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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DO ESTADO DE SERGIPE

Ref.: Processo nº 3915/2001


Mandado de Segurança nº 0243/2001

O SECRETÁRIO DE SEGURAÇA PÚBLICA do Estado de


Sergipe vem, respeitosamente, prestar a Vossa Excelência as INFORMAÇÕES
destinadas a instruir o mandado de segurança em referência, impetrado por ROSE
ALVES DE ARAÚJO.

DOS FATOS

A impetrante inscreveu-se no concurso público destinado ao


provimento de vagas no cargo de ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL DE 3ª CLASSE,
na forma prevista no Edital nº 1/2001 – SSP/SE, de 11 de maio de 2001.

A inscrição implicou a aceitação das normas para o concurso


contidas nos comunicados e nas publicações relativas ao evento, na forma prevista
no subitem 13.2 do edital que rege o certame.

O concurso de que trata o edital mencionado anteriormente é


composto de duas etapas. A primeira etapa, de caráter eliminatório e classificatório,
está sendo executada pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE)
da Universidade de Brasília (UnB) e compreende provas objetivas, prova de
capacidade física e avaliação psicológica. A segunda etapa, também de caráter
eliminatório e classificatório, constituiu-se de Curso de Formação Profissional, que
será realizado pela Secretaria de Estado da Segurança Pública do Estado de
Sergipe.

A impetrante, que não impugnou o edital que rege o certame,


insurge-se contra a prova de capacidade física do concurso em questão, com o
presente mandado de segurança sustentando, em suma, que a prova de capacidade
física é ilegal, desarrazoada e discriminatória.

DA LIMINAR

Vossa Excelência deferiu a liminar pleiteada para “assegurar à


impetrante o direito de participar das demais fases do Concurso Público para
provimento de cargo de Escrivão de Polícia de 3ª classe....”
Informamos que a liminar será cumprida pelo CESPE, órgão
executor da primeira etapa do certame.

DAS QUESTÕES PROCESSUAIS

DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO

A impetrante insurge-se contra critérios adotados pela


Administração Pública para selecionar candidatos em concurso público, ou seja,
questiona e contraria norma editalícia expressa, da qual se depreende que os
candidatos deverão ser submetidos à prova de capacidade física que tem caráter
eliminatório, conforme previsto no edital que rege o certame. O que na verdade
existe é a impossibilidade de reexame pelo Judiciário desses critérios porque
adentraria no mérito exclusivamente administrativo.

Com efeito, os Tribunais pátrios têm, reiteradamente, decidido


pela impossibilidade de o Judiciário substituir os critérios administrativos na seleção
de candidatos em concurso público. Assim, vislumbra-se o descabimento do exame
do mérito do critério adotado pela Administração Pública com relação à aptidão de
candidato de concurso na via Judicial.

Leciona o mestre de Direito Administrativo, Hely Lopes


Meirelles, In: Direito Administrativo Brasileiro, 16ª edição, São Paulo, RT, 1991, p.
602/603:

“...não se permite ao Judiciário pronunciar-se sobre o mérito


administrativo, ou seja, sobre a conveniência, oportunidade,
eficiência ou justiça do ato, porque, se assim agisse, estaria
emitindo pronunciamento de administração, e não de
jurisdição judiciária. O mérito administrativo, relacionando-se
com conveniências do governo ou com elementos técnicos,
refoge do âmbito do Poder Judiciário, cuja missão é a de aferir
a conformação do ato com a lei escrita, ou, na sua falta, com
os princípios gerais do Direito”.

Mister observar que é pacífica a jurisprudência dos nossos


tribunais, no sentido de não poder o Judiciário substituir os critérios adotados pela
Administração para avaliar candidatos em concurso público por tratar de mérito
administrativo, matéria reservada à discricionariedade da Administração Pública:

“ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. REVISÃO DE


PROVAS E ANULAÇÃO DE QUESTÕES. DESCABIMENTO.
1. A aferição de conhecimento dos candidatos inscritos em
concurso público, apurada em processo seletivo conduzido
pela Administração Pública, é matéria que refoge à
competência do Poder Judiciário, salvantes os casos de
ilegalidade manifesta ou abuso de poder.
2. Se não demonstrou o autor-apelante caso de ilegalidade
concreta ou de manifesto abuso de poder imputável aos
responsáveis pelo concurso a que se submeteu,
evidentemente não cabe ao Judiciário imiscuir-se no mérito
das questões formuladas, questionar critérios de avaliação ou
inquirir sobre a propriedade da temática escolhida pelos
examinadores, pois a tanto equivale permitir indevida incursão
de um poder sobre outro poder, em desapreço à repartição de
competências e atribuições que a norma constitucional quis
preservar.

