Você está na página 1de 77

Dorcas Weber

Ação Educativa em Museus de Arte

Uma Proposta para o MUnA

Uberlândia
2003
DORCAS WEBER

Ação Educativa em Museus de Arte


Uma Proposta para o MUnA

Monografia apresentada à Faculdade de


Artes, Filosofia e Ciências Sociais da
Universidade Federal de Uberlândia, como
requisito à obtenção do título de Licenciatura
em Artes Plásticas.

Orientadora: Profa. Márcia Maria de Sousa

Uberlândia
2003
AGRADECIMENTOS

À Profa. Lucimar Bello P. Frange, por me proporcionar o conhecimento a respeito e o estimulo a


pesquisa;

À PROEX / UFU, que possibilitou estágio junto a Rede de Museus;

Aos museus: Museu de Arte Antiga e Popular, Instituto Moreira Salles - Centro Cultural IMS - Belo
Horizonte, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Museu de Arte de Londrina, Museu de Arte
Moderna - MAMAM, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu de Arte Moderna de Resende,
Centro Cultural Banco do Brasil, Instituto Moreira Salles - Centro Cultural IMS - Rio de Janeiro, Museu
de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu da Gravura Brasileira - URCAMP, Museu de Artes Visuais
Ruth Schneider - FUPF, Museu de Arte Contemporânea de Americana, Casa da Xilogravura, Coleção
de Artes Visuais / Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, Conjunto Cultural da
Caixa/SP, Instituto Moreira Sales - Centro Cultural IMS - São Paulo, Instituto Moreira Salles - Sede,
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Museu Lasar Segall, pela atenção
destinada à pesquisa;

As Profas. Maria Cristina Rizzi, Vera Siqueira e Maria Célia Moura Santos, pelo apoio;

Ao Prof. Alexandre França, que como Coordenador do MUnA, possibilitou o desenvolvimento do


projeto;

Ao Prof. Frederyk Sidou, que possibilitou a participação dos alunos da disciplina de Prática de Ensino
4, no projeto;

À Alexina C. da Costa Jacó, Aline Lopes Peres, Caroline Alves Vilar, Délcia Silva Pereira, Fernanda
Duarte Silva, Genízia Fernandes Mendonça, Gisele Lorençato Faleiros Rocha, Gislaine Garcia Leal,
Olaia Alves Cruvinel, Patrícia Ferrucci Suzuki, Rodrigo Ladir Mário, Tecia Rejane de Brito Medeiros,
equipe de Educadores que participaram do projeto;

À Profa. Márcia Maria de Sousa, que me orientou durante os dez meses de pesquisa;

Ao meu marido Luis Sergio Nunes Costa em especial pelo estímulo, carinho e compreensão durante
o período de pesquisa.
O que significa (...) um museu que além de sua
função museológica, passa a ser um espaço cultural
polivalente, onde n outras coisas podem acontecer:
Deixa ele de ser museu?
É um museu diferente, uma espécie diferente de
museu?
Seriam os museus modernos cada vez mais dessa
maneira?
A idéia tradicional de museu estaria sendo
definitivamente superada?”

Mário Machado, 1995


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
1 O QUE É MUSEU
1.1 Histórico
1.2 Museu Hoje
2 MUSEU E SERVIÇOS EDUCATIVOS
2.1 Ação Educativa / Cultural no museu
2.2 Efetivação da Ação Educativa
2.3 O educador nos museus
2.4 Serviços educativos encontrados nos museus brasileiros
3 AÇÃO EDUCATIVA EM MUSEUS DE ARTE
3.1 Museu de Arte Moderna da Bahia - Bahia
3.2 Casa João Turin - Paraná
3.3 Bienal do Mercosul - Rio Grande do Sul
3.4 Fundação Bienal de São Paulo - São Paulo
3.5 Museu de Arte Contemporânea / USP - São Paulo
3.6 Centro Cultural Banco do Brasil - Rio de Janeiro
3.7 Museu de Arte Moderna - Rio de Janeiro
3.8 Museu de Arte Contemporânea de Niterói - Rio de Janeiro
3.9 Centro Cultural da Caixa - São Paulo
3.10 Museu de Arte Contemporânea de Americana - São Paulo
3.11 Museu de Arte de Londrina - Paraná
3.12 Discussão acerca dos museus supracitados
4 MUnA - MUSEU UNIVERSITARIO DE ARTE
5 CONTEXTO E PLANEJAMENTO
5.1 Release da Exposição "Regras do Jogo"
5.2 Plano de Ação Educativa
5.2.1 Ações
6 RELATOS E DADOS DAS AÇõES DESENVOLVIDAS
6.1 Pesquisa
6.2 Divulgação
6.3 Apoio
6.4 Formação
6.5 Recepção
6.6 Avaliação
7 ANÁLISE DOS DADOS
7.1 Educadores
7.2 Professores
7.3 Visitantes
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO

