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Uberlândia
2003
DORCAS WEBER
Uberlândia
2003
AGRADECIMENTOS
Aos museus: Museu de Arte Antiga e Popular, Instituto Moreira Salles - Centro Cultural IMS - Belo
Horizonte, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Museu de Arte de Londrina, Museu de Arte
Moderna - MAMAM, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu de Arte Moderna de Resende,
Centro Cultural Banco do Brasil, Instituto Moreira Salles - Centro Cultural IMS - Rio de Janeiro, Museu
de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu da Gravura Brasileira - URCAMP, Museu de Artes Visuais
Ruth Schneider - FUPF, Museu de Arte Contemporânea de Americana, Casa da Xilogravura, Coleção
de Artes Visuais / Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, Conjunto Cultural da
Caixa/SP, Instituto Moreira Sales - Centro Cultural IMS - São Paulo, Instituto Moreira Salles - Sede,
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Museu Lasar Segall, pela atenção
destinada à pesquisa;
As Profas. Maria Cristina Rizzi, Vera Siqueira e Maria Célia Moura Santos, pelo apoio;
Ao Prof. Frederyk Sidou, que possibilitou a participação dos alunos da disciplina de Prática de Ensino
4, no projeto;
À Alexina C. da Costa Jacó, Aline Lopes Peres, Caroline Alves Vilar, Délcia Silva Pereira, Fernanda
Duarte Silva, Genízia Fernandes Mendonça, Gisele Lorençato Faleiros Rocha, Gislaine Garcia Leal,
Olaia Alves Cruvinel, Patrícia Ferrucci Suzuki, Rodrigo Ladir Mário, Tecia Rejane de Brito Medeiros,
equipe de Educadores que participaram do projeto;
À Profa. Márcia Maria de Sousa, que me orientou durante os dez meses de pesquisa;
Ao meu marido Luis Sergio Nunes Costa em especial pelo estímulo, carinho e compreensão durante
o período de pesquisa.
O que significa (...) um museu que além de sua
função museológica, passa a ser um espaço cultural
polivalente, onde n outras coisas podem acontecer:
Deixa ele de ser museu?
É um museu diferente, uma espécie diferente de
museu?
Seriam os museus modernos cada vez mais dessa
maneira?
A idéia tradicional de museu estaria sendo
definitivamente superada?”
INTRODUÇÃO
1 O QUE É MUSEU
1.1 Histórico
1.2 Museu Hoje
2 MUSEU E SERVIÇOS EDUCATIVOS
2.1 Ação Educativa / Cultural no museu
2.2 Efetivação da Ação Educativa
2.3 O educador nos museus
2.4 Serviços educativos encontrados nos museus brasileiros
3 AÇÃO EDUCATIVA EM MUSEUS DE ARTE
3.1 Museu de Arte Moderna da Bahia - Bahia
3.2 Casa João Turin - Paraná
3.3 Bienal do Mercosul - Rio Grande do Sul
3.4 Fundação Bienal de São Paulo - São Paulo
3.5 Museu de Arte Contemporânea / USP - São Paulo
3.6 Centro Cultural Banco do Brasil - Rio de Janeiro
3.7 Museu de Arte Moderna - Rio de Janeiro
3.8 Museu de Arte Contemporânea de Niterói - Rio de Janeiro
3.9 Centro Cultural da Caixa - São Paulo
3.10 Museu de Arte Contemporânea de Americana - São Paulo
3.11 Museu de Arte de Londrina - Paraná
3.12 Discussão acerca dos museus supracitados
4 MUnA - MUSEU UNIVERSITARIO DE ARTE
5 CONTEXTO E PLANEJAMENTO
5.1 Release da Exposição "Regras do Jogo"
5.2 Plano de Ação Educativa
5.2.1 Ações
6 RELATOS E DADOS DAS AÇõES DESENVOLVIDAS
6.1 Pesquisa
6.2 Divulgação
6.3 Apoio
6.4 Formação
6.5 Recepção
6.6 Avaliação
7 ANÁLISE DOS DADOS
7.1 Educadores
7.2 Professores
7.3 Visitantes
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO
O conceito de museu e o alcance de suas ações foram os principais focos de estudo neste
trabalho, que teve por objetivo ampliar esta conceituação a partir do desenvolvimento de um Plano
de Ação Educativa para a Exposição "Regras do Jogo" acontecida no MUnA - Museu Universitário
de Arte entre outubro e dezembro de 2002.
Para tanto foram necessários, a observação e pesquisa sobre Museu e Ação Educativa.
Como metodologia, inicialmente realizou-se uma pesquisa teórica, que se encontra nos Cap. 1 e 2,
na qual adotou-se como referências bibliográficas SUANO (1986), FARIA (2002), PRIMO (2002),
SANTOS (1993), GREENHILL (1983), fazendo um estudo histórico dos conceitos e práticas da
instituição museu, observando qual a concepção de Museu, atualmente utilizada nas instituições
museais, entendendo o que é a ação educativa neste espaço.
Alguns museus já tem adotado novas metodologias e conseguido resultados com mais
qualidade em seus trabalhos com a comunidade. Nessas instituições a concepção de museu é
muito mais do que um espaço de guardo, pois além de guardar ele carrega conhecimentos,
memórias, patrimônios, vidas e identidades.
Estudos feitos nesses museus demonstram que a montagem de uma exposição, e a forma
como ela é apresentada à comunidade, pode modificar a idéia de "baú", e se tornar um espaço de
lazer, prazer e ao mesmo tempo aprendizado.
Vistas estas problemáticas, no Cap. 3, realizou-se um estudo mais aprofundado sobre a
ação educativa dos museus de arte brasileiros, em busca de fundamentação teórica e conceitual
para a elaboração de ações. Nesta pesquisa foram consultados, os sites de instituições bem como
um contato por carta.
A pesquisa teórica serviu de base para a elaboração do Plano de Ação Educativa, que se
constituiu por uma pesquisa/ação na qual foi estudada a realidade do MUnA e como este
desenvolve a sua ação educativa, que pode ser encontrada no Cap. 4. O Cap. 5 compõe o contexto
da exposição e a elaboração do Plano de Ação Educativa, que necessitou de referencial teórico
específico. Este foi buscado em BENJAMIN (2002), CANTON (2001), FRIEDMANN (1996),
KISHIMOTO (1998 e 2001), se juntando aos textos e materiais encaminhados pelos museus de
arte brasileiros.
A opção pelo desenvolvimento de um plano de ação educativa no MUnA se justifica em
virtude da minha formação enquanto aluna do Curso de Artes Plásticas / UFU, e ao fato do MUnA
ser o único museu de arte da cidade que conta com uma equipe de Ação Educativa.
Durante a pesquisa/ação realizou-se pesquisa sobre as obras expostas e artistas, leitura
das imagens, discussão com equipe de curadoria sobre montagem e produção, preparação e
seleção de educadores, elaboração de material didático / pedagógico, a ser utilizado por
professores e educadores, elaboração das atividades a serem desenvolvidas com o público
visitante, divulgação da Exposição e das Ações planejadas junto a escolas, elaboração de material
para avaliação do Plano de Ação Educativa e ao final a avaliação dos dados coletados, que podem
ser encontrados no Cap. 6.
A análise dos dados referentes às ações realizadas, estão presentes no Cap. 7, e apontam
para a necessidade e importância da Ação Educativa enquanto instrumento de comunicação e
educação permanente entre museu e comunidade.
Conclui-se neste trabalho, os aspectos primordiais a serem considerados para que uma
Ação Educativa se realize com êxito e efetividade.
1 O QUE É MUSEU
(Antônio Cícero)
1.1 Histórico
Pode-se dizer que a palavra Museu teve sua origem na Grécia, onde mouseion também
chamado de "casa das musas", era um espaço, mistura de templo e lugar de pesquisa. As musas,
filhas de Zeus com Mnemosine - divindade da memória, eram possuidoras da memória absoluta.
Memória que de acordo com o Dicionário Aurélio, (FERREIRA, 1999, p. 1315) quer dizer,
"Faculdade de reter as idéias, impressões e conhecimentos adquiridos anteriormente". Existia
uma memória, um conhecimento anterior que precisava ser mantido e conservado em um lugar
específico. O mouseion era um lugar onde se podia estudar, e pensar sem interferência dos
problemas do cotidiano externo. É visível que desde a Grécia antiga já existia a preocupação com a
educação e a necessidade de um local apropriado para a concentração do pensamento, do
raciocínio e da pesquisa.
