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EDITADO EM HBR.ORG
21 DE DEZEMBRO DE 2016

ARTIGO
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
4 Maneiras de Controlar
Suas Emoções em
Momentos de Tensão
por Joseph Grenny
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

4 Maneiras de Controlar
Suas Emoções em
Momentos de Tensão
por Joseph Grenny
21 DE DEZEMBRO DE 2016

Há vinte e três anos, um dos meus funcionários — vou chamá-lo de Dale — pediu para falar comigo
em particular. Dale era sério e estudioso e tinha opiniões muito fortes. Seu trabalho era meticuloso.
Ele raramente socializava com seus colegas de trabalho, mas era irrepreensível nos seus compromis-
sos com os outros. E era competente no que fazia.

Assim que fechei a porta da nossa sala de reuniões, ele foi direto ao ponto: “Joseph, eu gostaria de lhe
dar um feedback.”

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Confesso que esperava outra coisa. Mas, tendo em vista minhas declarações sobre sinceridade em
nossa cultura, senti-me um tanto encurralado. “Diga, por favor”, falei com cautela.

“Joseph, você é arrogante e é difícil trabalhar com você. Sua primeira reação é de rebater minhas
críticas e as dos outros. Isso torna impossível para mim realizar meu trabalho como editor.” E não
disse mais nada. Ele olhou para mim calmamente.

Em poucos segundos reuni o equivalente a uma hora de emoções e reflexões. Senti ímpetos de
vergonha, ressentimento e raiva. Mentalmente, fiz uma lista frenética dos defeitos de Dale — como
se eu estivesse reunindo argumentos para refutar um promotor público agressivo. Por um instante,
tive vontade de demiti-lo. Senti um aperto no peito. Mal podia respirar. Em meio a tudo isso, tentei ao
máximo aparentar um autocontrole que eu não estava sentindo. Minha lógica tácita foi que confessar
que fiquei ofendido seria o mesmo que enviar uma mensagem de fraqueza.

A imensa maioria das decisões erradas que tomei na minha vida foi por impulso. Não decorreram
de erros, lógica equivocada ou deliberação ineficaz. Foram enganos evitáveis em momentos em que
eu não tive vontade ou capacidade de administrar fortes emoções negativas. Da mesma maneira,
o progresso mais significativo que fiz em meu desenvolvimento como líder não foi no campo
profissional, mas em competência emocional.

Os hábitos limitadores de carreira com os quais ingressei na minha profissão eram resultado direto
da minha incapacidade de lidar com emoções como ansiedade, constrangimento e medo. Eu
rotineiramente procrastinava tarefas que me causavam ansiedade e falta de confiança, por exemplo.
Reagia de maneira defensiva quando me sentia constrangido por críticas. E tinha dificuldade para me
manifestar quando minhas opiniões estavam em desacordo com as de colegas mais influentes.

A capacidade de reconhecer, dominar e moldar nossas próprias emoções é a habilidade mais


importante para estreitar relacionamentos com as pessoas que amamos, aumentar ainfluência no
local de trabalho e ampliar a capacidade de transformar ideias em resultados. Meus sucessos e
fracassos despertaram a predominância dessa habilidade mais que qualquer outra.

É possível fortalecer esse músculo essencial da sua anatomia emocional? Se seus impulsos tendem a
prevalecer sobre suas intenções em áreas sensíveis da vida, é possível contrariar a norma?

Quatro hábitos fizeram uma enorme diferença para mim em importantes momentos da minha
carreira, como aquele em que me defrontei com “Dale”.

Domine a emoção. A responsabilidade emocional é pré-requisito para a influência emocional. Não é


possível mudar uma emoção que não dominamos. A primeira coisa que faço quando sou atingido por
um sentimento ou um impulso opressor é aceitar a responsabilidade por sua existência. Meu roteiro
mental é: “Tem a ver comigo, não com eles.” As emoções já vêm embrulhadas em uma atribuição
externa tácita. Como um sentimento de emoção sempre é precedido por um evento externo, é fácil
partir do pressuposto de que foi o evento que causou a emoção. Mas enquanto eu acreditar que ela foi
causada por um agente externo, estou fafado a ser uma vítima das minhas emoções.

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A raiva que senti após a crítica de Dale, por exemplo, não tinha nada a ver com a crítica de Dale. Sua
afirmação poderia ter gerado sentimentos de curiosidade, surpresa ou compaixão, tanto quanto
ressentimento e raiva. O fato de eu ter sentido raiva, e não outra sensação, tinha a ver comigo, não
com ele.

