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O milagre
TESTEMUNHO EVANGÉLICO
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(cf. Mt 16,1-4). A raiz dessas duas atitudes errôneas é a mes pasmo e de afastar-se da fé, especificamente na tribulação
ma, quer dizer, a consideração do milagre apenas em relação dos últimos tempos (Mt 24,24). Contra essa mentalidade co-
com o desafio que ele lança às leis naturais. Analisemos a loca-se Jesus, que remete ao único sinal válido para a salva-
terminologia que sempre constitui um bom ponto de partida. ção, ou seja, para o mistério da sua morte. "Alguns escribas e
fariseus o interrogam: 'Mestre, gostaríamos de ver um sinal
teu'. ��l�_ re�pp!!_��: Uma geração perversa e a�últera espera
Vocabulário e diversidade de milagres um sinal! Mas nenhum sinal lhes será dado, senão o sinal do
quanta riqueza e quanta diversidade de sentido estão conti expulsar demôruos, ficar nnune da p1cadaoe serpentes e do ------ - ---- :
das em um só vocábulo de nossa língua: veneno, realizar curas, servem de ajuda para a pregação dos
apóstolos (Me 16,17-.20) e representam uma continuidade da
- "poder" (dynamis). Indica a força de origem divina
ação de Jesus sobre o vento e sobre o mar, capaz de repetir os
que opera em Jesus, nos apóstolos e nos discípulos. Está
acontecimentos do Êxodo (Me 4,35-41; cf. Ex 14,ls);
registrado doze vezes em Mateus, dez em Marcos e quize
em Lucas; a ação de Jesus destina-se à conversão cuja falta é - "prodígios" (térata). Usado juntamente com sinal,
fonte de responsabilidade (Mt 11,20-23), além da increduli conserva o sentido negativo deste último, isto é, indica ações
dade (Mt 13,54.58; 14,2) que, de certo modo, bloqueia o espetaculares e perturbadoras, destinadas a enganar por par
sentido do agir de Jesus. O poder divino que atua nele ante te dos falsos profetas. O termo está presente em Mateus 24,24
cipa os efeitos previstos à sua volta (24,29-30; 26,64), cura a e em Marcos 13,22;
mulher acometida de hemorragia (Me 5,30), expulsa os de -"obra" (érgon). Indica a ação benevolente de Jesus
mônios (Me 9,39), age desde o início, mesmo em relação ao
para com os cegos, os coxos, os leprosos, os surdos, os mor
Batista (Lc 1, 17.35), no primeiro apostolado na Galiléia
tos, cuja reintegração na plenitude de vida é prova de
(4,14), na entrada solene em Jerusalém (19,37);
messianidade (Mt 11,5) e considerada como tal após a Pás
- "sinal" (semefon). Está presente treze vezes em coa (Lc 24,19). Uma só vez as ações de Jesus são chamadas
Mateus, sete em Marcos e onze em Lucas.1 Em continuidade "maravilhas" (thaumásia: Mt 21,15) e "prodígios" (parádo
ao vocábulo veterotestamentário 'ôt, tem na maior patte das xa: Lc 5,26), expressão que põe em evidência as reações dos
vezes um significado negativo. Muitas vezes diz respeito a presentes, tomados pelo espanto, pela admiração, pelo ma-
ações prodigiosas e sensacionais almejadas pela curiosidade, . ravilhar-se diante de um acontecimento inesperado.
