Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/336733811
CITATIONS READS
0 583
3 authors, including:
All content following this page was uploaded by Aline Valéria Sousa Santos on 22 December 2021.
DOI: http://dx.doi.org/10.15729/nanocellnews.2019.10.21.001
O GHB é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica (BHE) (1). Sua forma sintética
foi inicialmente proposta como um anestésico geral (3,7), porém, devido aos seus efeitos
adversos, tais como vômitos e convulsões (8) seu uso foi suspenso. Atualmente, em
alguns países o sal de sódio do GHB é utilizado como agente terapêutico, via GHBR
para tratar distúrbios do sono (Xyrem®), abstinência de álcool (Alcover®) (4), discinesia
1/5
tardia e desordem bipolar (9); além de ser amplamente utilizado como droga de abuso
(1) envolvendo receptores GABAB (9). Em pesquisa é usado para o estudo da
fisiopatologia da deficiência da semi-aldeído succínico desidrogenase (SSADH) (4).
Como droga recreativa o GHB é também conhecido como fantasia, ecstasy líquido, e G,
amplamente utilizada entre a população mais jovem, principalmente em festas noturnas,
no convívio social (7). Sua forma física é em líquido inodoro, levemente salgado, mas
também pode ser encontrado em pequenas garrafinhas, cápsulas ou em pó. O fator
social precipitante na dependência do GHB é o fato de seu pró-fármaco, o alfa-
butirolactona (GBL) converter-se facilmente a GHB, e estar disponível no mercado aberto
com baixo custo (3). Além disso, o GHB é amplamente utilizado concomitantemente com
outros tipos de substâncias de abuso, potencializando o seu efeito (1).
2/5
No SNC, o GHB tem uma curva dose-resposta íngreme o que dificulta clinicamente
encontrar a dosagem ideal, levando à proibição da comercialização do produto e
precipitando seu uso no contexto de droga de abuso ou recreativo, com maior
probabilidade de uma overdose (4). Os usuários apresentam tolerância à droga e tem
sido proposto que seja por dessensibilização dos receptores dopaminérgicos
mesolímbicos, de tal maneira que para a droga produzir o mesmo efeito, é necessário
que a dose seja aumentada (9).
Mesmo que o panorama do uso do GHB seja como droga de abuso, existe a perspectiva,
dependendo da dose, de ser utilizado como tratamento para dependência de drogas,
inclusive do álcool. A proposta envolve concentrações altas do GHB no VTA, provocando
um efeito nos receptores GABAB pós-sinápticos expressos nos neurônios
dopaminérgicos (ver figura), resultando numa diminuição do disparo deles por uma
hiperpolarização produzida via proteína Gi/o que pode estimular a saída de K+, por canais
de GIRK (canais de K+ retificadores internos acoplados à proteína G), modulados pelo
álcool (12).
Com tudo o anterior, nos leva a sugerir que o estudo do GHB tem várias frentes de ação.
Assim, o surgimento de novos agonistas e antagonistas específicos, para estudar os
GHBR talvez possam contribuir para definir possíveis concentrações terapêuticas, de
abuso ou de desintoxicação.
3/5
Figura 1: GHB e via mesolímbica envolvida na adição a drogas de abuso. Na área
tegmental ventral (VTA) está representado um interneurônio GABAérgico e no seu
terminal sináptico, o GABA é formado pela GAD a partir do glutamato. O GABA é
degradado pela enzima GABA-T para semi-aldeído succínico (SSA) sendo transformado
em GHB, com conversão reversa para SSA. O GHB liberado pode agir por receptores
próprios (GHBR) ou por receptor metabotrópico GABAB que pré-sinapticamente inibe a
entrada de Ca2+ e pós-sinapticamente aumenta a saída de K+ (por canais GIRK). O GHB
exógeno pode agir nos receptores expressos no interneurônio GABAérgico provocando
desinibição do neurônio dopaminérgico e consequente estimulação do neurônio de
projeção no Núcleo Accumbens (NAc), provocando a liberação de dinorfina, além da
ativação da projeção dopaminérgica para o córtex pré-frontal e amigdala estendida (via
do craving). Concentração alta de GHB, por administração exógena, pode agir por
receptor GABAB pós-sináptico, inibindo o neurônio dopaminérgico, via proposta como
anti-craving. GAD: descarboxilase do ácido glutâmico; GABA-T: GABA-transaminase;
SSAR: semi-aldeído succínico redutase; GHBDH: GHB deshidrogenase; VGCC: canal de
cálcio voltagem dependente; DAT: transportador pré-sináptico de dopamina; GIRK:
canais de K+ retificadores internos acoplados à proteína G. Fonte: Adaptado
de Muschamp JW1, Carlezon WA Jr. Roles of nucleus accumbens CREB and dynorphin
in dysregulation of motivation. Cold Spring Harb Perspect Med. 2013 Feb
1;3(2):a012005. doi: 10.1101/cshperspect.a012005.
Se você gostou desse texto ou tem uma curiosidade ainda não satisfeita entre em
contato conosco por email (contato@nanocell.org.br) ou por alguma de nossas redes
sociais.
4/5
View publication stats
REFERÊNCIAS
3. Wong CG, Gibson KM, Michael; Snead 3°, OC. From the street to the brain:
neurobiology of the recreational drug γ-hydroxybutyric acid. Trends Pharmacol Sci. 2004
Jan; 25(1): 29-34.
5. García FB; Pedraza C, Navarro JF. Actualización del ácido gamma-hidroxibutírico. Rev
Neurol. 2006 Jul; 43(1): 39-48.
7. Stein LAR, Lebeau R, Clair M, Martin R, Bryant M, Stori S, et al. A web‐based study of
gamma hydroxybutyrate (GHB): Patterns, experiences, and functions of use. Am J
Addict. 2011 Jan-Feb; 20(1): 30-39.
10. Lima EC, da Silva DL. Revisão dos métodos cromatográficos de análise de GHB e
análogos. Rev Proc Químicos. 2009; 3(6): 17-23.
11. Kapoor P, Deshmukh R, Kukreja I. GHB acid: A rage or reprive. J Adv Pharm Technol
Res. 2013 Oct; 4(4): 173-178
5/5