O conceito de museu e o alcance de suas ações foram os principais focos de estudo neste
trabalho, que teve por objetivo ampliar esta conceituação a partir do desenvolvimento de um Plano
de Ação Educativa para a Exposição "Regras do Jogo" acontecida no MUnA - Museu Universitário
de Arte entre outubro e dezembro de 2002.
Para tanto foram necessários, a observação e pesquisa sobre Museu e Ação Educativa.
Como metodologia, inicialmente realizou-se uma pesquisa teórica, que se encontra nos Cap. 1 e 2,
na qual adotou-se como referências bibliográficas SUANO (1986), FARIA (2002), PRIMO (2002),
SANTOS (1993), GREENHILL (1983), fazendo um estudo histórico dos conceitos e práticas da
instituição museu, observando qual a concepção de Museu, atualmente utilizada nas instituições
museais, entendendo o que é a ação educativa neste espaço.
Alguns museus já tem adotado novas metodologias e conseguido resultados com mais
qualidade em seus trabalhos com a comunidade. Nessas instituições a concepção de museu é
muito mais do que um espaço de guardo, pois além de guardar ele carrega conhecimentos,
memórias, patrimônios, vidas e identidades.
Estudos feitos nesses museus demonstram que a montagem de uma exposição, e a forma
como ela é apresentada à comunidade, pode modificar a idéia de "baú", e se tornar um espaço de
lazer, prazer e ao mesmo tempo aprendizado.
Vistas estas problemáticas, no Cap. 3, realizou-se um estudo mais aprofundado sobre a
ação educativa dos museus de arte brasileiros, em busca de fundamentação teórica e conceitual
para a elaboração de ações. Nesta pesquisa foram consultados, os sites de instituições bem como
um contato por carta.
A pesquisa teórica serviu de base para a elaboração do Plano de Ação Educativa, que se
constituiu por uma pesquisa/ação na qual foi estudada a realidade do MUnA e como este
desenvolve a sua ação educativa, que pode ser encontrada no Cap. 4. O Cap. 5 compõe o contexto
da exposição e a elaboração do Plano de Ação Educativa, que necessitou de referencial teórico
específico. Este foi buscado em BENJAMIN (2002), CANTON (2001), FRIEDMANN (1996),
KISHIMOTO (1998 e 2001), se juntando aos textos e materiais encaminhados pelos museus de
arte brasileiros.
A opção pelo desenvolvimento de um plano de ação educativa no MUnA se justifica em
virtude da minha formação enquanto aluna do Curso de Artes Plásticas / UFU, e ao fato do MUnA
ser o único museu de arte da cidade que conta com uma equipe de Ação Educativa.
Durante a pesquisa/ação realizou-se pesquisa sobre as obras expostas e artistas, leitura
das imagens, discussão com equipe de curadoria sobre montagem e produção, preparação e
seleção de educadores, elaboração de material didático / pedagógico, a ser utilizado por
professores e educadores, elaboração das atividades a serem desenvolvidas com o público
visitante, divulgação da Exposição e das Ações planejadas junto a escolas, elaboração de material
para avaliação do Plano de Ação Educativa e ao final a avaliação dos dados coletados, que podem
ser encontrados no Cap. 6.
A análise dos dados referentes às ações realizadas, estão presentes no Cap. 7, e apontam
para a necessidade e importância da Ação Educativa enquanto instrumento de comunicação e
educação permanente entre museu e comunidade.
Conclui-se neste trabalho, os aspectos primordiais a serem considerados para que uma
Ação Educativa se realize com êxito e efetividade.
1 O QUE É MUSEU

"Guardar... Guardar... Guardar


Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-
la
Em cofre não se guarda nada
Em cofre perde-se a coisa à vista
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la
Mirá-la por admirá-la
Isto é, iluminá-la e ser por ela iluminado
Estar acordado por ela
Estar por ela
Ou ser por ela"

(Antônio Cícero)