como em Herodes (Lc 23,8). Indica gestos capazes de deixar
Os sinóticos têm em comum cerca de quinze mila
gres narrados com pormenores, além dos sintetizados
1 É o termo próprio de João, que o emprega dezessete vezes com significados diversos. (Mt 8, 16; 12,15-16; 14,34-36). As narrativas pertencem em
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TRÍPLICE PERSPECTIVA Perspectiva cristológica
Por séculos considerou-se o milagre como uma rea É fundamental considerar as dezenove narrativas
lidade que subsiste por si, como um objeto disponível para miraculosas em Mateus, as dezoito em Marcos5 e as 29 em
uma finalidade jurídica, isto é, para demonstrar que a reli Lucas como uma comunicação do "mundo" sobrenatural do
gião cristã vem de Deus. A análise do fato em si, prescin qual emanam efeitos extraordinários nas pessoas e no cos
dindo-da sua origem e-dos-objetivos-que constituem uma -mo-. -o- nomem bíblico está aberto pata o-diãlogõ--entre o
parte sua que é essencial, corre o perigo de identificar o mundo e Deus, não considerado um intruso toda vez que
-
--- milagre-Gom-a-obra-de-um-mago-00-de;-um-eonhecedor-dos_ ----eeiàe--fazer-se-presen te;--Ainda-que -di- -st-intas,a-ordem-nattt--; - -- - -- -
-
segredos científicos. Na realidade, assim aconteceu quan ral e a sobrenatural podem encontrar-se. ''A totalidade do
do os gestos de Jesus foram comparados aos prodígios atri real não é unidimensional, ou seja, reduzida ao mundo ma-
buídos a Apolônio de Tiana. O milagre não é apenas e prin terial e ao inflexível conjunto de leis. A totalidade do real
cipalmente um acontecimento sensível, uma "exceção" ou assemelha-se, antes, a uma ordem piramidal, e nenhuma parte
"uma infração" às leis da natureza. Assim concebido, ele dela tem sua autonomia completa, mas todas fazem parte de
faz aparecer adversários irredutíveis e defensores tenazes. um todo orgânico, orientado para um vértice que transcende
Os primeiros negam a existência do milagre, visto que con as possibilidades de ação conaturais a cada uma. Estamos
sideram o mundo como realidade fechada a qualquer in diante de uma hierarquia de ordens, umas sujeitas às outras:
fluência do exterior, do que vem do alto, guiado por rigo a ordem inorgânica, submissa ao determinismo, a ordem
rosas leis que não admitem exceções como, por exemplo, orgânica com o seu finalismo, a ordem do pensamento e da
que o fogo não queime ou que um morto ressuscite. Os arte com a sua criatividade, a ordem da vida religiosa e mo-
defensores reduzem o milagre a um fato prodigioso supe ral com a sua liberdade. Nessa hierarquia, cada ordem infe-
rior às forças da natureza. Os dois grupos, quase como se rior está ordenada à ordem superior e está integrada na or-
fossem dois muros contrapostos, metem-se num beco sem dem total. O universo infra-humano está ordenado ao ho
saída, partindo da mesma premissa, quer dizer, do milagre mem e este, por sua vez, está aberto à ação transcendente de
como infração do determinismo tisico. A necessidade de Deus."6 Jesus, em quem habita a plenitude da divindade,
avançar para além dessa visão não parte da negação do
extraordinário, do prodigioso, do impossível para as capa
s Em Marcos os milagres representam um terço do evangelho. Para quem quiser ser
cidades humanas, que está presente no milagre, mas do mais preciso, são 31 % do texto, ou seja, 209 versículos sobre 666, todos inseridos
descuido de outros fatores, como se a pessoa fosse julgada nos dez primeiros capítulos, nos quais eles constituem 47%.
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deixa transparecer no milagre o poder e a superioridade do nando-se capaz de estabelecer relações positivas com os
sobrenatural presente nele e capaz de causar modificações outros. E é ainda no exorcismo que se manifesta a presença
no humano. Os milagres projetam luz sobre a pessoa de Je do reino de Deus na pessoa de Jesus. "Se é através do Espí
sus, dão a certeza de que as suas proclamações quanto ao ser rito de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de
Messias, Servo, Senhor, Filho de Deus, recebem a confir Deus chegou para vocês" (Mt 12,28). O milagre, portanto,
mação do Pai. O divino inserido no humano mediante o ges depois de ter restituído o homem a si mesmo, to�a-o abert�
para um mundo superior, para a vida de Deus cuja comuni
to de Jesus converte o homem, o introduz no reino, antecipa
cação constitui o objetivo primeiro da missão de Jesus.
aqueles novos céus e aquela nova terra aguardados para o
fim dos tempos, quando a criatura ficará "liberta da escravi Um milagre que não visasse à salvação fisica e espiri
dão da corrupção para entrar na liberdade da glória dos fi tual da pessoa humana seria destituído de sentido. Por isso,
lhos de Deus" (Rm 8,21). O milagre, enquanto revela algo ele não acontece na presença de Satanás que tenta Jesus pe
do mundo de Jesus, é convite para, por meio da fé, aceitar a dindo dele um gesto espetacular (Mt 4,2-7); nem diante dos
totalidade deste mundo e, enquanto toma evidente a liberta fariseus e dos saduceus, mal intencionados (16,1-4); nem
ção física, leva a desejar e a trabalhar pela libertação inte mesmo diante dos concidadãos invejosos por causa das ma
rior, alcançada mediante a adesão à palavra. ravilhas realizadas em outros lugares (Lc 4,23) ou na pre
sença de Herodes, levado apenas pela curiosidade (Lc 23,8).
