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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DO ESTADO DE SERGIPE

Ref.: Processo nº 4096/2001


Mandado de Segurança nº 297/2001

O SECRETÁRIO DE SEGURAÇA PÚBLICA do Estado de


Sergipe vem, respeitosamente, prestar a Vossa Excelência as INFORMAÇÕES
destinadas a instruir o mandado de segurança em referência, impetrado por VÂNIA
REGINA MOURA FARIAS.

DOS FATOS

A impetrante inscreveu-se no concurso público destinado ao


provimento de vagas no cargo de ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL DE 3ª CLASSE,
na forma prevista no Edital nº 1/2001 – SSP/SE, de 11 de maio de 2001.

A inscrição implicou a aceitação das normas para o concurso


contidas nos comunicados e nas publicações relativas ao evento, na forma prevista
no subitem 13.2 do edital que rege o certame.

O concurso de que trata o edital mencionado é composto de


duas etapas. A primeira etapa, de caráter eliminatório e classificatório, está sendo
executada pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE) da
Universidade de Brasília (UnB) e compreende provas objetivas, prova de capacidade
física e avaliação psicológica. A segunda etapa, também de caráter eliminatório e
classificatório, constituiu-se de Curso de Formação Profissional, que será realizado
pela Secretaria de Estado da Segurança Pública do Estado de Sergipe.

A impetrante, que não impugnou o edital que rege o certame,


insurge-se contra a prova de capacidade física do concurso em questão, com o
presente mandado de segurança sustentando, em suma, que a prova de capacidade
física é ilegal, desarrazoada e discriminatória.

DA LIMINAR

Vossa Excelência deferiu a liminar pleiteada “para assegurar


ao impetrante o direito de participar da próxima fase do concurso mencionado, até o
julgamento final deste mandado de segurança“. Com efeito, informamos que a
liminar será cumprida pelo CESPE, órgão executor da primeira etapa do certame.
DAS QUESTÕES PROCESSUAIS

DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO

A impetrante insurge-se contra critérios adotados pela


Administração Pública para selecionar candidatos em concurso público, ou seja,
questiona e contraria norma editalícia expressa, da qual se depreende que os
candidatos deverão ser submetidos à prova de capacidade física que tem caráter
eliminatório, conforme previsto no edital que rege o certame. O que na verdade
existe é a impossibilidade de reexame pelo Judiciário desses critérios porque
adentraria no mérito exclusivamente administrativo.

Com efeito, os Tribunais pátrios têm, reiteradamente, decidido


pela impossibilidade de o Judiciário substituir os critérios administrativos na seleção
de candidatos em concurso público. Assim, vislumbra-se o descabimento do exame
do mérito do critério adotado pela Administração Pública com relação à aptidão de
candidato de concurso na via Judicial. Nesse espeque, veja-se o acórdão
colacionado abaixo, que restou assim ementado:

“ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO.


REVISÃO DE PROVAS E ANULAÇÃO DE
QUESTÕES. DESCABIMENTO.
1. A aferição de conhecimento dos candidatos inscritos
em concurso público, apurada em processo seletivo
conduzido pela Administração Pública, é matéria que
refoge à competência do Poder Judiciário, salvantes os
casos de ilegalidade manifesta ou abuso de poder.
2. Se não demonstrou o autor-apelante caso de
ilegalidade concreta ou de manifesto abuso de poder
imputável aos responsáveis pelo concurso a que se
submeteu, evidentemente não cabe ao Judiciário
imiscuir-se no mérito das questões formuladas,
questionar critérios de avaliação ou inquirir sobre a
propriedade da temática escolhida pelos
examinadores, pois a tanto equivale permitir indevida
incursão de um poder sobre outro poder, em
desapreço à repartição de competências e atribuições
que a norma constitucional quis preservar.
3. Precedentes do STF e do STJ.
4 Apelação improvida.” (TRF 2ª Região. AC. Nº
97.02.02176-6, Relatora: Juíza Célia Georgakópoulos.
Julgado em 14.05.97. 4ª Turma. Decisão unânime. DJ.
De 18.09.97.
“ADMINISTRATIVO. CONCURDO PÚBLICO.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO.
- Em se tratando de concurso público, é vedado ao
poder Judiciário substituir a banca examinadora quanto
aos objetivos, fontes e bases de avaliação das
questões.
- Precedentes.
- Recurso desprovido.” (STJ – 2ª RMS Nº 8.076 – MG .
Relator: Ministro Félix Fischer. 5ª Turma. Decisão
Unanime. Julgado em 07.10.97.)
“CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONCURSO
PÚBLICO. PROVAS. REVISÃO.

2
1 - Não cabe ao Judiciário, no controle jurisdicional do
ato administrativo, valorar o conteúdo das opções
adotadas pela banca examinadora, substituindo-se a
esta, mas verificar se ocorreu ilegalidade no
procedimento administrativo, apenas, dado que, se as
opções adotadas pela banca foram exigidas de todos
os candidatos, todos foram tratados igualmente.”
(INFORMATIVO DO STF Nº 93 RE Nº 140.242, DJ de
21.11.97.)