1.1 Histórico

Pode-se dizer que a palavra Museu teve sua origem na Grécia, onde mouseion também
chamado de "casa das musas", era um espaço, mistura de templo e lugar de pesquisa. As musas,
filhas de Zeus com Mnemosine - divindade da memória, eram possuidoras da memória absoluta.
Memória que de acordo com o Dicionário Aurélio, (FERREIRA, 1999, p. 1315) quer dizer,
"Faculdade de reter as idéias, impressões e conhecimentos adquiridos anteriormente". Existia
uma memória, um conhecimento anterior que precisava ser mantido e conservado em um lugar
específico. O mouseion era um lugar onde se podia estudar, e pensar sem interferência dos
problemas do cotidiano externo. É visível que desde a Grécia antiga já existia a preocupação com a
educação e a necessidade de um local apropriado para a concentração do pensamento, do
raciocínio e da pesquisa.
Por volta do séc. II a C. o Egito formou seu mouseion em Alexandria, espaço cuja
preocupação era ensinar e discutir todo saber existente no tempo, assuntos ligados à religião,
mitologia, astronomia, filosofia, medicina, zoologia, geografia, etc. Conforme Marlene Suano
(1986, p. 11), "entre os grandes trabalhos por ele abordado figuravam um dicionário de mitos, um
sumário do pensamento filosófico e um detalhado levantamento sobre todo o conhecimento
geográfico de então." Existia naquele momento o interesse por estudos específicos em algumas
áreas, começava-se então a organização dos assuntos dentro das instituições. Com o tempo
estudos e trabalhos sobre determinado assunto, ficaram ligados à palavra "museu", dispensando o
espaço arquitetônico. Melhor dizendo, estudos sobre diversos temas foram publicados com o
nome "museu".
De acordo com Marlene Suano (1986, p. 11), "o Museum Metallicum, publicado por volta de
1600 pelo naturalista e colecionador Aldovrando de Bologna e do qual se dizia conter todo o
conhecimento da época sobre metais.", já trazia a idéia de museu como reunião de estudos
sobre um determinado assunto, concepção que se reflete hoje em museus de arte, história,
etc...
Com o passar do tempo a idéia de museu ficou ligada à coleções e coletâneas. Muitos
dos pesquisadores que estudam os museus e principalmente quando estudam o seu
surgimento, dedicam-se ao estudo das coleções. A formação de coleções, ou melhor, o ato de
colecionar provavelmente é tão antigo quanto o homem.
recolher aqui e ali objetos e "coisas" seja como recolher pedaços de um mundo que se quer
compreender e do qual se quer fazer parte ou então dominar. Por isso é que a coleção retrata,
ao mesmo tempo, a realidade e a história de uma parte do mundo, onde foi formada, e,
também, a daquele homem ou sociedade que a coletou e transformou em "coleção". (SUANO,
1986, p. 12)
Algumas das coleções, como por exemplo as que pertenciam aos faraós e imperadores,
compostas de pratarias e ouro além de objetos de coleção, serviam de reserva financeira para
os períodos de guerra. As coleções reais demonstravam o poder econômico, e eram tidas até
mesmo como rivalidade entre os nobres. Essas coleções ganhavam templos ou salas especiais
dentro ou até mesmo em anexo aos castelos e palácios para a sua conservação. Coleções de
famílias reais eram coleções particulares, não abertas ao público, apenas pessoas da família ou
amigos poderiam visitá-las. De acordo com Marlene Suano (1986, p. 13) "O sentido de tais
coleções era demonstrar 'fineza, educação e bom gosto', sobretudo com relação à cultura
grega."
Até o Séc. XV, a maior parte das coleções eram constituídas por manuscritos, livros,
mapas, porcelanas, moedas, instrumentos astronômicos, armas, especiarias e peles. Ainda no
Séc. XV e no Séc. XVI cresceu o interesse nas coleções em busca de tesouros do passado,
tendo em vista que representariam muito em relação ao poder. Mas ainda nesta época as
coleções ficavam trancadas em suas salas para a vista do proprietário. Foi somente em 1471
que o papa Pio VI, abriu suas coleções ao público.
No início do Séc. XVIII a instituição Museu, começa a mostrar a sua função social,
expondo objetos que documentassem o passado e o presente. Novamente a memória estava
presente na instituição. No inicio do texto falamos das musas, possuidoras da memória daquela
época, e muitos séculos depois a memória passa a estar presente nas obras e objetos expostos.
Memória que conta o passado para o público ali presente, em uma tentativa de encontrar sua
identidade, sua origem. São as coleções reais da época que deram origem ao que hoje
conhecemos como Museu.
...o filósofo Tommaso Campanella (1568-1639), frei dominicano, escreve magnífica obra,
chamada A Cidade do Sol, na prisão onde se encontrava por ter divulgado manifesto em
defesa de Galileo. Nesta utópica cidade, haveria um mouseion bem diferente do modelo da
época. Ele seria uma revolucionária sede do pensamento científico, sem paredes, onde as
crianças aprenderiam brincando todas as ciências e artes. Tal 'museu' seria a modelar
antítese do sistema escolástico jesuíta, de férrea disciplina e com aprendizado baseado na
memorização. (SUANO, 1986, p. 25)
Desde então já se tinha a idéia de educação de forma não tão formal como na escola e sim
um aprendizado mais dinâmico e prazeroso.
Em 1683, na Inglaterra é aberto o primeiro museu público, instituição como hoje é
conhecida, o Ashmolean Museum, que teve sua origem a partir de doação da coleção de John
Tradeskin. Mesmo sendo instituição pública, a visitação ainda era bastante restrita: em primeiro
lugar estavam a igreja, artistas, e governo e em segundo os especialistas, estudiosos e estudantes
universitários. Percebe-se que ainda hoje os museus tem uma visitação bastante pequena, existe
ainda uma barreira entre museu e comunidade.
É no Séc. XIX que surgem muitos outros museus na Europa. Também no Brasil são abertos
museus, como por exemplo o museu da Escola Nacional de Belas-Artes e o Museu Nacional,
ambos no Rio de Janeiro e criados a partir de moldes europeus. É a partir dos anos 30 e 40 - Séc.
XX, que a maioria dos museus hoje existentes no Brasil foram criados. Conforme pesquisa feita
durante estágio no Setor de Museus da DICULT / PROEX / UFU, encontram-se no Brasil em torno
de 2000 museus abertos à comunidade, sendo a grande maioria instituições de ordem pública.
Para esta pesquisa foram consultados o Guia de Museus Brasileiros (2000), Internet, Secretaria
de Estado da Cultura de alguns estados, e ainda Sistemas ou Redes de Museus,