2
3. Precedentes do STF e do STJ.
4 Apelação improvida.” (TRF 2ª Região. AC. Nº 97.02.02176-
6, Relatora: Juíza Célia Georgakópoulos. Julgado em
14.05.97. 4ª Turma. Decisão unânime. DJ. De 18.09.97.
“ADMINISTRATIVO. CONCURDO PÚBLICO. CRITÉRIOS DE
AVALIAÇÃO.
- Em se tratando de concurso público, é vedado ao poder
Judiciário substituir a banca examinadora quanto aos
objetivos, fontes e bases de avaliação das questões.
- Precedentes.
- Recurso desprovido.” (STJ – 2ª RMS Nº 8.076 – MG .
Relator: Ministro Félix Fischer. 5ª Turma. Decisão Unanime.
Julgado em 07.10.97.)
“CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONCURSO
PÚBLICO. PROVAS. REVISÃO.
1 - Não cabe ao Judiciário, no controle jurisdicional do ato
administrativo, valorar o conteúdo das opções adotadas pela
banca examinadora, substituindo-se a esta, mas verificar se
ocorreu ilegalidade no procedimento administrativo, apenas,
dado que, se as opções adotadas pela banca foram exigidas
de todos os candidatos, todos foram tratados igualmente.”
(INFORMATIVO DO STF Nº 93 RE Nº 140.242, DJ de
21.11.97.)

Confira, ainda, o recurso ordinário em mandado de segurança,


com origem no STJ, tendo por Relator o Ministro Ilmar Galvão, foi negado, por
unanimidade, a partir do seguinte texto:

“O critério de correção de provas e atribuição de notas


estabelecidos pela Banca Examinadora não pode ser discutido
pelo judiciário, limitando-se a atuação ao exame da legalidade
do procedimento administrativo.”

De parecer do Ministro Jesus Costa Lima, o seguinte resumo


de sentença, datado de 1993, emanado do STJ, com referência a um recurso
envolvendo exame psicotécnico, expõe:

“A decisão combatida deixou de negar vigência ao dispositivo


legal na medida em que tem como legítimo o exame
psicotécnico, apenas entendendo que deve ser realizado de
modo a assegurar os direitos dos candidatos, evitando que a
Banca Examinadora haja com arbitrariedade ou abuso de
poder.”

Também da lavra do Ministro Milton Luiz Pereira, a decisão


acolhida por unanimidade negando provimento ao recurso especial, embasada no
seguinte texto:

“Em tema de concurso público de provas, é cediço que o


Poder Judiciário, aprisionado à verificação da legalidade, não
deve substituir os examinadores quanto aos objetivos, fontes e
bases de avaliação das questões. As comissões
examinadoras organizam e avaliam as provas com
discricionariedade técnica.”

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Assim, se o Direito não tutela a pretensão da impetrante, visto
que os fundamentos do pedido não são admitidos pelo sistema jurídico pátrio, a
inicial deve ser indeferida (CPC, artigo 295, inciso I e parágrafo único, inciso III).

DA DILAÇÃO PROBATÓRIA

Emérito Julgador, a impetrante alega, que a exigência dos


testes da prova de capacidade física são desarrazoados, desproporcionais e
discriminatórios. Todavia, não se pode afirmar se realmente esse teste fere algum
direito dos candidatos.

Na realidade, o referido teste não é discriminatório ou


desarrazoado, como se verifica do parecer do Professor Mestre em Educação Física
anexo. Contudo, para verificar se é ou não proporcional ou até mesmo para se
verificar as condições físicas dos candidatos ou ainda para se afirmar que o cargo
em questão exige aptidão física solicitada, seria necessária perícia técnica realizada
por profissionais devidamente compromissados para esse fim, mas isso somente
seria juridicamente possível nas vias ordinárias adequadas, visto que o rito do
mandado de segurança é incompatível com a indispensável dilação probatória
necessária neste caso.

O E. Superior Tribunal de Justiça também já se manifestou


acerca do tema, pacificando a matéria nos seguintes termos:

“ADMINISTRATIVO – MANDADO DE SEGURANÇA –


CONCURSO PÚBLICO – CRITÉRIOS DE CORREÇÃO –
IMPOSSIBILIDADE DE DISCUSSÃO NA VIA ELEITA.
1. Ao Judiciário não é dado, substituindo-se à banca
examinadora, emitir pronunciamento sobre questões de
concurso público e suas respectivas respostas, porquanto seu
âmbito de conhecimento adstringe-se ao da legalidade.
Precedente desta Corte.
2. Recurso ordinário improvido”.
(ROMS 10510/SC. DJ 22/5/2000, pg. 00142, Relator: Ministro.
Fernando Gonçalves (1107). SEXTA TURMA.) (grifou-se)

Em última análise, a impetrante não possui direito líquido e


certo tutelável por mandado de segurança, pois os fatos aduzidos na inicial não
podem ser comprovados de plano, exigindo dilação probatória, o que impõe a
extinção do presente feito sem julgamento do mérito.

Por fim, ressalte-se que a manutenção da liminar deferida


e a concessão da ordem implicarão em cerceamento de defesa representando
grave lesão ao princípio da ampla defesa e do devido processo legal, previstos
no inciso LV do artigo 5º da Constituição Federal, uma vez que a
Administração Pública não poderá impugnar os fatos alegados pela impetrante
por meio de perícia.