Por volta do séc. II a C. o Egito formou seu mouseion em Alexandria, espaço cuja
preocupação era ensinar e discutir todo saber existente no tempo, assuntos ligados à religião,
mitologia, astronomia, filosofia, medicina, zoologia, geografia, etc. Conforme Marlene Suano
(1986, p. 11), "entre os grandes trabalhos por ele abordado figuravam um dicionário de mitos, um
sumário do pensamento filosófico e um detalhado levantamento sobre todo o conhecimento
geográfico de então." Existia naquele momento o interesse por estudos específicos em algumas
áreas, começava-se então a organização dos assuntos dentro das instituições. Com o tempo
estudos e trabalhos sobre determinado assunto, ficaram ligados à palavra "museu", dispensando o
espaço arquitetônico. Melhor dizendo, estudos sobre diversos temas foram publicados com o
nome "museu".
De acordo com Marlene Suano (1986, p. 11), "o Museum Metallicum, publicado por volta de
1600 pelo naturalista e colecionador Aldovrando de Bologna e do qual se dizia conter todo o
conhecimento da época sobre metais.", já trazia a idéia de museu como reunião de estudos
sobre um determinado assunto, concepção que se reflete hoje em museus de arte, história,
etc...
Com o passar do tempo a idéia de museu ficou ligada à coleções e coletâneas. Muitos
dos pesquisadores que estudam os museus e principalmente quando estudam o seu
surgimento, dedicam-se ao estudo das coleções. A formação de coleções, ou melhor, o ato de
colecionar provavelmente é tão antigo quanto o homem.
recolher aqui e ali objetos e "coisas" seja como recolher pedaços de um mundo que se quer
compreender e do qual se quer fazer parte ou então dominar. Por isso é que a coleção retrata,
ao mesmo tempo, a realidade e a história de uma parte do mundo, onde foi formada, e,
também, a daquele homem ou sociedade que a coletou e transformou em "coleção". (SUANO,
1986, p. 12)
Algumas das coleções, como por exemplo as que pertenciam aos faraós e imperadores,
compostas de pratarias e ouro além de objetos de coleção, serviam de reserva financeira para
os períodos de guerra. As coleções reais demonstravam o poder econômico, e eram tidas até
mesmo como rivalidade entre os nobres. Essas coleções ganhavam templos ou salas especiais
dentro ou até mesmo em anexo aos castelos e palácios para a sua conservação. Coleções de
famílias reais eram coleções particulares, não abertas ao público, apenas pessoas da família ou
amigos poderiam visitá-las. De acordo com Marlene Suano (1986, p. 13) "O sentido de tais
coleções era demonstrar 'fineza, educação e bom gosto', sobretudo com relação à cultura
grega."
Até o Séc. XV, a maior parte das coleções eram constituídas por manuscritos, livros,
mapas, porcelanas, moedas, instrumentos astronômicos, armas, especiarias e peles. Ainda no
Séc. XV e no Séc. XVI cresceu o interesse nas coleções em busca de tesouros do passado,
tendo em vista que representariam muito em relação ao poder. Mas ainda nesta época as
coleções ficavam trancadas em suas salas para a vista do proprietário. Foi somente em 1471
que o papa Pio VI, abriu suas coleções ao público.
No início do Séc. XVIII a instituição Museu, começa a mostrar a sua função social,
expondo objetos que documentassem o passado e o presente. Novamente a memória estava
presente na instituição. No inicio do texto falamos das musas, possuidoras da memória daquela
época, e muitos séculos depois a memória passa a estar presente nas obras e objetos expostos.
Memória que conta o passado para o público ali presente, em uma tentativa de encontrar sua
identidade, sua origem. São as coleções reais da época que deram origem ao que hoje
conhecemos como Museu.
...o filósofo Tommaso Campanella (1568-1639), frei dominicano, escreve magnífica obra,
chamada A Cidade do Sol, na prisão onde se encontrava por ter divulgado manifesto em
defesa de Galileo. Nesta utópica cidade, haveria um mouseion bem diferente do modelo da
época. Ele seria uma revolucionária sede do pensamento científico, sem paredes, onde as
crianças aprenderiam brincando todas as ciências e artes. Tal 'museu' seria a modelar
antítese do sistema escolástico jesuíta, de férrea disciplina e com aprendizado baseado na
memorização. (SUANO, 1986, p. 25)
Desde então já se tinha a idéia de educação de forma não tão formal como na escola e sim
um aprendizado mais dinâmico e prazeroso.
Em 1683, na Inglaterra é aberto o primeiro museu público, instituição como hoje é
conhecida, o Ashmolean Museum, que teve sua origem a partir de doação da coleção de John
Tradeskin. Mesmo sendo instituição pública, a visitação ainda era bastante restrita: em primeiro
lugar estavam a igreja, artistas, e governo e em segundo os especialistas, estudiosos e estudantes
universitários. Percebe-se que ainda hoje os museus tem uma visitação bastante pequena, existe
ainda uma barreira entre museu e comunidade.
É no Séc. XIX que surgem muitos outros museus na Europa. Também no Brasil são abertos
museus, como por exemplo o museu da Escola Nacional de Belas-Artes e o Museu Nacional,
ambos no Rio de Janeiro e criados a partir de moldes europeus. É a partir dos anos 30 e 40 - Séc.
XX, que a maioria dos museus hoje existentes no Brasil foram criados. Conforme pesquisa feita
durante estágio no Setor de Museus da DICULT / PROEX / UFU, encontram-se no Brasil em torno
de 2000 museus abertos à comunidade, sendo a grande maioria instituições de ordem pública.
Para esta pesquisa foram consultados o Guia de Museus Brasileiros (2000), Internet, Secretaria
de Estado da Cultura de alguns estados, e ainda Sistemas ou Redes de Museus,
Hoje, além dos espaços tradicionais de arte e história que se costuma ver como museu,
pode-se encontrar outras modalidades de museus: museus de biologia, geografia, virtuais, e
também museus ao ar livre - reservas técnicas naturais. O museu sai do prédio e novamente é
visto como reserva de determinado tema, neste caso o meio natural onde encontram-se, lagos,
jardins botânicos, zoológicos e reconstituição de casas antigas.
Mesmo assim, ainda hoje no entender comum, a palavra museu está muito relacionada a
um espaço, normalmente de arquitetura antiga em que em seu interior encontram-se coisas e
objetos antigos. Muitos dizem ser um espaço ou lugar sombrio com cheiro de velho onde são
guardadas coisas antigas. Pode-se comparar a um baú, mas já existem conceituações de Museu
de forma mais ampliada.
Conforme o Dicionário Aurélio (FERREIRA, 1999, p. 1384), museu é "Qualquer
estabelecimento permanente criado para conservar, estudar, valorizar pelos mais diversos
modos, e sobretudo expor para o deleite e educação do público, coleções de interesse artístico,
histórico e técnico." Por ser um dicionário da língua portuguesa e não específico na área de
museologia, percebe-se uma concepção de museu não apenas como um espaço de guardo mas
como um espaço também de educação.
Atualmente muitos dos museus no mundo todo, trabalham suas identidades
individualmente e em alguns momentos em conjunto. O que faz a ligação entre eles, chamamos de
Rede ou Sistema de Museus. Conforme observado no Guia de Museus do Rio Grande do Sul,
neste estado podemos encontrar 250 museus nas mais variadas especificidades, que compõem o
Sistema Estadual de Museus - SEM/RS, o qual entende como museu, "Um espaço de luz sobre
nossa sociedade, no qual pode-se reconstituir os cotidianos através de objetos deixados como
testemunhas de seus fazeres e saberes. Nele preserva-se a memória coletiva." (1)
Existe também o Conselho Internacional de Museus - ICOM, que discute museologia e as
funções do museu para com as comunidades. Para o ICOM museu é "Toda instituição permanente,
sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público, que
adquire, conserva, pesquisa e expõe para fins de estudo, educação e lazer, evidências materiais
do Homem e do seu meio ambiente."
O movimento internacional denominado Nova Museologia vem questionar o "museu espaço
de contemplação", trazendo um novo olhar, voltado não mais para o edifício, mas para o território;
não mais para a coleção, mas para o patrimônio; não apenas para o público, mas para a
comunidade ou sociedade local.