1.2 Museu Hoje

Hoje, além dos espaços tradicionais de arte e história que se costuma ver como museu,
pode-se encontrar outras modalidades de museus: museus de biologia, geografia, virtuais, e
também museus ao ar livre - reservas técnicas naturais. O museu sai do prédio e novamente é
visto como reserva de determinado tema, neste caso o meio natural onde encontram-se, lagos,
jardins botânicos, zoológicos e reconstituição de casas antigas.
Mesmo assim, ainda hoje no entender comum, a palavra museu está muito relacionada a
um espaço, normalmente de arquitetura antiga em que em seu interior encontram-se coisas e
objetos antigos. Muitos dizem ser um espaço ou lugar sombrio com cheiro de velho onde são
guardadas coisas antigas. Pode-se comparar a um baú, mas já existem conceituações de Museu
de forma mais ampliada.
Conforme o Dicionário Aurélio (FERREIRA, 1999, p. 1384), museu é "Qualquer
estabelecimento permanente criado para conservar, estudar, valorizar pelos mais diversos
modos, e sobretudo expor para o deleite e educação do público, coleções de interesse artístico,
histórico e técnico." Por ser um dicionário da língua portuguesa e não específico na área de
museologia, percebe-se uma concepção de museu não apenas como um espaço de guardo mas
como um espaço também de educação.
Atualmente muitos dos museus no mundo todo, trabalham suas identidades
individualmente e em alguns momentos em conjunto. O que faz a ligação entre eles, chamamos de
Rede ou Sistema de Museus. Conforme observado no Guia de Museus do Rio Grande do Sul,
neste estado podemos encontrar 250 museus nas mais variadas especificidades, que compõem o
Sistema Estadual de Museus - SEM/RS, o qual entende como museu, "Um espaço de luz sobre
nossa sociedade, no qual pode-se reconstituir os cotidianos através de objetos deixados como
testemunhas de seus fazeres e saberes. Nele preserva-se a memória coletiva." (1)
Existe também o Conselho Internacional de Museus - ICOM, que discute museologia e as
funções do museu para com as comunidades. Para o ICOM museu é "Toda instituição permanente,
sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público, que
adquire, conserva, pesquisa e expõe para fins de estudo, educação e lazer, evidências materiais
do Homem e do seu meio ambiente."
O movimento internacional denominado Nova Museologia vem questionar o "museu espaço
de contemplação", trazendo um novo olhar, voltado não mais para o edifício, mas para o território;
não mais para a coleção, mas para o patrimônio; não apenas para o público, mas para a
comunidade ou sociedade local.
O espaço museal tem se tornado mais dinâmico com relação à comunidade. Está mais
próximo, mais aberto, com mais interação e inclusive em alguns museus existe necessidade de
interação.
Em uma concepção mais ampla, Museu é um espaço não acabado, em permanente
construção, que independe de quatro paredes para existir. Neste trabalho será utilizada a idéia
ampliada, pensando em museu como espaço dinâmico, prazeroso, educacional, científico, ainda
um local de memória e identidade, lugar onde todos possam se encontrar e se conhecer e
reconhecer como um indivíduo.
2 MUSEU E SERVIÇOS EDUCATIVOS

"O museu pode trazer muitos benefícios à educação. Esta


importância não deixa de crescer. Trata-se de dar à função
educativa toda a importância que merece, sem diminuir o nível
da instituição, nem colocar em perigo o cumprimento das outras
finalidades não menos essenciais: conservação física,
investigação científica, deleite, etc.”
Seminário Regional da UNESCO sobre a função educativa dos
Museus. 1958 (PRIMO, 1999)

2.1 Ação Educativa / Cultural no museu

Como pôde-se notar no capítulo anterior, a evolução do conceito de museu, com o passar do
tempo deixou de ter apenas finalidade conservatória e documental passando então a exercer
ampla função cultural. O museu começou a exercer sua função também com e para a sociedade.
Por volta de 1850, falava-se em uma função mais educativa e não tão expositiva, na apresentação
dos objetos de forma mais crítica.
De acordo com Marlene Suano (1986, p. 39), "um dos primeiros sinais de que o museu não
deveria apenas servir para produzir espanto e choque diante de tantas riquezas mas sim funcionar
como local de prazer, relaxamento e aprendizado tranqüilo". Os museus perceberam a distância
que existia entre eles e a comunidade e passaram a pensar mais a ação educativa buscando
despertar os valores do objeto ali exposto. A instituição tinha mais preocupação em como deveria
montar e trabalhar a exposição, trazendo a comunidade à exposição de uma forma prazerosa e
dinâmica.
Na década de 50 (Séc. XX), nos Estados Unidos encontrava-se a expressão "museu
dinâmico", em instituições que abrigavam obras de arte, espécies animais e vegetais e oferecia
também serviços educacionais, concertos, desfiles de moda, debates, etc. A partir desta época
alguns museus começaram a trabalhar junto às escolas. Trabalhavam de forma quase
complementar ao ensino formal, muitas vezes saiam de seu espaço físico e iam até a escola em
busca de aproximação com os alunos.
Ainda hoje muitos museus, no mundo todo, trabalham projetos / ações nomeados de "O
museu vai à escola", no qual o museu vai até a escola com pequenas mostras, ou algumas peças
do acervo. Ações como esta tem por objetivo cativar e estimular a curiosidade das crianças para
conhecer o museu.
De acordo com Harrison (1970 apud GREENHILL, 1991, p. 52 apud FARIA, 2000), "alargar o
horizonte das crianças; relacionar o ensino com os indivíduos e com sua experiência pessoal;
compreender a educação como sendo ativa e não passiva; ensinar de forma interdisciplinar; e
relacionar os museus com as crescentes formas de lazer." eram as preocupações dos serviços
educativos na década de 70.
Mesmo que a grande maioria dos museus dedica-se somente à preservação de suas
coleções, pode-se dizer que o número das instituições que estão buscando uma ação cultural
comprometida com o desenvolvimento social, e a preocupação com a preservação da identidade, já
é bem significativo. Conforme análise feita a partir dos 525 museus cadastrados no Guia de Museus
Brasileiros (2002), aproximadamente 40% dos museus brasileiros tem algum tipo de atividade além
da visita monitorada. É importante frisar que a maioria destas atividades refere-se a palestras,
seminários, lançamentos de livros e apresentação de vídeos.
Na necessidade de assumir essa nova postura nos museus, Hansen (1984 apud SANTOS,
1993, p. 13) destaca:
Os museus devem deixar de ser passivos colecionadores, para se tornarem participantes ativos
nas transformações da sociedade. Eles não devem simplesmente empregar novos métodos, mas
devem ser um novo intermediário destemido, encarando de frente os problemas complexos e
crescentes, como o racismo, o crescimento material, a pobreza, o carência de habitação,
desemprego, drogas, deterioração das cidades, planejamento urbano, educação, todos os
aspectos relativos à existência humana procurando encontrar as respostas.
As exposições devem ser projetadas de forma a apresentarem estas controvérsias, lado a lado,
correlacionando problemas comuns, rotineiros com os fatos históricos. Nossos museus devem
estar muito mais à frente das mudanças do que preservando simplesmente.

