, motivando as pessoas a mostrarem seu imor por ela.
Do mesmo modo, os filmes campeões de bilheteria quase sempre têm
Embora tenha muitos capítulos, estilos e reificaçòes. a história de Du
estruturas arquetípicas. Os seis últimos ganhadores do Oscar de ‘melhor fil
na gira sempre cm torno do tema da princesa-amante Caso essa unidade ar-
me' exemplificam as histórias arque ipicas clássicas. Forreít Cump. o conta
quctipica essencial estivesse ausente. Diana nâo teria capturado nossa aten
dor dc hiUórias (1994), o poder do Tclo Sábio; Corafào Valente (1995), o He
ção tão profundamente. rói triunfante; O paciente inglês (1996) e Tifanlc (1997). o Amante
A história de Ehan González. o menino cubanc que se tornou objeto
transformador. Shakeipeare apatxorado (1998). o Criador (escritor) que
dc uma luta internacional pelo poder, foi mam.h<te durante semanas Em
um mundo cheio de órfãos, por que o dilema desse garoto nos afetou tan
to’ Foi por causa do drama de ter ficado sozinho em alto-mar, depois de sua I Paul RKharú. -fcx New» I he «wh <u> mg Power
* ( The Wuóuxxton Pcu 26 & lbnj
mâe e outros companheiros de fuga lerem se afogado? Foi porque a contro de 2000). p Cl
transforma o MJÍritnrniu d«> amor perdido cm arte cnobrccedora; e. por fim.
/k‘/«C<t zbii< ir<<i/m (1‘HW). ■> ( ara Comum como ser rústico (urna crise de
simbolizaram a remoção do pecado ou da vergonha, concedendo pureza e va
meia-idade ern que a noite escura da alma leva â experiência da iluminação
lor a |x.-s$oa que seguiu o ritual O sabonete Ivory inspirou-se nessa íonte
tnisiK.i — c inlchzmcnic, no caso. □ morte) Ivory nâo c um produio que apenas limpa; ele trabalha a ideia de renovação,
As vezes o rutriiiM». o diretor e o produtor simplesmente intuem o ar
pureza e inocência. Ao longo dos anos, o Ivory mudou os detalhes de suas
quétipo Outras vezes, eles sâo guiados |x»r um sistema consciente. A >ínc
campanha publicitárias. atualizou as referências culturais utilizadas e diver
*
Guerra rms rstre/us (Mur Uirrs) — hei» corno os bonecos de açâo e otiiios sificou as faixas etárias e étnicas das pessoas mostradas tomando banho. No
produtos derivados — tem um aplo eterno Ao lazer esses filmes. George
entanto, a mensagem central de seus anúncios — seu significado — perma
I mas foi guiado |>elo livro rkjoscph Campbell. O liem rnd/aces (lh< /fe neceu profundamente simbólica e constante. A marca Ivory teve sucesso por
ri» hirli a Ihoiiuirid I ui cs;, que cslurça tod.is os ricosc evo»ativos estágios que seu significado ê coerente com a essência profunda da punficaçâo.
da jornada rio I ferot A popularidade de cada i pisodioderiva em grande par As marcas que capturam o significado essencial de sua categoria — e
te do talento de l.mas para elaborar conscientemente toda a serie a fim de comunicam esw mensagem de maneira sutil e refinada — dominam o mer
transmitir figuras arqiienpn as <• enredos niflkos. cado, assim como a princesa Diana. O J. Simpson. Clinton/Lewinsky e F.liân
i >s produio-. alracm — e pn nd» m — a imssa alciiçio pelo mesmo mo dominaram as ondas eletromagnéticas.
tor» clcs<»>r|Hiiift<ani uni arquciqwi l'oi exemplo, aitases dos tempos o$ ri
mais <!•■ pinilir ac .lo sigmlit aram ruais r|«» que simples Irrqwza lisica lambem
capítulo
Ativos primordiais —
um sistema para
administrar o significado
ca m.intê-los livres dc germes c produtos quimxos irritantes, mas cambem Por que nâo
* Em parte porque a necessidade dc administrar o signifi
porque Ivory ‘parece pcrlcilo" para os preciosos bebês e criancinhas 1’ara cado era um fenômeno relativamcnte novo. Se fosse o único produtor de re
entender o poder desse fenómeno. prc< isamos compreender a natureza dos frigerantes da cidade (como ocorreria, digamos, em Hangzhou, China), vo-
símbolos Alguns símbolo» líni profundos significado
* frligKW ou espiri ■' cê poderia çomercializar o produto com base em suas características e
| A benefícios E k livesse a única lavanderia a seco do bairro, voce anunciaria
tuais No Cristianismo, por exemplo, o batismo 0 o riiual ele purifitaçâd. Ch>
quanto a comunhão oferece um ritual para a aceitação da graça divina. Cla ' ’ o estabelecimcnio com Baie nos mínuM de sua conveniência, emtalajifm
ro que seria sacrílego explorar o simbolismo especifico de qualquer crença ecológica e limpeza eficaz.
a liin dc vender produtos Porem, os símbolos dc renovação, lanto sagrados Porém, nas categorias cada vez mais superlotadas e altamcnce compe
quanto seculares, existem cm um coritinuum unificado por um arquciipo. titivas. os casos em que a diferenciação da marca estaria baseada nas dife
í nilxHa o poder consciente dc um símbolo religioso seja exireinamenie renças perceptíveis do produto tomaram-se raros ou inexistentes. E mesmo
maior, o poder inconsciente dc um arquciipo, mesmo num contexto total- cpiando uma errjiresa consegue criar um produto Icgitimamentc diferencia
inriiic se। iil.it, c imciiMi. do. este é logo imitado c copiado pelos concorrentes.
Jâ cm 1W). Paul lUwkcn identificou uma mudança profunda na im
portância relativa do "corpo" do produto.diante do "significado" do produ-
O significado como ativo dc uma marca * to. que exigia uma mudança correspondente no nosso modelo"empresarial.
Togo depois, a Wall Street fez uma descoberta dc igual valor: fmpresas in-
Compreender e alavancar o significado arquciipico (que ames era ape
nas um iniercssanie “algo mais" pura o marketing eficaz) e hoje um pre-rc- leiras estavam sendo adquiridas simplesmente para o comprador obter suas
quisito. PorquC? marcas poderosas — embora outras marcas oferecessem produtos quase
Houve um tempo cm que criar, consiruir c comercializar marcas com
idênticos Alge novo estava acontecendo. Centenas dc milhões de dolarcc
eram gastos na compra de certas marcas, porque elas possuíam um atribu
sucesso nâo exigia inspiração infinita nem capital ilimitado A demanda ex
cedia a oferta e os mercados eram hem distintos De modo geral, os produ to ou propricdtde que nâo era plenamente compreendido e que pegava os
tos eram fisicamente diferentes uns dos outros r as marcas se construíam so compradores tatalmenie desprevenidos.
bre aquelas diferenças. A verdade t que aqiirlasjQ&ças liqhjtnLSttornado íer&mcnalmenit v>-
Jiosas nâo apenas devido às suas características ou benefícios inovadores,
Durante séculos, assim foram as coisas no mundo do marketing ou das
vendas Mas quando a concorrência alcançou ceno patamar, cada empresa — mas lambem pqrquc ejsas propriedades unham se traduzido em significa
dos poderosos. Elas valiam milhões d^dófíres porque tinham ganhado um
seja iim.1 inuliiiMcmiial dos refrigerantes de cola ou a lavanderia do bairro —
enfrentou um novo dcs.tlio Nâo importava a eficácia dos sistemas de produ tipo de significado que era universal, maior do que a vida, icônico.
ção c distribuição dc refrigerantes nem a tecnologia dos processos dc lavar a Quer os «ovos gerentes o percebessem conscientemente ou nâo, eles se
seco, seus tom orientes pmharn iinitâ-losouosieproduzir Nessas circunstân •t tornaram os ojministradoresdc marcas arque típicas Os significados que es-
* inarçâs.cajjcgaoi sâqçcrn^ativosjyjinordiaisqüc precisam ser admínis-’
ja
cias, as cniprvxts descobriram que so unham dois grandes caminhos estraté
gicos a seguir, reduzir seus preços ou dar significado aos seus produtos. irados com unto cuidado como os investimentos financeiros E a maioria
Claro que a c ii.tçâo r administração de significado eia a opção mais de das empresas nào estava preparada para isso, porque, pura e simplesmente,
nâo havia sisiema disponível para guiâ-las.
sejável
É irônico, porem, com o significado lôrnando-se (ator crítico, que ate A Levis.antes uma forte e nítida marca do Explorador, pulou do Fora-
hoje nenhum sistema tenha sido desenvolvido para a compreensão ou admi । da-lei para o Herói, voltou ao Explorador, depois passou para o Cara Co
nistração do sjgnil ii ado das marcas — sejam produtos, scrv iços, empresas ou mum. mudou para o Bobo da Corte — e ocasionalmente apresentou uma
causas Iivcinos sistemas dc fabricação para produzir produtos, sistemas de colcha de reialhos de identidades arquetíplcas. tudo ao mesmo tempo, re-
desenvolvimento da mensagem para criar plataformas eleitorais e sistemas | fletindo o gerenciamento confuso da marca-mâe e das submarcas (501. Fi-
cmpicsariais para comercializar produtos. mas nenhum sistema para admi I ve Pocket, Wide Leg). A participação de mercado da empresa caiu na mes-
nistrar aquilo que tinha se tornado o ativo mais alavancâvçl dc uma marca. ma proporção.
24 O HtRÓI « O fORAPALEI
Atw> prlmordüó — um wMwvM pTA 9 ----- 25
A Nike, uma daí maiores marcas do Herói de lodos os tempos, (ornou- As impressões, diretanienic encadeadas na nossa psique, influenciam
os atributos que amamos na arte, na literatura, nas grandes religiões do
se estereotipada e insegura naquele papel. Demonstrou publcamentc sua
perda dc autoconfiança, trocando de agencias de publicidade t gerentes de mundo c riu diicrna. Tlatio chamava essas impressões, ou matrizes psíqui-
produto —quando a verdadeira soluçáu estava cm aproveitar mm mais pro . cas. de "formas elementares
* e as via como as estruturas tdeativas que for
fundidade e segurança a Jornada do Herói, inesgotável (onte de inspiração mavam um gabarito para a realidade material. O psiquiatra C.G. Jung as cha
para <> arquétipo do Herói. mou dc "arquétipos"
Essas empresas tinham nas mâos alguns dos mais sofisticados c talen No mundo do marketing, nunca tivemos conceito ou vocabulário
tosos profissionais de marketing; no entanto, perderam o rurro. O resulta comparável Mas as marcas estào. na verdade, entre as mais vibrantes ex
do fui o caos, tal como teria acontecido se um diretor financeiro tentasse ad pressões contemporâneas desses padrões profundos e permanentes -Seja
ministrar o dinheiro na base da tentativa e erro, sem qualquer sistema dc por meio da intenção consciente ou por um acaso feliz, as marcas — sejam
administração financeira e contábil candidatos políticos, superestrelas. produtos ou empresas — alcançam di
A administração do significado é relevante nâo apenas pra o mundo ferenciação e relevância profundas c duradouras quando incorporam um
comercial' dc maneira um pouco mais sutil, as organizações sem fins lucra significado arquetípico atemporal. Com efeito, as marcas mais bem-sucedi
tivos c os candidatos políticos enfrentam o mesmo dilema que ac ibamos d * das sempre fizeram isso.
descrever. Enquanto uma causa especifica parece única para seus defenso Esse fenômeno nâo significa "adotar
* um significado para uma campa
res. os potenciais patrocinadores sâo bombardeados com pedidos de dinhei nha publicitária efémera, mas sim (ornar-se uma expressão coerente e dura
ro. Para decidir qual boa causa apoiar, eles se baseiam principalmente na doura do significado — tornar-se csscncialmente um leone da marca Pro
sensação dc que o significado de uma organização específica é o mais ade dutos poderosos já fizeram isso: Nike. Coca-Cola, Ralpti Lauren, Marlboro,
quado aos seus valores. Do mesmo modo, a maioria dos candidatos de um Disney e Ivory. para mencionar alguns poucos. E lambem alguns filmes —
mesmo partido tem, pelo menos, posições semelhantes diante dos proble Guerra nas estrelas. E I. E o vento levou — e algumas personalidades — La
mas Para serem indicados, eles precisam se ligar aos eleitorrs de uma ma dy Diana. Jackie Onassis.Joe DiMaggio.John Wayne. As marcas que alcan
neira que ofereça a promessa dc Significado apropriada àquelt momento es çaram esse staius, por feliz acaso ou devido a um instinto fabulosamente ta
pecífico. John f- Kennedy fez isso com eficácia, invocando Câmelot. lentoso. capturaram c prenderam a imaginação do público. E. se foram
O significado dc uma marra é seu ativo rnais precioso e insubstituível sábios, seus profissionais dc marketing mantiveram o curso simplesmente
Quer você esteja vendendo um refrigerante ou um candidat-i a presidente, porque aquilo que suas marcas vieram a representar está tào bem e tâo coe-
aquilo que sua marca significa para as pessoas serâ tào absdutamente im rentemenie sintonizado com o público
portante quanto sua função — talvez até mais — porque é seu significado Mas depender do génio só vai até certo ponto e só dura certo (empo.
que nos diz que * cstc me parece perfeito- ou * é este que eu quero-. O sig Mais cedo ou mais tarde, as marcas sofrem os efeitos de nâo haver uma ciên-
nificado fala .10 sentimento. ou lado intuitivo, do público; cra uma afinida ;• cia voltada ao desenvolvimento c administração do significado. Quando os
de emocional, permitindo que os argumentos mais racionais sejam ouvidos. ' negócios se normalizam, nâo existe bússola para guiar as escolhas inevitá-
'1 veis ou os pontos decisivos que determinam o futuro dc uma marca. Como
A Estrela Polar do marketing acompanhar n ritmo dos tempos sem perder a essência da marca? Como so
fazer marketing sem utn sistema de administração do sgmficado é co breviver aos ferozes aiaqucs da concorrência? Come atrair muluplus JC5-
mo os antigos navegadores, em mares traiçoeiros, tentando rncontrar porto • mentos — talvez inúmeras culturas — sem violar o "coração
* do significa
seguro numa noite sem estrelas O que eles precisavam era de uma bússola do da marca? Como vender responsavelmente e sem exercer uma influência
permanente e confiável — um ponto ftxo que iluminasse tanto o lugar on negativa sobre o cliente ou os tempos?
de estavam quanto o lugar aonde ttnhatn de ir Para os profisuonats de mar Na ausência dessa ciência ou bússola, desperdiçam-se valiosíssimos e
keting. a teoria dos arquétipos prxicrá agir como essa bússola. insubstituíveis repositórios dc goodwill1 — os significados das marcas
Escrevemos este livro. O Lrról e u jara-da-lei. pata comunicar o primei 7 ...... —-------
ro sistema — do mundo — para administração do significado E como mui 2 E
*prr«4o<utMib«l um itnviMingivrldi empresa, que kvitmconii o »ib« jjrrgnloi
tas ótimas idéias, ele vai beber cm fontes antiquíssimas e eternas. S um rxfXiocoirx> resultado da cbemela. tcpuiaçlo. «c. |N.T.|
Ativar primortfah — úMum p»r» «flnUniUrw o nfntfkaflo 27
versilário (comercial do United Negro College Fund— o triunfo do Cara desejos quando compramos seguros, permanecemos num emprego por cau
Comum); a mâe recebendo o recém-nascido nos braços pela pnmetra vez sa do plano de aposentadoria ou tomamos nossas vitaminas religiosamente.
Nu entanto, por mais que muitas pessoas queiram segurança, a maioria de
(comercial daJohnson 6r Johnson): cada uma dessas pecas publicitárias íoi
beber na mesma fonte. la» lambem e estimulada p»-la ambição r pelo desejo de exercer a mestria. Se
Uma explicação psicológica para essas respostasé: ou estamos incons» quisermos o êxtase da realização, precisamos correr riscos. Por isso, moti
(ientcnienic revivendo momentos críticos da nossa piópria vtda (por exem vados pelo desejo dc deixar nossas pegadas no mundo, adotamos uma po
sição controversa, abrimos uma empresa ou tentamos outros empreendi
plo. a cena da separação no final dc E. I evoca nossas experiências de per
da) ou estamos prevendo lais momentos. Essas imagens c cenas arquctipicas mentos novos e arriscados.
A vida exige uma negociação constante ao longo desses pólos. Quan
conudam as pessoas a realizarem suas necessidades e motivações humanas
do sacrificamos uma ponta de um desses eixos contínuos, em favor da ou
básicas (nos exemplos anteriores, rcspcctivatncnte. liberdade e identidade,
tra ponta, existe na nossa psique a teidéncia de procurar o equilíbrio. E<sa
realização c intimidade) Em um mundo ideal, o produto desempenha uma
(unção mediadora entre uma necessidade c sua satisfação é iinu das razões das crises da meia-idade, as pessoas saíram da posição de
equilíbrio e agora alguma parte delas,que foi reprimida por tempo demasia-
damente longo, busca cxpiessâo.
Um sistema que integra a teoria rrotivacional Nós duas utilizamos cm nossos irabalhos anteriores uma grade como a
e a teoria arquetipica da Figura I 2, com dois eixos c quatro desejos básicos surgindo independen-
temente no pensamento dc uma pessoa Ambas descobrimos que nossos clien
A teoria motivacional pode ser condensada cm um foco sobre os qua
tro principais impulsos humanos, posicionados ao longo de dots eixos. Per- tes compreendiam instintivamenie c significado e a importância da grade,
icnça/Grupo versus Indcpendência/Auto-realizaçâo c Estabilidade/Contro- porque cies haviam experimentado aquela tensão na própria vida A grade
le versus Rtsco/Mesiria. (Ver Figuras 1.2 e 1.3.) também proporcionou um rápido to.e dc diagnóstico para reconhecer a mo-
iivaçâo subjacente da tmssãoorganizacional dos nossos clientes e a identida
de dc sua marca. Quando nós duas hiciamos nosso trabalho conjunto, alte
ramos um pouco os termos a fim dc usarmos a mesma linguagem, mas as
categorias lundamcmais que utihzávrmos eram e continuam a ser as mesmas *
Embora ambas víssemos cada um dos desejos já descritos como um for
te fator moiivacional para a maioria das pessoas dos dias de hoje, inúmeros
teorizadores associam alguns dos desejos a diferentes estágios de desenvol
vimento. Em seus modos de pensar, algumas motivações sâo mais funda
mentais que outras
Nossas categorias dc motivação estão mais próximas dos estágios defi
nidos por Abrahatn Maslow (Motivetton and Personalily. 1954). que nos in
Em irrmns do dia-a-dia humano, isso signilica que a maioria dc nós fluenciou a ambas pmfundamentc Maslow é mais conhecido por sua defi
quer muito ser apreciada e pertencer a um grupo. Ao mesmo tempo, umlxm nição da 'hierarquia d< ncccsswhdrs-, que descreve como os desejos
queremos ser individualizados e seguir nosso próprio caminho. Embora am humanos evoluem ã medida que a; necessidades mais primárias são satis
bos esses desejos sejam pulsõcs humanas profundas e enraizadas, eles nos feitas A tabela da Figura I 3 resume as constatações dc Maslow. bem como
impelem cm direções opostas. O desejo dc pertencer nos faz queter agradar a> dos trés outros grandes psicólogos motivacionais do século XX. Eric
os outros c nos amoldar, pelo menos até certo grau O desejo dc individua
ção nos (az passar algum tempo sozinhos e tomar decisões ou agir de uma
). (arai rearsot» utnbem cu.t trahallunilvcvm John Corlett num pequeno trabalho sobre o*
m.mcii.i que as |k*smus mais próximas a nós talvez iüo cximprrcnrlam
arquelii» nasorftiniraçv»' f P
** *"ou porosa mesma eiperiCntu O t>r Corleu havia ma
Do mesmo modo. a maioria das pessoas tem uma necessidade profun peado .i.iiwuvAOcsta-KasJsiiirothscuXuiasoiRaiuaaeuMMn lambem ele ideniitlcou. in-
da de segurança c estabilidade. Lsscsdesejossâo satisfeitos pela rotina, con dcpenJenictnenlc. <"<' quano quadcanir» <vmo sendo os inais fundamentais. embora sua
forto c adesão ao que é testado e garantido. Estamos respondendo a esses ImKUígetn ívsse um po«<» diferente d* rv-ssa
Atiw» pdmonlial» — vm tlstema para lárnintHr», o U<nl6<ado 31
Motfvaçlo:
Arquétipos o rnòtívaçío •'*,
Estabilidade * Pertença & Rscoft z IndepeodMcla *
23
controle prazer mestria t aadsfaçlo J.
Criador Bobo da Cor te Herói tnoceme .
PresutNo Cara Comum Fora-da-U Expíoradcr íf
Covernanle Amante
• : ■
Medo do Ruína Gnancera. E>Ao. lacAclcla.
<0OSUTN<10< doença, cao» orfandade, Impotência, armadilhe. ■■
IncoocroUvet abandono, desamparo ser traído. }S.
ser «sarogs do vazio
Ajuda o SentirM separo Ter amor/ keaiirar-se Encontrar __
consumidor a- comunidade a tokidado ’*
fipjro 1.4
4 Ene trxkwn. CMdhooJ and S<xi«y (Nova York: O>ftxd University Press. 1963) c tden-
*yt : rcirfii andCmntNova York Norton. 1968).
Arquétipos
A pulsação das marcas duradouras
48 .iinhitio» J«'m । ihv»v» tn« lui.l.»» no lk\\ »uinpiidoi. desigual. I.u il. .uucii t lisos pulaicx ’ linha .lgt.Kl.ido quando tanto» oiiiro» ll.u assaram. «Imante
uma exph»iaç.tu explosiva de alternativas «nativas l.unbem ajudou a rscla-
u» »». «»UM«k, etc As pontuações dos vnnsuniidoies sâo uoim.iliz.ulax den
rcter por que o» sucessos aniertore» incluiiant expressões otimistas dc soll-
to’ «la» maiva» c entee cl.»», e cada maiva teerbe uma ]Htntu.i\âo dc dtsiiibui-
daiicda.k c amor. couto "Meau ]oc x.reen" c "Quero ensinar o inundo a can
xâo i untuUiiva cm cada atquciqu» lk»sc uuhL». |hkIc »c dcietmmar »c uma
tar" <ada comercial a sua maneira c cm seu tempo, havia expressado o
man a c»ia loiicmciuc associada a algum atquriipoc. cm cau» positivo,qual
desejo do Inocente — lazer di> mundo um lugar melhor e mais Ichz Os da-
»ua identidade arquciiplca pi imana. secundaria, c assim put diante.
dos apularam a explicar jx»r que a garrala original C tàn importante para a
identidade «la marca, como ocorre com a Coca-Cola original’ A fracassada
l\wUu>lçdt< d<»s <UqMC(l{>«»S
campanha da "Nova Coca-Cola" demonstrou que substituir o Inocente é
N«» graheo abaixo, «s» arquétipos sâo giadnados como segtir. uma violação ou traição da confiança, muito maior do que outros tipos de
♦ \s pontuações sâo normalizadas deniro das man as c cnwe elas subMiuirçâo Por outro lado, osdados mostraram queos consumidores viam
• c ada man a recebe uma ]xmiu.KAo dc distribuição cumulativa para cada ar- a Pcpst como Hobo da Corte — uma identidade que esclareceu por que essa
quenp»» lo pcncnnl que a liga as» atqueupodo "cenário *d marea" tuiall marca juVle ser mutável ao longo do tempo e por que ela sempre se sai bem
• I m uma analise real, as |x»ntuações seriam ptecncluda» uo seguinte grali- quando usa o bom humor para zombar da santarrom Coca-Cola.
ss» de amostra ula categoria aluguel «k canos) Como o IkW C um estudo longitudinal conduzido ao longo de um pe
rimiu extenso «k tciiijx». tombem fomos capazes de estudar a evolução das
*
identidade arquetipkas das marcas, para melhor ou para pior. Por exem
plo. realizamos no BAV uma analise dos arquétipos para tentar diagnosticar
por qnc uma marca líder no setor de vestuário estava perdendo tanto a
* ven
das quanto sua proeminência cultural. Os dados revelaram que. ainda em
IW7, a marca era vista, dc modo forte c consistente, como um “Herói" por
*
todo os grupos etânos de 15 a 50». conforme mostra a rabela abaixo:
Depois que as marcas sâo classificada» por arqucnpe. a amplitude e ex Apenas dois anos mais tarde, a identidade Heiôi da marca caíra cm um
tensão do KW’ permitem explorações por uma ampla base de consumidores único grupo — mkhzmente. v grupo mais importante em termos de "apro
c cenário da marca . possibilitando o exame dc múltiplas indusirias. seg vação cultural" atual e vitalidade futura os adolescentes. Os número
* de
mentos dc consumidor e tipo* *
de marca 1999 sâo mostrados na tabela abaixo;
Margaret. LcBar e Fox começaram a elaborar hipóteses sobre a idcnti-
da.Jc arquctipna das marcas e depois testaram essas hipótese
contra
* o ban- índice de uma marca de vestuário com o arquétipo do Herói, em 1999
v Je dados Os resultado» luram sempre eçclarccedorese o algvntmo pare- kfode
eu» ta»».t. .ar a< marcas adequadamenie.sugerindo que as hipóteses unham IS-17 3JAJ
luxiar-lc lal-dc; For e.xcmpio. os dad<>s m«>straram que os curi-timidorcs IS-29 . 104.00
luni a ç .-.a-G-U ciw unia marca Inocente o que ajudava a explicar mur 30-0 *
101.0
w» 104 72
tas > -a» rats como ate que j»mtooc«>mcr<.ia! dossimpaticusebnrKalhóes
42 O HfROl r O FOKA-DA lfl
A i-quipc J.i Young & Rubicam concluiu que .1 marca precisava resga da retorna menos para a economia do que devora em recursos Ate enfio,
tar sua loite e competente im.igrm Heroica e inietpreiA la paia uma nova ela nâo cria riqueza, ela a destrói".
Rcracao A analise da Young 6r Rubicam estudou mudanças no EVA e no MVA.
I inlMij os estudos de caso sejam sempre dramáticos c esclarecedores, de 199) a 1999. de um conjunto de 50 marcas bem conhecidas e altamente
o leste mais (hhIitoso <|j tcoi ia arque n pica prec ivaii.t ir alem d.i simples “das- respeitadas, como American Express. American Greeiings, Eruit of lhe
siluaçao" de qual«|uei marca individual, cm vez disso, lena de explorar os Loom, Disney. Kodak, Sears. Heinz. Harley-Davidsor c lhe Gap A relação
p.idiocs mais amplos do luiu ionamento das marcas arqueiipn as e seu eleito de mudanças nesses indicadores linanceiros fundamentais Í01 traçada entre
sobre «is múltiplos sinciios do sucesso I 01 com esse pr<>posii<< que os ana dois conjuntos de marcas: aquelas com identidades arquettpicas "íortemen-
listas <h Young <Sí Ruliicam dcstohtiiam que a força da .ismhuiçAo de uma te definidas' (cujo arquétipo secundário mais próximo estava 10% ou mais
mana a um aitpielipo tem dilerença sigmluativ.i cm pelo menus um indica
* abaixo do principal) e um conjunto "confuso
* de mateas (cujó arquétipo se
doi lmitlameiu.il do vcidadeiro valoi etonòmico: .1 avaliacan du anvo. cundário estava dentro desse limite de 10%). Cada conjunto continha igual
Os pesquisadores tio BAV estavam 1tab.1lh.1ndo com algvns conceitos
numero de marcas.
pioneitos de desempenho econômico desenvolvidos pela Merr. sicvvau. um A analise mostrou que o MVA das marcas fortemrnte alinhadas com um
cm 1 itoi 10 de c onsultoi ia Imane rira altamcntc respeitado. Suas analises iitos- único arquétipo cresceu 97% a mais do que o MVA das marcas confusas.
Itarain que as martas associadas a identidades aiqiu.tipic.is mlluenciavain. Mostrou também, no período de seis anos coberto pelos estudos, que o t VA
posinva c prolundamciiic, a avah.içAo do ativo real de suas empresas. das marcas fortemente alinhadas cresceu a uma taxa 06% maior que o EVA
As medulas envolvidas sAo o Valor de Mercado Agregaili (Markcl Va-
das marcas íracamcntc alinhadas.
luc Atldcd •» M\ A) co Valor I cunomuo Agregado (I cononiic V.due Added
Claio que os pesquisadores, acreditando no projeto, sentiram-se imen-
I VAI O MVA mede quanto valor uma empiesa adicionou ao invcsiimcit
* samente gratificados (mas nâo surpresos) pelos resultados. Mas a implica
lo de seus ac iouislis. ou dele subuaiu I m outras palavras, o MVA mede a
ção desses ac hadus era impressionante: as identidades que conseguem atin
expectativa dos investidores, se eles esperam que os lucros feturos da cm-
gir um sentimento humano essencial afetam as medidas de sucesso
pits.i se|.im maiores ou menores que o custo do capital Vin MVA crescen
econômico mais fundamentais t talvez ainda mais impressionante t aqui
te mtlit.1 que a empiesa esta pioduzmdo (ou pi ova vc-linrnie produzira» la-
lo que os dados revelam sobre a importância de um unico arquétipo coeren
v.istle retorno mais elevadas do que o ntsici do capital Um MVA decrescente
te para determinar com sucesso a identidade e influenciar o desempenho
*
mostra que a empresa liroti aquém das expectativa ou comprometeu capi
Os arquétipos desafiam a prática de criar a tdentididc da marca "pegando
tal cm novos investimentos que. na visjo do mercado. nAos.U justificados
algumas características da coluna A e algumas da coluna B"; em vez disso,
O I VA e a medida de desemjienho Imancetro que mais se aproxima de
as antigas matrizes psíquicas sAo conceitos integrais e completos, que exi
t aplurai o veidadciio lui 10 econômico de um empreendimento e e a medida
mais dirciamciitc ligada a eriaçAo da riqueza dos acionistas ao ongo do tem
gem plena pcrccpçAo c colocação.
Sabemos agora que as marcas que expressam coerenteinente um arqué
po O I VA e uma csiim.uiva do lucro liquido opeiac 1011.il. menos um encar-
tipo apropriado impelem a lucratividade e 0 sucesso de modo real e susten
gt»apropiiatlo|M losciisiosdcoponumdadcde todo <1 capital imcMtdo noem-
tável f. numa cadeia muito positiva de causalidade, elas podem fazer isso
piccndiinciito Nesse M-mulo. o I VA ivlleic o lucro ccmiôniito real ou a
ipi.miia pela qual os icndimcnios excedem ou ficam abaixo dr taxa mínima
sem qualquer eusto para o consumidor ou a cultura. Na verdade, tais mar
cas se dirigem a profundas e arraigadas necessidades humanas. O estudo da
de retomo exigido que os acionistas e os investidores poderiam obter inves
tindo cm otilios p.i| vis negcKüvcis de rrsco cnmjMravel l Una mudança posi Young íz Rubicam demonstra, sem sombra de dúvida, a importância mer
tiva no I VA icllvie o progresso interno da empiesa na erraçAo de valor real cadológica de compreender e manter uma identidade arquenpica como ati
I >s.is medidas tem imporiAncia critica poiquc, embora a maioria das vo empresarial básico.
crnprc s.is pareça hi« tanta nos |\idrc<c's contábeis convenc ionais, muitas de
las na verdade nAo o <k» ( orno disse Peter Dniçkcr cm um artigo da Hcir-
Como os arquétipos afetam a consciência
\.nd Business Rchciv. Ate que um negocio apresente um lucro maior que
seu nisto de « apuai, ela opera no vermelho NAo importa o í.v.o de que ela Nâo só produtos e serviços convencionais, como também superestre-
paga im|X‘si«is çomo se tivesse um lucro genuíno O empreendimento ain Ias, filmes e figuras públicas alcançaram sucesso excepcional quando mer-
44 O HERÓI ( O FORA-OA-td
m». exceto mIxiuIo o que estamos Luetido c por quê loiLi pcssiM envolvida
na administração do stgnilic ado ja est.i operando no nível arquetípico e afe
tando a consc icin u dos indivíduos e da nossa época f mellioi lazer isso com
cautela, com integridade e — acima de tudo — com tunhaimntfpdo terre
no arquetípico. Nossa previsão é de que, d.iqui a algans anos, parecerá (Ao
irresponsável praticar a .ulimnisitaçAo do sigmIiçado seni conhecimento ar-
quetipico. como parece hoje praticar a medicina sem compreender anatomia,
l.mborj ceiumcntc seja menos monstruoso matar uma marca do que uma
pessoa, nâo c desejável fazê-lo — ca incompetência pode calar as pulsações
•ite mesmo da melhor mana Além disso, o .significado de um produto nâo
pode scr vendido sem que nossas açócs afetem a coriM iínc ia coletiva da nos
sa época Se queremos reforçar certos padrões dc sig nficado numa audiên
cia maciça. devemos pelo menos saber qual impacto estamos causando
A etiqueta de alerta
Ames dc continuarmos, é importante alenar o leitor. Osarquétipos sâo
forças poderosas na psique coleiiva c na psique individual. Conforme mos-
iraram O J Simpcon c o presidente Clinton. quando as arquétipos estio ati
vos em urna pessoa, podem empurrada para uma história desagradável ou
mesmo trágica com tanta facilidade quanto levam à história Ichz Quando
você utiliza a dimensão arquctipica — dclibcradamentc ou por acaso—, es
sas energias se ativam em você e à sua volta. Sc scráoou nâo expressadas dc
maneira moral c saudável, dependerá da consciência da pessoa (ou empre
sai que as evoca Quanto mais você souhcr sobre os arquétipos, mais des
scivii.ii». falando cm termos metafóricos, corno seus aliados Ao scr capaz dc
dar nome a um arquetipn. você cscvdlic se e como vai expressá-lo cm sua vi
da. cm seu trah-dho c cm suas estratégias dc marketing, bntáo. é menos pro
vável que o arquétipo varra você para (ora e assuma o controle.
Muitos profissionais de marketing caíram — seni perceber e mal-cqmpa-
dos — em terntono arquetípico. Ja que a propagandi é um meio táo impor
tante c penetrante na nossa cultura, so se pode mesmo esperar que esteja car
regada dc cometidos arquciípicos fista é a razão bosia de termo* escrito este
hvni — p.ir.i que a .idtinniMi.iç;Jo do signiliiaiivo iiãu tenha efeitos colaterais
negaiivos. Adnntmios que algumas pttSóas usatâocsUS infui mações |«ra ma
nipular os outros 1’rciKup.mio-nus com essa possibilidade, nâosó porque n3o
ipicrctnos que abusem deste sistema, mas também poque acreditamosque to-
*su
do .ilmso c |X'rig< tanto para quem o pratica quanto para o consumidor. Vb-
<ê rcsotda aqucL» grande cena dc lauirudii, o filme da Disney, quando Mickey.
no p.qx I do Aprendi: dc I eiuceiro, ena a maior calasir<>fc? Issc é o resultado
inai- pim.iM I d» uso ingêmto oti hicm itipuloso do xignilieado arquciipico
O marketing
pós-niodcrno
lonvgucm $e informar sobre suas compras e, quando possível, gostam dc uma parte do fascínio dos telespectadores estav» certamente em ver mulhe
controlar o que acontece lambem dão alto valor a irdrpcndCncia e auten res capazes de se casar com um desconhecido apenas pelo dinheiro c aque
ticidade c são difiv eis dc enganar Ojiccvm» à ínterim lhes da iníormacòrc le homem aparentemente bem-sucedido capaz de sê casar com uma mulher
x»hic as injrcas e as empresas, assim, e mclhoi que Mja verdade o_que você com base na tx-lcza tísica Esse cumpmtamcnto. no contexto enniemporâ-
lhes diz Sc n.lo for, eles tertamcnic dcMobrirào. neo. é suíicientemente bizarro para atrair o interesse.
I mbora essa nova raca chute para lura muitos p-ofissionats do inaikc- Ê importante reconhecer que uma massa crítica de pessoas já deixou
liiiR. isso não precisa acontecer com você Tcnse nisse. Vivemos numa épo de ser tão superficial a ponto de acreditar que o amor resulta apenas do uso
ca dc grande alluônua, cm que muita gente lem acessa não sc» a quase todos dos produtos certos. Essas pessoas nâo acham que a combinação de belo
os produtos que deseja, mas lambem .1 instrução, as viagens e a informação. vestido, belo rosto e belo corpo (no lado da mui ver) e uma gorda conta ban
No entanto, em alto grau, o consenso cultural sobre os valores sc rompeu, cária (no lado do homem) seja a fórmula do verdadeiro amor Em vez dis
l< mos |»m< as (ou nenhuma) historias sagradas compartilhadas pura dar sig so. esperam que Cinderela c o Príncipe sejam indivíduos auto-realizados.
nificado a nossa vida loscph Campbell asstm apresenta a questão. “O pro com personalidade, valores, pontos fortes e pontos fracos — no mínimo, se
blema da humanidade nos dias dc hoje, portanto, e cxaiameme o oposto ao essas pessoas pelo menos assistem ao programa dc Oprah.
dtis homens que »nerain nos períodos comparativamente estiveis daquelas Talvez, lendo absorvido a Itção ensinada pelas altas taxas dc divórcio
grandes mitologias coordenadoras, que agora sâo conhecidas como meninas. da nossa sociedade, a maioria das pessoas pensmtes saiba que. se 0 Prínci
N.iqticia epoca. lud-»«»significado eslava nogru|H>. n.rc grandes formas anó pe casar com o vestido e Cinderela casar com ©castelo, logo ambos desper
nimas. e não na auto-expressão individual, hoje cm dia. nâo há significado tarão desiludidos para a realidade de um ser humano de carne e osso.
110 grupo — não h.i no mundo; tudo está no indivíduo "* O resultado t que Isso nâo quer dizer que os bons comerciais nâo possam utilizar a nar
as pessoas sâo deixadas por sua própria conta Fias precisam sc encontrar a rativa de Cinderela. As histónas arquetípicas toleram as repetições. Você po
si mesmas c saber o que pensam, sentem, querem c rep escniam Para as mar de contá-las vezes sem conta, que as pessoas nunca se cansam. É isso que
cas. tsso significa que os arquétipos do Explorador (para o encontro da iden significa utilizar um padrão narrativo arquetípico. Mas como a consciência
tidade) c do Sábio (para a exploração do próprio inundo interior) provavel humana evolui, as pessoas interpretam as histerias dc maneiras diferentes.
mente sâo motivadores importantes Além disso, quando as pessoas aspiram Embutida no conto de fadas está uma ênfase no caráter que é reconhecida
a ser individum únicos, capazes de escolha Independente, elas sâo atraídas facilmente pela pessoa complexa e que alguém mais superficial e menos de
para nivets mais elevados de outros arquétipos do que seriam antes. senvolvido nâo perceberia. Ao lado de sua natureza amorosa. Cinderela e ca
Por exemplo, a historia dc Cinderela t um padrão narrativo atqucttpi- paz de virtude e trabalho duro. O príncipe nâo é apenas "encantado"; ele
co associado ao arquétipo do Amante A narrativa ainda tem vigor arqueii- também tem alma e perseverança suficientes pera procurar em todo o reino
pteo. isso fica evidente pelo sucesso dc bilheteria dos nuitos filmes que uti a moça que viu uma única vez. Se a sua base de clientes tem sofisticação psi
lizam variações desse terna — l-'nw findtf mulhfi t apenas um exemplo Mas cológica. mesmo que relativa, seus comerciai» serão mais irresistíveis sc uti
<• nível dc sofisticação «la cultura afeta a interpretação da historia No mvcl lizarem os aspectos mais profundos dos arquétipos, e nâo apenas seus ador
mais baixo deste arqucr.po. as pessoas podem ler a história rle maneira bem nos superficiais.
superficial e pensar que Cinderela vi piecisa dc um Ixlo vestido e um carro Conforme mostramos no exemplo de Gnderela, se você escolhe o sig
es|<ort< (imo a carruagem) para atrair«» príncipe d» atualidade — e este nificado da marca do Amante, mas enfatiza um tipo de relacionamento que
11.10 prensa ler multo iii.uv.dvm d* Ikícíu Imu v rupiexa Na verdade. «>s compromete sua ídoniidode. os consumidores modernos se sentirão deses-
altos índices dc atidiín» ia alcançados por utn progran a de televisão como o timulados. dc um modo que nâo teria aconteedo com seus pais e avôs. Do
noric-ariieiK ano Who Warits 10 Marry a Muliimilltonâirer (Quem quer se mesmo modo, quando escolhe a identidade da marca do Governante, você
casar com um milionário?) demonstra que esse ntvrl do arquciipo ainda
precisa perceber que os consumidores modernos querem ser eleitores e nâo
lunc uma — pelo menos entre as pariu ipantes Mesmo nesse caso, contudo,
súditos O progresso da monarquia para a democracia (como o progresso do
casamento arranjado para o amor romântico) rstâ ligado à evolução da ca
I 4-nphn lk. H.ww.iÇalừM.«nu.«<Nwjh-rk Jlw U«UrubluhinjCorn- pacidade das pessoas comuns dc sc individuarem e. portanto, de quererem
pui) llMv> p MH lOSrni JcMi//>rr<’«. Idii-ira Pcnwirxnto Sâ>Pavl.«? o direito de autodeftniçâo.
0 mwlieúnt pór-modemo
50 O HERÓI t O IQHA.QA.Lfl
O olhar da
* pcsM».t$ xe embaça quando ela- depuram com mensagens que manente Uma firma de computadores tecnologicamente inovadora poderá
nâo as satisfazem no qti ■ m? refere as suas questões fundamentais fxsa talvez ser potencializada pelas mesmas motivações do arquétipo do Sahio
seja <l principal lazâo pela qual os ptulissionais dc mailcting lém problemas Muito ínconscicnteinente. a gerência dosas empresas tende a ser atraí
em captutar a atenção do consumidor que esta cnlrenuiido desafios que exl- da por identidades de marca que sejam coerertes com os arquétipos que, ao
gçm dele scr uma pessoa complexa c real, c que mio csia vivendo os cansati- mesmo tempo, moldam o comportamento gerencial e a cultura da empresa
voscstcreoiipvs isi Irequenteincnte nnplmtes nas categorias dc segmentação E assim que muitas empresas líderes conseguem encontrar identidades ar-
do mercado e nas picinisx.es simphM.ts sobre as moto ações humanas Para a quetípicase trabalham para conservá-las ao longo do tempo —espccialmen-
boa construção de marcas arquciípicos. c recomendável mergulhar na quali te se tiverem lideres que confiam no próprio tntimo e em suas idéias intuiti
dade mais profunda e mais irresistivelmente humana dc um arquétipo. cm vez vas Gostam das identidades de marca qu< são como eles. Mas se nâo
de u.u.i-U com leviandade, como sc l.isse um estereotipo sem vida gostarem delas — e se os profissionais de marketing os convenceram a seguir
cada modismo ou capricho do público — inevitavelmente pularão de uma
identidade par.i outra, sem nunca criar uma impressão clara e duradoura.
Cruzando as fronteiras As firmas de marketinge propaganda também tém suas inclinações in
I mbora os arquétipos sejam universais, o -cortinado" que osicrca mu conscientes. Nesse ramo, indivíduos e firmas têm motivos bem diferentes
da conforme ascultuias Nos Estados 1’nidos. por exemplo, um valor com para saírem da cama de manhã. Iodos nôs conhecemos alguém no ramo da
partilhado dc individualismo reforça o arquétipo do Explorador com ênfa propaganda que tem o manuscrito dc um romance na gaveta ou idéias para
se na descoberta c expressão da singularidade dc cada um. Outras culturas lazer videos ou filmes Trabalham com propaganda porque o ramo oferece
são mais relacionais Na America I atina, os liíhos vnem com os pais ate se um caminho bem pago para expressarem soa criatividade c talento artísti
casatcui A c ullura tcloiç.i a Itdcltdadc a i.miilia c a comunidade. iüo ao m- co Também conhecemos pessoas que adoram os aspectos competitivos do
clis Kluahsmo I ssi predileção também c forte nas amigas republicas sovié marketing — eque sâo impulsionadas para a frente pelo prazer da disputa.
ticas. bem como tia < lima c no |apão As culturas icla. ion.us vivem uma his Outras gostam do estímulo mental das estratégias dc marketing. Em (ermos
toria diferente daquela das culturas indo iduahstas arquciípicos. esses exemplos refletem os arquétipos do Cnador. do Herói
Mesmo dentro dos I >i.id«s findos, diferentes locais de ir.ib.ilhv refle (enquanto concorrente) e do Sábio. Se as pessoas desse ramo nâo conhece
ti m ddcrcnics costumes e enredos arquciípicos For exemplo, muitas cin- rem os arquétipos, suas abordagens de venda refletirão apenas suas própnas
ptçs.is comeu»ais (como a Microsoft ■ Miem o valoi de -a- tomar a einmcsa predileções inconscientes e nâo serio as Ideais para o cliente.
te I dc IshIa a .■i.lustiia ço Goiçtiunie» For outro lado. e provável que a Para dttcinunar 3 identidade de maço qye uma cmnrcsâ aprovará. é
maioria »b> organizações sem fins lusiaiivoscnlaiiy a ação transfotnujHp.- melhor descobrir quem a empresa pensa que é —- cm termos dos arquétipos
ta uo inundo u * Pies.Uli.v.o) Çqlcgiose univciMdadrcruLuizjm o aprendi- que ela esta vivendo?As biografias dèfideres empresariais bem-succdidos de-
z.vdo v a descob. n.i .la vnd.uk 10 Situo', enquanto «iiiil.iseinptcsas nos ra- monstr.un que cirx. em geral, foram atratd.vs para um ramo ou um produto
mvsik çnirclguiUKiuq. s<.|.nn\í>s'SA.tkn fcrrvslç reiic.qãv (Patagônia) por alguma razão. Mesmo no contexto social, onde dinheiro c sucesso sâo
aceniujniaiKLlàír e a Jegiia_yo Bobo da JLortth Oi valores são diferentes. básicos, os valores mais profundos de um indivíduo se refletem nos detalhes
\s ditcic nç.» se tor nam»lai as quanilo as empresas articulam sua visão, seus de suas ambições — os sonhos que o impelem para a (rente. Esses valores e
valores e sua deslaiacãs' dc missão Pelo menos nas melhores empresas, a sonhos criam uma cultura organizacional identificável, que então se reflete
botieni Irne' numa e apenas lucros e receitas na sua identidade de marca (por exemplo. IBM versus Apple). Podemos ras-
No pa's.ido. a imagem evocada por uma empresa resultava parcialmen- trrar os valores até os arquétipos subjacentes (nesse caso, respecttvamente.
te de suas d«i<ocs mercadológicas consctentes, rnas muito mats das premis Governante e Pora-da-lei/Rcbclde). tornando possível incluir o arquétipo da
sas in- orisKic nics do pessoal do ramo Vocé conhecí pesxusque se dcdiea- organização como fator em discussões sobre identidades de marca
r.im a ciilr«m.igcm junque vio prestativas lambem as corpoiações cujos Os indivíduos, as sociedades e as organizações frequentemente têm vá-
produtosapitam a .-siu.le c o rr.ii.mu mo ipctise na .'ohnron íe fvhnson
* po rios arquétipos que sâo dominantes, mas sempre dispõem de algum acesso,
derás' ter os valore' do Prcsiaiivo l m fcer jovem e engenhoso poderá ler pelo mentis, a todos os arquétipos Diganos que o arquétipo dominante do
uma Iniha »le tiaKiliro que envolve aprendi:.uki continuo e inovação per- presidente de uma empresa é o Governante; mas esse homem compra para
$4 O HfftÓI f O IO»* DA-LII
N.u« ç.uis.i Mitpiw.i. |>i>ii.uito,que «• api-nic «lo publico por significado, fissionais de marketing a tratar dc- necessidades humanas atemporais < uni
jxitits ul.it lui-nie Mginlii i«lo jiipiciiptco. seja tão inicr.x
* que as marcas ar- versais. dc um modo que constrói marcas atemporais, universais, comercial-
qucupicas (na l«»tm.i dc j>ciM>iulid.idcs. figuras publicas e uleiia comercial) mente eficazes e psicologicamente construtivas.
sAi» abt.iç.t«l.is com Icivor c defendidas lerozmcntc.
IihIos os produtos têm o potencial dc scr mediadores dc significado,
O telescópio e a alcachofra
mais ou menos como ohjcios rituais A criança abraçao ursinho dc pelúcia
c se sente amada So que o ursinho e apenas um objeto inanimado. He nAo Os povos amigos utilizaram suas aptidões humanas nativas de reco
nhecer padrões para agrupar as estrelas cm constelações, as quais foram en
ama a c nança. Mas rcjucscnia o amor da inAc pela criança; c a criança libe
tão usadas para navegar cm aguas difíceis. Do mesmo modo, este primeiro
ra seu próprio amor nesse abraço Do mesmo modo, a jovem executiva meio
nsicma para administração do significado oferece uma espécie dc telescó
estressada entra no seu conversível e experimenta unu sensação de liberda
de. A verdade e que el.i pode apenas estar indo para casa. Mas a sensação das pio que vai ajudar vocé a ver os padrões que unificam as “estrelas" no mun
do das marcas Sem um sistema, vocé talvez nlo veja esses padrões — ou
inAos no volante c do vento nos cabelos é libertadora.
A iilx-nl.idc que essa mulher sente não e o sulislituivo de alguma ouira talvez “ligue os pontinhos" de um modo todo seu. mas que nâo encontra
cxpericm ia nu o resultado das promessas dc alguma propaganda enganosa; ressonância nos outros
As Panes 2. 3. 4 e 5 ajudarão vocé a reconhecer os padróes subjacen
c a cms.1 rc.d — jh-Io menos naquele momento. O signltc-adv iransiuiud<> (»e-
tes que explicam por que as marcas arquetípicas e a comunicação arquetípi-
l.i mare.i_.se dirige a uma profuikJa necessidade (ou anseio) psicológica __
ca detém tanto poder. Esses capítulos íocalizan os doze arquétipos dentro
( «uno c que isso ditere do vicio, que mantem as pessoas sempre vol
das quatro categorias motivacionais, explorando a maneira como cada ar
tando cm Inisca dc mais, de uma maneira destrutiva? f ícaniiK viciados cm
quétipo se expressa nas propagandas típicas (rruitas das quais nâo refletem
substâncias que prometem o que não podem cumprir e, desse modo, mani
um conceito coerente de marca), nas Identidades d< marca, na moi ■ vaçâo do
pulam a psique O mjrkcimg urquciipiio. por muro l.xlo, cvta enraizado na
consumidor, nas culturas organizacionais e rus estratégias de marketing.
verdade do ptoJum c rcalmciuccumpic os mais pmluiidos anseios das nes-
(Para mais informações sobre esses arquétipose seu jogo na psique indivi
soas As pessoas nr«*ctsain dc simnfi» adriauiéntuo Dccjsak ( liopra cila uma dual. ver Odrsperior do httôt interior, de Carol Pearson; para mais informa
pesquisa que sugere que a ausência dc significado esU foitcmcntc ligada a ções sobre o papel dos arquétipos na formação das culturas organizacionais,
ataques caidia««>< Victur I rankcl afirma que um semo de significado per
ver o livro Invisible foices, da mesma autora.)
*
imi ui a muitos judeus sobreviverem nos«ainjiuv dc concentração A maioria dos exemplos que utilizamos representam a comunicação
I r l.iro que o xiguilk.nlo da vhI.i jmi.i as pessoas cdcriv.ido lusic.imcn- efémera da marca, nâ«> uma identidade plenamente sustentada. Além dis
le da sua fé. da sua f.mnli.i ou do seu senso dc propôsio. Sc não o fizerem, so. esses capítulos sâo escritos com neutralidade cm relação ao valor e não
suas vidas teiAo um vazio que «> tomeniopnwv poJcrâ |>«ccnçlier. Mas. devem, de modo algum, scr entendidos como endosso a quaisquer mar
com ac.inçnsJgiy)>,jMi'du.ts»> esc rs iços comerciais se inliltt ando em cada as- cas. propagandas ou organizações por nós mencionadas.
pccro «1.1 nossa vida. c impurtanic que também carreguem Signilicâncu e va Ac Partes 6 e 7 sâo mais como uma alcachofra. Quando come uma al
lores — cspccialmcntc se os jmuÍismoiuís de marketing entendem que o sig- cachofra. vocé vai tirando as folhas externas até chegar ao coração. Do mes
mítcãd«i que a maioria dos produtos passa as pessoas é dc ordem bem
mo modo, para determinar o melhor significído arquetípico para sua mar
inlciioc a d.is cx|M'ii«'ni i.is que as jh-<m>.ic têm na vida. ca. vocé precisará tirar as informações de superfície para descobrir o
O uso consciente das marcas, c dos produtos que levam seus nomes, significado mais profundo, o coração, que poderá fazer de seu produto, ser-
para fornecer significado cria não $0 a lealdade do cliente, como também
ajuda as pessoas a experimentar maior senso dc realização na vida e no tra
balho. pelo menos naqueles pequenos detalhes que melhoram meremen- ) Ver Carol $ Pearson: The Itero Wutii» Six Arrlietypei Ur Lirt By (San Francisco: Harper-
SinFrancisco. edrçâo revisada. 1908); Awakouiij lhe H-nses Wvifciiv 12 Arehttypei Tfcol Help
ladamcnic a qualidade da vida cotidiana L assim que se construi uma forte
Uí f iodUurtehei and foui/coM Our Ubrtdi (San»nncKco HarperSanFriiscuco. 1991; ira-
e resiliente lcald.ulc do consumidor diKlo par
* o p..riuxués publicada pela Editora Penumento. Slo Paulo. 199)). c InmiMe
Imagine — ape-iws imagine — que poderiamos bzer isso consciente f*»rcs líamming tM Po»rr oj Anbefvpes ro Imprcne Vcur Cureer ond Kaw Organirorion
mente. rcs|mncav cimente e bem Poderiamos scr a princira geração de pro (Gbduync. PA Type and Artheiype Press. 1997)
viço <>u organizado unia marca vitoriosa. conforme descrito no Capitulo 16,
Parte 6 O Capttulo 17 mostra a vocí como contar a história dc sua marca
dc uma maneira irresistível — nâo apenas na propaganda, mas cm tudo que
voce (ar. O Capitulo I8rcúnct<xiasasiníormaçóesdcscriia$ateaquelcpcn-
to no iorm.no dc um estudo dc caso que mostra como os arquétipos ajuda-
iam a dar um senso renovado <lc missão â March of Punes
A Pane 7 mostra a voce como reconhecer o arquétipo mais essencial
para a categoria de produto da sua marca (Capítulo 19); como alinhar a sua
identidade dc marca com a sua cultura organizacional (Capitulo 20); c co
mo < oiisidi r.ir as proíiind.tc queslóeS éticas relevantes para o marketing do
signiliiado (Capítulo 21)
Pc modo gcr.il. o livro O hciiM «• o (oiu-da-lri oferece uma profunda
compreensão do imptindo significado da marca sobre a psicologia do con
sumidor e sobre a lonsciCncia coletiva da nossa cpoca. Foi escrito basica
mente para os profissionais da área dc marketing e para os executivos que
tomam decisões mercadológicas. lambem 6 útil para as pessoas que traba
lham na Arca de desenvolvimento organudcivuol. bem como para at gerín.
cias, que p<>dem ajudar a alinhar as políticas, os procedimentos e a cultura
de uma organização com sua identidade de marca. Alem disso. O herói < o
/.«t du-lci poderá scr útil para desenvolver a educação do consumidor
PARTE
wi
f inbtlidaSe
PrrcenÇJ
r
(futa 2.1
CAPITULO
rd
O Inocente
Lema: “Somos livres fiara ser você e eu”
Toda cuuura um mitos dc uma Idadc no OtiRO. quando a vida era perfeiu. e
sadias «los legumes congcbtlos que levam esse nome Nú«> importa que o troduçâo do f-usca Os primeiros anúncios da Rheingold também jogavam
congcbdo pareça ser menos que perfeito; a evocação doGrccn Man (Ho com o otimismo do Inocente, dizendo ‘Dc repente, o copo do mundo está
mem Verde) c de seu vale fdtil c luxuriante ajudou a traastnilir a ideia dc meio cheio novamente".
que v> vegetais congelados a vacuo trariam cada ves mais da fazenda para a Como uma boa criança, o Inocente está sempre lentando consertar a vi
sua iiics.1 i\> mesmo nuslo. a Pillsbury Doughbov. também criação dc I eo da Um anúncio da Maxwell House — com os tons pstel exigidos pelo Ino
Kuiiiclt, incoipota ioda .1 saude natural da "panificação", mesmo que a pa cente e a moça de expressão doce, blusa branca e xícara de café azul-celeste
lavra tenha si.ln redefinida. agora quer dizer remover o produto dc um tu — decide "Vou perdoar meu marido por roncar. Voa parar de completar as
bo c coloca-lo no forno Mesmo nesla epoca apressada c movida a tecnolo frases dos outros. Vou comprai girassóis e anémonas Vou dar um cruzeiro
ao Alasca para meus pais. Vou ler todos os livros do inundo." No pé da pági
gia. o ato de tirar unu coisa quente do (orno (nâo importa como entrou lá?)
transmite a sensação da "vida como cb deveria ser", como ela era antes dc na está a promessa do paraíso: "Faça cada dia bom até a última gota."
O Inocente nâo é só um aliado do passado; ele também está associado
hxk«s nos licarinos bo ocupadosc confusos.
