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ATLAS

sobre os fungos na medicina


veterinária

Por
Karolyne Kasmirczak Pedroso
Registro Acadêmico: 652010597
Sumário

1. Aspergillus sp.
2. Penicillium sp.
3. Fusarium sp.
4. Candida albicans.
5. Microsporum canis
6. Sporothrix brasiliensis
7. Trichophyton rubrum
8. Trichophyton tonsurans
9. Trichophyton mentagrophytes
Introdução

Esse documento refere-se a um atlas sobre fungos


da área de parasitologia na medicina veterinária.
Este recurso visa simplificar o entendimento das
características de fungos comuns, como
Aspergillus sp., Penicillium sp., Fusarium sp.,
Candida albicans, Microsporum canis, Sporothrix
brasiliensis, Trichophyton rubrum, Trichophyton
tonsurans e Trichophyton mentagrophytes.
Conhecendo as características desses fungos,
entendendo os sintomas em relação aos animais e
identificando as principais espécies afetadas.
Além disso, focar nas diferentes formas de
tratamento, servindo de auxílio para acadêmicos e
profissionais de medicina veterinária para lidarem
de forma eficaz com a identificação, diagnóstico
e tratamento sobre essa temática fúngica.
Aspergillus sp.
Características Morfológicas e Microscópicas do Gênero Aspergillus:
O Aspergillus sp. é caracterizado por suas estruturas conidióforas, que se
assemelham a uma cabeça de broom, e pelos esporos aéreos chamados
conídios. Microscopicamente, essas estruturas formam uma estrutura
semelhante a um leque.

Sintomatologia e Principais Animais Acometidos:


Infecções por Aspergillus em animais, especialmente em aves e mamíferos,
podem levar a condições como aspergilose. Os sintomas incluem
dificuldades respiratórias, letargia, perda de peso e, em aves, secreções
nasais. Animais imunocomprometidos são mais suscetíveis.

Tratamento:
O tratamento para infecções por Aspergillus geralmente envolve
antifúngicos, como o itraconazol ou o voriconazol. Além disso, medidas de
suporte, como oxigenoterapia, são frequentemente necessárias. A
prevenção é crucial, incluindo a manutenção de ambientes secos e bem
ventilados. Em casos graves, intervenções cirúrgicas podem ser
consideradas para remover áreas afetadas.

Aspergillus sp. - Hifas septadas hialinas e


conidióforo com vesícula, fiálides e conídios.
Lembra um leque. O nome surgiu da
semelhança com o “aspersório”
(latim: aspergillum; aspergere – aspergir)
utilizado na liturgia católica.
Penicillium sp.

Características Morfológicas e Microscópicas do Gênero Penicillium:


Os fungos do gênero Penicillium apresentam uma morfologia distintiva,
formando estruturas ramificadas chamadas conidióforos, que sustentam
esporos especializados chamados conídios. Microscopicamente, são
reconhecidos por sua estrutura ramificada semelhante a um pincel.

Sintomatologia e Principais Animais Acometidos:


Infecções por Penicillium em animais não são comuns, mas exposição
prolongada a esporos pode causar problemas respiratórios. Os sintomas
podem incluir tosse, espirros e, em casos graves, dificuldades respiratórias.
Mamíferos, como bovinos e equinos, podem ser afetados.

Tratamento:
O tratamento para exposição a Penicillium envolve geralmente a remoção
do animal do ambiente contaminado e a administração de terapias de
suporte, como broncodilatadores em casos respiratórios. A prevenção é
crucial, controlando a umidade e a qualidade do ar nos ambientes para
evitar a proliferação do fungo. Em casos graves, podem ser necessários
tratamentos antifúngicos, mas isso é menos comum.

Penicillium sp. - Hifa septada hialina e coni-


dióforo sem vesícula, com fiálides e conídios.
Lembra um pincel.
Fusarium sp.

Características Morfológicas e Microscópicas do Gênero Fusarium:


Os fungos do gênero Fusarium possuem hifas septadas, conidióforos que
produzem macroconídios e, em alguns casos, microconídios.
Morfologicamente, eles formam uma massa micelial característica, e suas
estruturas de reprodução são observadas sob microscópio.

Sintomatologia e Principais Animais Acometidos:


Infecções por Fusarium em animais podem levar a diferentes sintomas,
dependendo da espécie. Isso pode incluir lesões cutâneas, problemas
respiratórios, diarreia e, em casos severos, septicemia. Animais
imunocomprometidos são mais propensos a desenvolver infecções.

Tratamento:
O tratamento para infecções por Fusarium geralmente envolve o uso de
antifúngicos, como o voriconazol. Em casos de infecções cutâneas, a
remoção cirúrgica da área afetada pode ser necessária. A prevenção
envolve práticas de manejo adequadas, como evitar condições favoráveis
ao crescimento fúngico e manter ambientes limpos e secos. O tratamento
específico pode variar com a gravidade e localização da infecção.