Confira, ainda, o recurso ordinário em mandado de segurança,


com origem no STJ, tendo por Relator o Ministro Ilmar Galvão, foi negado, por
unanimidade, a partir do seguinte texto:

“O critério de correção de provas e atribuição de notas


estabelecidos pela Banca Examinadora não pode ser
discutido pelo judiciário, limitando-se a atuação ao
exame da legalidade do procedimento administrativo.”

De parecer do Ministro Jesus Costa Lima, o seguinte resumo


de sentença, datado de 1993, emanado do STJ, com referência a um recurso
envolvendo exame psicotécnico, expõe:

“A decisão combatida deixou de negar vigência ao


dispositivo legal na medida em que tem como legítimo
o exame psicotécnico, apenas entendendo que deve
ser realizado de modo a assegurar os direitos dos
candidatos, evitando que a Banca Examinadora haja
com arbitrariedade ou abuso de poder.”

Também da lavra do Ministro Milton Luiz Pereira, a decisão


acolhida por unanimidade negando provimento ao recurso especial, embasada no
seguinte texto:

“Em tema de concurso público de provas, é cediço que


o Poder Judiciário, aprisionado à verificação da
legalidade, não deve substituir os examinadores
quanto aos objetivos, fontes e bases de avaliação das
questões. As comissões examinadoras organizam e
avaliam as provas com discricionariedade técnica.”

Diferente não poderia ser o entendimento esposado pela


doutrina pátria. A propósito, leciona o mestre Hely Lopes Meirelles, In: Direito
Administrativo Brasileiro, 16ª edição, São Paulo, RT, 1991, p. 602/603:

“...não se permite ao Judiciário pronunciar-se sobre o


mérito administrativo, ou seja, sobre a conveniência,
oportunidade, eficiência ou justiça do ato, porque, se
assim agisse, estaria emitindo pronunciamento de
administração, e não de jurisdição judiciária. O mérito
administrativo, relacionando-se com conveniências do
governo ou com elementos técnicos, refoge do âmbito
do Poder Judiciário, cuja missão é a de aferir a
conformação do ato com a lei escrita, ou, na sua falta,
com os princípios gerais do Direito”.

3
Assim, se o Direito não tutela a pretensão da impetrante , visto que os fundamentos
do pedido não são admitidos pelo sistema jurídico pátrio, a inicial deve ser indeferida
(CPC, artigo 295, inciso I e parágrafo único, inciso III).

DA DILAÇÃO PROBATÓRIA

Emérito Julgador, a impetrante alega, que a exigência dos


testes da prova de capacidade física são desarrazoados, desproporcionais e
discriminatórios. Todavia, não se pode afirmar se realmente esse teste fere algum
direito dos candidatos.

Na realidade, o referido teste não é discriminatório ou


desarrazoado, como se verifica do parecer do Mestre em Educação Física,
Professor Osmar Riehl anexo (doc. 1). Contudo, para verificar se é ou não
proporcional ou até mesmo para se verificar as condições físicas dos candidatos ou
ainda para se afirmar que o cargo em questão exige aptidão física solicitada, seria
necessária perícia técnica realizada por profissionais devidamente compromissados
para esse fim, mas isso somente seria juridicamente possível nas vias ordinárias
adequadas, visto que o rito do mandado de segurança é incompatível com a
indispensável dilação probatória necessária neste caso.

Em última análise, a impetrante não possue direito líquido e


certo tutelável por mandado de segurança, pois os fatos aduzidos na inicial não
podem ser comprovados de plano, exigindo dilação probatória, o que impõe a
extinção do presente feito sem julgamento do mérito.

Por fim, ressalte-se que a manutenção da liminar deferida


e a concessão da ordem implicarão em cerceamento de defesa representando
grave lesão ao princípio da ampla defesa e do devido processo legal, previstos
no inciso LV do artigo 5º da Constituição Federal, uma vez que a
Administração Pública não poderá impugnar os fatos alegados pela impetrante
por meio de perícia.

LITISCONSORTES NECESSÁRIOS

Ainda, em preliminar, deve-se esclarecer que a impetrante


foram eliminados do certame. Todavia, caso a impetrante venham lograr êxito em
suas pretensões, por meio de determinação judicial, retornarão ao certame o que
causará alteração na relação dos candidatos que serão convocados para as demais
fases do certame, podendo inclusive ocupar a vaga de outro candidato que será
convocado para o Curso de Formação Profissional, conforme previsto no subitem
10.3 do edital que rege o certame.

Por esses motivos, suscitamos, em preliminar, a necessidade


da citação dos litisconsortes passivos necessários. Essa medida é necessária para
que esses candidatos defendam seus interesses, que serão, inequivocamente,
afetados por uma eventual procedência do pedido da impetrante .