Para pensar na ação educativa deve-se entender o museu como instituição comprometida
com o processo educacional, desempenhando uma ação cultural e educativa, no âmbito da
educação formal e informal.
A ação educativa no museu é considerada uma ação permanente de educação, onde são
estudados assuntos relativos à especificidade do museu, para o enriquecimento individual e
coletivo. Este trabalho tem por objetivo trazer ao visitante, conhecimento, valorização e
reconhecimento de sua identidade. O museu em sua ação educativa deve trabalhar o
desenvolvimento crítico da sociedade, possibilitando ao indivíduo uma leitura do mundo a sua volta.
Ação que não se entende somente atividades programadas para alunos e professores, mas que
devem ser entendidas no todo, desde o estudo do acervo a ser montado, até a exposição já
montada.
Maria Célia Moura Santos afirma que, (1993, p. 86) "o objetivo primordial, entretanto, não é
transformar os Museus e estabelecimentos educacionais, mas encontrar o seu papel adequado na
educação, destacando-se, principalmente a educação primária."
Percebe-se que mesmo passados mais de 150 anos, poucos museus trabalham de forma
mais dinâmica e preocupada com a recepção da comunidade com a exposição.

2.2 Efetivação da Ação Educativa


De acordo com Greenhill (1983);
Cada museu desempenha sua função educacional de uma maneira que lhe é própria, de
acordo com seu pessoal e recursos materiais, suas coleções, suas prioridades e demanda
externa. O desenvolvimento das atividades educacional nos museus vai desde a captação
de recursos, divisão de responsabilidades, quantidade de serviços, de pessoal e de
instalações até a definição dos termos que designam o pessoal do museu encarregado das
atividades educacionais, quer sejam parte da equipe curatorial, quer sejam especificamente
responsáveis por elas.

Pensar na especificidade do museu para a elaboração de ações educacionais, é um ponto


primordial para o desenvolvimento das mesmas visto que as atividades propostas devem de certa
forma interpretar o museu, ou melhor as ações devem ter ligação com a coleção / acervo,
esclarecendo aos visitantes o que seja este espaço em especifico.
Alguns pontos devem ser observados para um bom trabalho dentro dessa nova postura no
museu. Pensar a educação no museu, não significa receber somente a visitação de escolas ou
pesquisadores. A educação começa no trabalho de pesquisa dentro do museu com sua equipe. A
ação que será trabalhada, seja ela para crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos ou
pessoas com necessidades especiais, etc. Cada trabalho deve ser bem planejado, e
posteriormente devem ser avaliados os pontos positivos e negativos, para que a cada ação o
resultado seja melhor.
Lembrando que a avaliação deve servir para a melhoria do trabalho. Ela também deve ser
pensada de forma qualitativa e não somente de forma quantitativa. O mais importante não é,
quantas pessoas conseguiu-se trazer ao museu, mas o quanto significativa foi a visita dessas
pessoas à instituição.
A criação de uma equipe responsável pela ação educativa do museu é muito importante. É
interessante que essas pessoas tenham alguma ligação com trabalho educacional, ou seja
tenham o conhecimento da didática e também que sejam comunicativas e dinâmicas.
Para um bom desenvolvimento da ação educativa, os museus necessitam criar um
programa educativo / cultural, pensando na especificidade, tamanho - espaço físico, equipe de
profissionais e recursos financeiros que disponibilizam.
O importante também é que o museu mantenha um contato com as escolas, uma conversa
de tempos em tempos com os professores da área específica do museu, deixando-os a par de
suas atividades e seu acervo, aproximando a escola do museu. Importante também a discussão
da equipe sobre o público que irá recepcionar, pensar que tipo de público é este - idade /
conhecimento / existe necessidade especial, classe social - a partir daí elaborar a linguagem que
será utilizada e a atividade prática - se houver -. O conhecimento prévio do espectador é elemento
chave para a compreensão do trabalho, por isso a importância da equipe conhecer o publico
visitante.
Se faz também necessária, a criação de um trabalho de marketing dentro do museu, para
que este seja realmente inserido na comunidade. A publicidade é muito importante neste ponto, a
divulgação da instituição e suas atividades dentro da comunidade onde está localizado é
necessária para uma aproximação da sociedade e museu, pois ainda existe em muitos lugares
uma barreira entre museu e comunidade.
De acordo com Maria Célia Moura Santos (1993, p. 74), "Os museus, pois, devem servir às
sociedades, criando técnicas e atividades adequadas para atender às comunidades, às regiões,
enfim, à comunidade mundial. As diversidades sociais obrigam, assim, aos museus, encontrarem
soluções adaptáveis a cada um." Os museus devem trabalhar ações que englobem todos as
comunidades, não pensando apenas nas escolas. As escolas são importantes e um trabalho
interdisciplinar junto à elas também, mas não se pode deixar de lado a educação informal, que é
uma educação continuada, permanente junto às comunidades.
A ação educativa nos museus deve ser uma experiência especial, estimulante, e que
provoque a ampliação dos conhecimentos do visitante. Deve ser observada para que não exista
uma sobrecarga de informações, fator que torna a visita desestimulante e cansativa, tanto para
adultos quanto para crianças. Pode-se falar que observando os dados supracitados a educação
será de qualidade.