Fusarium sp. - Hifas septadas hialinas e


esporos septados transversalmente e em
meia lua ou foice.
Candida albicans

Características Morfológicas e Microscópicas do Fungo Candida


albicans: A Candida albicans é um fungo unicelular que pode formar hifas.
Morfologicamente, tem uma aparência oval ou alongada sob o
microscópio.

Sintomatologia e Principais Animais Acometidos:


Em animais, a Candida albicans pode causar infecções mucocutâneas,
gastrointestinais e sistêmicas. Os sintomas incluem lesões, prurido, perda de
apetite e, em casos graves, complicações sistêmicas. Animais
imunocomprometidos são mais suscetíveis, como aqueles com diabetes ou
em tratamento com antibióticos.

Tratamento:
O tratamento para infecções por Candida albicans em animais geralmente
envolve antifúngicos, como o fluconazol. Além disso, a identificação e
correção de fatores predisponentes, como problemas imunológicos, são
essenciais. A terapia varia com a gravidade e localização da infecção,
sendo a abordagem sistêmica reservada para casos mais severos.

Candida albicans – Candidíase - Pseudo-hi-


fas, blastoconídios e clamidoconídios / Candidíase
profunda. Exame micológico direto de biópsia de
tecido clarificado com soda 20%. Pseudo-hifas e
blastoconídios.
Microsporum canis

Características Morfológicas e Microscópicas do Microsporum canis:


O Microsporum canis é um fungo dermatófito que causa infecções
superficiais na pele. Microscopicamente, exibe hifas septadas e
artrosporos. Esses artrosporos são estruturas especializadas de reprodução
que podem ser observadas em amostras de pelos ou pele afetados.

Sintomatologia e Principais Animais Acometidos:


A infecção por Microsporum canis, conhecida como dermatofitose, afeta
principalmente a pele, pelos e unhas em animais. Os sintomas incluem
perda de pelos, coceira, descamação e, em alguns casos, a formação de
lesões circulares conhecidas como "anéis". Gatos são frequentemente
afetados, e a transmissão para humanos é possível.

Tratamento:
O tratamento para infecções por Microsporum canis envolve
frequentemente antifúngicos, como o griseofulvina ou o terbinafina. Além
disso, a higiene e a desinfecção do ambiente são essenciais para prevenir a
propagação. Em casos mais graves ou persistentes, consulte um veterinário
para avaliação e ajuste do plano de tratamento.

Microsporum canis - Hifas septadas hialinas e


macroconídios em naveta ou fuso, com parede
irre-gular grossa, com mais seis células no interior.
Sporothrix brasiliensis

Características Morfológicas e Microscópicas do Sporothrix


brasiliensis: O Sporothrix brasiliensis é uma levedura dimórfica, podendo
apresentar-se como levedura na forma patogênica. Microscopicamente,
observa-se a levedura em amostras clínicas, muitas vezes associada a hifas.

Sintomatologia e Principais Animais Acometidos:


A esporotricose causada por Sporothrix brasiliensis geralmente afeta
humanos e animais, especialmente gatos. Os sintomas incluem lesões
cutâneas que podem ulcerar, nódulos e úlceras nas vias linfáticas. Em
gatos, as lesões frequentemente aparecem no nariz e na face.

Tratamento:
O tratamento da esporotricose envolve antifúngicos como itraconazol ou
terbinafina. A duração do tratamento pode ser prolongada, e a resposta ao
medicamento é monitorada clinicamente. A intervenção médica é crucial
para diagnosticar corretamente e ajustar o plano de tratamento conforme
necessário. Medidas preventivas incluem evitar contato direto com feridas
de animais doentes e praticar boa higiene. Consulte um profissional de
saúde para orientações específicas.

Sporothrix brasiliensis – (antigamente Spo-


rothrix schenckii). Hifas septadas hialinas e
conidióforos com conídios implantados lembrando
flores (margaridas). Atualmente o agente é formado
por um complexo, sendo a espécie S. brasiliensis a
responsável pela esporotricose no Brasil / No
parasitismo apresenta estruturas gemulantes
pequenas (fungo dimórfico), provavelmente
esporotricose, apesar de ser raro de observar
estruturas no tecido, o diagnóstico geralmente
confirmado pela cultura.
Trichophyton rubrum

Características Morfológicas e Microscópicas do Trichophyton


rubrum: O Trichophyton rubrum é um fungo dermatófito que causa
infecções fúngicas na pele, cabelo e unhas. Morfologicamente, exibe hifas
septadas e estruturas reprodutivas chamadas artroconídios.
Microscopicamente, essas características são observadas em amostras de
pele afetada.

