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ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (APS) ESTÁGIO EM CLÍNICA INTEGRAL DO IDOSO III

Atividade 1
Resumo

O Brasil está passando por um rápido envelhecimento populacional, com a maior taxa de
crescimento na faixa etária acima de 60 anos. Isso tem gerado uma crescente demanda
por asilos e outras formas de residências de longo prazo. No entanto, o aumento da
longevidade nem sempre está ligado a uma boa saúde; o envelhecimento traz mudanças
funcionais que tornam os idosos mais suscetíveis a doenças crônicas. Muitos idosos fazem
uso de medicamentos, que podem afetar a saúde bucal. O objetivo deste artigo é
investigar as mudanças na saúde bucal dos idosos institucionalizados relacionadas ao uso
de medicamentos, através de uma revisão da literatura.

Introdução
No final do século XX, o Brasil experimentou um notável envelhecimento de sua
população, com um aumento significativo de pessoas com mais de 60 anos. Esse
crescimento trouxe desafios nos aspectos social, de saúde, econômico e emocional.
Embora os idosos tenham muito a contribuir para a sociedade, o envelhecimento
frequentemente traz mudanças fisiológicas que podem resultar em condições
patológicas, exigindo o uso de medicamentos. Os idosos, que consomem mais
medicamentos, podem enfrentar efeitos colaterais adversos, incluindo problemas bucais.
Este artigo revisa a literatura sobre as alterações na saúde bucal dos idosos,
especialmente relacionadas ao uso de medicamentos em instituições de longa
permanência.

Instalações de longa permanência


O envelhecimento da população brasileira levou a um aumento na demanda por
instituições de longa permanência para idosos, devido a fatores como solidão, escassez
de suporte social e baixa renda. O termo "asilo" foi substituído por "Instituições de Longa
Permanência para Idosos" (ILPIs), destacando o cuidado integral oferecido. O Estatuto do
Idoso e a Política Nacional do Idoso reconhecem a importância das ILPIs na ausência de
suporte familiar adequado. No entanto, não há regulamentações específicas para a saúde
bucal dos idosos institucionalizados, havendo uma lacuna de conhecimento nessa área.

Alterações na saúde bucal devido ao uso frequente de remédios

Devido a condições crônicas de saúde, os idosos frequentemente fazem uso regular de


vários medicamentos, podendo chegar a cinco ou mais tipos diferentes, o que pode ter
impactos tanto positivos quanto negativos na saúde. A administração contínua de
medicamentos pode desencadear uma variedade de reações no corpo, incluindo efeitos
colaterais na boca, aumentando o risco de problemas bucais. Os idosos são os maiores
consumidores de remédios por pessoa no mundo, destacando-se medicamentos
cardiovasculares, analgésicos, sedativos e tranquilizantes. O envelhecimento pode
aumentar a prevalência de problemas bucais devido a alterações fisiológicas e ao uso de
medicamentos, tornando o acompanhamento odontológico regular essencial. A saúde
bucal é parte integrante do cuidado com o corpo, e o envelhecimento pode trazer
alterações na boca, como retração dos tecidos, diminuição da espessura da mucosa e
alterações na superfície da língua. Problemas bucais comuns relacionados ao uso de
medicamentos em idosos incluem Candidose, Xerostomia e Hiperplasia gengival.

Candidose
A Candidose é uma infecção fúngica comum na boca, causada principalmente pelo fungo
Candida albicans. Pode manifestar-se como placas brancas, amarelas ou acinzentadas
facilmente removíveis. Mais comum em idosos devido ao uso de medicamentos como
imunossupressores, antibióticos, corticoides e omeprazol. Existem várias formas clínicas,
incluindo a Pseudomembranosa Aguda, com placas branco-amareladas removíveis, e a
Eritematosa, causando sensibilidade e inflamação, especialmente na língua. A Candidose
Atrófica Crônica, encontrada sob próteses totais superiores, afeta idosos devido a
próteses mal ajustadas e má higiene. A queilite angular, comum em idosos com perda de
dimensão vertical de oclusão, resulta do acúmulo de saliva e crescimento de Candida spp.
nas comissuras labiais, sendo alguns medicamentos contribuintes.

