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EXECUÇÃO PENAL

DISPOSIÇÕES GERAIS Condenado agraciado com suspensão condicional da pena (sursis), o


começo da execução se dá com a audiência admonitória. Nos casos de absolvição imprópria, a
medida de segurança inicia-se após o trânsito em julgado.

Obs. Execução da Pena de Multa Compete ao MP na vara de Execução Penal. Se este


permanecer inerte no prazo de 90 dias, o juiz dará ciência Fazenda Pública para o ajuizamento
da cobrança na Vara de Execução Fiscal.

Obs. É proibida “execução provisória da pena”. Porém, é possível que o réu seja preso antes
do trânsito em julgado através de decisão judicial individualmente fundamentada, presentes
os requisitos para a prisão preventiva (art. 312 CPP). Ou seja, o réu pode ficar cautelarmente e
não como execução provisória.

Exceção: No Tribunal do Júri, em caso de condenação a pena igual ou superior a 15 anos de


reclusão, o Juiz determinará a execução provisória, com expedição do mandado de prisão sem
prejuízo de recursos que vierem a ser interpostos.

Súmula 192 do STJ: Compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando recolhidos a
estabelecimentos sujeitos a administração estadual.

Obs. Com o trânsito em julgado os direitos políticos são suspensos. Criação de seções eleitorais
em estabelecimentos penais e em unidade de internação de adolescentes, para assegurar aos
presos provisórios e aos adolescentes o direito de votar.

CLASSIFICAÇÃO Ao ingressar no sistema, o condenado será classificado pela Comissão


Técnica de Classificação, presidida pelo diretor e, composta, no mínimo, por 2 chefes de
serviço, 1 psiquiatra, 1 psicólogo e 1 assistente social, quando se tratar de condenado à pena
privativa de liberdade, segundo os seus antecedentes e personalidade , para orientar a
individualização da execução penal. Atua no estabelecimento prisional. Se for pena não
privativa de liberdade, atuará diretamente no Juízo da Execução, sendo composta por fiscais
do Serviço Social. A Comissão, para a obtenção de dados reveladores da personalidade,
poderá: I – entrevistar pessoas; II – requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados,
dados e informações a respeito do condenado; III – realizar outras diligências e exame
necessários.

Art.9º-A da LEP: Os condenados por crime, dolosamente, com violência de natureza grave
contra a pessoa, ou por crimes hediondos, serão submetidos, obrigatoriamente, à
identificação do perfil genético, mediante extração de DNA, por técnica adequada e indolor,
que será armazenada em banco de dados sigiloso. A autoridade policial, federal ou estadual,
poderá requerer ao juiz, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de
identificação de perfil genético. Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o acesso
aos seus dados constantes nos bancos de perfis genéticos, bem como a todos os documentos
da cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira que possa ser contraditado pela
defesa. Se não tiver sido submetido à identificação no ingresso no estabelecimento prisional
deverá fazer durante o cumprimento da pena. Constitui falta grave a recusa em submeter-se
a identificação.
EXAME CRIMINOLÓGICO Condenado a pena privativa de liberdade deve realizar o
criminológico para o início do cumprimento em regime fechado. Semi-aberto o exame é
facultativo. Aberto ou PRD não se realiza.

Obs. Possível a realização do criminológico antes de decidir sobre a progressão de regime.

ASSISTÊNCIA material, saúde, jurídica, educacional, social, religiosa, e ao egresso.


(MASAJUEDUSOREE). Material: fornecimento de alimentação, vestuário e instalações
higiênicas. Saúde: Caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico,
farmacêutico e odontológico. Se o estabelecimento não estiver aparelhado para a assistência
médica, será prestada em outro local, mediante autorização da direção. (pegadinha pode
vir autorização judicial). Jurídica: gratuita aos que comprovarem insuficiência de recurso. As
Unidades da Federação deverão ter serviços de assistência jurídica, integral e gratuita, pela
Defensoria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais. Fora dos estabelecimentos
penais, serão implantados núcleos especializados da Defensoria Pública. Educacional:
Compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado. Ensino
de 1º grau será obrigatório. O ensino médio, regular ou supletivo, será implantado nos
presídios. Programas de educação à distância e de utilização de novas tecnologias de ensino
para atendimento aos presos. Censo penitenciário. Social: Conhecer os resultados dos
diagnósticos ou exames (pegadinha Pode ser dito que é referente a saúde). • relatar, por
escrito, ao Diretor do estabelecimento, os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo
assistido. Acompanhar o resultado das permissões de saídas temporárias. Promover a
recreação. Orientar o assistido. Providenciar documentos, benefícios. Orientar e amparar a
família do preso, do internado e da vítima. Religiosa: Assegurada aos presos e aos internados
liberdade de culto, permitindo a participação nos serviços organizados no estabelecimento
penal, bem como a posse de livros, devendo ainda existir local apropriado para os cultos.
Egresso: Pode ser  a) liberado definitivo, pelo prazo de 1 ano a contar da saída do
estabelecimento; b) liberado condicional, durante o período de prova. Deve haver: a)
orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade e b) concessão, se necessário, de
alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses.
Pode ser prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração de assistente social, o
empenho na obtenção de emprego. Colaborar com o egresso para obtenção de trabalho.