A salvação presente no milagre é uma libertação de situa
Perspectiva soteriológica ções de escravidão, em vista de uma plena imersão no mun
do de Deus. A doença, muitas vezes, faz-nos sentir inúteis,
A intervenção extraordinária de Jesus visa, antes de
quase um peso para os outros. Assim, a sogra de Simão, li
tudo, reconstituir o homem na sua integridade física e psí
vre da febre, tomou-se capaz de "servir" (Lc 4,39), e resta
quica, a tomá-lo livre, não mais sujeito às limitações impos
beleceu um contato dinâmico
. com os outros. Pedro, mais
tas pelas doenças ou vencido pelo medo dos fenômenos na
tarde depois da pesca milagrosa em que ele se enxerga como
turais ou da morte. Isso se verifica de modo particular nas
curas especiais chamadas exorcismos, ou seja, libertações
d
peca or e a Jesus como Senhor (Lc 5,8), recebe o pedido
para que comunique aos homens a experiência que o trans
do poder diabólico, nas quais é Jesus quem ordena, dirigin
formou, "pescando-os" para o evangelho. A dependência da
do-se mais ao demônio do que ao homem. Assim, por exem-
enfermidade é, por vezes, sinal de uma escravidão mais te
1 plo, no endemoninhado de Gerasa, especialmente na narra
mível, ou seja, da sujeição ao diabo, como se toma evidente
ção de Lucas (8,26-39), em que um homem infeliz, solitá
no caso da mulher encurvada "que Satanás amarrou durante
rio, sem dignidade, que "há muito tempo não se vestia, nem
dezoito anos" (Lc 13,16) e no caso de outras possessões dia
morava em casa[...] muitas vezes preso com correntes e al
bólicas mais sérias, das quais Jesus, que é mais forte, liber-
gemas", de repente "tinha sido salvo" completamente, tor-
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tou muitas pessoas. Jesus livra da morte e do medo, como um único módulo narrativo, todos têm o mesmo gênero lite
no caso da viúva de Naim, à qual ele restitui o filho (Lc rário e, além disso, incluem os seguintes elementos:
7,11-17); liberta do farisaísmo que colocou a Lei acima do
•apresentação da situação como necessidade muito
bem do homem como, por exemplo, na cura do hidrópico
séria;
em dia de sábado (Lc 14,3); ele liberta do particularismo
•intervenção libertadora de Jesus mediante as pala
judeu, como _resulta_d0_ elogio do lep_rQs_g__�élffiaritan_Q qµe, -vras ou o contato tisico;---- - - -
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�e Jesus no meio do povo, a adesão dos discípulos, a hosti A Boa Notícia, tanto para Jesus como para os apóstolos, com
hd �de dos chefes dos judeus. É sintomático que os adver preende o anúncio e a ação salvífica. "Jesus percorria todas
san, �s de Jesus não cheguem a contestar os milagres, e sim
as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pre
ª ongem deles, buscando neles uma ligação com o demô gando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doen
.
mo, com Belzebu (Mt 12,24-27). As narrativas dos mila ça e enfermidade" (Mt 9,35). "Vão pelo mundo inteiro e
g�es, enfim, dos quais muitos são relatados por tradições anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade [...] estes
div�rsas (Q, tradição tríplice, João, síntese dos Atos dos serão os sinais que acompanharão aqueles que acreditarem
Apostolas), concordam quanto à essência e diferem ape [.. ]" (Me 16,15.17). Ambas as coisas estão inseridas na his
.
nas quanto aos pormenores. tória bíblica anterior, em que Deus havia falado e simultane
amente operado prodígios em favor dos pais.
Milagre e revelação Os dois termos se atraem mutuamente, principalmen
te por funções complementares. O gesto prodigioso nem sem
. � ��lice finalidade prevista (cristológica, soterioló- pre é interpretado em seu significado exato pelos presentes.
g1ca, _h1stonca) pode ser aprofundada pela consideração da Para estes ele encerra algo ambíguo. Alguns, com efeito,
relaçao entre o gesto prodigioso de Jesus e outras verdades deturpam-no a ponto de ver nele uma ação diabólica ou to
reveladas. mam-no como pretexto para difamar, hostilizar e, por fim,
planejar a morte de Jesus; outros não o entendem, como acon
Milagre e palavra tece na multiplicação dos pães; o próprio Batista pede expli
cações. Outros, por fim, o procuram, levados pela curiosi
Com a palavra existe uma comunhão de origem e de dade. É, então, a palavra que tira qualquer ambigüidade,
.
efe�tos._Os sinóticos não se limitam a afirmar uma genérica explicando as verdadeiras intenções de Jesus. Além disso,
denvaçao da p�e de J�sus. Eles deixam muito claro que no início, o anúncio do mestre tem necessidade de um sus
quem opera o mllagre e o poder de Jesus (exousía), a sua tentáculo digno de fé, de uma prova que o faça ver já par
f�rça (dtnamis), º espírito (pneúma) que ele possui em ple cialmente realizado. Os dois são necessários e, muitas ve
.