LITISCONSORTES NECESSÁRIOS

Ainda, em preliminar, deve-se esclarecer que a impetrante foi


eliminada do certame. Todavia, caso a impetrante venha lograr êxito em suas
pretensões, por meio de determinação judicial, retornará ao certame o que causará
alteração na relação dos candidatos que serão convocados para as demais fases do
certame, podendo inclusive ocupar a vaga de outro candidato que será convocado
para o Curso de Formação Profissional, conforme previsto no subitem 10.3 do edital
que rege o certame.

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Por esses motivos, suscitamos, em preliminar, a necessidade
da citação dos litisconsortes passivos necessários. Essa medida é necessária para
que esses candidatos defendam seus interesses, que serão, inequivocamente,
afetados por uma eventual procedência do pedido da impetrante.

Oportuno lembrar o Código de Processo Civil, em seu art. 47,


ao estabelecer que:

“(...) há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei


ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a
lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a
eficácia da sentença dependerá da citação de todos os
litisconsortes no processo.”

Theotônio Negrão, ao comentar o dispositivo, cita decisões do


Supremo Tribunal Federal que definem a ocorrência de litisconsórcio necessário
quando “a decisão da causa propende acarretar obrigação direta para o terceiro, a
prejudicá-lo ou afetar seu direito subjetivo” (STF – RT 594/248).

No mesmo sentido entendeu o TRF da 5ª Região ao apreciar


a Medida Cautelar nº 96.0525240-6, in casu, referente ao concurso para Fiscal do
Trabalho, in verbis:

“ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. CARGO DE


FISCAL DO TRABALHO. LITISCONSORTES
NECESSÁRIOS. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO. NULIDADE DO
DECISUM.
1. Caracterizado o procedimento concursal como de interesse
de todos os candidatos a que ele se submeteram, não tendo
sido citados, pessoalmente, os litisconsortes necessários, nula
é a sentença, nos termos do art. 47, do CPC, posto que, sendo
conhecidos os domicílios dos candidatos, não é a hipótese de
proceder-se à citação por edital.
2. Provimento da apelação e remessa oficial e improvimento
do recurso adesivo.
ACÓRDÃO:
Vistos e relatados estes autos, em que são parte as acima
indicadas. Decide a Segunda Turma do Tribunal Regional
Federal da 5ª Região, à unanimidade de votos, DAR
PROVIMENTO à apelação e à remessa oficial e NEGAR
PROVIMENTO ao recurso adesivo do particular nos termos do
voto do Juiz Relator, na forma do Relatório e Notas
Taquigráficas, que ficam fazendo parte integrante do presente
julgado. Recife, 14 de novembro de 1996. (data do
julgamento); AC 105333/96 – CE: (96.05.25240-6);
APELANTE: UNIÃO FEDERAL; APELADO: ROSEMBLETT
FERREIRA GOMES LIMA; ADVOGADOS : FRANCISCO
VALENTIM DE AMORIM NETO E OUTROS
RECTE. ADESIVO: ROSEMBLETT FERREIRA GOMES LIMA;
REMETENTE: JUÍZO FEDERAL DA 6.ª VARA CE; RELATOR:
JUIZ PETRUCIO FERREIRA”

Dessa forma, inclusive, entendeu a Excelentíssima Senhora


Desembargadora Clara Leite de Rezende, dessa Egrégia Corte, nos autos do
Mandado de Segurança nº 4154/2001, referente ao concurso em tela, ao determinar
de ofício a citação dos litisconsórcios necessários. In verbis:

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“Determino, de ofício, a citação de todos os aprovados no
exame de capacitação físcia para integrarem a lide,
litisconsortes passivos necessários, porque a
reconhecimento do pretenso direito da Impetrante
implicará em modificação de suas situações jurídicas.”
(grifou-se)

Assim sendo, a impetrante deve promover a citação de todos


os candidatos aprovados na prova de capacidade física para comporem o pólo
passivo da presente demanda.

DA OFENSA AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA

O atendimento do pleito da impetrante implicará tratamento


diferenciado, ferindo o artigo 37, incisos I e II da Constituição Federal, e a isonomia
dos concorrentes, insurgindo contra a legalidade de procedimento, já que todos os
candidatos que continuaram no certame foram considerados aptos na prova de
capacidade física, conforme os critérios previstos em edital. Como enfatiza o mestre
Adilson Abreu Dallari, em sua obra Regime Constitucional dos Servidores Públicos,
2ª edição, p. 37:
“É incompatível com a idéia de concurso público a utilização
de critérios subjetivos, secretos, meramente opinativos, de foro
íntimo, que de qualquer forma possam afetar a publicidade do
certame e a rigorosa igualdade de tratamento entre os
candidatos. (...) Em resumo, o concurso público é um
instrumento de realização concreta dos princípios
constitucionais da isonomia e da impessoalidade.”