O espaço museal tem se tornado mais dinâmico com relação à comunidade. Está mais
próximo, mais aberto, com mais interação e inclusive em alguns museus existe necessidade de
interação.
Em uma concepção mais ampla, Museu é um espaço não acabado, em permanente
construção, que independe de quatro paredes para existir. Neste trabalho será utilizada a idéia
ampliada, pensando em museu como espaço dinâmico, prazeroso, educacional, científico, ainda
um local de memória e identidade, lugar onde todos possam se encontrar e se conhecer e
reconhecer como um indivíduo.
2 MUSEU E SERVIÇOS EDUCATIVOS
Como pôde-se notar no capítulo anterior, a evolução do conceito de museu, com o passar do
tempo deixou de ter apenas finalidade conservatória e documental passando então a exercer
ampla função cultural. O museu começou a exercer sua função também com e para a sociedade.
Por volta de 1850, falava-se em uma função mais educativa e não tão expositiva, na apresentação
dos objetos de forma mais crítica.
De acordo com Marlene Suano (1986, p. 39), "um dos primeiros sinais de que o museu não
deveria apenas servir para produzir espanto e choque diante de tantas riquezas mas sim funcionar
como local de prazer, relaxamento e aprendizado tranqüilo". Os museus perceberam a distância
que existia entre eles e a comunidade e passaram a pensar mais a ação educativa buscando
despertar os valores do objeto ali exposto. A instituição tinha mais preocupação em como deveria
montar e trabalhar a exposição, trazendo a comunidade à exposição de uma forma prazerosa e
dinâmica.
Na década de 50 (Séc. XX), nos Estados Unidos encontrava-se a expressão "museu
dinâmico", em instituições que abrigavam obras de arte, espécies animais e vegetais e oferecia
também serviços educacionais, concertos, desfiles de moda, debates, etc. A partir desta época
alguns museus começaram a trabalhar junto às escolas. Trabalhavam de forma quase
complementar ao ensino formal, muitas vezes saiam de seu espaço físico e iam até a escola em
busca de aproximação com os alunos.
Ainda hoje muitos museus, no mundo todo, trabalham projetos / ações nomeados de "O
museu vai à escola", no qual o museu vai até a escola com pequenas mostras, ou algumas peças
do acervo. Ações como esta tem por objetivo cativar e estimular a curiosidade das crianças para
conhecer o museu.
De acordo com Harrison (1970 apud GREENHILL, 1991, p. 52 apud FARIA, 2000), "alargar o
horizonte das crianças; relacionar o ensino com os indivíduos e com sua experiência pessoal;
compreender a educação como sendo ativa e não passiva; ensinar de forma interdisciplinar; e
relacionar os museus com as crescentes formas de lazer." eram as preocupações dos serviços
educativos na década de 70.
Mesmo que a grande maioria dos museus dedica-se somente à preservação de suas
coleções, pode-se dizer que o número das instituições que estão buscando uma ação cultural
comprometida com o desenvolvimento social, e a preocupação com a preservação da identidade, já
é bem significativo. Conforme análise feita a partir dos 525 museus cadastrados no Guia de Museus
Brasileiros (2002), aproximadamente 40% dos museus brasileiros tem algum tipo de atividade além
da visita monitorada. É importante frisar que a maioria destas atividades refere-se a palestras,
seminários, lançamentos de livros e apresentação de vídeos.
Na necessidade de assumir essa nova postura nos museus, Hansen (1984 apud SANTOS,
1993, p. 13) destaca:
Os museus devem deixar de ser passivos colecionadores, para se tornarem participantes ativos
nas transformações da sociedade. Eles não devem simplesmente empregar novos métodos, mas
devem ser um novo intermediário destemido, encarando de frente os problemas complexos e
crescentes, como o racismo, o crescimento material, a pobreza, o carência de habitação,
desemprego, drogas, deterioração das cidades, planejamento urbano, educação, todos os
aspectos relativos à existência humana procurando encontrar as respostas.
As exposições devem ser projetadas de forma a apresentarem estas controvérsias, lado a lado,
correlacionando problemas comuns, rotineiros com os fatos históricos. Nossos museus devem
estar muito mais à frente das mudanças do que preservando simplesmente.
Para pensar na ação educativa deve-se entender o museu como instituição comprometida
com o processo educacional, desempenhando uma ação cultural e educativa, no âmbito da
educação formal e informal.
A ação educativa no museu é considerada uma ação permanente de educação, onde são
estudados assuntos relativos à especificidade do museu, para o enriquecimento individual e
coletivo. Este trabalho tem por objetivo trazer ao visitante, conhecimento, valorização e
reconhecimento de sua identidade. O museu em sua ação educativa deve trabalhar o
desenvolvimento crítico da sociedade, possibilitando ao indivíduo uma leitura do mundo a sua volta.
Ação que não se entende somente atividades programadas para alunos e professores, mas que
devem ser entendidas no todo, desde o estudo do acervo a ser montado, até a exposição já
montada.
Maria Célia Moura Santos afirma que, (1993, p. 86) "o objetivo primordial, entretanto, não é
transformar os Museus e estabelecimentos educacionais, mas encontrar o seu papel adequado na
educação, destacando-se, principalmente a educação primária."
Percebe-se que mesmo passados mais de 150 anos, poucos museus trabalham de forma
mais dinâmica e preocupada com a recepção da comunidade com a exposição.
Atualmente são poucos os museus que conseguem manter serviços educativos. No Brasil,
onde a maioria dos museus são públicos, os baixos orçamentos e pequenas equipes de trabalho
não permitem que sejam desenvolvidos trabalhos mais elaborados com a comunidade. O descaso
com os museus em nosso país, é muito grande, e a distribuição das verbas ainda não é feita de
forma igualitária.
Alguns museus conseguem patrocínio para grandes exposições, inclusive fora de seu
espaço físico, e outros nem sequer aparecem no guia telefônico local. Tomando como exemplo a
Exposição "Brasil 50000 anos", realizada pelo Museu de Arqueologia e Etnologia - MAE / USP em
Brasília em novembro de 2001. Exposição esta que montou o acervo do MAE de São Paulo em um
espaço do governo e em outro estado, teve também o patrocínio do Governo Federal, por
intermédio de suas empresas, agências de fomento e apoio de grandes empresas privadas
brasileiras.
A maioria dos museu que encontramos no Brasil, consideram ação educativa como
simplesmente a visita monitorada. Porém a visitação monitorada muita das vezes não
corresponde ao tamanho da exposição, ou ainda o despreparo dos monitores, faz com que as
visitações tornem-se cansativas, tanto para o visitante como para o monitor.
Conforme o Guia de Museus Brasileiros (2000), onde foram analisados 525 museus, pode-
se observar alguns pontos como as exposições, as monitorias e outros serviços educativos.
Com relação as exposições, em torno de 60% dos museus trabalham com exposições de
longa e curta duração concomitantemente. Já outras instituições, utilizam somente as exposições
de longa duração ou de curta duração. Percebe-se que em alguns museus, os quais trabalham
exposições de longa duração, o material exposto corresponde a 100% do acervo, o que significa
que a exposição é permanente. Levando a entender que a pessoa que visitar o museu uma vez, na
segunda verá a mesma exposição, e isso desestimula o visitante ao retorno.
As visitas monitoradas são encontradas em 178 museus, o que é considerado um valor
baixo, visto que 220 instituições dizem trabalhar outras atividades educativo-culturais. È
importante colocar que dentro destas outras atividades encontram-se: palestras, mesas-
redondas, cursos, oficinas, seminários, debates, vídeos, lançamentos de livros, apresentações
musicais.
Outros museus trabalham ações em forma de Projetos, com uma comunidade específica.
Os projetos conhecidos como "Museu vai à escola" ou "Museu-Escola", nos quais o museu vai à
escola para um primeiro contato e apresentação de sua instituição aos escolares, instigando sua
curiosidade à visitação, pode ser encontrado em 30 instituições, o que significa 5% do total de
museus. Outros projetos, como o de Educação Patrimonial, que abrange não apenas as escolas
mas também outros públicos, é encontrado em 35 museus, ou seja 6% das instituições
cadastradas pelo Guia de Museus Brasileiros (2000).