mtude. Jesus ensmava como quem tem autoridade[...] Ele zes, é a palavra que aflora. Ministério permanente de Jesus
manda at� nos espí�tos maus e eles lhe obedecem!" (Me em comparação com a ocasionalidade do milagre, a palavra
1 22 27� . ,Colocarei sobre ele o meu Espírito, e ele anun tem maior eficácia ao transmitir para o homem o ato de fé,
? ;
ciara o Julgamento às nações [...] é através do Espírito de tem um conteúdo revelador mais forte, é necessária no caso
D �us que �u expulso os demônios" (Mt 12,18.28). As duas do milagre para uma interpretação correta deste. E mais, o
c01s�s, mdagr � e palavra, produzem estupor, admiração, milagre transforma-se em anúncio do Cristo glorioso por
.
confiança, reJeiçãó em relação à disposição dos ouvintes. parte dos primeiros missionários que, assim, fazem dele
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palavra, ensinamento e evangelho de Cristo e de sua obra. Milagre e ressurreição
Milagre e palavra, intimamente relacionados, completam
Jesus estabelece uma relação entre "milagres" e "o
se mutuamente (cf. Dei verbum, n. 2).
milagre", isto é, a ressurreição. "Eu expulso o demônio, e
faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu
trabalho. Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e de-
Milagre e fé - pois-de amanhã, porque não convém- que um profeta morra
O milagre, como já foi dito, acontece quando está pre- fora de Jerusalém" (Lc 13,32-33). A correlação é dupla. O
- milagre,_despertando.hostilidade e incompreensão_nas_p_es-_
- n
----se _ _a-fé�Sem ela Jesus nao faz-etrranar-o-po-rterque-está-- --
- te ______
nele. Isso acontece entre seus conterrâneos, em Nazaré, onde, soas mal dispostas, apressa a condenação de Jesus à mor-
rejeitado, "não pôde fazer milagres [...] e ficou admirado te: não haverá outro sinal senão aquele de Jonas! Por outro
lado, é só a experiência da ressurreição que toma possível
com a falta de fé deles" (Me 6,5-6). Estando presente a fé,
ainda que se trate de um pagão como o oficial romano, o uma compreensão mais profunda dos gestos pré-pascais.
Assim, à luz da ressurreição, entrevê-se o anúncio da eu-
milagre acontece: '"
[ ...] nem mesmo em Israel encontrei ta
caristia na multiplicação dos pães e na pesca milagrosa a
manha fé!' Os mensageiros voltaram para a casa do oficial e
missão dos apóstolos. Depois da Páscoa o poder de Jesus
encontraram o empregado em perfeita saúde" (Lc 7,9-1O).
se estende aos apóstolos que, repletos do Espírito, ilustram
A fé é fundamentalmente um ato de confiança em Jesus, em
a figura do mestre, recorrendo à força das obras e das pala-
seu poder e em sua pessoa. Por sua própria natureza dinâmi-
vras (dimensão "cristológica"), e eles mesmos se tornam
ca e criativa, ela leva à conversão, a ·uma adesão à pessoa de
continuadores delas. Dessas referências decorre a necessi-
Jesus e ao seu programa que chega ao seguimento, como no
dade de não descuidar a referência à ressurreição, conside-
caso do cego de Jericó
(Me 10,52), e ao apostolado, como
rada juntamente com a morte.
no endemoninhado de Gerasa (Me 5,18-20). A fé não é uma
atitude puramente interior, mas se manifesta por meio da O que é, portanto, o milagre? Os sinóticos, em har
oração, do entusiasmo, do louvor. A fé existente antes do monia com o resto da Bíblia, deixam claros três aspectos do
milagre, ainda que pequenina, pode ser ajudada por ele e até milagre. Ele é prodígio sagrado e desperta estupefação, ad
corroborada. Embora necessária, a fé não cria o milagre, que miração, maravilha (aspecto psicológico); manifesta um ex
emana do poder real de Jesus. Na origem existem fatos real traordinário poder divino, superior às capacidades humanas,
mente extraodinários e prodigiosos que facilitam o conheci continuando e superando a força presente na criação e em
mento e a adesão a Jesus mediante a fé. Esta é exigida antes momentos importantes da história salvífica (aspecto
do milagre e toma-se fortalecida depois. Existe certa inter ontológico); gradativamente descoberto pelos apóstolos, es
dependência entre fé e milagre, mas o primado cronológico pecialmente após a Páscoa, tem como objetivo introduzir a
e de valor diz respeito à ação de Jesus. pessoa humana no mistério da vida, fazê-la participar nas
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