Dentro desses mesmos princípios, afirmou o Professor Hely


Lopes Meirelles que:

“A Administração é livre para estabelecer as bases do


concurso e os critérios de julgamento, desde que o faça com
igualdade para todos os candidatos.” (In: Direito Administrativo
Brasileiro, 16ª edição, p. 371)

Admitida a tese expendida na inicial, restaria ferido o princípio


constitucional da igualdade, na medida em que a impetrante não seria avaliada
segundo os mesmos padrões de rigor estabelecidos em edital, aplicados a todos os
candidatos participantes do certame, uma vez que terá mais tempo para treinar e
obter aprovação no teste.

A impetrante pretende, em última análise, receber tratamento


diferenciado dos demais candidatos. Tal procedimento, no entanto, conforme
assinalado anteriormente, é vedado no âmbito do concurso público, que deve primar
pela igualdade entre os candidatos.

DO MÉRITO

Caso superadas as questões anteriormente suscitadas, é


importante ressaltar que as regras estabelecidas para o concurso público devem ser
observadas por todos os que nele foram inscritos.

O edital é a peça básica da seleção, vincula tanto a


Administração quanto os candidatos concorrentes. Ao aderir às normas do certame,
o candidato sujeitou-se às exigências do edital, não podendo, portanto, pretender

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tratamento diferenciado contra disposição expressa e pública da lei interna a que se
obrigou.

Esses parâmetros foram elaborados para todo e qualquer


candidato. Foram traçados dentro dos princípios do Direito Administrativo, primando
pela forma igualitária de tratamento.

DA LEGALIDADE

Excelência, a Administração Pública agiu dentro da mais


límpida moralidade, respeitando a Constituição Federal, bem como toda legislação
aplicada in casu, não restando evidenciada lesão alguma ao direito invocado pela
impetrante, como ficará demonstrado.

É importante esclarecer que o concurso público para os


cargos de Escrivão e Agente de Polícia da Polícia Civil do Estado de Sergipe exigem
teste de aptidão física, conforme o inciso II do artigo 32, da Lei nº 4.133, de outubro
de 1999, que dispõe sobre a organização e normas gerais de funcionamento da
Polícia Civil do Estado de Sergipe, In verbis:

“(...)
Art. 32º O concurso público par o cargo de provimento de
Escrivão de Polícia ou de Agente de Polícia Judiciária deverá
ser realizado em 4 (quatro fases, sucessivas, sendo as 3 (três)
primeiras eliminatórias e a última (4ª fase) classificatória,
conforme estabelecido a seguir:
(...)
II – a segunda fase – eliminatória – consistirá de exame
psicológico e teste de aptidão física, observados critérios
objetivos de avaliação;
(...)” (grifo nosso)

Excelência, em face da obrigação por parte da Administração


Pública de se seguir a legislação pertinente a cada cargo, vê-se que para a polícia
que lida com a manutenção da ordem, realizando diversas atividades, normalmente
perigosas, a exigência legal de plenas condições física e psíquica, ou de uma
conduta social irrepreensível é essencial para termos bons policiais.

DO CARATER ELIMINATORIO

O caráter eliminatório da prova de capacidade física tem


amparo legal no citado artigo 32º, incisos II da Lei Estadual nº 4.133, de outubro de
1999, que dispõe sobre a organização e normas gerais de funcionamento da Polícia
Civil do Estado de Sergipe.

Da mesma forma, o caráter eliminatório da prova é um


critério legal e foi aplicado de forma isonômica a todos os candidatos, utilizado
para selecionar os mais aptos para o desempenho das funções de policial e que
está previsto de forma clara e objetiva, em subitem 6.17.3 do edital que rege o
certame.

Emérito Julgador, não se pode realizar um teste para avaliar


condições físicas dos candidatos e não eliminar o candidato que não alcançar o
desempenho mínimo do teste por não haver candidato mais ou menos apto para o
cargo.

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Não há porque questionar procedimentos administrativos
lícitos, destinados à seleção, em concursos públicos, de candidatos efetivamente
qualificados para o cargo a ser provido. O interesse da Administração Pública,
revestido de plena legalidade e discricionariedade, não pode ser condicionado aos
interesses particulares ou de uma única classe.

DA PROVA DE CAPACIDADE FÍSICA

DO INDICE MÍNIMO PARA APROVAÇÃO – COMPATIBILIDADE COM AS


ATRIBUIÇÕES DOS CARGOS – ACEITAÇÃO PELOS CANDIDATOS

Veja, Excelência, que os índices mínimos exigidos foram


aceitos pelos candidatos quando da inscrição no concurso público nos termos do
subitem 13.2 do edital e não são desproporcionais ou dezarrazoados, ao contrário,
são inferiores aos testes de capacidade física exigidos em recentes concursos para
o cargo de Agente e de Escrivão de Polícia realizados em nosso País, senão
vejamos o quadro abaixo:

POLÍCI CARGO TESTES SEXO INDICETEMPO TENTATIV


A AS
Sergipe Escrivão Corrida Masculino 2.200m 12’ 01
Feminino 2.000m 12‘ 01
Sergipe Agente Corrida Masculino 2.200m 12’ 01
Feminino 2.000m 12’ 01
Barra fixa Masculino 3 flexões ----------- 02
---
Feminino Suspensão 10” 02
Impulsão Masculino 1m 70cm ----------- 02
horizontal ---
Feminino 1m 30cm ----------- 02
---
Distrito Corrida Masculino 2.400m 12’ 01
Federal Agente Feminino 2.400m 12’ 01
Escrivão Barra fixa Masculino 5 flexões 20” 03
Penitenciário Feminino 3 flexões 20” 03
Papiloscopista Impulsão Masculino 1m 80cm ----------- 03
Perito horizontal ---
Feminino 1m 50cm ----------- 03
---
Federal Barra fixa Masculino 5 flexões ----------- 03
Escrivão ---
Agente Feminino Suspensão 10’ 03
Delegado Impulsão Masculino 1m 80cm ----------- 03
Perito horizontal ---
Papiloscopista Feminino 1m 30cm ----------- 03
---
Corrida Masculino 2.400m 12’ 01
Feminino 2.000m 12’ 01
Natação Masculino 50m ----------- 03
---
Feminino 50m ----------- 03
---
GOIAS Salto em Masculino 3m 50cm ----------- 03
distância ---
Agente Feminino 3m ----------- 03

8
---
Corrida Masculino 2.400m 12’ 01
Feminino 2.000m 12’ 01
Corrida Masculino 100m 16” 01
Feminino 100m 18” 01
GOIAS Escrivão corrida Masculino 2.200m 12’ 01
Delegado Feminino 1.800m 12’ 01
Perito Salto em Masculino 3m ----------- 01
Auxiliar de distância ---
Autopsia Feminino 2m 80cm ----------- 01
--

Depreende-se da tabela acima, que os índices mínimos e os


testes exigidos no concurso em questão são, em sua maioria, inferiores aos exigidos
nos últimos concursos para o cargo de Escrivão e de Agente de Polícia.

Ressalte-se, ainda, que o concurso em tela é o único que só


exige um único teste de corrida para o cargo de Escrivão de Polícia.

Excelência, resta claro que as marcas mínimas exigidas


dos candidatos não são despropositadas, não exigem preparação física de
atleta, como afirmado na inicial, ao contrário, são marcas mínimas exigidas em
qualquer concurso, ou até mesmo nas avaliações de educação física das
escolas de ensino médio e faculdades.

Cabe frisar que a prova de capacidade física visa aferir a


capacidade mínima necessária para suportar, física e organicamente, as exigências
do Curso de Formação Profissional e o desempenho eficiente das funções policiais,
conforme dispõe o edital que rege o certame.

Conforme demonstrado, os testes não são discriminatórios ou


desarrazoados e os candidatos tiveram prazo suficiente para treinar e obter
aprovação.

Ressalte-se, ainda, que nos dois cargos 988 candidatos


realizaram a prova de capacidade física, sendo que 645 obtiveram aprovação e
somente 343 foram considerados inaptos. Dessa forma, somente 34% dos
candidatos foram considerados inaptos na prova de capacidade física.
Ressalte-se, que esse índice de reprovação é normal em prova de capacidade
física. Assim, entendemos que a prova de capacidade física não foi desarrazoada ou
discriminatória, pelo contrário, selecionou os candidatos que melhor se prepararam
para o concurso da Polícia Civil.

DA PROVA DA IMPETRANTE

In casu, a impetrante foi avaliada por banca examinadora na


prova de capacidade física, sendo considerada INAPTA por não conseguir a
performance mínima exigida para o teste, conforme documentos anexos, sendo
eliminados do certame, como estabelecido no subitem 6.17.3 do edital que rege o
certame, in verbis;

“6.17.3 O candidato que não atingir o desempenho mínimo


será considerado inapto nessa prova e, conseqüentemente,
eliminado do concurso público”.

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Ressalte-se que o critério adotado e aplicado indistintamente a
todos os candidatos estabelece que será considerado inapto e eliminado do
concurso o candidato que deixar de atingir o índice mínimo exigido para qualquer um
dos testes físicos, não sendo suficiente a aproximação dos mínimos exigidos.

Esclarecemos, ainda, que a equipe de avaliação foi composta


por professores formados em Educação Física e eram excelentes as condições de
realização das provas. Assim, a Administração Pública prevê normas claras que
obrigam a eliminar a impetrante, caso não atinja a performance mínima exigida.

Ressalte-se que não houve cerceamento de defesa, uma vez


que a Administração Pública prevê fase para recurso administrativo. In casu a
impetrante sequer interpôs o recurso competente.

DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE

A impetrante alega que a prova de capacidade física é ilegal,


desarrazoada e discriminatória. Todavia, como foi demonstrado, a prova é legal e a
exigência dos testes é necessária para se averiguar as condições físicas dos
candidatos.