Oportuno lembrar o Código de Processo Civil, em seu art. 47,


ao estabelecer que:

“(...) há litisconsórcio necessário, quando, por


disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o
juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas
as partes; caso em que a eficácia da sentença

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dependerá da citação de todos os litisconsortes no
processo.”

Theotônio Negrão, ao comentar o dispositivo, cita decisões do


Supremo Tribunal Federal que definem a ocorrência de litisconsórcio necessário
quando “a decisão da causa propende acarretar obrigação direta para o terceiro, a
prejudicá-lo ou afetar seu direito subjetivo” (STF – RT 594/248).

No mesmo sentido entendeu o TRF da 5ª Região ao apreciar a


Medida Cautelar nº 96.0525240-6, in casu, referente ao concurso para Fiscal do
Trabalho, in verbis:

“AC 105333/96 – CE: (96.05.25240-6)


APELANTE: UNIÃO FEDERAL
APELADO: ROSEMBLETT FERREIRA GOMES LIMA
ADVOGADOS : FRANCISCO VALENTIM DE AMORIM
NETO E OUTROS
RECTE. ADESIVO: ROSEMBLETT FERREIRA
GOMES LIMA
REMETENTE: JUÍZO FEDERAL DA 6ª VARA CE
RELATOR : JUIZ PETRUCIO FERREIRA

EMENTA:
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. CARGO
DE FISCAL DO TRABALHO. LITISCONSORTES
NECESSÁRIOS. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO.
NULIDADE DO DECISUM.

1. Caracterizado o procedimento concursal como de


interesse de todos os candidatos a que ele se
submeteram, não tendo sido citados, pessoalmente, os
litisconsortes necessários, nula é a sentença, nos
termos do art. 47, do CPC, posto que, sendo
conhecidos os domicílios dos candidatos, não é a
hipótese de proceder-se a citação por edital.
2. Provimento da apelação e remessa oficial e
improvimento do recurso adesivo.

ACÓRDÃO:
Vistos e relatados estes autos, em que são parte as
acima indicadas. Decide a Segunda Turma do Tribunal
Regional Federal da 5ª Região, à unanimidade de
votos, DAR PROVIMENTO à apelação e à remessa
oficial e NEGAR PROVIMENTO ao recurso adesivo do
particular nos termos do voto do Juiz Relator, na forma
do Relatório e Notas Taquigráficas, que ficam fazendo
parte integrante do presente julgado.
Recife, 14 de novembro de 1996.
(data do julgamento)”

Diferente não é o entendimento da Excelentíssima Senhora


Desembargadora Clara Leite de Rezende, dessa Egrégia Corte, nos autos do
Mandado de Segurança nº 4154/2001, ao determinar de ofício a citação dos
litisconsórcios necessários em idêntica ação versando sobre o presente concurso:

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“Determino, de ofício, a citação de todos os aprovados
no exame de capacitação físcia para integrarem a lide,
litisconsortes passivos necessários, porque a
reconhecimento do pretenso direito da Impetrante
implicará em modificação de suas situações
jurídicas.” (grifou-se)

Assim sendo, a impetrante deve promover a citação de todos


os candidatos aprovados na prova de capacidade física para comporem o pólo
passivo da presente demanda.

DA OFENSA AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA

O atendimento do pleito da impetrante implicará tratamento


diferenciado, ferindo o artigo 37, incisos I e II da Constituição Federal, e a isonomia
dos concorrentes, insurgindo contra a legalidade de procedimento, já que todos os
candidatos que continuaram no certame foram considerados aptos na prova de
capacidade física, conforme os critérios previstos em edital. Como enfatiza o mestre
Adilson Abreu Dallari, em sua obra Regime Constitucional dos Servidores Públicos,
2ª edição, p. 37:

“É incompatível com a idéia de concurso público a


utilização de critérios subjetivos, secretos, meramente
opinativos, de foro íntimo, que de qualquer forma
possam afetar a publicidade do certame e a rigorosa
igualdade de tratamento entre os candidatos. (...) Em
resumo, o concurso público é um instrumento de
realização concreta dos princípios constitucionais da
isonomia e da impessoalidade.”

Novamente é a lição do o Professor Hely Lopes Meirelles, ao


afirmar que:

“A Administração é livre para estabelecer as bases do


concurso e os critérios de julgamento, desde que o
faça com igualdade para todos os candidatos.” (In:
Direito Administrativo Brasileiro, 16ª edição, p. 371)

Admitida a tese expendida na inicial, restaria ferido o princípio


constitucional da igualdade, na medida em que a impetrante não seriam avaliados
segundo os mesmos padrões de rigor estabelecidos em edital, aplicados a todos os
candidatos participantes do certame, uma vez que terá mais tempo para treinar e
obter aprovação no teste.