2.3 O educador nos museus

Os museus como visto anteriormente, tem um compromisso com a sociedade, e a educação


tem um papel de destaque no seu contexto. E para que a educação seja desenvolvida com
coerência é necessário que pessoas preparadas trabalhem atenciosamente a questão da
educação.
Cada instituição denomina o profissional de educação de acordo como a forma de atuação,
pode-se encontrar o educador, animador, arte educador e ainda o monitor. O papel deste
profissional em geral não é bem discutido e pensado, em muitos museus encontramos pessoas
que falam sobre a exposição de forma narrativa.
A exposição quando montada deve ter a interação dos educadores, para que possam
pensar a forma de trabalho com a comunidade e suas diversidades. Outro fato é que ao montar a
exposição aprende-se sobre ela o que facilita a comunicação com o público, e onde se tem a noção
do quanto ela se comunica sozinha e a partir de onde entram em ação os educadores.
Conforme Madalena Cabral, (1971, p. 61 apud FARIA, 2000):
para além da sua formação profissional, (o conservador responsável pelo serviço educativo)
deverá ter um sexto sentido que lhe permita colaborar, com justeza nas iniciativas desejadas e
úteis, fornecendo todos os elementos de ordem científica ou técnica que vão estofar e dar a base
ao trabalho dos monitores" e sobre estes últimos, no caso do monitor, é exigida uma outra
dimensão fundamental: a sua humanidade o seu conhecimento pedagógico e psicológico … todo
o educador sabe que não é, muitas vezes durante o tempo de ensino que mais se aprende …não é
fácil encontrar monitores com estas qualidades, visto que elas não fazem parte da bagagem
normalmente adquirida num curso, nem são inerentes a uma boa formação técnica. São um dom
a ser cuidadosamente procurado onde porventura exista e a cultivar sem descanso.
Pessoas que possuem boa comunicação e dinâmica, são ótimas para o trabalho com o
público. O educador não deve apenas contar uma história, que na realidade já está contada em
forma de exposição.
O papel principal é ajudar o público a relacionar a exposição com o conhecimento de cada
um. Instigando a curiosidade, a criatividade, a crítica e a reflexão. Para tal trabalho muitas
instituições fazem uma preparação dos educadores para cada exposição.

2.4 Serviços educativos encontrados nos Museus Brasileiros

Atualmente são poucos os museus que conseguem manter serviços educativos. No Brasil,
onde a maioria dos museus são públicos, os baixos orçamentos e pequenas equipes de trabalho
não permitem que sejam desenvolvidos trabalhos mais elaborados com a comunidade. O descaso
com os museus em nosso país, é muito grande, e a distribuição das verbas ainda não é feita de
forma igualitária.
Alguns museus conseguem patrocínio para grandes exposições, inclusive fora de seu
espaço físico, e outros nem sequer aparecem no guia telefônico local. Tomando como exemplo a
Exposição "Brasil 50000 anos", realizada pelo Museu de Arqueologia e Etnologia - MAE / USP em
Brasília em novembro de 2001. Exposição esta que montou o acervo do MAE de São Paulo em um
espaço do governo e em outro estado, teve também o patrocínio do Governo Federal, por
intermédio de suas empresas, agências de fomento e apoio de grandes empresas privadas
brasileiras.
A maioria dos museu que encontramos no Brasil, consideram ação educativa como
simplesmente a visita monitorada. Porém a visitação monitorada muita das vezes não
corresponde ao tamanho da exposição, ou ainda o despreparo dos monitores, faz com que as
visitações tornem-se cansativas, tanto para o visitante como para o monitor.
Conforme o Guia de Museus Brasileiros (2000), onde foram analisados 525 museus, pode-
se observar alguns pontos como as exposições, as monitorias e outros serviços educativos.
Com relação as exposições, em torno de 60% dos museus trabalham com exposições de
longa e curta duração concomitantemente. Já outras instituições, utilizam somente as exposições
de longa duração ou de curta duração. Percebe-se que em alguns museus, os quais trabalham
exposições de longa duração, o material exposto corresponde a 100% do acervo, o que significa
que a exposição é permanente. Levando a entender que a pessoa que visitar o museu uma vez, na
segunda verá a mesma exposição, e isso desestimula o visitante ao retorno.
As visitas monitoradas são encontradas em 178 museus, o que é considerado um valor
baixo, visto que 220 instituições dizem trabalhar outras atividades educativo-culturais. È
importante colocar que dentro destas outras atividades encontram-se: palestras, mesas-
redondas, cursos, oficinas, seminários, debates, vídeos, lançamentos de livros, apresentações
musicais.
Outros museus trabalham ações em forma de Projetos, com uma comunidade específica.
Os projetos conhecidos como "Museu vai à escola" ou "Museu-Escola", nos quais o museu vai à
escola para um primeiro contato e apresentação de sua instituição aos escolares, instigando sua
curiosidade à visitação, pode ser encontrado em 30 instituições, o que significa 5% do total de
museus. Outros projetos, como o de Educação Patrimonial, que abrange não apenas as escolas
mas também outros públicos, é encontrado em 35 museus, ou seja 6% das instituições
cadastradas pelo Guia de Museus Brasileiros (2000).
Percebe-se que é muito baixo o número de instituições preocupadas, ou que tenham
condições de fazer um trabalho educacional mais específico. O que reafirma mais uma vez que
falta um melhor entendimento do que é museu, de seu compromisso com a sociedade e de
respeito com uma instituição que carrega conhecimentos, memórias, patrimônios, vidas e
identidades.
3 AÇÃO EDUCATIVA EM MUSEUS DE ARTE

"Quanto mais entendemos o que acontece durante uma


visita ao museu, tanto mais seremos capazes de planejar
exposições que atendam à necessidade de nossos
visitantes e estaremos mais capacitados para fornecer
um ambiente em que possa ocorrer aprendizagem"
(MILES, 1993)

Conforme pesquisado no Guia de Museus Brasileiros (2000), nota-se que no Brasil, 66%
dos museus cadastrados são de característica histórica, 10% são museus de arte, 6% de ciências
naturais, 5% de arte sacra e os 13% restantes são museus com outras características, tais como:
arqueologia, etnologia, minerais, eco-museus, entre outros.
Neste trabalho serão apontados e comentados alguns exemplos de projetos de ação
educativa de alguns museus de arte brasileiros e exposições de arte como por exemplo a Bienal de
São Paulo.
Para esta análise foram contatados e solicitados 68 museus de arte brasileiros, dos quais,
19 enviaram resposta à solicitação.