É conveniente notar que todos os cargos oferecidos no edital


são integrantes da Carreira de Polícia Civil do Estado de Sergipe e estão dispostos
na Lei nº 4.133, de outubro de 1999. Esses cargos solicitam de seus ocupantes
preparo físico para o bom desempenho de suas atribuições, conforme disposto no
artigo 24 e 26 da referida Lei, In verbis:

Art. 24. São atribuições do Escrivão de Polícia, além de outras


legal e regulamentarmente previstas:
I – Registrar boletins de ocorrências policiais, tomar por
termos depoimentos e interrogatórios;
II – Lavrar autos de prisão/apreensão e fichas individuais de
estatística criminal;
III –Preparar memorandos, intimações, notas de culpa e
termos de entrega;
IV – Formar inquéritos e investigações de fatos anti-sociais de
menores;
V – Realizar tarefas correlatas de apoio policial e
administrativo.

Art. 26. São atribuições do Agente de Polícia Judiciária:


I – Proceder, mediante ordem escrita da autoridade policial, a
investigação e diligências policiais, com o fim de coletar
elementos para elucidação da infrações penais;
II – Efetuar prisões em flagrante, busca pessoal, apreensões,
bem como conduzir e escoltar presos;
III – Cumprir mandados expedidos pela Autoridade Policial ou
Judiciária competende;
IV – Dirigir, conforme habilitação e de acordo com a devida
designação, veículos automotores em missões policiais e em
funções do desempenho de atividades nos diversos setores da
Polícia Civil;
V – Operar, conforme conhecimentos e respectiva designação,
equipamentos de comunicação, e zelar por sua segurança e
manuteção;
VI – Exercer outras atribuições decorrentes especificamente
da função policial civil, emanadas da Autoridade Policial.”

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(grifo nosso)

Desse modo, despicienda de interesse a alegação de que em


razão da natureza dos cargos, os candidatos não deveriam realizar os testes de
capacidade física. Isso porque, além de haver previsão legal para aplicação
equânime do teste de capacidade física, há que se mencionar que todos os cargos,
sem exceção, são de policiais, ou seja, todos os futuros policiais serão
potencialmente aproveitáveis em ações policiais das mais diversas que encerram
muitas vezes riscos, tanto para o policial como para o cidadão.

Outrossim, ressalte-se que o trabalho a ser desempenhado


pela impetrante exige, sobretudo, força física, pois como sumariamente descrito na
lei.

Frise-se que o Escrivão, além do trabalho de escrivaninha,


atende a ocorrências, efetua prisões e, se necessário entra em contenda com o
infrator. Seria possível exigir da impetrante uma ação similar?

Por outro lado, se não é permitido, por exemplo, a um juiz de


direito determinar qual a área (cível, penal, etc) na qual irá desempenhar suas
funções, por analogia, não se pode permitir que o Policial realize apenas as funções
que sejam compatíveis com a sua capacidade física.

Mister ressaltar que não se trata de cargo de Escrivão ou


Agente, mas de cargo de Policial, pertencente à Carreira da Polícia Civil do Estado
de Sergipe, e receberão treinamento especializado e absolutamente necessário à
função de policial, que envolverá, entre outros, utilização de armas de fogo, defesa
pessoal, abordagem a criminosos.

Senhor Juiz, data maxima venia, não é correto afirmar que


as funções desempenhadas por Escrivão de Polícia e por Agente de Polícia
Judiciária não requerem boa aptidão física do candidato. É fato que o Policial
não escolhe as funções que deseja desempenhar. A função é inerente ao cargo
de policial da carreira da Polícia Civil e não de Escrivão ou de Agente e suas
atribuições necessitam de capacidade física específica para o desempenho de
atividade, se não vejamos, o artigo 301, do Código de Processo Penal, determina
que “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”. Como exigir tal ação
de um indivíduo despido de capacidade física?

Para elucidar a questão, transcrevemos parte do parecer


técnico, referente ao teste, emitido pelo Professor Osmar Riehl, Mestre em
Educação Física. Segundo o professor, os testes são adequados para averiguar as
condições físicas dos candidatos do concurso público em questão, senão vejamos:

“(...)
É conveniente notar que todos os cargos oferecidos no
Edital são integrantes da Carreira de Polícia Civil do Estado de
Sergipe e estão dispostos na Lei nº 4.133, de 13 de outubro
de 1999. Todos eles solicitam de seus ocupantes preparo para
o desempenho, inclusive físico, de atos ou atividades policiais
de risco.
Quanto aos testes solicitados no Edital, de corrida, de
barra fixa e de impulsão horizontal, prestam-se para avaliar a
condição mínima do conjunto de músculos dos membros
superiores e inferiores, bem como a resistência cárdio-
pulmonar (aeróbica) todos relacionados à saúde.

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O teste dinâmico de barra fixa para o sexo
masculino e em suspensão para o sexo feminino mede a
força muscular dos membros superiores e cintura
escapular. Nesse aspecto diferem dos demais porque são os
únicos destinado a avaliar a referida musculatura, de resto
absolutamente necessária na atividade policial, seja para
carregar armas mais pesadas, seja para imobilizar outra
pessoa, prestar socorro, afastar obstáculos, etc.. Não há
como afastá-los na oportunidade de avaliação da
capacidade física do candidato ao desempenho de função
policial.