A impetrante pretende, em última análise, receber tratamento


diferenciado dos demais candidatos. Tal procedimento, no entanto, conforme
assinalado anteriormente, é vedado no âmbito do concurso público, que deve primar
pela igualdade entre os candidatos.

DO MÉRITO

Caso superadas as questões anteriormente suscitadas, é


importante ressaltar que as regras estabelecidas para o concurso público devem ser
observadas por todos os que nele foram inscritos.

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O edital é a peça básica da seleção, vincula tanto a
Administração quanto os candidatos concorrentes. Ao aderir às normas do certame,
o candidato sujeitou-se às exigências do edital, não podendo, portanto, pretender
tratamento diferenciado contra disposição expressa e pública da lei interna a que se
obrigou.

Esses parâmetros foram elaborados para todo e qualquer


candidato. Foram traçados dentro dos princípios do Direito Administrativo, primando
pela forma igualitária de tratamento.

DA LEGALIDADE

Excelência, a Administração Pública agiu dentro da mais


límpida moralidade, respeitando a Constituição Federal, bem como toda legislação
aplicada in casu, não restando evidenciada lesão alguma ao direito invocado pela
impetrante , como ficará demonstrado.

É importante esclarecer que o concurso público para os cargos


de Escrivão e Agente de Polícia da Polícia Civil do Estado de Sergipe exigem teste
de aptidão física, conforme o inciso II do artigo 32, da Lei nº 4.133, de outubro de
1999, que dispõe sobre a organização e normas gerais de funcionamento da Polícia
Civil do Estado de Sergipe, In verbis:

“(...)
Art. 32º O concurso público par o cargo de provimento
de Escrivão de Polícia ou de Agente de Polícia
Judiciária deverá ser realizado em 4 (quatro fases,
sucessivas, sendo as 3 (três) primeiras eliminatórias e
a última (4ª fase) classificatória, conforme estabelecido
a seguir:
(...)
II – a segunda fase – eliminatória – consistirá de
exame psicológico e teste de aptidão física,
observados critérios objetivos de avaliação;
(...)” (grifo nosso)

Excelência, em face da obrigação por parte da Administração


Pública de se seguir a legislação pertinente a cada cargo, vê-se que para a polícia
que lida com a manutenção da ordem, realizando diversas atividades, normalmente
perigosas, a exigência legal de plenas condições física e psíquica, ou de uma
conduta social irrepreensível é essencial para termos bons policiais.

DO CARATER ELIMINATORIO

O caráter eliminatório da prova de capacidade física tem


amparo legal no citado artigo 32º, incisos II da Lei Estadual nº 4.133, de outubro de
1999, que dispõe sobre a organização e normas gerais de funcionamento da Polícia
Civil do Estado de Sergipe.

Da mesma forma, o caráter eliminatório da prova é um critério


legal e foi aplicado de forma isonômica a todos os candidatos, utilizado para
selecionar os mais aptos para o desempenho das funções de policial e que está
previsto de forma clara e objetiva, em subitem 6.17.3 do edital que rege o certame.

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Emérito Julgador, não se pode realizar um teste para avaliar
condições físicas dos candidatos e não eliminar o candidato que não alcançar o
desempenho mínimo do teste por não haver candidato mais ou menos apto para o
cargo.

Não há porque questionar procedimentos administrativos


lícitos, destinados à seleção, em concursos públicos, de candidatos efetivamente
qualificados para o cargo a ser provido. O interesse da Administração Pública,
revestido de plena legalidade e discricionariedade, não pode ser condicionado aos
interesses particulares ou de uma única classe.