3.1 Museu de Arte Moderna da Bahia - Bahia

De acordo com visita ao site do museu,


O Serviço Educativo do MAM funciona promovendo programações para construir o futuro
preservador, apreciador e decodificador das obras de arte e do patrimônio cultural, utilizando uma
linguagem moderna e interativa, atendendo também as necessidades pedagógicas e curriculares
dos estabelecimentos educacionais e especialmente do educando. (capturado em mai/2002).

Encontra-se como atividade educativo-cultural as "Visitas Auto Guiadas", que possibilitam


atender grupos acompanhados que estão em visitação na cidade.
No MAM / BA também são trabalhadas atividades de "Conteúdos Programados", que são
visitas com temas programados para as diversas faixas etárias e de conhecimento. Temas esses
de interesse da comunidade estudantil e relacionados ao espaço Solar do Unhão e Acervo do
MAM.
Acontecem também as "Visitas de Experimentação Plástica nas Oficinas", na qual são
promovidos encontros de educandos com artistas, vivenciando experiências técnicas do fazer
artísticos desmistificando conceitos.
São trabalhados também "Circuitos Escolares" uma proposta de parceria com as escolas,
envolvendo todos os alunos ou mesmo a comunidade, realizando exposições, palestras e
atividades plásticas de acordo com o interesse e disponibilidade de cada instituição.

3.2 Casa João Turin - Paraná


De acordo com a página virtual, o
projeto pedagógico da Casa João Turin tem como principal objetivo estabelecer um contato
interativo entre museu e a escola, fazendo do museu um gerenciador dos processos
artísticos/culturais, dinâmico e transformador. (capturado em mai/2002)

O museu oferece também atividades de acordo com a idade dos escolares e o interesse da
escola. Os professores têm a liberdade de optar pela atividade que considerem mais interessante
em nível de informação. Além da monitoria, o teatro de bonecos contam a história de João Turin e
do museu e sua evolução nos tempos.
A Instituição trabalha de forma enfatizar a necessidade de preservação do patrimônio
histórico e dos bens culturais, tendo como referência o passado, para uma situação presente e
com possibilidades para o futuro.

3.3 Bienal do Mercosul - Rio Grande do Sul

A Bienal de Artes do Mercosul tem como uma de suas principais metasé


trabalhar o evento junto ao grande público, principalmente o escolar de todos os níveis. Para
isto, a cada edição a Bienal tem buscado aperfeiçoar e incrementar o seu trabalho pedagógico.
Baseada em conceitos hoje dominantes em muitos países como "cidade educadora", que
remete a uma pedagogia urbana voltada ao cotidiano, a história e aos espaços de uma cidade, a
Bienal de Artes Visuais do Mercosul desenvolve uma proposta de trabalho onde repassar o
conhecimento é a chave para ingressar no universo da arte. (capturado em jun/2002)

O trabalho começa com a formação de grupos de monitores, que recebem durante seis
meses embasamento teórico para recepcionar e orientar visitantes durante a Bienal.
A fundação trabalha também com as redes de ensino particular, do Estado e da cidade de
Porto Alegre. Neste processo os professores recebem capacitação e material instrucional como
lâminas, sugestões didáticas e referências bibliográficas sobre artistas, técnicas, etc. Ao mesmo
tempo são promovidas oficinas para capacitar estes professores a atuar em aula.
De acordo com o site da instituição,
com este processo desenvolvido a Bienal Mercosul acredita estar estimulando estes agentes
culturais a criar projetos novos com relação ao evento. Toda esta trajetória tem seu êxito total na
possibilidade deste professor e seus alunos vivenciarem in loco a realidade da arte
contemporânea durante os dois meses em que a bienal encontra-se aberta ao público. "
(capturado em jun/2002)
A Fundação em seu projeto pedagógico trabalha alguns eixos de ação: - recuperação do
espaço público para a cultura e a construção do imaginário do porto-alegrense;
- transformação social, desde a cultura e intervenção nos grandes debates sociais,
por meio da arte;
- Construção da cidadania, criando dispositivos não-formais de aprendizagem;
- Desenvolvimento de políticas culturais para os setores artísticos e os
profissionais de educação, dos meios de comunicação; fomentando sua repercussão no público
destinatário, na formação artística, e nos meios com a realização de seminários, cursos e
encontros, etc;
- Projeção da cidade na região, no País e no mundo.

3.4 Fundação Bienal de São Paulo - São Paulo

A ação cultural e educativa proposta pelo Núcleo Educação da Fundação Bienal de São
Paulo,
tem como objetivo facilitar o acesso ao universo da produção artística, especialmente à
arte contemporânea, criando condições para que um público diversificado viva
experiências significativas ao se relacionar com as obras, expandindo seu conceito de arte.
(capturado em jul/2002)

Um dos públicos mais trabalhados pelo núcleo de Educação são os professores por seu
papel na elaboração e difusão do conhecimento de arte, à eles é colocado a disposição
reproduções das obras expostas juntamente com material de apoio educativo, para seu trabalho
com os alunos.
O Núcleo Educação apresenta a experiência com a arte, como processo de leitura e
revelação, como um desafio, demandando uma atitude que envolve parar, olhar, sentir e
questionar, investigando pistas e procurando decifrar enigmas, invocando uma atitude
interrogativa, curiosa, que pode permitir ao indivíduo reconhecer-se como construtor de
significados em sua relação com a obra de arte e com o mundo.
Observa-se que a ação educativa da Bienal de São Paulo "procura criar condições para
apoiar a formação de uma consciência transcultural, crítica e poética, pela arte. " (capturado em
jul/2002)
De acordo com entrevista dada por Mirian Celeste Martins à revista Nova Escola (2002), o
papel da equipe de Ação Educativa da Bienal, "é ajudar os professores a se preparar para
monitorar as visitas com os alunos."

