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FICHA-01

DISCIPLINA: DIDACTCA DE EDUCAÇAO VISUAL E OFICIOS


Tema: Etapas do desenvolvimento gráfico da criança
A ciência sobre as etapas do desenvolvimento gráfico da criança é complexa, disputada por
inúmeros teóricos e difícil de definir.
Por etapas do desenvolvimento gráfico da criança se entende que sejam processos
evolutivos de aquisição e desenvolvimento de capacidades individualizadas que ocorrem,
por vezes, retardados, como o previsto e/ou precocemente (alunos dotados) com ou sem
apoio do adulto.
Afirme-se ainda que, muito embora as crianças possam passar de uma etapa a outra de
desenvolvimento gráfico por idade biológicas semelhantes, essa similitude não ocorrem em
simultâneo e da mesma maneira nelas. É por isso que essas etapas não sejam rigidamente
estanques, dependendo o meio e a personalidade da criança; ou seja, “variam no momento
de aparecimento, na duração e inclusivamente na clareza com que se manifestam”
(Salvador, 1988).
Por conseguinte, nesta aprenderás as etapas de desenvolvimento gráfico da criança que
incluem:

 Garatuja
 Pré-Esquemático
 Esquemático
 Pseudo -Realismo
 Início do realismo
 Realismo
 Interpretação da arte infantil
 Formas de trabalho com alunos com necessidades educativas especiais.

Vários estudiosos observaram e procuraram identificar e descrever as etapas gráficas do


desenvolvimento do desenho, entre os mais conhecidos estão Luquet, Piaget e Lowenfeld.
Luquet, por exemplo, dividiu as etapas gráficas em Realismo Fortuito, Realismo Falhado,
Realismo intelectual e realismo visual.
É claro que estes estágios não são estáticos, imutáveis, existem crianças que pulam alguns
estágios de desenvolvimento, e existe crianças que param de se desenvolver devido a vários
factores que influenciam em sua vida, como família, situação social e económica, distúrbios
psicológicos e gosto particular.

POR QUE PARAMOS DE DESENHAR?


A medida que a criança cresce, desenvolve seu espírito crítico em relação aos seus
trabalhos. Muitas vezes essa consciência crítica supera seu desejo de expressar-se
criativamente; principalmente nos casos em que a criança passa com rapidez da infância
para a adolescência em um prazo demasiado curto, não podendo ajustar-se com suficiente
brevidade à sua nova consciência crítica e ficando assim, insatisfeita com suas realizações.
Acha tudo “infantil e mal feito”.
 Quando isto sucede com muita frequência e nada se faz para remediar, a criança perde
interesse pela arte e suspende completamente, as suas actividades artísticas. Já não pode
desenhar coisa alguma, porque devido à sua repentina “tomada de consciência” crítica
passa a perceber a pobreza dos seus meios infantis de expressão. Seus desenhos lhe
parecem até ridículos
 A criança mobiliza todo o seu ser quando se entrega espontaneamente a uma actividade
criadora. É um verdadeiro meio de disciplina interior que envolve processos de formas
superiores de vida mental e que traz à criança, no plano geral, equilíbrio e harmonia,
preparando-a ainda para a aprendizagem formal da escola.
Para a criança, entretanto, a intenção de transmitir algo a alguém nem sempre está presente,
uma vez que, ao desenvolver suas capacidades sensoriais e motoras, ela descobre no lápis,
no giz, na tinta ou em qualquer outro objecto que tenha estas propriedades, a possibilidade
de deixar as suas marcas. Com o passar do tempo, essas marcas passam a ter uma intenção,
ou seja, a criança passa a ter necessidade de ser compreendida pelo grupo do qual faz parte.
Deixar mensagens é primordial desde épocas remotas, pois os seres humanos sempre
procuraram deixar registada a sua história, simbolizando seus desejos, conflitos e
pensamentos aos outros da sua espécie. A criança também utiliza o desenho para
comunicar-se. Através dele, transmite a sua experiência subjectiva e o que está activo em
sua mente, registando aquilo que é significativo para ela. Todo ser humano externaliza seus
conflitos, suas emoções, entre tantos outros sentimentos, de uma maneira particular. Essas
expressões podem ser percebidas através da leitura dos desenhos infantis que, quando
analisados sob critérios profissionais, possibilitam a compreensão das relações existentes
no contexto infantil, pois suas produções materializam dados reais e subjectivos.