DA PROVA DE CAPACIDADE FÍSICA

DO INDICE MÍNIMO PARA APROVAÇÃO – COMPATIBILIDADE COM AS


ATRIBUIÇÕES DOS CARGOS – ACEITAÇÃO PELOS CANDIDATOS

Veja, Excelência, que os índices mínimos exigidos foram


aceitos pelos candidatos quando da inscrição no concurso público nos termos do
subitem 13.2 do edital e não são desproporcionais ou dezarrazoados, ao contrário,
são inferiores aos testes de capacidade física exigidos em recentes concursos para
o cargo de Agente e de Escrivão de Polícia realizados em nosso País, senão
vejamos o quadro abaixo:
POLÍCIA CARGO TESTES SEXO INDICE TEMPO TENTATIVAS
Sergipe Escrivão Corrida Masculino 2.200m 12’ 01
Feminino 2.000m 12‘ 01
Sergipe Agente Corrida Masculino 2.200m 12’ 01
Feminino 2.000m 12’ 01
Barra fixa Masculino 3 flexões -------------- 02
Feminino Suspensão 10” 02
Impulsão Masculino 1m 70cm -------------- 02
horizontal Feminino 1m 30cm -------------- 02
Distrito Corrida Masculino 2.400m 12’ 01
Federal Agente Feminino 2.400m 12’ 01
Escrivão Barra fixa Masculino 5 flexões 20” 03
Penitenciário Feminino 3 flexões 20” 03
Papiloscopista Impulsão Masculino 1m 80cm -------------- 03
Perito horizontal Feminino 1m 50cm -------------- 03
Federal Barra fixa Masculino 5 flexões -------------- 03
Escrivão Feminino Suspensão 10’ 03
Agente Impulsão Masculino 1m 80cm -------------- 03
Delegado horizontal Feminino 1m 30cm -------------- 03
Perito Corrida Masculino 2.400m 12’ 01
Papiloscopista Feminino 2.000m 12’ 01
Natação Masculino 50m -------------- 03
Feminino 50m -------------- 03
GOIAS Salto em Masculino 3m 50cm -------------- 03
distância Feminino 3m -------------- 03
Agente Corrida Masculino 2.400m 12’ 01
Feminino 2.000m 12’ 01
Corrida Masculino 100m 16” 01
Feminino 100m 18” 01
GOIAS Escrivão corrida Masculino 2.200m 12’ 01
Delegado
Feminino 1.800m 12’ 01
Perito
Auxiliar de Salto em Masculino 3m -------------- 01
Autopsia distância Feminino 2m 80cm ------------- 01

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Depreende-se da tabela acima, que os índices mínimos e os
testes exigidos no concurso em questão são, em sua maioria, inferiores aos exigidos
nos últimos concursos para o cargo de Escrivão e de Agente de Polícia.

Ressalte-se, ainda, que o concurso em tela é o único que só


exige um único teste de corrida para o cargo de Escrivão de Polícia.

Excelência, resta claro que as marcas mínimas exigidas


dos candidatos não são despropositadas, não exigem preparação física de
atleta, como afirmado na inicial, ao contrário, são marcas mínimas exigidas em
qualquer concurso, ou até mesmo nas avaliações de educação física das
escolas de ensino médio e faculdades.

Cabe frisar que a prova de capacidade física visa aferir a


capacidade mínima necessária para suportar, física e organicamente, as exigências
do Curso de Formação Profissional e o desempenho eficiente das funções policiais,
conforme dispõe o edital que rege o certame.

Conforme demonstrado, os testes não são discriminatórios ou


desarrazoados e os candidatos tiveram prazo suficiente para treinar e obter
aprovação.

Convém informar, ainda que, para os dois cargos


disputados, 988 candidatos realizaram a prova de capacidade física, sendo que
645 obtiveram aprovação e somente 343 foram considerados inaptos. Dessa
forma, somente 34% dos candidatos foram considerados inaptos na prova de
capacidade física. Ressalte-se, que esse índice de reprovação é normal em prova
de capacidade física. Assim, entendemos que a prova de capacidade física não foi
desarrazoada ou discriminatória, pelo contrário, selecionou os candidatos que
melhor se prepararam para o concurso da Polícia Civil.

DA PROVA DA IMPETRANTE

In casu, a impetrante foi avaliado por banca examinadora na


prova de capacidade física (teste de barra fixa), sendo considerado INAPTO por não
conseguir a performance mínima exigida para o teste, conforme documento anexo
(doc. 2), sendo eliminado do concurso, como estabelecido no subitem 6.17.3 do
edital que rege o certame, in verbis;

“6.17.3 O candidato que não atingir o desempenho


mínimo será considerado inapto nessa prova e,
conseqüentemente, eliminado do concurso público”.

Ressalte-se que o critério adotado e aplicado indistintamente a


todos os candidatos estabelece que será considerado inapto e eliminado do
concurso o candidato que deixar de atingir o índice mínimo exigido para qualquer um
dos testes físicos, não sendo suficiente a aproximação dos mínimos exigidos.

Esclarecemos, ainda, que a equipe de avaliação foi composta


por professores formados em Educação Física e eram excelentes as condições de
realização das provas. Assim, a Administração Pública prevê normas claras que
obrigam a eliminar a impetrante, caso não atinja a performance mínima exigida.

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Mencione-se, por fim, que não há que se falar em
cerceamento de defesa, uma vez que a Administração Pública, por intermédio do
edital supracitado prevê explicitamente fase para interposição de recurso
administrativo (doc. 3).

DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE

A impetrante alega que a prova de capacidade física é ilegal,


desarrazoada e discriminatória. Todavia, como foi demonstrado, a prova é legal e a
exigência dos testes é necessária para se averiguar as condições físicas dos
candidatos.

É conveniente notar que todos os cargos oferecidos no edital


são integrantes da Carreira de Polícia Civil do Estado de Sergipe e estão dispostos
na Lei nº 4.133, de outubro de 1999. Esses cargos solicitam de seus ocupantes
preparo físico para o bom desempenho de suas atribuições, conforme disposto no
artigo 24 e 26 da referida Lei, In verbis:

Art. 24. São atribuições do Escrivão de Polícia, além de


outras legal e regulamentarmente previstas:
I – Registrar boletins de ocorrências policiais, tomar por
termos depoimentos e interrogatórios;
II – Lavrar autos de prisão/apreensão e fichas
individuais de estatística criminal;
III –Preparar memorandos, intimações, notas de culpa
e termos de entrega;
IV – Formar inquéritos e investigações de fatos anti-
sociais de menores;
V – Realizar tarefas correlatas de apoio policial e
administrativo.