Sintomatologia e Principais Animais Acometidos:


A infecção por Trichophyton rubrum, geralmente denominada tinea, pode
resultar em sintomas como prurido, vermelhidão, descamação e formação
de lesões circulares. Dependendo da localização da infecção, pode ser
conhecida por diferentes nomes, como pé de atleta (tinea pedis) ou micose
(tinea corporis). Normalmente afeta gatos, cachorros e outros mamíferos e
sendo bem mais comum em humanos.

Tratamento:
O tratamento para infecções por Trichophyton rubrum envolve
frequentemente o uso de antifúngicos tópicos, como clotrimazol ou
miconazol, para casos leves. Em infecções mais extensas ou persistentes,
antifúngicos orais, como terbinafina ou itraconazol, podem ser prescritos. A
duração do tratamento varia conforme a gravidade e a localização da
infecção. Consulte um profissional de saúde para orientações específicas.

Trichophyton rubrum - Hifas septadas hiali-nas e


microconídios em gotas pequenas implantados
paralelamente na hifa (tirse), lembrando pregador no
varal.
Trichophyton tonsurans

Características Morfológicas e Microscópicas do Trichophyton


tonsurans: O Trichophyton tonsurans é um fungo dermatófito que causa
infecções fúngicas no couro cabeludo e pelos. Morfologicamente,
apresenta hifas septadas e estruturas reprodutivas chamadas artroconídios.
A observação microscópica destas características é realizada em amostras
de pelos afetados.

Sintomatologia e Principais Animais Acometidos:


A infecção por Trichophyton tonsurans, conhecida como tinea capitis,
resulta em sintomas como coceira, descamação do couro cabeludo,
formação de lesões circulares e, em alguns casos, queda de cabelo. Afeta
gatos, cachorros e outros mamíferos sendo mais comum em filhotes.

Tratamento:
O tratamento para infecções por Trichophyton tonsurans pode envolver
antifúngicos tópicos, como clotrimazol ou miconazol, para casos leves. Em
infecções mais extensas ou persistentes, antifúngicos orais, como
terbinafina ou griseofulvina, podem ser prescritos. A duração do tratamento
depende da gravidade e da resposta individual. Consulte um profissional de
saúde para avaliação e orientações específicas.

Trichophyton tonsurans - Hifas septadas hialinas e


microconídios em gotas grandes e peque-nas
implantados alternadamente. Confunde com T.rubrum.
Trichophyton mentagrophytes

Características Morfológicas e Microscópicas do Trichophyton


mentagrophytes: O Trichophyton mentagrophytes é um fungo dermatófito
que causa infecções fúngicas na pele, unhas e cabelo. Morfologicamente,
apresenta hifas septadas e, microscópica e macroscopicamente, produz
estruturas de reprodução como artroconídios.

Sintomatologia e Principais Animais Acometidos:


A infecção por Trichophyton mentagrophytes, também conhecida como
tinea, pode manifestar-se com sintomas como prurido, vermelhidão,
descamação e formação de lesões circulares. Pode ocorrer em diversas
partes do corpo, incluindo pés (tinea pedis), corpo (tinea corporis) e unhas
(tinea unguium). Afetando gatos, cachorros e outros mamíferos.

Tratamento:
O tratamento para infecções por Trichophyton mentagrophytes pode
envolver antifúngicos tópicos, como clotrimazol ou miconazol, em casos
leves. Em infecções mais extensas ou persistentes, antifúngicos orais, como
terbinafina ou itraconazol, são prescritos. A duração do tratamento varia
conforme a gravidade e a localização da infecção. Consulte um
profissional de saúde para avaliação e orientações específicas.
macroconídio em charuto

Trichophyton mentagrophytes - Hifas septadas


hialinas, microconídios globosos, hifas em espiral ou
gavinha e macroconídio lembrando um charuto ou lápis.
Conclusão

Ao explorar as características dos fungos, como


Aspergillus sp., Penicillium sp., Fusarium sp.,
Candida albicans, Microsporum canis, Sporothrix
brasiliensis, Trichophyton rubrum, Trichophyton
tonsurans e Trichophyton mentagrophytes,
esperamos que tenha sido útil para estudos e
diagnósticos mais precisos. Ao observar os
sintomas e os animais mais afetados, conseguimos
compreender melhor como esses fungos impactam
a saúde dos animais. Além disso, conhecendo as
diferentes formas de tratamento, proporcionamos
ferramentas práticas para profissionais
veterinários tratarem com eficácia. Este atlas
visou simplificar o conhecimento, fortalecendo a
prática veterinária para garantir a saúde e bem-
estar dos animais que podem se encontrar nessas
condições.

Que as informações aqui apresentadas sirvam


como um guia acessível para enfrentar desafios
relacionados a infecções fúngicas na medicina
veterinária.
Referências
Caixa Virtual de Lâminas de Micologia Médica / Jeferson Carvalhaes de Oliveira
Rio de Janeiro / RJ: 2015. Revisado 2022

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