Percebe-se que é muito baixo o número de instituições preocupadas, ou que tenham
condições de fazer um trabalho educacional mais específico. O que reafirma mais uma vez que
falta um melhor entendimento do que é museu, de seu compromisso com a sociedade e de
respeito com uma instituição que carrega conhecimentos, memórias, patrimônios, vidas e
identidades.
3 AÇÃO EDUCATIVA EM MUSEUS DE ARTE
Conforme pesquisado no Guia de Museus Brasileiros (2000), nota-se que no Brasil, 66%
dos museus cadastrados são de característica histórica, 10% são museus de arte, 6% de ciências
naturais, 5% de arte sacra e os 13% restantes são museus com outras características, tais como:
arqueologia, etnologia, minerais, eco-museus, entre outros.
Neste trabalho serão apontados e comentados alguns exemplos de projetos de ação
educativa de alguns museus de arte brasileiros e exposições de arte como por exemplo a Bienal de
São Paulo.
Para esta análise foram contatados e solicitados 68 museus de arte brasileiros, dos quais,
19 enviaram resposta à solicitação.
O museu oferece também atividades de acordo com a idade dos escolares e o interesse da
escola. Os professores têm a liberdade de optar pela atividade que considerem mais interessante
em nível de informação. Além da monitoria, o teatro de bonecos contam a história de João Turin e
do museu e sua evolução nos tempos.
A Instituição trabalha de forma enfatizar a necessidade de preservação do patrimônio
histórico e dos bens culturais, tendo como referência o passado, para uma situação presente e
com possibilidades para o futuro.
O trabalho começa com a formação de grupos de monitores, que recebem durante seis
meses embasamento teórico para recepcionar e orientar visitantes durante a Bienal.
A fundação trabalha também com as redes de ensino particular, do Estado e da cidade de
Porto Alegre. Neste processo os professores recebem capacitação e material instrucional como
lâminas, sugestões didáticas e referências bibliográficas sobre artistas, técnicas, etc. Ao mesmo
tempo são promovidas oficinas para capacitar estes professores a atuar em aula.
De acordo com o site da instituição,
com este processo desenvolvido a Bienal Mercosul acredita estar estimulando estes agentes
culturais a criar projetos novos com relação ao evento. Toda esta trajetória tem seu êxito total na
possibilidade deste professor e seus alunos vivenciarem in loco a realidade da arte
contemporânea durante os dois meses em que a bienal encontra-se aberta ao público. "
(capturado em jun/2002)
A Fundação em seu projeto pedagógico trabalha alguns eixos de ação: - recuperação do
espaço público para a cultura e a construção do imaginário do porto-alegrense;
- transformação social, desde a cultura e intervenção nos grandes debates sociais,
por meio da arte;
- Construção da cidadania, criando dispositivos não-formais de aprendizagem;
- Desenvolvimento de políticas culturais para os setores artísticos e os
profissionais de educação, dos meios de comunicação; fomentando sua repercussão no público
destinatário, na formação artística, e nos meios com a realização de seminários, cursos e
encontros, etc;
- Projeção da cidade na região, no País e no mundo.
A ação cultural e educativa proposta pelo Núcleo Educação da Fundação Bienal de São
Paulo,
tem como objetivo facilitar o acesso ao universo da produção artística, especialmente à
arte contemporânea, criando condições para que um público diversificado viva
experiências significativas ao se relacionar com as obras, expandindo seu conceito de arte.
(capturado em jul/2002)
Um dos públicos mais trabalhados pelo núcleo de Educação são os professores por seu
papel na elaboração e difusão do conhecimento de arte, à eles é colocado a disposição
reproduções das obras expostas juntamente com material de apoio educativo, para seu trabalho
com os alunos.
O Núcleo Educação apresenta a experiência com a arte, como processo de leitura e
revelação, como um desafio, demandando uma atitude que envolve parar, olhar, sentir e
questionar, investigando pistas e procurando decifrar enigmas, invocando uma atitude
interrogativa, curiosa, que pode permitir ao indivíduo reconhecer-se como construtor de
significados em sua relação com a obra de arte e com o mundo.
Observa-se que a ação educativa da Bienal de São Paulo "procura criar condições para
apoiar a formação de uma consciência transcultural, crítica e poética, pela arte. " (capturado em
jul/2002)
De acordo com entrevista dada por Mirian Celeste Martins à revista Nova Escola (2002), o
papel da equipe de Ação Educativa da Bienal, "é ajudar os professores a se preparar para
monitorar as visitas com os alunos."
Conforme observado em sua página na internet, MAC / USP trabalha a educação em sua
instituição por intermédio de projetos/programas.
"Meia Volta Vou Ver" é um programa de múltiplas visitas de crianças e professores do
ensino fundamental às exposições do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São
Paulo. O projeto desenvolve uma proposta pedagógica comum entre os professores das escolas
públicas e os educadores do Museu, estabelecendo uma parceria entre as instituições em favor da
melhoria do ensino das artes plásticas.
O programa promove encontros com os professores na escola e no Museu para apresentar
informações sobre o acervo, sobre diferentes módulos de ensino da arte e sobre os diversos
recursos pedagógicos. O programa inclui ainda uma série de atividades com as crianças em sala
de aula, introduzindo as noções do que é um museu de arte, quais são suas funções e os cuidados
que devemos ter ao visitar uma exposição, com o objetivo de prepará-los para as visitas ao acervo
do MAC.
Desde 1991, o MAC / USP desenvolve o projeto "Museu e Público Especial", um programa
permanente de atendimento ao público especial (portadores de deficiências sensoriais, motoras e
mentais), bem como grupos inclusivos (portadores e não portadores de deficiências). Neste projeto
é enfatizada a importância do museu como espaço sócio-cultural para grupos especiais e
inclusivos, oferecendo propostas educativas à escolas e instituições especializadas com o objetivo
de motivar e ampliar o conhecimento da arte e da produção artística dos participantes,
incentivando sua freqüência ao museu, possibilitando maior acesso a esse patrimônio cultural e
atuando como um trabalho de desenvolvimento cognitivo e afetivo, tanto no plano individual quanto
no social.
A Divisão de Ensino e Ação Cultural do MAC / USP conta com uma equipe especializada
neste projeto, que elabora e organiza propostas educativas a cada nova versão das exposições.
Fazem parte desta programação visitas orientadas agendadas antecipadamente, nas quais o
público, acompanhado por educadores, participa de atividades específicas elaboradas para cada
tipo de limitação, incluindo a utilização de material didático visual-tátil de apoio.
Pode ser encontrado no trabalho com portadores de necessidades especiais um "Kit
Multisensorial de Ensino da Arte" que tem por objetivo apresentar e analisar conteúdos relativos à
História da Arte, técnicas e temáticas baseando-se em obras pontuais da História,
complementadas por obras do acervo do MAC / USP. Composto por textos e imagens em tinta e em
relevo bem como objetos tridimensionais, o "Kit Multisensorial" foi elaborado principalmente para
pessoas portadoras de limitações visuais ou de linguagem, como também para o público em geral,
podendo ser aplicado em escolas, instituições culturais ou especializadas.
Projeto "Museu, Educação e o Lúdico tem por objetivo pesquisar a criação e exploração de
estratégias lúdicas no processo de ensino e aprendizagem da arte durante visitas orientadas em
exposições didáticas organizadas para o público infantil e para professores." (capturado em
jun/2002)
Para este projeto foi montada uma exposição pensada na questão educativa de forma
lúdica e multidisciplinar. Foi também desenvolvido um catálogo para professores, o qual auxilia no
trabalho com os alunos.
3.6 Centro Cultural Banco do Brasil - Rio de Janeiro
Para atingir este objetivo o Museu vem desenvolvendo uma série de ações educativas que,
voltadas para o desenvolvimento de uma atitude de questionamento, abordam questões de arte
escolhidas para provocar a curiosidade dos visitantes pelas obras expostas.
Ao planejar as ações educativas de uma exposição, a equipe do MAM tem sempre a
preocupação de aprofundar o seu conhecimento sobre as obras e sobre a proposta da curadoria. É
a partir desse processo que se faz um mapeamento das questões que vão ser abordadas, e se
estabelece estratégias de que se pode lançar mão.
O MAM / RJ trabalha com grupo de visitantes de forma instalar um clima lúdico,
descontraído, o educador propõe um jogo. A atividade vai lhe possibilitar conhecer o grupo com que
está trabalhando, seus interesses, suas características próprias.