Mesmo nas ch.iin.nlas categorias «k> “vicio*
, o arqueapo dc' Inocente com a volta aos valores fundamentais c prazeres simples. Um anúncio da li
monada Crystal Light (de baixa caloria) mostra «ma mulher vestida de
trm «ido tis.uk> cluasmcnic Por exemplo, nos priin«»rdi«s dc sua difusão
n.u i.mjl, a ccncja < «u>rs confiou ru antiga imagem das Montanhas Rocho- branco, com um xale amarelo-pálido, dc pé numa praia, parecendo em êx
s.is. I01 issc» que a manteve longe das categorias Icipo-com-arro; c levou os tase. A legenda, que foi escrita a mâo para parecer uma carrinha de um ami
go. diz. "já que um vestido de tamanho pequeno nio é garantia de felicida
bebedores a imaginar John Pcnvcr e selozes correntes deagua pura Mais
recenicmcnle. as cervejas regionais conseguiram transmitir esse esjurito. de. urna tarde de jiasseio compensa um dia de rotina, um momento dc riso
Fm ve: de imaginar um imenso porque industrial quando jxnsam na pro é a melhor terapia, faça o que funciona para você. Essa é a beleza dc Crys-
dução dessas cervejas, os consumidores visualizam uma fábrica pequena, tal Light". As lojas Papyrus mostram uma mulher — novamente toda vesti
cheia Jc cor local, c acreditam que as características deve ambiente são da de branco, sobre um tapete amarelo-claro, lendo um cartão ilustrado com
transmitidas, dc algum modo, na experiência de beber a cerveja. delicadas flores dc lavanda. O cartão diz. novamente imitando manuscrito,
O marketing do ambicntalismo t terreno natural para enfatizar o ar ‘um oásis na era da informação". Continuando em letras de imprensa, ob
serva: "O simples prazer do ato dc escrever permanece. É por isso que as
quétipo do Inocente' As empresas dc energia elétrica dos Estados Unidos‘di-
Tutgaram um anuncio com a foio de uma garotinha encantadora numa idí- mensagens mais memoráveis sâo aquelas esentas â mâo."
lua floresta ensolarada e estas palavras superpostas a imagem: ‘Estamos A medida que 0 ritmo da vida se acelera e a tecnologia define mais e
f.izcn l.' a nossa par e p.ira garantir que nossas crianças herdem um mundo mais aspectos da nossa vida, o Inocente quer paz. sossego, naturalidade e,
acima de tudo, quer que algumas coisas permaneçam O Inocente explica o
onde o sabia ainda tenha por que çantjr“
apelo das excursões â regiáo da seita Arnish, do mcbiliário quacte e de Ikca,
que. diz o anúncio, quer dizer "bom senso".
70 o H<HÓI r O rO
* A-OA-t.»l __ __ __________ ______________
"V.i p.ita <> t k-ste. jovem'. m> itava <• jurn.ihvt.i Iluraic Grcelcy durante a se
Coca-Cola: Unu obra-prima inocente gunda metade d<> sfeuto XIX As histori.iv dc Horatio Alger. esc riras no co-
mrçudosec ulo XX. rstiniuLivani aquela rnctgia progressiva e ascendente a
A Coca-Cola tem sido brilhante na sua compreensão coerente dc que é
uma marea do Inocente, embora a estruturação de sua identidade dc mana enirar em um sisitma econômico que recompensava o minto
tenha acontecido basicamente conto um eleito colateral da destsâo de ligar । H cartuns do Mu key Mouse, dr Walt Disney, slo um exemplo típico
a mana aos l stados Unidos dc mulo a |ieisiMiri< ia transforma a derrota em sucesso O próprio Disney
Um personagem do romance Ihr 0lrssmg.dc Nanvy Mitford. assim re sofreu muitos fraijssusait hnalmenie ganhar enorme sucesso, tal como
sume o signilicado da Coke: "Quando digo unn garrafa dc Coca-Cola, es morrera antes <om seu» pais Ao inventar o larnoso rato, sua intenção era
tou lalando metaforicamente. Estou induando o signo externo e visível dc fortalecer o que havia dr melhor na tradição “dos trapos 1 riqueza" c ensi
uma coisa interna e espiritual Estou lalando como se cada garrala de ( oca nar os valores do otimiMiio e da persistência Antes de morrer. Disney stn-
C ola contivesse um dpm |espirito| e como se esse dpm fosse a nossa gian- teiizoii o impulso por tris de seus filmes com estas palavras: "Odeio ver fil
de civilização americana, pronta para saltar de dentro de cada garrala c co mes baixo astral' I u sei que a vida nlo e assim e nâo quero que ninguém
brir todü o universo global com suas grandes asas abertas."
venha me dizer que ela ê assim
Durante a Segunda Guerra Mundial, tivemos o caso fascinante da Co Nossa pesquisa entre os norte-americanos de mais idade mostrou que
ca-Cola e da importância de uma bebida gelada, refrescante e nâo-alcoolica eles, mais ate do que a população em geral, adoram ver bcbõs e crianças na
para os soldados. Dwight D. Eiscnhower acreditava piamente no poder mo- propaganda Para eles, a inocência das crianças tem uma carga emocional
tivacional da Coca-Cola Tanto que. depois de uma mvasâo-chave, Ikc pe especial, a criança e o rrclhor dos novos começos, validando nossa própria
diu que a empresa providenciasse instalações de produção suficientes para existência e a continuidade da vida
supnr as trepas com três milhões de garrafas. Um relatório da Procter 6r Gamble, intitulado “Celebrando 100 anos
A Coca-Cola do pos-guerra ficou associada a um tipo paritcularmentc do sabonete Ivory corno u favorito da America', começa reconhecendo que
global de americanismo. distinguível do tipo Harley-Davidson por seu idea Ivory continua uma "tradição da qual seis gerações de americanos desfruta
lismo No começo da década dc 1970. a Coca marcou pontos com estas pa ram Ess» tradição renasce cada vez que unia nova geração estende as mâos
las ras de seu jingle “Quero lazer do mundo um lar e mobiha-lo com amor/
para uma barra de Ivory. renasce cada vez que Ivory mantem sua promessa
Criar macieiras, abelhas e pombas brancas como a neve." O jingle tornou-
dc qualidade, (cita pela primeira vez ha um século". Mas o Ivory nâo só in
se ilo popular que foi veiculado durante seis anos.
*
corpora a renovação dentro da continuidade; ele também promete algo co
Mesmo o slogan "Coke. it s lhe real ihing" sugere a ênfase, dentro do
mo redenção.
arquétipo, na honestidade e na autenticidade. O unico verdadeiro erro da
Sak-nios que as religiões oferecem renovação espiritual. O estudioso
empresa — o lançamento da Nova Coca-Cola — acabou revertendo em seu
Mirtra I hade explica qje um dos principais ntuais nas culturas primitivas
preprio beneficio, pois os consumidores exigiram a volta da Coca-Cola clás
e um ruo anual cm que o mundo é simbolicamente recriado. O cristianismo
sica. demonstrando uma invejável lealdade ao produio
fala da renovação da Patcoa e da graça que purifica o pecado. Na prática ca
tólica. a confissão e a penitência permitem que os pecados sejam perdoados.
A promessa de renovação No judaísmo, o período entre o Ano Novo e o Dia do Perdão permite aos ju
deus icllrtircm sobre c:>mo violaram as Leis e também se emendarem, da
Os Estados Unidos nâo estio assoe Lidos apenas a valores duradouros, melhor maneira possível, para poderem passar uma esponja no passado e
sadios, o pais também está integral.-nente associado a novos começos Des
entrar nn Ano Novo com a alma limpa
de os imigrantes vuxlo para o Novo Mu mio ate os trens abrindo o caminho
Nâo i In gá a causar surpresa que as religiões nos ensinem como os ri
para u Oeste. os Estados Unidos sempre prometeram que as pessoas pode tuais do perdão restauram nossa simples fé. otimismo e bondade O sur
riam começar nova vida e. quando necessário, reinventar-se a si mesmas preendente ê que um pruduto como o sabonete Ivory tenha conseguido es-
I OetMrr Kjnnrr Ikr lOODm JV f aod Ukr rkry Wxkrá (No»j York limrt
l ||1»Mrinw4«rV fcjxx .r-tM-p-w.r» IWh. ,S. í<>,X Cc«-
rurv llrsinc. CA I nwrjxrnrur Press. 2000;. pp l(w 114
p O H«WQ» | O IO»A OA-LCI O looonf 7J
talvletcr uni signdu.id<> lano iuh» muito diferente do religioso Dizem as ■ Uma ohra-pnma do marketing Inocente pode ier vista no crescimento
lenJas «l.i empresa que llarley Procter. um dos fundadores da Procter é* K do McDonald's. nâo só como um negócio de amplo sucesso, mas também co-
Gamble, eslava sentado na igreja pensando como colocar no mercado um | moo protótipo dc todo um tipo de negócios. Qcscnhajp para aupças C ía-
nov o sabonete que actdenulmcntc llutuava Quando o pastor começou a ler R anilias, o McDonald s_p.romc;c unjJugar dc.djyerslu — uma variaçâq do
o balmo 45. Provier sentiu que as palavras edênica
* eram exaiamente para p "afluelcjugar maravilhoso^. Os arcos sâo símbolos extraordinariamente coe
si mesmo e seu dilema. -.Mirra, aloes c cássia exalam tuas vestes, as harpas rentes para a entrada da Terra Prometida; os arcos dourados do McDonald^
d<»s |xd.Kios dc mailim (ivoryl te fcMcjam." Daí veio o nome "Ivory" c a anunciam a disponibilidade de "alimento, afeição e alegria". Para algumas
klcia dc que o sabonete poderia ser associado à pureza, bondade c renova
* ! pessoas, os arcos dourados do McDonalds lembram uma famosa ilustração
çâo. "tão puro, que numa" As primeiras embalagens ciara brancas com es B dos tempos da aula de catecismo: as Tábuas da Lei. com os Dez Mandamen
crito cm prelo, mais tarde atualizadas para branco c azul a fim de transmi tos. Embora seja improvável que a McDonalds Corporation tivesse tal in-
tir uma imagem dc limpeza refrescante. O slogan, claro, era "99,44% puro". f. tenção, o fato de as pessoas fazerem essa associação liga os arcos â fé do ar
A Procter &■ Gamble teve a sabedoria de alinhar este significado de quétipo do Inocente de que. se todos nós seguíssemos as regras, o Éden
marca com suas primeiras atividades empresariais Uma das fábricas da
Ivory. no século .XIX. loi batizada Ivorydale |vale do marfim] c dedicada ao poderia ser restaurado.
O personagem Ronald McDonald, o McLanche Feliz e as cores primá
ideal dc que uma fabrica deveria ser um local agradável para sc trabalhar Ti rias têm apelo para as crianças, assim como o equipamento. Os esforços fi
nha |.incl.is imensas que deixavam entrar a luz c o ar. alem Je gramados bem
lantrópicos do McDonald's também sâo coerentes com o desejo dc tornar o
cuidados. canteiros dc flores c áreas <lc recreação Durante cem anos, os
mundo um jhiuco melhor para as crianças: as Casas Ronald McDonald aju
anuímos sempre nmslr.ir.iiii Ih-Ik-s encantadores c imagens saudáveis de
dam as crianças e suas famílias a lidar com doenças criticas.
crianças c mamães com aquela pele fresca c bonita que a empresa promovia O clássico conto de Erm-ct Hemingway, “A Clcan, Well-l.ightéd Place"
como o visual Ivory . A cociência dessa abordagem, ao longo do tempo,
(um lugar limpo c bem iluminado), exemplifica o desejo que muitas pessoas
permitiu que Ivory adotasse um significado que traduzia sua pureza física
sentem de escapar, pelo menos temporariamente, da ambiguidade e incer
(com lelativamenie poucos defeitos) em uma espccie de rnetafora da pure
teza da vida moderna O McDonalds tem o mesmo apelo. Os restaurantes
za espiritual E dc algum modo especial, essa pureza se associou aos Esta
McDonald'
* nâo sâo apenas sempre limpos e bem Iluminados; eles também
dos Unidos, aos valores da família e a tudo que c certo no mundo.
servem exaiamente a mesma comida — pelo menosno território norte-ame
ricano Eles nâo confundem o cliente com muitas escolhas. E seu prato bá
A organização Inocente: O caso da McDonald’s sico é a comida norte-americana mais idcnuficável (além da galinha frita):
I As organizações do Inocente incluem as lojinhas varejistas de família, o hambúrguer
os pequenos negocios de bairro e qualquer organizaçáo que se dedique com O Inocente gosta da previsibilidade c da certeza Viajando por qualquer
desenvoltura a prática dos valores simples. Pequenas noqvcsito inovação c lugar dos Estados Unidos, você sabe exatamente o que vai encontrar no Mc
grandes no quesito lealdade. elas enlanzam mais a previsibilidade do que a Donalds: o mesmo menu, a mesma decoração e até os mesmos pratos espe
mtiil.niviI ciais No final dos anos 1940. dois irmãos, Dick e Mauricc(Mac) McDonald,
t) arquétipo d<« Inocente lambem esta ligado a preocupação que as pes reconheceram a aceleração da vida norte-americana que tornou importante
soas sentem ao ver aqueles imensos conglomerados anônimos comprando a jaít-food e a janela do drivc-thru. Eles também compreenderam que os
ou fcchando pequenos negoe tos baseados cm valores e na rida da comuni clientes queriam uma refeição rápida, mas previsível. Ray Kroc ajudou os ir
dade conforme dramatizado etn filmes como Mcn$<tfcem pata você A tran mãos McDonald a franquear seu restaurante fantas.icamente bem-sucedido.
sição para «»s negocios globais gcralmcntc e vista pelo Inocente como o fim Kroc percebeu que a franquia tiniu dc ser uma versão da lojinha de fa
de um modo dc vida. (> lado irônico disso e que u consumiJor Inocente ra- mília. O< melhores franqueados nâo eram gente rica, mas pessoas dispostas
ramenie vê a conexão cnire essa tendência e seu proprio desejo por produ a apostar a vida e a poupança naquela única oportunidade, geralmente ma
tos baratos I: exaiamente esse desejo qur força as empresas a c resccrcm. pa ndo c mulher. O controle de qualidade tornou-se urna rehgiâo interna da
ra alc.iny.ir a massa critica nacssarta para c<»iii|h tirem. Um modo dc empresa. Os franqueados recebiam treinamento para fazer as coisas exata-
resolvei esse dilema <■ □ franquia » mente da mesma maneira O resultado (oi uma situação aparentemente pa-
O InocxXA TS
74 O HfRÔI £ O FORA-OA-Kl
nistrar o próprio negócio pequeno, mas que nâo fossem especialmcnte ino cheirar e provar este café."
As pessoas de hoje estão cansadas. O rumo frenético da vida moderna,
vadoras. Elas tinham de estar dispostas a fazer as coisas da mesma maneira,
as lutas do Herói e a inquietude do Explorador deixam pouca paz às pessoas.
a maneira certa Em suma, tratava-te de pessoas cativadas pelo ambicioso
Isso quer dizer que a simples dcsacelcraçao pode dar .ima sensação de espi
sonho americano, mas que nào queriam mudar coisa alguma. Tinham de
acreditar que o mundo perfeito do McDonalds já linha sido inventado e nào ritualidade O monge budista Thich Nhat Hanh. por exemplo, ensina norte-
amencanos exaustos a reduzir o ritmo e estar no momento presente. Os co
precisava scr aperfeiçoado — pelo menos nào por elas.’
merciais que apelam ao Inocente precisam ser mais lentos, c menos incisivos,
Embora o McDonalds nâo pague lá muito bem aos seus empregados,
oferece a adolescentes e imigrantes uma oportunidade de ler emprego e co do que aqueles dirigidos ao Explorador. Você pode pjnsar em pinturas im
meçar a aprender bons hábitos de trabalho — incluindo pontualidade, bom pressionistas, sons naturais e suavidade na abordagem c nas imagens.
atendimento ao clicnic c. sobretudo, serviço previsível. Os empregados do
tipo Inocenie gostam dc saber exatamente o que se espera delese. pelo me
nos até certo ponto, gostam que a gerência cuide deles. Ceralmente se com
O cliente Inocente
portam como bons meninos e estão dispostos a ser obedientes e seguir as re Quando o arquétipo do Inocente está ativo em ima pessoa, ela é atraí
gras. em troca da certeza razoável dc ler um emprego da para a certeza, para idéias posiuvas e esperançosas, para imagens simples
A organização Inocenie nâo existe só em franquias, mas também em - e nostálgicas, para a promessa dc resgate e redenção. 0 Inocente também lu-
estruturas mercadológicas de múltiplos níveis, como Amway e Mary Kay. 1 la pelo bem. que quer dizer encontrar o produto “certo", mas também quer
que encorajam vendedores ambiciosos a fazer fortuna alistando amigos e dizer a escolha da bondade e dos comportamentos morais, contra a ganân-
parentes para comprar o produio e lambem para vendê-lo. Em geral, a em ? cia e os comportamentos imorais. Em geral, as pessoas com alto grau dc Ino-
presa nào está vendendo um simples produto, mas valores explícitos. Co i cência sâo muito confiantes e, cm alguns casos, inccnscientemente depen-
mo diz a Mary Kay. "Deus, depois a família, depois Mary Kay”. Nesses ca 2 dentes e iníantilizadas. Elas têm fé nas autoridades e nas instituições e
sos, os empregados estâo dispostos a correr riscos enormes porque
; esperam que estas cumpram suas promessas.
acreditam nos valores da empresa c na promessa de sucesso por meto da Ao mesmo tempo, as pessoas com alto grau de Inocência têm a capaci
persistência e do trabalho duro. dade dc scr muno independentes da sociedade dominante. Sc os consumi
dores acreditam que um produio (ou organização) cumpre suas promessas
dc paraíso ou se baseia cm valores eternos, eles estâo dispostos a abandonar
O Inocente como mistico
a sociedade dominante c seus valores para experimentar algo que concebem
A propaganda dc produtos está assumindo um tom mais espiritual, às corno lendo valor maior. O paradoxo é que os consumidores do iipo Ino
vezes dc um modo zombeteiro. Hoje em dia. a maioria das pessoas está cien cente sâo tradicionalistas — cm seu desejo de conexão com os valores do
te de práiicas espirituais que sâo seguidas durante toda uma vida atê que se i. passado — e também estâo prontos a sacrificar sua pertença à sociedade
alcance a desejada iluminação. O Inocente do nível mais baixo quer o resul .' mais ampla para se ligarem a valores mais duradouros do que aqueles que
tado sem a disciplina e o trabalho duro. Um anúncio da Tasters Choicc mos vêcm como os alicerces dessa sociedade. Como exemplos dc Inocentes te
tra uma xícara de café sentada na praia, com os dizeres: “Alguns meditam mos. na forma mais extrema, os Amish dos Estado? Unidos, os fundamen-
durante horas em busca da paz interior. Outros a encontram irstantanca-
> tafistas em qualquer religião e cm qualquer sociedade, e as pessoas que “pu
mente. Serenidade. Tranquilidade. Equilíbrio. Tudo isso está bem aqui — lam fora" de uma cultura de alta prrssâo. impelida pelo sucesso, para
fresquinho na sua xícara O rko c suave Tasters Choicc." Claro qce a Tasters
viveiiciarcm a alegria da vida simples.
Choicc nâo espera que os clientes acreditem rcalmcnie que uma xícara de
Por outro lado, toda essa correria dc um lado pira o outro e o resultante
café equivale a anos de meditação, mas ela lhes oferece o momento dc paz
esvaziamento dc energia lazem o Inocenie regredir-, desse modo. alguns deles
n evidenciam os níveis mais baixos do arquétipo. E.iu um grande numero de
J Wíwro.pp 250-MJ 7 consumidores. a inocência está associada a certo narcisismo e infantilidade.
II.«K • m «In intutox ««>iimiiui.I.>ux x.h« kiurs r i.i«» goxtaiii «!•• i»|u mi Ii4i> piudu/hl.is mi massa Por vidia >k>s anu» 1'iiMl, a eneigiii il<> hi'n rm»
lol i «iiali.-tulu |mm a Niiva I ia qur |i»l um muvlmriito rcpitliual utA|rl
t.bwricm ax ««uxjx «puihk» .ix <|U« ii m r «k« |« u«« axqui irm A %<!••« i>l.i>le,
tu P.iltr dopi lixAinriiln Nova I M rrllrllu ndr»r|o linaliiroilu hirx rufe pir
|H'ii3ni«« r\|.i iM t.« ul«<>iii«> «i «..«Ih il«>« i^itjo<iiiiMiiiihliH
liliriUcAo iiiiiio «i i rriiça de queallrnlgriM» vliâo n«»s rrxgaur i<ii dc que
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\ l«'ll<k M «I ' IlhhCIIIC IIIMIUIOi
* H.h»g«VsU| «|,ix |i.xxi««x qur V l|liri
lid lortas <i|n'Miiilii cm planrla que iiiatâu niiioiii.iii> •nirnie uma ê|x« a
\.un »k m tix prohl. nijx ou ««x । iiljiiMiu N.i vrhbtk.i Ir iUt« guvM «Ir qual
nwls esplittual. »rm cslorço humano Ma», dc aturdo iiun ideiat Nova I ia
xpiri «|»»e «» la«a xri »> poic-iu i.«l «teg-Huo J.« « ,|j (xvm piiqi.it miIh
mais embiisadas, o mundo pcrlelio acra citado por unia mudança de fim»-
\«m'x>. ixm» iihlui ax ««>i|x>M\«u-x «pir imcni.uii pirirsiox |mm j l.tha «lc clôiila Nesse tuiilextn, o Inocentf apenaa se iiiiria mais Millstlcado, pelo
i«x<piikhb«lc ll««|c « ii» «Im, .« iii.iioiM «l«»x («mxiuiihliMCx linHiiiirs rx|h’ia
uso «lc apii.lcies r 14|MI idade» dlspmlveh ■ partir de viria» irmliçôcs espi
\CI oirntrode val«»t |um 4 «»'I|hiij«,jo t«x «Irxrpix «h ««iiixuiiihhn 10111.111
rituais •— «Ir lug.i r meditação a rituais nativos.
xl.iiil.»««>i|x>MçA<' Na dei ada de l‘M>. a« esperança
* e sonho» do Inocente se focalizaram
lamls-m piulr li.uri no Iii«hci>ic a xomhia «Ia iaIva «oiiiij qiMixquri em duas pussllulubdr
:
* piinielra. o “hug do mllênlu", previsto par» causar
l««i\jx th» iniithh» «pie clr hkniiltqiicioino irxp«»nx,Knx|icli»i«ibpx(»itt'x va o <olapso «la so< irdade let nologica r materialista, que seria scguula por urna
l.«trx e «Ia «i\iIhIa«I«
* n.i »i«l.i nithlciiM t »x «««itxci va«l,»ic> « iiI|miu «»x IiIwiai* korieiLidc mais Kioperativa. amorosa e haseada na comunidade; e, em se
< 'x IiIn-mix «iil|Min «»x«««nxci\adoicx < K Inoirnlc
*
«b m.uoi u«nlp.nii .«x ml- gundo lugar, uma transformação cultural com base em avanç«»» ter nolõgl-
*
n.ix.
n« eihpijiito jx nuiioii.ix «tilp.iiii i« ia< ixn»«»
cos, espet ialmeiiie a Internei
O ln«Hcntc t.unlmn tem .»Irihldmi.t«I»- neg.ii <»' piohlcnux r «lc mi «»* Podcmus ouvir as vozes de muitos irquêlipos nas reflexões dc diferen
cnlient ji «putufi» rlr« M«l>eii» cm rxpuj|. xmiplc.xinrnic porque ele «piei que tes pessoas sobre a internei c seu impacto na nossa vida Contudo, e ilplcu
a «iil.i m |.i (KtlritA agoia O exempk» iiuix exlicin» e a AIciiiji»I».i luzix- de quem tem disposição Inocente aJotar imagens religiosas e um tom utópi
t.i. «»»«!«■ a matou.» «los «id.td.iox h«»i»M«los negava o ll«»kha<iMo N«»x I x(.i- co Matgaret Wcitheim, em lhePrcrfy6d(es o/Çybcnjwe. cita Mark Pesce;
«los l'ni«k»s. itvcin«»\ xima\«>rs .in.ilog.ix «um «» cxtcrimnio «l«»s bub!
*
»s ca
Ctnnnrnun <vm o i>bjf(o de de\e)o. He existe, ele existiu desde sempre e
dcxtiui\A«» Mxicinaiua «b < ivihzaçà»» nuligriu Comocxxj atitude mlluentia
ccnflnii<rr<} u exlslir eteinamenle He prendeu a alenfOo de lodoy ot místi
o comeu n»f 1 la qtict «lizer o seguinte o Inocente evlâ envolvido consigo
cos. biu-xai e ha< fcen de toJos os (rmpos. He e o (>raal. A mitologia do san-
* • «lilcina que v«h? enfrenta l‘or exem
mcxiiii» c talvez nà«» sinia «mp.iti.» jx-l grooll — o Somo Graa! — tomo aiquttlpo da ilumina<4o Interior revelada.
plo. muitos consumidores h«»|c esperam a |»eileiçâocii suas transações com A reveld«)o do Gruul t sempre uma experiência pessoal e Unlca... Eu sei —
<> ntuihk» empresarial Se você n.to atender a essa btrasia. eles correrão fe- porque ouvi Jncontdveis vezes, de muitas pessoas no mundo lodo — que es
lises paia outr«» eaniu Mas. ao mesmo tempo, os consumidores que respon
* se momento de revelaçdo t o elemento eomum da nona experiência enquan
dem a«» apelo do ar<|ucnp<> do lihKcnte provavelmente serJo leais a uma to comunidade. O Gtaal t notsoj<rme alicerce.'
niaica se sua experiência for positiva, simplesmente porque, aoconirânodo
Pesce descreve sua primeira cx|>eriência no aprendizado do ciberespa
I xpk»rador. o Imxenie gosta mais da previsibilidade que da novidade Por
ço como um "momento de revelação", como uma epifania religiosa. Embo
exemplo.«»Inocente permanecera cliente leal da l I. 8« an por causa dc seu
ra essa caractcrizoçâo seja extrema, muilas pessoas escrevem sobre a inter
quase impecável serviço dc atendimento ao consumidor e da imagem por
nei como »lgn que oferece o potencial dc criar um mundo harmonioso e
ela veiculada uma kqa pura, num recanto do Mame, que nao foi corrom
igualitário. A internet t vista como algo que torna tangível a unidade, per
pida" pela ganância empresarial
mitindo que todas as pessoas passem a se conhecer umas às outras passan
Comparando os novos Imxentes com aqueles des anos 1940 c 50. vo
cê vê uma grande mudança Nas décadas dc 40 e 50. os Inocentes eram real- do por cima das distâncias e das (tonteiras nacionais.
Até onde sabemos, ninguém desenvolveu abertamente algum esquema
mente inocentes — c«»níiantes. leais c ate dispostos a calar a boca para ou
para dar à internet uma identidade de marca espiritualmenie utópica. Isso
vir «>s especialistas nos comerciais. N«»% anos 60. a inocência ficou mais
aconteceu porque muitas pessoas a viram como uma ferramenta para a rea-
complicada O movimento hippie dc volta a natureza loi parcialmente acio
nado pela crença do I \pl«»rad«»r dc que a soc iedade dominante era superfi
cial c materialista. O Inocente, dentro desse contexto, enfatiza a importân- 4. Marprct Wcrihtim, The Pearly Catei oj Cybenpoce ÇNova York: WW Noiton ft Co..
c ia da qualidade — ele querem menos produtos — c das coisas (citas A mâo. lW),p 254.
7a O HtAÓI < O FOAA-DA.LEI
O arquéupo do Inocenta proporciona uma boa Identidade pai ai marcai que; .'
• oferecem um» mpoiu rrúuvurente vVnçíe» • um probiem» ManUfeá-^l
■ ettlo aiiocladu * bondade.* morabdsde.l Mnnpbddsde,* nofulpi ou * InAncla. ' •
•têmlunçêef usocudu* limpeza.* taúdeou* rktuóe —»que rio ' » ■
dupklrei» ao InfeUto. j «• • !l • :
• *tm pceçot de modr, > *baixo
.
• rio produzida» por uma «mpreu com *valore cencrab "correto»'.
• *de»e|
m m dderencUr de tljum produto cujt imjjem ettl manchada
CAPÍTULO
O Explorador
Lema: "Não levante cercas à minha volta"
priedade da geraçao mais velha e estabelecendo o estilo pessoal da nova viços de pessoal da FreeAgent.com tornam explícito nosso desejo de fugir
geração Claro que todos os produtos que os ajudam nesse processo irào da exigência de mostrar "o espírito da empresa", anunciando que estào “Sal
prosperar A folk mtisic e o roc k fizeram isso nos anos 1960. o rap e a MTV vando o mundo da indignidade do pquenique da empresa. Uma pessoa de
os estilos dos adolescentes nos an<»s furam inílucnciadov pelos índios do Explorador enfatizam atitudes e produtos laissez-píre que dâo enorme
O e«ptor*4or W
98 O HÍROI í O FORA-DA-LEI
• seu produto ajuda xr pessoas a sc senurem livres; é.d« algum modo, rüo-conformijQ ou
p;one<na •
• seu produto é forte • vigoroso; ou ê apropriado para uso m naturex^ na estrada ou em
ambientes • ocupaçdes perigosos. • ' ‘i- ■> e
• seu produto pode ser comprado vi» caülogo. Internet ou outra fonte aJtematM.
• seu produto ajuda as pessoas a expressarem sua tndlv>duahdade (por axomp^x moda,
mobihirios).
• seu produto pode ser comprado e consumido "em movimento".
• você procura dlerencur sua marca de outras bem-suced>das. seja do Cara Comum ou •'
alguma mais conformista.
• sua organüaçSo tem uma cultura do Explorador
iro dela — Ralph Laurcn nâo está apenas vendendo suas próprias criações;
de está “homenageando” as grandes c riações dc outras empresas clássicas,
tomo a l.evi-Strauss. z\ "mistura” na loja sc torna ainda inais incomum pe
las surpreendentes combinações montadas |>clo estilista nos manequins c
cabides — por exemplo, uma luxuosa sai.i dc tafetá com um corpete dc cou
ro xadrez e uma jaqueta dc aviador casualmcntc jogada sobre os ombros.
Como resultado tanto dos itens clássicos quanto da mistura incomum.
lazer compras nessa loja C uma experiência dc busca, exploração c desco
berta E. amarrando esse conceito varejista bem integrado, temos as seguin
tes palavras impressas na vitrine ao lado da entrada da loja: Polo Sport: Ex
ploradores, Viajantes c Aventureiros, desde 1070.”
Sc a análise dc I cwis e Bridger ern S<«d o/ffce New Consumer é a< ura-
da. então o arquciipo do Explorador esta influenciando as dc< isóes do con
sumidor neste iníc io do scculo XXI Talvez isso ocorra porque lodos nós cs-
íamos vivendo cm um novo mdêmo Basta dizer que este parece ser um
momento parttcuhrmente propício para as marcas do Explorador
CAPITULO
O Sábio
Lema: "A verdade libertará você"
l.imh«'m < »e<»rg«' ( ai lin. líiyllis I hller c t )pr,di anos 1950 costumavam Incluir alguma dose de informações ou conselhos.
. O Sábio /
Winlrey Veintis o SJuo cm todas as hisiônas A propaganda gcralmentc tentava scrútil — oferecendo uma parcela de co
Doejo bátkoi ■
dc misteiio — sIiciLk k lloliiws deduzindo a nhecimento ou sabedoria como uma espécie de 'compensação' pela aten
a <i»uobaru da vvrduio
M»t«; vur a tMcKgtncla • solução «le um caso. iu ftcçâo cientifica, cm ção do leitor.
a anlU»« p»r» todas as obras dc Is.ac Asimov; c nos livros, Ifaje em dia, existe uma oportunidade de renovar o papel do Sábio no
comprxndar o nwMo marketing, espedalmente porque a internet oferece um veiculo tâo eficaz
revistas e anuiu n»s infonnaiivos
M
*
íor medo; i»r
A |io|Hd.u idade <la serie Arquivo X (que para as marcas do Sábio contemporâneas.
•rtenedo • Aidkfo.a •xnorlncla
abre com a ahrmaçâo"A verdade esi.t la fora’)
EvCratlglaibmcar
ilustra a (M-rsevcrança do Saluo que tenta se-
Informiflo • coohvclnwnto: O Sábio como especialista
compr
a<KO-reR«x3o • *J
«no parar a verdade da ilusAo. hem conto a para
do» pccxecioí de pensamento
As marcas do Sábio podem oferecer informação, como fazem The New
noia que pode resultar «piando a resposta nâo
Armadilha» pode aceudar o» e«Iara ou lâ< d «fc encontrar. Na política, o Sá Ybrlt Times, Consumer Repor is. National Public Radio e a CNN. Tipicamen
atiuntor dunnte uxfa a vtd
* te, elas ajudam o consumidor a tomar decisões mais Inteligentes. Um anún
bio está assoe lado ás idéias < latas, mas talvez
a ntmea agir cio da firma «le investimentos Charles Schwab (lema: “Criar um mundo de
lhe faltem « atisina e rtuanto social Al Gore.
Dom: ubedorta. toceligtrxla
Iidicul.ilizado impicdosamcnic pela (alta de investidores mais espertos") mostra duas mulheres tensas e preocupadas
jogode cintura, c um exemplo í instem é ou- lendo os livros (fictícios) Vença os tubarões e Como enriquecer, enquanto ou-
* desligar de uma lesta cm sua homenagem porque
iro ttiiou conhecido por sc tia mulher. tranqúiU c sossegada, le Uau. e« estou Jelir. A legenda explica:
se interessara pelo padrao das falhas dc cita que flutuavam cin sua xicaia) “Você sempre sabe qual investidor consultou os Portlôlios Schwab. Ele se
As marcas do Sábio incluem a Universidadedc liarvard, o Ml I. firmas sente mais esperto, mais bem informado, mais no controle."
dc consultoria topo dc linha, como M«Kinscy c Anhur Andcrsen, c a Clini A imagem do Sábio como intérprete das notícias mudou significativa-
ca Mayo (conhecida |x>r sua pcrkia cm diagnóstico;), bem como o I duca- mente nos tempos recentes. Antes era a comunicação oral, e mais tarde a pa
lional fcsting Service c inúmeras empresas, laboratórios de pesquisas e pu- lavra escrita, que transmitiam as noticias além dos confins de uma aldeia ou
hlicaçócs dedicados â descoberta c dilusâo da vcidadc. cidade. A informação visual, descrevendo como as coisas “pareciam’ fora das
I m certo ponto de sua historia, a Universidade de Stanlord decidiu se rotinas normais, era escassa. Muito mas tarde, nos Estados Unidos, as pessoas
tornar "a liarvard do Oeste" e conscientemente desenvolveu uma campanha esperavam nas esquinas pela chegada da revista Life, na época o veiculo bási
dc relações publicas, baseada no investimento cm aspectos pesquisadores da co para uma pessoa “ver" como eram as coisas
uiMiiuiç.io. para estalK-Icccr uma imagem intelectual prestigiosa f uncionou. lá fora.
O Sábio U/ntric» 4 contwdóo
SiIhos populaics incluem Oprah Winlrey e Wjitcr Cronkite. que ins- como Mpocbl<ia.«rvd<ux t.
Com o advento dos noticiárius televisi
liut iii r «'iieniani seus publitos tcs|u-iinos. e f inia Ifambctk. que oferece d«««Uw. ortcvJo. «Atluta. vos. e rspeclalmente os relatos intensivos e
saiu «lona |hu niicimcdn
* do humor Nas décadas p.ssad.is, muitas manas con»«lheiro. fiiOtoíO. quotidianos sobre a Guerra do Vietná, tudo
iiHorpoiai.un idcniidadcs d<> Saluo c pnqxirc icmarani um forte p.qu-1 edu petquiMdor. p«nu<ior. isso começou a mudar. Pela primeira vez na
ptoajttfo'. prvfiislond. moncor. ’
cacional — por exemplo. Iteity Criukcr sobre economia domestica e Od uí história, a televisão era a fonte niais confiável
pcobMor. coocamplaUvo ■ " •
Olay sobre cuidados com a pele — ruas muitas delas, desde cmâo, adotaram dc notícias. Os norte-americanos começaram
<»estilo "mordei cm 1 5 segundos”. Na verdade, as camp.inh.is impressas dos a acreditar que “ver é crer" e o papel do ân
cora. jornalista ou comentarista se transformou.
Ot níveis do Sábio r.» j. v »
*•' yv'- -s.i
Num período de tempo muito curto, a fonte básica das informações
que descreviam a vida humana passou de oral para verbal e depois para vi
Modvaflo: «ooAhJo. duOda. detejo prolvndo d« trxonw • wMióí ' ' "
*
Nível I; butea da verdade abiotuca. de»e|o de obfetMdade. deperdênda doi etpadaNitaa sual Mas a questão permanecia, éramos "vlsualmentc alfabetizados"? Está
Nival 2:cecknmo pamamenco cnuco inovador, coma-ta um etpechJtiQ ;. i, vamos. enquanto pais, acreditando ingenuamente que "ver é crer" ou com
Ni vai J: sabedoria, confanca. meteria ;. ' ' u r; p ,. preendíamos que a alfabetização visual era tâo importante quanto a
Sombra; dogmanimo. corre de marfim.detbxamrnro da reOdadí alfabetização verbal, se nâo mais? Por exemplo, independentemente das
<1
osiuu 2?
98 O HfHOl f O FORA OA LEI
como uma ferramenta para Sábios, ajudando "a dar vida às idéias na internet,
tendências micrprcuiivj< do íoiógraío. a cada dia as possibilidades da foto
na página impressa e no vídeo”. Qualquer marca que ajuda as pessoas a ser
grafia digital tornam mais e mais possível sobrepor imagens e modihcá-las. ou agir dc modo mais inteligente também e uma ferramenta legítima na his
Quem seriam nossos Sábios, ou guias, neste mundo novo baseado no visual? tória do Sábio Os exemplos incluem a Lean Cuisine (“Coma com inicligên-
As marcas do Sábio prometem ajudar você a ter mais discernimento c pen
eia. Cozinhe com simplicidade") e a CNN (“Você é aquilo que você sabe"). €
sar com mais eficácia. Um pirsi rclcast da Arthur Andcrsei cita as palavras
dc Jim Wadia, ex-sócio-gerentc: “Os modelos tradicionais de criação dc ri
queza e administrado nâo sâo suficientes cm um mundo que valoriza a ve Onde podemos buscar conselhos?
locidade. o trabalho em rede c a informação. Com nosso alcance global e
prestação unificada de serviços, nôs da Arthur Andersen zjudamos nossos Como foi que Oprah Winfrey se tornou a mulher mais influente dos
clientes a produzir valor tanto dos ativos tangíveis quanto dos intangíveis.
* Estados Unidos? Sabendo o que quer dizer ser pobre e scr rico, ela conse
li típico de tais empresas enfatizar seu próprio trabalho de pesquisa e gue empatia com todo mundo. Nascida num sítio do Mississippi. Opra
desenvolvimento. A Procter & Gamble da ênfase aos avanços súbitos Ino aprendeu a ler aos dois anus dc idade, com utna avò que também estimulou
vadora s que resultam da pesquisa contínua, promovendo o lato dc que a em sua capacidade de verbalização. Aos seis anos, ela se mudou para Milwau-
presa detêm mais de 25.000 patentes no mundo todo Un anúncio típico kce. onde a tnâe trabalhava como empregada doméstica. Depois de sofrer
(neste caso, das esponjas de limpeza Swiffcr) mostra ‘um cientista da P&G. abuso sexual por parte dc vários homens, ela começou a agir como vítima.
muno interessado", 'um inocente (o bebê) num mundo svjo", uma espon Seu pai. que ate então nâo tinha sido um fator importante em sua vida, in
ja que c denominada 'um ímã sujo” e uma embalagem de Swiííer com a le terveio e mudou as coisas. O pai. nas palavras de Oprah, "transformou a mi
genda "Uma esponja com uma missão” O material descritivo dâ o nome do nha vida, insistindo que eu fosse mais o que eu era e acreditasse que podia
cientista da P&G e descreve o avanço súbito que criou ‘o tecido único dc ser mais" Diz ela: “O amor dele pelo aprendizado me mostrou o caminho."'
fibras htdroentrclaçadas que gera uma carga clcirostãlica qre age como um Depois da faculdade, ela se tornou co-apresentadora do noticiário da
ímã para atrair poeira, pêlos c alérgenos comuns". Esse tipo de anúncio ape CBS em Nashvtlle. mas era tão empática que muias vezes tinha de engolir
la ao desejo de mamães c papais dc serem informados sobie os meios mais as lágrimas ao relatar histórias tocantes. Um novo gerente viu o mérito des
modernos de manter a casa tecnologicamente limpa.
sa aparente fraqueza c lhe deu a oportunidade dc untar um lalk show. O res
As marcas do Sabin podem ate cumprimentar os consumidores por se
to jâ é historia. Oprah entrevistou lodo o costumeiro batalhão de indivíduos
rem hem-informados e inteligentes A Oldsmobile veiculcu este anúncio.
interessantes, perturbados e extravagantes que eram o modismo em todos
"Procura-se: motoristas com firmeza dc torque. tração c tempos verbais", im
os outros tnlfc shows. Mas o que ela fazia com seus convidados era diferen
plicando que as pessoas que sabem das coisas escolherão essa marca. Do mes
te. Oprah sentia empana por eles, analisava a situação de cada um c mergu-
mo modo, a Infinily afirma, "Este nâo é apenas um novo cano. É a melhor
lliava cm seus problemas, como se fosse uma aniga de confiança ou um
ideia" A Toyota diz que o Prius é ‘um cano que às vezes roda com gasolina e
membro da família.
às vezes com eletricidade, de uma empresa que sempre roda com cérebro”
Desde 1986. seu programa tem sido o talk show n’ 1 dos Estados Unidos
F.m uma campanha impressa da Sesame Street, historetas do progra
— e uma fonte dc orientação para pessoas dc todas as raças e grupos econô
ma que paiccctn simples biincadciias à piimcira visu sâo enfatizadas cm
micos. Em anos recentes, Oprah começou a moldar a cultura. Os livros que
termos da oportunidade dc aprendizado que oferecem para asoluçào de pro
blemas. reconhecimento dc padrões e assim por diante. Como resultado, ela indica se tornam instantaneamente bcst-sellers. Músicos que aparecem em
toma-se evidente para o adulto o currículo “invisível
,
* baseado em pesqui seu programa vendem seus discos. Pessoas que a ouvem enfatizar a saúde, a
sas. que conduz o desenvolvimento de cada programa. A idéia é que. se os espiritualidade e a responsabilidade pessoal praticam o que ela pregà.
d.i figura bíblica dc Sofia (nume que significa ‘■sabedoria”) ed.i deusa grega tes tradições. A meta aqui nâo é apenas a sabedoria, mas também a paz. Dee-
Persefone. que compreendia os segredos canto do mundo subterrâneo (a pak Chopra. por exemplo, é uma marca do Sábio tanto quanto o MIT. Fa
morte) quanto da realidade ordinária. lando com seu sotaque indiano. Chopra incorpora facilmente a imagem do
As analistas junguianas Manon Woodman e Eltnor Dickson, em Dan- sábio guru hindu na mente do público, o que dá mais credibilidade a tudo
cing in thc Flamcs. citam o chamado dessa deusa (tirado dos "Provérbios" bí
que ele diz.
blicos) cm palavras üo relevantes ao homem c ã mulher de hoje quanto lo- A propaganda dc produtos está adotando um tom mais espiritual, âs
ram para os antigo-, hebreus vezes de uma mancira que prece gratuita, pois as figuras religiosas nada
têm a ver com o produto. Mas alguns produtos, sem a capa do humor, se ar
L a vo$. homens, que eu clamo I | riscam a ofender os leitores quando associam símbolos religiosos a suas
Escutai, pois renho coisas sérias a vos dizer, marcas. Por exemplo, os tapetes Antron. da Du Pont, veicularam um anún
e dc meus lábios sairão palavras honestas.
cio com a imagem de Buda c o seguinte texto: "Ousado e diferente, um ce
Minha boca proclama a verdade |. |
nário com geometria e padrões que sutilmente compõe, define e oferece
Todas as palavras que digo sâo justas,
uma nova metáfora dc harmonia e força. É zensual. É zensacional." Ao cli
nelas náo ha nada de tortuoso ou falso;
car no website da empresa, o consumidor recebe um conselho: “Escolha um
Todas sâo dirrias para aquele que emende,
e honestas para quem sabe o significado do conhecimento. mantra. E nâo se esqueça de respirar."
Aceitai minha disciplina, e nâo a prata,
acenai o coiiIicciiiiciiio. dc prclcrcm 1.1 ao ouro
Pois a sabedoria é mais preciosa que as pérolas, Barnes & Noble: Marketing inteligente para livreiros
e nada é tâo digno dc ser desejado'
Leonard Riggio comprou a Barnes & Noble quando ela estava em séria
crise e ele era um joâo-ninguém. Mas ele compreendeu que a açâo nas livra
Como c lipicodos Estados Unidos «lo século XX que a Deusa Ncgr.VSo-
rias estava expandindo o mercado. Sua estratégia Inicial foi chocante para as
fia-S.ibcdoria fale a nós por intermédio dc uma apresentadora de talk Show
outras livrarias, porque ele usou táticas semelhantes às da Wal-Mart, cortan
tâo maiavilhosamenie inteligente, um ícone da marca do Sábio!
do preços de todo modo possível Com isso, ganhou dinheiro suficiente pa
E Oprah. ela está consciente de sua identidade de marca do Sábio? Cla
ra continuar comprando seus concorrentes. Ao mesmo tempo, manteve vi
ro que sim O Sábio claraincntc governa suas decisões sobre os meios dc ala
vo o nome Barnes ór Noble, um nome que evoca a antiga imagem monacal
vancar seu sucesso. Em vez dc desenvolver uma linha de cosméticos ou rou
da livraria pequena e dedicada, administrada por e pra pessoas que sim
pas. Oprah continua a orienur o público norte-americano por intermédio
do seu clube do livro c agora uma revista A coerência arquetqica entre seus plesmente amam livros.
O templo do arquétipo do Sábio tem de ser ou a biblioteca ou a livra
novos empreendimentos c seu papel no talk show torna sua identidade dc
ria. Mesmo quando a Barnes & Noble promovia sua violenta redução dc pre
marca ainda mais clara c convincente Mesmo sendo a mulher mais rica da
mídia, ela nunca é vista corno alguém que só atende seus próprios interes ços como estratégia pra derrotar a concorrência, a imagem da empresa ain
ses Em vez disso, ela é vista como uma mulher com uma mis-áo. da evocava a livraria arquetípica ideal.
Com o passar do (empo, a introdução da megastore modernizou essa
Nâo é surpreendente que 3 espiritualidade tenha sc tornado uma prio-
ridadr importante para Oprah Os Sahios espirituais entraram na economia imagem ideal, comprar livros é uma experiência que fala a todas as necessi
dc mercado no Méculo XXI I nquanto as igrejas ainda passam a bandeja da dades do amante de livros existente em todos nós. Percebendo a ausência da
coleta, hoje as pessoas pagam a gurus dc varias religiões para falar e dar praça das cidades pequenas, Riggio reconheceu que as livrarias eram um
workshops As pessoas tini loine dc sabedoria espiritual e estio dispostas a ponto de encontro natural para as pessoas, especialmcnte aquelas que gos
pagar para aprender ioga. meditação c perspectivas espirituais das difcren- tam de trocar idéias. Começou, portanto, a oferecer café Starbucks e cadei
ras confortáveis, dilatou os horários de funcionamento, agendou grupos de
discussão e palestras de escritores. Por fim. aprendeu a proporcionar uma
2 Mjih-o UiHidinancI liiu.r I>I. kv>n. Dum mg in lhe íl-imrt fhf (Xirk GmtJniin th< Tiam-
experiência que os Sábios apreciariam A Barnes & Noble até se tornou um
/»rawlKMicy<<«iMMniirM<B>Mt>>n Shambala l<W).p 11.cnadodt Pioveròu»8 4-1I.
QSSbto 103
IO» O MtMÔI ■ O >OMA.QA.lfl
car.uiciistico dc museus. como o Coreoran ou o Smilhsonian dc Waslimg- liaçâo administrativa Geralmente sâo céticos quanto â capacidade de qual
lon.c dc orquestras sinfônicas, comp.mhi.isdc balé e outras instituições que quer gerente comum dc saber o suficiente para tomar decisões embasadas
oferecem oportunidades culturais.
sobre o trabalho deles.
Mesmo no mundo das marcas convencionais, um ar de mistério ou as- A típica organização do Sábio tem uma estrutura muito descentralizada,
cctismo contribui para a aura da marca do Sábio Por exemplo, durante mui- enfatuando o desenvolvimento da perícia e nâo o do controle. Espera-se que
tos anos a Bell Labs carregou 3 aura de gemo das comunicações", embora vs cmpregfldos raibain n que estão fazendo e, por isso, eles sâo livres para to
•1 maiuii.t «Lis pcs.M».is nâo fizesse .1 menor idéia do que era pnxluzido la den mar decisões autônomas. Em geral, um pequeno corpo administrativo cuida du
tro. Mas sua própria existência "ergueu' a empresa-mâc. Al&r. como re lado empresarial e mercadológico, mas a maioria das grandes decisOes — sobre
sultado da premissa dc que ela estava "acima da curva" cm termos dc com a grade curricular, as estratégias de ensino e mesmo as decisões envolvendo
preensão cientifica. promoções e mandatos — sâo feitas basicamente pelo corpo docente, geral-
I; claro que a maneira mais convincente dc você atrair os Sábios é ter mente por meio de um imenso conjunto de comitês. Os membros do corpo do
sua marca recomendada por um especialista A Palm Pilot (que. cm outros cente sâo completamente livres dc ir e vir a seu bel-prazer, desde que dêem suas
aspectos, c uma marca do Criador) foi lançada por meio dc demonstrações aulas e cumpram os horános. Fora isso, eles conduzem qaaisquer pesquisas por
do produto cm conferências industriais e sendo oferecida por metade do que possam se interessar, sob a proteção da liberdade acadêmica.
preço .ms formadores dc opinião. Prct isivdmenic. os especialistas na área Mesmo no mundo empresarial norte-americano, js equipes de Pesqui
espalharam a noticia, com o resultado dc que levou pouco mais cie unvano sa 6r Desenvolvimento gcralinente desfrutam de mais liberdade du que as
para vender um milhão de Palm Pilois outras áreas da empresa; isso porque nâo se pode manter pesquisadores sc
eles forem ostensivamente cerceados. Hoje em dia, muitos médicos vêcm a
si mesmos basicamente como cientistas e se acostumaram a sc autogeren-
A organização do Sábio
ciar e a tomar decisões independentes. É por isso, claro, que os planos de
3 I As organizações do Sabio gcralmentc são encontradas em universida saúde tanto desmoralizam os médicos; esses serviços funcionam com uma
des. laboratórios de pesquisas, "ianques dc idéias” e empresas que vêem a si propensão ao arquétipo do Governante — limitando 0 tempo reembolsável
mesmas como sistemas de aprendizado (' learning systems". conforme des- e exigindo aprovação das modalidades de tratamento.
i reve Pcter Scngc cm A quinia diwplina)’ — ou seja, organizações cuja es Nas organizações do Sábio, também aquelas puramente comerciais têm
trutura e valores promovem o aprendizado contínuo/A êníase e co ocada na direção descentralizada e bastante democrática. O VJS^ foi funúado por Dee
análise, no aprendizado, na pesquisa c nu planejamento. A qualidade é vis Hock como a primeira organização bancária "caórdicz" (chaordic foi a pala
ta como resultado da perícia dos empregados, cuja liberdade de opinião de vra que ele cunhou, combinando “caos" com “ordem’). O VISA é uma con
ve ser protegida. O ntmo c comedido, porque o estudo completo éconside- federação flexível dc bancos que concordam com certos princípios e siste
rado essencial antes que a mudança ocorra — exceto no caso dc jornais e mas básicos. Qualquer banco pode pular fora a qualquer momento, por isso
ImiIciiiis. onde as informações prccisoin ser reunidas e publicada» rapida * diz o que fazer. Os representantes se reúnem anualmente para
ninguém Ihi
mente Os trajes c o ambiente tendem 3 ser simples As cores doaunantes tomar decisões, quase da mesma maneira que cidadãos tomam decisões em
gcralmentc sâo o cinza, o bege, o branco e o azul-claro. A éníase está na co convenções políticas ou fóruns comunitários. Segundo Hock. a cola que
leta r análise dos «Lidos c •• principal item do valor e a jxrícia mantém unida as organizações caôrdicas é uma filosofia cm comum. É por
Na qualidade dc empregados, os Sábios têm imensa necessidade dc au isso que ele defende a proposta de dedicar algum tempo para criar uma cons
tonomia Sc para você as universidades c laboratórios de pesquisa sâo os am tituição que descreva as idéias comuns dos membros. A organização é man
bientes quintcsscnciais do Sábio, você jxide ver que os Sábios querem ir e tida junta nâo pela hierarquia ou pela segurança, nas pela fidelidade às
vir ao seu bel-prazer (sem relógio de ponto, obrigado), gostam d< fazer o idéias em comum Outras organizações baseadas nos princípios caórdicos
tiaballio do seu propriu jeito c picferçm o parecer dc seus pjn-s a uma ava- incluem a Soclcty for Organizattonal Learning e a United Religions.’
7 IVlrr Senjte Hw I i/ik Ihx.aplin. Ihr A»t <mJ thr l(<>»uaj(Ofguni;<KtMl (Nova 8 Michael fom». encrcviju com Dee Hock. Tfce luner Edgt: A Knourttjor Eilighitntd BuM-
V.ik !>>»il4<«t.n/r urrenty. 1990) nc« Piatiut (íevcreiro/nurco de 2000). pp 5-7.
OSiblo to?
104 O HERÓI f O fOHA OA-lfl
O consumidor Sábio
Quandu o Sábio está ativo na vida dos consumidores, eles sentem um
agudo interesse cm aprender por aprender. A liberdade e a independência
sâo valorizadas como meios dc uma pessoa manter a própria objetividade
(como no caso das universidades, cujos corpos docentes apóiam a liberda
de académica). Um indivíduo pode estar mais interessado no conhecimen
to interior c ouiro no conhecimento do inundo externo, mas.qualquer que
seja o caso, ambo» scniein que e essencial pensar por st mesnos e ler suas
próprias opiniões. A parte do Sábio que existe dentro dc uma pessoa con
corda com a frase "Penso, logo existo." Quando o Sábio é dominante no ca
ráter de alguém, aprender ê uma motivação irresistível O medo que acom-
|Mnha é o dc scr ludibriado por falsas informações e. portanto, interpretar
mal os dados ou uma situação No pior dos casos, o Sabio c dogmático, ar
rogante e inflexível No melhor dos casos, ele ou ela se torna um pensador
genuinamente original c alcança real sabedoria.
Ao apelar para os Sábios, é importante você estabelecer sua credibili
dade Caso contrário, por que eles ouviriam você? Além disso, nunca mo
nopolize a conversa e nunca tente foiçar uma venda: os Sabias querem se
FARTf
medo subjacente e deixai que a vida simplesmente ai<>nic\a — scr uma vi
tima ou um lt.uo
Vivemos cm uma sociedade oiientada para a tcahzjçào. onde se espe
ra que as pcsMMs assumam grandes riscos c desenvolvam competência pa
ra coninbuu com <> hem social (llcroi). enquanto avanços trcnologicosco
mo c»m ompiiiadon-s. a internet c a engenharia griicnca trazem a magia para
a vida cotidiana (Mago).
Ao mesmo tempo, tantas c tantas pessoas parecem rada vez mais alie
nadas. a ponto dc sc identificarem com o Marginalizado ou mesmo com o
verdadeiro lorada-lci Tantas pessoas usam ou usaram drogas ilegais que
Imjc e rotineiro jHrgiintar aos candidatos a presidente sobre sens halmos
pcssti.iis com as drogas Na veuladc. hoje hasta um candidato afirmar que
tiáo inalou nem tragou nos últimos anos m» isso j.i lhe confere um grau ra
zoável dc respeitabilidade. Basta ouvir as letras do rap ov hip-hop para per-
ccIht a fone influência do Fora-da-lei na cultura da juventude negra: c ela
esta sendo agora adotada também pela juventude branca Tatuagens c picr-
< mg predominam entre os jovens dc todos os grupos étn cos. Tanio os libe
rais quanto os conservadores (espccialmcnte os que sc opõem ao aborto)
praticam a dcsobcdicneta civil — que c uma estratégia do Fum-da-ki para
lorçar a mudança Pense nas nuliiias dc Moniana. na Ku Klux Klan do sul
dos Estados Unidos c nos skinhcads do mundo iodo: você compreenderá a
importância do arquétipo do Fora-da-lei para a identidade dos grupos dc cx-
ircma-dircil.i
O llcroi. o Fora-da-lei e o Mago, enquanto arquétipos do poder, foca
lizam as atitudes e ações do consumidor que são relevantes nâo só para ele
alcançar suas próprias metas, mas também para mudar c mundo Esses ar-
qticlipos. portanto, oferecem identidades dc marca naturais para os produ
tos c serviços que ictn urn impacto marcante Sobre seu tempo c seu lugar.
CAPITULO
O Herói
Lemo: “Onde há vontade, há um caminho”
fUDO MRCCE PfROlDO. mas cntâo o Herói vem cavalando pela colina e sal
va o dia Embora haja infinitas vanaçôes nessa história, em todas elas o Herói
triunfa sobre o mal. a adversidade ou um grande desaío e. ao íazt-lo. serve de
inspiração para todos nós.
Para fazer uma idéia do Herói, pense cm John Wayne.John Glenn ou
Susan B Anthony e. num nível mais baixo, em James Bond c na equipe de
Missdo Impoííívcl. Quase todos os super-heróis — Super-homem. Mulher
Maravilha. Batman. etc. — se encaixam aqui, assim como seus adversários
sâo os clássicos Fora-da-lei.
O Herói 115
114 O HERÓI E O FQRA-OA LEI_____________________________________________
Herói c tâo forte na culiura, muitas iniciativas no campo da saude edo bem- mesmas (pense no Herói que salva a donzela em perigo). Quanto a todas as
outras pessoas, eles preferem vê-las progredir.
estar social sáo mostradas como guerras: a Guerra contra a Pobreza, a Guer
Na política, pense em Martin Luther King (espedalmentc com o dis
ra contra as Drogas.
curso “Eu tenho um sonho') inspirando norte-americanos de todas as raças
a realizar o ideal cultural da igualdade de oportunidades. Os Heróis frequen
*
) No livros Dir Hrro IVithia t Ü dripcrW do hfiôi mttrtor ÍAwohfnwg thr Hercrt Within). temente demonstram qualidades que elevam o nível de consciência de to
Carol r<-uiMH> .ipicvcnta • jornada <J<» HerAi <jur envolve todos os doze arquétipos, desacre- dos à sua volta. Na verdade, seu segredo é quem eles sáo, nâo apenas o que
diuiiJoa idria popular que «onfunde o Heroi somente com o Guerreiro Aqui, porem, esta- eles fazem Em um recente tributo a Nelson Mandela, ele foi louvado pui
iika iisoiiti.rrndo que na *
mm hxLhIc dc hoje o Heroi c o Guerreiro sáo siiónimo e perdoar seus carcereiros apôs ler ficado preso durante 27 anos e, com essa
que <• iriniti llrroí" api<l.«.•
* ., ve idcniduarrin <vin «•
* aspeitos iti.ns jxistivo
* des
atitude, ter ajudado as pessoas a se libertarem nâo só do apartheid, mas tam
se arqiutipo (>st.u< rrctrosseruni vinipIrMiwnic «oniKiuvus, niaso llcrcs luta por um pnn-
< rpm. uma lau-a um nmdodc vida ou 11111.1 vnjo d<> futuro bém do ódio. Bem. isso é heroísmo!