O teste de impulsão horizontal objetiva medir a


potência aeróbica, bem como o componente coordenação
motora necessário em muitas atividades.
O teste de corrida de doze minutos objetiva a medir
a potência aeróbica (capacidade cárdio-respiratória). O
Edital exige 2000m para o sexo feminino e 2200 para o sexo
masculino, o que corresponde, em termos de consumo
máximo de oxigênio (VO2max), respectivamente a 33,2ml
(Kg.mim)- 1 E 37,6 ml (kg.min)-1, que se configuram
adequados às ações previstas às funções públicas a que se
candidatam. Por oportuno, registre-se que para atletas, esse
esforço é fixado em valor acima de 60 mil (kg.min)-1,
aproximadamente 60% (sessenta por cento0 superior ao
estabelecido no Edital para o sexo masculino.
No que pertine à quantidade de esforço fixada no
Edital, convém ressaltar que a distinção entre os sexos foi
contemplada coma a fixação valores menores para o sexo
feminino e são adequados à avaliação pretendida.
Desta forma, a exigência de prova de capacidade
física em concurso público para cargos da Polícia Civil é
oportuna e necessária para se avaliar as condições físicas
mínimas dos candidatos de ambos os sexos para que possam
ter bom desempenho no Curso de Formação Profissional e
para o efetivo exercício das funções inerentes à atividade
policial.
(...)“

Ademais, a jurisprudência de nossos Tribunais tem acatado a


legalidade e a necessidade de realização de prova física no concurso de polícia,
sendo insuficiente a aproximação do índice mínimo para aprovação, In verbis:

“ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. AGENTE DE


POLÍCIA FEDERAL. EXAME DE ESFORÇO FÍSICO. TESTE
COM DESEMPENHO MÍNIMO. LEGALIDADE.

1– Prevista no Decreto-lei nº 2.320/87 a prova da


capacidade física, e nele remetido ao ato administrativo a
fixação do desempenho mínimo, é legal e constitucional a
exigência contida no item 3.5.5 da IN nº 002/87–DRS/ANP.

2– Não logrando a candidata percorrer a distância


mínima no tempo previsto da corrida, não pode pretender
aprovação no concurso, ainda que tenha atingido mais de 90%
(noventa por cento) do desempenho exigido” (MAS
90.01.05391–2/DF, Relator JUIZ JIRAIR ARAM MEGUERIAN,

12
Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA, Publicação DJ
27/5/1996, p. 34565)

MINISTRATIVO - EXAME DE CAPACIDADE FÍSICA PARA


ADMISSÃO NO CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
DA ACADEMIA NACIONAL DE POLÍCIA - NOTAS MÍNIMAS

EXIGIDAS PARA CANDIDATOS DO SEXO MASCULINO -


IGUALDADE DE OPORTUNIDADES - APTIDÃO FÍSICA -
EXIGÊNCIA LEGAL - CONCURSO PÚBLICO - NORMAS -
PODER DA ADMINISTRAÇÃO.
1 - Sendo legal a exigência do teste de esforço físico de
natureza eliminatória, já que a aptidão física é condição
indispensável à matrícula no Curso de Formação da Academia
Nacional de Polícia (Decreto-lei nº 2.320/87, art. 8º, IV), foge à
competência do Poder Judiciário a aferição sobre necessidade
do exame físico para essa finalidade, sua razoabilidade ou
proporcionalidade e demais critérios para apuração do
resultado. 2 - Inexiste discriminação na atribuição de notas
mínimas no teste de esforço físico pela simples assertiva de
que ás mulheres teria sido exigido desempenho inferior,
quando todos os candidatos do sexo masculino, não apenas
alguns, se submeteram ao mesmo critério, sendo respeitada a
igualdade de oportunidades entre eles. 3 - Descabe ao
Judiciário, substituindo a Administração, alterar normas que
regem concurso público 4 - Precedentes da Turma. 5 -
Apelação e Remessa Oficial providas. 6 - Sentença reformada.
Nº do Processo AC 96.01.41399-5 /GO; APELAÇÃO CIVEL;
Relator: JUIZ FAGUNDES DE DEUS (CONV.) (502 ); Relator
p/ Acórdão: JUIZ CATÃO ALVES (167 ); Órgão Julgador:
PRIMEIRA TURMA; Publicação: DJ 11 /10 /1999P.36;

MANDADO DE SEGURANÇA - EXAME DE CAPACIDADE


FÍSICA PARA A ADMISSÃO NO CURSO DE FORMAÇÃO
PROFISSIONAL DA ACADEMIA NACIOANAL DE POLÍCIA -
NOTAS MÍNIMAS EXIGIDAS PARA CANDIDATOS DO
SEXO MASCULINO - IGUALDADE DE OPORTUNIDADES -
APTIDÃO FÍSICA - EXIGÊNCIA LEGAL - CONCURSO
PÚBLICO - NORMAS - PODER DA ADMINISTRAÇÃO.
1. Sendo legal a exigência do teste de esforço físico de
natureza eliminatória, já que a aptidão física é indispensável à
matrículano curso de Formação da Academia Nacional de
Polícia (Decreto-lei nº 2.320/87, art. 8º, IV), foge à
competência do poder judiciário a aferição sobre
necessidade do exame físico para essa finalidade, sua
razoabilidade ou proporcionalidade e demais critérios para a
apuração dos resultado. 2. Inexiste discriminação na
atribuição de notas mínimas no teste de esforço físico pela
simples assertiva de que às mulheres teria sido exigido
desempenho inferior, quando todos os candidatos do sexo
masculino, não apenas alguns, se submeteram ao mesmo
critério, sendo respeitada a igualdade de oportunidades entre
eles. 3. Descabe ao Judiciário, substituindo a administração,
alterar normas que regem concurso público . 4. Precedentes
da Turma. 5. Remessa Oficial provida. 6. Segurança
denegada. Nº do Processo: ROMS 95.01.09430-8/DF;
RECURSO ORDINARIO EM MANDADO DE SEGURANÇA;