Durante os fins de semana e feriados, em horários previamente determinados, são
oferecidas visitas guiadas sem agendamento prévio, para o público presente no Museu. Como nas
outras ações educativas, o educador procura provocar, nos participantes, uma atitude de
questionamento em relação às obras expostas. A diversidade gerada, na maior parte das vezes,
pelas condições de formação do grupo, favorece a troca de experiências - aspecto importante do
trabalho. Estas visitas também são acompanhadas, sempre que oportuno - como no caso de
grupos de crianças (maiores de cinco anos), adolescentes, e adultos - de atividades educativas.
O Museu de Arte Moderna deu início, durante a exposição do artista Vik Muniz, inaugurada
em março de 2000, ao projeto "O que, Quem, Quando, Porque, Como e Onde".
Este projeto educativo tem como objetivo criar novos caminhos de aproximação entre
público e as obras através de multimídia interativo apresentado em computadores colocados no
salão de exposição do Museu.
De acordo com textos produzidos pela Divisão de Arte Educação do MAC / Niterói, objetivo
"é trazer para o interior destas questões, com a certeza de que o papel de um museu,
especialmente de arte contemporânea, não é o de dar todas respostas, mas sim de levantar o
público apreciar e, finalmente ter acesso as transformações que irão situá-lo melhor no seu mundo
e no seu tempo."
O interesse da instituição é incentivar criatividade do espectador e, ao mesmo tempo,
enfatizar a dimensão aberta da obra de arte que deve ser tomada como ponto de partida para
atitudes multiplicadoras de sentido. Assim a arte contemporânea alcança sua culminância ao
redefinir o papel do espectador na revelação de seus valores / significados.
O MAC / Niterói com seus trabalhos com a comunidade preocupa-se em "expandir sua
atuação junto às comunidades marginalizadas dos processos educativos e da produção artística,
isto é da cidadania cultural." O "Projeto Arte Ação Ambiental" é resultado do encontro de artistas
cuja produção envolve o engajamento em questões ambientais e educadores lançam mão de
poéticas artísticas para promover em processo de relações mais harmônicas com o meio ambiente.
A relevância do projeto está na necessidade de proporcionar capacitação a um público
carente que vivenciará a possibilidade de usar sua criatividade de forma lúdica e gerar uma renda
efetiva, reforce sua auto-estima e o estimule a buscar novos patamares de condição sócio-
econômica, em um processo que encontra na força comunitária o impulso de sua sustentabilidade.
Como museu voltado para uma ação cultural pública, a instituição busca um constante
redefinir do que seja a arte contemporânea e como ela se relaciona com indivíduos e a sociedade
como um todo. Assim utiliza-se o contato com as exposições para desenvolver experiências
educativas com um público diversificado, como também são elaboradas estratégias de interação
comunicativa visando a ampliação das relações entre a arte, cultura e educação.
Ao resgatar a comunicação entre arte e indivíduo através da experiência de significados,
segue-se uma metodologia fenomenológica, na qual a arte contemporânea, o objeto-escultura, o
espaço, o lugar ou a pintura, são tidos como elementos intencionais que ao espectador reclama a
primazia do olhar e a percepção imaginativa.
3.9 Conjunto Cultural da Caixa - São Paulo
São elaborados projetos para as diversas idades, crianças, professores e idosos. Com os
professores é trabalhado um processo de capacitação continuada, com o objetivo de oferecer
subsídio teórico e metodológico para elaboração de projetos com seus alunos.
São desenvolvidos projetos para alunos de ensino médio e fundamental, onde são
trabalhadas oficinas de gravura, pintura, dança, música, escultura, pesquisa, história da arte entre
outras.
O Centro Cultural da Caixa tem como preocupação o desenvolvimento do olhar sobre a
concepção da arte, proporcionando o desenvolvimento de atividades ligadas as diversas formas de
expressão artística.
O MAC / Americana em sua ação educativa trabalha com "discussões que a própria mostra
instiga."
O serviço educativo desenvolve material de apoio para que os professores possam
desenvolver um trabalho com seus alunos em um momento anterior a visita. Neste material pode-
se encontrar um histórico sucinto da instituição e informações sobre a mostra que está acontecendo
(data, artistas, biografias, etc.)
Durante as visitações de escolares, o museu procura atender a cada faixa etária ou série em
separado, sendo que são preparadas ações de acordo com cada faixa etária. Para o trabalho com
as escolas são preparados jogos específicos da mostra.
O Museu de Arte de Londrina "vem contribuir com a formação da comunidade e dos alunos,
bem como estimular a Arte e a visitação ao Museu de Arte". Apresenta uma característica específica
para trabalhar com escolas públicas, a ação é realizada por estagiário de Educação Artística, no
qual se observa o trabalho não apenas com alunos de ensino fundamental e médio, visto que nas
escolas é trabalhada a questão da Arte e com ao monitores é desenvolvida a didática dentro de um
espaço que é de ensino não formal.
Entre os objetivos principais do Museu de Arte de Londrina estão o estímulo da criança pelo
gosto da Arte desenvolvendo a socialização e imaginação da criança.
São trabalhados no espaço do Museu, oficinas nas quais as crianças desenvolvem pintura,
desenho, dobraduras, literatura entre outras. Após estas atividades são feitos levantamentos por
meio de questionários avaliando o trabalho desenvolvido.
Como pode-se perceber, mesmo analisando apenas museus de arte brasileiros, existe
uma diversidade de formas em como trabalhar a educação e a arte dentro de uma instituição
museal.
Em exposições de arte como Bienais, observa-se a preocupação de uma equipe de ação
que anterior a abertura da exposição à comunidade, fazem um trabalho de treinamento de
monitores e professores, que durante a mostra irão orientar a comunidade e escolares. Pode-se
perceber que essas instituições tem como preocupação proporcionar o acesso da comunidade
para com a arte, e com isso propiciar transformação social e formação de uma consciência critica.
Já nos museus observa-se que alguns ainda trabalham apenas a monitoria como sendo a
ação educativa, porém outros trabalham a monitoria de uma forma diferenciada, com treinamento
especial para cada exposição; e o treinamento ou trabalho com professores da rede formal de
ensino também é bastante aparente nesses museus.
Na maioria a principal preocupação ainda é com o público escolar, sendo que algumas
instituições possuem também atividades para a família, ou portadores de necessidades
especiais.
Uma instituição que trabalha com o portador de necessidades especiais, no caso pessoas
com problemas visuais, é o MAC / USP de São Paulo, uma vez que considera importante a
inserção desta comunidade também no meio cultural.
Encontrou-se também no MAC / Niterói - Rio de Janeiro, o trabalho com comunidades
marginalizadas, o que demonstra uma preocupação com a quebra da barreira que existe entre
museu e comunidade, sendo o museu visto ainda como uma instituição elitizada.
Além destes trabalhos existem algumas instituições que além da monitoria, elaboram e
desenvolvem projetos educativos, independentes da exposição, e outros com relação à
exposição que naquele momento se encontra montada.
Fica evidenciado que, na atualidade a preocupação com a sociedade faz parte da
instituição museal. É interessante enfatizar que trabalhar com escolares, família, portadores de
deficiências físicas e comunidades marginalizadas faz parte do trabalho de museus encontrados
em nosso pais, espaço este que é da e para a comunidade.
Vistos estes trabalhos, mais uma vez é reafirmado que museu, e a educação no museu não
se dá somente na ação educativa com escolares mas no pensar o museu no todo e para com as
comunidades, como instituição que carrega e divide conhecimentos.
A partir desses referenciais pesquisados fica evidente a necessidade de que um Plano de
Ação Educativa para um Museu de Arte trata não somente de recepcionar a visitação, mas de criar
situações que envolvam o espectador com as atividades realizadas pelo museu. E mais, de criar
no visitante o hábito de freqüentar o museus enquanto um espaço cultural e de aprendizagem.
Para tanto, o Plano de Ação Educativa precisa de ações específicas que vão desde a
"conversa" com a curadoria da exposição passando pela produção e montagem, seleção e
preparação de monitores, organização / elaboração de material didático - pedagógico (seja para
professores e/ou estudantes), além de instrumentos de avaliação de cada ação e de seu conjunto.
Dessa maneira, a Ação Educativa pode se efetivar de modo significativo, tanto para a
equipe que participa de sua elaboração e desenvolvimento, quanto para o público que freqüenta o
museu.