____________ OH«ról 117
II* O HERÓI f O FORAOA-LCI
ni$> — scrn o nome Nike, sem mensagem Sena isse um sm.il Jc confiança As organizações com a marca do Herói:
ou de arrogância? O Herói clássico das antigas tragédias possuía qualidades o Exército dos Estados Unidos e a FedEx
'maiores do que a vida", mas tinha lambem um deleito trágico — geralmen- As organizações do Herói gera'mente estâo comprometidas com uma
te. mas nem sempre, a huhris (orgulho ou arrogância) — que causava sua causa digna ou se dedicam a ajudar seus clientes e empregados a “Ser tudo
queda Edipoc Anugona sâo exemplos da dramaturga grega; o rei Lear, Ole o que você pode ser’, como afirma 0 anúncio do Exército norte-americano.
io c I lamlel sâo exemplos das peças <lc Slwkespcare. Nixon c O.J. Simpson Claro que esse "tudo" quer dizer durão, resistente, ambicioso, eficaz, com
sâo exemplos da nossa época. Na virada do novo século, o desuno Imal da petitivo e. idealmente. com princípios. Essas organizações exigem muito do
Nike ainda era incerto, mas a empresa vive decididamente tanto os triunfos
indivíduo, a fim de fazê-lo desenvolver suas plenas capacidades. No setor
qu.mto .15 deficiências do arquciipo do Herói O escândalo publico causado
privado, elas sâo tipicamente lugares muito competitivos onde os números
pela divulgação dc que a Nike utilizava trabalho inbntil na China aumen das vendas funcionam como placares incessantes da realização. Empreende
tou quando .1 empresa voltou atrás cm stta promessa dc doações às univer doras ao extremo, elas nâo só esperam, como de fato exigem. 0 crescimen
sidades que apuavam o gi tipo dc alunos que batalhava para impor padrões
to continuo. No setor público c na? empresas sem fins lucrativos, exigem-
de proteção a niâo-dc-obra internacional A (alta dc sutileza política da Ni
se dedicação e compromisso com a causa. Seja onde for. espera-se que as
ke cm lidar com esse escândalo teria sido profetizada pela afirmação da mis
pessoas que nâo aguentam 0 calor saiam da cozinha.
são da empresa “Vivcnciar a emoção dc competir, dc vencer e esmagar os
O mais conhecido protótipo dtsse tipo de organização é 0 Exercito dos
concorrentes." Nâo imporia se a reação do público zfetará minto ou pouco
Estados Unidos A organização militar aperfeiçoou a hierarquia como um
as vendas da Nike, o fato c que sua reputação foi mane liada.
mecanismo para desenvolver combitenics fortes, equipes altamentc coorde
Era uma tradição da Nike veicular anúncios maravilhosamente nobres
nadas e a capacidade de açâo pronta e flexível, conforme exijam as circuns
c idealistas que encorajavam os atletas a proteger o meio ambiente, desen
tâncias. Ironicamente, embora o Exército nâo seja nem um pouco democrá
volver o caráter na prática do atletismo c reconhecer que o atletismo prepa
tico. ele se tornou um lugar onde homens (e mulheres, cm número
ra as iniilhcrcs parj controlarem a própria vida c participarem mais plena-
crescente) de diversas raças e muitas vezes oriundos de condições modes
mente dc uma economia aliamcntc compciiliva. Durante o escândalo,
tas conseguem participar plenamcile da sociedade como um todo — por
porem, a Nike veiculou um anúncio fora do comum Mostrava um homem
meio dos benefícios educacionais estendidos aos soldados e também por
correndo por um mundo que parecia à beira da desiraiçâo. Cidades cm cha
meio do treinamento e desenvolvimento oferecidos pelo próprio Exército.
mas. mísseis caindo do ccu. e o homem apenas continuava correndo Estoi-
Seja no Exército ou nas empresas do Herói, os padrões sâo elevados e
camcnie, ele ignorava tudo à sua voha — tudo, exceto urn outro corredor.
espera-se que os empregados sejam durões e façam o que for preciso para ler
Esse anuncio revela uma força ambígua do arquétipo Por um lado, a capa
sucesso. No mundo do lucro, as empresas que atuam em áreas altamente
cidade do Herói dc perseverar em circunstâncias perigosas t uma coisa ex
competitivas em geral têm uma cultura organizacional do Herói; todos sâo
traordinária. Por outro lado, a tendência de apenas seguirem frente, igno
valorizados enquanto produzem; tras, no momento em que alguém fracassa,
rando as criticas úteis ou sc defendendo dc qualquer critica (nâo importa
quão relevante ou uiill c um sério pciigo dentro dcStt arquétipo. Nâo sc po está fora. A consequência disso é que essas empresas costumam exaurir os
empregados com suas exigências persistentes dc que eles apresentem desem
de deixar dc pensar sc o anúncio expressava a sensação da empresa dc estar
penho em um nível elevado (e talvez irracional) e com sua expectativa de que
encurralada.
os bons empregados continuem a ser estóicas máquinas de desempenho. Tal
C> Irisic ni«H« tudo <' qnr. cr a Nike compreendesse os arquétipos,
cia teria reconhecido o potencial negativo dentro d » Herói c sc protegido vez faça scniidu você fazer tudo o que for pr«cito, dursnir indo o tempo que
contra sua própria arrogancia c insistente agressão, lodo arquétipo contém for preciso, se você está num campo de batalha; mas essas expectativas po
c*
sc li|Mi dc- arni.idilli.i Na medida cm que você compreende mais plena- dem ser prejudiciais no mundo empresarial. Os soldados sempre recebem
nu me o arquciipo qin
* .iliincnia os csfinços dc sua organização. tanto mais R&R |licença para repouso e recuperação). mas isso nem sempre acontece
com os advogados que trabalham em escritórios de alta pressão Os paladi
voce consegue sc proteger contra o potencial negativo do arquétipo e sc li
vrar desse tipo de publicidade embaraçosa c prejudicial â sua marca, nos que se dedicam as organizações sem fins lucrativos voltadas para uma
missão, além disso, também se nutam dc trabalhar. Com o passar do tempo.
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120 O Hf AÓI I O fOMA-OAltl r
ús resultado
* das exigências incessantes acabam produzindo aiaqucs cardía
lenas dc palavras por minuto para ilustrar a urgência da entrega de um pa
cote cm tempo. A mensagem era: para acompanhar os concorrentes no
►
cos e depressão, alem de corroer as bases da família (c, sc as enanças sâo nc- mundo dr hoje, vovê precica da FedEx A cultura organizacional da FedEx
gligcm i.uhs, acabam corroendo também toda a c omunidade).
reforça sua idcniidiide heróica. Embora proveniente de lamilia allucnre,
As organizações do Herói saudáveis e bem desenvolvidas, porém, pro
Smith Geou impressionado com o heroísmo dos fuzileiros navais oriundos
duzem empregados c equipes vitoriosos, assim como o lx»m treinador ge
da classe operária. Em seu negócio, queria ser justo com eles. Espera-se que
rência e dingc os esforços de um time esportivo Espera-se que as metas e
os empregados da FedEx tenham um compromisso heróico com resultados
os padrões sejam cumpridos, mas os bons empregados sâo bem remunera
dos. bem treinados e ahamente valorizados. Como resultado, eles conse dc qualidade, dc modo que aqueles pacotes eram realmcntc entregues intac
guem cuidar de si mesmos e uns dos outros. As pessoas compartilham um tos e cm ternpo. Os empregados, cm troca, sâo tratados com respeito e jus
senso dc orgulho por fazerem parte de uma operação vitoriosa e suas ações tiça — e tem voz ativa n.t empresa: um gerente é avalifdo tanto por seus che
sâo guiadas pelo compromisso com a qualidade. As organizações do Herói fes quanto por seus subordinados.
de nível mais elevado tambCtn têm princípios e convicções ckramcnte arti A FedEx vem cimentando seu sucesso e sua posição icônica com apa
culados que, mais do que mera retórica. formam o alicerce da prática. rições em filmes de grande sucesso de público Em Os picaretas, de Steve
Quase todas as organizações do Herói sâo boas cm motivar as pessoas Martin, o cineasta fracassado sabe que sua sorte mudou quando o furgão da
(como treinadores inlbrnando o time para a vitória) c cm liberar energia pa FedEx bate â sua porta Receber o pacote expresso é mostrado como uma
ra convencer as pessoas da importância de vencer na compcti.âo económi visita do Graal. Em Noiva em fuga, julia Robcrts foge de um dc seus casa
ca Os empregados que sancionam a missão organizacional gcralmcnte têm mentos pulando para dentro dc uni furgão da FedEx. Um personagem diz
a forte sensação de que seus esforços sâo importantes c dc que. aconteça o algo como "Nâo sei para onde cia está indo, mas :crtamente estará lâ âs
que acontecer, nâo devem deixar sua equipe na mâo.
10:30 amanhã.'
Na sua oiigcm. o Correio dos Estados Unidos era uma marca heróica
por excelência — “Nem a chuva, a neve, o calor ou as trevas dí noite" impe
diriam que as cartas fossem entregues. Infclizmcntc, essa identidade heróica As marcas "Seja um Herói”
nâo (oi mantida dc maneira adequada. Frtcl Smnh. o fundador da Federal Ex
Ao contrário das puras marcas arquetípicas do Herói citadas aqui, ho
press. teve a ideia de montar um serviço dc entregas em 24 horas quando es
tudava cm Yale. cm meados da década de 1960. Escreveu um ensaio a respei je em dia muitas marcas “avançam
* nos apelos cxflícitos ou implícitos ao
to e o professor lhe deu nota “C". alegando que a ideia era invável. heroísmo Por exemplo, a 11 Radar com CO e-comércio dos Serviços IT")
Siniili sabia da |»crscvvr.inça do I Icrói. Nascido com uin defeito congê veicula uma foto de soldados da Primeira Guerra Mundial descansando ao
nito. precisou usar muletas ató que por fim conseguiu nâo só caminhar sem lado dc um avtâo, com estas palavras: “Quem serão os heróis dos negócios
aparelho
* como lambem jogar basquete e futebol- Acabou Geando tfto sau amanhã? lalvcz você." O anúncio exorta os consumidores a “correrem" pa
dável que serviu no Vietn.i como líder dc um jwlol.io dc fuzileiros navais A ra “aplicar a tecnologia da informação". Para o Herói, o céu é o limite. A Fu
I vilcial I \press iüo loi um sucesso instantâneo, mas Smith acreditava na jitsu apela pata essa ambição, dizendo "Seja ilimitado" (c compre um dos
ideia c sc manteve firme, investindo cm uma campanha publicitária que en notcbooks da empresa). A floricultura PTD.COM diz “Seja um herói", ou
fatizava a famosa (rase: “FedEx — quando absoluiaincntc, decididamente pelo menos seja visto como um herói por alguém — talvez sua mâe — que
tem <lc estar lâ amanhã ' recebe flores dc você.
As pnmciras campanhas de marketing sc dirigiam aos gerentes de se A Mailboro icvcste dc nostalgia o apelo ao heroísmo, convidando o lei
gundo e terceiro escalão; mais tarde, se expandiram para atraíras secretárias tor â "Terra dc Marlboro" e aos mitos do território c da vida do caubói. Um
e o pessoal dos malotes De inicio, os anúncios destacavam experiências dos mais bem-sucedidos anúncios da Marlboro em todos os tempos mostra
reais de remessa de pacotes dc areia pela I cdfx e por seu grande concorren va o homem de Marlboro carregando um bezerro através do riacho, ilustran
te — as quais, e claro, foram vencidas pela FedEx. Mais tarde, os anúncios do a disposição do Herói de ajudar qualquer um q«c dele necessite. Os con
enfatizaram a qualidade veloz c competitiva dos ncgocíos modernos e apre
sumidores que conheceram a antiga série de televisão Missão Impossível, ou
sentaram <> Spleen — um gerente intenso, de laia rapidj, que et cadeava ccn- $ viram o filme moderno, nâo deixam dc perceber o apelo ao heroísmo no
cxuusivanKiiu. «v t
122 O HtKOI í O FOHA-DA-111 O H«r64 113
.iiiumio d.» Kedak que diz. su.i missão, m- você decidir jiciij-I.i, começa ses anúncios mostram a economia atual como sendo esscncialmcnte um
cm vAcwkiMl.ik.coni/MI2/Digii.il " campo dc batalha ou uma competição de atleusmo O Deutsche Bank se apre
Muitas vezes, porem, o incentivo e o rnedo — de ficar p.tra trás ou de senta ao mercado como o “vencedor do jogo" de obter retornos positivos so
iüo csijr á altura da tareia. A PriccwaterhouscCoojx^rs ("Una-se a nós Jun bre o investimento e depois ensinai os cherues a fazerem a mesma corsa.
to
.
* |>odcmos mudar o inundo ") veiculou um dos muitos anúncios desse ti Um anúncio da Calico ("e-business para líderes") mostra um homem
po. dizendo "O maior risco c scr deixado para iras" Um .muneiodo ROK. dc terno e colete, com um capacete viking na cabeça, e estas palavras clássi
|( orpo dc Treinamento dos Oficiais da Reserva, do í xerntul mostrava urn Náo basta compelir. Conquiste!" Esse anúncio é um exemplo dc como
cas *
tubarão dizendo; “Somente os íortes sobrevivem. I‘<»r isso, pegue o melhor inúmeras empresas estâo utilizando os arquétipos de maneira óbvia, mas nâo
muito eficaz. Aquele capacete faz o homem parecer um tanto tolo. Para evo
curso universitário que puder Depois saia para o mundo c o destroce." Os
ix|tiipamciilos de c.miping da Research promovem o saco dc dormir biiin- car o arquétipo, seria melhor jvôr em açâo o jwder do Herói — o drama in
|K'iiiie.il>ilizado com uma foto dc tempestade e raros sobre um lago rodeado terior de se sentir heroico e de scr heróico. Um anúncio dos Fuzileiros Na
|M'Lt llorcMa: "Cinco entraram Nenhum sobreviveu “ O anuncio chama sua vais. por exemplo, veiculado repetidamente cm cadeia nacional, evocava
atenção, induzindo você a pensar que aquelas cinco pessoas morreram; mas
poderosatnente o herói. Começa com a imagem de um grande herói comba
tendo um monstro. A imagem poderia ter sido de Guerra nas estrelas ou de
ar socc li' o recto e descobre que
muitas outras narrativas rcalmcnte heróicas. De repente, o guerreiro se me
A noite Jin fiWg<l r «»HiZ<i. <f>p>is tfuC u duna <km ui>i«i<<>ii ài encosta tamorfoseia cm um fuzileiro naval norte-americano, em posição de sentido.
/r<re «1» monte W/iilnry ha alguns anos Cada um dc n<b tinha au mu o dc A mensagem é clara: você pode ser um herói real se você se alistar.
«Luiii». de inanas tMrx nics. c todos dcismam ciiliii' a^ua () hsenho do Uma pesquisa de mercado feita pelo Exército norte-americano revelou
mm <•</•- duinur rcou dc scr inclhm. par iw dc rnanliA com< ict a cuasat um que os jovens nâo se alistavam apena» pelas bolsas de estudo. Ali$tavam-$e ’
mi mcM t.u cabia qnr scila dijti itaiar um saco dc dorma rcalrrcnlC osan- por causa de um desejo heróico de desenvclver o caráter e o senso de disci
iaJoc atahm wíaIo«iniilil /•»<•» duque ru temia' () desenhofai d)u d. a cn- plina O slogan "Seja tudo o que você pode ser no Exército" tem um forte
g. nhuiia nuns dtfii d <iiii<<<i. <■ picc imk uts <WIO4pum oitria [•alcnic poder de atração Há um anseio dentro das pessoas — especialmente os jo
vens — de enfrentar desafios reais e provar seu valor. O Exército oferece
I ssa iirgêm i.i >loc h.imado ariçái» tamlrcrn alimenta um anuncio da 1'l.in-
uma arena parj realizar esse desejo.
ncd *d
l.iiciill:«M
; 'Acideniesaconicccin.. m* você nâo faz sexo seguro. Vocélem
Do mesmo mudo, o alvo da Women'$ National Basketball Associalion
72 lx>ras para reduzir o risco dr engravidar, isso se chama cc-ntraccpçâo de
sâo as garotas e também os pais/máes que apóiam o desejo da organização
emergência Você tem alguma pergunta? I igue para a Planned Parenthood " de fazer com que elas tenham por companhia atletas fortes, confiantes e vi
toriosos. E a Teach for America desafia os candidatos a terem coragem de fa
zer algo bom e difícil. "Antes de ir para Administração em Harvard. Direito
As marcas como guias e acessórios heróicos na jornada
em Yale ou Medicina em Staníord, considere matricular-se em uma escola
t ru alguns casos. a empresa se mostra como fornecedora do heroísmo realmente puxada." O anúncio conclui: "Dedique dois anos de sua vida e
que você talvez iwo possua A Upstde. urn wcbsiie para negociantes, veicula mude para sempre a vida de alguns garotos. Sem falar da sua própria vida."
um anuncio que afirma: 'Ambição e vontade de ler sucesso nâo fazem parte Outros anúncios identificam o consumidor com o Herói e oferecem
rio IJNA dc ninguém " (X negociantes que lêcrn essa publicação aprendem o acessórios para a jornada. Um anúncio de carne bovina, claramente voltado
que lhes falta Nâo C m< onium que os serviços sejam projetados corno gutas para a mâe que trabalha fora, mostra soldadinhos de chumbo — "soldadi-
que crismam vocé a scr um Heroi. A J f* Morgan Securitics promove um se nhas", para falar a verdade — em várias atividades femininas contemporâ
guro । ••nir.i ;«|uisiç<H s hostis com esta linguagem "No ambiente hostil dos neas: correndo, lavando roupa, indo para o escritório, fazendo c ompras, cui
m guc ms d. Ih»j< . ignorar a possibilidade dc uma ofcrl.i de aquisição signifi- dando do bebé. O texto diz: "Seus íilhus precisam de vocé O escritório
<•• qu« sua empresa riao c.l.t Irem prcquiada para enlrcniar «r.nr vurrsci
* cc
e
* precisa de você. I igue e peça reforços" — sendo que os reforços sáo os nu
desafio Ha passos que você jiode dar agora — antes que a oferta hostil seja trientes da carne As empresas farmacêuticas norte-americanas veem a »i
frita — que mclhorarau suas < lianccs de sobreviver au desafio." Muitos des mesmas como lideres dc guerras contra as doenças. Diz um anuncio: "Cân
124 O HfBÓI t O O A. I f I O H«r64 I2S
cer. É uma guerra E por isso que estamos desenvolvendo 316 novas armas" firmando ao cliente que, por mais exaustivo que seja o percurso fora das es
(isto é. remedios. terapias genéticas e anticorpos 'bala mágica"). tradas regulares, os “utilitários da Ford náo ap<nas sobrevivem: eles desa
Qualquer coisa associada à liberação feminina pode ser comercializada brocham". O Nissan Xterra é promovido como "o pau para toda obra. O rei
como um produto heróico, alá mesmo os tampões. Um anúncio de Tampax de todos os solitários". O Chevy S-10 mosira Carlos Sandoval. veterano ofi
(“A revolução continua”) diz: “É um símbolo de fortaleza. Beleza. Resistên cial da Marinha, rastejando por um pântano tenebroso. O anúncio nos afir
cia. Espirito É uma representação do corpo. E uma atitude mental. É pro ma que Carlos acha "legal" todo esse sofrimento, mas que “enlouquece" se
gresso. Avanço. Inovação. E sua irmâ, sua màe. sua filha. É mulher. É você." lhe (irarem seu vigoroso Chevy.
Os anúncios da Nike voltados para as mulheres gera.mente sc opõem Tanto o arquétipo do Explorador quanto o do Herói exigem uma quan
ao estereótipo cultural de que heroísmo é coisa para homem. A famosa tidade considerável de viagens: mas. para o Herói, a ênfase está mais em se
campanha da empresa — "Se você me deixar jogar" — tentou influenciar pôrà prova do que cm encontrar a si mesmo. Por isso, seus produtos sâo co
não apenas as mulheres, mas a sociedade como um todo, sugerindo que as mercializados por sua dureza e resistência. Diz a Nissan: "Tudo o que você
pode pensar, você consegue fazer Subir dc mountain bike o deserto de
garotas que se envolvem com atividades atléticas têm bem menos probabi
lidade de engravidar, usar drogas, etc. Outro anúncio diz: “Por que é mas Moab? Feito. Esquiar em Jackson Hole? Sem problema. Surfar em Mave-
ricks? Sua vontade é uma ordem * A Pontiac apresenta o caso desta manei
culino ter muitos músculos? Todos nós nascemos com musculos. Eles não
ra: "O problema: dc repente a coisa fica preta. A solução: vá de GrandAm SE
pertencem exclusivaniente ao homem, assim como a pele nâo pertence ex-
2000 com Sohdform Design É construído com reforços dc aço sólido que
clusivamente à mulher. Nâo é possível coexistirem feminilidade c força fí
dão inveja a Pittsburgh. Pois a estrada da vida pode ser duríssima e aqui fo
sica? Não é possível que quanto mais você aceita seu corpo, mais mulher
ra você precisa da blindagem certa." O anúncio mostra motoristas jogando
você sc torna? Aceite seu corpo. E descubra." Claro, uma roupa Nike aju
hóquei motorizado perto da beira de um penhasco, com as palavras- "Nâo
da você a fazer isso.
que vocé queira, mas você poderia." Na verdade, o acessório resistente pa
Seja para homens ou para mulheres, o arquétipo do Herói está associa
ra a jornada do Herói é tão predominante na indústria automobilística que
do a padrões rigorosos, á perseverança c â capacidade de impor fronteiras.
provavelmente já deixou de ser um fator de diferenciação entre os carros.
Um anúncio da Lady Foot Locker. também mostrando mulheres que traba
Depois de examinar dúzias de peças publicitárias que mostravam a es
lham fora, diz: 'Quando estou treinando, exijo uma coisa dc mim mesma.
petacular resistência dos diversos carros, foi um alívio encontrar o anúncio
MA IS." Os sapatos Avia mostram uma bela mulher musculosa e aconselham:
do sistema Loadwarrior da Yakima. com ama abordagem mais bem-humo
"Com sua roiina. ela ganhou definição nos braços. E na sua vida."
rada que satiriza o clássico estoicismo do Herói. Diz o anúncio: "A chave pa
A Gazcllc.com vende meia-calça com o desenho de uma astronauta na
ra a felicidade é parar de carregar tudo dentro." A imagem mostra um baga
Lua. dizendo. “Um pequeno passo para a mulher, um salto gigantesco para
geiro com a bicicleta e toda a parafernália heróica.
a raça feminina." Certamente, para a mulher que trabalha em escritórios, a
meia-calça é um instrumento do ofício Também os produios de beleza sâo
às vezes comercializados como armas na batalha dos sexos e na guerra con
Competição • desafio
tra o envelhecimento. Por exemplo, o creme facial da EOreai é chamado Um bem-humorado anúncio da Imd reconhece a competitividade ras
“( reme dc Defesa contra as Rugas". teira existente nos níveis inferiores do arquétipo do Herói. Mostra um ra
Um acessório importante é o cavalo heróico, que só perde para o Ex paz. diante do computador, expressando este sentimento: ‘De quanta velo
plorador como marca pidcrida para automóveis Um anúncio do Cadillac cidade o meu PC precisa? Mais do que o do meu amigo Bob." A
Scvillc sc gaba dc que <» carro é 'mais do que um rostinho bonito" — é "uma Aethersystems ("Soluções sem fio para um planeta portátil") diz: "Os PCs e
força a ser enfrentada” Para fazer a mensagem penetrar pelos nossos poros,
laptops vivem contando vantagem quando sc trata de negócios. Até você pe
o anúncio, que aparece nas primeiras páginas de uma revista, continua: "Vo dir para eles irem à luta."
cê sabe qual t a potência do Northsiar V8 de 300 hp? Este anúncio come- A llomestead. empresa que desenvolve websttes ("Este é um novo
çou no hm da revista!" Os utilitários da Ford (“Nós corremos. Vocé ganha ")
mundo Crie seu lugar."), reconhece o desejo do Herói de se gabar das suas
exortam o leitor: "Nos últimos quilómetros, nâo importa se você ê talento
façanhas No poema épico Bcowul/, por exemplo, os heróis passam as noi
so. inteligente ou rico. O que rcalntcnte importa ê sua determinação", rca-
tes contando uns aos outros historias sobre os monstros que destruíram e as
OHh44 117
terras que conquistaram A Homesteád oferece um meto de nos unirmos a nâo t asfaltada * A cena de picos nevados tvoca as dificuldades da jornada
eles, mostrando a sclvagetui dos esportes de equipe: "Vencer dói, Criar o
em busca da iluminação espiritual (lalvez no Nepal). A matéria continua:
wcbsite para sc gabar da vitória nâo doi" "Ninguém disse que o Nirvana era facíl dc alcançar... por imo. «mirre os cor
l ni seu aspecto mais honesto, o arqueiipo do llcroi lambem está na raiz dões das suas botas e chegue lá antes que alguém tente transformar o paraí
de todos os filmes e vtdcogatnes dc terror A Sega Dreamcast, promovendo o
so em um estacionamento."
Residem Evil. desafia o usuário a ousar enfrentar o desafio do terror lambem a American Câncer Socieiyestâ atacando a tradicional ima
gem de vitima atnbuída ao paciente com câncer; sua campanha de marke
V«sC <la iiuiJu ihunre <ft> innh Mas t uma nuidii nroasa que ruiu nu ting foi projetada para promover uma imagem alternativa do Herói Um
»< vem < ninguém. Sc voe/ e um moleque dorJdo que euHf <1 RrwdciW f vil. nr
*
nh« «ipuçin u tu; r mcrgirlhr n<»< ilnn ~ m«nv <!<• 10 h.«ai dc leno»
anúncio, de tamanho grande, mostra uma simpática mulher de meia-idade
e diz: "Ela e uma máe que finalmentc descobriu como fazer sua filha parar
p rvriso que mu nt<i<Ln im? r irimrr iu<r«<»nr N<n»n «mus, nn.igin\ <m de fumar Ela e uma paciente que atenua o próprio medo conversando com
J-Pchuliiihas PO V |“ponto de Mit<TI um lemN numa »iuo«m pessoas que sc importam Ela é uma esposa cuja força recem-encontrada tem
Ir» Iwqwer ili;c» qur »n<? »oi rimhrcer i» «cnliidiiio lim rc «hl wob»mw»a dado esperanças ao seu mando "
l finalmenie, a inovação verde é perfeita para a identificação de uma
No mesmo espirito, a I l.ill «ini mostra um garotoçhcio dc hematomas marca com o Herói, porque os níveis mats elevados deste arquétipo focali
v sugere que dc compre o Mitmlodc Iura .Ir 0iu«r Lrra lim dc estai prepa zam basicamente o ideal de lazer uma mudança positiva na epoca e no pla
rado |\ira a proxmu batalha neta cm que vivemos. A Green Mountain Energy ("Escolha com sabedona.
Ha também, nas pessoas, uma agressividade real que pode ser canali E um planeta pequeno.") veicula um anuncio que diz: "Algumas pessoas so
zada na direção positiva ou na direção negativa Um anuncio dos sapatos nham em mudar o mundo. Outras realmcntc mudam o mundo." Em vez de
I ug: mantem essa ainbivukiuia. mostrando um rapaz chutando uma poria focalizar seu próprio heroísmo, a empresa sabiamente mostra seus clientes
dc metal A unica cxplicaçAo c a palavra "Conquiste’. 0 arquétipo do Herói como Heróis, que tomam as "instalações com recursos renováveis’ possí
ajud.i a canalizar essa vontade de agredir para uma expressão positiva Nos veis "como resultado direto da escolha da consumidor
.
*
níveis medianos, isso indicaria com|>etiçAo aileuca ou económica, cm vez Um dos mais bem-sucedidos anúncios da Partnership For a Drug Free
dc agressão física (X serviços financeiros Equitable life ASA associam sua 0 longo caminho para casa": um garoto, voltando da escola
America foi *
perícia ao desenvolvimento da “vontade fone, da lidetança forte
* num bairro realmente barra-pesada, puta cercas altas e faz desvios por be
O Herói dc nível mais elevado, claro, usa a forca para ser um pacifica cos e quintais para evitar os traficantes d: drogas. Esse anúncio — que mos
dor I m um anuncio bem-humorado, a Svmphony (empresa dc conexão A tra extraordinária empatia com a Sliuaçto da garotada dos centros urbanos
internet) mostra uma farniba brigando para ver quen acessa a internet. A deteriorados — afirma que o “diga nâo" nâo é assim tâo simples. O garoto
empresa oferece uma rede domestica sem fio que “permite que todos nave diz que "lalvcz os traficantes tenham medo da polícia, mas eles nâo têm me
guem sem íio na internei' c. desse modo, acaba com “a guerra pelo acesso do de mim E eles nunca aceitam um nâo como resposta". Em vez de pro
a internet". A Volvo veicula um anúncio que dderencit sua campanha "meu mover soluções simplistas, esse anúncio t empático com a situação enfren
carro t seguro e resistente’ das outras, associando-a a paz c nâo a guerra: "O tada pelos garotos da vida real, e ainda mostra como HerõU que têm
primeiro míssil que realmente faz do mundo um lugar mais seguru * Na ver opções. Pesquisas subseqúentes realizadas pela Partnership indicaram que
dade. o Herói C o arquétipo utilizado por quase todos os esforços pela paz esse anuncio aumentou a confiança da garotada em sua capacidade de resis
no mundo dc hoje. tir às drogas e aos traficantes?
No pico
Em tempos cada vez mais espiritualistas, a congem c a perseverança
do Herói podem ser promovidas como fatores necessários para a realização $ Ver também « d-xuiOo da March ot Dimcscomo umi maita do Herói, eiamiiudi deu-
espiritual. Um anuncio das bolinas Daniicr diz "A curada para o Nirvana Ibadamenie no Capitulo 6
QHerM I
**
n» O MIAÔI t O FOXA-OA-LEI
Vemos o triunfo do nível mais elevado do arquétipo do Herói no sur
gimento do marketing ligado a causas sociais e na maior expectativa do con
sumidor dc que as empresas se envolvam cm atividades filantrópicas. A re
volta contra Bill Gates começou betn antes que o escândalo do processo
antiiruste contra a Microsoft revelasse suas titicas de intimidação As críti
cas iniciais resultavam da recusa de Gates dr se envolver em atividades fi
lantrópicas. tendo em vista sua exiraordinâra riqueza, até ser pressionado
pela opinião pública. Ele o fez. mas muita gerte achou que foi pouco demais
e tarde
Nosdemais.
dias dc hoje, a maioria das empresa» articula com toda clareza seus
valores, sua missão e sua visão. Cada vez rnai». o público e o consumidor es
peram que essas visões empresariais reflitam algum senso de responsabili
dade social Para lidar com essa expectativa. Jensen recomenda que a em
presa "tenha unia plataforma política mais ou menos equivalente â de um
O marketing para o Herói candidato a presidente A única diferença é que as empresas enfrentam as
Quando lhe perguntaram sobre a civilização ocidental, Gandhi respon eleições diariamente e nâo somente a cada quatro anos".’ Quando fizer mar-
deu que achava que eh era uma boa idéia. As pessoas em geral sentem que kcung para o Herói, saiba que você está sendo avaliado nâo só pela qualida
a nossa época vai a deriva, sem valores nem convicções. 0$ consumidores de dos seus produtos ou serviços, mas também pela força e pela etlca das
— espcctaltnente aqueles que expressam os níveis mats elevados do arqué
suas convicções
tipo do Herói — têm sede de convicções e se sentem atraídos para as pes
soas, empresas e marcas que as possuem Em The Dream Sociely. Rolíjen-
sen prediz que dentro de pouco tempo as marcas setâo vistas como
proprietárias de histórias significativas, e nâo como produtos As histórias
mais irresistíveis sâo aquelas que comunicam algum valor que enobrece a
vida. “A batalha do século XXI". escreve Jcnscn. "será tra.ada em um mi-
crofront. onde o x da questão é a atenção do indivíduo " Ele prossegue: "As
empresas entrarão gradualmente no mercado das convicções", basicamente
porque o "consumidor quer assim. Quando você deixa de se preocupar com
a imensa salada de sistemas ideológicos dos políticos e suas visões menos
ou mais insípidas, aí você nâo apenas vai às urnas no dia das eleições; você
vota todo santo dia. com seu carrinho de compras."
*
Os consumidores, observa Jensen. já estio censurando as empresas e
"fazendo perguntas como ’A sua empresa nâo tem coraçàa. nâo tem senti
mentos? Vocês nâo passam de uma máquina racional de fazer dinheiro?’"
Ironicamente, as empresas que valorizam apenas a competição e a bottom
line também estão demonstrando o arquétipo do Herói, em seus estágios
guerreiros mais primitivos. Oque podemos ver disso é que. quando o arqué
tipo sc expressa ao publico cm seus níveis mais elevados, as pessoas recom
pensam as marcas com suas compras.
O Fora-da-lei
Lema: "As regras são feitas para ser quebradas"
(ura social corrente, esses Fora-da-lei sâo fiéis aos valores mais profundos e a projetam sobre os outros, vendo os outros o Fora-da-WÍ é
tomo o
verdadeiros, nâo aos valores dominantes Esses Fora-da-lei tâo figuras ro como o problema.
owvoludoMrto>õv«ô;
mânticas. prontas a rebentar uma soctedade que sucumbiu i tirania, à re O Fora-da-lei contém em si as qualida
,ojebrajeovdd
*
pressão. ao conformismo ou ao cinismo. Na história modtrna. podemos des sombrias da cultura — ou seja, as quali
Ó wmir> pu p
pensar nos jovens que participaram das demonstrações na Praça da Paz Ce dades que a sociedade desdenha e negligen
lestial. na China, e nos participantes dos movimentos pelos direitos civis e cia. Desse modo, o Fora-da-lei libera as
paixões reprimidas da sociedade — assim comc. em épocas mais antigas, os
antigucrra. nos Estados Unidos — esses sâo alguns dos revolucionários que festivais permitiam grande licenciosidade (por exemplo, na festa celta de Bel-
mudaram o mundo e o transformaram naquilo que hoje conhecemos.
tane. todas as restrições sexuais eram suspensas durante aquela única noite)
Claro que lambem vemos o Fora-da-lci que nâo possui esses princípios
e atuavam como uma válvula de escape que. na verdade, ajudava a estabili
— ele é apenas alienado, raivoso e pronto a sacrificar os outros para conse
zar a cultura Nos festivais dos tempos modernos..Woodstockcarrega a ima
guir o que quer. As pessoas que se recusam a conseguir o que querem de
gem positiva da cultura do Fora-da-lei. prefigurando o potencial de uma épo
uma maneira saudável e socialmente aceitável podem recorter a estratégias
ilegais ou aniiéticas para levarem a melhor. Elas nâo se sentem criaturas mo ca mais utópica, enquanto Altamonl exemplifica o potencial nâo-utópico.
rais. mas pelo menos se sentem poderosas Enquanto o Hetói quer scr ad destrutivo e violento de uma soctedade Fora-da-lei.
mirado. o Fora-da-lei se contenta em ser temido. Pelo menas, o medo im Basta pensar no sucesso dos romances e filmes Fora-da-lei para perce
plica algum tipo de poder. Os estilos diferem. Cada um â sua própria ber como t poderosa a força deste arquétipo na sociedade de hoje. Alguns,
maneira, o criminoso, o revolucionai io, o akinhcad « o adolescemr cheio de como o filme Juventude transviada ou o livro Pé na estrada (On lhe road) de
tatuagens e piercings se sentem poderosos quando deixam os outros assus jack Kcrouac. retratam a altcrmçáo da cultura que leva ao rompimento das
tados ou inquietos. normas e tabus culturais. A ressonância desses filmes e livros nos diz que al
Como qualquer tipo de açâo eficaz contra eles dissipa o nedo da destrui guma parte de cada um de nós sente algum grau de alienação da cultura do
ção. os caubóis com chapéus pretos entram a galope na cidadezinlia. atirando minante. cspecialmcntc quando somos jovens Outros filmes, como Bonnte
para todos os lados, com o único objetivo de rebentar as coisas c se sentir po & Clyde e Bulch Cassidy & the Sundance Kid. mostram o Fora-da-lei como
derosos lauto o llaói quanto o Fora-da-lei sentem raiva. OIci.ói parte para uma figura um tanto glainourosa; ali, quebrar as regras é um ato dc liberta
a açAo quando se sente ultrajado pela injusti ção, Outros ainda, como () poderoso chejào. Os bons companheiros ou De olhos
O Fora-da-lel ça. A raiva do Fora-da-lei tende a scr provoca bem fechados, faturam em cima da simples atratividade dos comportamentos
Detejo bliko^npny ou da quando ele se sentç desprezado como pes- criminosos ou proibidos. Os hippies dos anos 60 introduziram valores con-
revduçlo soa. Enquanto o Herói se identifica com sua traculturais. Fora-da-lei, na cultura, e à medida que a geração do pós-guerra
Meta: destruir aquilo que nJo comunidade, o Fora-da-lei se sente profunda- atingia a maturidade, tais valores se tomaram a corrente dominante e. com
funciona (para «lo próprio ou
mente apartado dela. Vocé pade imaginar os eles, revistas como Rolling Stone O rock‘n'rol'. que antes era uma afirmação
para a sodedide)
Medo: nâo ur pod
*r.ier ; f
vilões típicos dos quadrinhos de Super-ho contracultural. é hoje a música favorita de uma classe média cinqúentona.
comum ou IncoMcqüento / mem ou Batman — Ixx Lulhor e Curinga —. Em cada geraçâoxos adolescentes acorrem em bandos para os produ
E>tr atógia: rebentar, ■ ' \, que geralmente se tornaram maus porque fo tos Fora-da-lci Poucos anos atrás, pintar o cabelo de’ vermelho entrava nes
desuvr ou cbocar 7. * , ram humilhados ou marginalizados (por se sa categoria Hoje em dia. as tatuagens e ospiercings preenchem essa neces
Armadilha: passar pera o Mo rem diferentes, deformados c-u de algum mo sidade. assim como as aglomerações junto â boca do palco, muitas formas
sombrio, crlminaJkfade
do defeituosos). de hip-hop e rap e (atraentes para os Fora-da-lei de qualquer idade) a liar-
Dom-. InrprtmhTl, l.terdide
rad.cal : Os hábitats do Fora-da-ici sâo os lugares ley-Davidson. As marcas Fora-da-lei incluen a MTV. e é por isso que a ga
escondidos e sombrios — fora do caminho. rotada tende a amá-la e os pais a se preocupr com ela. O Fora-da-lei tam
O psicologo C G. Jung descreveu como os in- bém está presente, de maneira mais sutil, na Fox. que. das grandes redes
divkluos c as culturas ttm Sombras — qualidades que sâo julgadas inacei
comerciais, se inclina para um contendo mais chocante e extremista do que
táveis e. portanto, sâo ocultadas e ncg-ulas. As pessoas nào querem reconhe
a ABC. a NBC c a CBS. Embora se pudesse ver a Calvin Klein como uma
cer a própria Sombra, nem para si mesmas, e por isso elas íreqúentemente
marca do Amante, devido âs suas imagens lâo sexuais, essa empresa tam-
134 Q HERÓI tOf O * A. D Al 11 O Fora-da-lei 135
hCtn possui qualidades I ora-ib-lci. pois costuma ultrapassar os limites per A ameaça do Fora-da-lei, porém, é que uma rebelião individual e silen
mitidos pelas conveniências sociais ciosa irrompa e comece a destruir a sociedade, quer a erodindo de dentro
Milhões de pessoas ouvem Howard Stern ou assistem a Polilically In- para fora ou a demolindo com uma erupção violenta. O pólo negativo des
corn-ct; bebem Tequila, Jack Daniels ou Southern Comfort; fumam Wins- te arquétipo se evidencia cm personagens como Darth Vader e outros vilões
tons O t.ipa-olho de pirata do homem com a camisa Hathaway acrescenta que passaram para o lado sombrio. O Fora-da-lei negativo, portanto, flores
certa pitada de 1'ora-da-lci p ua apimentar um produto que. afinal dc con ce em organizações que permitem que o lucro e a competição sejam mais
tas. ê apenas uma camisa comportada. No movimento feminista, mulheres importantes do que qualquer tipo de valor moral ou senso de responsabili
instruídas c profissionais — motivadas por livros como Mulheres que tonem dade; e no perigo onipresente de que uma aquisição hostil destrua a identi
tom os /(ihos. dc Clarissa Pinkola Estes — tentam recapturar a perdida mu dade (e portanto a alma) de empresas saudáveis.
lher interior selvagem e instintiva, enquanto Rolx-rt Bly e outros autores le
vam os homens as florestas em busca do selvagem interior.
Portadores de comportamentos ultrapassados
Quando a consciência do Fora-da-lei está presente, as pessoas têm uma
e revolucionários
percepção mais aguda dos limites que a civilização impõe à expressão hu
mana. O clássico romance do norte-americano Nathaniel Hawthorne. A le As marcas do Fora-da-lei têm um papel complicado. Elas podem forta
da estai late. contrasta a sociedade puritana com a vida mais livre na flores lecer os comportamentos desalmados c cínicos quando os valores estio au
ta. que está ligada a sexualidade, â vitalidade, ao pecado c. paradoxalmente, sentes. Mas também ajudam a derrubar uma estrutura oprtísiUL^judajn a
i.unbcm .1 virtude transformadora. Os romances c filmes norte americanos abrir e afrouxar jreslnçôessQçiais.ou.seryemcomouma Válvula de seguran
que oferecem críticas da sociedade costumam mostrar pessoas decentes que ça que permite.que asjKSSOaj.debata modo protegendo o stalus
quo Alem disso, elas fortalecem a verdadeira revolução, quando irrompem
s.h> forçadas a infringir a lei para poderem fazer a coisa certa Um exemplo
por entre as idéias acomodadas e repressivas para patrocinar um caminho
hem conhecido de romance clássico que mostra esse tema é Hutkleberry
I mu dc Mark Iwam. O tema também aparece em filmes modernos como totalmente novo.
A década de 1960 pode ser vista como uma era Fora-da-lei. com os he
Ihelnut & l.otusc. Tomates veidcs fritos e Regias da vida: pessoas c grupos se
róis da contracultura e os caubóis por eles rejeitados sustentando, em última
sentem tio desprotegidos pela sociedade que. para sobreviverem, sâo força
análise, os valores da liberdade de toda a cultura — embora fossem diferentes
dos a infringir a lei. Figuras históricas como l.emn ou Malcolm X ilustram
suas respectivas definições de liberdade. Quando chegou ao poder, a geração
o que acontece numa sociedade cm que os lideres dos grupos desprovidos
afluente do pós-guerra trouxe consigo muitos desses valores alternativos.
dc poder sc alienam a ponto dc defender ou praticar a violência
0$ anúncios da NetZero apresentam paródias das audiências macar-
Fm um nível mais cotidiano, celebridades corno Brad Pm. Jack Nichol- ihistas: uma comissão do Congresso está investigando a internet, que é acu
son c Madonna têm sucesso porque qy.çbram as_rcgras ultrapassadas dc um sada de antíamericana por ser livre. Mas as valentes testemunhas falam da
modo que parece libertador para as pessoas. Agindo de maneira sexualmen- tradição norte-americana dc liberdade de expressão e defendem o direito do
le liberada? c até promíscua, enquanto usa uma cruz c o nome da Virgem, a povo ao livre acesso. Na verdade, em toda parte o novo mundo do comér
identidade tlc marca dc Madoniiii desafia ostciisivaincntc a distinção histó cio eletrônico mostra uma qualidade Fora-da-lei maravilhosamente livre e
rica entre a virgem c a prostituía Essa identidade dc marca exige a c:i|xici- quebradura dc regras. Mas marcas como CompuServe c AOL perderam
dade dc correr riscos, lerá um sucesso tremendo sc a sociedade estiver pron clientes porque dcspreocupadamcnte angariaram mais assinantes do que
ta para ver desafiados os seus valores. Mas também gerara revolta, críticas e poderiam atender Este mundo novo simplesmente não opera conforme as
desonra se a sociedade nâo estiver pronta para isso. regras estabelecidas. Na verdade, ele é mais ou menos como o Velho Oeste,
Na UnMo Soviética, o comportamento capitalista era ilegal, mas as cir com a regra da lei e da ordem ainda nâo firmemente estabelecida. Neste pon
cunstâncias exigiam a participação do mercado negro (que era. claro, capi to. somente os mais fortes e mais inteligentes sobrevivem.
talista ao extremo). Com os anos, criou-se uma nação Fora-da-lei c foi só Muitas culturas têm figuras sagradas dc malandros, que agem quase
uma questão de tempo ate o comunismo, pelo menos naquela forma, entrar completamcnte na base do instinto primitivo — aquilo que Freud chamou
em colapso. de “id". O coiote do folclore dos índios norte-americanos, por exemplo, en-
b IJ6 O HÍRÔI E O FORA-DA-LEI
o Fora-da-tei 137
>
» Em um nível mais cotidiano, lambem as pessoas responsáveis c trata-
I gana as pessoas para conseguir comida, remove o pênis e manda-o na fren
K
* lhadoras se sentem atraídas para as marcas do arquétipo do Fora-da-lci —
te para estuprar as mulheres e. de modo geral, age dc maneira total mente
jgg nâo porque algum dia destruirão algo ou chocarão alguém, mas como meio
determinada pela ganância, glutonaria e luxúria. Essas figuras tem um pa
y dc desabafo. A mâc virtuosa vibra de excitação quando usa o perfume Opi-
pel extraordinariamente caiártico na cultura. Elas mostram comportamen
® um. mas ela nunca infringirá a lei O médico ou advogado bem-sucedido pi-
tos que ainda existem na vida interior das pessoas, mas que nâo sâo aceitá
■K lota sua Harley-Davidson ou se sente atraído por aqueles anúncios dc jipes
veis em (ermos sociais e morais. Quando vemos esses comportamentos e
X maneiros em que o motorista, frustrado por estar preso num congestiona-
rimos deles, eles sâo reconhecidos, sua energia é liberada e, com isso, dimi
nui o controle que eles têm sobre nós. » mento, de repente dá unia guinada e sai disparado pelo campo, assim que-
Algumas imagens do Fora-da-lei sâo mais sombrias e podem liberar ou ■ brando a regra de ficar sempre na rodovia.
reforçar a energia potencialmcnte perigosa. E difícil saber com certeza co
mo elas funcionam. Hoje em dia, a internet e a mídia possuem uma quali
“Eu estou furioso e não vou mais aguentar isso!”
dade malandra, com uma atitude vale-quase-tudo Permite-se o pleno jogo
das emoções mais básicas e primitivas. Ainda nâo sabemos sc o desfecho O Explorador é solitário e busca çua identidade. O Fora-da-lei se sen
dessa licenciosidade será uma liberação das emoções mais primitivas, per te fraco e busca a expenência do poder, mesmo que apenas na capacidade
mitindo que as pessoas convivam de maneira mais civilizada, ou se estamos de cKocar ou desafiar os outros A Nintendo veiculou um anúncio que mos
testemunhando o declínio dc uma civilização. Us wcbsites pornográficos trava uma hnrdn dcEirfcaros.com tangas vermelhas, rosto pintado e expres
são feroz, claramente prestes a saquear uma aldeia. Diz o anúncio- “Na Ida-
I desviam os comportamentos opressivos ou estimulam o estupro e o inces
to? As letras violentas e misóginas do rap e de outras músicas agem como dc Média, a escolha das cores rellctia cada estilo pessoal de loucura,
catalisadores para dar vazão à Irustraçâo ou ajudam e incitam a violência, o violência e destruição rm massa Ainda é assim." Na seqúência. você via
scxismo c o comportamento anti-social? Ainda nâo sabemos com certeza. *
imagens dc Nintendo rm seis novas cores. Podemos inferir que as crianças
Quando o Fora-da-lei está ativo nos indivíduos, eles podem se sentir e os adolescentes dever am estar se sentindo particularmcnte fracos e raivo
apartados da cultura dominante e desprezar suas regras. Eles se envolvem sos se eram atraídos para tais imagens violentas. Os videogames Diamond
cm comportamentos autodcstruiivos (uso dc drogas, piercings. roupas que oferecem uma mensagem que é ainda mais gráfica — acompanhando a ima-
os colocam fora dos limites da sociedade normal) ou cm ações que desde gem dc um homem que aponta uma pistola diante de um mundo em cha
nham llagrantementc os padrões gerais de ética, saúde ou propriedade. O mas. o texto diz: “Apressa o seu ataque. Apressa a aniquilação. E se você não
Explorador também se coloca As margens da sociedade, mas tudo o que ele estiver satisfeito, tambfm apressa a sua retirada."
quer é sei livre. O Fora-da-lei. por outro lado, quer realmente destruir as O arquétipo do Fora-da-lei está íora do tempo. Ele contém valores fu
coisas, produzir uma revolução, sumir com alguma coisa ou apenas sentir a turos que prometem a revolução (ou ameaçam com ela), bem como oferecem
excitação dc scr um pouquinho “malvado". Ambos se sentem um tanto alie uma forma de dar continuidade às qualidades arcaicas existentes na cultura.
nados. mas o Explorador experimenta essa desconexão com tristeza e soli As gangues de adolescentes e a Máfia se organizam da mesma maneira que
dão, enquanto o Fora-da-lei a vivência com raiva e violência, ou com a ale as sociedades feudais Ma Idade Média, essa era uma forma aceitável de orga
gria de estar destruindo aquilo tudo que o prende â sociedade. nização social; mas heje nào é mais. Vemos uma versão suavizada do Fora-
A maioria dos jovens se sente um pouco alienada da cultura simples da-lei na popularidade dc alguém como Howard Stem. cujas observações po-
mente porque sua tarefa dc desenvolvimento é encontrar a si mesmos. Se es
sa alienação for relativamente pequena. os jovens se identificarão com o Ex < ti í A i > ■ ' J. O» nível» do Fora-da-lei
plorador Sc nâo for assim tào pequena, eles se identificarão com o Fora-da-lei **
Motivação: terxe-M dexxwdo de podcr.com nM. maltratado, veiado'
.?'
ou. pelo menos, com os rebeldes. A palavra "rebelde", na nossa sociedade, é Nível I: kJenuf><j-ie como marginatoado. duooindo-ic do» valore» do grupo ou dl «c3^:
usada dc um mudo ambíguo que pode comportar qualquer um desses arqué tiedade de modo tal qjc foge diante do» comportamento» e da moralidade comencfoneh
tipos. Sc o rclicldc está apenas operando dc modo individualista, estamos ven Nível 21 comporta-
** d« modo chocante ou destruidor
*
Niv
t 3: torna-
** um rebdde ou um cevotucfonãrlo w ,
do o Explorador cm ação. Mas sc o rebelde está pronto para quebrar as con
Sombra: compor umen:o crimlrwo ou prefudklal
venções ou a lei, cntào ele está carregando o arquétipo do Fora-da-lei.
I3< O HtROl t O fOm-OA-iei
liiic.unenlc incorretas parecem servir dc desabafo para algumas pessoas Tais Mesmo com as crianças, as figuras dc açâo estâo ficando cada vez mais
observações nâo leriam parecido tâo abusivas hã algumas décadas, mas, por grotescas. Hoje cm dia. os monstros sâo tâo atraentes quanto os Heróis, es-
serem lu»je inaceitáveis de modo geral, muitos indivíduos fecham hilariante necialmeiite para os meninos. A Codcmajters promove o Micro Maniacs.
sua livre expressão (Outros, c claro, acham que elas reforça n pontos de vis “Diversão temerária, destrutiva, perversa, agressiva, maníaca! Os Micro Ma-
ta <|uc eles ainda mantêm sccreiamente. ou nâo tâo secretai.iente.) niacs socam, chutam c lutam sujo enquante correm selvagens pela casa. Sem
l.tmbçm vemos o apelo contínuo da prática anacrônica em comporta regras, matando os prisioneiros, apenas 12 personagens mutantes devastan
mentos muno mais extremistas. Poi exemplo, Átila, rei dos hunos. jâ íoi do qualquer um e qualquer coisa que apareça entre eles e a vitória. É o me
uma figura dc Heroi; mas hoje em dia sua crueldade só poce scr vista como lhor que há cm destruição maníaca multipiayer
*
.
criminosa. Claro que qualquer tribunal de guerra moderna o declararia cul
pado dc ciimes conira a humanidade Dc todo modo, tais comportamentos
estâo vivos e passam bem nos videogames modernos (bem como em certas Destruição, metamorfose e a Sombra
partes do mundo, como Ruanda e Kosovo). As njaxeas dó Fora-da-lei adoram ser identificadas com. coisas que sáo
A Sega Drcamcast anuncia uma trilha sonora de Rcb Zombie como ruins juravocê. Os anúncios da Hard Cardy Lipstick, exibindo uma moça
’ I 'ma t ing.mça •■nsangucntad.i Uma vingança cxircmamcaie ensanguenta- muito jovem com maqudagem de mulher fatal, incluem um selo de alerta
d.i' A Inlogaincs promove o "HogsolW.ir" Iporcos dc guerra| dizendo. “Es- bem visível (como aquele dos maços de cigarro) para avisar as consumido
ir |N>r(|iiiiihose aliviou nocxiTúto Este |N>rqtiinhn ficou cri tasi. liste por ras- “Como o baton dc cafeína pode viciar, aplique e reaplique sempre que
quinho tinha granadas Este porquinho nâo tinha Este porquinho saiu no necessário." Os selos de alerta nos maços de cigarro talvez aumentem seu
DAM. DAM. DAM c ícs lodos os outros porcos virarem torresmo1' Podería apelo para os jovens.
mos continuar para sempre Esta é apenas a ponta do iceberg, O Captam Morgan Rum ê comercializado de um modo mais jovial, com
Emliora muitos anúncios dc empresas respeitadas mostrem os afro- a imagem de um pirata. A maioria das marcas de tequila tem a estampa de
americanos como membros responsáveis da classe media, numerosos anún um Fora-da-lei. A Patron Tequila mostra ama bela mulher em trajes sumá
cios lambem dirigidos aos negros sâo violentos ao extremo, talvez refletindo rios. com a legenda; "As damas amam bandidos.
* Contudo, o clássico ver
a crença empresarial de que "eles estâo furiosos pra dana' e nâo vâo mais me morto no fundo da garrafa dc algumzs marcas nâo só atesta a força do
aguentar isso". Um selo chamado "Murder Inc." anuncia oalbum I/ie Mur- teor alcoólico, mas também sugere, sublimtnarmente, que você está corte
dners com fotos de rostos negros raivosos e sombrios. Histo-icamente, as for jando a morte quando bebe o produto.
mas mais pi imilivas do arquétipo do f ora-da-lei eram projciadas sobre os ne Quase nem ê preciso dizer que todas as substâncias dc uso restrito —
gros c os índios (que tamliCm carregavam a imagem romântica do Nobre como o cigarro e o álcool — têm uma atração Fora-da-lei para os jovens.
Selvagem para a cultura). Quer esses anúncios sejam desenvolvidos por bran Claro que as substâncias rcalmente ilegais têm um apelo muito maior; tal
cos ou negros, eles certamente reforçam imagens anacrônicase racistas. vez seja por isso que tantos jovens experimentam as drogas ilegais, somen
Do mesmo modo. <» selo Camclol promove um CD chamado Cyprcü te mais tarde aprendendo que seu impac.o nada tem de glamouroso.