Dê um nome à história. Em seguida, você precisa refletir sobre como você foi conivente com o evento
inicial para criar a atual emoção. As emoções são o resultado do que acontece e da história que você
conta para si mesmo sobre o que aconteceu. Uma prática eficaz que me ajuda a me afastar das minhas
emoções e assumir o controle sobre elas é dar nome às histórias que conto. É a história de uma vítima
– que ressalta minhas virtudes e me absolve da responsabilidade do que está acontecendo? É ahistória
de um vilão – que exagera os defeitos dos outros e atribui o que está acontecendo a seus motivos
torpes? É ahistória de um indefeso – que me convence de que qualquer plano de ação saudável (como
ouvir com humildade, manifestar-se com honestidade) é inútil? Dar nome às minhas histórias me
ajuda a vê-las como elas são – apenas uma, dentre milhares, de maneiras de entender o que está
acontecendo. Quando me sentei com Dale, percebi que eu estava muito envolvido nas histórias de
vítima e vilão. Eu só estava pensando nos motivos pelos quais ele estava errado, mas não em como
ele estava certo – eu estava atribuindo suas críticas às suas falhas pessoais, não às suas legítimas
frustrações.

Questione a história. Depois de identificar a história, você pode assumir o controle fazendo a si
mesmo perguntas que o incentivem a abandonar suas histórias de vítima, vilão e indefeso. Posso me
transformar de vítima em ator, por exemplo, fazendo a pergunta: “O que estou fingindo não saber
acerca do meu papel nesta situação?” Transformo Dale de vilão em ser humano perguntando: “Por
que uma pessoa razoável, racional e decente diria isso?” E me transformo de indefeso em competente
perguntando: “Qual é a coisa certa a fazer agora para me direcionar para o que realmente desejo?”

Enquanto refletia sobre essas perguntas na minha interação com Dale, percebi o quanto minha
impaciência e... bem... arrogância, eram, em grande parte, o motivo para ele estar dizendo aquilo.
Enquanto me perguntava “qual é a coisa certa a fazer...”, senti uma imediata carga de ressentimento
e raiva. Uma humildade tranquilizadora tomou conta de mim. E comecei a fazer perguntas em vez de
apresentar minha defesa.

Descubra a origem da sua história. Há anos venho me perguntando por que as histórias que conto
para mim mesmo são tão previsíveis. Em minha pesquisa com centenas de líderes descobri que
a maioria das pessoas também possui histórias habituais que elas contam em circunstâncias
previsíveis. Experiências da infância percebidas na época como ameaças à nossa segurança e
reputação tornaram-se codificadas em nossas poderosas lembranças.

É possível, por exemplo, que um colega de turma no ensino médio tenha atraído você para um
local sem supervisão do pátio e você tenha sofrido bullying de maneira traumática. Seu pai ou
sua mãe tenha dado mais razão a um irmão do que a você. Com base nessas experiências, a
parte mais primitiva de nossos cérebros codifica certas condições como ameaçadoras – física ou
psicologicamente. E, a partir daquele ponto, você não consegue decidir se vai reagir quando aquelas

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condições estiverem presentes. Quando um colega de trabalho mais forte que você aumenta a voz,
seu cérebro pode conectar-se com a antiga experiência de bullying. Ou, quando Dale acusa você de
ser arrogante, a crítica de seus pais desencadeia sua raiva. Encontrei muito mais paz ao longo dos
anos quando tomei consciência da origem primitiva das histórias que conto – e aprendi a recusar
a percepção de que minha segurança e reputação estão em risco nesses momentos. Quando senti
aquele aperto no peito diante de Dale, os simples pensamentos de que “isso não pode me ofender”
e “a humildade é uma força, não uma fraqueza”, tiveram imediatamente um efeito tranquilizador.
Recitar um roteiro específico em momentos de provocação emocional enfraquece a reação induzida
por um trauma que não é relevante naquele momento.

Dale e eu trabalhamos juntos produtivamente durante anos após esse episódio. Falhei tanto quanto
acertei nesses momentos — mas, por trabalhar deliberadamente com esses exercícios simples, meus
acertos são muito mais frequentes.

Joseph Grenny é autor quatro vezes campeão de vendasdo New York Times , orador principal e importante cientista
social na área de desempenho empresarial. Seu trabalho foi traduzido para 28 idiomas, está disponível em 36 países e
produziu resultados para 300 empresas que figuram na lista da Fortune 500. É cofundador da VitalSmarts, uma empresa
inovadora em treinamento corporativo e desenvolvimento de lideranças.

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