No contexto da educação infantil, o educador que percebe a criança como um ser em


desenvolvimento e transformação pode contribuir significativamente no seu processo de
desenvolvimento, uma vez que compreende a criança em seu tempo histórico, respeitando
as suas várias formas de manifestações expressivas.

Referindo-se às fases do desenvolvimento, Lowenfeld (1977) denomina a primeira como


Estágio das Garatujas, que acontece por volta dos dois aos quatro anos de idade. Nesta
etapa, a criança faz rabiscos desordenados, ao acaso. A organização e o controle do traçado
são percebidos aos poucos por ela, havendo uma evolução gradativa que vai dos riscos às
formas controladas. Nesse estágio, a criança passa por várias fases de desenvolvimento,
explorando seu corpo e espaço. A segunda etapa, Estágio Pré-Esquemático, tem início por
volta dos quatro anos e estende-se até sete, aproximadamente. Apresenta as primeiras
tentativas de representação do real. A criança desenvolve a consciência da forma e
transmite isso pelas imagens dos seus desenhos, embora as figuras ou objectos apareçam,
ainda, de forma desordenada, podendo haver variações consideráveis nos seus tamanhos. O
Estágio Esquemático começa por volta dos sete anos, estendendo-se até os nove. Nesse
estágio, a criança desenvolve o conceito da forma e seus desenhos simbolizam o que
pertence ao seu meio, de maneira descritiva.

Etapas do desenvolvimento gráfico da criança

Garatuja – Rabisco; a criança garatuja com a intenção de transmitir uma mensagem. Etapa
das Garatujas é dos 2 a 4 anos. Faz parte da fase sensório-motora (0 a 2 anos) e parte da
fase pré-operacional (2 a 7 anos). É o rabisco efectuado pelo simples prazer do gesto. É
essencialmente motor. Aparece com a aprendizagem do andar e do sentido de equilíbrio.
Divide-se em: (i) Garatuja Desordenada: consiste em traços sem sentidos, com grandes
movimentos. Não tem controlo muscular e os rabiscos não se limitam à folha de papel; e
(ii) Garatuja Controlada: notando que seu gesto produz um traço, repete-o, agora pelo
prazer do efeito.
Etapa Pré-Esquemática - é a fase em que a criança cria conscientemente modelos, que
têm alguma relação com o mundo à sua volta, e em consequência, inicia a compreensão
gráfica. Fase pré-esquemática ou simbólica vai desde os 4 aos 7 anos. Surge o “homem-
girino”, origem de toda a figura e profundamente egocêntrico.

Etapa Esquemática – ou de realismo lógico surge dos 7 aos 9 anos. A criança esta nas
primeiras séries do ensino Primário. Descobre que é membro da sociedade e gosta de ter
responsabilidade. Desenha não aquilo que vê do objecto, mas aquilo que sabe. Algumas das
características que surgem com maior frequência nesta fase são: (i) Rebatimento (plano
deitado e casas deitadas de cada lado da rua); (ii) Transparência  (casa representada de
dentro e de fora ao mesmo tempo; (iii) Descontinuidade ; (representação dos objectos fora
de ordem); (iv) Sincretismo de tempo e espaço  (vários tempos em uma cena ou vários
espaços em um mesmo plano); (v) Automatismo  (persistência em esquemas
representativos); e (vi) Pormenores funcionais  (exagero nas minúcias)

Pseudo-realíssimo – ou Pseudo Naturalismo: Estamos na fase das operações abstractas (10


anos em diante) É o fim da arte como actividade espontânea. Inicia a investigação de sua
própria personalidade. No espaço já apresenta a profundidade ou a preocupação com
experiências emocionais (espaço subjectivo). Na figura humana as características sexuais
são exageradas, presença das articulações e proporções.

Realismo Visual - Representa a realidade visual, usa as cores conforme a natureza.


Desenvolve a noção de superfície e autocrítica. Entre os 9 e 12 anos a criança descobre que
é um membro da sociedade e que tarefas realizadas em conjunto se revestem de maior
significado. Por isso, os aspectos sociais (planeamento urbano, ajuda aos pobres e etc) são
os que mais atraem as crianças nesta idade.

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