Hill Sltull and Boneí. com a garantia de que a empresa “ai ida estâ endo
f** Para compreender o apelo do arquêl.po do Fora-da-lei, é importante re
com o programa' Claro que desde os anos HO tornou-se moda as bandas dc conhecer, como fez Freud. que Tânatos (o desejo da morte) é quase táo for
rock — brancas c negras — destruírem seus insirumcntosc o cenário antes te como Eros (a força da vida). Especialracntc durante as grandes transições
dc deixarem o palco A raiva está na mexia hoje em dia — nos palcos e nas da vida — como a adolescência e a meia-idade —, nossa psique está nos pe
estradas. A Conimander Salamander, uma loja de \Vashin#on. no aprazível dindo para 'morrer' em relação ao que fomos e para 'renascer' em outras
bairro dc Gcorgclown. vende aos adolescentes produtos <jic incluem hiju- identidades. Nessas fases, as imagens da morte podem ser muito atraentes.
tci ms c om imagens satânicas misturadas a roupas <l.i moda I ojac semelhan O perigo, aqui, é que os símbolos ca morte e da destruição reforcem o
tes sâo cnconir.-id.is no mundo lodo e gozam dc enorme p< pularidadc entre desejo concreto, literal, de morrer. David Oklficld, diretor do Midway Centcr
os adolcsccnlcs. muitos deles oriundos de kurros dc class? media alta e dc for lhe Creative Imugination, observou que os adolescentes que tentaram sui
famílias instruídas e afluentes cídio ou estavam no grupo dc alto risco de suicídio gcralmcntc desenhavam
O For»-4»-l«l I*1
140 O HERÓI ( O FORA-DA-LEI
eJohn Lennon & Yoko Ono. A Apple também é conhecida pela inovação tec
A imagem macho ganhou força nos anos 50 com os motoqueiros do fil
nológica e pelo passo revolucionário de criar um software tâo amigo-do-
me dc Mirlon Brando. O selwgrm, e vem crescendo desde entâj, embora as
usuário que praticamente todo mundo é capaz de usar bem seus computa
"damas da Harley" representem mais de 10% dos usuários. Como já era dc
r-c er-peror. a maioiia dos clicnies exil»e tam-ugens e “a (atuagerr mais popu dores quase que de imediato.
lar nos Estados Unidos c o símbolo da Harlcy-Davidson'. Os motoqueiros Seu fundador, Sieve Jobs. assim apresenta i questão: "'Pense Diferente’
celebra a alma da marca Apple — o fato de que as pessoas criativas e cheias
veem a Harley como mais do que uma motocicleta — para eles, a Harley é
dc paixão podem mudar o mundo para melhor. A Apple se dedica a fazer as
todo um conjunto de atitudes, e um estilo de vida que nâo só envolve a li
berdade (como no caso do Explorador), mas também sc libertar dos valores melhores ferramentas do mundo para os indivíduos criativos de toda parte."
e convenções da corrente dominante Um anúncio típico mostra uma caba O anúncio do Super Bowl que pôs a Apple no mapa abna com a famosa so
na numa rcgiào remota, com a legenda: “Se vocé nâo tivesse que dar satis ciedade antiutópica do livro 1984. claramente ligada ao arquétipo da IBM. o
fações a ninguém, o que você faria?" Governante, mostrado como O Grande Irmão orwelliano. Pessoas com cara
IR motoqueiros da Harley gcralmcntc exibem roupas esportivas de cou dc zumbis, em uniformes cinzentos, se arrastam para dentro de um imenso
ro preto, botas pesadas, cromados, armas â vista, cabelos longos e piercings salão dominado por uma tela gigantesca. O Grsnde Irmão, na tela, pronun
— bem como tatuagens Suas reuniões tém o caráter dos encontros dc ban cia o lema do Partido: "Nós somos um só povo. Com uma só vontade. Uma
didos. fazendo contraste com as sadias reuniões do Cara Comum da Satum.’ $ó determinação. Uma só causa. Nossos inimigos falarão e falarão, até mor
A wcbpagc da I larley desafia os motoqueiros a responder a uma pergunta- rerem E nós os enterraremos com sua confusâc. Nós predominaremos!" De
repente, surge uma moça atlética, empunhando uma marreta, e espatifa a te
Suponhamos que o icmp<> ura uma fotografia — uma fotograjic que re la O locutor então diz: “Em 24 de Janeiro, a Apple Computer apresentará o
presenta t<xla a sua vida aqui na Terra Voei lm de perguntar a Si mesmo Macintosh E vocé verá por que o ano de 1984 nâo será como ‘1984’."
como gostaria de ter lembrado. Como um g/nio dos computadores, ligado A Apple está associada, na mente do público, com os hackcrs de com
na internei. pálido c preso a uma cadeira de escritório? Ou como u-n aven
putadores e. dc modo geral, com os inovadores no campo dos negócios fo
tureiro vestido dc couro que viveu a vida em sua plenitude montááo numa
ra do comum, que dâo poder às pessoas por tomarem os computadores mais
llailc) Davidum > Voe?decide coma vai ser. mas pense depressa. O tempo jd
cMil enquadrando u fotografia c ele tem um dedo rápido no disparador amigos do-usuário A empresa está mais ligada aos computadores e ao amor
pela inovação do que a simples atividade comexial dc gerar lucros. Ela tam
bém está associada ao potencial radical da tecnologia de computadores de
Poder para o povo: A Apple e a organização revolucionária devolver poder às pessoas. A decisão inicial da Apple de focalizar mais os
Diz a história de Adâo e Eva no Jardim do Éden que a humanidade caiu usos educacionais e domésticos do que os usos empresariais também esta
do estado de graça porque o casal comeu uma maçà da árvore do conheci beleceu uma imagem progressista e populista O consumidor que comprar
mento do bem e do mal Abandonar o Jardim queria dizer que as pessoas um Apple está se identificando com uma imagem de pensamento indepen
nâo mais viveriam n<» paraíso (o qual poderiamos entender como "ignorân dente c com os pioneiros intelectuais que lançam tendências. Os clientes da
cia bem-aventurada"), mas também queria dizer que elas teriam o livre- Apple sâo leais quase até o ponto do fanatismo e a imagem da “corporação
arbitrio tssa e uma das razoes pelas quais i» teólogos sc referem a esse epi não-corporativa" precisava ter respaldo na realidade. Quando a junta dire
sódio como "a queda afortunada". tora decidiu substituir o fundador Steve Jobs por um gerente mais tradicio
O logotipo da Apple — uma maçâ com uma mordida no lado — evoca nalista, o moral dos empregados desabou e as vendas caíram verticalmente.
essas associações Seu slogan adverte o consumidor: "Pense difeiente." Seus Somente a volta do desinibido fundador salvou o dia. E quando voltou, ele
anúncios mostram imagens dc génios criativos iconoclastas de vários cam também recontratou a Chiat/Day, a empresa de publicidade que desenvol
pos de atividade, incluindo Albcrt Einstcm. Manha Graham, Maria Callas. veu o anúncio de 1984, um arrasa-quarteiràc Fora•da-lei.,
Atinha f.arhart. Rosa Parks. Buzz Aldrin, Muhammad Ali. Richard Branson
2 Tom Cannon, The Ultimou Book of Business Buakthiougks (Oxford. Reino Unido: Capsto-
I DavulA >Ukcr.BuilJi«xSt!u«xBra.di(Nova York lhe Hrr Prrss. I9Ó6).pp 158-141
9 ne. 2000). pp 125-126
144 O HEROt E o fORADA-LEI
O 145
O Mago
Lema: “Pode acontecer!"
desenvolveu os talentos do rei Artur); e elabora ou encontra objetos mági verdadeiro amor; e as travessuras de Mary
cos (a Távola Redonda, (ixcalibur. o Graal) que apóiam os valores comuni Poppins. Temos inúmeros filmes e espetácu
los teatrais sobre seres angélicos, como Cida
tários desejados, a bravura e a iluminação. No processo, ele também estuda
de dos anjos e Touched by an Angef. onde o
astronomia. ciências naturais c engenharia
mundo espiritual Intervém neste nosso mun
do. f temos filmes como Campo dos sonhos.
que nos ajudam a acreditar que milagres
acontecem. No México, um género cinematográfico e ficcional chamado
r lismo mágico resultou em filmes do npo de Come água para chocolate.
a
*
Nos Estados Unidos, temos o género crescente do» filmes metafísicos, in
cluindo campeões dc bilheteria como O sexto sentido.
As marcas do Mago incluem todas aquelas que promovem “momç.njfig
mágicos": água borbulhaiiie, champanhe. Sony. General Foods International
Coííees. Calgon (“Leve-me com vocé“), muitas hnhasde cruzeiro marítimo.
Jackie Onassis, spas e vários hotéis chiques. Elas também incluem diversos
cosméticos, produtos à_base de ervas. poções e campanhas de fitness que
prometem a íonte da juventude. A Dannon Yogurt acenou na mosca com
' uma campanha baseada em uma pesquisa que ligava o consumo de iogurte
à longevidade. Um dos comerciais apresentava um ancião da Geórgia asiáti
ca. comendo Dannon. com as palavras: "O sr. Temur Banacha achou ótimo
o iogurte Dannon Ele sabe do que está falando. Afíral. ele come iogurte há
105 anos." Claro que quase todos os livros, fitas, workshops e produtos da
Nova Era. além de muitas “milagrosas" tecnologias modernas — das quais a
World Wide Web é apenas uma — exploram a imagem da magia.
Oespírito do Mago é facilmente evocado quando o produto tem ori
gens exóticas ou antigas, ou quando ele envolve algum ritual especial, como
fazer saltar a rolha do champanhe, decantar o vinho ou girar o conhaque no
copo e sentir seu aroma. (Na verdade, mesmo os bebedores de conhaque “no
boteco da esquina" desfrutam esse ritual como parte da experiência!) O Ma
MerHn, o gronde Maj>o do corte do rei Artur. se recoftiu em suo caverna
go também é uma grande identidade dc marca para as estratégias de mudan
quando precisava reflew ou fazer mégxos. Os interiores frescos e rscums
ça empresarial, os remédios milagrosos, os remédios à base de ervas, os spas,
dos atuas casos em estiío Tudor e adobe oferecem aos Magos o equ»cíer>te
as viagens exóticas e. claro, qualquer produto ou serviço que afete direta-
moderno dos cavemos.
mente a consciência — a publicidade é apenas um deles.
4
OMqo
*
ISO O HERÓI EO FORA-DA-LEI
tendem a nos confirmar que náo estamos sozinhos no Universo. Como sím
.Os Magos esrâp na base das tecnologias radicalmente novas: computa bolo, a estrela de Belém que anunciou o nascimento de Cristo contém essa
dores pessoais, a internei, tran<pUn
<
* Jr Arf^ose engenharia genética confirmação da maneira inais palpável. As outras imagens incluem caver
Pense cm Benjamin Franklm empinando o papagaio num dia de tempesta nas. bolas de cristal, varinhas mágicas, mantos e. claro, o chapéu pontudo
de e percebendo o poder da eletricidade, que acabaria ajudanda a promover
a Revolução Industrial. Essa imagem nâo t muno diferente daquela mostra do Mago.
Em seu aspecto posuixo, o Mago c um anjo andarilho, como. Mary Pop-
da no filme Finnlrcnstcin: o medico trazendo o monstro â vida com a corren pins. a bruxa boazinha de 0 mdgico dc Oz e a Samaniha da clássica série de €
te elétrica enquanto a tempestade ruge lá fora. Nessas duas cenas, vemos a tevê A Friticdra; ou o diretor da açâo, como o shakcspeariano Próspero (de
esperanç-' c o medo que estão investidos nas imagens gCmcasd'» cientistas:
€
A tcmprsiadc), que intervém nas situaçóes problemáticas para acertar as coi
modernos fazedores dc milagres c "gênios loucos’ que tentam brincar dc
sas. Produtos dc .limpçzájomo Aj-ix c o ■cavalcir^brançoLprftniuyctn sua
t-
Deus e trazem a destruição ao mundo todo. Dc algum modo, esses dois po capacidade de deixar a nossa casa brilhando, enquanto gurus culturais co C
tenciais também estâo contidos na energia nuclear ela é uma forma barata
de energia para aquecer nosso lar e é a mãe da nuvem em forma dc cogume
mo Dcepak Chopra nos ensinam a pensar dc maneira correta para nos tor t
narmos saudáveis e bem-sucedidos. As vezes a magia está apenas na energia
lo que ameaça destruir o planeta.
de persistir, como vemos no extraordinário sucesso co Energizer Bunny, que
Enquanto o antigo xamà. curandeiro ou alquimista integrava ciência,
espiritualidade e psicologia, no mundo moderno tendemos a separá-las. Mas parece mágico porque "continua sempre ativo". e.
os avanços nas ciências físicas — especialmente aqueles que ameaçam a so Hoje em dia, inúmeros anúncios se
O M»xo i ambém conhecido ÍJ «■
aproveitam dessas imagens, alguns de ma como víikxüHo.catxIttdor,^, • d
brevivência do planeta ou da nossa espécie — estimularam uma forte per t
cepção que a psicologia precisa acompanhar. Portanto, embora diferentes neira séria e outros com humor. O American inovidor.lfdH- rahvnícko. •>
campos de atividade e diferentes indivíduos liderem mais avar.ços nas ciên
Indian College Fund veicula a imagem da mcCador, ximl. cura ’ i
aluna que preside o conselho estudantil, ves ou curandeiro. ’ * |
cias físicas e naturais do que nos campos da psicologia c da espiritualidade, t
nâo causa surpresa que a cultura como um iodo mosire interesse em todas tida com todos os paramentos da curandcira
tribal, dançando nas pradarias para deixar claro que os tradicionais valores t
essas áreas. Além disso, â medida que o arquétipo do Mago emerge na cul
tura. esses campos estâo voltando a se alinhar. Um público cada vez mais
espirituais indígenas governam sua escola. Em uma abordagem mais leve, t.
a McAfrce.com (um gerenciador de PC on-line) mostra a imagem de uma
amplo está se interessando pela medicina corpo-mente; pela convergência
anclâ lendo um texto antigo e rodeada dc velas acesas. A mulher parece es
t
dc idéias entre a psicologia, por um lado, c as ciências físicas c biológicas,
por ouiro; pelos fenómenos psíquicos e o ocultismo; e pelo elnexictente en tar envolvida em algum tipo de encarnação, com a legenda confirmando ao t.
tre a evolução da consciência e o sucesso. observadvi. “Computadores iluminados. Nâo é preciso bruxaria " Há algo t
Os empresários freqúenicmente sâo Magos, assim como os atletas. As tâo miraculoso nas tecnologias modernas que elasquase exigem urna iden
idéias espirituais que ligam a consciência interna com o desempenho exter tidade dc marca mágica, embora as empresas que as vendem nâo necessa €
no estâo produzindo resultados miraculosos nos mundos dos negócios e dos riamente queiram ser identificadas com as imagens mais bizarras associa- t
esportes As pessoas mágicas gcralmente têm sonhos que os outros conside das ao arquétipo €
ram impossíveis, mas a essência da magia é ter uma visào e caminhar dire- Às vezes o poder mágico de uma marca é comjnicado negativamente —
lamente para dentro dela Quando as coisas saem erradas, os Magos olham ou seja, mostrando como a vida seria sem essa maca. Por exemplo, a JBL (fa €
para dentro dc si mesmos a fim de produzir a mudança interior. E então o bricante de sistemas dc alto-falantes) veiculou um anúncio mostrando um t
mundo exterior também muda Um anúncio da New Balance mostra um ho campo vazio, so a grama, com a legenda: "Como seria o som de Woodstock
sem a JBL? Muuu." O resultado mágico da moderna tecnologia do som é evo
€
mem que sai correndo ao encontro da natureza. Diz o anuncio: "Desligue
seu computador. Desligue seu fax Desligue seu celular Liguc-se a você mes cado com toda força, pelo simples expediente de imaginar sua ausência. e
Quando u arquétipo do Mago está ativo nos indivíduos, eles sâo cata
mo ’ Se não fizer isso, você nâo conseguirá realizar a magia, pois a magia t
sempre se realiza dc dentro para fora. lisadores da mudança. Confiando na sincronicidadc (a coincidência signifi
As imagens mais consistentes associadas aos Magos sâo os sinais nos cativa), eles esperam que. se fizerem sua parte, o Universo os atenderá. Pa <
céus — arco-íris, estrelas cadentes, uma hela galáxia, discos voadores—que ra o Mago, a consciência precede a existência Portanto, sc você quer mudar c
OK.to ISJ
to. As pessoas conversam com ninfas e espíritos. De algum moda, no ato fi ros dc smoking sâo transformados tm pinguins, enquanto a mocinha aca
nal os milagres aconteceram, os problemas foram resolvidos c os amantes sc nhada se revela uma verdadeira Medusa O casal brincando dc amarelinha
casam. A Anichini, importadora de roupas dc cama finas, tem um anúncio vira uma mulher dominadora, em ecuro preto, com seu escravo — ouvimos
maravilhoso que Joga com essa tradição. Lençóis estilo Renascença sobre o estalar do chicote. E o inofensivo gatinho preto que passa sorrateiro pela
uma bela cama sâo mostrados em plena natureza cercada dc lindos álamos. garrafa sc transforma cm uma pantera — seu miado vira um rugido. O anún
cio termina com uma loto da garrafa dc Smirnoff e as palavras: "Se Smimoff
Uma cama cm ambiente inesperado chama a atenção dos consumidores e
promete que a magia está a caminho. hz tudo isso ainda na garrafa, imaghe o que acontece quando vocé a bebe."
Do mesmo modo, a National Park Foundation tnoslia a imagem de um
casal jovem, com seu garotinho, saindo ao encontro do desconhecido em
«jva.a A magia do caminho mais fácil *
uma bela paisagem natural que promete "10 milhões de acres que nâo dâo
a mínima para o alto cargo que você ocupa no escritório". No ambiente na Às vezes o anúncio é mais sutil, meramente sugerindo um resultado tâo
tural e selvagem, sem nossos costumeiros papeis c responsabilidades, os mi- maravilhoso que até parece um milagre. A Zurich Financial Services veicu
Ingres da transformação acontecem. Acontecem mesmo. la uma série de anúncios bem-sucedidos nqsquais a prometida transforma- -
*
Alguns anúncios prometem explicitamente passar às mâos do consu çào é quase que totalmcnte sugerida pelos^lementos visuais)Um deles apre-
midor a consciência do Mago. As histórias de curandeiros indígenas, por senta as palavras "Tempos turbulentos" ern grandes letras de forma, mas daí
exemplo, geralmcntc os mostram como pessoas que experimentam cm pri mostra a imagem dc um barco à vela, completamente imóvel cm águas tran- “
meira mão as leis da natureza. Pessoas que partem nu busca dc suas visões quilas, tvin o Sol sc pondo ao lundo. Nenhuma imagem poderia ser mais
e descobrem seus mistérios na solidão. O xamâ rcalmente assume a forma pacífica e tranquilizadora. A matéria descreve os riscos, as posições a desco-
de um pássaro ou dc urn animal e fala sua linguagem, porque está por den berto, a volatilidade e os tumultos d
* vida económica moderna, mas daí pro
tro dos segredos da natureza. A popularidade das narrítivasde Don Juan.de mete "um porto seguro em tempos incertos: inspire, expire". Em suma, a
Carlos C.tstaíicda, bem como a dc muitos outros estudos das tradições xa- Zurich promete aos clientes o verdadeiro milagre da calmaria em meio a to-
mânicas nas pesquisas Nova Era, reflete a disponibilidade da pessoa comum da aquela pressão Outro anúncio semelhante. também utilizando uma lin-
dc levar a sério tais tradições como guias para a vida contemporânea. guagetn que enfatiza a dificuldade de fazer negócios em tempos turbulen- “ *
Os binóculos Bausch & Lomb conectam-se ao significado profundo tos, mostra a imagem dc uma tradicional cafeteria européia, com alguns t
deste arquétipo com um anúncio que mostra uma bela paisagem, um ho fregueses bem tranqúilos c relaxados, enquanto os garçons parecem ente- £
mem com os braços abertos c este texto: "Fui despertado pelo toque dos pri diados porque nâo têm quase o qut fazer! ____
meiros raios do Sol. Estive nos lugares solitários e encontrei companhia. A Pl.iceWarc Web Conferencing oferece a‘çmagemjcomplexa de dois
I lutuei no ar com as águias, fazendo longos círculos. Vi coisas selvagens nas aviões sendo levados (como numa tela de computador) para o ferro-velho, S
sombras, que para os outros eram um mistério Rompi os limites impostos lendo ao fundo um desenho antiquíssimo da Terra que faz lembrar aqueles £
por meus olhos morais e vi cada fio da (única da Màe Natureza." esboços da alquimia. O texto promete alivio da pressão como resultado do
Um dos grandes anúncios da Perrier de todos os tempos mostra uma milagre da tecnologia moderna: “Esta reunião é apenas para falar de reu-
mulher desidratada diante dc um leão no topo dc uma montanha africana. ntôcs. Existe uma maneira totalmcnte nova de fazer reuniões. Nâo envolve <
Quando o leâo mostra as presas e ruge, a mulher ruge de volta, com as notas aviões, trens ou automóveis. Tudo o que vocé precisa é um navegador da in- -
dc 'I put a spcll on you" |fiz um feitiço cm você) soando ao fundo. O leâo sc temet e um telefone. Com PlaceWe, vocé pode fazer reuniões e apresen- *
acovarda c foge. A mulher ergue uma garrafa de Perrier c bebe, triunfante. taçóes vivas c interativas, com até 2.500 participantes, na internet... Pense ♦
Várias bebidas sâo comercializadas como poções mágicas, seja com nisso a próxima vez que se encontrar preso aos velhos padrões." f-
propósitos dc cura ou revelando a realidade invisível por trás da (achada de Usando imagens menos mágicas, a Agilept Technologies também ex- ,
ilusão. Uni anuncio da Smirnoll mostra objetos vistos através da garrafa de piora a associação com soluções milagrosas, escrevendo: “Mais vias expres- *
vodea. A flor sc torna uma planta carnívora do pântano A estola dc raposa sas. menos fúria nas estradas. Congestionamentos, conexão interrompida <
da dama vem a vida c rusna alarmantemente. O fumante cospe fogo enquan na internet. Desânimo. Batidas. Parece que lá fora é sempre a hora do rush.
to <» colar sc transforma numa serpente sibilante Dois imponentes cavalhei Mas com os sistemas c tecnologias da Agilent. as grandes redes de comuni-
156 O HCROI e O FORA-DA-LEI____________
OM»r> *57
taçòcs do inundo sc movem mais depressa. sáo mais manejáveis. evitam «sualizacóo Wxê simplesmente fcJia os olhos e se vl como o Honda Accord.
problemas c sc fundem sem esforço Boa viagem."
Vfccé e um líder Moei está no controle. Voei t confiável VWê se tomará mais
* A genialidade desses anúncios está cm que o consumidor é micialmen-
semelhante ao Accord a cada dia Tente. Funcional
te atraído para eles por causa da discrepância entre as imagens visuais c o
tcsio cm giamlcs Icu.is «le forma Na amiga liadiçâo <la alquimia. a mágica O anúncio, é claro, joga com o fato de que a confiança do arquétipo do
ocorria quando elementos opostos eram juntados c unificados. Jo mesmo Mago na visualização, enquanto precursora da auto-realização, tornou-se
modo, na química moderna — você lembra do laboratório dc química no lugar-comum. Embora a matéria seja claramente brircalhona, ela também
colegial? — as mudanças ocorrem quando duas substâncias se unificam de permite que a Honda elogie o Accord de uma maneira que náo é repelente.
vido à presença dc uma terceira, o agente catalisador. Nos anúncios, esse Ao sugerir que os consumidores se identifiquem com o Accord, o anúncio
agente t a mente do consumidor Essa ideia de uma terceira coisa, inerente- os está cumprimentando por serem líderes — no controle e confiáveis. Es
inenie mágica. C retomada por um poderoso anúncio do Mago veiculado pe sas qualidades, então, sc associam ao carro.
la Saiurn (embora sua identidade de marca costumeira seja o Cara Comum) A capacidade de realizar os próprios sonhos também está ligada a certa
para promover o cupê dc três portas: "Em algum lugar entre o pâa fatiado c associação amistosa com o meio ambiente. O psiquiatra C.G. Jung cunhou o
a lannha de aveia instantânea, está a terceira porta." termo "sincronicidade” para indicar as coincidências significativas pelas
Um fantástico comercial bem-humorado mostra um monge rabalhan- quais se conectam os mundos interior e exterior. Um exemplo: você pensa
do a luz de velas, mcticulosamentc copiando ã mâo um manuscr to com as naquela amiga que nâo ve faz muito tempo e de reperte o telefone toca e lá
margens cheias dc iluminuras, enquanto ao fundo se ouve cante gregoria está ela. procurando por você. Ou. como ocorreu com uma das pacientes de
no Quando termina, ele mostra o manuscrito ao seu superior, c elogiado Jung: ela havia sonhado com um escaravelho e, exaumente quando estava
peio lh>ni trabalho c desafiado a produzir outras 500 cópias. Depeisde uma contando o sonho a Jung. apareceu um escaravelho na janela do consultório.
rapidu viagem à máquina Xerox, o monge produz todas as cópias solicita Quando esse tipo dc coincidência acontece, sempre parece miraculosa.
das. O superior levanta os olhos ao céu c anuncia: "É um milagre." Um comercial mágico do Volkswagen Jetta mostra todos os elementos
do mundo externo — incluindo o salto de uma bola—acontecendo no mes
mo ritmo dos limpadores dc pára-brisa. Essa experiência de ver o exterior e
Visão e manifestação interior em sincronia é também um sintoma daquilo que Mihaly Csikszent-
mihalyi (cm Flow: The Psychology of Optimal Experiente) chama dc “fluxo",
Magia é a tecnologia para tomar os sonhos realidade A American Ex
uma condição que ele identifica com a conquista da felicidade na maioria
press Giíl Cheques oferece a imagem de um cheque da American Express,
em belo embrulho para presente, dizendo: 'Quero que o seu desejo dc ani das pessoas.
versário $c realize (apesar de eu nâo saber qual ê esse desejo)" De$$c modo, Claro que o termo “fluxo" também descreve os movimentos fluidos do
os cheques se posicionaram como uma tecnologia mágica da manifestação. atleta que nâo apenas sonha com o sucesso, mas o realiza. A Beebok captu
Os Magos criam dc dentro para fora Desde a publicação de The Hero rou toda a morfologia desse termo em sua “campanha de fluxo", que inclui
Within. de Carol Pearson. uma infinidade dc livros, desde The Warrior Wl- anúncios com esta definição:
thin até lhe ChilJ Wiilun. tem ajudado as pessoas a aprender a transformar
Fluir x (flui, fluído, fluindo) 1. Mover-se ou correr s/avemente. á manei
sua vida interior por meio da evocação das capacidades arquetípicas laten ra característica de um fluido. 2. Prosseguir com firmeza efacilidade. 3. Exi
tes. E agora essas ideias estâo passando, dc maneira leve e bem-humorada,
bir um estila uu uma continuidade naturais e graciosos: A cadencia do poe
para .1 prop.ig.iml.t Um anúncio do Honda Accord diz:
ma fluía graciosamente. Fluxo s.m. 4. Desempenho tvidcntemenle fácil e
sem esforço. 5. Foco mental nas metas ou realizações. 5. Que se caracteriza
VrX <’• pr rgtinhi a si mesma sc tem rralinentc um potencial Accord. Mai nós por uma confiança natural; ‘Di-me um atleta com experiência, dt-me outro
acreditamos que dentro de cada pessoa existe um Ma e forte Honda Accord. com treinamento, mas ponha meu nome no atleta que lem fluxo."
O que posso fazer, pergunta voei, para desencadear essa qualidade "Accord"
[acordo. harnumtuj interior? Eis aqui uma ICcnrca infalível. Praticada par O slogan da DuPont, "Os milagres da ciência", celebra as maravilhas da
muitos atletas piujiouimm e executivos dc alto escaldo, ela e chamada de tecnologia atual. Um anúncio que começa com o texto "sonhos que sc toma
IS9
ISS O HIRÓI £ O FORA-OA-LEI
* No início liavi.i |toii<;is estruturas. Os empregados sc organizavam cm Bem. nesse contexto, dc que as pessoas precisam? Elas nâo têm tempo
tomo das tarefas c dcicrininavam o que lazer e come lazer. O> engenheiros ou significado suficientes. Portanto, para que as pessoas partilhem seu tem
sc reuniam ao redor dc uma mesa enorme, escrevendo íurlosamenic nos po com você — como clientes ou empregados —. voei precisa lhes propor
quadras pendurados cm toda a sala Mais tarde, quando o número dc em cionar um significado palpável. Você pode atrair clientes potenciais asso
ciando seus produtos ou serviços a valores que sâo caros ao coração deles.
pregados tornou impossível essa organização informal, eles estabeleceram
tuna espécie dc linha dc produção, transferindo as pessoas dc umj tarefa pa Para fazer isso, você precisa acreditar genuinamente em alguma coisa. As
ia outra a Itm de garantir que elas nunca se entediassem e conservassem a sim como o marketing do Herói, o marketing do Mago começa com o co
vivacidade mental. e permitindo que os operários especializados organizas nhecimento daquilo em que você acredita.
Os relógiosdc pulso, observa Roif Jensen (The Dream Socitty), sâo mui
sem seus próprios turnos dc trabalho. Alem daquela afirmação dos princí
to acurados e confiáveis. Sc vocé quer um relógio que informe a hora certa,
pios básicos. a unic.i regra era que nâo haveria regras Carla empregado po
o preço é USS 10 — a nâo ser que você esteja atrás de uma história. Sc o re
dia lig.ii m o computador, consultar as normas dc procedimentos e alterá-los
lógio de pulso vai apelar para o coração do cliente — evidenciando certo es
sc não estivessem luncionando
tilo de vida, status ou aventura —. o preço sobe para USS 15 000. É por is
Os empregados criaram um "quadro de avisos urgentes" para informar a
so que a empresa dá prêmios aos clientes que contam a história da Rolex por
qualquer um que tivesse algum tempo extra onde poderia dar uma mãozinha.
Os resultados do experimento de Mounl Olive foram espetaculares. Th ornas meio das realizações deles próprios.1
A essência da magia pode ser definida como a capacidade de afetar a
Pflzingcr. realçando-os em setr livro The New Pioneer$.assim os resumiu:
consciência das pessoas c. assim fazendo, afetar seu comportamento. No mun
I oi M'io|winia um iiucc. Mi-mu (Hivr ntauapriJcuafiiizodr um wikopr- do do passado, a informação era escassa. Como as pessoas tinham sede de in
formações. nâo era muito difícil fazê-las se concentrar no comercial que você
I ibilii. nem iiind »ez (> (i nipi <l«< unida cnlic it irmrcpcó
* de r<«ln nuw ver-
veiculava Hoje em dia, quando as pessoas estão expostas a uma sobrecarga de
MbiJf mu produto fo\ piimcHos embrirqu» \ ria dr rqwimot mnemneí (...)
I c logo ptuuuid pnr<r seis meses — tonipuiudii tom os drzxito meses <la mídia
informações e a mais de 3.000 mensagens comerciais por dia, o problema é fa
zer com que elas cheguem a notar sua mensagem, quanto mais recordá-la.
.hl iminui iu No piaduio, oeMo da mdadc-ebta ficava n.: media dr e ten
dia a hitxai anula mau ( > (ifcfii fum iondno «li lolnna 'ohia o nome «lc ca
Também sabemos que nossa mente humana nos impede de ser esma
)
gados pelos estímulos, filtrando grande parte do que chega até nós — in
da. lieiitc. o(mjiiwirrilo dr Cada pedida c ii identidadedc todti tomunrMr. Os
cluindo os anúncios. Esse processo de "censura" nâo é aleatório. Na verda
*f<m
piduhn íiiiia.um i*k /r»rhr — J< 1‘fiia Rua. Corna dn >ul. Taddn.Ha.
de. nós selecionamos, para dar-lhes atenção, as informações que sâo
( oiiiiiAte. oiiwior debuta
.
* um nrgtXioilr ot«
hilli«Vsdc
* ilid«irrs rhi Sprint'
relevantes para os nossos interesses e que se encaixem na estrutura da nos
Os resultados do experimento de Mount Olive revolucionaram a Lucent sa mente. Eis um modo fácil de confirmar esse fato: quando você aprende
lechnologtes. ajudando a empresa a se tornar uma organização mágica. uma palavra nova, você passa a ouvi-la em toda parte. Nâo é que agora a pa-
lavia esteja sendo usada e antes nâo existisse. Mas agora você a nota, en
quanto antes nem a percebia.
O marketing mágico, o gerente Mago ps arquétipo sâo os 'atratores estranhos" da consciência.' V^çê ayai os.
clientes quando sua mensagem é coerente com umjirquéiipo que seja domí-
Fm uma economia dc pleno-emprego, onde as pessoas têm acesso in
nánt.e.ou esteja emergindo na consciência deles. Ò gerente Mago compreen
finito a informação através da internet e outros meios, t onde as pessoas es
de que os arquétipos que dão a identidade dc marca a uma empresa também
peram nâo so um simples emprego mas uma carreira gratificante. tanto o
governam a estrutura de sua cultura organizacional. Ele também sabe que vo-
marketing quanto o gerenciamento precisariam scr redefinidos Os empre
gos nâo s.i<» cm as$os A inforni.ição nâo é escassa. () dinheiro nâo é escasso.
Nem iiivsiiio produtos c serviços baratos com oilJ qualidade sâo escassos. 2 Rolf Jenvcn. The Viram SMíeiy (Nov^ York: McGraw-Hdl. 1999). p, 35.
3 Ver John R V»n Eenwyk. Anheij/pet andSnaeige Attracian: TheChMic World o/ Symbol»
(Toronto. ( anada Innct City Books. 1997; e .Muluel Confortl, Field, Form. and Fale Pat-
I Hronux iVizingtr |r. fkr A<n /'i.mrci» Th. M.n and Wi<mc«i Whn Air Ttamjmimi>£ lhe
tem in Mmd. Naturr. and Ptyckt (Woodsiork. CT; Spring Publvcaiion
*. 1999).
andYoifc siiismi .«■■■! Mlinorr. 10*10) pp 175-177
|b
oM»r> I6>
162 O mHOl £ O FORA DA lfl
tina, n.i loologia c nas organizações de vanguarda É por isso que estudio
cê nâo consegue criar uma empresa que atraia e conserve os empregados mais
sos do desenvolvimento organizacional como PeierScnge, do Ml r (A quin
capazes a menos que você lhes ofereça um significado, do qual eles possam
ta disciplina), enfatizam a importância de que as organizações se tornem sis
extrair gratificação no trabalho. Desse mudo. os lideres c as crgamzaçócs do
temas dc aprendizado. Nâo é apenas que a gerência precise estar aprendendo
Mago podem evocar qualquer um dos arquétipos, ou todos eles. corno par
continuanicntc; em vez disso, todas as pessoas cm todos os níveis precisam
ceiros estratégicos, invisíveis porém poderosos, para gerenciar o nível do sig
nificado cm todos os aspectos do trabalho contemporâneo. estar aprendendo e contmuamcntc comunicando aquilo que aprendem a to
Jensen, portanto, alerta os executivos para que nâo vejam as organiza das as outras panes do sistema.
Foi assim, claro, que 0 Muro de Berlim caiu e a CIA só soube do fato
ções contemporâneas cm termos de entidades legais, de lucros, dc instala
pela mídia. Algo novo esta radicalmcnte cm andamento. O que isso quer di
ções ou de qualquer outra coisa realmente tangível. L elas tampouco sâo hie
zer ê que o sucesso da sua marca depende de um consenso cultural sobre o
rarquias. Assim como os cidadãos vêern a si mesmos como iguais, c nâo
como súditos, os empregados modernos esperam compartilhar a tomada de valor dela. Nâo é mais possível controlaras informações que o público tem
decisões. Para atrair e conservar seus empregados, você precisa gerenciar sobre você. Mesmo que consiga manter as informações discrepantes fora dos
um drama emocional que seja irresistível e faça as pessoas quererem ficar. jornais, você nâo conseguirá mantê-las fora da internet. A magia, aqui. 6 in
“Se o diama é fascinante, muita gente vai querer entrar na dança", diz Jen fluenciar a consciência sem fazer uso dos meios de censura ou controle.
sen. 'Afinal dc contas, os frios números da empresa nada fazem para refle
tir as batalhas por contratos e clientes que sâo constantemente perdidas e
vencidas. Os números nâo refletem as idéias e inovações que sâo chocadas O marketing para Magos
cm reuniões criativas. Acima de tudo, o balancete desprovido de emoções Segundo um estudo dc marketing feito por Piul Ray, existe hoje uma
nâo reflete a interação social — os conflitos, as amizades, a colaboração e as f emergente força dc consumidores que ele descreve como “os Criativos Cul-
ciumciras. O balancete revela a vida da empresa tanto quantouma mera con r lurais" — esses grupos compaililham a crença mágica de que sâo os criado
tagem de palavras revelaria os sonetos de William Shakesperre.
** res dc suas próprias vidas, em um processo pelo qual a consciência molda a
Na organização do Mago, o segredo do sucesso nâo está no gerencia realidade concreta ’ Enquanto consumidores e enquanto empregados, esses
mento do dinheiro, mas no gerenciamento da consciência dentro de um indivíduos mágicos acreditam que você é tâo importante quanto o for a qua
contexto que hoje focaliza radicalmcnte a relação entre iguais. Agora que a lidade dos produtos ou serviços que você oferecer \o comercializá-los. por
informação nâo é escassa, as decisões empresariais e sociais deixaram dc ser tanto. você está sempre vendendo você mesmo, seus valores e sua própria
tomadas apenas pelos líderes: elas surgem dc uma conversação cultural que í consciência. E é claro que, como muitos desses novos consumidores estâo
resulta na formação de um rápido consenso. A medicina moderna afirma conversando na internet com seus empregados e com outros clientes, eles
que nosso corpo funciona assim. A mente nâo diz ao estômago o que ele de provavelmente descobrirão qualquer discrepância entre aquilo que sua or
ve fazer. O estômago tem uma inteligência que reconhece o alimento e de ganização advoga e aquilo que ela realmente faz.
cide como digeri-lo. As diferentes partes do nosso organismo estâo em co ? No marketing eficaz para ç>s Magos, é esseneul que você pnmeiramcn-
municação constante para manter o equilíbrio, defende-se de corpos te se dedique a uma auto-rcflcxâo que lhe permiiajdenttficar quem você_é.
estranhos e sinalizar necessidades (como a fome, a sede e a fadiga). o quejotê valoriza e õ que você quer realizar no mundo. Sc entâu voce pu
Ao mesmo tempo, os biólogos afirmam que espécies inieiras moderam der reconhecer u arquétipo que mais bem captura seus comprometimentos
seus comportamentos para sc ajustar às mudanças das circunstâncias; se ■■ internos e desenvolver estratégias dc marketing qtc sejam coerentes com es
gundo a I lipoicsc Gaia. as margaridas mudam dc cor para absorver ou refle ses comprometimentos, você atrairá pessoas que estâo alinhadas corn sua
tir .1 luz — com isso, elas aumentam sua própria taxa dc sobrevivência c ao
consciência e com seu produto ou serviço. O resultado é_comercia.|jzar.újTia
mesmo tempo alteram realmente a temperatura da Terra. A inteligência dei espécie dc magia.
xou de ser entendida como um “caminho de cima para baixo" — na medi-
71
144 o H6RÔI E O FORADA-LEI OMjxo 165
ludo <• que vocé fizer então deverá reforçar aquele arquei po. que CO- quetípica. Como resultado, a mídia definiu essa identidade por eles. É im
tneçarâ a servir corno um Imã para organizar todos os “dados" < uc os clien- portante lembrar, portanto, que vocé pode forçar a atrnçâo das pessoas com
res. fornecedores c empregados têm sobre vocé Os próprios filtros Internos um anúncio extremista ou perturbador, mas esse foço de palha trabalhará
deles provavelmente descartarão o resto — a menos que (como no caso dos contra você no longo prazo, a menos que seja coerente com uma sólida iden
cx AiuI.ilos organizacionais) a informação seja uma antítese tâc ostensiva â tidade dc marca arquetípica.
identidade declurada por c occ. a ponto de chamar atenção para i discrcpân- Como resultado do movimento feminista, a vida de milhões de mulhe
< ia. Sua identidade arquetipka poderá então se expressar nâo sõ nos anún- res — Je todas as classes, raças, grupos étnicos c campos profissionais mu
«tos. mas lambem no desenho c colocação do produto, como Jarte de sua dou de maneira positiva Hoje em dia. é mais provável que as mulheres te
identidade organizas tonal, no seu wcbsitc, nos discursos execut vos. nas po nham uma carreira bem-sucedida: que ocupem cargos políticos; que sejam
líticas internas da sua empresa c nos programas dc orientação para os novos levadas a serio pela família, os amigos e colegas de trabalho; c mesmo que te
empregados. A congruência daí resultante atrairá os Magos até você. nham vida sexual mais gratificante do que antes do movimento. O arquétipo
I cinbrc-se inniliêtn de que os Mggos são motivados pelo desejo dc trans- intrínseco ao movimento feminista era o Mago. Cornudo, o arquétipo que a
loj.inaçao pessoal_c pela oportunidade dc mudar as pessoas, as organizações
e a cpoca. Os Magos apreciarão se você lhes oferecer experiências transfor O Mago pod« ter uma boa identidade para sua marca se:
madoras. Mas o maior lucro suigc quando você consegue ajudar um cliente
a se aperfeiçoar a si mesmo. I>c um mudo bem cotidiano, você ví esse prin • sua promessa impUdta 4 transformar o consumidor,
cipio cm ação no sucesso dos Wciglit Watchers I Vigilantes do Pcso| Jcan Ni- • o produto apela para o» consumidores Nova Era ou para M
delcli. uma dona dc casa com excesso dc peso que descobriu que reunir as • ajuda a expandir ou amphar a comcikxia. '
amigas para se apoiarem muiuainenic na dieta ajudava a eliminar os quilos • poruil um componente espiritual ou pikcJójko^
extras. íoi quem fundou a Wcight Watchers International em parceria com o • 4 um produto novo • muRo contemporâneo. ?- S
empresário Alberi Lipjwrt Eles venderam as franquias por preço baixo, cm • tem preço de mWio a alto.
troca dc 10% do bruto, c rapidamente fizeram fortuna Nos Wcigit Watchers.
*
as pessoas são potencializadas para se transformarem de gorda cm magras,
c lambem se sentem lx’in .qud.mdo a melhorar a vida dos outros. mídia associou ao movimento tornou-se o da furiosa queimadora dc sutlâs —
As marcas do Mago e os profissionais dc marketing do Mago sabem que uma imagem Fora-da-lci que nâo tinha atrativo para a maioria das mulheres.
se você der (ou vender) um peixe para as pessoas, elas terão «> que comer Quando fizer marketing para os Magos ou candidatos a Mago, evite a
naquele dia Ensine-as a pescar c elas nâo sõ terão sempre o que comer, mas tentação de forçar a atenção com elementos perturbadores e chocantes. Re
lambem serão fiéis a você — para sempre. serve um tempo para desenvolver uma identidade que esteja alinhada com
E aqui precisamos acrescentar urna nota de alerta Em um passo mais a verdade dc seu propósito transformador. Nâo é preciso que sua mensagem
avançado, testemunhamos o efeito libertador dc dois movimentos à nossa seja destruída por imagens desagradáveis vindas da mídia, dos concorren
volta o feminismo e a Nova Era Os papeis sexuais mudaram ndicalmcntc. tes ou de outros grupos. O antídoto é ter uma personalidade de marca ar
A maioria das pessoas defende a igualdade de direitos. As atitudes e pers- quetípica suficientemente forte para vencer a publicidade negativa dramáti
pectivas Nova Era hoje fazem parte da corrente dominante. Ao mesmo tem ca. Quando o Pillsbury Doughboy apareceu como um espírito maligno em
po, muita gente se divwH ia do feminicmo e da Nova Era porque o público Chostbustcrs: Os ca<a-Jantasmas. a identidade Inocente da marca permane
passou a identificar cs-cs movimentos cum seus componentes cxtremisia.se ceu intacta. Esse é o poder da marca arquetípica.
ate mesmo bizarros. A questão, aqui, e que as posições extremistas c os acon-
licinumos. atitudes e anúncios iiiconiuns. chocantes ou pcrtuibadorcs for-
ç.im noss.1 .ilençáo, mas cm ultima .mahsc não alicerçam nossa identifica-
ção tom uma causa ou um produto
lanto o movimento feminista quanto o movimento Nova Era foram
transformadores, mas nenhum deles controlou sua identidade :1c marca ar-
F
PARTE
íBJ
t
O Cara Comum tares e nas sitcoms (comédias de situação) ou exclusão — seja cm um Indivíduo ou cm todo um grupo — representa
Desejo básico: conexão cxxn . que exploram os pontos fracos das pessoas o gattlho para o grande apelo do Cara Comum; nâo t o desejo dc ser espe
o» outros comuns (recorde-se dc AU in ilir Family, Ro- cial ou diferente, deste ou daquele modo, mas simplesmente o desejo de se
*
:Met pertencer, Atíeqvi^te scannr c Makolni in thc Middlc). fundir no bando. E. uma vez satisfeito esse anseio, surge a tendência de ape
Medos: destacar-se ou Quando o arquétipo do Cara Comum nas desfrutar a calma segurança dos hábitos comuns.
parecer que esti dando arei de
csiá ativo em uma pessoa, ela usará roupas tí Há alguns anos, por exemplo. Margaret Mark realizou uma série dc en
*.
importâfKi o por isso ier
picas da classe trabalhadora ou outros trajes trevistas nas quais apresentava esta pergunta: "Se você tivesse um fim de se
ex.Udo ou rejeudo
Estratégia: desenvolver lôbdis comuns (mesmo que tenha bastante dinhei mana para explicar a um grupo de estrangeiros quais você acha que sâo as
v rtudes comuns. O toque ro). falará dc um modo coloquial c detestará melhores coisas dos Estadas Unidos, o que você faria?" O grupo que ela en
comum.mesdao.se lodo tipo de elitismo. O valor subjacente é trevistou em Dc Soto. Missouri. uma cidadezinha. nem sequer mencionou
Armadilha: abrir mJo de sl que todos sâo importantes, tais como sâo a Constituição ou a Declaração dc Direitos, o sistema norte-americano de
n-esmo para se mesclar, em Seu credo C que as coisas boas da vida perten controle müiuo pelas diversas repartições governamentais ou a liberdade de
troca de uma conexão
cem a todos como direito de nascença, nâo imprensa. Em vez disso, pensaram um pouco e responderam: “Ora. eu pre
superficial
Dom: realismo, empaca, apenas a uma aristocracia ou mesmo a uma parava um churrasco e convidava os meus amigos e vizinhos!" Fica claro
ausência de vaidade mcritocracia. que o simples fato dc fazer parte de um grupo de “pessoas normais" sinteti
O Cara Comum e o arquétipo .funda zava. para eles, o que de mrlhor existe nos Estados Unidos.
I mental <ía democracia, com o preceito básico
O Cara Comum também é A filiação a um grupogcralmentc se expressa também pelo uso de cer
! dc “Um homem, um voto" Ele c ainda mais tos produtos: bonés, camisetas com slogans, adesivos no carro e. mais sutil-
conhecido como o bom
pronunciado em todos os movimentos pro mente. estilos de moradia, automóvel, traje e alimentação. É interessante
I compaoheircx a jproa méda. o
Zé-povinho. o homem comum, a gressistas. Você pode pensar no compositor observar que nos jogos dos New York Rangers — um time de hóquei profis
moca da porta ao bdoi >z Woody Guthrie garantindo ao povo que sional que conseguiu se conectar com a torcida no nível do Zé-povinho —,
o realista, o trabalhador. "This land is your land" |Esta terra é lua ter os fâs comparecem untfomemente vestindo a camisa dos Rangers como si
o cldadáo sô*do, o bom vfrlnho ra). Ele também c crucial para o movimento nal de apoio; no mesmo esládio do Madison Squarc Garden, quando jogam
Jos direitos civis, para o movimento feminis os New York Knicks. mais ‘glamourosos", a maioria dos fâs comparece com
ta, para os direitos dos gays e para qualquei outro movimento que visa es
roupas comuns de passeio ou. no caso dos executivos, de temo e giavata.
tender todos os benefícios da participação social c econômica a um grupo
Os fâs dos Rangers se conhecem uns aos outros, acompanham mutuamen
ou classe dc pessoas.
te o crescimento dos filhes, celebram juntos os aniversários. Os fâs dos
Os movimentos de liberação, claro, nos fazem lembrar que na vida re
Knicks, por outro lado, estâo unidos apenas pela sorte de terem cadeiras ca
al a maioria das sociedades sempre exclui algumas pessoas, por mais amo
tivas para a temporada ou entradas para aquele jogo. Os Rangers sâo uma
rosa que possa scr sua retórica dc inclusão Nas antigas culturas indígenas, marca do Cara Comum, enquanto os Knicks sâo mais “heróicos
*
; os fâs dos
scr exilado ou excluído do grupo significava que você ficaria sozinho na flo
Knicks sâo “admiradores" do time, mais que apoladores ou “a família
.
* O
resta ou no deserto, sujeito a todo tipo de predadores Na prática, o exílio entendimento dessa diferença tem implicações tremendas sobre as comuni
era equivalente a uma sentença de morte. Mesmo hoje em dia, as pessoas cações do Madison Squarc Garden com cada um de seus concessionários.
que têm capacidade de comunicação deficiente c sâo incapazes de sc conec A maioria dos norte-americanos ficou espantada quando o presidente
tar bem com os outros correm maior risco dc ficarem desempregadas ou de George Bush sc maravilhou diante da maquineta para leitura dos códigos de
sabrigadas do que aquelas em quem essa capacidade t mais desenvolvida.
banas no caixa de um supermercado (“Por onde esse cara tem andado?!");
Todos nos ainda precisamos criar redes sociais de apoio. Na verdade, sâo es
mais tarde, um cartum parodiou o presidente, ele dirigia por um gueto pau
sas redes que inevitavelmente posicionam em bons empregos mesmo as pes pérrimo e. toialmente fora de propósito, perguntava se alguém linha a chi
soas com desvantagens c apóiarn seu sucesso subsequente. que mostarda Grey Poupon. Sua fracassada tentativa de scr um Cara Co
Todo mundo conhece o desespero dosadolescentes para sc encaixarem mum deu resultados ainda piores do que sc ele tivesse apenas conservado e
— sc nâo “na turma", pelo menos cm alguma turma Esse senso de solidão expressado sua aristocrática identidade do Governante. Como os Knicks,
O c*ri Comwm I7S
174 O HERÓI £ O FORA-DA-LEI
Bush dcveriJ ter compreendido c alavancado a natureza de seu apelo, em vez O Cara Comum adora o humor com aitcxrítica. que afirma aos outros
e a *i mesmo que ele nào se leva demasiado a sério. O uísque Jim Bcam vei
de tentar reinventar-se.
culou um anúncio com quatro rapazes conversando felizes em um bar. O
anúncio dizia: "A vida de voce> dana uma óun» «érir humorística na tevê."
Não se dê ar de importância Mas entâu admitia que a série proposta nâo feria lá muito interessante: “Cla
ro. teria dc ser na tevê a cabo." Dc todo modo, essa atitude também desta
O Cara Comum quer scr parte da tribo — seja ela uma panelinha, uma
cou a verdadeira força deste arquétipo: "Arr.igos de verdade. Uísque de ver
classe social. a cultura do local dc trabalho, uma Igreja ou templo, um clu dade ” A palavra "verdadeiro" é uma das que definem o Cara Comum. Todo
be ou um sindicato. O grupo tanto pode ser aquele “noqual" a pessoa nas
artificialismo é suspeito, assim como o desejo de glamour ou luxo.
ceu ou algo bem diferente. Dc todo modo, o que existe t o desejo de se en
caixar tranquilamente; e. como mostra o exemplo de Bush. o esforço deve
scr toialmcntc hem-sucedido. ou será um fracasso absoluto. Apenas os fatos, madame
Há uma ausência comnleu dc artificialismo neste arquétipo. pois exis
.0 Cara Comum odeia artificialismos, propagandas enganosas, e pessoas,
te certajendência ao nivelamento Por exemplo: pedir cerveja numa festa, em
que se dào ares de importância. As marcas do Cara Comum, portanto, quase
vez de. digamos, uma "vodea on the rocks"; convidar o chcnte para corter no
sempre possuem uma qualidade "caseira" e prosaica, que as faz parecer ge-.
parque em vez de lhe oferecer um almoço elegante; usar os populares e con nulnas. Os exemplos incluem a Pcrdue e a \Vcndy's (cujos proprietários apa
fortáveis sapatos Tevas no trabalho quando você é um milionário do Vale do recem diretamente. com toda sua simplicidade, nos anúncios), a Snapplc (cu
Silício; todas essas escolhas sinalizam dc imediato que você valoriza o prin jo primeiro, porta-voz íoi Wendy, a recepcionista nascida em Queens) e os
cipio Zé-povinho e empunha a bandeira com as cores do Cara Comum. automóveis Saturn (onginalmente comercializados com depoimentos dos
Os Caras Comuns nâo apenas torcem pelo time da casa; eles torcem pe operários nas fábricas, dizendo por que acreditavam no carro c na empresa).
los pequenos e oprimidos. Eles provavelmente preferem o hóquei ao tênis, Paul Newman sempre desfrutou muito mais durabilidade do que os ou
a perseverança dc Cal Ripkcn Jr ao brilhantismo dc Michacl Jordan. o bei tros atores bonitões, principalmente porque sua persona de Cara Comum,
sebol das pequenas ligas ao das grandes. Frequentemente usam o humor pa tanto na tela como na vida real, faz milhões de pessoas sentirem que ele se
ra abaixar a crista dos outros Um anúncio do uísque Gknlivei diz: “Em al ria despretensioso e afável se o encontrassem na loja de ferragens numa ma
guns lugares, os atletas sáo reverenciados como deuses. Este nào e um de nhã de sábado. A Wranglcr Jeans protegeu sua identidade de marca do Ca
tais lugares. Um lugar. Um uísque.” ta Comum evitando sabiamente o modismo do "designer jeans" e
Hoje cm dia. as pessoas de sucesso ás vezes procuram evitar a inveja permanecendo o jeans preferido de quem ama rcalmente o estilo caubói. A
revelando de público suas neuroses, seus medos e suas dificuldades. Isso empresa está associada aos caubóis, às regiões rurais e aos produtos autên
ajuda os outros a lembrar que, por baixo dc todo aquele brilho, as estrelas ticos, bein-íeifos e livres dc propagandas enganosas. Filmes como Ou tudo
nào passam de criaturas iguais a rniin e a você. Na série dc tevê. Ally McBcal ou nada. Momento inesquecível e Uüking Ned Devine celebram o etos do Ca
e uma bonita c bem-sucedida advogada formada em Harvard; mas grande ra Comum em termos de personagens, pacrâo dos enredos e produção mui
parte dc seu apelo depende dc cia ser tâo trapalhona e neurótica como qual to franca c direta.
quer um dc nós. Scinfeld tornou-se uma celebração da vida normal. E mes
; O
níveisdoarquétipodoC
* 'CÕ-murri*
mo celebridades muito bem ajustadas apresentam suas qualidades cotidia »* •><. V • -•=
nas. Um clássico anúncio da Gap mostrava Montgomrry Cliíl no alto dc MotivaçÃo: solldlo. *Hen*çSo f \ s*sf ’./£ .
,______ * * :
* itiwiefi-. ,
N tvrl I: o órflo que se sente iturvíorudo e JcnJnxÇ busórxio
uma escada, dc calças cáqui, pintando uma parede. A questão. claro. C que Nível 2i i pessoa em busca de sua “tribo",'qje' estt aprendendo' a*se ’____ ______________ _
mvMim cclchi id.ides “maiores «lo que a vida” têm seu lado pé-iui-chào. Um aceitar af jd. e antode * ‘
lortc principio editorial da revista 1'coplc c mostrar o que existe dc extraor NIvel J: o b*xrun«lrk>. que xrvda na dignidade natural de todos oe seres Independente,
dinário nas gentes comuns (por exemplo, casais despretensiosos que adota mente das capacidades de cada um ou das tircunsânciu -/s r. ifc. J • £
Sombra: a «Xxna que pretere sofrer abuso a teu aodnbaiou o membro domando «Jfrtíí
ram crianças dcíiciviucs). entremeado com o que existe dc "ordinário” nas
»n< hadores". disposto a praticar qualquer ato a fim de pertencer k cangue
superesirdas — divórcio, anorexia ou problemas dc autoconfiança
176 O Hf KÔI t O FOftA.QA-lei
O Cwa Comum 177
Inki.ilmentc. a identidade dc marca da Saturn foi solida c coerente, ofe É muito frequente as empresas do Cara Comum serem dc propriedade
recendo a garantia dc devolução do dinheiro pago e demonstrando integri de seus funcionários, e nelas o traje é arais casual do que o costumeiro na
dade Quando um fluido de refrigeração defeituoso ameaçou causar danos indústria. Os gerentes usam jeans. dispensam a gravata, e conversam amis-
irreparáveis, a empresa fez o rciall dc 1.836 carros e nunca os revendeu. tosamente com os empregados. Se vocé for a uma reunião com a gerência,
Compreendendo que o que estava à venda era a pertença, tanto quanto os talvez nâo seja capaz de identificar os líderes â primeira vista, porque as di
carros, a empresa patrocinou um encontro de proprietários de carros Saturn ferenças de status nâo sâo óbvias. Os sindicatos, as associações sem fins lu
(com música couniry, rhyihm-and-blucs, um churrasco c tatuagens removí crativos voltadas para alguma causa e os movimentos políticos progressis
veis). enquanto muitas revendedoras dc outras localidades ofereciam pique tas sâo organizações típicas do Cara Comum, assim como as cooperativas
niques para aqueles que nâo podiam viajar ate Spring Uill.' locais de alimentos saudáveis. Em geral, essas organizações compartilham
Na verdade, muitas revendedoras de várias localidades já patrocinavam uma forte crença na importância de cada indivíduo e uma forte aversão pe
eventos para os proprietários dc carros Saturn, como a festa do sorvete e o la diferenciação indevida entre as pessoas. As decisões sâo tomadas tâo de
churrasco. Essas revendedoras também se envolviam em atividades locais mocraticamente quanto possível, dependendo da escala da organização. Em
dc caridade, cspccialmente aquelas ligadas a parques infantis c zoológicos. algumas pequenas organizações ou equipes gerenciais, o mais provável é
O compromisso dj Saturn no sentido dc identificar c satisfazer as necessi que as decisões sejam tomadas por consenso. Os eventos sociais sâo infor
dades do consumidor íoi dramatizado no comercial que mostrava um jovem mais e frequentes.
visitando os shownwms da Saturn. no país todo, para comer as rosquinhas Quando a organização é saudável, existe um forte senso de camarada
ali sei vidas; ao fundo, viam-sc 05 vendedores <la Saturn informando respei- gem. uma noção compartilhada de propósito e valores igualitários, orgulho
losainentc que o jovem gostava das rosquinhas recheadas com geleia. Quan no trabalho e comprometimento com a tarefa. Quando a orgamzaçáu é
do um grupo dc revendedoras sugeriu um carro de brind: como incentivo, doentia ou quando o arquétipo do Cara Comum é levado ao extremo, o igua-
a Saturn optou por urn com urso cujos vencedores ganhariam a viagem até litarismo se torna burocracia. A meritozracia desaparece e as pessoas rece
Spring llill para ajudarem a construir o próprio carro. Esta obra-prima da bem a mesma recompensa, independentemente de seu comprometimento
marca do Cara Comum parecia conter todos os elementos da simplicidade ou de sua produtividade.
da vida rural, embora fosse corcografada nos mínimos detalhes. E é impos
sível realizar tal façanha se a cultura organizacional nâo se encaixar na iden
tidade da marca Com o passar do tempo, o desempenho da Saturn come
O marketing para o impulso do Cara Comum
çou a vacilar, entrando em questão sua lucratividade no longo prazo Hoje cm dia, quando praticamente todos os produtos têm seu próprio
logotipo, é importante compreender o apelo dos logotipos. Para o Gover
nante. o logotipo fala de slaius. Para o Explorador, o logotipo pode ser uma
A cultura organizacional do Cara Comum
afirmação sobre a identidade. Para o Cara Comum, o logotipo é um meio de
Nas organizações, o arquétipo do Cara Comum reflete esses mesmos filiação, um meio p>elo qual a pessoa demonstra sua conexão com as outras
valores c preferências dc modo agregado. Com frequência, seu senso de que usam aquele produto e se identifica com seu significado de marca.
identidade grupai é forjado no contraste entre elas próprias e algum grupo O escritor Kurt Vonncgut, em Cart Cradle, cunhou a palavra “granfal-
mais elitista — pense nos sindicatos trabalhistas (e na gerência); pense ern loon" para indicar nossa identificação com o Estado natal (no romance de
empresas dc propriedade dos empregados, como a Avis. que estabelece o es Vonnegut. um casal se identificava ardorosamente com os nativos de India
pírito de equipe ao se identificar com os pequenos (“Nó$ nos esforçamos na), o colégio que freqüentamos, nosso grupo étnico, um clube ou um car
mais"); pense cin empresas como a VISA, que se distingue de marcas como ro. Essa forma de pertença — associada ao Cara Comum — pode ser bas
a American Express corn sua imagem mais elitista. tante superficial, mas ainda assim satisfatória para muitas pessoas. Por
exemplo, os proprietários de carros Saturn realmente comparecem às reu
niões da Saturn! A identificação mais profunda — como com o patriotismo
I Jou.iili.in (Joim! c Richnxl Kirshcnbaiim. ihí Rdrfnr Jdlâíng to ThJayi Cjfliífll Ccnsu-
— é acionada se a conexão nâo se fizer com um simples carro, mas sim com
inti (Nitvji York: Adwcck Books. 1908). pp. IKK-189
O Cara Comum 183
182 O HERÓI E O FORA-DA-LEI
sanu-iite a lealdade delas para com você Embora todos prefiram as marcas
o significado arquetípico desse cano. Neste sentido, algumas pessoas que
e os comerciais que apresentam um aspzcto afável, esse apelo e particular-
frequentaram as reuniões da Saturn estavam indubitavrlmente fazendo a as-
mente forte para o Cara Comum A imagem deste arquétipo vai da classe
socíaçào com os valores sólidos do bom cidadào, tais como trabalho duro e
média â classe operária, mas cie nào deve scr confundido com uma catego
produtos de qualidade nesta nossa era da obsolescência planejada.'
ria de estilo de vida. Aqueles que os joveis de hoje chamam de “hippies com
Lembremos que o anseio de pertença faz as pessoas se tomarem ami
cartão de crédito", bem como os intelectuais que usam trajes da classe ope
gas das marcas. Muita gente realmente constrói relacionamentos imaginá-
rária, os universitários da Ivy League que buscam inspiração de moda na ga
ri«»s com as empresas c seus produtos. assim como fazem com estrelas do ci rotada dos centros urbanos deteriorados e cada um dc nós que acredita na
nema t outras celebridades. Depois de consolidarem essa amizade, as
democracia — todos esses nos dizem que o Cara Comum estâ vivo e passa
pessoas experimentam qualquer mudança ou alteraçào do produto como se
bem cm todas as camadas da sociedade.
tivessem perdido urn amigo. Esse tipo de comportamento foi altamenie per
ceptível no caso do alvoroço generalizado contra a bova Coca-Cola, mas é
vivcnciado pelos consumidores toda vez que seu restaurante favorito, ou
aquela livraria, fecham as portas. Quando a Ben 6r Jerryls foi vendida, por
exemplo, muita gente expressou verdadeira tristeza pessoal, acreditando
que os melhores aspectos da empresa sc perderiam para sempre — e essa
preiwupaçAo nào tinha nada a ver com o sabor ou a qualidade do sorvete.