Art. 26. São atribuições do Agente de Polícia Judiciária:


I – Proceder, mediante ordem escrita da autoridade
policial, a investigação e diligências policiais, com o fim
de coletar elementos para elucidação da infrações
penais;
II – Efetuar prisões em flagrante, busca pessoal,
apreensões, bem como conduzir e escoltar presos;
III – Cumprir mandados expedidos pela Autoridade
Policial ou Judiciária competende;
IV – Dirigir, conforme habilitação e de acordo com a
devida designação, veículos automotores em missões
policiais e em funções do desempenho de atividades
nos diversos setores da Polícia Civil;
V – Operar, conforme conhecimentos e respectiva
designação, equipamentos de comunicação, e zelar
por sua segurança e manuteção;
VI – Exercer outras atribuições decorrentes
especificamente da função policial civil, emanadas da
Autoridade Policial.”
(grifo nosso)

Desse modo, despicienda de interesse a alegação de que em


razão da natureza dos cargos, os candidatos não deveriam realizar os testes de
capacidade física. Isso porque, além de haver previsão legal para aplicação

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equânime do teste de capacidade física, há que se mencionar que todos os cargos,
sem exceção, são de policiais, ou seja, todos os futuros policiais serão
potencialmente aproveitáveis em ações policiais das mais diversas que encerram
muitas vezes riscos, tanto para o policial como para o cidadão.

Outrossim, ressalte-se que o trabalho a ser desempenhado


pela impetrante exige, sobretudo, força física, pois como sumariamente descrito na
lei. Mister ressaltar que não se trata de cargo de Escrivão ou Agente, mas de cargo
de Policial, pertencente à Carreira da Polícia Civil do Estado de Sergipe, e receberão
treinamento especializado e absolutamente necessário à função de policial, que
envolverá, entre outros, utilização de armas de fogo, defesa pessoal, abordagem a
criminosos, etc.

Senhor Juiz, data maxima venia, não é correto afirmar que


as funções desempenhadas por Escrivão de Polícia e por Agente de Polícia
Judiciária não requerem boa aptidão física do candidato. É fato que o Policial
não escolhe as funções que deseja desempenhar. A função é inerente ao cargo
de policial da carreira da Polícia Civil e não de Escrivão ou de Agente e suas
atribuições necessitam de capacidade física específica para o desempenho de
atividade, se não vejamos, o artigo 301, do Código de Processo Penal, determina
que “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”. Como exigir tal ação
de um indivíduo despido de capacidade física?

Para elucidar a questão, transcrevemos parte do parecer


técnico, referente ao teste, emitido pelo Professor Osmar Riehl, Mestre em
Educação Física. Segundo o professor, os testes são adequados para averiguar as
condições físicas dos candidatos do concurso público em questão, senão vejamos:

“(...)
É conveniente notar que todos os cargos
oferecidos no Edital são integrantes da Carreira de
Polícia Civil do Estado de Sergipe e estão dispostos na
Lei nº 4.133, de 13 de outubro de 1999. Todos eles
solicitam de seus ocupantes preparo para o
desempenho, inclusive físico, de atos ou atividades
policiais de risco.
Quanto aos testes solicitados no Edital, de
corrida, de barra fixa e de impulsão horizontal,
prestam-se para avaliar a condição mínima do conjunto
de músculos dos membros superiores e inferiores, bem
como a resistência cárdio-pulmonar (aeróbica) todos
relacionados à saúde.
O teste dinâmico de barra fixa para o sexo
masculino e em suspensão para o sexo feminino
mede a força muscular dos membros superiores e
cintura escapular. Nesse aspecto diferem dos demais
porque são os únicos destinado a avaliar a referida
musculatura, de resto absolutamente necessária na
atividade policial, seja para carregar armas mais
pesadas, seja para imobilizar outra pessoa, prestar
socorro, afastar obstáculos, etc.. Não há como afastá-
los na oportunidade de avaliação da capacidade
física do candidato ao desempenho de função
policial.