TRABALHO Pode ser interno ou externo. Preso provisório é facultativo e apenas interno.
Trabalho externo tanto os presos do regime fechado (inclusive hediondos) como os do
semiaberto. Presos fechado somente em serviço ou obras públicas de órgãos da Administração
Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que adotadas as cautelas contra fugas e
mantida a disciplina, com limite máximo de número de presos de 10% do total de empregados
na obra (Para entidades privadas, necessário consentimento do preso). Requisitos trabalho
externo Objetivo – Cumprimento mínimo de 1/6 da pena. Subjetivo – Aptidão para o
trabalho, disciplina e responsabilidade. Obs. Dispensada autorização judicial para trabalho
externo. Negativa do diretor do presídio pode ser questionado no Poder Judiciário. Revogação
do trabalho externo Praticar fato definido como crime (não necessitando sequer da
instauração do processo), for punido por falta grave ou apresentar comportamento
incompatível com a medida.

Não é submetido a CLT, mas, aplicam-se à organização do trabalho as precauções


relativas à segurança e à higiene. Objetivo formação profissional do condenado, podendo
ser gerenciado por fundação ou empresa pública (promovem e supervisionam a produção).
Obs A LEP considera falta grave a recusa injustificada ao trabalho. Exceções: a) condenado a
crime político. b) condenado a prisão simples que não exceda a 15 dias. c) Preso provisório.

Obs. Direito a remuneração em razão do trabalho prestado (não pode ser inferior a ¾ do
salário-mínimo), podendo usufruir dos benefícios da Previdência Social. Prestação de serviços
não será remunerada.

O produto da remuneração deverá atender: 1) à indenização dos danos causados pelo crime,
desde que determinados judicialmente e não reparados por outros meios; 2) à assistência à
família; 3) a pequenas despesas pessoais; 4) ao ressarcimento ao Estado das despesas
realizadas com a manutenção do condenado. Se sobrar algum dinheiro será destinada à
Caderneta de Poupança entregue ao condenado quando posto em liberdade.

Jornada de trabalho entre 6 e 8 horas, com descanso nos domingos e feriados. Atenção: Os
que trabalham em serviços de conservação e manutenção do presídio podem ter horário
especial, inclusive aos domingos e feriados. Exemplos: Faxineiro, cozinheiro etc.

DEVERES

Obs. Descumprimento dos incisos II e V acarreta punição por falta grave.


DIREITOS

Obs. Os incisos V, X e XV podem ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do


Diretor.

Obs. É ilegal a aplicação de sanção coletiva diante de depredação de bem público quando não
for possível precisar o responsável.

Obs. habeas corpus é meio inidôneo para discutir visita de preso.

Obs. Garantida a liberdade de contratar médico de sua confiança pessoal ao submetido à


medida de segurança.

DISCIPLINA Não atinge os submetidos a medida de segurança. LEP veda o emprego de cela
escura e a “solitária”. A atividade disciplinar nas PPL em regra, será exercida pelo Diretor. Nas
PRD será exercido pela autoridade administrativa a que estiver sujeito o condenado
(Atenção Não há necessidade de informar o Juízo da Execução acerca de sanções
disciplinares, salvo na prática de faltas consideradas graves). Atenção Pune-se a tentativa
com a sanção correspondente à falta consumada. As faltas médias e leves são descritas em
estatutos penitenciários (legislação estadual). As faltas graves em rol taxativo na LEP, não
admitindo interpretação extensiva.

Faltas graves durante o cumprimento da pena privativa de liberdade I – incitar ou


participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; II – fugir; III – possuir,
indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; IV – provocar
acidente de trabalho; V – descumprir, no regime aberto, as condições impostas; VI –
inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei; VII – tiver em sua
posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação
com outros presos ou com ambiente externo. VIII - recusar submeter-se ao procedimento de
identificação do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 13.964/19). Obs. É também previsto como
falta grave a prática de fato definido como crime doloso. É imprescindível a instauração de
procedimento administrativo pelo diretor, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por
advogado constituído ou defensor público nomeado. Prazo prescricional para apuração da
falta grave: 3 anos. Em caso de fuga o termo inicial será a data da recaptura do preso.

Progressão de regime – A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a


progressão de regime, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração. A contagem
do novo período (quantidade de pena a ser cumprida) inicia-se da última falta grave e incidirá
sobre o remanescente da pena e não sobre a totalidade da pena.

Remição – A prática de falta grave acarreta a perda dos dias remidos (a revogação, por sua
vez, atinge apenas 1/3 do tempo remido, iniciado a contagem a contar da data da infração
disciplinar).

Livramento condicional – A falta grave não interrompe o prazo do livramento.

Comutação e Indulto – A prática de falta grave não interrompe o prazo.