Na verdade, linha tudo a ver com muitas outras coisas, incluindo os eslor-
ços da Bcn éz Jcrrys para ajudar pessoas comuns a comprarem a franquia
(coisa que elas, de outro modo, nunca teriam condições de fazer), suas ati
vidades ambientalistas e sua reputação de local divertido.
No mundo agitado e apressado de hoje, a solidlo é um problema para
muitas pessoas. Elas simplesmente nào dedicam mulo tempo para sair com
os amigos, passar longas horas gostosas com quem »mam ou desfrutar mo-
mentos dc qualidade com os filhos. Quanto mais emocional mente carente
for uma pessoa, tanto mais ela buscará a conexào nas transações comerciais.
Embora seja triste, essa necessidade tambím e algo muito real. Vocé pode
rá oferecer um serviço e aumentar sua lucratividade na medida exata em que
for capaz de satisfazer essa necessidade.
Se vocí conseguir oferecer um ponto de conexào às pessoas — como
fez a Saturn com suas reuniões e outros encontros —. isso aumentará imen-
miim ic ll.tagcn Djzs. p«>r exemplo. 1’clo iiicims dois I st.nlos iiurlc-aincrica- u publico masculino, gcralmentc a aventura ocupa o primeiro lugar, com a
nos kiscaram sua identidade publica neste arquciipo A Virgínia afirma-o di-
história de amor em segundo plano. De todo modo, o herói nunca será um
retanicnic: “A Virgínia e para os que se amam.' A Califórnia o expressa mais verdadeiro herói se nâo conseguir Gear com a mocinha no final da história.
figurativamente. com a legenda: 'Eu sou o piloto dc teste do prazer"
Por exemplo, nas técnicas projetivas utilizadas nas pesquisas qualitativas, as
Q.?»<|uctipo do Amante governa todos os tipos de amor humano, des moças afirmam que prefeririam ficar no bar com o rapaz que fuma Camcl
de o amor parental c a amizade ate o amor espiritual, mas é da maior impor
(o Bobo da Corte que, como Joe Camel, t muito divertido), mas que. na saí
tância para o amor romântico. Pense nos antigos deuses romanos do amor
da, iriam embora com o homem de Marlbôro.
— Cupido c Vénus — c cm ídolos' clássicos do cinema como Clark Gablc,
Este aiquétipo também se reflete nas expectativas cotidianas sobre o
(. ar) Grani, Sophia l.orcn ou Elisabcth faylor Este e o remo dos corações
sucesso na vida Os pais esperam que os filhos encontrem uma carreira gra-
e «las flores, das longas caminhadas numa praia ao pôr-do-sol. das danças ao
tificante, façam um bom casamento e se estabeleçam. Em geral, os pais en
luar — da história dc amor romântica cm sua forma «5mica (e viveram fe
tendem que o trabalho de criar um filho só sc completa quando esse filho se
lizes pira iodo o sempre) c cm su.i forma trágica (foram separados pela mor
casa Apesar da expectativa de que eles vivam felizes para todo o sempre, a
te — hlantt — ou pd.ts drcunstânci.is — GiMil>l<in<<t)
realidade é que vivemos em uma socirdade onde um cm cada dois casamen
O arquciipo «lo Amante também apoia o desenvolvimento da identida
tos termina cm divórcio. De lodo medo, a busca do verdadeiro amor conti
de sexual A Revlon promove produtos que fazem a mu her "sentir-se uma
nua a fazer pane da vida da maioria das pessoas. Sc não conseguimos viver
mulher" Outros produtos encorajam os homens a se sentirem homens.
felizes para sempre com determinada pessoa, todos esperam que continue
Quer você seja gay ou hétero. parte do seu
mos buscando um outro alguém. O que isso quer dizer, para muitas pessoas,
O Amante processo dc crescimento implica aprender a
é que o arquétipo do Amante está ativo nâo apenas na faixa dos vinte anos,
Desejo básico: conscjurf sc identificar com seu gênero.
mas durante toda a vida, envolvido tanto em manter o amor do parceiro
xiwnidade c experimentar c O arquétipo do Amante também inspira
atual (que poderá ir embora) quanto na busca de um novo amor. E é claro
prsier sensual ' todo o gênero da literatura romântica Todos
Meta: manter um
que todos nós nos sentimos comovidos e estimulados nâo só pelas cerimô
mis salx‘tnos que a maioria dos romances se
neU<kxumento com as peiioat. nias dc casamento, mas também pelas bodas de prata e ouro dos casais que
gue um enredo bem definido. A bela e jovem
o trabalho^ as experiências que envelheceram juntos e claramentc ainda se amam.
anu
heroina encontra o Príncipe Encantado, mas
Comoarquêtipo, o Amante também está ativo nas amizades imensas e
Medoiflear soUnfo. alguma circunstância ou mal-entendido os
pessoàm^Tséculo XIX. era mais comum do que hoje (quando as pessoas
"tomar <M dc cadeira-, ser mantêm separados até que. dc algum modo, a
estâo mais preocupadas com sua orientação sexual) ter amizades apaixona
indcsejado. náo ser amado verdade é revelada c eles depois dc muitos
Estratégia: tomar-se cada ver
das com indivíduos do mesmo sexo. Embora os costumes modernos peçam
suspiros e protestos dc amor, sc casam e vi
ma>s atraente — em termos amizades mais “frias" (em parte devido á aguda percepção de que os relacio
vem felizes para todo o sempre Alguns desses
flocos. emodowi e todos os namentos do mesmo sexo têm um potencial para se tornarem sexuais), há
romances são bastante eróticos. enquanto ou-
outros entre muitos jovens uma tendência crescente de ver a amizade como alicer
Armadilha: faxer de tudo para irosse mantem nos hinilcsdjs conveniências;
ce para a intimidade. Amores vâo e vêm. mas amizades duram a vida toda.
atrair os outros e agradá-los. mas. quer contenham pouco ou muito sexu
A Jordache veicula um anüncio encantador que mostra um grupo de ami-
perder a identidade explicito, o enredo e sempre basicamente o
Dons: paixão jraudáo. apreço, mesmo F. apesar disso, milhares de exempla
comprometimento
res sâo v endidos todo ano Algumas mulheres
T Ot neveis do AmantoT ’
ros (rapazes e moças) com os braços cm volta uns dos outros, de modo ín
timo e amistoso. A conexão nâo é sexual, mas é claramcntc íntima. A histó
ria implícita é: “Nós rcalmente nos amamos uns aos outros — todos nós.
Nào somos amantes, mas rcalmente nos importamos."
Como é que a amizade do Amante difere daquela do arquétipo do Ca
ra Comum? EaiA-g Cara Comum^O importante é $c encaixar e-penenccr,
nâgimpressionar o outro. O Amante, por outro lado, quer ter certeza de que
você é uitijlcAC.u.sjncrhores amigos,queyoct rcalmenteo conhece e qugtk
é realmente especial para você Nessesciitído. o Amante é o arquétipo de
um grupo dc amigos que sentem que realmente se conhecem uns aos ou
tros. Nâo estâo ligados apenas por lealdades superficiais, mas por algo mui
to mais profundo. Kurt Vonncgut chamou dc “karass' essa conexão (mais
íntima do que o “granfalloon"). No entender dele, as pessoas que desfrutam
tal relacionamento encarnaram juntas por algum motivo e sentem uma in
timidade especial. Para muitos indivíduos, esse nível de intimidade nâo ne
cessariamente se explicaria em termos de encarnação- seria algo a ser con
quistado. com base no tempo investido para sua construção e manutenção.
Quer o amor seja romântico ou do tipo amizade, a auto-estima do
Amante deriva do senso dc “ser especial" que vem de ser amado. No pior
dos casos, isso pode levar a uma necessidade patética e desesperada dc ser
amado, que impele a pessoa à promiscuidade ou a faz permanecer em uma
situação frustrante ou mesmo abusiva. Quando a pessoa tem uma percep
ção mais forte de st mesma, o Amante pode se expressar sem tanta compul
são. No melhor dos casos, ele oferece uma conexão profunda, tolerante c ín
tima entre os indivíduos — daquele tipo que alimenta os casamentos (ou
amizades) cm que o amor realmente dura para todo o sempre.
Os Amantes se vêcin como pessoas capazes dc apreciar maravtlhosa-
mente os outros. Mas é típico deles detestar os concorrentes que ameaçam su-
plantâ-los no aleto dos outros. Associada ao arquétipo do Amante, portanto, Ne«e desenho. «vprtcdo na «tàtvo de 100 aC.comcnada no Aíweu
estâ uma subestruiura dc competitividade que geralmente é inconsciente e Artjtreolópco de Aieno», o otitude de Afrodite podería ter inierpretodo como
desconhecida; o resultado é que o ciúme pode acabar levando a um compor uma refiçào d>reit»do oos ovoaçoj íaKnot de Pon. em fmor do amor man
tamento muito mesquinho. Intimo e profunda, sob o olhor de Cuptdo. o mítico cdomenteiro
Qii.uuli» c» arquétipo do Amante estâ ativo na vkla dc alguém, seja ho
mem ou mulher, essa pessoa vai querer nâo só parecer bem, mas realmente scr O sexo ainda chama a atenção
bela ou elegante. O desejo subjacente é o de
Na sociedade m»k aberta de hoje, a sexualidade estâ cada vez mais ex
O» Arrumei *lo também
atrair, dar amor e expressar afciçao dc manei
posta na propaganda A camisinha, claro, é um acessório natural para a jor
conhecido» como parceiro», ra íntima c prazerosa Nas amizades c na vida
nada dos Amantes. A Durex veiculou um anúncio mostrando um casal, apre
*mizoi.o> íntimo», famtliar. essa propensão inclui acariciar, com
sentado com bom gosto mas cl.uamcntc lazendo amor, com a legenda: “O
caMmer>te4roí.«ntvjlaittí, ,, partilhar os segredos do próprio coração e cri
«pecUlio». temuaJims. jjj corpo humano tem mais dc 70 quilómetros de nervos. Aproveite a viagem.
*
ar vínculos por meio de gostos e aversões em
<óo|i>jet,co<wrvto<r» de ’ O vinho e osdeítilados teduzem a inibição e, por isso, sâo frequentemen
comum. Claro que com um parceiro românti
equipe». turmoo»Eidore» te associados ao sexo. Os anúncios do uísque Cutty Sark mostram garotas bo-
co. o quadro lambem inclui a sexualidade.
190 O HERÓI E Q FORA-DA-LEI_________________________________________ OAmantc 191
nitas Mas muitos produtos que ido têm relação direta com a sexualidade. des * que russo Diniiri, ele a apresentou a um perfumista que estava exatamente Je-
de feria mentas elétricas ate aparelhos dc som. sâo vendidos com imagens Se ( senvolvendo o perfume que ela mais tarde, depois de ccnvencê-lo a lhe ceder
xuais. Uma moça atlética e bonita, usando apenas o cinto dc segurança, t mos o produto, lançaria como Chanel N
* 5. A publicidade inicial posicionou essa
trada ei’-, um anúncio dos rádios Jensen para carros, com a frase: “Sinta o ? fragrância como "Um perfume impróprio para damas bem-educadas".
poder nu e cru da estrada “ A Dior veicula anúncio» dc moda anevídos, com Diz a lenda que seu apelido. Coco, era o diminutivo de coqucttt — pa-
moças envolvidas cm algo que parece as preliminares do sexo lésbico; as ima f' lavra francesa que também indicava a "mulher sustentada’. Na verdade, jua
gens sdo tAo "quentes" que o suor escorre de seus braços c pernas j reputação dc amante reconhecida de homens ricos e influentes teria forta
A Bluclly.com. que vende moda masculina e feminina com dísconto, lecido a imagem Amante de seus produtos. Quando lhe perguntaram por
veicula a imagem dc urna mulher com a roupa de baixo diante dc> laptop. que nâo quis se casar com o duque de Westmmster. um dos homens mais
enquanto um homem sai nu do banheiro, com a toalha cobrindo a genitá ricos da Europa, ela respondeu: "Já houve várias duquesas de Westminster.
lia Diz a legenda "Satisfação garantida." A pergunta que você talvez faça é: í Chanel. só existe uma."’
'O homem a satisfez ou nâo?" A mulher certamente parece satisfeita com o
laptop z\ Glcníiddu h promete a seus consumidores que "o sexo tintríco é
coisa simples fiara o homem do uísque", explicando que "paciência e con O culto da beleza e do romance
trole sâo fundamentais no ramo dos maliadns". O arquétipo do Amante também desperta em nés o senso de aprecia
A Guessjeanscostuma mostrar mulheres em poses cxtrcmatnente con ção estética De repente, a beleza se toma importante — seja em um cená
vidativas. Embora as modelos estejam vestidas, a mensagem de sedução t rio natural, na atmosfera de um restaurante elegante ou apenas no par cer
evidente. Às vezes elas parecem à beira do orgasmo, mas sempre tím o as to de sapatos. Nossos sentidos também se aguçam c fazemos uma pausa para
pecto sedutor. A Playboy têm tido tanto sucesso com a venda direta de se saborear iguarias finas, perceber o aroma dos lilases, ouvir uma melodia e
xo que se proclama "a mais poderosa marca masculina do mundo" f contemplar o pôr-do-sol.
Acreditava-se que Vénus, a deusa romana do amor, surgira das profun
dezas do oceano, gerada por sêmen e espuma do mar. O arquétijm do Aman
Chanel: A formação de uma marca do Amante te está presente na propaganda das empresas aéreas, hotéis e restaurantes,
A Chanel surgiu na França no início do século XX. Coco Chanel era fi cujos anúncios geralmente usam tomadas panorâmicas para mostrar uma
lha ilegítima de um mascate e uma balconista Depois que a màc morreu (e linda praia. Você talvez recorde a famosa cena do filme A um pa$so da eter-
<» pai se mandou), ela viveu cm um convento e. mais crescida, ganhou seu ; n idade: o casal deitado na areia, se beijando, enquante as ondas quebram so
sustento como costureira Sonhava com coisas mais românticas e acabou fu bre eles. Essa cena tem um componente tâo erótico, que funciona bem me
gindo daquele ambiente primeiro tornou-se cantora dc cabaré e. mais tar lhor do que outras cenas mais explícitas. Aprender a arte da sutileza é a
de. amante ocasional de um rico playboy que a encorajou a abrir «ma loja chave para desenvolver anúncios que evocam o erótico sem ofender os con
dc roupas para sc manter ocupada. Quem teria imaginado a magnitude do sumidores. A Hot Spring Portable Spas fez um bom trabalho, simplesmente
sucesso que nasceria daquela lojinha modesta? mostrando um casal romântico em uma banheira de água quente e dizendo:
Chanel era chocantemente ousada Costumava vestir roupas masculi "Lá fora, é pára-choque contra pára-choque, minuto a minuto, nariz a na
nas c usou a cueca como inspiração dc unia linha arrojada de trajes femini riz. Aqui, é de coração para coração."
nos — trajes que eram confortáveis, que tinham estilo e que forjarzm a no Existe algo na conexào entre o mar e o amor, que também vemos em
va imagem da mulher sexy, mas também independente. Ao longo de toda filmes como Titanic. cujo enredo romântico é ampliado por cenas de gran
sua historia. Chanel integrou o conceito dc mulher independente com o de de beleza visual e pela pura elegância e prazer da vida em um cruzeiro ma
mulher sexy, destruindo a idéia de que a mulher que não depende dos ho rítimo. A Princess Cruises joga com moderação, apenas mostrando um jo
mens e masvuhriizada c sem atrativos, bem como a velha idéia de que uma vem casal num restaurante romântico, sorrindo enquanto escolhem o vinho
inulhei pode ter <> amor ou uma carreira bem-sucedida. mas nâo ambos e deixando no ar a promessa implícita da intimidade da viagem em um na-
sempre aceitou suas intimidades. Portanto, e um grande paradoxo o públi rnuns que fazem um strip-tease para mostrar carpos comuns. Embora esse
co cunhar mais em um polí ico que C aberto a respeito de seus defeitos do filme explore o tema do Cara Comum, ele também demonstra que a essên
que no |h>Iiiko que alega ter "caráter" cia do Amante é um tipo de strip-tease. Eu me "dispo" gradualmente dc mi
Desnudar .1 propiia alma parece scr hoje quase uma exigência para con nhas defesas, para permitir que alguém me conheça. Tiro as roupas para ir
quistai a conliança do publico, É ai que a propaganda contemporânea erra para a cama, e com isso revelo meu corpo que geralmente é imperfeito. Com
o alvo A mensagem superficial ao Prtncipc Encantado dc hoje í que nâo im- o passar do tempo, em um relacionamento, o verdadeiro "eu" vem â tona.
|Wla como seu verdadeiro cu está ligado as aparências, desde que ele tenha Hoje cm dia. a energia genuína do arquétipo do Amante gira em torno des
o automóvel (a carruagem) certo. No entanto, homens c mulheres com inais sa vulnerabilidade que é compartilhada por homens e mulheres. Em vez de
de 16 anos nâo sc sentem assim Lm termos extremos, a assoe açâo dos car prometer o corpo perfeito e a persona perfeita. as anúncios poderiam pegar
ros com o romance, nos anúncios dirigidos aos homens, deixa a garota to- as pessoas onde elas vivem — como fez o filme Ou tudo ou nada — e fazer a
lalmcnte de fora É o carro, em si. que é o objeto do desejo. Um anúncio da
conexão com aquilo que elas realmcntc temem (rejeição), aquilo que dese
Hyundai mostra uma hga dc cetim vermelho logo acima doauiomOvel.com
jam (amor incondicional) e aquilo que querem dar.
a legenda: "Compre algo táo quente assim para a garagem."
A State Farm Insurance também veiculou um anúncio cudo o carro
torno objcio do desejo mas çom int imação para certa complexidade No Sensualidade, alimento e indulgência
centro estâ a imagem dc um conversível vermelho com a legenda “Nós cs-
Além da ansiedade de saber se alguém nos amará, existe grande dose
Uvantos la quando vocé encontrou seu primeiro amor Um arnor quente E
tão. tào, táo perfeito Seu primeiro amor dc verdade Claro, queimava mais dc alcgiia nu arquétipo do Amante simplesmente porque Eros, em seu as
oleo que gasolina Mas et. cara . o amor é cego." A verdade t que íreqúcn- pecto buscador do prazer, enriquece a vida. Há uma cena maravilhosa no fil
icmcntc os carros sâo o primeiro amor dc um homem, e amar um carro que me TomJones: os futuros amantes fazem uma refeição lasciva, olhando-se no
queima óleo e um bom preparo para amar uma mulher, mesmo que ela lam fundos dos olhos. Uma sensação quase-sexual costuma estar presente nos
bem nâo seja perfeita. alimentos particularmente prazerosos. A Gevalia Kaííe mostra uma mulher
! lã inúmeras marcas que ajudam homens e mulheres a sc parecerem e que parece estar à beira do êxtase com o aroma do café. Os chocolates Go-
agirem como os heróis e heroinas de um filme romântico Tais anúncios sâo diva firmaram a conexào entre sexo e chocolate utilizando a imagem de La
particular mente eficazes com os jovens, que ainda conservam 0 desejo de dy Godiva cavalgando nua. envolta nos longos cabelos esvoaçantes.
ser perfeitos e a esperança de encontrar o parceiro perfeito. Pcrém, o fato de Paul Richard. da equipe do jornal Washirgton Posl. falou-nos em uma
munas marcas apelarem para esses desejos indica que cias nào estão ofere entrevista por telefone de sua idéia de que as loalhas brancas, as flores e as
cendo qualquer diferenciação significativa. Ao mesmo tempo, esses anún- velas que encontramos em quase todos os boni restaurantes sâo invocações
«. tos tem o efeito dúbio dc fortalecer aspectos muito ncgativosdos papéis se inconscientes da energia da Deusa (o femininc), assim como as cortinas va
xuais tradicionais (por exemplo, as mulheres sâo sempre lindíscos homens porosas e mesmo a capa do Super-homem; se os alienígenas viessem à Ter
estão sempre no controle); sâo mensagens ofensivas para as qtais certos mo
ra para estudar nossa civilização, ccrtamcntc concluiriam que os humanos
vimentos. tanto feministas quanto dirigidos por homens, tentaram sensibi
sâo incaj>azes dc comer bem sem honrar a Deusa. Diz Richard que a Deusa
lizar o público Mas. acima de tudo, lais anúncios nâo alcançam o eleito má
está em toda parte ã nossa volta, desde a mulher de vestido transparente que
ximo porque não parecem sulicientcmentc autênticos para que as pessoas
acaricia a capota do carro no anúncio, até a qualidade exuberante da luz e
ciimiins sc identifiquem com eles.
das formas em uma natureza-morta clássica.
I mbora .IS |>csso.is gostem dc olhar para a mulher bonita e o homem
perfeito, também c verdade que quase todos nós nos sentimos vulneráveis Para quem ama. Eros está sempre presente — manifesto ou potencial
dc tupinoJi l Nem todos os homens são maquinas dc desempenho totalmen- está prestes a trocar o grande b<-ijo — aquele momento maravilhosamentc
te no controle Um lilinc < 01110 Ou ludo ou nada desafiou as convenções de erótico dc antecipação. A legenda diz: "Se você jâ beijou, já conhece o sabor
Hollywood, usando atores pouco conhecidos e locações deprimentes, mas do conhaque Hennessy", assim associando a alegria do beijo com o consu
*
ganhou o coração da plateia
* com sua corajosa celebração dc homens co- mo do produto da empresa.
____________ OAmonM 191
194 O MfROl E O FORADA-LEI
liwcs c omerclais nâo apenas atraem a atenção. Eles funcionam poiqtie nâo vâo lá muno bem, as lutas subterrâneas pelo podei c a» panelmhac ocul
as historias reforçam coerentcmcnte a identidade Amante da Ifalhnark. de tas impedem a marcha da organização. Com o passar do tempo, a atividade
um modo que esta relacionado com os verdadeiros sentimentos dos consu nâo declarada da organização torna-se apenas uma troca de palavras sobre
midores As historias sâo arquenpicas. mas nâo estereotipadas Mas ligam o as questões emocionais que vem â tona periodicamente.
ai<|tiCii|»o a situações que lodos nós conhec emos, mas que n;x» sâo simples A Barilla é um exemplo maravilhoso de empresa do Amante. Enquan
mente previsíveis. to a maioria das massas t comercializada como alimento de conveniência,
Esse significado do Amante também c reforçado pelo visual das lojas evocando a nutrição oferecida pelo Prestativo, os prestigiosos macarrões Ba-
rifla tõm a coerência do Amante em sua evccaçâo do prazer das iguarias fi
varejistas da empresa Em 199». a llallmark abriu mais dc 80 novas lojas,
jx rmiiiiido que o tema do Amante dirigisse a experiência de fazer compras, nas e da conexão realmente íntima. Os consumidores das massas Barilla sâo
hem como os cartões cos comerciais. As novas lojas oferecem arcas tranqui mostrados como verdadeiros gourmands, que desfrutam o macarrão como
uma experiência sensorial Há alguns anos, por exemplo, a Barilla veiculou
las para a clientela examinar os cartões, mesas c cadeiras para escrever, es
um comercial, desenvolvido pela Young 6r Rubicam, que mostrava um ho
tojos de lapis para a garotada e cafil para os adultos. Esse enriquecimento da
mem elegante c bem-sucedido voltando psra casa de uma longa viagem e
experiência dc lazer compras resultou em aumentos fantásticos do volume
encontrando uma festa em andamento. Ele localiza sua bela mulher do ou
dc vendas da llallmark.'
tro lado da sala, troca um olhar com ela e faz sinal, com as máos. de que quer
um prato de espaguete Fica claramente implícito que seu principal desejo
A organização do Amante é o espaguete e ficar sozinho com a mulher, em vez de se reunir aos amigos
glamourosos Na Barilla. como em muitas «uras empresas familiares, o tra
O arquétipo do Amante nas organizações resulta cm camaradagem, be balho contém uma qualidade íntima, pelo menos no topo. Belas obras de ar
los ambientes c atenção a dimensão emrx tonal da vida profissional. Espera-se te nas paredes. Artistas famosos envolvidos no desenho das embalagens. A
qiic as pessoas se vistam bem (nâo jxir questões dc Mritus. mas para se ernhe- sede na região rural da Itália. Nâo é por aczso que esta empresa do arquéti
IczarcinJ c compartilhem livremente seus sem miemos e seus pensamentos. po do Amante esteja sediada na Itália — q«e talvez seja (depois da França)
I >in senso dc coesão vem da percepção dc scr esprci.il — dc scr uma pessoa a capital Amante do mundo.
fa la, que aprecia as coisas mais Imas da vida, competente na comunicação e A lamíba Barilla vive aquilo que seus anúncios mostram. A família in
encanto soc ial. e. em muitos casos, um exemplo dc
* bom goste ou um pionei corpora o gosto de viver e a capacidade dc viver com beleza A marca que
ro de valores novos que estâo surgindo I*. típico que os empregados gostem captura essa qualidade quase transcendente na vida sensorial cotidiana é ir
rcalmente uns dos outros ç sc sintam apaixonados pelos valores, pela visào e resistível para o consumidor que sente que seu corpo é um táxi transportan
pelos produtos da organização. do sua mente. O sabor, o toque e o aroma se relacionam com a capacidade
Asorgarnzaçoi sdo Aiminic gostam de operar dc modo consensual.com do Amante de saborear sensorialmente a vida.
partilhando o poder < > ternjio é despendido livremrmc no processo de toma O Amante é o princípio formador de multas práticas de terapia e con
das dr <lcc isâ<> e. cm rsp»<i.d, garantindo que Kxlos tenham direito â palavra; sulta cujo sucesso depende da capacidade dc ajudar as pessoas a se sentirem
mas o trinjxi é recujii rado na fase dc implementação Quando sc alcança o seguras a ponto dc se permitirem a vulnerabilidade; de aptidões soberbas na
consenso, todos agem umíonnrmcnic
* para implementar o nevo plano. comunicação; e de uma relação estreita e confiável com o cliente. Mesmo
Na Hewlett-Paihard. todas as decisões da equipe executiva precisam em empresas cujos valores básicos surgem de alguma outra perspectiva ar
scr tomadas por consenso I m muitas divisões e escritórios de várias em quetípica. é possível que o arquétipo do Amante seja solicitado em épocas
presas. a tomada de decisão envolve todo o grupo, r todos compartilham de lápida mudança ou quando as pessoas têm medo. Nesses momentos, for
seus sentimriitos r m tis jionlos dr vista Quando as coisas vâu bem. a atmos mar equipes nâo tem muito a ver com ajudar as pessoas a alcançarem me
fera rcjirri uie rm rgi.i jxisiiiva. entusiasmo c prazer Mas quando as coisas lhor desempenho de seus papéis (como ocorre com o time atlético vitorio
so); formar equipes tem a ver. isso sim, com fazer as pessoas se conhecerem
suhcicniemenle bem a ponto de desenvolverem confiança genuína. Essas
2 IItiimIII Sflinini I Mailohny to <-lt ( uMooifr t /.» 5/WV. / rd. Ihink. Atl.
intervenções organizacionais ajudam diferentes populações a ultrapassar as
ui'i fiMtr to t<nu < o/»i»tu> /Nova Y.xk llii í rrr IVW). |>|> 221 222
200 O HERÓI E O FORA-OA-LEI QAnuno 201
diferenças supcilkiais. a fim dc sc relacionarem com a realidade mais ínti mo o simples íaio dc conhecer os problemas do outro poderá alicerçar o re
ma de outro scr humano complexo, com sonhos c aspirações semelhantes lacionamento. assim como as vulnerabilidades compartilhadas gcralmentc
aos nossos Em termos de aiquétipos. as intervenções estâo relacionadas a aprofundam as relações pessoais. Para os Amantes, você nâo precisa ser per
íilincs clássicos como Dniy Dancinfr Ritmo quente ou Adivinhe quem vem pa feito. mas você precisa ser real e aberto
ra Juntar, nos quais o amor triunfa sobre as divisões dc classe social ou de Enquanto o Cara Conum quer produtos que o ajudem a sc encaixar no
raça. No caso máximo, o arquétipo do Amante se expande parí o amor es grupo (porque esses produtos sâo tdénticos aos que os outros estâo compran
piritual. conforme incorporado por Cristo c outros exemplos dc amor espi do ou vestindo), os Amanies preferem produtos que sejam únicos, incomuns
ritual por toda a humanidade. uu feitos sob medida cspecialmente para eles. O especialista cm marketing
Kcith MeNamara alega que "a segmentação, do modo historicamente condu
zido pelos profissionais de marketing, está morta. O futuro da segmentação
O marketing para os Amantes está nos dados já coletados nos sistemas de computadores das organizações.
(X dados históricos sobre quem cumpra produtos individuais é a chave para
O Amante quer um tipo mais profundo de conexão: que seja íntima,
criar modelos que prevejim o comportamento futuro. Hoje e possível ade
genuína c pessoal (c. às vezes, também sensual). Tais formas dc conexão —
quar o marketing ao histórico de compras individual dos consumidores."’
seja com amantes, amigos ou membros da família — exigem muito mais co
O Amante também «pera qualidade; nâo por questões de status. como
nhecimento. honestidade. vulnerabilidade c paixão do que a ligação mais
o Governante, mas para aumentar o prazer de viver Uma marca do Aman
(tia do Caia Comum. Claro, os Amantes sâo mais profundos, mais especiais,
te como a Jaguar é lisonjeira, bei», curvilinea « suntuosa — nâo tanto para
mais raros.
impressionar os outros, nas para envolver o motorista na experiência pura-
Os Amantes geralmcntc identificam os produtos com certos relaciona
mente sensual de dirigir.
mentos. Uma mulher, depois de terminar o namoro, declarou que nunca
mais conseguiria beber Harveys Bristol Cream: era a "nossa bebida". Outra O Amante é um
* identidade promissora para uma marca:
sempre bebe Dict Cokc porque era o que todos faziam no melhor emprego
• cujo uso *|ud as pessoas a mcootrv amor ou amizade
que ela já teve na vida. Os Amantes também desenvolvem relacionamentos
• cuja função pro<no»e a betea. * comunicação ou a mtímidade enur as pessoas, ou está
com produtos e empresas — espec ialmente aqueles que os ajudam a se sen associada * sexualidade ou ao romance •
tirem especiais c amados. Na cadeia dc hotéis Fairmont, um genuíno esta • com preços que vio de moierados a altos
belecimento do Amante, o serviço dc quarto atende ao telefone e chama vo • que seja produzia ou vmdda por umi empresa com *um cuicura orprúraconal íntima
cê pelo nome, demonstrando conhecer seus pedidos anteriores, suas • degante.ao contrário da *-ierarqui maciça do Governante
• que pree se se d4wencar.de modo poutivo. das *marca com p.eços *m
,r baixos
preferências c aversões. O hõsjicde talvez perceba que o serviço dc quarto
consegue fazer isso porque todos esses dados aparecem cm seus computa
dores. O hóspede também sabe que os funcionários do hotel dizem essas O ideal, portanto, é que as marcas do Amante sejam nâo só dignas dc
coisas porque foram (reinados para agir assim. De todo modo, funciona A amor, mas também ajudtm o consumidor a sc sentir especial, adorado c apai
maioria das jiessoas— c cspecialmente aquelas que dào valor a pertença — xonado Porém, sc a atenção do consumidor murchar, ele (ou ela) cantará
sente-se especial. Ixm-tralada c protegida cm um mundo que gcralmentc ‘Você nâo me traz mais Rores
* c procurará um concorrente mais atento.
parece frio c impessoal. As pessoas em quem o arquétipo do Amante é do
minante formam o grupo que mais se sente atraído para a administração e
marketing dos relacionamentos. Os consumidores com um arquétipo do
Amante allamente desenvolvido gostam de receber atenção individualizada.
Apreciam a correspondência "para nossos clientes especiais" anunciando
uma promoção que ainda nâo foi divulgada aos outros clientes Gostam dc
um Ixilconista que os conhece pelo nome c pergunta pelos seus filhos. Gos
*
J Documento sniernod IU. 1998. ciudo por üxsid Lcm»e Daircn tmdger cm lhe Soul
tam de ouvir as (oloças cobre a empresa c o que está acontecendo nela Mes thr New Consumer (Londres. Nkbolas Brratey PuMishing. 2000}. p. 7 J
CAPÍTULO
O Bobo da Corte
Lema: “Se eu não puder dançar, nâo quero
tomar porte na suo revolução”
desfruta a vida c a interação pelo simples prazer de viver e interagir. Prefe As regras são feitas para ser quebradas
rindo $er a “alma da festa", o Dobo da Corte tem como hábítat nativo o par QBúbo da Corte c o arquét.po ma^út.l para se lidar com os absurdos
que dc diversões, o barzinho das vizinhanças, o salão de festas e qualquer do mu«do moderno e com as burocracias anônimas e amorfas de: J.
lugar onde as pessoas possam se divertir Enquanto o Cara Comum e o parte parque ele vé todas as coisas com .eveza e em parte porque u m o
Amante exercem a auioccnsur.i para se encaixarem ou atraírem os outros, o WicktócV queixar « regras Os políticos lUx» da Corte sâo «senOalmen
Itoliu tia Coltc sc solta irrcstiiiamcnic, demonstrando uma lc inquebrantá
te anarquistas, conforme exemplificado pela
vel no faio de que uma pessoa pode scr realmcntc cia mesma c ainda assim O Bobo da Corta também é
famosa anarquista Emma Goldman, que dis
scr aceita c mesmo adorada pelos outros. cooMcWo como o «oto. o bobo,
se: “Se cu nâo puder dançar, nâo quero fazer o malandro. O troclcta. o bkfut
*.
Talvez por vivermos cm uma cultura tào síria, o Bobo da Corte tende
parte da sua revolução." A disposição do Bo o ooca-KhJsu. o animador, o
a scr uma lx>a identificação dc marca, porque quase todos nós temos sede
bo da Corte dc quebrar as regras leva a idéias palhaço, o travesro. o troteador^
dc mais diversão. Pense no sucesso das campanhas publicitárias do leite,
inovadoras, fora dos padrões convencionais. ou o comcdanto. ■ ,;v ? :V
com pessoas famosas ostentando grandes bigodes leitosos. Sc essas campa
Ele também constitui uma boa identidade dc
nhas Tossem estereotipadas, o lene seria promovido como um alimento que
marca para coisas (como alimentos diverti-
laz bem para a saúde. Em vez disso, as grandes campanhas reconhecem que
dos) que nâo necessariamente fazem bem â saúde. Basicamente, a identilica-
o leite C capaz dc conectar qualquer um dc nôs com a nossa criança inieriur,
çâo civn o Bobo da Corte diz: “Nâo sc preocupe tanto com saúde e nutrição.
que ama as brincadeiras c travessuras.
D.v.ria-se ‘ Doces (M&M. Snukcrs). petiscos (Pringles). cigarros (Ment:
Embora todos os anúncios do tipo ‘Be “Anime.se com Merii”) e bebidas alcoólicas (Parrot Bay, Kahlua: "Vale tu
ba Leite" sejam excelentes, os melhores den
O Bobo da Corte do") prometem miniférias juntamente com o relaxamento das regras comuns
tre eles mostram biscoitos, e nâo leite, permi
Desejo biiko: wwr no dc saúde.
tindo que o observador veja os biscoitos e
iromento prevente. com »legrt> Os telefones celulares da NeoPomt mostram uma imagem de Bobo da
inevitavelmente deseje leite para acompa
total Cone, aconselhando vocé a usar “o fone-esperto para aumentar seu Ql" e
MeU: dvtrtlr.se e aJejrar o nhá-los Você nâo consegue ver um anúncio
‘recuperar as células cinzentas que vocé perdeu na escola". Assim, as mar
nvirvtfo desses sem que desativem aquela criança in
cas d» Bobo da Corte ajudam vocé a evitar as consequências lógicas do com-
Medo: iborrccer^c <xi «er terior que nâo se associa ao café com biscoi
portamenio irresponsável, doentio ou mesmo ilegal Você talvez sc lembre
nu (ante tos. mesmo sendo caíé da melhor qualidade.
Estratégia: brincar. Fazer do maior anúncio da Alka-Scltzer de todos os tempos: ‘Mamma mia, que al
A criança quer leite.
podas, ser tograçado môndega mais apimentada!" Esse humor que ri dc si mesmo afirma aos con
Os anúncios dpBobo da Cone nos fa
Armadilha: desperdiçar a sumidores que eles podem comer alimentos apimentados impunemente.
própria vida zem rir de situações que normalmente nâo
□ Boho da Corte também promete que atividades que normalmente se.-_-
Dom: alegria nos divertiríam, mas nos entristeceriam, (co
riam vistas como tediosas ou aborrecidas podem^cr divertidas. O trator Ku-
mo a cômica escorregada numa casca dc ba
bota, por exemplo, diz: "Os fins justificam o trator. O cheiro da grama re-
nana). Um anúncio do tipo “Beba Leite", par-
céin-aparada. O tranquilo zumbido da precisão. A capacidade dc ver mais
tk tilarnicnic vívido, mostrava um homem com o corpo tudinho engessado.
do que você imaginava. A crença dc que, sc você curtir, nâo é realmcntc tra
Os amigos tentavam alegrâ-lo. dando-lhe biscoitos. Seu estado — o homem
balho." Talvez tenhamos ai um "trator objeto", porque John Deere compa
nâo consegue falar para pedir leite — faz os observadores se identificarem
ra a «xperiéneia de dirigir o trator com seu “primeiro passeio em um pônei",
com sua frustração c. esseiicialmentc. torcerem para que alguém lhe dê lei
prometendo que "você vai querer que o primeiro passeio nunca acabe".
te. Um anúncio tâo brilhante envolve o consumtdor na solução do proble
A reviravolta verbal que transforma uma premissa negativa em positi
ma, sentindo empatia pela situação de desejar o produto que estâ sendo ven
va c uma das grandes estratégias do Bolx> da Corte. Tridciu, a goma dc mas
dido c nâo çiHisc
*gtitr obtê-lo.
car sem açúcar pura crianças, vira do avesso a expectativa da garotada dc que
o chiclete faz mal para os dentes. Um anúncio, mostrando um menino bo
nito meio oculto pela bola que acabou de soprar, diz: ‘Ele mascou, soprou
e ío-ialcceu seus dentes." Também a ABC. que durante muitos anos veicu-
20» O H ta OI to ro»A DA-LEI O BobO Coro W/
lou iiiiu campanha publicitaria calcada na linha 'IV ê bom‘.ddende irre- Embora a Pepsi lenha às vezes se desviada para outros territórios ar-
vcrcntcmcnte o habito crônico dc assistir televisão e faz piadas com a alega quettpicos. seus melhores anúncios sâo sempre os do Bobo da Corte.
ção dc que assistir iclcvisài» provoca a desintegração das células do cérebro.
I ssa “campanha amarela-, como é conhecida na industria, íoi observada e
disc ulula, mas permanece a questão dc saber sc algo, na programação da rr- Estar aqui e agora
dc ou na cultura da empresa, reflete uma identidade Bobo da Corte, e sc uma
O arquétipo do Bobo da Corte nos ajuda a viver realmente a vida no
inteligente ideia puhlicitâria. que teria sido a expressão natural dc uma re
presente c nos ]x-imue scr impulsivos e espontâneos. Por exemplo, a Hamp-
de Bobo da Corte, simplesmente acabou no lugar eirado
ton Inn anuncia seu serviço de café da manhã gratuito com perguntas des
As empresas, quando expandem seus serviços ou adquirem outras or-
tinadas a atrair aquele espírito livre que existe dentro de cada um dc nós:
gjnizaçôçs. devem ter a sabedoria dc permanecer dentro da nestna identi ‘Você ainda procura o prêmio na caixa de cereais? Você alguma vez já fal
dade de marca arquetípica. A Caincl agiu muito bem, expandindo-sc dos ci
tou ao trabalho por pura preguiça? A sua primeira reunião parece mais lon
garros paia aquilo que loi descrito cm um anuncio corno “viagens exóticas"
ga quando você estâ de barriga vazia?"
c "Ikiis prazerosos". Contudo, enquanto o Bobo da Corte quer que todos
Quando o arquétipo do Bobo da Corte está ativo em uma pessoa, ela
nos vejamos a vida com leveza, tenhamos diversão c paremos de nos preo
quer apenas se divertir. O desejo básico, aqui, é ser espontâneo e recuperar
cupar com as consequências, isso não quer dizer que o público irá sempre
aquele espírito brincalhão que todos nós tínhamos quando éramos peque
comprar essa idéia Por exemplo, o uso da imagem caricatural dc Joe Carnel
nos. A gargalhada, os gracejos e mesmo as travessuras, tudo parece apropria
(que as pessoas receavam fosse tornar o cigarro atraente pari as crianças)
do Nesse estado de ânimo, as pessoas demasiado sérias ou responsáveis pa
loi demasiadamente grave para que a marca, mesmo com sua i Jenudade Bo
recem excessivamente preocupadas. Na verdade, o maior medo do Bobo da
bo da Corte, conseguisse impedir a Ira do público.
Corte é o dc sc aborrecer ou aborrecer os outros. Além disso, o Bobo da Cor
O Bolxi da Corte detesta os cstraga-prazcrcs. as pessoas serias demais e
te promete que a vida pode ser fácil. A identidade de maica geral da Tímex
aquelas que nào têm senso dc humor Um aspecto negativo do Bobo da Cor
parece ser mais a do Cara Comum, mas um anúncio mostra um contorcio
te. portanto, C a tendência de «cinprc brincar com a vida, sem nunca lidar com
nista com as pernas cruzadas atrás da cabeça, assobiando enquanto dá cor
certas questões nem refletir sobre certas idéia». Quando o arquétipo do Bobo
da no relógio de pulso. A legenda é: ‘Absurdamente fácil de usar."
d.i < .01 te é a identidade dc uma marca, recomenda-se a orientação dos pais.
O Bobo da Corte habita o espaço igualitário onde homens c mulheres
se juntam e sâo apenas eles mesmos. Tal como ocorre com o Cara Comum,
Pepsi: Unia marca do Bobo da Corte o estilo é moderado e prático. Mas o Bobo da Cone nào tem o menor inte
resse em sc restringir a isso. Em vez dç_se fundir ao grujx>uo Bobo da_Çor-
O Bolh» da Corte, enquanto inlr.itor das regras, tem uma história longa
tc prefere parecer um pouquinho, rid.ígulp. A roupa multicolorida c os gui
e honrosa Os reis medievais geralmente tinham um “bobo” que nâo só di
zos do bufão shakcspeariano foram substituídos por suspensórios,
vertia a corte, mas também dizia ao rei certas verdades que outros seriam exe
gravatas-borboleta c. mais recentemente. bonís de beisebol usados ao con
cutados por dizer O Bobo da One. portanto, agra como uma rcpécfe dc vál
trário. A mensagem geral é: "Você vai querer sair comigo. Vai se divertir mui
vula dc escape para o reino Nus diasdc ho|C. comediantes COIUO Wíll Rogcrs,
to." Perue nos comerciais da cerveja Miller Lite (Dick Butkus e Bubba Smith
Johnny Carson c Jay Leno debocham abertamente dos lideres políticos, no
aparecem dizendo: ‘Estamos aqui bebendo Lite porque ela estula menos e
mesmo espirito com que os bufões de Shakespeare parodiavam o rei. Todo o
tem sabor ótimo. Além disso, a gente nào sabe esquiar"). Os acessórios es
gênero da sátira política expressa o impulso do Bobo da Corte. Este arquéti
portivos da Tcva mostram um homem cm um caiaque na porta da frente dc
po também é unia boa escolha para a marca que sc posiciona conira outra
sua casa, dizendo: “Saiam e se divirtam." O texto de um dos anúncios pros
marca mais estabelecida. O Bolxi da Corte clássico (no conceito medieval)
segue. ‘Oniem tivemos uma guerra de água no quintal. Hoje é o nosso pri
estava encarregado dc deboeliar das rachaduras na pomposida.lc do rei. Por
meiro dia dc ‘a beira do desastre
.
* Seja qual for o seu Jogo, jogue com sandá
tanto. qualquer marca que esteja desafiando outra marca que reina suprema
no mercado poderá ganhar uma vantagem competitiva sc debochar da pre lias Tcva. Elas fazem os seus pês sc sentirem crianças dc novo."
2 Rol( Jensen. The Drcdm Soeiety Howlht Corning SM/t/rom Injònnotion to Jmogmoiíon Will
I Djvul A Aakcr. Ikiiti/mg Sr»«»«»K (Nova York: The Frec Prew. 1996). pp 150-151. Tiamjorm Your ButíncM (Nova York: McGraw-Hlll. 1999). p. 118.
IIP O HERÓI t O FORA-0A-ie« O Bobo d* Cort» 211
<K problemas dos outros (c por isso que uma garota de 12 anos se sentirá mais
confiante tralialhando como baby-sitter do que ficando cm casa sozinha).
<> < n.ulor exerce oronirole criando um poema. urnacomposição musi
cal. uma pintura ou um produto, Considere o lilmc Sítufersprmc <ijwtx<»md<>.
Sliakespeaie está loialmvute sem inspiração Sua carreira u.io vai nada hem li
então ele sc apaixona por uma moça que está prometida a outro. He tem um
maravilhoso caso dc amor com essa rnoça c ai canaliza wus sentimentos na
eserna de ftmnc» cjtiheia. O aio dc estruturar essa experiência na forma anis-
lu a da um senso de controle c tamlx'm oferece grande beleza ao mundo.
O Governante assume o controle das situações, csprcialmcntc quando
cias paicccm estar lugindo dc controle. I tarefa do (iovernanie assumir a
rcs|x>nsabilídadc por tornar a vida o tnats previsível c estável que for possí
vel (t\ própria tendência dos Governantes comunica: "Eu tenho tudo sob
controle.") julgando .1 condição humana incrcntcincnte instável, 0$ Gover A antigo floresta ero vista como um lugar de coos. Incerteza e sexvcbdade.
nantes impõem procedimentos, hábitos e costumes que reforçam a ordem c Por outro Mo. 0 prdtm e 0 gramado de hoje refletem o medo intenso que
a previsibilidade. O filme Eltzabclh (uma versão romanceada da vida da rai tenwnoi <faros forças, bem como 0 dtsejo correspondente de ter controle,
nha I liz.ibcth I) mostra o processo dc transformação da moça idealista em estcbádade e segurança.
ijinh.i. ela fracassa esscnciulmcnte nesse papel, até aprender .1 incorporar 0
novas situações todo dia, se nâo toda Fora. Os executivos reconhecem que,
arquétipo do Governante.
embora façam a coisa certa em um ano. já no ano seguinte o mercado e as
O Prestativo, o Criador e o Governante encontram sat síaçâo cm ambien-
condições econômicas e legais terão m jdado, e o negócio precisará ser rees
ics que aparentam scr estáveis: toda Cidade Velha; os ediíídos grandes e subs
truturado c reavaliado Já virou rotina as fusões e aquisições puxarem o ta
tanciais; carros c aparelhos robustos; jardins c parques cultivados (cm vez d
*
pete dc debaixo dos pes dos empregados, forçando-os a reconsiderarem to
natureza "indomada ). móveis confortáveis c hem feitos; qualquer coisa que
do seu modo de vida c, às vezes, a procurarem treinamento em novos
eles próprios tenham projetado; c a tecnologia que amplifica 0 controle deles
campos de atividade O patrocínio a cultura e às artes é abundante em um
sobre seu ambiente Juntos, os três ajudam a tornar lucrativo um empreendi
ano; no ano seguinte, a fonte secou.
mento O Prestativo antecipa as necessidades das pessoas, vendo o que as fa
Devido ã incerteza da vida em geral, e da vida contemporânea em par
rá sc sentir sadias, seguras e nutridas; o Criador se encarrega das inovações —
ticular. o Criador, 0 Prestativo c o Governante sâo arquétipos especialmen
novos produtos, novos processos de fabricação, novas estruturas e abordagens
te úteis para as marcasdc hoje. Quando nâo estâo obscurecidos por uma nu
organizai ionais c mercadológicas; e então o Governante administra essas no
vem dc nostalgia melancólica, mas sâo interpretados em um contexto
vas estruturas, providene iando a oferta com qualidade consistente. contemporâneo c relevante, eles nos ensinam como preservar a ordem e a
I loje cin dia. o desejo dc estabilidade c controle enfrenta desafios espe
estabilidade e como conciliar os desejos de coerência e as mudanças.
ciais. pois o ritmo d.i vida contemporânea força cada um de nós a lidar com
2IS O HERÓI E O FORA-DA-LEI
livudo pelo amor ao filho que parece quase ir rapta Pcrscíonc, Dcméter fica tâo enlouquecida de dor que vagueia pelo
O Prestativo
relevante ele prOprio scr morto, desde que o mundo A procura da filha, incapaz dc dormir ou comrr. Descobrindo o que
Desejo blsko: prouger os aconteceis com Perséfone, ela se recusa a permitir que as colheitas cresçam. '%■
*)ouuotdom
menino se salve. Este arquétipo também está
ligado â imagem de Deus como o pai amoro ameaçando a humanidade com a lome absoluta. A ameaça só cessa quando
Meta: »Ju<far o
* OUVOí
Medo: ejoíimo. infraudio so que cuida de Seus filhos. Pcrseíone volta para casa. Diz a lenda que Perséfone rinha â terra todo ano.
Estratégia: fazer coIms petos As imagens.tradictonaisdozelo estâo as na primaveia. Temos o inverno por causa da dor dc Dcméter quando a filha
Outro» sociadas à enfermeira, ao médico rural da ve precisava retornar ao mundo subterrâneo. 'C
Armadilha: avtomartíria
lha guarda, ao bum policial do kiirro. ao pro Comentando o eventual desejo de deinonizar o papel do Prestativo
erçpnzr oi Oinros ou ser
fessor c outras figuras do mesmo género Mas (neste caso, o papel dj mâe) como técnica para tentar se libertar de seu po-
entrudo por eles
Dom: «xnç>»ixlo. generosidade a verdadeira natureza do Prestativo (e da nos der, diz Anna Quindlcn na Newsweek; “Nem pensar, freudianos. Seja lamu-
sa relação com o arquétipo) é profundae com riosa ou imperiosa, solícita ou dominadora, afetuosa ou irascível, incubo ou C
plexa. tão complicada como os lelactonamcn- súcubo, a mâe é tâo central como o Sol "
tos que tivemos ao longo da vida com os Prestativos originais. Compreender a complexidade do Prestativo e nossa relação com ele é
Ao longo do tempo, os símbolos do zelo, expressado puncipalmentc essencial para aproveitarmos toda a profundidade e dimensão desse arqué-
como uma poderosa figura maternal, tém se alternado entre oscniimenial e tipo na comunicação dc uma marca. Isso lainbém é crítico para tornar o ar- C
o deinunuado. Em artigo publicado na revista Newsweek. Anna Quindlcn quétipo útil para aqueles consumidores contemporâneos que entendem
olrscrva que Mrs Coppcríield e Marmee (de Mulherzinhos) são louvadas co muito bern que o zelo é uma questão complexa — repleta dc conflitos e sa
mo modelos dc virtude, enquanto a Mâe (dc Filhos e amantes.1. Mrs. Bennet
crifícios. além do difícil desejo de apoiar sem sufocar. Diz Quindlcn:
(dc Orgulho e preconceito) e a cômica Mrs. Portnoy são tratad-is severamen-
ic p<»r seus criadores. Bruno Beltelhcim descreve como a figura maternal,
<
A maternidade lt. acrescentamos nós, a maioria dasformas de zelo/ con- ,
nas histórias infantis c nos contos de fadas, é geralmcntc dividida em dois Mstcpnncipalmmte cm «m transcendente trabalho de merda fser mace so- *
|x>los opostos: dc um lado, a bruxa (ou madrasta) totalmcntcperversa e, de [ter tw paraíso'). rance contraditório, mas esta abso'utamente certo. Co- C
outro, a Lula-madrinha (ou bruxa boa) perfeitamcnie pura, fara nós. pare- moe que soctpudc amar tanioalguém que a deixa [ura de si e que faz tantas a
<c scr difk il integrar a complexidade do Prestativo cm um todo coerente. e táo constantes cxitfncias? Conw e que voei p>de se devotar a uma roca-
(àu na qual tem certeza de <jue <cid pei ifeiica, ou mesmo redundante? Co- &
O Prestativo umbém t conbcodo como o alinihu. o unto.o (mi«).o<fV<fame,o cui ma e que voct pode aceitar alegremente a ideia de que vocé deixou de ser o <
dadoso ou o Jpoijdof.
centro dc seu próprio universo?1
Nos tempos pré-históricos, as pessoas esculpiam figurinhas dc deusas- Em nosso trabalho sobre Sesame Street, foi útil para nós ter sempre cm •
mâe que, tanto naquela época como hoje, devem ter sido reverenciadas por mente a tensão humana natural que existe entre ‘cuidar* (mothering) e "su- f
seu poder dc dar â IlU c lamix in por Ml-i capacidade dc apoi.r a vida ofcic- focar" (wiKUlieiiiig). A iiielilloraquesc mostrou útil é ade considerar os dois
* _
ccndo alimento, conforto e cuidados Ao longo da história, o arquétipo do tipos dc atenção parental: o pai/niâe que grita alarmado. “Nâo suba nessa ár- *
Prestativo tem sido associado aos sentimentos tanto maternos quanto pa vorel Vocé pode se machucar!", e o pat/mâe que diz, 'Se vocé quer subir nes- •
ternais dc proteger os filhos, bem como à disponibilidade dai resultante de sa árvore, pense bem. Enquanto estiver subindo, foça planos para a desci- g-
lazer o que for preciso para cuidar deles, mesmo que isso erija sacrifícios da". Essa distinção ajudou lodo o grupo, desde o pessoal de vendas e
consideráveis — mas ele também se associava a dois medos profundos c ar- mcrchandismg até os criadores do programa, a recordar que Sesame Street é “
raig.idos exercer controle excessivo e ser controlado uma marca decididamente voltada para o "cuidar". Enquanto outros progra- *
Um mito grego clássico, evocando o poder amoroso c o poder destrui mas dirigidos as crianças cm idade pré-escolar adoçam a realidade. Sesame *
dor do Prestativo — miio esse que formou a base de um culto religioso que
durou milhares de anos —. narra o grande amor de Deinétci. deusa da ter
ra cultivada, por sua lilha Perséfone Quando Hades, deus dos infernos. l Aniu (Juindkn. "A New Roof on in Old Houst". Xewjweri. vol.DS. edição 2). 5 dc ju-
nhodeJOCO. p 84. <
220 o HERÓI f OfO u rrt»uu»v
Sor» * hda honcM.imente com questões tais como a perda, as diferenças ra- va c que sc interessavam por você poderiam aderir ao plano, e todos teriam
<.mis c culturais, a raiva c assim por diante, masdc maneira totalmcnte cons desconto na tarifa telefônica. A propaganda que lançava essa oferta era afe
trutiva c apropriada àquela faixa etária tuosa c emocional, c desmoralizou totalmente a ATÓrT. Afinal, seu arqui-
l'iiia campanha recente da Blue C.ross/Blue Shield circula com sucesso concorrente náo só tinha usurpado a essência do zelo nos telefonemas inte
pelo mesmo terreno c. simultaneamente, oferece aos pais uma placa Indica rurbanos e internacionais, como também fez isso de uma maneira mais
dora contemporânea. A mamãe forte e confiante segura nos braços a filha contemporânea — não puramente sentimental e melancólica, mas prática,
de uns nove anos, tendo ao lado este texto:
imediata e comemorativa.
Em outro filão contemporâneo, as marcas e campanhas do Prestativo
Eu druo a ’preotupa(áo~ n<i fronteira que celebram a capacidade de zelo dos homens, apesar das muitas pressões
porque carteio o passe que abre portas. contrárias que eles enfrentam, sâo mais do que tocantes; Sâo poderosas va
Onde quer que a frente va.
lidações sociais das melhores intenções da maioria dos homens. Por exem
com nosso Plano Blue Cross e Blue Shield
plo, em uma foto do catálogo da Lands End, um homem em traje de passeio
estamos cob< rtos
está na postura clássica do Presiativc, ligeiramente inclinado sobre a filha
Minha uniea preot upaçáo?
pequena (a mensagem implícita é: “Você está segura comigo"). Então ele so
Conservai para sempre estas ferias na memória.
be a escada com a garotinha. Sua mâo está pousada nos ombros dela, tran
Este e o meu plano-
Cuidar de . quilizadora. A mensagem explicativa diz: “Traje de passeio. Para quando sua
de sua mente Seu eorpo Seu espirito. Sua saude segunda reunião mais importante for com o seu chefe."