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O teste de impulsão horizontal objetiva medir
a potência aeróbica, bem como o componente
coordenação motora necessário em muitas
atividades.
O teste de corrida de doze minutos objetiva a
medir a potência aeróbica (capacidade cárdio-
respiratória). O Edital exige 2000m para o sexo
feminino e 2200 para o sexo masculino, o que
corresponde, em termos de consumo máximo de
oxigênio (VO2max), respectivamente a 33,2ml
(Kg.mim)- 1 E 37,6 ml (kg.min)-1, que se configuram
adequados às ações previstas às funções públicas a
que se candidatam. Por oportuno, registre-se que para
atletas, esse esforço é fixado em valor acima de 60 mil
(kg.min)-1, aproximadamente 60% (sessenta por
cento0 superior ao estabelecido no Edital para o sexo
masculino.
No que pertine à quantidade de esforço fixada
no Edital, convém ressaltar que a distinção entre os
sexos foi contemplada coma a fixação valores menores
para o sexo feminino e são adequados à avaliação
pretendida.
Desta forma, a exigência de prova de
capacidade física em concurso público para cargos da
Polícia Civil é oportuna e necessária para se avaliar
as condições físicas mínimas dos candidatos de ambos
os sexos para que possam ter bom desempenho no
Curso de Formação Profissional e para o efetivo
exercício das funções inerentes à atividade policial.
(...)“

Ademais, a jurisprudência de nossos Tribunais tem acatado a


legalidade e a necessidade de realização de prova física no concurso de polícia,
sendo insuficiente a aproximação do índice mínimo para aprovação, In verbis:

“ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. AGENTE


DE POLÍCIA FEDERAL. EXAME DE ESFORÇO
FÍSICO. TESTE COM DESEMPENHO MÍNIMO.
LEGALIDADE.

1– Prevista no Decreto-lei nº 2.320/87 a prova


da capacidade física, e nele remetido ao ato
administrativo a fixação do desempenho mínimo, é
legal e constitucional a exigência contida no item 3.5.5
da IN nº 002/87–DRS/ANP.

2– Não logrando a candidata percorrer a


distância mínima no tempo previsto da corrida, não
pode pretender aprovação no concurso, ainda que
tenha atingido mais de 90% (noventa por cento) do
desempenho exigido” (MAS 90.01.05391–2/DF, Relator
JUIZ JIRAIR ARAM MEGUERIAN, Órgão Julgador:
SEGUNDA TURMA, Publicação DJ 27/5/1996, p.
34565)

MINISTRATIVO - EXAME DE CAPACIDADE FÍSICA


PARA ADMISSÃO NO CURSO DE FORMAÇÃO

12
PROFISSIONAL DA ACADEMIA NACIONAL DE
POLÍCIA - NOTAS MÍNIMAS

EXIGIDAS PARA CANDIDATOS DO SEXO


MASCULINO - IGUALDADE DE OPORTUNIDADES -
APTIDÃO FÍSICA - EXIGÊNCIA LEGAL - CONCURSO
PÚBLICO - NORMAS - PODER DA ADMINISTRAÇÃO.
1 - Sendo legal a exigência do teste de esforço físico
de natureza eliminatória, já que a aptidão física é
condição indispensável à matrícula no Curso de
Formação da Academia Nacional de Polícia (Decreto-
lei nº 2.320/87, art. 8º, IV), foge à competência do
Poder Judiciário a aferição sobre necessidade do
exame físico para essa finalidade, sua razoabilidade
ou proporcionalidade e demais critérios para apuração
do resultado. 2 - Inexiste discriminação na atribuição
de notas mínimas no teste de esforço físico pela
simples assertiva de que ás mulheres teria sido exigido
desempenho inferior, quando todos os candidatos do
sexo masculino, não apenas alguns, se submeteram
ao mesmo critério, sendo respeitada a igualdade de
oportunidades entre eles. 3 - Descabe ao Judiciário,
substituindo a Administração, alterar normas que
regem concurso público 4 - Precedentes da Turma. 5 -
Apelação e Remessa Oficial providas. 6 - Sentença
reformada. Nº do Processo AC 96.01.41399-5 /GO;
APELAÇÃO CIVEL; Relator: JUIZ FAGUNDES DE
DEUS (CONV.) (502 ); Relator p/ Acórdão: JUIZ
CATÃO ALVES (167 ); Órgão Julgador: PRIMEIRA
TURMA; Publicação: DJ 11 /10 /1999P.36;

MANDADO DE SEGURANÇA - EXAME DE


CAPACIDADE FÍSICA PARA A ADMISSÃO NO
CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DA
ACADEMIA NACIOANAL DE POLÍCIA - NOTAS
MÍNIMAS EXIGIDAS PARA CANDIDATOS DO
SEXO MASCULINO - IGUALDADE DE
OPORTUNIDADES - APTIDÃO FÍSICA - EXIGÊNCIA
LEGAL - CONCURSO PÚBLICO - NORMAS - PODER
DA ADMINISTRAÇÃO.
1. Sendo legal a exigência do teste de esforço físico
de natureza eliminatória, já que a aptidão física é
indispensável à matrículano curso de Formação da
Academia Nacional de Polícia (Decreto-lei nº 2.320/87,
art. 8º, IV), foge à competência do poder judiciário a
aferição sobre necessidade do exame físico para
essa finalidade, sua razoabilidade ou
proporcionalidade e demais critérios para a apuração
dos resultado. 2. Inexiste discriminação na atribuição
de notas mínimas no teste de esforço físico pela
simples assertiva de que às mulheres teria sido exigido
desempenho inferior, quando todos os candidatos do
sexo masculino, não apenas alguns, se submeteram
ao mesmo critério, sendo respeitada a igualdade de
oportunidades entre eles. 3. Descabe ao Judiciário,
substituindo a administração, alterar normas que
regem concurso público . 4. Precedentes da Turma. 5.