4 MUnA - MUSEU UNIVERSITARIO DE ARTE
O MUnA - Museu Universitário de Arte / UFU foi criado em 1998, a partir da necessidade de
um espaço adequado de exposição, conservação e preservação de obras de arte pertencentes ao
DEART - Departamento de Artes Plásticas / UFU.
Atualmente o museu reúne um acervo de aproximadamente 200 peças, que
constantemente tem recebido acréscimo de doações de artistas e instituições, tais como Instituto
Moreira Sales, Instituto Cultural Itaú entre outros. Em seu acervo pode-se encontrar pinturas,
esculturas, desenhos e gravuras caracterizados como obras de arte contemporânea.
Uma das preocupações do museu é a divulgação de artistas locais e da região, com estes
além das exposições, são feitas palestras e discussões acerca do trabalho.
O Museu possui espaço para oficinas, auditório, biblioteca, e sala de exposições.
O museu conta com uma equipe de professores do Departamento de Artes Plásticas / UFU,
que coordena as atividades de catalogação e conservação do acervo, atividades educativo-
culturais, programação e divulgação, e uma equipe de alunos do Curso de Artes Plásticas / UFU,
os quais formam equipes de monitoria e programação visual do museu.
A Ação Educativa do MUnA, é coordenada por dois professores do DEART, que por não
atuarem somente no museu não estão presentes diariamente, e isso significa que não há uma
pessoa que esteja sempre no museu para o acompanhamento da ação educativa que conta com
diversas ações, tais como:
Pesquisa - através da biblioteca do museu, estudantes e comunidade em geral podem fazer
pesquisa sobre história da arte, artistas e assuntos ligados a artes plásticas.
Palestras - o museu oferece uma vez por semana palestras, normalmente envolvendo
professores e profissionais de diversas áreas de conhecimento da UFU e da comunidade.
Mostra de vídeos - A cada mês, são exibidos filmes dentro de temática específica, acompanhados
de debate com um professor do DEART.
Cursos/Oficinas - no espaço do museu são desenvolvidos cursos/oficinas voltados à diversas
faixas etárias da comunidade.
Monitorias - são oferecidas monitorias com alunos do Curso de Artes Plásticas, que propõe
discussões críticas sobre a exposição em questão.
Além das ações semanais o museu propõe projetos que acontecem esporadicamente:
Projeto Domingo nos Museus - projeto desenvolvido pela Rede de Museu, coordenada pela
DICULT - Diretoria de Culturas / UFU, no qual se objetiva a criação do hábito de visitação aos
museus e a abertura dos mesmos aos domingos, o que não ocorre regularmente hoje.
Projeto Museu vai à Escola - projeto desenvolvido em dois momentos, no primeiro momento o
museu entra em contato com as escolas, fazendo uma apresentação do museu e de seu acervo,
estimulando a curiosidade dos alunos à visitarem o museu, que seria o segundo momento.
Outras atividades - o museu em sua programação educativo-cultural, oferece seu espaço para
lançamentos de livros e vídeos além de apresentações musicais.
5 CONTEXTO E PLANEJAMENTO
Neste capítulo serão abordados a exposição, por intermédio do release encaminhado pelos
artistas ao MUnA, e o Plano de Ação Educativa elaborado para a mesma.
Júnia Penna, também escolheu a borracha, mas muito pelas suas qualidades elásticas,
deixando à matéria e à sua própria realidade energética uma grande liberdade de ação. Sua
escultura é construída com tiras que são fixadas na parede e no chão, possuindo dimensões
variáveis. As linhas de borracha, tensionadas, delimitam e definem espaços, onde a tensão
presente nas tiras é transportada para o ambiente entorno, criando campos de força. Podemos falar
de um grau de incerteza onde só o espaço permite a prática empírica dessa experiência.
Júnia Penna - Sem Título / Borracha
Carolina Melo explora a matéria e sua dimensão cognitiva; escolheu a borracha porque
sente ser um material que se transforma, contrariando ou proibindo totalmente a visão pré-
estabelecida da fabricação da obra. A dissolução, a decomposição, o fluxo contínuo da matéria
nessa prática acontece como a respiração. Através desses processos a borracha dilata, se contrai,
constituindo um jogo de contrários que se complementam.
Elisa Campos - "Artérias” Sal, leite, vinho, água, cal e mangueiras transparentes.
Os trabalhos apresentados de Liliza Mendes são parte de uma pesquisa plástica que tem
como eixo condutor a estrutura básica dos procedimentos de moldagem: a forma e a contra-forma,
apoiada no uso do efêmero: o gesto e a flor. O corpo e a flor aparecem como recipientes, matrizes
moldantes das formas representadas e apresentadas (fotografia e objeto). É interessante lembrar
que, contrariando a tradição do molde, utilizado como princípio para a repetição, aqui as fôrmas
cristalizam a unicidade, por tornarem impossível a replicação do gesto com todas as suas nuances
orgânicas e pelo descarte de cada flor, ocorrido no processo de moldagem (o interior de flores e os
ocos formados no corpo são preenchidos com gesso e fossilizam a contra-forma de seus
receptáculos).
Humberto Guimarães trabalha numa série de desenhos realizados a lápis e nanquim sobre
papel intitulada Adágio Noturno. Trata-se do desdobramento de uma temática que inclui frações de
escritura, poesia e fragmentos de partitura com seus respectivos símbolos gráficos.
Para Mário Azevedo, que expõe os seus Papéis, mais do que reproduzir ou inventar formas,
trata-se de captar forças. Eis então, toda a experiência de uma prática artística, que concebe a arte
como atividade e não apenas como produto acabado. E não é só o limite entre a pintura e o desenho
que aqui aparece: mais do que uma situação limite - é uma situação de grande proximidade [um
casamento] que se expõe. Não é mais o entre; é um lugar após o entre. Existem coisas que se
fundem umas nas outras tanto que seus contornos desaparecem. Outras se mantêm à distância,
como dois pólos de um dispositivo único; mas que assim, irredutivelmente, pertencem ambas à
mesma coisa.
Patrícia Franca tem como regra para esse momento trabalhar amar[elos], ambiente criado
onde o registro fotográfico de pequenas atividades criam deslizes entre o desenho, a fotografia e a
montagem. Para ela, o que está em jogo, além da produção de sentidos dos trabalhos, é a metáfora
de um caminho sendo aberto, gerando a descoberta de um comportamento plástico.
5.2.1 Ações
1 - Pesquisa
Pesquisa de material sobre a exposição - quem são os artistas, quais são os trabalhos, com
a finalidade de dar subsídio para a realização do plano. Concomitantemente realização de
pesquisa acerca das escolas no entorno do MUnA - quais e em que nível de ensino atuam.
2 - Divulgação
3 - Apoio
É de suma importância uma preparação das pessoas que de certa forma vão mediar a
exposição, e este trabalho foi pensado para acontecer em dois momentos:
Educadores
Para o trabalho junto aos visitantes, a formação de uma equipe de educadores composta por
12 alunos da Disciplina Prática de Ensino 4 do Curso de Artes Plásticas / UFU, que se encontram no
9º período do curso e possuem conhecimento teórico e/ou prático acerca de projetos educativos.
Aos educadores cabe o papel de mediar a exposição e os visitantes, provocando neles uma
leitura pessoal das imagens, e após a visita à exposição orienta-los para uma produção visual
baseada na exposição.
Preparação dos educadores através de proposta similar a elaborada para os visitantes, para que os
mesmos possam sentir e perceber a exposição como espectadores, e com isso realizar um trabalho
mais significativo de forma instigar os visitantes para uma leitura pessoal relacionada ao cotidiano do
espectador.
Entrega de material de apoio, e apresentação de pasta com materiais sobre artistas
participantes da exposição, além de um esquema de orientação para a ação com os visitantes para
consulta durante o horário de trabalho.
Professores
Com os professores que trabalham nas escolas ao redor do MUnA, o envio de convites para
uma reunião de discussão a cerca do que vem a ser o MUnA e suas ações e divulgação da
exposição.
Nesta reunião a realização de uma visita à exposição com proposta posterior de
desenvolvimento de proposta plástica tendo como referência o jogo e das imagens vistas. Este
trabalho objetiva facilitar o trabalho do professor com seus alunos, buscando discussões a respeito
ainda em sala de aula antes da visita, e levantando questões durante a visita para um trabalho
posterior.