Essas marcas, que conciliam o instinto zeloso com um mundo que fre
Outra campanha muno contemporânea do Prestativo, reconhecendo quentemente o desvaloriza, sâo eficazes nâo apenas no mercado; elas desem
que oferecer cuidados C uma tarefa complexa, mostra uma menina, também penham um papel construtivo na evolução da nossa cultura.
dc uns nove anos, apoiada no braço da mâe. no qual está escrito "Continue
envolvida na minha vida." A matéria prossegue, explicando como tudo se
Um mundo de zelo
ria bem mais fácil se as crianças viessem com um manual dc instruções; mas.
já que nâo c assim, tudo o que podemos esperar é rir com elas, cantar com Enquanto expressões mais complexas ou contemporâneas do instinto
elas, contar-lhes uma anedota, ouvi-las c conversar O anúncio termina com Prestativo ajudam os consumidores dt hoje a conciliar o desejo de ser gene
esta linha: “Pais: a antidroga." rosos e zelosos com seus próprios conflitos externos ou as pressões da vida
A AT&T. uma grande marcado Prestativo, já foi famosa por comerciais moderna, às vezes uma marca tem sucesso quando se dirige ao desejo, mes
maravilhosos sobre os cuidados c a conexào. Entre os mais elogiados esta mo que nâo prático, de um mundo mais perfeito e zeloso.
va o anúncio intitulado “Joey telefonou": um dia triste c solitário torna-se A sopa Campbells é rcalinente icôntca, evocando com coerência os cui-^
perfeito para o casal idoso porque seu filho. Joey. telefona para eles do exte dados recebidos no lar. a família c o imor da mâe, às vezes de modo a pro
rior. Embora tocante c ahamente eficaz, a campanha “Estenda a mão e to vocar nostalgia. Na verdade, o posicionamento dessa empresa nunca oscila.
que" praticamcnte convidava os concorrentes a parodiá-la. Um anúncio da Como resultado, as famílias armazenam as sopas CampbeU‘s nos armários e
MCI mostrava uma mulher chorando e sendo confortada pelo marido — só despensas (quer as consumam com muita frequência ou nâo). Visualmente,
que ela nâo estava chorando de alegria porque o filho telefonou, mas de os anúncios fazem lembrar as pintuns dc Norman Rockwell. Música senti
preocupação por causa da conta telefônica? No entanto, ccm o passar do mental tocando ao fundo, pais e tnâcs sempre mostrando amor e afeição pe
tempo a MCI percebeu que uma identidade baseada apenas no preço a im los filhos. Em um anúncio famoso, ogarotinho traz orgulhosamente um va
pediria dc sc tornar uma verdadeira líder cm sua categoria. Sabiamente. a so com uma flor para a mâe. Derrubao vaso, claro. A mâe o faz sentar diante
empresa adotou urna identidade do Prestativo, posicionando a próxima de um prato de sopa e ajeito a flor na caneca ao lado do menino. O fundo
grande oferta dc preço
* reduzidos dentro do contexto de um plano chama musical enfatiza as lembranças felizes da infância, criadas pelos pequeninos
do “Mt.l Amigos c família”. Trufas as pessoas por quem você sc interessa atos de amor da mamàe.
222 O HERÓI t O FORA-QA-LEI <
tomar. feliz da vida, encoberto por estas palavras- ‘Eu me dediquerao. meu
Em IWK. a campanha foi atualizada com o tema "Bom para o corpo.
negócio Eu me dediquei aos meus clientes E eu me ded.que. aos meu €
Isoiri para a alma". Em um dos anúncios básicos, a garotinha chega pela pri
meira vez ao nove» lar adotivo, aflita e assustada. Quando a mâe adotiva lhe
cios. Agora, tudo o que eu quero C dedicar um pouco mais de tempo â pes C
caria." Esse homem está dizendo claramente que já deu muito de si. g
traz urna tigela de sopa, ela se anima e diz: “A mamãe também me dava es €
ta sopa." A mulher cria um vinculo com a menina, respondendo. ”E a mi- ” ChHn tcnnoVdo cuidar dc si mesmo, talvez a mensagem‘ ma,S
nlta mãe lambem me dava esta sopa
4
sutil dosd!as de hoje estep sendo proclamada pelos relógios Conco _
A Stouífcrs sc posiciona do mesmo modo com a fórmula "Nada chega
As simples palavras "chegue atrasado” encobrem a imagem despojada
€
rnais perto do lar". Um anúncio típico dc seus pratos prontos mostra a fa
braço dc-idulio açaimando o braço dc uma criança ou a foto de uma mulher €
mília sentada à mesa, conversando afetuosamente. O caçula está no colo do
pai. enquanto a mie olha com carinho para a filha adolescente. O texto afir
dorminco serenamente na cama. As marcas que cuidam do Prestativo estâo €
agindo tem. pois lambem prestam ao mundo um serviço maravilhoso.
ma à mâe que o sabor da Stouífcfs é “igualzinho ao feito cm casa". A Mid- €
west Express Airlines, que mima seus clientes com assentos supcrconlurtá-
veis e toda a atenção do mundo, lambem repassa uma experiência que
€
aciona a conexão nostálgica com a mâe e o lar. algo que talvez seja particu- €
larmcntc importante para as pessoas que têm fobia dc avião. Alguém deve
4.
ter procurado uma maneira Iwrata dc fazer as pessoas sentirem que a em
presa se Importa com elas. A resposta que esse alguém encontrou foi: bis €
coitos com pedacinhos dc chocolate. Durante o vóo. você começa a sentir o
aroma dos biscoitos no forno. E então as comissárias aparecem com cesti-
iilios cheios dc biscoitos, ajudando os passageiros a sc sentirem como crian
€
ças felizes que acabam de chegar da escola e encontram a mâe à sua espera As categorias do Prestativo natural
com deliciosos biscoitos. A preocupação dos Prestativos pelos filhos e outros dependentes faz
Hoje cm dia. muitas pessoas entendem que os relacionamentos zelosos desta idrntidade de marca uma consideração natural para a área de serviços
oferecem experiências dc doação tào reais que. comparadas a buscas mais su C
médicos, produtos de saúde, seguradoras, bancos c planejamento financei
perficiais. tornam-se aquilo que faz a vida digna de ser vivida. Um maravilho
ro — a :al ponto que pode levar a identidades indiferenciadas. Somente na
so anúncio <le cosméticos da Eckerd.com mostra uma garotinha feliz corren
do pelo gramado, tendo na face uma marca dc batom em forma de beijo O
área bar.caria. por exemplo, todasestas instituições têm identidades do Pres €
tativo: Sallíe Mae, BankOnc. Fleet. First Union e Bank o( America. Muitas
anúncio continua: "Eu juro que vou gastar menos tempo procurando batom campanhas publicitárias sâo direcionadas para a responsabilidade que as
t
vermelho-rubi c mais tempo esquecendo de sair sem ele." A matéria continua pessoas sentem pela família e ao medo de nào serem capazes de cuidar ade-
com esta promessa: ‘Você encontrará o que precisa com rapidez e facilidade quadamente dos familiares. A seguradora HealthExtras veiculou um anún- -
— c então poderá voltar para as coisas mais importantes... como viver.” €
cio com a foto de Christophcr Recves e o texto: “Você pode perder tudo
Com frequência. <>s Prestativos cuidam bem melhor dos outros que de aquilo pelo qual trabalhou durante toda sua carreira. TUDO." O anúncio en
si mesmos. A Sunswcet vende ameixas sem caroço, com a imagem de uma tão prossegue: “Eu vi muitas c muitas famílias destruídas, nâo pela invali
mulher de aparência saudável e a mensagem: ‘Para sua saúde... e felicida
dez física, mas pelo desastre financeiro. Por favor, proteja-se. Proteja sua fa
de." O texto prossegue: "Fique cm forma com um personal trainer. aprenda
mília .com HealthExtras."
a preparar comidas saudáveis, rejuvenesça cm um spa, saía para uma aven Um anúncio comovente, veiculado pela Bayer. de um teste sangúíneo
tura fotográfica ou inscrcva-sc para a carteira de motorista profissional." O
caseiro para diabéticos (o teste usa apenas uma gotinha de sangue) mostra
Lincoln Financial Group mostra a imagem dc um homem pescando cm al-
uma garotinha loira de aparência vulnerável. A matéria desafia o leitor: “Pe
ça a esta paciente dc diabetes para dar ainda mais sangue para mais um tes
2 Bernice Kanner, The 100 fleti TV Camnieráali . and Why fhry Vforhed (Nova York: Times te. Vá em frente, peça." Claro, quem conseguiria reagir a esse anúncio sem
*.Buúnct 1999). p 196. desejar tornar a vida da menina um pouco mais confortável?
124 O HÇROl t Q rORA DA-lfl
I nire os mulos do Prestativo está a preoi upaçâo «l<- ncgligcm lar as pes anúncio continua: “De todas as promessas que você faz ao seu animal de es
* aiialgc' h os Zoniig mostram uma mulher deitada na ca
soas que ele ama O timação. nenhuma é mais importante que a de protegê-lo das doenças."
ma. «om o filho pequeno ao lado O menino parece triste e chateado I lc se As c r iançac também sc preocupam com seus pais — elas temem desapon
gura a luva e a liola dc Ih-iscImiI. e diz “Mamãe está com dor dr cabeça dr ta-los. dar a impressão de rejeitá-los por serem diferentes ou mesmo superá-
novo " A mâe c iljraincnle motivada a comprar o produto, não para sc li los de algum modo Um anúncio da Rogaine, tratamento contra a calvície,
vrar da dor. mas paia rcalirmar «pie «* tuna boa m.ir c nâo ncgltgrm ia seu fi mostra um rapaz tom o pai ao fundo. Diz a matéria: "Seu pai quer que você
lho Menos pcilurbador. um anuncio d.i Health Source Soy 1'rotcm Sliake tenha as coisa-, que ele nunca teve. Cabelo, por exemplo.” ü homem garante
mostra uma uiança dc três anos, com giandcs ollms castanhos, c a frase: ao filho que os pais se sentem realizados quando os filhos os superam e têm
’ Apenas uma pequena razão para voe d cuidar do seu coração “ mais do que eles tiveram: instrução, dinheiro, oportunidades — c cabelo!
Um anuneio da Mcridl Lynch mostra a imagem dc uma girotinha en No pior dos casos, essas mateas deslizam sobrt a superfície dos este
cantadora. filha da mczzo-soprano Vicky llart c do regente Valery Ryvkin. reótipos do Prestativo. No melhor dos casos, elas transmitem as qualidades
A uru nu<> faiar itin» nxiic estdvrl c enMo, «piond» te trm um /ií««>. a ia- • Lmpxtia — ver e sentir as coisas a partir da perspectiva do outro, nâo ape
tritrsn ifíilinrnif «tiingr <i gente Xfa« pmiroa pauto a I rila Itonuítota /!• nas da nossa.
Mtnuciia «A» tauill n<»« c/isim
*» a equihbtcii rssa \uLi <n vezes praina n<o • Comunicação — escutar o que o outro diz, o que ele nâo diz e. especial-
atire «om u nnessidudc <!<• hrn-rslar /inani firo no Imigo prazo Iríla v mente. o que ele quer dizer.
pir«>< upou rm drv< obnr quim n«K somos ( .) t> que t im/rorlantc pira nOr • Coerência — um comprometimento total, confiável, incondicional.
< )«l gente nifHxt pfJrtM P<trr «tu» w p. nunce que eUctvamot «onipnime. • Confiança — o fundamento da verdadeira ligação.
Irmfci o fnluio <tc Anwmfa
Grandes mini-histórias, dentro dos anúncios, podem apresentar quais
Bem no meie» da jugina, cm letras garrafais, as palavras-chave infor quer desses elementos do apego e ainda acionar o recorhccimenio arquetípico.
mam “As necessidades de Amanda nâo sâo negociáveis.
*
A Nuvem Invcstmcnts também apela para o amor dos pais pelos fdhos.
Um anuncio mostra um garoto meigo c esperto diante das oito martas na
O zelo instrumental e social
parede que indicam seu crescimento Diz a matéria: Grande pane do zelo, porém, nâo está ligado â sustentação direta e em
pática; é. em vez disso, instrumental. Na peça Dcfcnáng iht Caveman. o co
f Mm sdo os inlu martas do ganXinho. mediante tem um esquete fantástico sobre o casal que visita um outro casal
que irgKtroni seu rrcMimenlo nu vtiíii cujo filho está para nascer. As duas mulheres conversam intimamente sobre
lias desfiram tfi aiompanhudas pelos investimentos vitalltios o bebê e seus próprios sentimentos. Os dois homens trabalham juntos cm \
que mío <i mau a regi «nada das («mim personalizadas «la Rinenhouie silêncio, construindo uma casinha de brinquedo no quintal. A reação típica
l«M>qu<» dizr» qu«‘ mu lonsiillor ajudara voíf das mulheres é pensar que os homens estão desligadcs dos sentimentos. Afi
a atlminiMiut «»> rfi ursos <lr toda a sua vida. nal de contas, elas parecem ter uma conexão real, enquanto eles simples
que pig.iid» a alui ««(do deste gatptinho
mente brincam com máquinas e ferramentas Beckcr. cm um momento co
qm psli »<l >rb<in<<" alturas muilaar ima «Alt manas n«i parede
movente. faz a platéia lembrar que o jovem futuro-papai deve ter muno
amor no coração, pois está construindo um brinquedo para uma criança que
Os Prestativos frequentemente nao sc preocupam apenas om os pró-
ainda nem nasceu.
prios filhos í k-s também se preocupam com <>s pais, com os doentes cm ge
O conceito do Prestativo enquanto protetor fica evidente em um co
ral, <oin os |»ohrcs e com srtis .imniais dc estimarão Um anuncie dos remé
mercial que ajudou a lançar a reputação de segurança da Volvo e permitiu
dios veterinários Kcvoliition mostra urna moça abraçand»» o cachorro
que a marca tivesse uma identidade tâo forte, que se transferiu do carro eco
imenso c prometendo “I u vou brincar «le bola com vocé todo dia, vou le
nômico da empresa para seu sedâ quatro-portas e íinalmente para o mode-
var voei paia longas caminhadas, vou protcgé-lo de pulgas e carrapatos “ O
O p.omovo 227 ’
126 O HERÓI E O fORA-DA-UÍI
nas fazendas, nos lares e nas fábricas, no ritmo de uma invenção a cada 12
lo <lc luxo. O anuncio começava com um casal preocupado, em uma noiic
de tempestade. andando dc lí para cá na sala. A filha deles unha um encon
( dias O nomee o logotipo da GE pretendiam lembrar as "iniciais dc um aml-
tro com um rapaz, naquele tempo terrível, c queria muito sair. O rapaz che go” O slogan, "viva melhor com eletricidade", enfatizava o tema de ajudar
ga, o casal o convida a entrar e papai diz: “Jeíí, quero que você me íaça um as pessoas Em 1955, a GE veiculou um comercial que mostrava Ro"a,° «
favor. Saiam com o ineu Volvo.” Que pai! Que carro!’ Nancy Reagan. felizes da vida, usando eletrodomésticos modernos. Na dé
E claro que grande parte do zelo dos pais t instrumental — cozinhar, cada de 1960. a empresa já tinha diversificado suas atividade
* eonatrtifa
limpar, ensinar a dirigir, fazer todas as coisas que criam um ambiente de sus aviões a jato e equipamentos médicos, além de oferecer serviços financeiros
tentação e segurança para os filhos. Quer o casal tenha papéis sexuais tradi que iam muito além do financiamento direto de eletrodomésticos. Nessa
cionais ou náo, o ideal é que tanto o homem quanto s mulher criem laços época tomou-se necessário um novo slogan, porque nem tudo que a empre
com os filhos e que ambos também façam muito daqutlc trabalho rotineiro sa fazia estava relacionado à eletricidade. Assim surgiu o novo slogan: "Vi
que é o resultado das intenções zelosas. Os produtos que ajudam os pais a va melhor por meio da tecnologia." Finalmente, em 1979, um estudo de
fazer esse trabalho são inatos na identidade do Prestativo. marketing revelou que o público associava a GE a homens usando capace
O arquétipo do Prestativo está presente em todas as atividades ligadas à tes de proteção industrial. Para suavizar a imagem da empresa, o slogan foi
prestação dc cuidados para as pessoas c para o mundo físico — jardinagem; alterado mais uma vez: "GE — nós trazemos coisas boas para a vida.
limpeza dc roupas, casas, escritórios e ruas; conserto dc roupas, pontes ou Embora a GE tenha prosperado, em parte por seu compromisso com
qualquer coisa que esteja quebrada; cuidar dos doente» e dos idosos; servi pesquisa, inovação e expansão, sua identidade de man-a do Prestativo sem
ços dc motorista, etc. No Estádio Yankee, cm Nova York, durante o tempo da pre esteve menos ligada aos processes inovadores do que à ajuda prestada
sétima base, o pessoal da manutenção entra para varrer o campo. Surprcen- às pessoas. Esse foco nos benefícios dos produtos da empresa oferece uma
dentcinentc. os varredores executam uma "dança" sincronizada, ao som da imagem de que ela se preocupa com seus clientes. A história da GE também
müsica "YMCA", e os torcedores vão à loucura — uma das poucas vezes cm se misturou a todo o conceito de progresso para ajudar as pessoas e. com is
que esse tipo de trabalho humilde do Prestativo é celebrado publicamente. É
so. ligou o conceito dc progresso teciológico a certas qualidades positivas
típico que os empregos do Prestativo nâo sejam bem remunerados, pois se
— como lar. família, zelo, amor e prazer saudável.
espera que cuidar dos outros já seja, em si. recompensa suficiente.
E frequente a idéia de que o zelo só é importante quando direcionado
Os negócios, no entanto, podem se tornar imensarnente bem-sucedi
para as crianças, os idosos, os doentes c os pobres. Mas a verdade é que to
dos quando realizam funções dc manutenção para as pessoas — como reco
do o nosso bem-estar também depende dc certo tipo de zelo contínuo, por
lher o lixo. II. Waync Huizengn fez uma verdadeira fortuna criando um ser
trás do pano, que sc tomou quase invisível na vida contemporânea. Mães e
viço de coleta dc lixo. Aos 25 anos de idade, ele começou pessoalmentc a
pais zelam por seus íilhós e emes queridos. Pessoas acolhem os amigos e pa
coletar lixo de manhã e depois tomava banho, vestia um temo c saía para
rentes com problemas. Os serviços sor lais ajudam os pobres. Professores, di
vender seus serviços. A partir da Southern Sanítation Service, sua primeira
retores e motoristas de ônibus zelam pelas crianças da escola. Serviços sani
empresa, ele acabou construindo a Waste Management. 3 maior empresa de
remoção de lixo dos Estados Unidos. Daí cm diante, ele investiu seu dinhei tários e dc consertos, táxis, garçons, faxineiros — todo esse pessoal cuida
ro em outras indústrias, tornando-se um dos homens mais ricos do país c dos detalhes que permitem o bom funcionamento da vida cotidiana. Do
demonstrando, desse modo, como a disponibilidade para satisfazer uma ne mesmo modo, as equipes dos códigos especiais para emergências que aten
cessidade humilde consegue levar a grandes coisas.’ dem 24 horas por dia, os motoristas de ambulâncias, os atendenies dos hos
A General Electric (GE) vem consister.tementc ligando o valor de seus pitais e os médicos dc plantão exercem funções de cuidar do próximo.
produtos a sua utilidade no sentido de melhorar a vida no lar. A GE foi um Nâo faz muito tempo, as crianças norte-americanas viam os policiais
subproduto do laboratório de pesquisas dc Thomas Edison. A visão de Edi do bairro como antigos e protetores (não como pigs, “porcos” ou "tiras");
son consistia em inventar produtos que melhorassem a qualidade de vida Bob llope levava a alegria natalina e “Noite Feliz" aos soldados cm terras
distantes que “sacrificavam as festas de Natal para nos manter seguros em
casa"; e os médicos eram apresentados na televisão como figuras paternas
1 Kjnncf, p 204
4 . ThacMcus Wiwro, Raditab and Vbúnaria (Irvtne. CA: Entreprencur Press. 2000). dedicadas (por exemplo. Marcus Weiby). o oposto dos médicos jovens, de-
|>p 215-217 £ sorientados e confusos que não sabem até que ponto se interessar pelos pa-
228 O HERÓI t O lOBA UA-lfl
(lemes As mães eram nmsii.til.is dc maneira um tanto estereotipada. mas a filantropia torna-se cada vez mais uma parte integrante da vida empresa
que honiava seu papel na vida doméstica No nível da comunidade, as pes rial. bem como ver o alto nível de generosidade e interesse que hoje e diri
soas viam suas instituições tomo provedoras dc cuidados lalando dc mo-
gido aos empregados e aos clientes.
do Retal. ;o |X'v.o,i< da "velha América” a. reditavain que a esei.la cuidava de
seus filhos. que a Igreja ou templo cuidava das almas; c queo banco cuida
va dc seu dinheiro. Hoje cm dia. ironicamente. com (ressoas sem-teto cnli- Nordstrom e Marriott Corporation:
Icirad.is nas nossas ruas c com crianças e idosos sendo negligenciados, a Organizações do Prestativo
imagem do Prestativo tomou-se menos celebrada, menos digna de grandao.
Se as lojas de departamentos estâo caindo tomo moscas, por que a
1: c possível que o baixo prestigio atual do Prestativo seja parcialniente res
Nordstrom está se expandindo? Parte de seu sucesso se deve â sua extraor
ponsável pela solidão dos necessitados dinária reputação no serviço ao consumidor, que inclui uma política de de
(.ontudo, surgiu toda uma nova industria dc Prestativos virtuais. Um volução c troca de mercadorias "sem qualquer questionamento". Sabe-se
exemplo apresentado pelo New York Times é uma linha 800 sem fins lucra que a empresa já aceitou devolução de produtos que. para começo de con
tivos. na internet, que responde as perguntas rnats cotidiaras dos pais, in versa, nem tinham sido comprados em sua loja. E, claro, ela tem a reputa
cluindo; “Como é que eu começo a ensinar meu íilhinho a largar as fraldas?" ção de vender pares de sapatos desirmanados (um tamanho para cada pé do
c “Como é que cu controlo a minha filha de dois anos que morde e bate cm comprador) e «le treinar seus empregados para miarem bem a clientela. A
todo inundo?" Especialistas çm cuidados infantis respondem no próprio si Nordstrom realmente cria uma atmosfera na qual os atos de serviço exem
te c. no caso dc problemas sinos, encaminham os pais a ostros especialis plar se tornam lendários, sendo divulgados na loja e para os clientes. A em
tas que poderão ajudá-los Não causa surpresa que multidões dc pais con presa tem até um orçamento de marketing para «judar a criar um "boca a
temporâneos (gcralmentc privados das avos, irmãs mais velhas ou lias que boca". A questão c que a verdadeira estratégia de marketing da Nordstrom
costumavam lhes dar conselhos na criação dos filluis) estepm usando esse nâo está nos anúncios; estâ em agir dc modo a faicr os clientes dizerem aos
serviço virtual Alem disso, as atividades zelosas — como cuidar dc crian outros como foram bem tratados na loja
ças ou de idosos, lavar roupa e preparar refeições — que costumavam ser Os hábitos mentais que caracterizam o Prestativo nâo só ajudam no
realizadas em casa, sem qualquer pagamento, agora ingressaram na econo serviço ao consumidor, mas também ajudam as empresas a prever as neces
mia remunerada, proporcionando toda uma gama dc serviços e produtos sidades e preferências do consumidor. Os Prestativos gostam dc fazer coisas
que são inerentes a uma identidade dc marca do Prestativo boas para os outros. Seu desejo de prever as necessidades do consumidor e
Fmbora o zelo cm gerai tenha perdido prestígio, sc você pensar na al ajustar-se a elas nâo é simplesmente uma questão de fazer bons negócios;
ta cs!mia dedicada a figuras como Ron.dd Reagan, Walter Cronkite. a prin esse desejo define sua motivação básica no traba ho. J. Willard Marriott era
cesa Diana e Madre Icresa. você verá lac ilmentc que o Prestativo ainda ocu utn mórmon. educado (como ocorre com muitas mórmons) para prestar
pa um lugar relalivarncnlc destacado no coração c na mentedas pessoas. No serviços aos outros membros da comunidade. Além disso, nasceu em famí
nível mais elevado, o Prestativo não sc preocupa apenas com sua própria fa lia pobre: o pai era pastor de ovelhas e o menino ajudou a cuidar dos reba
mília Seu interesse cresce cm < ireulos concêntricos até envulvcr a comuni nhos deede os oito anos dc idade. Que treinamento maravilhoso para o In
dade. o pais, a humanidade c o planeia I bn asjieclo lindo dos mamíferos ó divíduo que fundaria indústrias nas quais cuidar do consumidor é a palavra
que os velhos e doentes sc saciilicam em prol dos jovens captos. A huma de ordem! Aos 19 anos, ele viajou para Washington, DC, a fim dc pregar o
nidade deu um passo ainda inamr; os jovens e aptos munas vezes sc sacrifi Evangelho (era o seu ano missionário, exigido pela fé mórmon) Em Wash
cam em prol dos velhos e doentes. Alem disso, os humanos.enquanto <»pc- ington. sofreu com o calor e ficou imaginando quanto dinheiro ganharia a
cic, sâo capazes de sc preocupar também com as outras espécies, mesmo pessoa que pudesse oferecer à venda um refresco bem gelado. Durante seu
último ano na Universidade de Utah. uma barraca da AórW Root Beer [es
aquelas bem diferentes dc nós.
() nível mais elevado do Prestativo c o alti insta. e é por isso que o Pres- pécie de soda-hmonadal foi inaugurada nas redondezas, c Marriott a adora
utivo (mhIc scr unu pmletosa identificação de marca para as organizações va. Terminada a faculdade, ele comprou a francuia de A&W para a área dc
sem lins lucrativos A Habitat for Humanity. o txcreno da Salvação e a Uni Washington. No inverno, quando os negócios caíram, ele abriu a Hol Shop-
ted Way são .qrenas alguns exemplos lambem ê estimulante observar que pe. inovando ao oferecer o serviço drive-in.
DO O HfXÔI E o FORA-DA-LEI
sarial. o sucesso de Marriott sempre foi atribuído à sua capacidade dc reco aí a coisa muda de figura. Convictas de que você é íategro, elas divulgarão
nhecer as necessidades das pessoas, dar atenção exemplar aj$ detalhes e a notícia boca a boca Jonathan Bond e Richard Kirshenbaum. em Undcrlhe
treinar bem seus empregados. Marriott aconselhava os outros Idcres empre Radar, contam uma história sobre certa joalheria de Palm Beach. A cliente
sariais: “Cuidem bem do seu pessoal e eles cuidarão bem dos clientes."’ telefona pedindo um broche A vendedora pula num ívião c faz pessoalmen
!IW
O Prestativo
Lema: "Ama teu próximo como a ti mesmo”
parece que tudo está perdido. Essa é uma história clássica do Prestativo.
cl.K Elis |>cssoas costumam ter uma brecha de sustcniaçlo elasdJo mais do
Nossa cultura acabou de virar a página do cinismo a respeito do zelo. O que
que recebem, e precisam de apoio. Qualquer empresa que ajude xs pessoas a as pessoas querem é fortalecer a idéia de que. sc elas sc interessam pelo bem
cuidar de si mesmas ou que as ajude a enfrentar suas obrigações com mais
dos outros, os outros se interessarão pelo bem delas. No filme, as contribui
facilidade, tem o potencial de obter extremo sucesso nesta nossa sociedade ções acabam chegando e a associaçâc de George Bailey (financiamento da
cm que homens e mulheres carregam nos ombros o fardo da responsabilida
casa própria) é salva da ruína. A emoção expressada com a morte da prin
de dc cuidar dos outros, além do fardo dc suas obrigações profissionais.
cesa Diana e. em menor grau, com a de Madre Teresa, nos diz que este ar
RolfJenseii. em The Drcam Socicly, cita a revista Time, que cm 1997 de
quétipo está poderosamente presente na psique humana de hoje. No entan
clarou que embora durame dCuadas lenha sido moda scr frio c indiferente.
to. desde Watergate c o Vietnã, vivemos uma época muito cínica. O que os
de repente essa moda passou. Hoje em dia, existe certa paixão dc mostrar
Prestativos querem é ouvir que náo sâo perdedores porque se interessam pe
que vocé se importa. Se você for assistir a uma cerimônia de colação degrau,
los outros. Nossa impressão pessoal t que as maicas que evitam mostrar o
mesmo nas escolas dc maior prestígio, verá universitáros dc ambos os se
Prestativo de maneira estereotipada, nas que reforçam os valores do Presta
xos levando seus bebês e filhos pequenos pelo palco quando sobem para re-
tivo, estâo bem posicionadas para presperar. Qualquer arquétipo que tenha
cclxr o diploma. Homens c mulheres estio fazendo do tempo disponível pa
sido reprimido sempre possui energia. Essa energia pode impulsionar as
ra j família um fator importante ao escolherem um emprego e negociaicin
marcas vitoriosas de hoje, mas somente se o nível da expressão arquetípica
salários e outras condições dc trabalho. Acabamos de chegar a uma época
em que a literatura sobre co-dependência e comportamentos capacitadores for andrógino e auto-realizador.
sugere que o Prestativo seria basicamente disfuncional Ao mesmo tempo, a
necessidade de cuidados cresceu em forma dc espiral Esperava-se que ca
sais que trabalhavam fora c mães solteiras apresentassem no trabalho o mes
mo desempenho que mostrariam se nâo tivessem outras responsabilidades.
Desabrigados começavam a ocupar nossas ruas. E as pessoas reclamavam
que se sentiam estrangeiras numa terra estranha, ansiando pela pátria. Mas,
claro, o arquétipo do Prestativo é fundamental para a espécie humana As
pessoas se Interessam realmente umas pelas outras, e um forte senso de sig
nificado nasce dessa preocupação. Você poderia então imaginar que o arqué
tipo do Prestativo recuperaria seu antigo prestígio. Está na moda, novamen-
te. sc interessar pelos outros.
Mas o estilo desse interesse pelos outros mudou. O sucesso dc um fil
me como Uma Ixibâ quase perfeita e de homens que transcendem os tradicio Além disso, assim como lem havido uma proliferação de serviços des
nais papeis masculinos c femininos (como Michacl Jackson, Rohm Williams tinados a ajudar os membros das organizações contemporâneas a trabalhar
e Cohn Fowell) nos diz que, embora u inirtcsse pelos ouiror. antes fosse vis bem em conjunto, a próxima fronteira a scr desbravada será prestar servi
to como uma atividade basicamente feminina, hoje é admkido como algo que ços que ajudem as famílias nâo só a permanecerem unidas, como também a
também é importante para os homens (sempre foi. na verdade, como bem sa desenvolverem a capacidade emocional de florescer em uma comunidade.
be quem teve um pai ou avô amoroso). Também o sucesso de filmes como O Também estâo em alta as atividades ligadas ao desenvolvimento comunitá
clube das desquitadas nos diz que hoje os Piestativos nâo querem ser ‘perde rio. Jâ deixamos para tras a época em que as afinidades grupais se definiam
dores
.
* gente fácil de derrotar. Eles estâo dispostos a ser ‘durões
* quando for por nossa identidade étnica ou racial Vivemos hoje em ambientes dc algum
preciso. Esperam ser respeitados e se enfurecem quando sâo desprezados. O modo mais integrados. Embora ainda exista uma tendência contrária, a
velho mártir já era e. em seu lugar, existe uma aspiração mais equilibrada: dar maioria das pessoas quer realizar um trabalho social pluralista. As marcas
e receber, cuidar dos outros e ser cuidado pelos outros. sábias compreenderão que o arquétipo do Prestativo hoje se expressa nâo só
Lembra do filme A felicidade ndo sc compra? O personagem de James na família, mas também no mundo. De algum modo, parece-nos que essas
Stcwart sacrifica sua vida pelo bem dos outros e então sc desespera quando marcas podem confiar que as pessoas sâo melhores do que se imaginava —
2J4 O HERÓI E O FORA-DA-LEI
O Criador
Lema: "Se pode ser imaginado, poderá ser criado”
dtucs intrincados, que cmçigc d.i agua c m- parece com algum tesouro ami
claro que agora você pode fazer isso. A Kinko sc vê cono parte do negócio
go ou uma rdiquia CMiaictrcMir O anuncio então pergunta: "Você está a dc dar apoio a criatividade do consumidor, com seu slogan "Expresse a si
deriva cm um mar dc coisas mundanas? Olhe para um novo Itorizonte. io
mesmo" fica implícito que a tarefa ela Kinko é ajudar você a se expressar.
da uma gama dc papeis dr parede, tâo vasta como sua imaginação, está ao A Palm Pilot conseguiu um reconhecimento de marca quase instantâ
seu alcance.” neo ao comercializar o produto com imagens de pessoa» artísticas e bem-su-
Muitos desses anúncios ligam a decoração do lar com as artes clássicas. ccdidas com ele nas mâos. Nesses anúncios, a empresa nâo estava apenas
A Dauphin. fabricante «Ir móveis, mostra duas cadeiras dc aparência artísti vendendo o Palm Pilot c as coisas que o produto podia fazer; em vez disso,
ca ao lado «le pinturas dessas mentias cadeiras (como o qutidro dc Andy War- estava vendendo o glamour da vida dc artista. Um desces anúncios mostra
liold.1 lata dc sopa Caniphdl), dizendo: "A vida imita aiirte." A Ifonghia. (a- va a designer têxtil Cathcrlne Hennes. A mensagem dizia: (ícone de Ende
biii.iiile «le moveis, irxlcis c papris dr parole, mostra uma Iwl.i pilha dc reços! "Minhas tecelagens e bordadeiras favoritas; iodes os meus amigos da
dilcrciilrs ice idos, de muito Imin gitsiii, lendo nn alto uma sapatilha dc ba escola de arte"; Ikoiic da Agenda Eletrônica] "Desfiles dc hiiuíc ceuturc. se
le Outro fabricante de inoveis, a BArit Italta ("Atemporal e preciosa") mos gunda-feira. 09:00 hs; almoço com Max, sexta-feira, 01:00 h"; (ícone do Blo
tra duas mesas modernas com aspecto clássico, dizendo: "A escolha certa co dc Notas] "Idéias preliminares para padrões prtmavera-verâo; livros que
p.ira qualidade, harmonia c vid.i moderna " A BombaySapphircGin mos ira pretendo ler”; (ícone do Agendador de Tarefas] "Reunüo com arquitetos so
um copo dc inarlini que e uma obra dc arte No martínt há belas flores. A bre planos do novo estúdio; plantar bulbos antes que ckova"; (ícone da Hot-
legenda diz: "Despeje algo inestimável" Sync| “Sincronizar e fazer backup do meu Palm Vx poc controle remoto do
meu PC. Com um só toque." Essa abordagem ofereceu um antídoto interes
sante. e altamente diferenciado, para as usuais imagens do Governante que
O Criador no trabalho e na escola cercam a tecnologia em geral e, em especial, as ferramentas dos negócios.
No trabalho, a capacidade de inovação c valorizada de modo muito es Quâo criativos podemos ser? Você quer fazer um filme da Disney — so
zinho? Um anúncio com aparência jornalística mostra Mau e Dan ODonncll.
pecial. simplesmente porque vivemos nesta época tão competitiva e dc mu
os gêmeos que criaram o software chamado México (um pacote que ajuda a
danças tão rápidas ledas as arcas estâo inovando incessantcmcrte. Ao mes
criar animação, com grandes efeitos de sombreamento: detalhes faciais). Ci
mo tempo, os avanços tc-cncilogicos oferecem recursos incríveis para a
tando Matt. o anúncio informa: "Os personagens respondem ao diretor de ce
inovação constante. A Hoincstcad.com mostra a imagem das mâos úmidas
na (...) Você cria um modelo e diz ‘Snookie: ande até o Capitão’, e aí o pro
ele um oleiro dando forma a boca dc um vaso. O oleiro reflete: "Dc todas as
grama vai computar as animações secundárias."
suas grandes criações.«» wrlisiie dc voeis será a mais fácil " A Texas Instru
Claro que todos nós queremos que nossos filhos sejam criativos. A Ap
ments promove os processadores dc sinal digital com as palavras "Onde a
ple promove o iMac com um anúncio que mostra sua compatibilidade com
vos encontra o video encontra a> palavras encontra sua imaginação" ea ima
o «ramcordtr digital- “Agora alunos e professores podem contar histórias dc
gem dc uma mulher cm êxtase diante do teclado.
uma maneira que antes era impossível — trazendo as experiências fora da
A história do Post-il c o engano que levou a >eu desenvolvimento tor-
classe vividamente para dentro da classe. O melhor dc tudo é que é muito
naram-se uma lenda moderna sobre a criatividade. As secretárias imagina
fácil; qualquer um pode ser um diretor de cinema." A Crayola é uma mar-
vam come» lidar com as colas que nunca funcionavam direito; o resto já e
ca-ícone do Criador. Um anúncio mostra uma caixa ce lápis de cor. com es
história Um anúncio dos Post-it Selí-Sttcking Eascl Pads diz: "Pense nele
ta legenda ao lado de um apontador: “Apontador embutido para a mente."
como um Post-il Note com cstcroidcs." Em letras menores, a matéria pros
A matéria a seguir explica: "Estudos comprovam qut as crianças que cres
segue Você está cm uma reunião, anotando idéias no seu bloco /casei pad/.
cem participando dc atividades artísticas alcançam maior pontuação no SAT
Mas indo pára cnquanio você prne ura clipes ou fita adesiva a nâo scr que IScholastic Apiitudc Tesl] — cm média. 51 pontos percentuais a mais nos
vocé esteja usando um Post-it luisel Pail ‘ As paginas d«> Post-it grudam por testes verbais e 38 pontos a mais cm matemática. Esse é o poder da criativi
si mesmas na paicdc. com um fone adesivo Um anunciada Canon Image dade... Ele começa aqui" (com uma caixa dc lápis dc cor). Para estimular os
Ruiincr WX» desaba <> « onsimudor ‘ liii.iginc criar documentos ele 200 pagi pais a oferecerem aos filhos oportunidades de lidar :om as cores, dc modo
nas. com os tris orifícios |»ra arquivar, dirctamcntc no seu desktop.” E é que a marca possa cumprir sua promessa dc criatividade, os anúncios ire-
I
O Crf»4or
242 O HERÓI E O FORA-OA.LEI
uma ave com 1.80 de altura e. entre outros segmentos, há o chamado Tea <•
qúcntcmente sugerem diferentes atividades para colorir — tais como criar
um cartão dc Dia dos Pais recortado na forma de um braço e uma mào. O
tro dos monstros”. Durante uma série especial sobre o espaço, o respeitado €
Tony Bcnnett cantou “Slimcy to thc moon...’. e nâo causa surpresa ver Itzak
anúncio promete: “Um dia alegre e maluco para o papal: Uma omelete que
Perlman ou outros famosos cabriolando com um dos Muppets. Gail David.
<
nâo foi feita com ovos! Café feito de iogurte? Um abraço escondido dentro
de um cartão. Nós temos algumas maneiras surpreendentes e engraçadas pa
dircmra de Comunicações Corporativas de Sesame Street, comenta: "É incrí C
ra você dizer ‘Feliz Dia dos Pais'.”
vel que uma coisa pode ser tâo ancorada e. ainda assim, táo efervescente. c
A própria criação de Sesame Street é um exemplo maravilhoso do pro
A Kellogg^ reconhece que preparar o Rice Krispie Treats (acrescentando
cesso criativo e do nascimento de uma marca do Criador. Joan Ganz Coo- c
marshmallow e margarina derretidos) é uma das primeiras coisas que muitas
crianças aprendem a fazer na cozinha. Para fortalecer a conexão com a criati
ney. uma das fundadoras de Sesame Street, relata cm um ensaio (a ser publi c
vidade. a Kcllogg's oferece “receitas” para os concursos de escultura escola cado em breve) que a idéia surgiu pela primeira vez durante uma conversa c
num jantar, em março de 1966. Cooney. na época produtora de documen
res. Fm 1998. a escultura vencedora foi "a réplica, com quase dois melros dc
tários na WNET (um canal de tevé educativa da cidade de Nova York), con
t
largura por um de altura, de um recife de coral e os ecossistemas a ele ligados
(...) que venceu esculturas de 65 outras escolas de mais de 30 Estados”.
versava com Lloyd Morrisett. na época vice-presidente da Carnegie Corpo €
ration de Nova York. Ambos ficaram tâo entusiasmados com a possibilidade e
de trabalhar o grande potencial inexplorado da televisão enquanto meio
Sesame Street: Uma marca do Criador educativo, que voltaram a se reunir alguns dias mais tarde. Morrisett havia
e
Poucos programas de televisão sobrevivem além da primeira tempora
muito se interessava pelo desenvolvimento cognitivo da criança. E, como t
pai de dois meninos pequenos, certa vez ficou horrorizado ao encontrá-los
da Nâo é isso o que acontece com o aclamado Sesame Street, que já está en t
assistindo aos testes técnicos dc uma emissora, enquanto esperavam pelos
trando cm seu 32' ano no ar e que sc tornou uma das marcas mais ampla-
desenhos animados — tamanha era a escassez de programas infantis envol
t
nicntc reconhecidas e respeitadas do mundo. Nesta nossa era muito mais
competitiva do que aquela cin que o programa foi lançado. Sesame Street ain
ventes e dc qualidade naqueles dias. Ganz Cooney interessava-se profunda <
mente pela pobreza, pelos direitos civis e pelo déficit educacional causado
da é assistido por milhões de crianças no mundo todo e já ganhou 76 Em- •
pela pobreza. Aquela conversa no jantar tivera um efeito cletrizante sobre
my (mais do que qualquer outro programa dc tevê da história!) e oito Gram
ambos. Como hoje relembra Ganz Cooney: “De repente percebi que pode t
my. Como foi que essa idéia conseguiu se sustentar e florescer?
Grande parle de seu sucesso está no fato de que suas características bá ria ficar fazendo pequenos cocumentários no Channel 13 pelo resto da mi t
sicas — a poderosa abordagem ao aprendizadoe o conteúdo cuidadosamcn-
nha vida, sem nunca causar Impacto nos necessitados. Por outro lado, eu •
le desenvolvido — ganharam vida como expressão inovadora, atraente e poderia usar a televisão para ajudar as crtanças a aprender, especialmcnte as
crianças em condições desvantajosas Eu vi tudo isso com muita clareza, até
t
única do arquétipo do Criador
Cada episódio de Sesame Street se baseia em um conteúdo complexo,
parecia um são Paulo na estrada dc Damasco.- E então Morrisett c Ganz uni t
holistico. projetado para dar apoio ao desenvolvimento cognitivo, social, ram forças, armados com a convicção de que a televisão poderia ser uma for r
ça positiva na vida das crianças, desde que um currículo educacional pudes
emocional e físico das crianças pequenas. Educadores e pesquisadores espe
se ser transmitido de maneira inovadora e relevante.' •
cializados trabalham em conjunto, dia após dia. com os roteiristas e produ
Eram os anos coniestatários da década dc 60. uma época de grande li
tores. Se nao fosse por toda essa pesquisa educacional, ccrtamente Sesame
Street sei ia apenas mais um programa infantil. Por outro lado, nâo devemos berdade criativa em termos do que ia ao ar. incluindo a propaganda. Gmu
Cooney havia observado que as crianças, em especial, pareciam hipnotiza
esquecer que toda essa alta especialização educacional poderia ter se trans
formado em lições chatas e sem inspiração, que as crianças do pré-escolar das pelos formatos ágeis c curtos dos comerciais de tevê e que elas apren
simplesmenie deixariam de lado para ir brincar com suas bonecas e seus jo diam mais rapidamente os jinglcs desses comerciais do que o â-bé-cê. Sem •
gos Em vez disso, o conceito dc Sesame Street t apresentado de modo ma receio de tirar proveito da sensibilidade predominante na época, ela queria
ravilhosamente criativo: na rua onde um personagem vive numa lata de li
r
xo e outro engole biscoitos como um aspirador de pó. uma das estrelas é 1 Joan Ganz Cooney, In 'The lop f >fty Women in Amcnran Radio ind Trkvuion' (no prtlo)
244 O HERÓI I o FORA-QA-LEI O CrUdor 245
direi ioná-la dc modo a beneficiar as crianças cm idade pré-escolar Descre quitetura animal, Pig. Pig Sr Pig, dirigido pelo mundialmcntc famoso l.M
vendo a premissa do programa no jornal 1 lie New York Times, ela disse: "Os Pig, para orientar a reconsiruçáo dc seu ninho. Diz a lenda que as idéias de
educadores tradicionais talvez náo se entusiasmem com isto, mas nós vamos 1 Icnson e Stone às vezes erim tâo extravagantes que havia batalhas freqOen-
lazer .1 montagem cm um ritmo muno mais veloz do que qualquer outro já tes entre eles e os pesquisadores responsáveis por manter a grade curricular
usado cm programas infantis. As c danças gostam dos comerciais, do humor nos trilhos
casta-dc-banuna.dasuciiicasvanguardisiasdc vtdcocaudio (...) Tcmosdc Mas o que está no âmago do sucesso desta marca do Criador é uma ten
introduzir o nosso conteúdo cm formas que 3$ crianças achem acessíveis .“ são saudável entre a criatividade desenfreada e o trabalho educacional de Se-
I orinou-sc então uma espécie de “nine dos sonhos" criativo, que aca- wm; Street. Rosemarie Trtglio. vice-presidente da Sesame Street Research,
Irou incImndojim llcnson c <eus inimitáveis Muppcts; Joc Raposo, talento descreve a espécie dc cabo-de-gucrra amistoso que ocorre em cada sessão de
so musico e compositor, Jcff Moss, jovem c brilhante roteirista, Jon Stone, revisão dos roteiros, com os escritores gargalhando diante de algum novo seg
que seria produtor e diretor d<» programa por mais dc 26 anos, c um grupo mento hilariante e. do outro lado, os pesquisadores apontando minuciosa-
dc p-squisadorcs cMumrdin.lrios, entre eles Gcrry Lessor e Ed Paliiicr Mas mcnic os ajustes que devem scr feitos para garantir a segurança das crianças,
além d.i pura reunião dc talentos, o conceito foi orientado desde o início pe evitar exemplos negativos.construir os alicerces do aprendizado e assim por
la busca dc autenticidade c inovação. diante. Entretanto, a colabxaçào é sempre feliz e proveitosa, pois, como diz
lin Scsarnc Street fn/nned. uma retrospectiva do programa, Jon Stone Truglio: “Temos respeito mútuo pela arte de cada um. Náo sou uma escrito
diz que os criadores "náo queriam apenas mais uma sede de clube, arca do ra de humor c por isso às vezes os escritores acham que precisam mc ensinar
tesouro ou casa na arvore (. .) intnlia proposta era construir um.i rua dc um o ‘manual da comédia’. Mas nâo fico ofendida Respeito o talento deles. Por
centro urbano real e povoa-la com pessoas reais'. outro lado, eu conheço as crianças e por isso às vezes ensino a eles o ‘manual
Grande- parte da emergência do Criador naquele trabalho foi que 0 es do desenvolvimento infantil’. Eu defendo a voz das crianças."
petáculo era visto como um experimento grandioso, tal como continua a ser. Os resultados funcionam. As pesquisas acadêmicas mostram que. pas
As crianças estavam, por assim dizer, entre os diretores de elenco originais. sados três anos da idade pré-escolar, as crianças que assistiram regularmen
Por exemplo, a idéia inicial era ter os Muppcts ern segmentos totalmcnie di te a Sesame Street e outros orogramas educativos infantis têm melhor desem
ferentes dos segmentos que utilizavam personagens humanas, para n9o con penho em uma série dc testes padronizados. Um estudo independente
fundir as crianças, mas quando as pesquisas mostraram que o maior envol mostrou que mesmo no segundo grau, as crianças que assistiram regular
vimento das crianças ocorria quando os Muppcts estavam no ar. os bonecos mente aos programas educativos tiravam notas melhores cm inglês, ciência
(oram integrados ás cenas com seres humanos O humor não era apenas en c matemática do que as crianças que pouco ou nunca assistiram aos progra
corajado. era exigido Segundo Arlcne Slierman. supervisora dc produção dc mas educativos. Esses estudos eram controlados conforme o nível de esco
Srwnir Street, a comedia purj (01 sempre um ingrediente essencial da criati laridade dos pais, a renda familiar e assim por diante.
vidade do programa: "Quando as pessoas mc pedem uma descrição resumi Pesquisas qualitativas lançam luz sobre alguns dos subprodutos posi
da da esséne ia dc Srsunrr Street. sempre digo que c um programa cómico que tivos dc assistir a Sesame Street. Parece que o programa opera em muitos ní
ensina. Temos os melhores escritores dc humor da tevê trabalhando para nós. veis complexos, mesmo para crianças em idade pré-escolar. 0 que surge é
I por isso que funciona.’ A equipe dc desenvolvimento do programa é enco uma ideologia singular que os telespectadores recordarão durante toda a vi
rajada a correr riscos c inovar, na verdade, é isso que dela se espera. da A primeira geração de telespectadores dc Sesame Street — gente que cres
?\ disponibilidade dos criadores para a extravagância é demonstrada ceu assistindo ao programa original — costuma lembrar que a primeira vez
em segmentos como a WASA (Wnim Air and Spaee Agnicy — Agência Ac- em que foram expustos a pessoas diferentes de si mesmos foi em Sesame
ruespát 1.1I dos Vermes) tenta encontrar cinco vermes fisicamente aptos v dc Street. Por exemplo. Sesame Street talvez tenha lhes proporcionado sua pri
renome inicin.ii 1011.il. jwii.i envia-los numa missão ã I ua (mas aceita somen- meira exposição a um indivíduo afro-americano (além de tudo, um negro
11 os vermes com as curvas certas'!), e uma galinha que acredita ser um gigantesco!). Ou talvez lenha sido por meio dc Sesame Street que cies apren
verme entra íiiriivaniv.-iii na nave espacial; um fazendeiro sabe quando j deram a contar cm espanhol, muito antes de compreenderem o conceito de
tempestade sc aproxima porque pouco antes suas ovelhas começam a dan "outro tdtoma". As mâesc outros responsáveis que assistem a Sesame Street
çar o r ha-cha-chá; o Big Bird IGaribaldoj contrata o maior escritório dc ar junto com as crianças geralmente descobrem alguma breve referência a al-
O Crivior 147
244 O Hf RÓI E O FORA-OA-LEI
M inprc foi reconhecida p.»r sua < .ip.uul.ulv dc inovação: 9Q patentes, mais ter o ritmo do mundo. Em um ntvcl mais profundo, o processo dc criação
dc 200 prémios internacionais relógios cm museus dc cinco continentes." exige a capacidade de focalizar e criar a sensação de controle. Quando você
O lato dc que a Movado é uma marca arquctipica do Criador é enfatizado está criando alguma coisa, em geral está totalmente envclvido nesse proces
por letras grandes no final ' Os rclogios Movado sâo exibidos nas coleções so e o processo também permite que você forme as cores (ou a música. 0$ da
permanentes dc museus do mundo inteiro.’ dos ou seja lá 0 que for) cm uma estrutura que lhe dá a sensação dc contro
A mensagem maior desses anúncios ó que as organizações do Criador le e prazer. Quanto mais a vida foge dc controle, tanto maior é o número de
nâo querem apenas parecer uma obra de arte, mas incorporar uma obra de ar pessoas que anseiam pela válvula de escape da criatividade. O homem que
te. No passado, a metáfora que gcralmcntc inspirava tais empresas tra a da perdeu sua bem-amada sente-se melhor depois de escrever um soneto sobre
orquestra, com cada membro da organização seguindo o "condutor" (maes a perda. A moça agúenta os gritos do patrão, vai para cisa e cria um lindo
tro = diretor) |>jra sc harmonizar do modo inais eficaz com os outros músi vestido na máquina de costura. Com isso, ela encontra a cura. O adolescen
cos Mais recentemente, o campo da improvisação no jazz tem falado ao co te nào é escolhido para o lime de futebol, vai para casa, cria um desenho ani
ração dc gerentes e profissionais do desenvolvimento organizacional, mado e se sente tâo satisfeito que já nem liga mais para 0 time. Qualquer ti
oferecendo um modelo para os músicos ficarem táo cm sintonia cora a mú po de empenho artístico satisfaz o desejo humano de forma e estabilidade.
sica que a liderança passa dc um para outro sempre que necessário; a cone A arte também promove a auto-estima. Aquilo que as pessoas criam é
xão entre os músicos é tâo intensa que eles sabem quando tomar a liderança um espelho de quem elas são. Quando olham para o produto que criaram,
c quando ficar no acompanhamento l:m uma organização do Criador a "hot- elas se sentem bem consigo mesmas porque fizeram algo que vaie a pena. O
loin tine" não c cxaiamcmc o dinhciiu. C mais a ln-lcza. Alem dc tudo, a ex m.vkcttng que envolve n consumidor na criação do preduto é um negócio
periência de trabalhar para a empresa e a qualidade do produto devem satis inteligente. Saiba que seus clientes sâo especialistas em inovação e que voec.
fazer a sensibilidade estética dos principais envolvidos. f então tudo vai bem. multas vezes, poderá alcançá-los por intermédio de um e-mail Leia suas res
postas e lhes dê íeedback quando as idéias deles influenciarem o produto.
O marketing do Criador A velocidade com que as marcas precisam estabelecer uma identidade
hoje em dia é fenomenal Todos os componentes — projeto, manufatura,
Quem teria pensado que c possível construir um império cm cima da
marketing — precisam utilizar seu pleno potencial criativo. Agnicszka M.
iradn ional criatividade da mulher no lar. exaumente na época em queas mu
Wtnkler. em Warp Spced Branding, comenta que. para a maioria dos produ
lheres voltavam maciçamenie a trabalhar fora dc casa? lodo mundo achava
tos dc hoje, as estratégias de marketing sâo pensadas ao mesmo tempo em
que as mulheres estavam vohando as costas para tarefas como fazer hndos c
que o produto está sendo projetado. As equipes de projeto, de marketing e
criativos centros de incsa para seus jantares mais pomposos; decora.
* a casa
de produção precisam estar em comunicação constante entre si. A criativi
toda para o Natal, ou preparar pratos que levavam um dia inteiro no fogo.
dade que é necessária neste mundo novo torna obsoletas as hierarquias e
Contudo, dc algum modo Manha Stewarl intuiu que a criatividade domésti
as reuniões elaboradamente planejadas. As novas estratégias de negócios,
ca estava viva e passava muno bem Na verdade, uma maneira ólitru de ter
mais baseadas na colaboração, exigem inteligência emocional, grandes ha-
sucesso C pegar a onda dc um arquétipo que esteja sendo reprimido, mas cu
jas chamas ainda estão vivas ludo o que você tem de lazer c abanar essas Uma identidade do Criador poderáser cometa‘‘paraM^rnãnã:^^
<hainas c pronto: você esta nos negocios. Manha Stewan pegou aquela onda
• se a função de itu produto encoraja a auto-expressão oferece escolhas e opções »«>;><<
c tornou-se uma industria Lia nâo só ensina as mulheres a alcançarem a ex
comunudor. ajuda a promover inovações ou tem desenho arthtko . •. •
celência nas artes domésticas, mas também tem hoje toda uma linha dc pro • pertence a um campo criatho. como o maricetínj, u relações púWcas. as artes e a Inova-’
dutos. A associação com o arquétipo do Criador dá uma conotação de pres çio tecnológica (como desenvoMmento de software) ‘ • . '■? 1 •f
tigio a seus produtos, emliora M.irtha tenha desenhado toda uma lima para • se você está cantando se diferenciar de alguma marea que "fax tudo" para o *corúuMjdoc
o K-M-irl c. com isso, melhorado a imagem daquele estabelecimento deixando pouco espaço para a escolha • '•(’ f-;‘ ff K
A verdade é que homens e mulheres amam as marcas que os ajudam a • possui algum demento faça-você-mesmo que permito ao axuurddor <
d nheiro • ’
libertar o Criador intenor Essa afinidade tem a ver com a percepção pessoal
• se seus dientes têm bastante tempo dtaponMi pera deixar a crütMdade fa
dc um mundo que parece lora dc controle No nível mais obvio, as pessoas • se tua orpnlDção tem uma cultura do Criador. ‘í ’1*-
sahem que prensam estar coiisumicmcntc inventando e inovando para man
250 O HERÓI E O FORA-DA-LEI
*iii<%tkj
2 A) M Winkkr. IVurp Sprrd Btondin^ thf ím/wr of on Marketing (No-
va York |ohn tVilcy and Sor». IW), pp 9J-95.
CAPÍTULO
t|51
O Governante
Lema: "0 poder não é tudo... é só o que imfxrta"
♦
254 O HERÓI f O fORA UA lti *
rnvi.ii tropas militares para eliminar as ameaças). estabelecer c preservar as foi apresentado á realeza c voou no Força Aérea Um. lalvez ele seja digno
regras legais e implementar políticas e procedimentos que promovam a do seu pulso.
* A revendedora Park Avenue Buick veiculou um anúncio que
prosperidade do maior numero possível dc pessoas. Enquanto arquétipo, era absolntamente franco a respeito da ligação entre o carro c o status: “Lie
portanto, o Governante ajuda um indivíduo a se tornar rico, poderoso e bem diz tudo, antes mesmo que a reunião comece.’
assentado em seu campo de ação c cm sua comunidade. A Jones oí Nova York tipicamente apresenta seus desfiles de moda com
O arquétipo do Governante apieda as organizações hierárqu cas pui- mulheres que sâo confiantes, que estâo no controle, no comando. Você vê pe
lo seu porte que cias sâo importantes. A DKNY (roupas, relógios, perfumes,
que, nelas, você sabe onde esta pisando Seu papel está claramentc definido
por uma descrição dc cargo. que lhe diz o que você é c quais tarefas vocé de etc.) veicula uma série de páginas, uma atrás da outra, sem nenhum texto
apenas homens jovens, de aparência bem-sucedida, fazendo negócios. A sé
ve realizar Sabe quem reporia a você e quem é o seu chefe. Os funcionários
que você supervisiona não devem passar por cima dc você c (alar dirctamcn-
rie termina com um simples “DKNY
.
* As imagens dizem tudo. A Harter pro
ic com seu chefe: c você tampouco passará por cima do seu chele e falara move sua cadeira ergonómica executiva com uma só palavra. “Nunca.’