13
Remessa Oficial provida. 6. Segurança denegada. Nº
do Processo: ROMS 95.01.09430-8/DF; RECURSO
ORDINARIO EM MANDADO DE SEGURANÇA;
Relator: JUIZ CATÃO ALVES (116 ); Órgão Julgador:
PRIMEIRA TURMA; Publicação: DJ 16 /03 /1998 P.125

CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CAUTELAR.
FUNCIONALISMO. CONCURSO PÚBLICO PARA OS
CARGOS DE DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL E
PERITO CRIMINAL. EXAME PSICOTÉCNICO.
TESTE DE ESFORÇO FÍSICO. VALIDADE.
RECEPÇÃO DO ART. 8º, III, DO DECRETO-LEI Nº
2.320/87 PELA CONSTITUIÇÃO EM VIGOR.
SÚMULA Nº 239-TFR. FUMUS BONI IURIS E
PERICULUM IN MORA NÃO CONFIGURADOS.

1. "É legítima a exigência de exame psicotécnico, em


concurso público para o ingresso na Academia
Nacional de Polícia, revogada a Súmula nº 127"
(Súmula nº 239 - TFR). 2. Exigível, também, a
aprovação do candidato ao cargo de Delegado de
Polícia Federal no teste físico, se dita condição está
inscrita na legislação regulamentadora do certame. 3.
Improcede a ação cautelar quando visa antecipar
prestação jurisdicional cujo mérito tem sido
reiteradamente repudiado pela jurisprudência da Corte.
4. Inexistência, outrossim, de periculum in mora, eis
que não se configura ameaça à eficácia do processo
principal. 5. Precedentes do TRF - 1ª Região. AC
96.01.45793-3 /DF; APELAÇÃO CIVEL, JUIZ ALDIR
PASSARINHO JUNIOR (118); PRIMEIRA TURMA ; DJ
16 /02 /1998 P.170; 16 /04 /1997; À unanimidade,
negar provimento à apelação.

Excelência, independentemente de qualquer análise, a


Administração Pública deve primar pelo melhor desempenho de suas atribuições
para lograr os melhores resultados na prestação de serviço público. Esse é o
entendimento da Administração Policial quando busca selecionar os candidatos mais
capacitados a exercerem a função de policial, seguindo o princípio da eficiência,
inserido na Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional nº 19, de
4/6/98.

Senhor Juiz, os critérios utilizados na seleção dos candidatos


são critérios rígidos. Foram aplicados com inequívoca igualdade. Não podem se
apresentar frágeis, tênues, flexíveis às conveniências e às particularidades dos
participantes. A higidez e a integridade do concurso público em tela precisam ser
preservadas sempre.

Na verdade, da mesma forma e em tempo diferente, a


impetrante deveria ter pelo menos tentado a impugnação do edital. Depreende-se da
Lei nº 8.666/93, artigo 41, §1º, por analogia, que deveria ser protocolado o pedido de
impugnação até cinco dias antes do início do concurso, podendo este ser feito por
qualquer cidadão. A impetrante tenta, agora, de maneira intempestiva e por via
oblíqua, “a impugnação”.

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Dessa forma, restou evidenciada a inexistência do direito
líquido e certo, requisito legal e doutrinário que justificaria a segurança pleiteada.
Assim sendo, a denegação da segurança faz-se necessária e urgente, uma vez que
a decisão em favor do writ acarretaria a produção do periculum in mora inverso, o
que originará, certamente, grave lesão à ordem pública em face dos fundamentos
supracitados.

DO PEDIDO

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que:

a) reconsidere acerca da liminar deferida, revogando-a em


juízo de retratação;
b) seja extinto o processo sem o julgamento do mérito, em
face das questões processuais preliminarmente suscitadas;
c) seja determinada a citação dos litisconsortes necessários
para que possam defender seus interesses que serão
afetados por uma eventual procedência dos pedidos da
impetrante ;
d) acaso superado os pedidos anteriores, o que não se
acredita, seja denegada a segurança, pois a pretensão da
impetrante fere a lei do mandado de segurança, o princípio
da isonomia, por falta dos requisitos essenciais e contraria
as regras do concurso, o interesse público, a doutrina de
Direito Administrativo e a jurisprudência unânime no País.

Respeitosamente,

Aracaju/SE, 5 de setembro de 2001.

JOÃO GUILHERME CARVALHO


Secretário de Segurança Pública do Estado de Sergipe

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