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FICHAMENTO

Título: MÈREDIEU, Florence de. O desenho Infantil. Editora Cultrix. In: A


conquista de uma língua.

O DESENHO E EVOLUÇÃO
O desenho infantil se modifica paralelamente apartir do
desenvolvimento psicomotor da criança. A criança é um organismo
vivo, e portanto, seu progresso também não é linear, sendo necessário
para analisar seus desenhos com validade o contexto e seus
sentimentos – suas crises são expressas nas cores e na energia do
rabisco.

CITAÇÕES:

AS GRANDES FASES DA EVOLUÇÃO


Etapas criadas por Luquet:

1) Realismo fortuito: analogia entre objeto e forma – dá nome ao


desenho. (idade: apartir de 2 anos)
2) Realismo fracassado: tentativas de reproduzir essa forma
(idade: 3 a 4 anos)
3) Realismo intelectual: desenha o que sabe – função poética.
Sem perspectiva, vários pontos de vista e com transparência.
(idade: 4 até 10 anos)
4) Realismo visual: fim do desenho infantil – perspectiva e
submissão às leis. Tende a juntar-se as produções adultas.
(idade: início em 9 a 12 anos)

Critica à essa divisão:

- “não explica o nascimento da representação figurativa e tampouco a passagem de um estágio


para outro” (p.45)

- Valorizar o realismo visual - etapas como um progresso a atingir um objetivo (realismo visual)

- Evolução do grafismo = desgestualização progressiva

- Nem considera o rabisco

- Vê a transparência e a perspectiva com olhos de ciência, e não com os olhos infantis – não
leva em conta a significação da própria criança à transparência (em simbiose uns com os
outros)

“Não se poderia operar uma inversão e considerar a evolução do grafismo não como uma
caminhada para uma figuração adequada do real, mas como uma desgestualização
progressiva?” (p. 45)
CITAÇÕES:

DO GESTO AO TRAÇO: O RABISCO


Rabisco = desenho informal (diferente de abstrato pois não tem o desejo de ser afigurado).
Para surgir é antes de tudo um ato motor, precisa de apoio no eixo corporal. Reproduz o
rabisco por efeito de prazer sádico-anal (de sujar).

Estágios do rabisco de Marthe Bernson:

1) Estágio vegetativo motor (por volta dos 18 meses): arredondado, convexo ou


alongado. O lápis não sai da folha (traço contínuo). Partem do centro. Simples
excitação motora – simples descarga cinestésica. Olho segue a mão.
2) Estágio representativo (entre 2 e 3 anos): aparecimento de formas (traço
descontínuo). Explicação verbal do desenho. Dificuldade de formar ângulos agudos
(quadrado só aparece por volta dos 5 anos) e de controle duplo (controle do ponto de
partida e chegada). Olho guia a mão.
3) Estágio comunicativo: “vontade de ‘escrever’ e se comunicar com outrem” (p.52).
Escrita fictícia.

CITAÇÕES:

A FIGURA DO BONECO
Com o aprendizado da irradiação e do círculo, já há a capacidade psicomotora para o
aparecimento do boneco. O boneco pode representar 1) próprio esquema corporal da criança
ex. sua posição favorita ou a presença de dores 2) antropomorfismo da mentalidade infantil
ex. com cabeça humana. “O que a criança desenha, portanto, é sempre a sua própria imagem
refletida e decifrada em múltiplos exemplares” (p.58)

CITAÇÕES:
DO TRAÇO AO SIGNO
Ação “autotélica” = voltado para o eu; narcisista (centrípeta)

Conduta “heterotélica” = voltado para semelhança como real (centrífuga)

Desenho vai de lúdico para ser uma ativ. de acesso ao universo adulto: assim, o grafismo
infantil é narrativo e figurativo, mas fica o questionamento se a transmissão de mensagem é
um processo cultural/civilizatório ou condicionado por perguntas adultas (ex. “o que é isso?”)

Rabisco some. Aparece em detalhe (ex. fumaça) ou por cansaço/distúrbio. Não se considera o
valor gestual e dinâmico do grafismo (mas arte contemporânea está tendendo a reencontrar).

Autores colocam como crianças voltadas exclusivamente para a figuração, já eles pensam que
a figuração pode disfarçar e justificar o prazer do desenho em si mesmo.

CITAÇÕES:

“Rabisco tende certamente a desaparecer da produção infantil. [...] Não se atribui nenhum
valor em si mesmo. Neste caso, pais e educadores exercem uma função repressiva” (p.65)

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