A Van Kamprn Funds mostra um garotinho saindo de uma piscina in-
com v chefe dele Os papás c as relações sâo estáveis e bem definidos — até
ílávcl e estendendo a mâo para uma bola de borracha. O anúncio diz: "O jar
que. e a menos que. alguém realmente os altere.
dim do palácio O príncipe. A bola real." Embora o serviço da Van Katnpen
seja administrar dinheiro, a empresa enfatiza que a verdadeira realeza tem a
A nova realeza ver com nossa abordagem diante da vida e nâo com o dinheiro que possuí
mos: “Com os investimentos certos. qualquer um pode apreciar a REAL RI
Muitas marcas e anúncios do Governante agcljin parap_descp que io
QUEZA da vida. (...) Porque, enfim, viver nada mais é que desfrutar a vida."
des nos lemos dc ser bem-sucedidos e importantes. Nos tempos amigos, íeis
Muitas organizações caritativas e voltadas pari boas causas apelam pa
e rainha
* eram gcralmentc vistos como deuses ou como seres que tinham
ra o noWesse ob/ige do Governante A Heralds of Nature. uma sociedade da
uma relação ioda especial com »».•» Jcuser.. A propng inda moderna âs vezes
National Wtldliíc Federation, faz uma exortação a seus leitores: “Destaque-
hz essa conexão entre o sucesso e a grandeza divina. Um anúncio da Lotus
se da multidão. Como membro da influente Her.il.-k of Nature. associada à
mostra uma mulher andando majestosamente pela rua. lendo um dxumen-
National Wildliíe Federation. você terá um papel preponderante ajudando
tu (lalvez uma planilha dc calculo?). A matéria diz: ‘O comum dos mortais
a NWF a garantir um lugar duradouro para a vida selvagem no mundo mo
gerem ia pessoas e dinheiro. Você gerem ia o conhecimento dc milhares.' A derno de hoje." Alem dc ajudar a vida selvagem, você também obtém “be
llmmasvillc, fabricante de móveis, veicula um anúncio com um lindo soía
nefícios e privilégios", incluindo “relatórios internos”, “convites exclusi
< m uma varanda dc colunas brancas e uma estátua grega, frente .» mar. A *
vos
. “informação antecipada" sobre eventos e “seu nome incluído no
Icgend.i diz "Sabemos que os deuses para seduzir, assumiam fornas irre
relatório anual da NWF".
sistíveis aos mortais (aproxime-se com cautela)
*
, E então ficamos sabendo A Volvo promove $eus_modelos cross coiintry com tração independen
que “a Thoniasvdle leva o conforto, o luxo e o estilo a um reino que o pro- te nas quatro rodas por meio de lisonjãs~àõ’?ôfisumidor, sugerindo que
prio Zeus todo-poderoso invejaria”. ele(ela) é como o carro: “O segredo para ter poder ê ser capaz dc usar o po
A Phoenix Wcalth Management está veiculando anúncios con mulhe der com eficácia Por isso, jumamente com seus motores robustos e turbina
res coroadas, como se fossem rainhas. Alguns desses anúncios incluem a dos. estes Volvos têm tração inteligente cm cada ioda. Os Volvos nâo apenas
imagem dc uma mulher, cm traje dc gala, que jrarccc ter reinado ra Renas- rompem os obstáculos. Eles lhe dâo a opção dc evitar os obstáculos. Se você
<CIK,I. A legenda diz: "Algumas pessoas ainda herdam riquezas; o resto dc deseja certa finesse com o seu poder, venha nos visitar para um test-drive." A
nós nâo tem outra escolha senão ganhar o dinheiro. A Ixm notícia é que mui Bell Helicupter lexiron adota uma abordagem sim lar. mostrando um homem
tos dc IKK salx inos ganhá-lo Mas. r <l.»i? A Phoenix vem oferecendo ao pü- alto e confiante que parece o presidente-executivo de alguma grande empre
bli<<» novas direções inovadoras h.i quase I 31) anos. Entendemos que fazer sa. O texto diz. "Sua missão é a nossa missão. Você sabe o que ê preciso para
dnihiiru — e saber o que lazer com ele — Oi» duas aptidões diferentes E ser bcm-succdido. Nós também. É por isso que desenvolvemos e fabricamos
por isso, entre outras cois.is. que os milionários procuram a assis.ência da somente os produtos c serviços mais seguros e confiáveis. Assim como você
Phoenix A Ac utron mostra dois relógios de pulso circundando o globo ter (az. Nós também conhecemos a importância de estar no lugar certo na hora
restre A empresa garante a você que “O relógio Actitron viajou ate a Lua. certa. Afinal de contas, a nossa meta também é permanecer no topo."
256 O HÍRÔI f O FORA-DA-Ltl
Governante, dizendo: mento de contas já criada", promete: ‘Só há uma coisa melhor do que a pi
lha dc contas bem arrumadinha na sua mesa: a pilha de contas bem arruma-
U71/íom Jcfjcrs&i IBilll Clinton muda-se para lagaaH na esquina la Ca dinha no seu desktop."
ta Branca] e a imprensa mundial faz da GU' seu quartel-general; o ex-pre Como é que você acumula peder? Em parte, pelo trabalho em rede. A
sidente Riutald Reagan relomaáGWpara aceitar um grau honorário no dia Bizzed com oferece recursos às pequenas empresas para ajudá-las a compe
do aniversário rio alendimenw que salvou suo vido. noCW Medicai Center.
tir. Um anúncio mostra uma mulher confiante c sorridente. O texto diz:
( ) A presenfa dc pnvmincnrcs figuras internacionais no campus t um
‘BOM. una-se a uma organização profissional MELHOR, freqúente os even
aconiet intento quase diário rui GUf porque nossos vizinhos sdo algumas das
tos da área industrial. BIZZED. divulgue seu cartão de visitas online, intera
móis r oiganlcatiVs ntieumais r intentar íoruiis. <il?m
«k íigrru ias ntuiiduiis. e porque <t Uniw sidade goza da mais alta tepulaçáo ja com colegas c clientes potência s. inscreva-se para os eventos comerciais
no nl\ cl global. mais importantes e fique por dentro das notícias da indústria no momento
em que elas acontecem."
P<>dcr é também a capacidade dc realizar a ação decisiva A inySAPcom Menos otimista, um anúncio (de carne) mostra a jovem mâe sendo
Í
nwsm uma mulher de aspec to brm-stiecdido com um laptop < in um aero pressionada dc todos os lados. Diz a legenda: "A mãe moderna, que se do
porto c conta uma rnini-historia. Começa tom as palavras “Circo assentos bra, se estica, se estende em todas as direções. Vjí à luta. Vai ao cliente. Ho
disponíveis Vinte r cinco passageiros ansiosos. Uma mulher com um lap- je em dia, você precisa fazer tudo isso. Fehzmentc, a carne ajuda você a ter
top Quatro assentos disponíveis." O anúncio prossegue: força para dar conta disso tudo." Os cercais Posl Shreddcd Wheat e a revis
ta Pteventiun produziram um livreto para mulheres, ensinando-as a equili
Stiru Brig tiiilhi um problema urn vó,i «mrcWo. uma i r<M./r estranha e
brar sua vida" e oferecendo dicas para fazer tudo funcionar. Esses manuais,
a teniuJc muno forte dc dormir n<i propriu canta Por im>, ela sc «mcetou
t claro, possuem um componente de serviço público. Eles também posicio
a my^APeom Alguns cliques e ela enir.iu Jum no sistema dc reserva
dr pussirgcns e conseguiu um awnro noprOxímo vóo Com aquele. poucos
nam a marca como algo que ajuda as realizadoras mâes do tipo Governante
diques, seu irfuidno de despesas e seus planos dc viagem lambem foram a continuarem mantendo em pé a vida familiar.
atualizados Instantaneamente Facilmente. Automaticamente (..) Wxé Tal como ocorre com o Prestativo, uma rede de indivíduos e organiza
quer descobrir como tadj membro da sua orgamzaido pode se torrar mais ções dispostos a assumir a responsabilidade pele bem do todo mantém a so
poderosa’ Visite svwwsap.eom/mhsap e neX lhe mostraremos. ciedade girando e funcionando. A primeira tarefa do presidente é nos man
ter a salvo e chamar os militares se necessário. Alan Grcenspan conserva um
Se o poder c t.lo ini|x>rtanic assim, então aposto que o sucesso dc uma olho na economia c age sempre e quando for preciso. Banqueiros, líderes
pessoa incomoda as outras que têm menos poder Algumas marcas mostram empresariais, dirigentes de sindicatos, policiais, advogados e líderes comu
como voei cairá nas boas graças dos “ricos e famosos” e, desse modo, subi nitários estâo continuamcnte elaborando e pondo em vigor normas que es
ra na vida A revista Fortune Smcill Business mostra uma mulher dirigindo tabilizam nossa sociedade. Se eles realizam bem seu trabalho, a sociedade
um carro, com a legenda: ’ Cia é do tipo que vocé adora odiar. Rica. Bem-su tem sucesso. Se fracassam, a sociedade fracassa
cedida. Manda-chuva Mas transforme-a cm uma cliente c tudo isso sc sua Os dirigentes das empresas têm o dever sagrado de manter a seguran
viza “ I liirdVoicc veicula um anúncio com a imagem dc umi mulher ar ça de seus empregados, acionistas e clientes. A indústria como um todo os
rogante. porém bonita. claraincnte no comando da própria vida, com as ajuda nessa tarefa. A Epoch Internet apela para essa preocupação, veiculan
palavras "Quer saber corno cu acho tudo o que quero na internet? (Dica: cu do a imagem de uma pirâmide e argumentando: "Os faraós sabiam como
não fico procurando.)’ Claro que ela não fica procurando. Ela tem um as manter seus tesouros seguros e a salvo. Será que a sua empresa não deveria
pecto tão majestoso que tudo lhe é trazido de bandeja. Seu segredo? “Eu uso fazer o mesmo?" O anúncio continua: "Como os faraós, nós compreende
1 hirdVoice 2000 para trazer a internet inteira até mim.” mos a importância de proteger os ativos valiosos. Especialmente quando sc
E temos ainda o anuncio da Advil (produtos íarmacéuticcsj. mostran trata de hospedar o website da sua empresa. (...) E claro que quando seu
do uma executiva afro-aincricana que fala autoritariamente ao lelcíone. Sob website está hospedado em um dos nossos centros de dados de alta seguran
sua imagem corre a legenda- “Eu nâo tenho tempo para aqueles dias " Os ça. seus negócios têm maiores probabilidades dc se tornarem a próxima
Governantes tampouco tem tempo para esperar na fila. £ p>i isso que a grande maravilha do mundo.” A Iomega, que faz seguros de computadores,
Hertz «1 ClubGold promete: "Sem filas. Sem preocupações." mostra um rapaz dc aspecto selvagem roubando um computador. O texto
Os anúncios do Governante frequentemente focalizam menos o staius c diz: “Você está segurado se Johnny roubar seu carro. Mas, e sc ele roubar seu
mais o controle c a capacidade de cumprir as próprias responsabilidades — computador?" Claro que. sc há coisa que o Governante odeia, é qualquer
trabalho, família c saude pessoal A Solgar Optein Wellncss Ik vcragc mos coisa que ele não consiga controlar. Um anúncio da primeira rede remota
tra uma mulher fazendo piggingdeh.iixodcchuva.com leroz determinação. global dc telefonia e mensagens por satélite (www.tridium.com) diz: “A co
A matéria conta como foi o dia dela: "I evou «»cachorro para pzssear. Levou mida muda. A água muda. A língua muda. Pelo menos seu número de tele
os lilhos para a escola. Assinou contrato como o novo cliente. Organizou a fone nâo precisa mudar."
campanha dc levantamento de lundos Deixou o filho no treino dc futebol. A Drivcway garante que o ajudará a ter sucesso, mesmo que você seja
I oi ao acupunturista Preparou o jantar Saiu para a costumeira corrida de o monarca dc um império do mal. Veiculando a imagem de alguém que pa
fim dc urde (sob chuva torrencial)." Essa mulher está no comando da pró rece um imperador alienígena envolto em uma capa preta, a matéria diz:
pria vida, talvez a ponto de ser um estereotipo c nâo um scr humano real. "Acesse seus arquivos de qualquer lugar, até mesmo de sua base secreta no
5"
O GootmtAf 3*1
240 O HERÓI í O rOWA-DA-l.il
O governo dos Estados Unidos e a Microsoft ou lalvez. digamos, o governo de qualquer país estável. O poder público pro
tege os empregos dos trabalhadores, de modo que estes se sentem seguros.
Um tipo diferente de organização do Governante gcralmentc e encon
Os sistemas dc controle mútuo entre as várias partes do governo focalizam
trado nas seguradoras, nos bancos, nas agências controladoras e governa a desaceleração das tomadas de decisão, para assegurar que nâo se façam
mentais. nos fabricantes dc equipamentos de escritório destinados a execu
mudanças rápidas e prejudiciais. No clima organizacional de hoje, nem mes
tivos c cin inúmeras empresas gigantescas com açâo globa. Muitas
mo o governo está livre de mudanças nas estruturas organizacionais Em to
organizações do Governante sc dedicam a estabelecer os padrões que gover
dos os setores, as organizações estâo sc tornando menos hierárquicas, mais
nam diferentes procedimentos. Por exemplo, hoje em dias as seguradoras go flexíveis e mais capazes de tomar decisões rápidas, em tempo real. Os esfor
vernam o atendimento na área medica, e o atrito daí resultante provem de ços para “reinventar
* o governo dos Estados Unidos, dentro desses moldes,
tuna colisão dc valores arquctipicos Os prestadoresdc serviços mnlicos ten diminuíram os níveis da hierarquia, eliminando grande parte dos escalões
dem a<er Sábios. Magos ou Prestativos c. portanto. tini valores dilcrcntcs da
intermediários, simplificando as tomadas de decisão e erradicando vários
queles das empresas que costumam lhes dizer o que podem ou nâo fazer.
níveis de rotinas burocráticas, com isso, cortaram-se custos e tornaram-se
í m geral, as organizações do Governante sâo bem hierárquicas, com re
os esforços mais eficientes
lações de poder claramcntc definidas; além disso, tím alguns sistemas de con Uma versão mais moderna da organização do Governante é vista no
trole mutuo entre as suas divisões ou suas outras unidades. O alto grau de po crescimento da Microsoft Bill Gates e Paul Allen começaram como haclters.
der amplifica a noção do custo dc sc cometei um erro Por isso, as decisões mas sua primeira grande oportunidade aconteceu quando a IBM precisou dc
gcralmentc precisam scr aprovadas por uma cadeia dc comando cue vai su um sistema operacional para sua nova linha de computadores pessoais. Ga
bindo a pirâmide hierárquica. Gcralmentc há políticas c normas governando les e Allen compraram um sistema já existente de outra empresa, desenvol
indo, ma» s.io comuns .is situações do tq>«» Aulil 22. por pie sâo ta ilosos re veram esse sistema c fizeram com a IBM uma parceria ahaincnte vantajosa
gulamentos que é impossível haver uma boa integração entre eles iodos para a Microsoft A IBM usaria o MS-DOS. mas a Microsoft conservaria a
Um ponto forte dessas organizações e que elas sâo estáveis, produtivas propriedade do software e também leria permissão de licenciar seu uso pa
c bem ordenadas, funcionando sem dificuldades com os procedimentos e ra outras empresas. Como resultado, cada vez que a IBM vendia um PC, es
políticas apropriados. Estes. no entanto, somente são apropriados nas situa tava promovendo a Microsoft. Enquanto isso, a Microsoft continuou desen
ções que nâo exigem resposta rápida nem alto nível dc inovação, pois sua volvendo o sistema operacional e vendendo-o para todos os fabricantes de
açáu c muita lenia. A moeda corrente dessas organizações é o poder — tan computadores compatíveis com IBM. Fazendo isso, à moda do verdadeiro
to interno como externo. As pessoas sabem quem ocupa a melhor sala c se Governante, eles também criaram os padrões da indústria. O desfecho foi
preocupam tom isso As nuanças do poder até sc refletem no mudo de ves que todos os outros fabricantes dc computadores se tornaram dependentes
tir das pessoas, fim alguns casos o traje e formal e conservador. Mesmo da Microsoft, tanto que ela acabou eclipsando a IBM em importância. Mais
O Co«rr»*<M« 245
264 O HERÓI E O FORAOA-LSI
lá no barquinho — seu laptop. suas pernas e os pét descalços. Ele parece to
tarde, quando a Microsoft desenvolveu o Windows, ela usou a mesma táti
talmente relaxado. Cruzando n página, estâo as palavras: “Agora você tem a
ca. O Windows Office oferecia sistemas integrados que funcionavam mara c
tecnologia para trabalhar durante suas férias Isso quer dizer que você vai
vilhosamente bem nos aplicativos empresariais, e logo ganhou o domínio
trabalhar mais ou vai tirar mais férias? . A decisão é sua " Em ambos os ca €
do mercado. A Microsoft então convenceu os principais fabricantes dc com
putadores a pré-carrcgar o Windows e acabou alcançando tamanha predo
sos. a imagem mostra v homem relaxado, no controle, curtindo a vida t
Nos velhos tempos, as empresas operavam como se existissem isolada
minância no mercado que foi atingida por um processo aniitrustc.
mente. Certo: elas precisavam dc fornecedores c xrcebtam a existência de
A Microsoft demonstra o potencial tanto positivo quanto negativo das
seus concorrentes, mas. numa base cotidiana, elas assumiam a autonomia.
organizações do Governante. No lado positivo, ela compreendeu como fa
Agnieszka M. Winklcr, cm Warp Specd Branding. defende a idéia de que os
zer parcerias com a$ outras panes do mercado e alavancar essas parcerias em
velhos tempos rcalmente já se foram. Em um sistema econômico global, os
benefício próprio. Em suma, a Microsoft sabia jogar o jogo da política in
dustrial. Além disso, enquanto seus concorrentes focalizavam a venda de países precisam reconhecer a interdependência de todos eles. Do mesmo
modo, as empresas são dependentes de todas as empresas com as quais fa
software. a Microsoft enfatizou a tarefa dc estabelecer os paCròes da indús
tria (e depois atendC-los). Sc você pensar na qualidade imperialista dc mui zem negócios Além disso, diz Winkler que "o conjunto das ínter-relaçôes
tos reis e rainhas, nâo sc surpreenderá ao ver que a organizíçâo do Gover cada vez mais complexas dc todos os stakeholders
* e dc todas as marcas que
nante gosta dc assumir o controle de outras empresas e ontras linhas dc estio envolvidos na consecução de um produio ou serviço” é que define o
produto. As empresas do Governante, portanto, geralmente crescem por ecossistema crucial que determina como as empresas irão operar, pelo me
melo dc nquísiçOet. O lado negativo, claro, é se tornar um “valentão da in nos em lermos ideais. “Tomemos um típico produio dc software", diz cia-
dústria” por meio da eliminação das tecnologias concorrcntfs. Com o pas
sar do tempo, tais ações acabam provocando um dispendioso processo an- 0 aplicativo prcntMlmcnte tem dc ser compatível com o Microsoft Win
titrustc c um pesadelo de publicidade.' dows. 0 produto tem de scr tapai de funcionar en computadores dc qual
quer marca e o box gcralmcntc especifica quais processadores Pentium tem
poder wfteiente para rodar o aplicativo, Agora, acrescente Pentium e Intel
O marketing do Governante ao efeito da marca )<S temos cinco manas envolvidas c ainda nem começa
mos a pensar na distribuíçdo ou na promoçdo. Cada marta com a qual nos
Na velha economia, as instituições do Governante frequentemente tra
tavam consumidores c clientes como seus “súditos". Isso acabou. Os consu sa marca sc alia tem um impacto sobre a marca
midores querem ser. eles próprios. Governantes. Um anundo muito eficaz
da LivcCapital.com (“O financiamento empresarial facilitado") reflete essa Bill Gates nâo só teve a genialidade dc compreender essa realidade dos
transição O anúncio começa com a imagem de um homem sentado diante dias de hoje, como também a esperteza política para desviá-la em seu pró
dc uma escrivaninha, olhando para um banqueiro dc aspecto Cético. 0 tex prio benefício
to diz: "Opção A: Você senta diante desse cara, justificando por que os dois Se você dirige uma HMO (qualquer organização voltada â área da saú
últimos anos que você passou trabalhando merecem um empréstimo para de). verá que a situação ê semelhante Seu "ecossistema" inclui os funcio
capital de giro. Opção B; Você preenche online um breve formulário c rece nários das empresas que pertencem â HMO. seus próprios empregados, as
be ofertas de financiamento de múltiplos emprestadores." Claro que essas seguradoras, iodos os contratantes independentes (clínicas, médicos, labo
empresas, apelando ao Governante, sempre querem permii r que o cliente ratórios) que lhe prestam serviço, os auditores secuntários. os sistemas de
tenha poder. E elas nunca querem humilhar o cliente. aposentadoria estaduais e privados, as empresas farmacêuticas — e você
Os Governantes gostam do controle e não gostam que lhes digam o que ainda nem começou a levar cm conta os pacientes! Tomar decisões empre-
fazer A Microsoft veiculou um ótimo anúncio que deixa ao consumidor a
dcctOo dc trabalhar ou nào nas suas ferias Você vê um barquinho cm alto- 2 Qs sukcholdcrs dc um negocio sâo iodas as panes ineressadas c capazes dc influenciar
nur. num dia lindo. Ví- somente a parte inferior do corpo do homem que cs- cv< negcKio c scr pc>r etc influenciadas Inxa-sc de indivkJuos. grupos ou organizações que
dc alguma forma desenvolvem algum npo dc vinculo como cmprecndnncnto. O cotvccilo de
stakrholdcr e bastante amplo, imíumdo funcionários. clientes, fornecedores, acionistas, a
IMJJcusWmto und ViUonanoflntnc. CAF nrinwmcsu Prcss2000)pp IJ71J9.
sociedade e o meio ambiente (N T.)
O HtRQl t Q FORA-DA-ltl
O Co»<manc« 267
J Aguu »:kj M WmMcr. Uirrp spenl Ihuitdtn^ /*>>• Imp»! <>/!<■< Juiitlaxy <m (No- preender suas necessidades, você naturalmente produzirá mercadorias que
Yt«rk |<-lui mmJ Sonx lsM9). pp Htt-lio. I5Ó acrescentem algo a vida deles Fies en;âo o recompensarão com sua lealda-
2M O HtRÔI g O FOHA-OA-ltl
• um produto de aXo préstimo. utiRzado por pessoal poderosa» para aumantv p própdo
po4* / • ■
• um produto que ajuda as pessoas a serem mais organtadai 1.
* um produto ou serdço capaz de oSerecer garanda para toda a «Ma
• serviços que oferecem assistência técnica ou Informações que ajudam a mamar ou aumen
tar o poder ;
• uma organteaçlo com furçlo reguladora ou protetora
• um produto na faixa de preço moderada a ata
• uma marca que procura se «Merendar de outra, mais popufoa (Cara Comum) ou Wer no
campo de atividade
• um campo de atMdade que sesa reUommente estí.et ou um preduto que prometa segu
rança e prev.s^Hdade neste mundo caótico
CAPÍTULO
A alcachofra
Como revelar o significado
arquetípico de sua marca
Assim como acontece quando se come uma alcachofra, a meta aqui é reti
rar todas as folhas desnecessárias e chegar ao “coração" do assunto — o cer
ne do significado indiscutível da marca. Depois de se familiarizar com os ar
quétipos descritos nos Capítulos 4 a 15, vocC dará os passos necessários para
ver seu negócio, sua marca, sua categoria e sua empresa através desta nova
lente. Esse processo irá certamcnte clarear e iluminar o caminho para que vo
cê projete o curso futuro da sua marca. Os cinco passos que são mais críticos
na descoberta da identidade arquetípica de uma marca estão resumidos na
Figura 6.1.
A «kMhofr» 273
212 O HEROI í O FORA-OA-LEI
bém. dc segunda mâo. por escrito, diz que a fórmula original foi desenvol
Passo I: Buscando a alma da marca vida como um unguento para tratar a desidratação da pele dos pilotos bri
Comece realizando o equivalente a uma escavação arqueológica, para tânicos que sofriam queimaduras durante a Segunda Guerra Mundial Era
descobrir o "capitar mais profundo e mais significativo da sua marca — sua um tipo de arma secreta" para combater os efeitos terríveis da batalha e
essência ou alma Encare o exercício como se você fosse o "biógrafo" da mar alegava-se que o unguento era tâo bom que chegava a parecer mágico.
ca. fazendo perguntas do tipo: Quern a criou c por qut? O que alava acunteccn- Quando o produto foi adquirido e passou a ser comercializado pela Ri-
do na cultura como um uxlo na ípoca cm que a marca foi criada? Como a marca chardson-Vicks. ern 1970, seus administradores foram suficientcmentc sá
sc posicionou no inicio? Qual foi a melhor ou mais memordvel comunicando jd bios para perceber que nâo deveriam vender a “arma secreta" de maneira
criada para a marca? Como os consumidores vêm sc relacionando com a marca convencional: se o fizessem, ela perderia seu caráter especial. No início,
ao longo dos anos? Como eles sc relacionam hoje com a marca? Qual t o falor, usaram-se anúncios impressos, sutis e informativos, em vez da propagan
dentro de sua essincia ou "capital", que faz a marca se destacar da concorrtncía? da no horário nobre da televisão, com base na intuição de que o produto
deveria ser "descoberto" peias mulheres e nào “vendido" a elas. O conteú
do dc cada anúncio era espcciíicanientc projetado para sc encaixar no esti
lo editorial de cada uma das revistas nas quais era inserido. Mais tarde,
quando a propaganda passou a scr veiculada na tevê, os comerciais mostra
ram belas mulheres, do mundo todo, que usavam Oil of Olay. Mas os tex
tos conservavam aquela sensação de intimidade de-mulher-para-mulher.
com legendas do tipo: "Você vê sua mâe quando sc olha no espelho’’ A es
tratégia deliberada era a de fazer a usuária sentir que a identidade “públi
ca" da marca cra glamourosa quando vista na tevê ao lado do marido e da
família; mas a usuária e o óleo compartilhavam seus "segredos" quando ela
contemplava o anúncio impresso em uma revista.
A linguagem visual e verbal que envolvia a marca também tinha um ar
de mistério. O produto inicial nunca íoi chamado de "hidratante"; em vez
disso, sempre foi mencionado nas peças publicitárias como um "segredo de
beleza". Uma imagem da Madona enfeitava o logotipo. Nos textos de publi
cidade. o produto nunca era “aplicado" sobre a pele; era "derramado em pro
fusão". Solicitava-se aos novatos no negócio, tanto na empresa como em sua
agência de propaganda, que lessem a "bíblia" da Oil of Olay c agissem de
acordo com seus "versículos", os quais explicavam o caráter especial da his
tória c da cultura da marca.
Aqueles primeiros profissionais de marketing de uma poderosa marca
do Mago compreenderam e alavancaram a origem singular e o espírito da
marca e seu arquétipo (mesmo que nào compreendessem a teoria subjacen
Ta! como um biógrafo, voce irà explorar tanto o lado racional quanto te dos arquétipos nem reconhecessem conscientemente a Olay como uma
o emocional, tanto a história "documentada" da marca como o folclore que maica do Mago) Eles intuíram que estavam lidando com magia e que as tra
a envolve. dições mágicas, tal como a alquimia, eram transmitidas apenas aos iniciados.
Por exemplo, o "biógrafo da marca" descobriria que a fórmula origi Mais reccntemente, a tarefa de desenhar e lançar o novo Volkswagen
nal da Oil of Olay (uma linha de produtos para cuidados com a pele, líder Bcctle |Fusca| deve ter sido atemorizante. Como seria possível recapturar o
do mercado) (oi desenvolvida por Graham Gordon Wulff na África do Sul espírito icônico e a essência do sucesso do carrinho na década dc 60. e ain
na década de 1940. O folclore da empresa, transmitido oralmcntc e tam da rcinterpretl-lo de modo renovado na virada do milênio?
274 Q HERÓI E O FORA-DA-LEI
A alcuhotrí 275
ilas crianças, o que vinlia d.ir apoio a esse primipio consagrado Mas quan O papel da marca é funcional ou ele expressa algum valor para seus
do você ia a casa delas dc manhã para observar o que estava aconiecendo. a usuários?
dinâmica era diferente Depois que surgiu Sesame Street, as mâcs atarefadas A marca faz parte de uma categoria de produtos com alto envolvimen
(muitas delas preocupadas cm levar os lilhos mais velhos à escola ou cm to ou com baixo envolvimento?
irem, chs próprias, p.ira o trabalho) se sentiram livres para cuidar da casa e O uso da marca é ocasional ou rotineiro?
dc tudo o que precisavam fazer, aliviadas por saberem que o filho pequeno A tendência dos consumidores é usar exclusivamente a marca, ou tê-la
estava nas buas mâos dc um programa de qualidade. Ocasionalmente elas como a marca dominante, ou a marca faz parte de um leque de marcas que
iam .i sala dar uma olhada, talvez rindo dc um pequeno segmento do pro os consumidores acham igualmente aceitáveis?
grama. edi pois voltavam a seus afazeres. As mâcs estavam assistindo ao pro Qual é o nível de fidelidade dos consumidores à marca?
grama? Mais ou menos. Esse comportamento das màcs estava de acordo Você está tentando manter sua franquia atual, ou atrair para sua fran
cum a crença de que elas ficavam ao lado dos filhos pequenos diante da te quia usuários que preferem outras marcas, ou está tentando expandir o uso
vê. assistindo ao programa do começo ao fim? Nâo. geral da categoria de produto atraindo os usuários para a sua marca?
As obsei vaçdes feitas por esses estudos etnográficos levaram a equipe Você quer apenas aumentar a íreqüência do uso de sua marca entre os
de produção e os roteiristas a avaliar quanto do conteúdo deveria scr rele consumidores que já a usam?
vante para os aduhos c quanto deveria scr purarnente infantil. Muito da au
têntica inteligência e sofisticação adulta dos programas permanece, mas as
pesquisas ajudaram a explicar a imensa popularidade do novo segmento Passo 3: Encontrando a alavancagem competitiva
chamado "Elmos World", que íoi desenvolvido tendo em mente apenas a Depois de repetidas análises e de algumas pesquisas bem-feitas c sen
criança dc três anos dc idade. síveis sobre o consumidor, os Passos lei geralmente têm levado as empre
Outra perspectiva etnográfica «obre as manhãs nos lares norte-ameri sas a desenvolver uma hipótese sobre o arquétipo ou os arquétipos que sâo
canos levou a um tipo diferente dc percepção quanto a verdade do produio correios e verdadeiros para a marca na qual estâo Interessadas. O Passo 3 as
Operando com base na picmi$s.i bastante razoável dc que as mulheres eram segura que a "resposta" nâo é apenas adequada e conveniente, mas que ela
freneticamente ocupadas na parte da manhã, um grande produ;or de ali oferecerá uma diferenciação significativa e sustentável no mercado.
mentos estava focalizando o ’ desjejum na correria', uma pruposn saudável O modelo c o banco de dados BrandAsset Valuator. da Young &r Rubi-
e portátil para determinado segmento da população feminina Pata ajudar a cam. mostram que uma diferenciação relevante ê o "motor da marca" — a
refinar a idéia desse produio, coordenamos grupos focados para sondar co qualidade que mantém a marca viva e forte. No atravancado mercado de ho
mo eram as manhãs nesses lares Mas. cm vez dc apenas explorar o contex je. as marcas que parecem indiferenciadas caem para a condição dc commo-
to, pedimos a cada mulher para descrever detalhadamente o que ela comia
dity e. por decorrência lógica, o preço torna-se o critério básico para a esco
de manhã, onde c como fazia essa refeição Para nossa surpresa, por mais
lha do consumidor.
frenética que fosse a rnanhâ da mulher, o chamado "desjejum na correria"
Para começar a avaliar se o arquétipo proporciona uma base para a sin
cra. na verdade, um precioso momento dc calma Mesmo durando três ou
gularidade de sua marca, examine o ambiente competitivo em termos do sig
q-.iatro minutos, mesmo «ornado de pé junto á pia da cozinha, o lato é que
nificado arquctipico:
todas as mulheres entrevistadas por nós afirmaram que aqueles msiantes
com o pãozinho ou o cereal c uma xícaia dc café representavam o momen
• Algumas marcas quaisquer entraram inadvertidamente em território ar-
to cm que cias sc concentravam, examinavam a situação c juntavam forças
quetípico? Sc isso ocorreu, quais arquétipos? Algumas outras marcasse re
pura enfrentar o dia. Muitas delas saíam mais cedo da cama, antesque o res
lacionam claramcnte com o arquétipo mais adequado para a sua marca?
to da família sc levantasse, somente para desfrutar aquele momento dc cal
• Como seus concorrentes estâo apoiando os próprios arquétipos e se mos
ma no desjejum. O fato dc termos leno as perguntas certas (c de termos sa
trando à altura deles?
bido ouvir) salvou nosso cliente dc cometer um grande erroc permitiu que
• Em qual nível seus concorrentes estâo expressando o arquétipo? Existe al
sua empresa reavaliasse toda a proposta
guma oportunidade dc passar para um nível mais profundo, mais relevan
Algumas perguntas que poderiam fevar a uma exploração mais profun
te ou mais diferenciado?
da das relações entre o consumidor e a marca incluem as seguintes:
280 O HCROl E O FORA-DA-LEI
<
• Na sua categoria. há algum concorrente expressando o mesmo arquétipo ração dos Direitos protege "a vida, a liberdade e a busca da felicidade ). es
que você, ou os seus dois arquétipos? Existe alguma oportunidade para se tipo dc ínicrpretaçâo mais profunda do arquétipo, ironicamente, quase
um arquétipo realmente novo na categoria? nunca é transmitido aos jovens.
*
Esta avaliação competitiva deveria iluminar suas idéias e estreitar o €
Por exemplo, quando todas as marcas dc café eram variações do arqué campo dos arquétipos, ate chegar àquele que é claramcnic o melhor Seria
tentador “pedir emprestado' um pouquinho deste ou daquele arquétipo,
€
tipo do Prestativo, a General Foods lançou uma linha dc café instantâneo aro
matizado ao estilo europeu. oferecendo uma identidade do Explorador que mas então o poder essencial do conceito claro e coerente de um arquétipo €
dava aos consumidores uma maneira nova e excitante de expcr.incntar o ca estaria comprometido. Em vez disso, no momento em que um arquétipo pa C
fé Mais rcccntcmcnte c com mais sucesso, a Starbucks fez a mrsma coisa rece scr o correto para a sua marca, mergulhe nas profundezas de seu con
ceito. Examine os níveis dc seu arquétipo, conforme realçamos nos capítu
t
Muitas vezes, como discutiremos cm capitulo posterior, a marca líder
de uma categoria acaba possuindo o "arquétipo dominante da categoria" los anteriores.
c
(por exemplo, a Ivory “marcou" o significado profundo e arquedpico da lim Ás vezes e útil fazer um gráfico simples mostrando como seus concor t
peza). Sc o líder está fazendo isso, c fazendo-o bem. pode-se criar diferen rentes estâo posicionando os próprios produtos cm dado momento. O grá
ciação a partir de um arquétipo secundário da categoria ou talvez algum ar fico da Figura 6.2 identifica cm linhas gerais os arquétipos nos anúncios de t
quétipo totalincnic novo. Por exemplo, diferenciando-se da identidade sapatos que estavam sendo veiculados quando escrevíamos este livro. Claro t
Inocente da Ivory. a Duve firmou-se mais como uma marca do Prestativo, o que somente algumas dessas marcas têm uma identidade consistente. Se vo- t
que está ligado ao fato dc que o sabonete Dove tem hidratantes que o Ivory
nào tem c. portanto, “nutre" a pele. •
O líder da categoria às vezes também apresenta oportunidade para um
arquétipo “desafiador", ou antítese. Joc Camel fui o Bobo da Corte para o sé
rio I lerói da Marlboro; a Pepsi foi outro tipo de marca do Bobo da Corte que
t
ridicularizou com muito bom humor a santarrotia e Inocente Coca-Cola <
Outra oportunidade de diferenciação é encontrada quando você iden t
tifica um novo nível do arquciipo, que até então passou despercebido na ca
tegoria. Por exemplo, passando os olhos pelas revistas direcionadas aos ado
«
lescentes c adultos jovens, você encontrará anúncios aasolutamcnte <
inundados com imagens do Explorador, para tudo, desde roupas até entre <
tenimento. É provável que isso ocorra porque o elo Explorador/juventudc é
bastante Obvio, mesmo para quem pouco conhece dc arquétipos. Mas um <
exame atento fará você descobrir que quase todas aquelas marcas nào só têm
o mesmo arquétipo, como também todas elas operam no mesmo nlvcl des
se arquétipo — o uivei mais su|X-rlicial c obvio. Anuncio atris dc anúncio
mostra "o rebelde", quando a verdade é que essa é apenas a ponta do iceberg
do Explorador Debaixo da superfície estâo os aspectos mais profundos des <
se arquétipo, que sâo alianiciitc relevantes para as pessoas jovens, mas que
os publicitários estâo ignorando: o Explorador como buscador da verdade,
<
fiel a $1 mesmo, que nâo sc vende nem faz concessões e que se preocupa com <
os princípios Na Europa, a Levis se posicionou como a rnaxa dos jovens <
que têm a coragem e a motivação para embarcar na jornada dodescobnmcn-
to daquilo cm que acreditam — mas nos Estados Unidos (a terra dos imi
grantes. das amplas fronteiras e do individualismo vigoroso, onde a Decla Figuro é 2 <
c
í
282 O HERÓI E O FORA-DA-LEI A «kachofr* M
t
Além do estágio individual de cada cliente na vida, também é aconse t
lhável que você considere o estágio de cada um deles no ciclo da vida fami
liar. Seus clientes sâo pessoas solteiras, mais jovens ou de mais idade, ou sáo
t
idosos sobreviventes solitários? Se seus clientes estâo nos estágios dc "criar •
a ninhada", trata-se da fase inicial (filho caçula com menos de seis anos dc <
idade) ou da fase final (filho caçula entre seis e 18 anos de idade)? Já que
As têcn«M de projeçào com tx?$e râucrf geralmente $e mostram úteéAi duas hoje em dia as pessoas tendem a deixar o casamento e os filhos para mais
<
Atrações ooma focam w^zodaí em um estudo do Nobdnof Pwert.ng tarde, é bem possível que alguns indivíduos que estâo vivendo os últimos
Assodotion que nsava analtar « f>rkxxíode$ e preocupações dos ptssoos estágios do desenvolvimento pessoal dc Erickson também estejam vivendo
com flhos e das pessoas sem jWios draote do coNne eJeitocol no hora de os primeiros estágios da formação da família.
votoz. Em gero), sois abordagens revelam critérios mm profundai e Do mesmo modo, às vezes o aspecto dominante (ou mais visível) da
outênzicos do que quando os pessoos se submetem o um quesfronomeoto
dueto.
populaçio-alvo não necessariamente representa a melhor oportunidade pa <
ra você se conectar 3 esses clientes. Por exemplo, fizemos uma pesquisa en
tre mulheres na (aixa dos quarenta anos que estavam no estágio de "criar a
<
que alimentam e direcionam o desejo mais saudável c positivo terão sempre
ninhada", nossa pesquisa revelou nelas a tendência dominante de refletir o
mais sucesso do que os arquétipos que apelam para o desejo negativo. Em
arquétipo do Governante — levar as crianças de carona para lá e acolá, or
certo sentido, o uso do arquétipo positivo molda no cliente o instinto sau «
ganizar jogos e fcstinhas, manter a harmonia no lar e, ao mesmo tempo, de-
dável. Considerar o estágio da vida cm que estâo seus clientes t um bom
dicar-se ao próprio emprego. Ê o comprometimento dessas mulheres com a <
ponto de partida para você examinar a relação deles com o arquétipo que
vocé está pensando cm utilizar.
ordem, a estabilidade e o controle que torna tudo isso possível. «
<
<
w. ■.
M4 O Ht ROl t o FOR A-OA-lft
A <k«chofr< 207
Martlia Stcwart dc reinar contra a corrente, com o conceito da criaiivtdadc sem precedentes de confiança quanto ao seu potencial icônico ou lugar ar-
quetípico no mundo — o que resulta em sucesso no mercado c também em
domestica, talvez tenha encorajado a adoção desse conceito tanto na públi-
um foco excitante c revigorante para toda a organização.
< o-alvo primário quanto na cultura cm geral
Depois que o lugar arquetipico da marca no mundo foi esclarecido, o
I orças sinistras também prccnchem esses vácuos Para a cultura aleinâ
processo dc nutrir essa identidade — e benejiciar-se dela — deve ser admi-
du começo do século XX. desesperadamente em busca de qualquer vestígio
rviilcv dc numas (que nu Uij-.i-ui.i Iuhmhi .•> .. ................................. .
gócios) e para hdercs empresariais (que sâo responsáveis pelo planejamen se desviado de seu arquétipo urigiti.ii to cxpiviauui/ » p-»Mwu
ra-da-lei, o Herói, o (. ara Comum c. mais rccentcmente. o Amante. Bem. sc
to de longo prazo) e o conceito do "Banco da Marca", de Margaret Marks.
ela fosse lançar a linha "Férias com Levis", o que o consumidor poderia es
mostrado na Figura 6 4.
perar? Uma fuga espetacular e sensual? Uma viagem simples, com orçamen €
to limitado? Ou uma rude aventura nu deserto? Antes, todos nós teríamos
Construção da marca escolhido de imediato a terceira resposta, mas ultimamente as coisas nâo es
tão muito claras; isso cria uma situação negativa para quem quer se benefi €
ciar da identidade da marca-mâe. Considere, alternativamentc. o lançamen
to da linha dc férias da Polo Ralph Lauren Ou as viagens da LL Bean. Vocé
€
nâo sente dc imediato como seriam essas duas campanhas publicitárias? A t
comparação oferece um ótimo teste dc percepção. C
Alem dc estar certo dc ter nutrido consistentemente uma identidade
“Depósito»" forte, você precisa ter certeza de que as ações que representam "saques" do t
Víkx que
COn<r^u> pjrj
Banco da Marca sâo acompanhadas por ações equivalentes que "depositam" t
o significado desejado Por exemplo, as Ronald McDonald Houses. a McDo
* m»r<j
nald AU Schools Band c os restaurantes uniíormemente imaculados mais do
t
que compensam a mudança na política publicitária da empresa hoje a Mc t
Donald^ tem menos propaganda da mana e mais promoções competitivas è
e oportunas do que antes Mas se tudo o que foi feito tivesse mudado a ên
fase cm sua publicidade no nível nacional — sem quaisquer "depósitos"
t
compensatórios — seus "balancetes" mudariam e os norte-americanos co e
meçariam a ver a marca dc maneira diferente. Do mesmo modo, a produção t
brilhante dc Rft LtOo pela Disney, um cinema que renovou a Times Square
Uma marca é um repositório de significado valioso e da boa vontade
e a disputa acirrada entre a Disney/ABC e a Time Warner sâo acontecimen t
dos consumidores. A “oferta" (qualquer açâo realizada em nome da marca
— seja uma breve promoção a preços reduzidos para atrair novos usuários,
tos que nunca passam despercebidos ao consumidor. t
Esse tipo de Banco da Marca, ou "balancete", pode ser administrado
seja um programa de relações com o consumidor, seja uma extensão da li quase intuuivamente no caso das marcas menores, com um só produto. Mas.
e
nha dc produto) amplifica/nuirc o significado arquetípico essencial da mar
â medida que mais c mais marcas se tornam "supermarcas" com múltiplos *
ca ou dele sc bendiria Extrair benefícios do significado, neste caso, nâo é produtos, nasce a necessidade de um “serviço bancário" mais consciente.
necessariamente uma coisa ruim: quando Disney ou Ralph Lauren opta por Marcas como a Jcll-O e a Ivory têm mais dc um produto cada uma. mas
<
assinar seu nome em mais uma nova hnha ou concetio. ele está Justificada- a semelhança física entre os produtos que levam seus nomes ajuda a simpli <
mente 'lazendo dinheiro" em cima de muitos anos de uma identidade ar-
qiietipica cuidadosamcnte preservada e nutrida E um número cada vez
ficar a questão. Por exemplo, todos os produtos da Ivory estão associados t
com a limpeza, por bvo. sustentar e apoiar o arquétipo do Inocente dessa
maior de empresas está optando por tentar, desse mesmo modo, alavancar marca é tarefa razoavelmente automática. Considere, porém, as marcas an
au nuximo grau possível as marcas fortes já existentes, pois o custo de lan tes mencionadas — Disney, Ralph Lauren e outras similares, como a Virgin.
çar uma nova marca aumenta juntamente com o risco dc fracasso em mer- Cada urna delas tem inúmeros produtos, diferentes uns dos outros tanto na
cadnj alianicnte competitivos. forma como na função. Nesses casos, a tarefa consiste cm manter algum li-
Mas as coisas nâo sâo assim tâo simples: t preciso que as empresas, ao po de unídciJe conceituai entre os produtos e garantir que o significado nâo
longo do tempo, tenham tnvestido pesadamente na criação de associações seja esvaziado pelos "saques
* contínuos, mas sim constantcmcntc reforça
arqueiipicas fortes e consistentes antes dc presumirem que podem fazer di- do e reabastecido.
290 O HEROI E O FORAOAUEI
Nào causa surpresa, talvez, que a melhor maneira dc manter essa uni
dade conceituai seja quando c proprietário da marca C. ele próprio,um íco
ne vivo, como ocorre com a Virgin c a Ralph Laurcn, ou uma figura lendá
ria como Walt Disney. A sensibilidade do líder influencia tudo aquilo que
ele loca.
No entanto, os sistemas precisam funcionar mesmo na ausência do cul
to da personalidade, c o Banco da Marca é o melhor sistema que já encon
tramos DilcieiHcmeiHc do desenvolvimento dc planos de marketing linea
res. a administração da marca lambem dçve organizar planos para a marca
cm termos dos prováveis "depósitos" versus "saques", avaliar o “equilíbrio"
dos “balancetes" c fazer os ajustes necessários O processo de administração
d.i marca ganha peso igual ao do processo dc administrar a empresa, c isso
C imperativo sc náo quisermos dissipar a identidade arqucitpica
CAPÍTULO
OT
Contando a história
da sua marca
Assim como as marcas que encontram suas identidades arquetípicas. dar com as coisas da vida, também quando adultos. È provável que não te
lambem os símbolos dc marees, os eventos, os esforços dc relações publicas nhamos a mais remota idéia da fonte dos nossos fones sentimentos ao final
c as campanhas publicitárias as vezes trilham esse terreno poderoso, repro do filme ET. mas ela estâ lá. No mais fundo do nosso ser. agita-se a lem
duzindo padrões que cativaram as pessoas ao longo dos tempos. A Clydes- brança daquela separação c também o triunfo de ter sobrevivido a ela.
dales for Bud. o Ronald McDonald, o selo Cood I lousekccpmg, o Jolly Diante do tremendo valor do mito do Abandonado, nào causou surpre
Green Giant e o "zás" da Nike — todos esses símbolos permanecem, en sa que. quando Margaret Mark e Paul Wolansky (professor de cinema na
quanto a maioria dos outros cai no esquecimento depois dc algumas sema Universidade Southern Califórnia) reconstruíram os padrões dos roteiros de
nas ou meses de exposição. As pessoas nâo se cansam das idéias arquetípi- mais dc 500 filmes de sucesso dos últimos cinquenta anos, tenha emergido
cas. mesmo vendo-as repetidamente durante anos — ou décadas Múltiplas repetidamente, em intervalos regulares, uma história popular do Abandona
gerações de consumidores, segmentos Socioeconõmicos e etários c merca do. Quase todas as gerações necessitaram, e tiveram, seu próprio Abando
dos globais — tâo diferentes entre si como a noite e o dia — aindasâo uni- nado. (E pensamos nas oportunidades perdidas durante os períodos em que
versalmente atraídos para elas. E. o que e mais relevante para as rnmi-histó- nâo surgiu nenhum Abandonado de sucesso.) Os detalhes dessas histórias
rias que denominamos propaganda, os arquétipos costumam ser arquetípicas sâo bem variados, mas as estruturas básicas sâo admiravelmen
comunicados poderosamente soba forma dc histórias. te consistentes.
Qu.indo o íilmc f 1 lornoit.M
* nm su< esso estrondoso. muitos dc nos Tivemos Virtude Selvagem em 1946. O meu melhor companheiro em
nos admiramos que um pequenino extraterrestre tâo simples conquistasse 1958. ET ern 1982, Free Wlllyein 1993 — um impressionante reflexo do po
tantos corações. Mas nossa analise arquetípica identificou no filme um pa der e importância das histórias míticas. O Abandonado toma a forma de um
drão dc elementos que sempre apareceu em histórias ao longo dos tempos cavalo, de um cachorro ou da “politicamente correta" baleia dos anos 90. mas
a ‘f ábula do Abandonado", uma história do Prestativo para crianças a arquitetura fundamental dessas histórias e o propósito ao qual elas servem
Nessa fabula, uma pessoa de tamanho pequeno (gcralmente uma crian permanecem inviolados. Os detalhes sâo simplesmente atualizados para se
ça) começa sentindo-se deslocada c solitária, mas depois descobre «ma cria adequar aos tempos. Mas. em cada época, o público adora conhecer essas his
tura ainda mais vulnerável do que ela propna. A criança irnediatamente se tórias. e mais outra c mais outra, porque elas servem a algum importante pro
torna sua protetora Começa a se sentir mais forte, u cada minuto, â medida pósito psicológico nos espectadores, quer eles o percebam ou nâo.
que ela e seu protegido sâo capazes de se comunicar magicamente, desafian
do as diferenças de cspecie ou classe. Seu relacionamento é mantico ern se Quero lhe contar uma história
gredo. oculto das criaturas mais poderosas (cm geral, os adultos), raas se ex Existem somente duas ou trt$ grandes histórias humanas.
pande e inclui um círculo dc outros indivíduos vulneráveis Juntos, eles sâo F. elas estão sempre se repelindo.
capazes de vencer as ameaças ao bem-estar da cnaiurinha. Um adulto — gc- Ma impetuosamente como se nunca tivessem acontecido antes.
ralmcnte a mâe c sempre uma mulher — tem permissão de entrar no círcu — Willa Cather
lo protetor, tornando-se alr.ido do griipmho No final, levando a melhor so
bre seus predadores, o grupinho sc separa voluntariamente do protegido Como contadores das histórias das marcas arquetípicas, deveríamos scr
bem-amado devolvendo-o ao seu lar de origem para que ele possa se desen capazes de compreender c expressar as grandes histórias humanas, propor
volver dc maneira livre c apropriada. cionando uma “voz" — a ser comunicada através da propaganda, dos pon
Quase todas as gerações de crianças tòm suas próprias histórias do Aban tos de venda, dos websites. das relações públicas e assim por diante — que
donado Tais histórias ajudam as crianças a perceber que, embora um dia pre seja digna de uma identidade mítica. Em muitos casos, essas histórias serão
cisem sc separar daquilo a que mais amam c dc que mais necessitam — a mâe as narrativas que revelam os dilemas e questões essenciais ligados ao arqué
—. rias scráo capazes nâo só dc sobreviver a separação, mas cambemdesabro- tipo do seu negócio. No entanto, os grandes padrões de uma história fre-
cli.ir Isso e possível porque a criança, ao aprender que é capaz de cuidar dc qúentemcnte sáo usados por mais dc um arquétipo. Por exemplo, o conto
outra criatura, aprende que tainhcm será capaz de cuidar dc si mesma. de Cinderela é uma história do Amante e. por isso, ótima para ser utilizada
Vivcriciar essa historia indirciamcnte ajuda as crianças a se desenvol com uma marca do Amante. Mas se a sua marca tem uma função semelhan
verem I: iiYiudui ri história — mesmo inconscientcmcnic — nos a uda a fi- te â da fada-madrinha, então esse conto poderia ser utilizado por uma mar
_____________ Contando a tiUtórl» da sua rruixa 295
294 O HtRÔI F O FORA-OA.LSI
2 Mary Jane ScMmger. 'A Proíite of Responses to Commerculs'. Journal oj Adverming Re-
I Heuno Beliclhcim. Ihr (.’«■» vjI n< huntn-.enl (Nova York: Alírtd A Kmpí. Inc.. 1976). mrreh. Volume II. seiernbeo de IW4
296 O HEROl E Q FORA OA-ltl ____________
Contando a história da ma marta 297
nit.i para analisar repetidamente as rcsjxistas dc diferentes grupos dc con- Quando eram criadas peia intuição dc brilhantes diretores de arte c re-
suiindon-« a uma vasta gama dc comerciais das mais diversas categorias dc daiorcs. essas pequenas “histórias de marca" alcançavam um sucesso feno
produtos. os dois pesquisadores demonstraram que a propaganda nio esla menal e a técnica VRP proporcionou às agências uma ferramenta para ava
va isenta do principio de -utilidade da narrativa" que Bcttclheim e Joseph liar quantitativamenic e defender a propaganda que tocava corações e mentes
Campbell aplicaram às lendas e fabulas — nem do principio que Cirl Jung enquanto vendia produtos. Mas esses criadores e redatores, mesmo os me
utilizou para decodificar os padrões recorrentes nos sonhos de pacientes dc lhores deles, sentiam “a fonte secar", a inspiração diminuir. Aquilo que ain
diferentes partes do mundo da faltava às agências da Madison Avenue. Hollywood já estava agarrando.
Os melhores comerciais, como toda comunicação rcalmente eficaz,
atingem um nervo profundo ou revelam uma profunda verdade; cé possí
vel codificar e compreender as respostas a esse poder universal e atemporal. Guerra nas estrelas e O herói de mil faces
Consideremos, por exemplo, as características da empana, uma das sete di Na década de 1960, quando Georgc Lucas era aluno da USC Cinema
mensões da ‘ recompensa do espectador" examinadas na técnica do Viewer School. ele fez uma descoberta que influenciaria seu destino e mudaria pa
Rcward Proíile (VRP). A empatia revela até que ponto o telespectador par- ra sempre a arte c a técnica de fazer filmes: de descobriu os livros de Joseph
tkipa dos acontecimentos e sentimentos dc um anúncio, ate que panto ele Campbell. Guerra nas estrelas. o filme criado por Lucas uma década mais
assume um papel imaginário na situação c sente um envolvimento rinocio- tarde, se inspira profundamente naquela descoberta e no ciclo mítico do rei
n.il tom aquilo que esta acontecendo. A empana pode ser uma experiência Artur c os cavaleiros da Tavola Redonda. Nos mitos, o jovem camponês Per-
cinocion.ilincnte gratilicante. permitindo que o telespectador amplie sua au cival precisa tornar-se cavaleiro e encontrar o Santo Graal. para que a terra
to-imagem OU expresse seus piOprios valores. Os rituais e ritos dc passagem, nào pereça; cm Guerra nas estrelas, o jovem fazendeiro Luke Skywalker pre
a exibição de relacionamentos íntimos e calorosos e os personagem "maio cisa aprender o uso da Força c descobrir o meio secreto dc destruir a Fstre-
res que a vida” frequentemente geram altos índices dc empatia. mas nâo é la da Morte para salvar a galáxia. O mago Meriin é o mentor do jovem Ar
necessário, para gerar empatia, que as situações, os relacionamentos ou os tur; o cavaleiro Jedi Obi-Wan Kcnobi toma-se o mentor de Luke. Arthur
personagens sejam escravos do realismo.' (Figuras e lixais míticos,como o arranca a espada Excalibur da pedra onde estava alojada; Luke aprende a
Pillshury Doughhoy c o "vale" do Grccn Giant. geram índices acima da mé manejar o sabre de luz de seu pai. usando-o para pôr o mundo em ordem.
dia no quesito empatia .1 Conforme codificado pelo escritor, produtor e analista de histórias
A l.co Burneti Company. urna dos participantes originais dessa pesqui Chris Voglcr, a estrutura profunda de Guerra nas estrelas revela um parale
sa. utilizou o teste c as teorias para apoiar e ampliar seu legado dc criadora lo quase perfeito com o modelo campbelliano da Jornada do Herói, sumari-
dc campanhas c símbolos publicitários profundos e duradouros, cono o ho zado na Figura 6.5/ Mas. ao contrário do paralelo existente entre ET e o
mem dc Marlboro. o Jolly Grccn Giant c os duendes da Kecblcr. para citar mito do Abandonado, o enredo de Guerra nas estrelas parece ter sido mode
apenas uns poucos. Mais tarde. Joc Plummcr levou a técnica para s Young lado dc modo mais deliberado e consciente.
òr Rubicam. utilizando-a p.ira apoiar c enriqueceras ideias dessa empresa Guerra nas estrelas tornou-se. é claro, o maior campcâo de bilheteria de
sobre trabalho criativo guiado pelo "lampejo dc inspiração —grandes cam todos os tempos. A produção de Lucas pavimentou uma nova estrada Antes
panhas sustentadas por historias, que conquistaram o aplauso da indústria dele, sempre existiram incontáveis "parâmetros para roteiro". Aristóteles co
e sucesso no mercado para marcas como Hallmark. Al&T. Merrill Lynch e dificou os princípios básicos do drama na Poética, em 321 a.G. e mais de mil
Johnson Johnson anos mais tarde, Lajos Egri (em The Ari of Dramatic Writing. 1946) também
Outras agências dc propaganda também chegaram lá por seus próprios enfatizou a importância da lição ou da premissa. Em 1979, Syd Field ofere
meios. Suba liderança dc Phd Duscnberrye Tcd Sann (dois dos maiores con ceu um paradigma com três partes, simples e fácil de entender, em The
tadores dc historias do inundo comercial), a BBD&O criava, uma itrás da Screenplay. enquanto grandes cineastas como Akira Kurosawa c Jean Renoir
outra, histórias dc marca deliciosas e duradouras para a Pcpsi.
4 Chmtopber Vbglcr, The Wrxeri Jovmey. Mythle Sfracture f<
* UViiers (Michacl Wi«c
Productiom. 1998).
1 Ihul
29» O HERÓI e O FORA.PA.lt» Contindo » hUtérU d» w» mart» 299 Ç
para toda uma nova fonte dc inspiração e validação dc todo ttpo dc pessoa
criativa que íniuitivamente pensa e sente ern termos arquetípicos. mas nâo
possui ferramentas que orientem e estruturem seu trabalho. C
€
Trazendo os mitos para a Madison Avenue £
Margarct Mark sempre acreditou que os padrões das histórias arquetí-
picas podiam ser estudados, codificados e aplicados ao desenvolvimento da
propaganda c de outras comunicações comerciais. Ela também achava que a
comunidade do marketing sofria de uma espécie de isolamento, no sentido <
dc iüo sc lK-nclici.ir piciiaiiicmc do <|uc ptxlcria scr aprendido com as respos- (
tas do público a arte e â literatura — nào apenas o material produzido por
universidades e intelectuais, mas em suas formas mais comuns c cotidianas.
Se somos os “fazedores de imagem", por que nâo estamos contmuamente C.
examinando c tentando compreender 0 apelo dos impressos que sào escolhi- £
dos para ser pendurados nas paredes das salas dos Estados Unidos e do ro-
to do mundo? Ou então, por que nâo estamos estudando as imagens c as pa
lavras que aparecem nos cartões dc saudações mais populares ou nos cartões t
postais que os turistas provavelmente comprarão quando visitarem Washing
ton c Nova York? (Qual símbolo dos Estados Unidos t escolhido espontanea
mente pelo norte-americano comum e pelos turistas estrangeiros? Nâo será
algo que os sofisticados profissionais de marketing da comunicação deves
sem conhecer?) Ou entâo. por que nâo estamos continua mente analisando o
conteúdo das letras das músicas mais populares? E o mais importante, por
que nâo sentimos a urgência dc compreender as histórias que as pessoas ama
ram c cultivaram ao longo dos tempos no mundo todo?