Falta grave no cumprimento da pena restritiva de direitos I – descumprir ou retardar,


injustificadamente, a restrição imposta; III – inobservar os deveres previstos nos incisos II
(obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se) e V
(execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas), do artigo 39, da LEP.

SANÇÕES Rol taxativo: I - advertência verbal; II - repreensão; III - suspensão ou restrição de


direitos; IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que
possuam alojamento coletivo (o condenado será alojado em cela individual que conterá
dormitório, aparelho sanitário e lavatório); V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.

A advertência e a repreensão são admoestações feitas ao preso. A repreensão é sempre


escrita. As sanções dos incisos I a IV serão aplicadas pelo diretor. Já o RDD por decisão judicial
(será precedida de manifestação do MP e da defesa e prolatada no prazo máximo de quinze
dias) e dependerá de requerimento elaborado pelo diretor.

A aplicação de sanção deve nortear-se por critérios de individualização considerando a


natureza, os motivos determinantes, as circunstâncias e as consequências do fato praticado,
bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão.

Obs. O isolamento, a suspensão e a restrição de direitos não poderão exceder a 30 dias, exceto
hipóteses do RDD. O isolamento será sempre comunicado ao Juiz da Execução.

Resumindo: As faltas leves e médias são punidas com advertência ou repreensão. Já as faltas
graves autorizam a imposição de suspensão ou restrição de direitos, isolamento em cela ou
local adequado ou inclusão no RDD.

REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (art. 52 da LEP) aplicável aos condenados ou


provisórios, nacional ou estrangeiro. O RDD tem cabimento em 3 situações: a) prática de fato
previsto como crime doloso, que constitui falta grave, desde que ocasione subversão da
ordem ou disciplina internas; b) preso apresentar alto risco para a ordem ou a segurança do
estabelecimento ou da sociedade; c) fundadas suspeitas de envolvimento ou participação do
preso em organizações criminosas, associação criminosa ou milícia privada,
independentemente da prática de falta grave. Obs Existindo indícios de que exerce
liderança ou que tenha atuação criminosa em 2 ou mais Estados, será obrigatoriamente
cumprido em estabelecimento federal.
Características do RDD: a) Duração máxima de 2 anos. Pode se repetir em caso de nova falta
grave da mesma espécie. OBS: No caso de preso provisório, ainda sem pena fixada, será levada
em conta a pena mínima cominada para o delito; b) Recolhimento em cela individual; c)
Visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, em instalações que impeçam o contato físico e
a passagem de objetos, por pessoa da família ou terceiro, autorizado judicialmente, com
duração de 2 (duas) horas. Essa visita será gravada em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e,
com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário. Após os primeiros 6 (seis) meses
de regime, o preso que não receber essa visita poderá, após prévio agendamento, ter contato
telefônico gravado, com uma pessoa da família, 2 (vezes) por mês e por 10 (dez) minutos. d)
Direito do preso de sair da cela por 2 horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4
(quatro) presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso. e)
Entrevistas sempre monitoradas, exceto com seu defensor, em instalações para impedir o
contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário; f)
Fiscalização do conteúdo da correspondência; g) Participação em audiências judiciais
preferencialmente por videoconferência, garantindo-se a participação do defensor no mesmo
ambiente do preso.

Prorrogação do RDD – Prorrogação sucessiva, por períodos de 1 ano, existindo indícios de que
o preso: I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento
penal de origem ou da sociedade; II - mantém os vínculos com organização criminosa,
associação criminosa ou milícia privada.

Atenção Possível a inclusão preventiva no (RDD), no interesse da disciplina e da


averiguação do fato, por decisão do juiz, sem a necessidade de ouvir o MP, baseada no fumus
boni iuris e periculum in mora. Isolamento e tempo de inclusão preventiva serão computados
no cumprimento da sanção.

Transferência de presos para os estabelecimentos penais federais de segurança máxima É


uma medida transitória e excepcional, aplicada a presos definitivos e provisórios, com período
de até 3 (três) anos, renovável por iguais períodos, motivadamente. Esse pedido pode ser
formulado pela autoridade administrativa, Ministério Público, Defensoria Pública e o próprio
preso, sendo baseado no interesse da sociedade ou da segurança pública e questões de ordem
pessoal visando à segurança do detento. A admissão do preso dependerá de decisão prévia e
fundamentada do juízo federal. Apenas a fiscalização da prisão provisória será deprecada ao
juízo federal, mantendo o juízo estadual a competência para o processo. Caso haja divergência
entre eles sobre ingresso ou manutenção do preso em penitenciária federal, deve ser
suscitado conflito de competência no STJ. Se rejeitada a renovação, enquanto não decidido o
conflito, o preso permanecerá no federal. OBS: Decisões relativas à transferência ou à
prorrogação da permanência em estabelecimento penal federal de segurança máxima, à
concessão ou à denegação de benefícios ou à imposição de sanções ao preso federal poderão
ser tomadas por órgão colegiado de juízes.

Obs. o bom comportamento tem previsão de benefícios chamados de recompensas. Podem


ser: elogios e regalias.

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