Entrega de material de apoio com possibilidade de utilização em sala de aula, constituído de
textos relativos ao MUnA, a exposição e sugestões de bibliografia e assuntos para trabalhar em
aula.
5 - Recepção
Agendamento das visitações - observando para não haver mais de uma escola ao mesmo
tempo, e um número máximo de 50 alunos por visita.
Visitantes
Proposta aos visitantes tendo por objetivo estimular a leitura de obra e a construção
plástica a partir da exposição "Regras do Jogo", procurando relacionar as regras, o coletivo o jogo
com sua realidade, bem como tornar cada vez mais atrativa a visitação ao museu. Recepção dos
visitantes por uma equipe de cinco educadores com orientações em três momentos distintos.
Em casos de a turma com número maior que 25 visitantes, divisão em dois grupos
utilizando o esquema de rodízio:
Ordem Turma A Turma B Tempo
1º Galeria Auditório 30 min.
2º Oficina Galeria 30 min.
3º Auditório Oficina 30 min.
6 - Avaliação
6.1 Pesquisa
No período médio de um mês antes da abertura da exposição, foram feitos contatos com
os artistas que participariam da mesma, na perspectiva de receber informações a respeito e
pudesse se iniciar o trabalho de preparação do material de apoio para os educadores e
professores e o planejamento das ações para com os visitantes. Neste contato não foi possível o
recebimento das informações visto que as mesmas não foram encaminhadas. O próximo contato
foi feito na semana de abertura da exposição - durante a montagem, mas novamente os artistas
envolvidos não possuíam material sobre a exposição, apenas um release e folders, a respeito de
outras exposições realizadas, o que dificultou o trabalho realizado.
Concomitante a esta pesquisa de material foi feito um mapeamento das escolas
existentes ao redor do MUnA. Nesse mapeamento foram encontradas 11 escolas, das quais 5
foram selecionadas tendo como critério a atuação dentro do público estipulado como foco.
6.2 Divulgação
6.3 Apoio
6.4 Formação
Educadores
Professores
Com os professores não foi possível agendar a reunião e realizar o trabalho previsto, já
que as escolas não se interessaram em levar seus alunos ao museu devido ao final do ano letivo.
Diante desta situação o material de apoio preparado foi entregue aos professores das escolas
que agendaram visitação à exposição, com a solicitação para que fosse lido, analisado, utilizado
se possível e avaliado, e que o questionário de avaliação contido no material, fosse encaminhado
ao museu posteriormente ou no dia de visitação.
6.5 Recepção
Visitantes
A escola trouxe 60 alunos com faixa etária de 06 a 10 anos, os alunos foram divididos em
03 grupos que se revezaram entre auditório, galeria e sala de pesquisas (20 min.) e lanche (20
min.). No auditório os visitantes foram questionados sobre o seu entendimento de museu, se
conheciam o MUnA, o que havia visto na galeria e sala de pesquisas (para os que haviam
passado primeiro pela galeria / sala), também foi passado o vídeo Maria Pé no Chão da Profa.
Cíntia Guimarães, que estava relacionado com a exposição "Marcações". que também acontecia
no museu. Na galeria e sala de pesquisas visuais, os alunos foram instigados a uma leitura
pessoal das obras e tiveram o contato com a artista Cíntia Guimarães. Os alunos estavam
agitados pois tinham assistido a um filme no cinema antes de vir ao museu, e devido ao fato de
passarem a tarde toda fora da escola, foi solicitado pelas professoras que o tempo da produção
artística fosse substituído por um lanche trazido por eles o que foi feito no espaço externo do
museu.
A escola agendou a visitação com interesse maior na exposição "Marcações" da Artista
Plástica e Profa. Cíntia Guimarães, (visto que a mesma trabalha naquela instituição). Escola
havia agendado mais 02 outros horários que foram cancelados.
Na data da visita, que era uma quinta-feira a tarde seria um dia em que não haveria agendamento
de escolas devido ao fato do auditório estar ocupado com aula, portanto os educadores não
estavam todos no local. Então alguns alunos da disciplina Prática 4 que se encontravam no local
e que não haviam passado pela preparação, foram solicitados para que auxiliassem no trabalho
de recepção. Não houve registro fotográfico.
Visita 002 - 12/11
O trabalho na oficina foi orientado para que lembrassem das imagens e pensassem quais
as regras foram utilizadas na exposição e a partir do levantamento destas regras, os visitantes
foram organizados em grupos de 5 pessoas e fizeram a construção plástica, que depois de
recortada se transformou em um "quebra-cabeça". Sentiu-se por parte dos visitantes uma certa
ansiedade em acabar a construção plástica, como estavam a passeio na cidade, e conhecendo
outros espaços como o shopping, a visita ao MUnA se mostrou uma opção intermediária entre
educação e lazer.
No momento em que os alunos chegaram alguns dos educadores ainda não haviam
chegado ao museu. Notou-se que houve uma dificuldade por parte do pequeno grupo de
educadores que se encontravam no local, em conduzir os visitantes, visto que, enquanto uma
educadora explicava à professora responsável como seria o trabalho, os outros educadores
deixaram os visitantes dispersos, até o momento em que a educadora conduziu-os juntamente
com a professora às obras, questionando-os. "O que esta obra lembra a vocês?", se referindo ao
trabalho de Carolina Melo. Alguns visitantes sugeriram como resposta, "cemitério" "igreja". Em
seguida a educadora questionou, "qual a cor que mais chama atenção nesta obra?" , e como
resposta dos visitantes, "preto". Ainda tentando instigar a educadora perguntou, "O que mais,
chama atenção?", e os visitantes relataram como, "cruz" "lembra a morte de cristo" "morte", "é
preto". Pela cor preta foi feita a passagem ligando a obra de Humberto Guimarães, onde o que
chamou a atenção foi a cor preta e a palavra "noturno" que alegaram ser preto como o trabalho de
Carolina Melo. Já no trabalho de Mário Azevedo as cores fortes e o papel reciclado, que é
produzido na escola. Os visitantes chamaram atenção, "olha é papel reciclado", "eu também sei
fazer papel reciclado". O mesmo trabalho sugeriu formas e objetos reconhecíveis que podem ser
notados nas falas, "isso é uma borboleta", "isso são letras", "não são estradas / caminhos". Após
a discussão deste trabalho a educadora passou a mediação para outra educadora / monitora,
que sentiu uma dificuldade em envolver os visitantes que se dispersaram e começaram a andar
pela galeria sem fazer uma discussão mais direcionada para cada obra. Na passagem pela
galeria algumas obras passaram despercebidas pelos visitantes, como no caso das obras de
Elisa Campos, Júnia Pena, entre outros. Este fato foi observado nas construções plásticas
elaboradas na oficina.
A análise dos dados terá como critério à efetivação ou não do Plano de Ação Educativa,
que será observado através das conceituações de museu reveladas pelos participantes
(educadores e professores), de acordo com os dados coletados nos questionários e do trabalho
desenvolvido durante as visitações, assim como as imagens construídas pelos visitantes. Os
resultados das ações desenvolvidas serão analisados em três momentos distintos: educadores,
professores e visitantes.
Este estudo tem como base o entendimento de museu como um espaço multicultural, no
qual a comunidade se identifica e se desenvolve construído uma memória coletiva em um
momento dinâmico.
7.1 Educadores
7.2 Professores
7.3 Visitantes
A análise das imagens será feita em dois momentos distintos, sendo a divisão feita por
escolas, considerando a interferência da Ação Educativa na leitura e compreensão da
exposição.
Escola Simão Bolívar
Alguns grupos se manifestaram com relação às imagens usando os seguintes termos: "o
que incomodou" e "o que mais me agradou", como vemos nas figs. 1, 5 e 8. Nessas imagens
podemos encontrar divergências quanto ao encantamento entre obra e espectador.
Fig. 1
Fig. 5
As duas construções acima citadas são divididas por uma linha central, criando dois
novos espaços, o da direita e o da esquerda, que pode ser entendido como um divisor entre o
"gosto" e "não gosto". No espaço a direita dos dois trabalhos encontramos no centro a referência
ao trabalho da artista Patrícia Franca em formato circular criado pela mancha de cor amarela.
Na fig. 1, o círculo amarelo se refere a imagem que na composição da artista está protegida por
um vidro também em formato circular. Já na fig. 5, o mesmo círculo amarelo está representado
dentro de um retângulo que remete a fotografia que na obra da artista se apresenta no canto
superior da composição.