Trabalhando independentemente e com a Young & Rubicam, Margaret
associou-se a Wolansky para examinar sistematicamente os padrões do mais
“popular" dentre nossos "sistemas de divulgação" dc histórias: o cinema. Fil
me por filme, Wolansky dcsconstmiu as histórias, nâo pelas categorias super
ficiais dc "gênero" (comedia romântica, horror/suspense. etc.), mas em ter
mos de sua arquitetura profunda: os "ossos
* da história. O trabalho da dupla
Frguro 65 focalizou deliberadamente filmes que fizeram sucesso no mercado, deixando
de lado filmes que foram aclamados pela crítica mas rejeitados pelo público.
jâ tinham reconhecido a semelhança entre a estrutura de um filme c a estru No final, suas análises mostraram que praticamente todos os campeões
tura sinfônica — tris ou quatro movimentos, incluindo expos.çào. desenvol dc bilheteria dos últimos 50 anos refletiam padrões míticos, no todo ou cm
vimento c resolução. parte. Na maioria dos casos, esses padrões tinham antecedentes na literatu
Mas o que Lucas fez com o trabalho dc Campbell foi muito alem dc ra, nas narrativas sagradas, nos mitos c nas lendas. Mas o interessante é que.
aprimorar a “técnica" ou fluxo narrativo da história: conforme sugere Wo- cm alguns casos, o filme parecia ter exigido algumas adaptações a fim dc sa
lansky. Lucas tirou proveito da percepção de que é a lula intima do perso tisfazer ao público. Esse fato era mais evidente entre aquilo que o cinema
nagem que oferece a estrutura profunda. I; seu ato lanilx-m ibrlu caminho chamava de “narrativas que advertem". Nas religiões c na literatura ê abun-
r
300 O HCROI t o FORA DA-Lt Contando a história d» sua marca 301
itantc a categoria chamada Paraíso Perdido": o Inocente, insatisfeito com a ta mal o padrão, vendo-o como “realize suas fantasias"; nesse caso, ele dis
beleza do inundo à sua volta, estende a mâo e pega o fruto proibido e, co torce o valor ou a mensagem da história, como talvez tenha acontecido com
mo resultado, perde tudo aquilo que era bom em sua vida Na Bíblia e nas um fiasco cheio dc estrelas chamado O espelho tem duas faces. Nesse filme,
peças moralizantes medievais, ninguém poderia "exigir devolução co in barbra Strcisand torna-se algo que ela mio é a fim de conquistar o amor —
gresso" só porque a história continha uma advertência severa e um final in ou seja, não é um gabarito terrivelmente útil para uma pessoa viver a pró
feliz. Nos lilmcs. porem, a “advertência" dwe scr transmitida dc mode mais pria vida. As grandes histórias do tipo Patinho Feio, por outro lado, mos
obliquo, para scr aceita Assim, por exemplo, o final do filme Ana(áoJ'atal, tram-nos como compreender e expressar aquilo que somos, e então todas as
uma clara Irisiória do tipo Paraíso Perdido (como a dc Adáo e Eva oi a do coisas se encaixam cm seus lugares.
Dr. Fausto}, foi mudado da ruina absoluta para uma segunda chance, de úl O estoque total desses ricos padrões narrativos pode ser compreendi
timo minuto, para o protagonista, resultando numa espécie de adaptação do do como guias ou advertências que comunicaram as mensagens ou “dons
*
“Paraíso Quase Perdido". Em sua maioria, no entanto, as estruturas narrati correspondentes, conforme mostra a Figura 6.6.
vas dos filmes de sucesso mostram extraordinária consistência com as fábu
las. os mitos e as lendas. Consideremos, por exemplo, o desenvolvimento Os Guias
do conhecido Patinho Feio: Aventura j
Paraíso
A Jornada Encontrado
O Patinho Feio
• A beleza, virtude ou poder especial do protagonista é oculto por roupas
Transformações
comuns ou por um disfarce.
• O protagonista está preso numa situação estagnada (estase).
• Ninguém |>crccbe a verdadeira potencialidade interior ou as vmudes do
Redenfõos Histórias de Patinho
protagonista, com exceção de um indivíduo, que stispcíkique elas possam
Enjeitado» Feto
existir. Paraíso
• () moinciito-chavc c a mudança do traje ou de aspectos “externos", que Visitado
revela o verdadeiro scr interior. | Segurança)
Paraíso
• O protagonista começa a perceber sua identidade especial.
(Quase) Perdido
• Forças (ou obstáculos internos) conspiram para trazer o protagonista dc
volta ao seu papel original
• O protagonista vence essas forças e conquista o merecido reconhecimento
temporariamente, e irresistível
í
f
304 O HEROI t Q FORADA-Ltl
CoefarxJo a Nttória da ma marca 30S
Outras marcas conseguiram permanecer fiéis à sua identidade contan- dor solitário e isolado sc sinta ligado ao mundo. Ao som do "Rocket Man
do histórias que expressam a vl.içâo dc sen arquétipo com outros arquéti dc Elion John, um homem em um avtâo manda um fax para a mulher, pe
pos. Por exemplo, a equidade profunda da Af éar'I laz dela uma forte marca dindo que ela apareça na varanda dc casa em certa hora daquela noite. Sain
do Prestativo. Enquanto a indústria mudou radicalmcnte desde a desapro do a varanda, ela vê o avião do marido sobrevoando a casa, lá no alto, entre
priação (c continua a mudar dia apôs dia), as raízes profundas ca AT&T e as estrelas.
sua melhor alavancagem estio no (aio de que a empresa é a marca de tele A campanha das "histórias" demonstra maravilhosamcnte como um
comunicações que mais tem interesse nos clientes e mais se interessa pelos arquétipo, o Prestativo, ajuda uma multidão de pessoas As histórias, em si,
clientes. Seu apelido original era “Ma |Mamâe| Bell ". Durante i desapro sâo narrativas poderosas, enraizadas em estruturas profundas que sâo ao
priação, reconhecendo que o cliente estava conluso e ansioso, a AT&T criou mesmo tempo conhecidas c inéditas: reconhecemos de imediato a profun
uma linha 800 e veiculou uma campanha publicitária convidando a pessoa da verdade humana que elas contém e, no entanto, ficamos surpresos ao vê-
a telefonar, com o refrão "Vamos conversar". Os telefonistas da AT&T aten las recontadas de maneira tâo nova e inesperada. Com efeito, é a familiari
diam ao telefone perguntando “Como posso lhe ajudar?" e durante algum dade surpreendente das histórias arquetípicas que nos faz reconhecê-las
tempo a propaganda nacional da AT&T também usou essa expressão. Esses instantaneamente, mesmo na rapidez de um comercial de 50 segundos.
telefonistas ganharam a fama de irem muito além de sua obrigação para re Cari Hixon, um dos gênios criativos dos dias dc glória da Leo Bumett,
solver os problemas dos clientes e tivemos muitas histórias de telefonistas assim resume a questão:
que salvaram crianças que os chamaram em casos dc emergéneiís.
Mesmo na coníusâo dos tempos mais recentes, quando na AT&T se txvel muitos anus e apanhei muito ate da> valor ds coisas conhecidas, fa
miliares. Isso porque, como jovem redator, meus instintos mc mandavam evi
desvanecem as legitimas cores do Prestativo, a empresa ainda se destaca do
tar o famihar e abraçar o canCcnipardnco Mas cu aprendi a lt(do Um dos
grupo. Foi o que ocorreu durante uma fase da campanha publicitária nacio
meus mestres foi Jimmy Durante. “o narigudo", com quem trabalhei muitos
nal cm que o Prestativo da AT&T interferiu no papel de outros personagens
anos na década de 60 .Jimmy aplicava a teoria da familiaridade ao seu hu
arquetípicos. Por exemplo, em um comercial que mostra a mãe superatare-
mor Ele acreditava que ha dois tipos de humor, o humor da surpresa, que
fada e realizadora, o Prestativo permite que ela sossegue, relaxe e se deleite faz voei deparar com algo inesperado, e o humor da coisa conhecida — es
temporariamente cm um mundo do Inocente (Paraíso Visitado): a mâe "en se t o tipo de humor que as pessoas adotam ouvir repetidas vezes, como
forca" um dia de trabalho e leva suas lilhinhas à praia. Seu celular da AT&T ciiancas ouvindo uma historia conhecida antes de dormir. O humor da sur
torna isso possível, pois durante o dia ela pode ligar para o escritório. presa desaparece no instante em que a surpresa t revelada O outro humor
Em outro comercial da série da AT&T, o Prestativo ajuda o óiíâo a en melhora com o passar da tempo. Os shows dc Jimmy Durante se construíam
contrar abrigo, numa estrutura narrativa de Rcdcnçâo/Anjo Errante que é jobrr o segundo tipo de humor — sobre o bem-amado familiar — velhas ro
muito semelhante àquela expressada em A felicidade nào se compra. Um jo tinas que as plateias conheciam dc cor e salteado. e fitariam desapontadas
vem fugitivo, sofrendo profundo desespero num beco escuro, encontra o ca se náo as ouvissem
minho dc volta ao lar. cm termos espirituais e literais, graças à experiência
mística de ouvir uma bela voz feminina cantando “AmazingGrace no ar frio "As marcas e as histórias arquetípicas são familiares porque pertencem
da noite. A música desperta lembranças de casa, como a de seu pai compran à nossa vida interior", diz llixon. “tâo certamenic quanto a lembrança dos
brinquedos que tivemos na infância, da música que fez pano de fundo para
do a árvore dc Natal c prendendo-a no bagageiro do carro. O jovem vai ate
o nosso primeiro amor ou do cheiro do nosso cachorro quando sc molha
uma cabine telefônica c diz ;1 telefonista que quer ligar para casa mis nâo tem
dinheiro "Fique na linha, vou ajudar você", diz cia, completando a ligação va." Nós as reconhecemos c aceitamos porque os conceitos que elas repre
para a espantada e chorosa mâe do rapaz. 0 comercial, veiculado na época sentam sâo maiores do que o produto ou serviço; o produto ou serviço é sim
do Natal, termina com as palavras: “Se vocé está perdido ou desamparado, plesmente um aspecto do significado delas.
nos podemos ajudar. Ligue grátis para este número. Feliz Natal. AT&T." Claro que a história tanto pode scr contada por impresso como veicu
lada na tevé. Alguns dos melhores anúncios impressos sempre evocaram uma
O número dc chamados para aquele numero foi tâo grande que até
mesmo as poderosas mesas telefônicas da AT&T ficaram sobrecarregadas.
história, mesmo que nâo pudessem contá-la por inteiro. Considere, por
Em outro comercial da série, o Prestativo da AT&T permite que o Explora exemplo, a longa campanha que apresentava o "Hathaway Man", com seu ta-
308 O KtRQl £ O FORA-DA-LEI_____________
[ffl
namento com a experiência de dirigir. Finalmente, pedimos a eles que indi seja uma caranguejola ou a maior lata-velha, nosso primeiro carro torna-se
cassem qual empresa automobilística ou qual marca de carro eles associa uma evidência concreta da nossa autonomia e independência a expres
vam a essas situações, imagens c sentimentos. são dos nossos anseios ligados ao Herói e ao Explorador.
Os resultados foram espantosos. Motoristas que. em abordagens mais Em muitos aspectos, o carro também é o primeiro “lugar só meu . Mui
convencionais, teriam falado de quilometragem por litro de gasolina e des tos jovens passam horas sentados no carro, saboreando a sensação de estar
contos na compra do carro, ofereceram lembranças de suas primeiras expe
no espaço que lhes pertence. Para ajudar a lançar mais luz sobre o significa
riências na direção que eram muito mais ricas e autênticas do que aquelas do profundo dos carros e do ato de dirigir, enquanto estava na Young &r Ru-
gcralmentc mostradas pelas pesquisas sobre as preferências do consumidor bicain Margaret beneficiou-se da experiência do antropólogo cultural Grant
Um homem simplesmente recordou 'noites quentes de verão loiras, poli McCracken. que escreveu:
ciais e a cor vermelha".
Ao responder ás palavras e frases, muitas pessoas se relacionaram com Os norte-americanos marcam sua entrada na maturidade pela posse
carros e com o ato de dirigir a partir de uma perspectiva do Prestativo. Os de uma carteira de habilitação. Na verdade, em nossa cultura nâo existe
homens tendiam a ver a escolha c a manutenção adequada de seus carros nenhum outro rito de passagem Algumas culturas fazem seus jovens
como uma oportunidade de proteger a própria família. As mulheres tendiam passarem uma semana de privações no deserto. Outras culturas realizam
uma cerimónia na qual o jovem é coberto de untas e penas. Na nossa cul
a adotar uma perspectiva do Prestativo ligciramente diferente; muitas delas
tura. náo temos rituais desse tipo. Na nossa cultura, temos carros.
revelaram que. na frenCiica vida familiar, o carro tinha se tornado o único
A lógica d«» rimai do carro e bastante clara. Somos testados pelas au
lugar onde as pessoas eram realmente forçadas a estar juntas, ao mesmo
toridades. Sc 'passamos", ganhamos o direito de ter o “eu" dramatica
tempo, e acompanhar o dia-a-dia umas das outras. As mulheres tinham uma
mente ampliado Recebemos nossa licença para dirigir e. com ela. ganha
sensação de intimidade quando dirigiam com a família: mais tarde batiza
mos acesso a um carro e. com isso, adquirimos uma nova liberdade ante
mos essa descoberta de "carcooning" falgo como "rcunir-se nc carro"). nossos país bem como poderes de controle novos, quase adultos. Se for
Mas a resposta que se mostrou mais avassaladora c intensa com respei mos reprovados no teste, nada acontecerá. Permaneceremos imaturos,
to ao significado profundo dos carros e do ato de dirigir estava ligada ao He simples 'garotos".
rói e ao Explorador. Reagindo às palavras c frases, muitos motoristas indica Mas. o que é pior nesse último caso, o "cu" precisará permanecer tal
ram que. para eles, a experiência de dirigir tinha a ver com testara si mesmos, como ê. sem ser ampliado pelos poderes da máquina.
enfrentar o mau tempo, estar A altura dos desafios c superar o> obstáculos.
Para eles, nâo tem valor a experiência do tipo saláo-sobre-rodas — muito em McCrackcn prossegue:
bora esse tipo dc experiência apareça bastante na publicidade de automóveis
e seja enfatizado no s/imv-room das revendedoras. Suas primeira» lembranças Esse rito de passagem tem a ver com a mestria. O teste, aqui, ê ver se
dc carros e direção estavam em linha com essa descoberta e ajudaram a ex conseguimos dominar o cano, a medida da nossa maturidade. A ques
plicar a importância fundamental do automóvel na nossa cultura. tão ê: "Ganhamos mestria suficiente para recebermos mais mestria?"
Estava claro que para muitos norte-americanos — especklmente, mas Nosso ritode passagem trata de avaliar se crescemos o suficiente para re
nâo exclusivainente. os homens — os carros e o ato dc dirigir eram o pri ceber o único instrumento da nossa cultura que expandirá dramatica
meiro "verdadeiro amor". Também ficou claro que obter a carteira dc moto mente nossa mestria. A questão nâo é apenas "Você ê capaz de dirigir o
rista é um dos poucos verdadeiros ritos dc passagem na nossa cultura, mar carro?’, mas "Você está pronto para tim "eu1 adulto? Você tem mestria su
ficiente para merecer mais mestria?"
cando a entrada na vida adulia.
Muito antes de trocar os pais pelos amigos e companheiros, o jovem já
r\ medida que amadurecemos e assumimos responsabilidades — parti-
e$
trocou pelo seu carro. Isso acontece porque o significado essencial docar-
í totalnicntc compatível com nossas necessidades de desenvolvimento cularmcnte a de criar os filhos —, nosso relacionamento com os carros so
naquele estagio da vida. O carro acompanha e acelera o ato de sc separar dos fre mudanças profundas. A sensação de pura liberdade e independência que
pais, fortalece c apóia o individualismo e o desenvolvimento do ego e ali o ato de dirigir antes despertava cm nós fica comprometida pelas restrições
menta a crença natural do jovem nas possibilidades ilimitadas. Mesmo que e responsabilidades do casamento e. cspecialmente, da paternidade/mater-
J24 O HtROl t O fORA-DA-ltl
iihlailc Nossa pesquisa mostrou que o ato de dirigir se associa con o res ciais" c dcjwis lhes pedimos para "escrever suas próprias histórias' sobre
peito pelos outros, que sc opòc à pura aulo-indulgêncta: dirigir para o tra uma “noite perfeita" envolvendo o consumo de cerveja. Analisar a estrutu
balho, levar os filhos para todo canto e enfrentar o transito ra dessas histórias e conectar seus padrões com os padrões recorrentes en
Contudo, também vimos que por baixo da superfície existe nosso an contrados na literatuc na mitologia lança ainda mais luz sobre aqudo que
seio dc inci.i-tdade pelo significado essencial do carro — c pelo Explorador a categoria faz por esses indivíduos e o que significa para eles.
jovem e mais livre que vive denuo dc nós. Nossa pesquisa revelou que ele Num desses estudos, diante de uma gama de histórias geradas pelos
mentos simples do desenho, conto um teto solar, um Cl) player. a cor ver consultados, os rapazes quase umversalmente escolheram a história que
melha ou caraciciísttcas esportivas radicais adquirem um grau despropor mais bem capturava suas sensações a respeito da cerveja:
cionado de importância para a mâe atarefada que ainda precisa sentir que
não perdeu seu cu. muito embora carregue quatro filhos no carro. Conse Um lugar onde a vida 6 fácil, sem grilos nem chateação.
guir fazer um cavalo-dc-pau no asfalto molhado (ou observar profissionais Todo mundo í tratado igual e se dá bem.
faze-lo cm velocidades estonteantes) oferece uma emoção heroica que é di
Em termos arquetípicos. esse “terceiro lugar’ (que nâo está ligado nem
fícil dc scr obtida nos dias dc hoje, lais percepções profundas foraia usadas
au lar nem ao trabalho) é o ambiente livre de pressões onde você é aceito in
por nosso cliente para ajudar a estimular o cresc imento fenomenal dos uti
condicionalmente pelo que você ê, onde todos sâo iguais c onde a cerveja é
litários esportivos na indústria — veículos cujas características “radicais"
o grande nivelador — o ambiente ideal para o Bobo da Corte que tanto ama
ddiciliiiciite são nc‘ccss.lrijs nas cidades e siihurbios. mas que /wsciviini
uma parte importante da nossa vida interior se divertir.
Quando esse conceito foi incorporado por um programa de televisão.
(>s carros, claro, têm outros significados que podem scr usados para di
Chctrs, o seriado foi um dos que ficou mais temporadas no ar na história da
ferenciar as marcas status. luxo, rclicldia c sofisticação, por exemplo Mas
tevê (“Onde lodo mundo sabe o teu nome, onde todo mundo tem os mes
cada um desses significados deve scr entendido dentro do contexto mais
mos problemas"). 0 fato dc ser altamente improvável que um psiquiatra e
amplo do significado essencial da categoria e o ideal i que se unan a ele.
um carteiro frequentem o mesmo bar todas as noites t irrelevante; na ver
Nesta categoria, o espirito do I leroi e do Explorador é o "vento dc popa" que
dade. é parte da magia do conceito. Embora o mundo exterior trace linhas
oferece uma fonte inesperada dc energia e velocidade no mercado.
bem claras a respeito da posição social e do status dos indivíduos, naquele
O fenómeno do roreocming. além disso, sugere que existe uma orle e$-
lugar perfeito, suspenso no tempo por alguns minutos, todos sâo comuns e
sCncia alternativa para os carros. O antecedente histórico da essência da cate
todos sâo iguais.
goria d<> carro é. muito provavelmente, o confiável cavalo do Explorador —
O mesmo conceito mítico do "melhor lugar" do Bobo da Corte foi evo
como o Silvcr. do Zorro. Mas para um número considerável, embora menor.
cado em uma das primeiras e bem-sucedidas campanhas da Miller Lite: a
<lc pessoas, o antepassado alternativo da essência dos carros talvez seja a car
Miller Lite “Alt Siars". No começo da década de 1990. a Young & Rubicam
ruagem. fechada, segura, comunitária Embora esta última identidade carre
quis ajudar seu cliente Philip Morris a compreender como aquele exemplo
gue menos vigor que a essência primária da categoria, ela ainda oferece um
histórico dc publicidade conseguiu tirar o produto da esfera da "cerveja
ponto forte dc diferenciação c uma oportunidade para aprimorar o descnlio
dict" sucedânea e posicioná-lo como uma cerveja dc verdade para homens
do produto Como poderia ,n mmivaii. por exemplo, fai ditar os sent mentos
divertidos. Nossa pesquisa mostrou que aquela peça publicitária tinha uti
dc intimidade ou aconchego elas famílias cuja melhor o|>orlumdade k estar
lizado o fluxo poderoso da essência da categoria. Grani McCracken enge-
juntas cm um lugar, ao mesmo tempo. é quando estão dentro do carro?
nhosamente rotulou o personagem desse "melhor lugar" como "O mundo
de Riggins", descrevendo a natureza essencial da cerveja c um certo tipo de
Outras técnicas para descobrir a essência da categoria mostraram-se O “mundo de Riggins" segundo Grant McCracken
úteis cm raim>s industriais tão diversos como cervejaria c serviços bancá Aqui esiá a imagem para se ler em mente. Ela é um momento quin
rios P<»r exemplo, demos a jovens bebedores de cerveja algumas "dicas ini tessência! na cultura amcncana. E contêm o segredo da campanha da
J28 O HfROl t O FORA-OA-LCI
Mil/o Life "AH-Mar". A imagem «‘simples Hl um homem dormindo de Riggins. bem. Riggins nâo tinha leito nada de que se envergonhar
baixo de uiiu me» Mr. Riggins vai a Washington. É no começo da dc ■ Roncar durante um discurso do presidente parecia ser algo glorioso, to-
cada de 1980. Estamos sentados num salão em Washington Todo mun lalmenic dc acordo com a personalidade dc Riggins e absoluiamente
do está aqui. adorável. Por quí
* Em parte porque fez todos pensarem na velha piada
Baker está em uma mesa. Kissinger. em outra. Estrelas de Hollywood sobre "o elefante, onde é que ele dorme?"
salpicam i» salão Estamos aqui para uma das grandiosas festas que mar No caso dc Mr. Riggins. claro que era “em qualquer lugar onde ele qui
cam o cerimonial dc Washington c a presidência imperial. Estamos aqui ser". Havia também a idéia dc que o cara que irouxe para Washington a
para reverenciar a nova Era Rv.ig.in laça do Su|»er Bowl tinha as chaves da cidade Sc ele queria dormir en
O lugar está lotado de sumidades locais, todos esplêndidos em seus quanto 0 presidente discursava, ora. que dormisse! Afinal de contas, sem
finos irajes de noite. As mesas gemem ao peso dos cristais c porcelanas. scr pelo Super Bowl. Washington nâo realizava nada importante há anos.
Candelabros cintilam acima da nossa cabeça. Esta t Washington no que Mas o que foi que realmente salvou Riggins de passar ndículo? O que
a cidade tem dc mais suntuoso. O presidente já vai discursar A multi realmcnte tornou seu gesto tâo absolutamente adorável foi o fato de ter
dão, ruidosa até agora, começa a ficar quicia O presidente abre caminho sc inspirado tâo pmíundaincnte nos próprios alicerces culturais da mas
ato o estrado. A multidão faz silêncio. culinidade norte-americana. Aquela soneca debaixo da toalha foi vista
Bem. quase silêncio. Dc um canto distante do saláo vem um som ris- imediatamente como uma representação dos significados mais funda
cante Parece um pouco com um ionco. Santas graças, i um ronco! Al mentais dc virilidade. Era a quintessência daquilo que faz um certo tipo
guém pegou no sono bem no ponto alto do evento social mais importan de machão Era 3 quintessência daquilo que um certo tipo de machão nor
te da estação Alguém “capotou" diante do presidente dos Estados te-americano pode e deve fazer A soneca de Riggins talvez nâo estivesse
Unidos. A ordem do grande cerimonial de Washington foi quebrada. A dc aturdo com a eiiqueia Mas era a irn-igcm que definia o machão nor
nova presidência imperial foi ofendida. te-americano. Era o que se esperava que fizesse u machão norte-america
As pessoas estão zangadas, muito zangadas. Quem ousa insultar o no. em sua versão mais elementar, diante dos cerimoniais, das formalida
presidente? Olhos varrem o salão buscando o autor do ultraje. Procuran des. dos refinamentos civilizados, do protocolo: Diante disso tudo,
do algum pobre coitado que exagerou no gim tônica c caiu dormindo em "espera-se que" esse machão entre debaixo de uma mesa e ferre no sono.
cima da salada E estão buscando vingança. Esperem sô até botarem as Afinal de contas, jogadores de futebol americano sâo produtos da na
mios nesse cara! Vâo acabar com a carreira dele, expulsá-lo de Washing tureza. Sâo homens que ficaram relativamente intocados pela civiliza
ton. obrigá-lo a viver na mais abjeta humilhação pelo resto da vida ção. Sâo homens que nâo conhecem os formalismos da sociedade edu
O que as pessoas encontram sâo duas pernas despontando por debai cada. e não ligam a mínima para essas coisas Eles sâo caras que se
xo das ricas dobras de uma tualha de mesa. De lá vem um ronco violen alimentam das forças fundamentais. Sâo caras que constituem uma pre
to. Alguém conseguiu pegar no sono debaixo da mesa. Consternação ge sença elementar no mundo moderno Ora. o futebol americano é a prá
ral. Quem diabos é este cara? Alguém levanta as dobras da toalha c dá tica da violência com um mínimo de mediação. É uma atividade física e
uma espiada. F entáo sorri. Quando a notícia se espalha, todo mundo emocional do tipo mais primitivo Afaste esses caras do campo, afaste-
sorri. O roncador, descobriu-se. é John Riggins. que joga no Washington os da violenta companhia dos machões, introduza-os na sociedade poli
Redskins cio jogador mais valioso do Super Bowl da .. c eles sc chateiam, sc tornam uns ignorantes. Afaste o homem ele
Importante aqui é o que aconteceu a seguir Tudo o que deveria ter mentar dc seus elementos .. e tudo que ele quer é encontrar um cantinho
aconiectdo nâo aconteceu. A segurança nâo apareceu para expulsar debaixo da mesa mais próxima para dormir e matar o tédio.
aquele burro vulgar Ninguém franziu o nariz em reprovarão. O mundo Do ponto de vista técnico do marketing, o desenvolvimento provável
nâo recuou horrorizado. Ninguém, naquela cidade tâo consciente do sta- desta campanha parece bastante claro Tomou-se a decisão de fortalecer
tus. demonstrou seu desprezo Ninguém saltou para restaurar a honra a masculinidade da marca, a fim de neutralizar toda e qualquer associa
do presidente. ção de cerveja “light". Escolheram-se jogadores de futebol americano
A verdade é que iodo mundo apenas sorriu Todo mundo simplesniei- grandalhões e malvados, para posicionar o significado da marca e lomâ-
le balançou a calieça, sorriu e disse: “Bem. ai está o John Riggins ’ E este la mais aceitável ao bebedor de cerveja tradicional
foi o fim «l.i história. Riggins nâo fui ridicularizado nem censurado por Mas o que torna esses anúnt ios tâo eficazes é que eles sc direcionam
seu gesto: loi celebrado. Descobnu-se que todo mundo adorou. Ficaram para um tipo muito especifico de virilidade norte-americana. Esses
encantados Riggins caiu no sono ouvindo o presidente. Um barato! anúncios nâo falam apenas da masculinidade do valentão. Falam do ti-
|X» dc masculinidade <lc Riggins. li são ainda mais específicos: (alam ca Em segundo lugar, veja onde sc situam todos esses anúncios. Os atle
maneira pela qual um in.« lüo tipo Ri.-ms nào dâ a mínima para a so tas estâo bem ali no bar da esquina. V<xê nâo vê nenhuma das façanhas
ciedade polida c o mundo < i l .dam dc um ttpo dc masculinida de Bo correndo de bicicleta pelo asfalto molhado dc chuva. Eles estâo
de norte-americana que sc apatia do mundo civilizado. bem ali. num mundo que você conhece. Rodeados de caras parecidos
Os anúncios da cerveja Millcr Lite captaram uma versão pauicuh--
com você e comigo.
mente virulenta, potente c elementar da masculinidade norte-america Em terceiro lugar, veja o que eles estâo fazendo. Eles nâo estâo reali
na. E aiomccc que e exatainciitc esse tipo dc masculinidade que mais iu- zando proezas heróicas — enterrando na cesta, correndo uma maratona
tvrcss.1 aos homens qu.uido sc reunem I* esse o tipo de inax idinidauc ou rebatendo a bola para fora do estádio. O anúncio nâo documenta
que o> homens constroem e demonstram quando estâo na companha quão pouco eles tem cm comum com o cidadão médio. Em vez disso,
uns dos outros L c esse o tipo dc masculinidade que os homens culti mostra-os fazendo todas as coisas que os cidadãos médios fazem: com
vam quando estão hebendo cerveja. petindo (o anúncio com Ben Davidson). contando vantagem (o anúncio
I.m outras palavras, a campanha da Millcr I ite dirccionou-sc exata- *
com as "histórias exageradas de Bnan Anderson e o anúncio com Brils
rneme para o tipo dc masculinidade que interessa aos homens quando Gresham). tirando sarro uns dos outros (o anúncio com Deford c Billy
cst.ii» hclicndo cerveja A campanha dizia que essa marca contêm exatí- Martin). Tudo isso faz pane da vida dos homens comuns. E o fato de tu
mcnic os significados que voce esta buscando quando sai para beber cer do isso estar sendo feito por atletas permite que a campanha deposite os
veja A caiiipanb.i afirmava: "Nos sabemos que você esta procurando pe significados de Riggins diretamente na vida dos homens comuns. Isso
la masculinidade do tipo Riggins E na Mdlcr Lite que vocé a encontra * tudo constrói uma conexão.
Em quarto lugar, veja o pape! desempenhado por alguns dos atletas.
Mr Riggins com vocé: Corno a campanha da Mdlcr Lite liga o consa- Na verdade, Bulkus. Sinith. Davidson c Dcacon Jones estâo ali para ga
midor a Riggins rantir que o anúncio capta a masculinidade de Riggins. Mas John Mad-
Quero agora ampliar meu tema A campanha da Millcr Late evocou a den. Rodney Dangerfield e Bob Decker estâo ali por outra razão. Cada
masculinidade de Riggins. Mas o que toma a campanha realmente eficaz, um desses homens aparece no anúncio porque isso ajuda o anúncio a
enquanto |>cça publicitaria, c a excelente maneira pela qual ela consegue duplicar o mundo do consumidor médio.
ligar esse inundo com o mundo do consumidor Acho que esse C. na ver Cada grupo de homens tem um indivíduo como John Madden (pelo
dade. o verdadeiro rasgo dc gCnio do anúncio. Fie nâo $0 mostra a macci.- menos do jeito que ele aparece nos anúncios da Miller Lite). Madden
linidade dc Riggins como lambem consegue realmente colocar essa mas sempre aparece no linal do anúncio, agitado, dizendo: ‘Hei. a gente po
culinidade ao alcance do consumidor. A campanha consegue, com de desempatar Nós damos conta desses caras "Em todo grupo há um in
sucesso, trazer a tnasi ulimdade dc Riggins du campo dclutcbol para o bar divíduo tipo John Madden, aquele homem que nunca sabe quando desis
\ ejamos qual C o grande problema com o marketing que lida com os tir. E ele que você admira, é a vontade dele que você faz. porque ele leva
esportes e o endosso dc atletas? O grande problema d que os atletas es ao limite a tal "força da natureza". Ele nunca pára. Esse tipo de homem é
colhidos para endossar algum produtogcralmcnte sáo 'maiores que a vi benquisto pelos outros homens porque captura a qualidade de Riggins.
da" Seu heroísmo os terna inacessíveis, t como se eles ocupassem urna E isso é parte do papel de Rodney Dangerfield e Bob Uecker. Todo gru
posição mítica E como se habitassem outro universo Esse c exatamen- po de homens tem is suas margens um desajeitado e um tapeador. Esses
te o problema corn os anúncios protagonizados por Bo Jackson As ve dois gostariam dc estar mats perto do centro do gnipo. mas u fato é que
zes você d»s: “Uau. esse cara é o meu herói' E as vezes voei diz- "Sabe, os machões tipo Riggins nào lhes permitem isso porque os dois nâo con
eu não me reconheço nesse homem." Idolatria c uma coisa Identifica seguem ter sucesso Os dois permanecem â margem, ensinando uma li
ção e oiitij cois-i bem difcicntc. Sc «• objetivo eestabelecer a identifica ção. como nâo scr utn homem tipo Riggias.
ção. c preciso dar ao heroi esportivo uma escala humana Em outras palavras, essa campanha faz mais do que apenas mostrar o
i veja como a campanha da Miller Lite clJ uma escala humana aos mundo do super-herói; ela também mostra o mundo do consumidor dc
vçtis heroi
* I m piimvir»» lugar, a campanlia utilizou ex-atletas. I ssa ma cetveja médio. Ela mostra o universo conhecido, com suas atividades,
nobra talvez tenha sido induzida pela legislação sobre a associação dr pessoas c lugares característicos. E cm tudo isso, algo admirável sc rea
alicias cm atividade com bebidas alcoohcas Mas veja o que essa inano- liza: A campanha consegue persuadir o espectador dc que aquilo que é
hia la; pela mensagem passada pelo anuncio Dc repente, os atletas sc a verdade do machão Riggins também poderá ser a verdade do mundo
tomam pessoas mais hicis dc reconhecer. do bebedor dc Millcr Lite. t sempre assim que acontece a melhor "trans-
»2 O HtRÓI t O FORA • O A. I f |
ferência de significado” na propaganda. Para dar ao inundo do consumi Também investigamos as experiências das “memórias
* de infância, as
dor as propriedades do mundo do herOí esportivo, uma campanha deve,
lembranças de acompanhar os pais na visita aos bancos. Os consumidores
em primeiro lugar, dar ao herói esportivo as propriedades do consumi
mais ricos a recordavam como uma divertida experiência de "adulto", espe-
dor. Foi assim que a campanha “AU Star” conseguiu fazer a Miller late
ciaimenie quando lembravam do dia em que tiraram o primeiro extrato de
representar o 'mundo dc Riggins
.
*
sua caderneta dc poupança O pessoal da classe média, por outro lado, lem
Os serviços bancários parecem ser — e sâo — uma categona radical- brava dos bancos como locais frios e ameaçadores, onde nâo podiam jogar
mente diferente da cervejaria, mas o conceito de essência da categoria é bola nem chupar sorvete.
igiulnicntc relevante c podcioso. Na pesquisa realizada para entender o sig Esses achados sobre a essência da categoria forçou-nos, a nós e ao nosso
nificado profundo que têm os bancos para os consumidores da classe média cliente, a enfrentar os diferentes significados da área bancária encontrados en
e os mais abonados, preparamos uma técnica potente chamada "iaddering
* tre os diferentes segmentos da população, decidir algumas priondades em ter
(dc ladder. escada) Adaptada da psicologia clínica, a laddtring utiliza uma mos de público-alvo e, finalmenie, posicionar o banco de maneira eficaz.
serie de sondagens sistemáticas para mover os consultados: partindo de ar
ticulações dc atributos que lhes sâo relevantes, os consultados se novem pa
ra benefícios objetivos, daí para benefícios mais subjetivos e. finalmente, pa Masculinidade, feminilidade e essência da categoria
ra os significados ou valores profundos que os ligam à categoria. Queremos
Em alguns idiomas, pronomes masculinos ou femininos sâo usados pa
*subir a escada", dc atributos para benefícios, de benefícios para valores. ra descrever objetos inanimados, como se houvesse um reconhecimento tá
As entrevistas sâo feitas individualmente por profissionais altaincnic cito de que mesmo as coisas sem vida têm um espírito ou "energia" que é
treinados, mas a idéia de "subir a escada" é tâo básica quanto o comporta
inetentemente macho ou fêmea. Do mesmo modo, algumas (mas náo todas)
mento dc uma criança de três anos. Todos os pais e mâcs conhecem bem es categorias de produto têm uma energia de ”gênero" que influencia sua iden
ta rotina:
tidade arquetlpica. Ao identificar o gênero de seu produto, é importante vo
Paifinàe Está na hora de ir para a cama. cê lembrar que “masculino" e "feminino", conforme usados neste contexto,
Menino dc tris anot Por quê? náo implicam que um produto masculino é somente, ou mesmo basicamen
Pai/mde: Porque já sâo oito horas e você precisa de sono. te, para os homens e que um produto feminino é para as mulheres. Estamos
Mi nino dc tris anot: Por quê? usando a sensibilidade ou as qualidades de consciência masculina c femini
Paifmàc: Para crescer c ficar um garoiáo grande e fortr. na. nâo as prescrições ou descrições dos respectivos papéis sexuais.
Menino dc (rés ano$: Por qué? Claro que gênero é um conceito complicado. Em suas distinções, tan
Pai/ntde; Para poder jogar nos Yankees e ficar milionário! to masculino como feminino carregam uma ampla variedade dc atributos.
Embora o Virgínia Slims tenha definido uma identidade dc cigarro para mu
O menino de três anos acabou de fazer os pais •subirem a escada": de
atributos para benefícios e de benefícios para a revelação de seus valores do lheres. o gênero do ato de fumar é decididamente masculino e, por isso, uma
Governante! postura durona e agressiva apropriadamente abriu caminho em suas comu
Quando fizemos nossa pesquisa sobre os negócios bancários.ficou cla nicações. O Marlboro começou a fazer sucesso c acabou tornando-se um
ro que os valores que as classes trabalhadoras associam ao alo de investir sâo ícone quando mudou seu posicionamento: de cigarro da mulher passou pa
bem diferentes daqueles encontrados entre a classe alta. Os consumidores ra o cigarro do caubói. capturando a qualidade durona e estõica do fumar.
mais ricos rapidamente "subiram a escada" até os valores do Governante A imagem de masculinidade da Marlboro mantém-se em agudo contraste
(controle) e. ás vezes, até os valores do Explorador (liberdade). O benefício com o mundo de Riggins. carregando mais do arquétipo do Herói que do
último de poupar e investir, para eles, é a autodeterminação e a liberdade Bobo da Corte de Riggins.
que o dinheiro proporciona — a capacidade de fazer o que se quer, quando Carla Gambescia. talentosa e criativa consultora de marketing, fre
sc quer. Todos os benefícios últimos desejados pelas classes mais brixas. por quentemente encontra categorias dc alimentos nas quais é importante reco
outro lado, estavam centrados rni necessidades dc conexão c segurança — nhecer uma identidade dc gênero. Por exemplo, cm seu trabalho com as ca
manter a família unida e segura e preservar sua estabilidade. tegorias sobremesas e petiscos, ela descobriu que os salgadinhos, como
bai.njs Imas. iem uma natureza mcrcntcmcnte masculina, enquanto o sor
Beneficio» V
vete tem uma natureza incrcmcincntc feminina Como foi que ela descobriu
Salgadinho_____________ Sorvete O
*
essa coisas?
Dâ o tom de uma festa Dl o tom de uma festa
Começando com um exercício baseado no consumidor ou com um Agrada aos sentidos •. jj'
Estimula os sentidos
exercido dc fuddcnng mental. Gambcscia examinou os atributos físicos dos Suaviza e re
*resca o pthdv
Aprfneno as cotias, dl gosto
salgadinhos e os do sorvete Descobriu que os salgadinhos sâo angulosos ou Oferece excuçJo, ceru “emoção" Oferece uorfação e bem-estar
irregulares, quebradiços, secos, sohdos c pontudos. Sâo duros, fazem baru Exlje o uso das mios Enxofre a língua .? ■
Enxofre uma experiência exuberante que a pessoa J
lho ao scr mastigados c costumam ter salxircs fortes c aionuiizados. até Induz a um comer-sem-parar quer prolongar • .'■ ," 5^
mesmo apimentados ou condimentados. I m termos dc seus bcnthcios (o até esvazur a embalagem
Exige a mastigado ativa Permite o comer "passivo" porque derrete
degrau seguinte da escada), os salgadinhos dão o tom dc uma festa, estimu
lam os sentidos, apimentam as coisas, dâo gosto c proporcionam cena "emo
ção . Exigem ser comidos com as mios. icquercin mastigação ativa c indu
No nível do significado, o contraste continua, conforme vemos na Fi
zem a certo tipo dc comçr-scm-paiar ate que a embalagem liquc vazia.
No nível do signilicado (o degrau mais aho da escada). os salgadinhos gura 7.4.
olcrcccm um antídoto ao icdio |>or quebrarem a rotina Estio associados 3
C0ÍS.1C como testar os próprios limites, sentir-se meio irresponsável, despir
as próprias inibições c sc sentir livre. Eles oferecem uma espécie de permis
são para "deixar rolar”. uma libertação.
Como c que a “escada” dos salgadinhos difere da "escada" dosorvetc?
Dc todas as maneiras possíveis. Começando no nível do atributo, vamos
analisar o contraste (Ver I igura 7.2.)
Contraste
_________ Salgadinho Sorvete
Salpdo Doce
À base de wnido/cereaU A base de cremetcoc
Quebeadrço. s*co Úmido
Essas diferenças entre a energia masculina e a energia feminina talvez
SOlido Msoo
Anguloso ou irvetuür Redondo ou ondeedo nos levem a preferir automaticamente alguns arquétipos, e nâo outros, pa
Croonce. barulhento SJenoosa derrete n» boca ra marcas em qualquer das categorias. O Fora-da-lei, o Explorador e o Bo
Áspero Suave lso da Corte permitem boas considerações reflexivas para um salgadinho,
Sabores fortes, condlmenudos Sabores delicados, sçucarjdos
enquanto o Amante, o Inocente c o Prestativo fazein sentido intuílivaincn-
D sponlreis a quz^quer momento Uma regala especial
te para um sorvete. A escolha do arquétipo dentro de cada moldura exami
Condwnenudo. temperado Rico, cremoso
nada se basearia, conforme descrevemos na Parte 6. em muitas considera
Agvtil 7 2 ções que téin a ver com o valor da marca, o público-alvo, a fonte da
alavancagem competitiva e assim por diante. Mas, indcpendentcinente da
identidade arquetípica específica, seria inteligente considerar a "sensibilida
Subindo mais ainda a escuda. Gamhcsc ia continua a esboçar o contras
de" feminina ou masculina da própria categoria na hora de desenvolver a
te Os benefícios sâo mostrados na I igura 7 i
comunicação da marca.
Gambcscia ajuda a analisar esse processo contrastando as associações
feitas pelos consumidores com as duas categorias. (Ver Figura 7 5.)
336 O HERÓI E O FORA-DA-LEI
a Forç» com TO<»" 337
figuro 7$
com a sensibilidade muito feminina de um teatro?
A compreensão desse conflito ajudou-nos a encontrar os primeiros
Embora homens c mulheres gostem igualmentc de salgadinhos e dc passos de uma solução Nossa pesquisa mostrou o seguinte: as famílias que
sorvete, cm algumas categorias alimentícias as qualidades de feminilidade e lá estiveram apreciam cspecialmente a singular cordialidade do Teatro do
masculinidade atraem para o produto um sexo mais do que o outro, mas Madison Squarc Garden para com as crianças ê seus pais. É permitido ter
mesmo assim isso não exige que a marca exclua o outro sexo. Por exemplo, comida c rcíhgcrantcs nas poltronas, tolcram-se correrias nos corredores e
ha muitos anos, cm sua publicidade, a General Foods International Coffccs as pecas nâo têm intervalos (a quebra da açào gcralmentc força as crianças
apresentou basicamente mulheres fazendo uma pausa para pensarem em si a sc desligarem da história, ficarem irrequietas c quererem ir embora).
mesmas ou para aquele papo íntimo com a melhor amiga. Os ambientes eram As próprias produções geralmcntc têm um tipo especial de apelo para
sempre belos c tranquilos. com uma pitada dc elegância. Os cafés aromati as crianças: em Uma história de Natal. a "neve" realmente cai sobre a platéia
zados eram sempre servidos cm xícaras delicadas, nunca cm canecas. A sen no edificante final da peça. Essa atmosfera relaxada e mais pê-no-châo do
sação era decididamente feminina. Os homens também consuniam aqueles Teatro, além de ajudar os pais c as crianças a apreciarem a peça, começa a
cafés, mas estavam cm minoria Claro que o cliente, querendo expandir o intermediar a dissonância cognitiva entre o Garden c o Teatro. É como se
consumo, pediu à agencia pura incluir mais homens nos comerciais. Ode- um bocadinho da exuberância do Garden tivesse se infiltrado — não o su
salio. porem, estava ern incluir situações homem-e-mulher sem perder a ficiente para solapr a natureza especial de uma representação teatral ao vi
sensibilidade cxttaordinariamcntc delicada da categoria. (Na época, os ca vo, mas o suficiente para começar a ajudar as pessoas a "entenderem
* a re
fés aromatizados eram produtos especiais, mais caros c distanciados do con lação entre o ginásio de esportes e o teatro.
sumo 'nrgligcmc" dos caies comuns.) Na verdade, quando entrevistados Essa é uma área na qual as aliordagciis "projetivas" ajudam você a ter
sobre as razões que os faziam apreciar os cafés internacionais, os usuários sensibilidade (e compreender) aos matizes do gênero da essência da catego
do sexo masculino (alavam de seu sabor “especial
* ou delicado, repetindo ria. “Sc este salgadinho fosse uma estrela de cinema, quem ele seria? Se es
as palavras das mulheres. Sc nos, cm vez <lc simplesmente incluir homens te sorvete fosse um personagem de um livro, quem ele seria? Qual figura
nos anúncios, incluíssemos neles uma energia ou sensibilidade masculina, histórica representaria o ‘espirito' de um teatro? Qual figura história repre
(criamos violado a essência da categoria. sentaria o‘espirito’dc um ginásio esportivo?
* Perguntas deste tipo, freqüen-
Ás vezes o género da categoria atrapalha aquilo que uma marca indivi temente apresentadas na pesquisa qualitativa, ajudam a revelar a natureza
dual esta tentando realizar, c isso deve scr compreendido c levado na devida inerente du categoria a partir da perspectiva de um gênero.
coma Por exemplo, dentro do Madison Squarc Garden de Neva York, um A essência da categoria, portanto, em todas as suas formas, nos faz dar
dos mais famosos ginásios dc esporte do mundo, existe um leal anho encan o salto inicial ao revelar as forças arquetípicas que impulsionam a categoria,
tador <• pouco conhecido chamado Teatro do Madison Squarc Garden. Ah são nâo apenas a marca Sc ignorarmos essa força poderosa, o risco será nosso.
3)8 O HtKOI E O FOSA DA LEI_______________________________ ____________ -Qub a Força e»t»U com você" 339
A Young ór Rubicam certa vez kz a campanha publicitária dc um novo sa to sâo a mâe nutridora (Deméter) e sua filha virgem (Perséfone) A partir
dessa informação, vocé concluiria que a essência da categoria flocos de ce
bão lava-roupas da Colgate chamado Fresh Start. Era um dos prime ros sa
reais seria o Prestativo ou o Inocente, que sâo os arquétipos que hoje sus
bões líquidos e vinha em uma embalagem jeitosa e fácil de u<ar. A agência
tentam a publicidade da maioria dos flocos de cereais integrais
c o cliente decidiram ligai a natureza moderna da marca c do produio à re
Se você quisesse diferenciar sua marca das outras que têm uma identi
cusa absoluta da mulher moderna dc se definir em termos de trabaho do
ficação com o Prestativo ou o Inocente, você poderia se aprofundar na lenda
méstico Desenvolveu-se um comercial. "Vestido vermelho", cm qut o ma
de Deméter e Perséfone c nos ensinamentos do culto eleusino. Ali. a garota
rido telefona para casa convidando a mulher para um jantar inesperado, ela
pübcre era iniciada na condição dc mulher e sua mâe se preparava para dei
dá uma lavada no vestido vermelho e está pronta num instante. A idéia do
xá-la partir. (O casamento ocorria cedo para as mulheres da antiga Grécia.)
anúncio c que a vida e curta demais para você se preocupar em lava: roupa
Resumindo, como já contamos em capítulo anterior. Perséfone é rap
— temos coisas melhores para fazer — e esta marca compreende isso c fa
tada por Hades, senhor do mundo subterrâneo, e vive debaixo da terra até
cilita sua vida O anúncio era vigoroso, cheio de energia c muito inederno
que sua mãe. cheia de dor. se recusa a permitir o crescimento das colheitas
Mas o negócio nâo deu certo. Em pesquisa subsequente, entrevistamos
e com isso causa fome generalizada. Vendo a fome dos humanos. Zeus, prin
nosso moderno e inteligente público-alvo sohrc suas atitudes em lelaçâoaos
cipal deus do Olimpo, envia Mercúrio para trazer Perséfone de volta aos bra
afazeres domésticos Conforme esperávamos, todas aquelas mulheres os vi
ços da mâe Quando Perséfone retorna, a primavera chega e as colheitas
am como algo tedioso c pouco gratiíicante e afirmavam que sua saudação e
crescem. Nesse mito agrícola. Perséfone é como uma semente que é plana
sua identidade derivavam de outras coisas.
da e que desabrocha na primavera. No culto eleusino, esse padrão era inter
Mas o ponto interessante C que a natureza da cnircvi-.ta mudava quan
pretado como uma explicação para o milagre da agricultura e do nascimen
do falávamos espccilicainentc sobre a tareia de lavar roupa. As mulheres des-
to (a semente é plantada no útero, se desenvolve e íinalmente nasce no
c icx iam como adoravam a sensação dc tirar da secadora as toalhas c as rou
mundo), hem como para o milagre da imortalidade (o corpo é enterrado,
pas reccm-lavadas; como sempre as punham perto do rosto pars sentir
mas a alma ressuscita ou reencarna).
aquele cheirinho limpo e maravilhoso; c como adoravam dobrar a rcupa la
Se você estiver familiarizado com os antigos mitos neste nível, os flo
vada enquanto ainda estava qucntinha. Disseram que completar a ureia dc
cos de cereais poderão sustentar uma identidade do Mago — focalizando o
lavar a roupa lhes dava uma sensação semelhante â do caderno novo no pri
milagre das sementes que se transformam em planas que produzem os
meiro dia dc aula — um novo começo: um ficsh staii
grãos, os quais, por sua vez. se transformam nos flocos dc cereais que pro
Ficsh Mait? Nós tínhamos um produio cluimddo Fresh Start! Mas. cm
movem a saúde da mente e do corpo. O produto também poderia se posi
vez dc adotarmos a essência Inocente da categoria para a nossa marra — o cionar em torno da fé — quando as coisas parecem dcsammadoras. a nova
espirito dc pureza c renovação, a gratificação sensorial dc se sentir 'limpa"
vida sempre prevalecerá. Do mesmo modo, o fato de que o touro da Merrill
c renovada —. havíamos desperdiçado uma incrível associação arqurtipica. Lynch é tâo memorável pode estar ligado à essência da categoria serviços
tentando conectar nosso produto com uma "tendência" válida, mas essen-
bancários Encontraram-se em cavernas pinturas dos tempos pré-históricos.
cndmente irrelevante É possível que, de início, os touros tenham sido escolhidos como tema da
quelas pinturas por serem presas caçadas pelos pintores. Mas se você pen
sar em algumas das nossas impressões modernas dc touros — animais po
Pesquisando os usos míticos ou originais de um produto
derosos. um tanto ameaçadores, bons para criação e, portanto, muito
A cssviici.i da categoria taiiibi-in pode scr descoberta por meio de uma sexuais — talvez imagine que esses fatores inspiraram os homens das caver
pesquisa do uso original dc um produto c da mitologia a ele associada, tan nas a pintar touros. Nos tempos antigos, o touro era um símbolo comumen-
to nos tcm|>u« antigos como nos tempos mudemos. Por cxcmplu. ao lazer o tc utilizado para representar os comportamentos associados com a fertilida
marketing dc uma linha dc flocos d<- cercais, você poderia pesquisaras ori de. Nos dias dc hoje, interpretaríamos o simbolismo do touro como o poder
gens da agrieuhura e a natureza dos deuses c deusas dos cereais. Na Grécia, que faz as coisas acontecerem.
o culto dos Mistérios dc í lihisis ensinava os segredos da agricultura c oíere- A arqueóloga Marija Gimbutas diz que as esculturas c pinturas de tou
t ia edite açào sexual r espiritual As divindades hasteas assoe íadas a esse cul ros "estâo consistentemente aliadas aos símbolos de energia — serpentes en-
~Qu« > forja etteja com você" 343
341 O HERÓI t O FORA-OA-LEI
indicando que. em cada caso, (emas de profunda importância para a alma sâo saúde e certos ingredientes desaconselhados privava-os do prazer de comer
sem culpa, seja porque evitavam alimentos mais substanciais e satisfatórios,
encontrados na labuta cotidiana.” Moore conclui que o problemi da produ
ção moderna nào é a falta de eficiência; em vez disso, i a perda da alma.
* seja porque sentiam culpa quando se entregavam ao prazer de comer. Em
resultado, a textura e a densidade dos páes ‘metamorfoseados" (especial-
Ao buscar o significado que as atividades e os objetos unham no mun
mente o “pào judeu” e o muífin) estavam oferecendo um dos últimos pra
do antigo, desvendamos poderosos motivadores humanose. ao nesmo tem
zeres sensoriais que as pessoas ainda podiam desfrutar livremente.
po. voltamos a dar alma ao mundo.
A vida frenética e as refeições ligeiras também deram ao pâo nova im
portância. fazendo dele o "prato principal" de muitas ocasiões (por exem
Quando a expressão arquetípica está em fluxo plo. comer somente um “pào judeu" no desjejum). Compare-se com seu pa
pel anterior de simples coadjuvante ou complemento (por exemplo, comer
Há momentos em que a essência fundamental de um produto está em torrada como mero acompanhamento do presunto com ovos). Essa mudan
plena força, mas sua expressão está mudando de maneira significativa e im
ça ocorreu em paralelo com a anterior e exigiu que o pâo oferecesse uma ex
portante. Tomemos, por exemplo, o trabalho que Margaret Mark, Gambes-
periência alimentar mais satisfatória, substantiva e sensorial.
cia c o inspirado pesquisador Bill McCafírey realizaram na categoria pào em Como resultado, o pào evoluiu de "tapa-buraco" para "alimento verda
I9V5. deiro". Após décadas relegado ao papel de simples coadjuvante, o pào vol
Denise larson, na época gerente de pesquisas da importante panificado tava a assumir seu honroso e consagrado papel de "substância da vida" —
ra Enienmanns. estava preocupada com o declínio nas vendas do pâo de fôr uma expressão física do Prestativo. Os consumidores nâo estavam rejeitan
ma «mbalado em fatias, pois a empresa tinha investido pesadamente na cate do o pâo; o que eles rejeitavam era o “desvio" ocorrido na segunda metade
goria. Embora outros executivos da organização estivessem dispostos a deixar do século XX, quando o verdadeiro papel do pào tornou-se "clandestino".
dc lado aquele segmento. Larson contratou nossa equipe para fazer uma son Os consumidores norte-americanos estavam demonstrando sua receptivida
dagem profunda na dinâmica do declínio junto ao consumidor, partindo do de àquilo que o pâo poderia ser — na verdade, àquilo que o pào costumava
seguinte princípio; se o declínio nâo fosse plenamentc compreendido, qual ser nos tempos anteriores e que ainda é em muitas partes da Europa. As pes
quer correção de curso seria feita numa espécie de vácuo estratégico. soas estavam mostrando que o pào poderia representar um papel maior nas
O que a equipe descobriu foi que o declínio do pâo de fôrma fatiado es suas experiências alimentares cotidianas.
tava distorcendo uma realidade muito mais importante: a ‘experiência pâo" Contudo, pouca coisa no marketing de "massa” ou no ambiente reta
tinha mudado proíundamente. Antes, comia-se pâo (e bebia-se café) de ma lhista dava apoio e orientava o emergente entusiasmo natural dos consumi
neira funcional e habitual; agora, comia-se pâo (e também se beoia café) de dores pela verdadeira essência da categoria. A seção dc pâes no supermerca
maneira vivencial e experimental As pessoas agora estavam prosando o pào do era ao mesmo tempo tediosa e esmagadora. Ao contrário das novas
cozido na chapa de ferro, o "pâo judeu", os bolinhos tipo muífin. biscoitos seções de queijo, que davam água na boca, ou mesmo daquilo que começa
e coisas do gênero. Enquanto as escolhas anteriores eram limitadas (pâo va a acontecer na seção de cafés, na seção de pães os consumidores tinham
branco ou pào dc centeio), havia agora uma explosão de variedade. Antes, de escolher entre um batalhão de produtos sem graça c relativamente indi
as pessoas preferiam as marcas produzidas cm massa; agora, elas davam pre ferenciados. A pouca publicidade existente tratava os pâes como meras mer
ferência às fontes autênticas. A categoria pào não estava declinando, con cadorias e nâo como fontes de prazer. A equipe concluiu que, em vez de
cluímos, ela estava "se metamorfoseando" em uma diferente expressão dc abandonar a categoria pào, a Enienmanns estava na posição ideal para apro
sua essência (mais uma vez. tal como o café). veitar uma significativa oportunidade latente.
Mas o que\ornou esse caso tào fascinante, e tào único, foi que o pâo. E íoi isso que a empresa fez. A Enienmanns estimulou nossa equipe a
em muitos aspectos, estava se metamorfoseando de volta à sua essência mais passar para um segundo estágio de trabalho, no qual examinamos sistema
verdadeira, mais autêntica Nesse papel em evolução, o pâo oferecia um ticamente as combinações de atributos que melhor transmitiam a “experiên
"prazer permissível". A preocupação dos norte-americanos com o peso, a cia pâo" aos consumidores. A empresa começou agressivamente a desenvol
ver novos produtos e a dar apoio aos produtos já em linha que estavam "na
mira". A Enienmanns ajustou para níveis mais realistas suas expectativas re-
4 fhom» Moore. p 182
**Qu« » Forja eitej» «xo voct" 34!
J40 O HERÓI E O FORA-DA-LEI
2 Picrre Crimal. otg. Lnroussc World (Nova York: Gallrry Books. 1965). p. 171.
3 ThuniM Moore. Cure o/ tke 5oul; A Guide to Cullivoling Dcplh and Sacredntss In £wrycfay
I Marip Ginibuias. Ibr lun/Huge uf the G<Mm (Nova York llarpcr Ax íow. 1989).
Life (Nova York: HarperCoIlins PubUheis, 1992). p. 270.
pp 270 i n.