13
Relator: JUIZ CATÃO ALVES (116 ); Órgão Julgador:
PRIMEIRA TURMA; Publicação: DJ 16 /03 /1998 P.125

CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL


CIVIL. AÇÃO CAUTELAR. FUNCIONALISMO. CONCURSO
PÚBLICO PARA OS CARGOS DE DELEGADO DE POLÍCIA
FEDERAL E PERITO CRIMINAL. EXAME PSICOTÉCNICO.
TESTE DE ESFORÇO FÍSICO. VALIDADE. RECEPÇÃO
DO ART. 8º, III, DO DECRETO-LEI Nº 2.320/87 PELA
CONSTITUIÇÃO EM VIGOR. SÚMULA Nº 239-TFR. FUMUS
BONI IURIS E PERICULUM IN MORA NÃO
CONFIGURADOS.

1. "É legítima a exigência de exame psicotécnico, em


concurso público para o ingresso na Academia Nacional de
Polícia, revogada a Súmula nº 127" (Súmula nº 239 - TFR). 2.
Exigível, também, a aprovação do candidato ao cargo de
Delegado de Polícia Federal no teste físico, se dita condição
está inscrita na legislação regulamentadora do certame. 3.
Improcede a ação cautelar quando visa antecipar
prestação jurisdicional cujo mérito tem sido reiteradamente
repudiado pela jurisprudência da Corte. 4. Inexistência,
outrossim, de periculum in mora, eis que não se configura
ameaça à eficácia do processo principal. 5. Precedentes do
TRF - 1ª Região. AC 96.01.45793-3 /DF; APELAÇÃO CIVEL,
JUIZ ALDIR PASSARINHO JUNIOR (118); PRIMEIRA
TURMA ; DJ 16 /02 /1998 P.170; 16 /04 /1997; À unanimidade,
negar provimento à apelação.

Excelência, independentemente de qualquer análise, a


Administração Pública deve primar pelo melhor desempenho de suas atribuições
para lograr os melhores resultados na prestação de serviço público. Esse é o
entendimento da Administração Policial quando busca selecionar os candidatos mais
capacitados a exercerem a função de policial, seguindo o princípio da eficiência,
inserido na Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional nº 19, de
4/6/98.

Senhor Juiz, os critérios utilizados na seleção dos candidatos


são critérios rígidos. Foram aplicados com inequívoca igualdade. Não podem se
apresentar frágeis, tênues, flexíveis às conveniências e às particularidades dos
participantes. A higidez e a integridade do concurso público em tela precisam ser
preservadas sempre.

Na verdade, da mesma forma e em tempo diferente, a


impetrante deveria ter pelo menos tentado a impugnação do edital. Depreende-se da
Lei nº 8.666/93, artigo 41, §1º, por analogia, que deveria ser protocolado o pedido de
impugnação até cinco dias antes do início do concurso, podendo este ser feito por
qualquer cidadão. A impetrante tenta, agora, de maneira intempestiva, “a
impugnação”.

Dessa forma, restou evidenciada a inexistência do direito


líquido e certo, requisito legal e doutrinário que justificaria a segurança pleiteada.
Assim sendo, a denegação da segurança faz-se necessária e urgente, uma vez que
a decisão em favor do Writ acarretaria a produção do periculum in mora inverso, o
que originará, certamente, grave lesão à ordem pública em face dos fundamentos
supracitados.

14
DO PEDIDO

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que:

a) reconsidere acerca da liminar deferida, revogando-a em


juízo de retratação;
b) seja extinto o processo sem o julgamento do mérito, em
face das questões processuais preliminarmente suscitadas;
c) seja determinada a citação dos litisconsortes necessários
para que possam defender seus interesses que serão
afetados por uma eventual procedência dos pedidos da
impetrante;
d) acaso superado os pedidos anteriores, o que não se
acredita, seja denegada a segurança, pois a pretensão da
impetrante fere a lei do mandado de segurança, o princípio
da isonomia, por falta dos requisitos essenciais e contraria
as regras do concurso, o interesse público, a doutrina de
Direito Administrativo e a jurisprudência unânime no País.

Respeitosamente,

Aracaju/SE, 5 de setembro de 2001.

JOÃO GUILHERME CARVALHO


Secretário de Segurança Pública do Estado de Sergipe

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