Xerostomia
As glândulas salivares desempenham um papel essencial na saúde bucal, fornecendo
saliva para proteção dos tecidos, lubrificação da mucosa e digestão dos alimentos. A
redução na atividade das glândulas salivares pode levar à xerostomia, caracterizada pela
boca seca, afetando a digestão e deglutição. Com o envelhecimento, as glândulas salivares
podem degenerar, resultando em menos saliva, especialmente em repouso. Estudos
indicam que medicamentos como anti-hipertensivos, analgésicos e psicotrópicos podem
contribuir para a xerostomia em idosos. A xerostomia, juntamente com a diminuição da
elasticidade da mucosa, pode predispor a úlceras e erosões na boca, causando
desconforto nos idosos.

Hiperplasia Gengival Medicamentosa


A Hiperplasia Gengival Medicamentosa é um aumento anormal do tecido gengival devido
ao uso de certos medicamentos. Isso ocorre devido à interferência desses medicamentos
no metabolismo dos fibroblastos e do colágeno. Diversos medicamentos, como
anlodipina, fenitoína e ciclosporina, foram identificados como causadores desse
crescimento excessivo. Geralmente, a hiperplasia gengival começa a se desenvolver entre
o primeiro e o terceiro mês de uso do medicamento e continua a aumentar ao longo de
doze a dezoito meses.

Considerações finais
A compreensão aprofundada das lesões bucais relacionadas ao uso de medicamentos é
crucial para melhorar o cuidado odontológico dos idosos, especialmente aqueles em
Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) sem apoio familiar. Garantir
qualidade de vida para esses idosos é vital, considerando os desafios que enfrentam
devido à falta de suporte social. Os cirurgiões-dentistas precisam estar cientes da situação
dos idosos no Brasil para planejar intervenções que promovam sua saúde bucal,
especialmente diante das alterações causadas pelo uso prolongado de medicamentos. O
reconhecimento dessas alterações e sua associação com medicamentos são essenciais
para desenvolver programas de intervenção em saúde adaptados às necessidades desse
grupo populacional.

Opinião:

O aumento da expectativa de vida traz desafios significativos para a sociedade,


especialmente no que diz respeito ao cuidado com a saúde dos idosos. É crucial que os
profissionais de saúde, incluindo os cirurgiões-dentistas, estejam bem informados sobre
as alterações na saúde bucal relacionadas ao envelhecimento e ao uso de medicamentos.
Intervenções preventivas e de tratamento devem ser desenvolvidas e implementadas
para garantir uma boa qualidade de vida aos idosos, especialmente àqueles que vivem em
instituições de longa permanência e podem enfrentar falta de suporte familiar. A saúde
bucal é parte integrante da saúde geral e deve receber a devida atenção em todos os
estágios da vida, especialmente durante o processo de envelhecimento.

Atividade 2

Aspecto Informações
População Alvo Indivíduos desdentados, parcial ou totalmente, que necessitam de
reabilitação oral.
Objetivo Restaurar a função mastigatória, a estética facial e a fonação,
melhorando a qualidade de vida do paciente.
Avaliação Exame clínico e físico completo, incluindo saúde geral, condição da
mucosa oral, osso remanescente, oclusão e expectativas do
paciente. Se necessário, não abrir mão de exames complementares,
como exemplo, radiografias oclusais e periapicais.
Opções de Próteses removíveis, próteses fixas sobre implantes,
Tratamento overdentaduras ou próteses totais suportadas por implantes.
Considerações Saúde geral do paciente, qualidade e quantidade óssea, condição da
Especiais mucosa oral, posição dos dentes remanescentes e preferências do
paciente.
Planejamento Integração de especialidades como periodontia, cirurgia,
Multidisciplinar implantodontia e prótese dentária para alcançar os melhores
resultados.
Acompanhamento Monitoramento regular para avaliar adaptação, função
Pós-tratamento mastigatória, integração dos implantes e saúde bucal geral.

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