No espaço esquerdo da fig. 1 observamos a referência ao trabalho de Júnia Penna pelas
linhas pretas construídas na base inferior, incluindo os cantos de um espaço, lembrando que a
obra estava em um dos cantos do museu. Ambas as figs. 1 e 5, remetem ao trabalho de Carolina
Melo pela representação das solas de sapato presentes no trabalho da artista, além da
recorrência do elemento cruz que pode ser observado como elemento da obra, sem remeter a
uma interpretação pessoal do objeto.
Observamos nessas construções uma divergência nos "gostos" e não gostos". Na fig. 1 o
que atraiu foi o trabalho de Patrícia Franca, enquanto que na fig. 5 o mesmo trabalho é definido
como "não gosto". Ainda na fig. 5 o "gosto" se refere à obra de Carolina Melo, que na fig. 1 se une
ao trabalho de Júnia Pena representando o "não gosto" ou "o que mais me incomodou". O
trabalho de Júnia Penna também foi citado na fig. 8 como "não gosto", ou "menos interessante",
formando opinião semelhante à expressa na fig. 1.
Fig. 8
Na construção da fig. 8, também dividida ao meio, não por uma linha mas hachuras que
formam uma margem ao redor da imagem, percebemos a atração pelo trabalho de Carolina
Melo, e como "- inter" (inter = interessante) está a referência ao trabalho de Júnia Penna que é
representado por linhas pretas quebradas e que se cruzam, sob um fundo hachurado em azul.
O trabalho de Junia Penna é reportado em outras imagens sempre enfocando a linha e a
cor que aparece de acordo com o trabalho exposto como podemos visualizar na fig. 3. Nesta
mesma figura outro elemento da exposição aparece relacionado a um fato ocorrido durante a
visita: cálice quebrado - uma taça foi quebrada durante a visitação desta escola, este objeto
também é representado no canto superior esquerdo da fig. 2.
Fig. 2
Fig. 3
Ainda na fig. 2 novamente a recorrência do trabalho de Patrícia Franca, representado pela
mancha circular amarela que está contida dentro de um círculo ao centro da construção, que faz
ponte para o trabalho de Mario Azevedo, que aparece nas laterais inferior esquerda e superior
direita representados pela letra H formada por pequenos círculos amarelos.
Fig. 4
Fig. 6
Fig. 7
Observamos a riqueza de detalhes que compõe cada construção, que foi feita
individualmente. O que fica muito visível é a recorrência do trabalho de Carolina Melo na maioria
dos trabalhos, 14 entre 18 construções referenciam a ela, como vemos em alguns exemplos das
figs. 9, 12 e 17.
Fig. 9
Fig. 17
Fig. 14
Fig. 26
Outro elemento simbólico, que faz alusão à obra de Carolina Melo é a representação da
igreja, que aparece nas figs. 14 e 17. Nas mesmas construções outro elemento simbólico
aparece, que é a transformação da sola em ferradura, que visualizamos na parte superior
esquerda das construções.
Fig. 25
Fig. 18
O trabalho de Patrícia Franca é recorrente enquanto forma nas figs. 10, 18 e 21, entre
outras. Na fig. 10 observamos no lado superior e lado direito, manchas circulares amarelas
contidas, hora em um círculo, hora em quadrados.
Na fig. 18 a mancha circular amarela encontra-se centralizada na construção, tal como era
vista ao entrar no museu. A composição contém outros elementos como a escada no lado
esquerdo referenciando a arquitetura interna do museu.
Na fig. 21 observamos na composição, várias referências ao trabalho de Patrícia Franca,
manchas circulares amarelas na parte superior, no canto inferior esquerdo a referência aparece
em forma de balão. Nota-se também a recorrência ao trabalho de Carolina Melo ao lado direito,
pela representação das solas contendo a imagem da cruz.
Fig. 21
Na fig. 13, observamos ao centro uma referência ao trabalho de Carolina Melo, onde uma
cruz está contida em uma mancha circular preta remetendo às solas. A esquerda uma mancha
circular amarela inserida em um círculo azul referencia a obra de Patrícia Franca que também é
representada pela cor amarela ao lado direito. O espectador relacionou as obras pela forma
aproximada a que é vista na sola e no balão.
Fig. 13
Fig. 20
Na fig. 20 podemos observar a mesma relação. No centro duas manchas circulares
alaranjadas reportam a obra de Patrícia Franca. Ao lado esquerdo superior, referencias ao
trabalho de Carolina Melo onde a cruz está contida em um círculo alaranjado que se relaciona
também com a obra de Patrícia Franca.
Um fator presente em algumas obras é a praia, que apesar de não ter havido a leitura das
imagens da exposição de fotografias "Garotos de Ipanema" de Lú de Laurentz, exposta na sala de
pesquisas visuais, vemos nas figs. 24 e 26, nas quais a referencia aparece à direita da imagem.
Fig. 24
Outro fator importante para este grupo de visitantes foi à arquitetura dinâmica do MUnA.
Por conter em sua galeria escadas, isto está colocado nas figs. 14, 17 e 18. O espaço
arquitetônico do museu também interfere na sua conceituação junto à comunidade podendo
parecer dinâmico ou estático, o que aconteceu neste caso.
As construções elaboradas por este grupo de visitantes, remetem a uma leitura simbólica,
fazendo uma relação das formas abstratas com as figuras presentes no cotidiano / conhecidas e
significativas para o espectador. Apesar de muitas pessoas terem dificuldade de entendimento da
Arte Contemporânea pode-se perceber que a partir da leitura das obras realizada na galeria, os
visitantes reportaram às imagens do cotidiano pessoal, refletindo sobre o que a obra tem com
relação ao meio onde o espectador esta inserido.
Através das produções pode-se notar que a interferência da Ação Educativa junto aos
visitantes ficou concentrada em poucas obras. Apesar disso, buscou explorar não apenas uma
leitura formal, mas os desdobramentos e possibilidades de reconhecimento das imagens
presentes nas obras. Nesse aspecto conseguiu com que os espectadores fizessem uma
interpretação que aproximasse a obra de sua realidade.
Considerações Finais
Livros
ALMEIDA, P. N. de. Educação Lúdica - técnicas e jogos pedagógicos, - 9ª ed. São Paulo:
Edições Loyola; 1998.
CANTON, Kátia. Novíssima Arte Brasileira um guia de tendências. São Paulo; Iluminuras, 2001.
DAVIS, S. Plano Diretor; tradução de Maria Luiza Pacheco Fernandes. São Paulo: Editora da
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Artigos
Catálogos
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Conjunto Cultural da Caixa, Os Caminhos Entre o Conjunto Cultural da Caixa e a Arte na Escola
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Periódicos
NOVA ESCOLA. A arte explica a vida. São Paulo: Abril, ano XVII, nº 151, p. 45 - 47; abr 2002.
Internet
Museu Casa Turin - Ação educativa. Disponível em : <www.pr.gov.br/turin>. Acesso em: 09 jul.
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Correspondências
MUSEU DE ARTE DE LONDRINA. [carta]. Londrina, 10 de julho de 2002. Carta à Dorcas Weber
relatando sobre a ação educativa da instituição.
MUSEU HENRIQUETA CATHARINO. [carta]. Salvador, 24 de julho de 2002. Carta à Dorcas Weber
relatando sobre a ação educativa da instituição.
COLEÇÃO DE ARTES VISUAIS DO IEB / USP. [carta]. São Paulo, 15 de julho de 2002. Carta à Dorcas
Weber relatando sobre a ação educativa da instituição.
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL. [carta]. Rio de Janeiro, 18 de julho de 2002. Carta à
Dorcas Weber relatando sobre a ação educativa da instituição.
MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE NITERÓI. [carta]. Niterói, 11 de julho de 2002. Carta à
Dorcas Weber relatando sobre a ação educativa da instituição.
Mensagens eletrônicas
MUSEU RUTH SCHNEIDER. Material sobre Ação Educativa do MARVS [mensagem pessoal].
Mensagem recebida por <dorcasufu@yahoo.com.br> em 09 ago. 2002.
MUSEU LASAR SEGALL. Área de Ação Educativa [mensagem pessoal]. Mensagem recebida
por <dorcasufu@yahoo.com.br> em 12 jul. 2002.