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*Métodos diretos de diagnóstico parasitológico*

*A FRESCO:* Este deve ser o método de primeira escolha para o diagnóstico na fase aguda, quando se verifica
a alta parasitemia. É o exame mais empregado, consistindo na pesquisa do parasito a fresco, em sangue
periférico, obtido por meio de punção digital ou sangue venoso incoagulável (heparinizado ou citratado). As
coletas devem ser semanais, durante as seis primeiras semanas da doença. Uma gota de sangue de 5 ul é
examinada entre lâmina e lamínula (20 X 20 mm) com aumento de 400 vezes, sendo necessário examinar 200
campos microscópicos por lâmina, no mínimo, para concluir sua negatividade. Os parasitos, refringentes, são
visualizados pelos seus rápidos movimentos entre as hemácias, que são por eles deslocadas. Quando
observados a fresco, também podem ser diferenciados pela movimentação rápida e sinuosa, de T. cruzi, e
lenta, de T. rangeli3,9,10.

*Métodos indiretos de diagnóstico parasitológico*

*XENODIAGNÓSTICO:* Os métodos indiretos são métodos que visam a ampliar a parasitemia. Como são
demorados seu uso é mais recomendado na fase crônica. O xenodiagnóstico, empregado no Brasil em 1940,
foi um dos métodos indiretos mais submetidos a sucessivas revisões até hoje, visando à otimização dos
resultados.

O xenodiagnóstico natural: utiliza 40 ninfas de triatomíneo virgens de infecção, distribuídas em 4 recipientes


(potes de madeira ou plástico) protegidos por tela de filó, aplicados sobre a pele, nos membros do paciente,
durante 30 min. Após repleção com sangue do paciente, o parasito, se presente, multiplica-se no tubo digestivo
do triatomíneo, e as fezes das ninfas são examinadas aos 30 e 60 dias após o repasto sanguíneo. As fezes são
colocadas com uma gota de solução fisiológica entre lâmina e lamínula para observação ao microscópio com
aumento de 400x para observação de tripomastigotas metacíclicas e de epimastigotas, que podem ser vistas
em caso de compressão muito intensa.

Quanto ao xenodiagnóstico artificial, tem sido cada vez mais empregado, com resultados equiparáveis ou
melhores que com o xenodiagnóstico natural. Consiste na coleta de 10 ml de sangue citratado do paciente
suspeito da doença em um pequeno recipiente de vidro de boca larga, a boca do frasco é coberta com uma
membrana, que no início era de intestino de mamífero, porém atualmente tem sido substituída com sucesso por
preservativo masculino sem substâncias espermicidas e sem lubrificante. O sangue é aquecido a 37°C e, ato
contínuo e nele é ajustado o recipiente recoberto por filó e contendo os triatomíneos. Após isso, o conjunto é
colocado na estufa a 37°C durante 1 hora. Os triatomíneos, iludidos pela membrana que imita a pele, sugam o
sangue através dela até que ocorra a repleção. Posteriormente, as fezes obtidas por compressão abdominal
são examinadas no método artificial aos 25, 35 e 60 dias, após o repasto.

Existem alguns parâmetros importantes quanto à espécie do triatomíneo, a utilização do Dipetalogaster


maximus apresenta vantagens como a utilização de ninfas de 1.º estádio, evitando contaminação dos
triatomíneos com outros tripanosomatídeos, excelente capacidade de alimentação e facilidade na obtenção de
fezes. Quanto ao jejum, depende da espécie utilizada, sendo recomendado jejum não menor de 15 dias nem
superior a 25. É importante observar que todas as ninfas devem alimentar-se até chegar à repleção total.
Quando isto não acontece, a ninfa não sofre o processo de muda, e morre, com frequência, antes de completar
os 30 dias do primeiro exame. Outro detalhe importante é a manutenção das ninfas até o momento do exame,
protegidas da ação predadora de outros insetos, e em condições satisfatórias de umidade (75 a 85%) e
temperatura (26 a 28ºC) para evitar a sua dessecação e morte.

*HEMOCULTURA:* É um método indireto introduzido como diagnóstico parasitológico desde a década de 40.
Os resultados eram comprometidos, pois o sangue total era semeado em grande quantidade em poucos tubos,
o que inibia o desenvolvimento das formas de T. cruzi. Várias modificações foram introduzidas e, atualmente,
existe um consenso quanto a algumas variáveis como a retirada de plasma contendo anticorpos e a coleta de
30 ml de sangue, assim como a centrifugação a 4ºC. O anticoagulante utilizado com mais frequência é a
heparina, na concentração de 10 unidades/ml. O sangue incoagulável deve ser processado imediatamente, por
meio de centrifugação e separação do plasma, que contém os anticorpos potencialmente letais para os
parasitos. O sangue, incluindo o creme leucocitário, deve ser semeado em no mínimo seis tubos. O meio que
tem fornecido melhores resultados é o Liver Infusion Tryptose (LIT). As culturas devem ser mantidas a 28ºC. A
observação destas deve ser realizada mensalmente, durante vários meses, no mínimo quatro, procurando
também formas amastigotas por meio de lâminas coradas.

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