3.5 Museu de Arte Contemporânea / USP - São Paulo

Conforme observado em sua página na internet, MAC / USP trabalha a educação em sua
instituição por intermédio de projetos/programas.
"Meia Volta Vou Ver" é um programa de múltiplas visitas de crianças e professores do
ensino fundamental às exposições do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São
Paulo. O projeto desenvolve uma proposta pedagógica comum entre os professores das escolas
públicas e os educadores do Museu, estabelecendo uma parceria entre as instituições em favor da
melhoria do ensino das artes plásticas.
O programa promove encontros com os professores na escola e no Museu para apresentar
informações sobre o acervo, sobre diferentes módulos de ensino da arte e sobre os diversos
recursos pedagógicos. O programa inclui ainda uma série de atividades com as crianças em sala
de aula, introduzindo as noções do que é um museu de arte, quais são suas funções e os cuidados
que devemos ter ao visitar uma exposição, com o objetivo de prepará-los para as visitas ao acervo
do MAC.
Desde 1991, o MAC / USP desenvolve o projeto "Museu e Público Especial", um programa
permanente de atendimento ao público especial (portadores de deficiências sensoriais, motoras e
mentais), bem como grupos inclusivos (portadores e não portadores de deficiências). Neste projeto
é enfatizada a importância do museu como espaço sócio-cultural para grupos especiais e
inclusivos, oferecendo propostas educativas à escolas e instituições especializadas com o objetivo
de motivar e ampliar o conhecimento da arte e da produção artística dos participantes,
incentivando sua freqüência ao museu, possibilitando maior acesso a esse patrimônio cultural e
atuando como um trabalho de desenvolvimento cognitivo e afetivo, tanto no plano individual quanto
no social.
A Divisão de Ensino e Ação Cultural do MAC / USP conta com uma equipe especializada
neste projeto, que elabora e organiza propostas educativas a cada nova versão das exposições.
Fazem parte desta programação visitas orientadas agendadas antecipadamente, nas quais o
público, acompanhado por educadores, participa de atividades específicas elaboradas para cada
tipo de limitação, incluindo a utilização de material didático visual-tátil de apoio.
Pode ser encontrado no trabalho com portadores de necessidades especiais um "Kit
Multisensorial de Ensino da Arte" que tem por objetivo apresentar e analisar conteúdos relativos à
História da Arte, técnicas e temáticas baseando-se em obras pontuais da História,
complementadas por obras do acervo do MAC / USP. Composto por textos e imagens em tinta e em
relevo bem como objetos tridimensionais, o "Kit Multisensorial" foi elaborado principalmente para
pessoas portadoras de limitações visuais ou de linguagem, como também para o público em geral,
podendo ser aplicado em escolas, instituições culturais ou especializadas.
Projeto "Museu, Educação e o Lúdico tem por objetivo pesquisar a criação e exploração de
estratégias lúdicas no processo de ensino e aprendizagem da arte durante visitas orientadas em
exposições didáticas organizadas para o público infantil e para professores." (capturado em
jun/2002)
Para este projeto foi montada uma exposição pensada na questão educativa de forma
lúdica e multidisciplinar. Foi também desenvolvido um catálogo para professores, o qual auxilia no
trabalho com os alunos.
3.6 Centro Cultural Banco do Brasil - Rio de Janeiro

O Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, preocupa-se em:


conceber o programa educativo como um espaço de troca e construção de
experiência/conhecimento, se realiza através de um processo de pesquisa integrado à ação
educativa, promovendo o diálogo entre linguagens artísticas, entre grupos sociais, entre
categorias de público, transformando-se num Fórum de Arte, Cultura e Cidadania. (Centro
Cultural do Banco do Brasil, 2002)

São desenvolvidas atividades específicas para diversos públicos, crianças, professores e


família, sendo que os projetos desenvolvidos para a família são realizados nos fins de semana.
Durante as visitações às exposições, os monitores desenvolvem ações com os visitantes de
forma que este público consiga desenvolver "Conversas com a Obra", proporcionando a
integração entre as diversas linguagens artísticas, artes plásticas, teatro, cinema, vídeos e
literatura.
A proposta do Centro Cultural Banco do Brasil é:
proporcionar aos espectadores de todas as idades o rompimento do estado do simples prazer
contemplativo, estimulando-o, através de atividades especialmente desenvolvidas para este
fim, a uma atitude de comunicação e entreligação com a arte nas suas variadas formas de
apresentação. (Centro Cultural do Banco do Brasil, 2002)

3.7 Museu de Arte Moderna - Rio de Janeiro

De acordo com material enviado pelo MAM / RJ,


O projeto educativo do MAM procura levar em conta as transformações por que vêm
passando os museus de arte. Ele foi elaborado com a preocupação de preservar a
singularidade do encontro de cada visitante - possibilitando que cada um articule o que
encontra com seus interesses e experiências - e ampliar a possibilidade de aquisição de
informação e a construção de conhecimentos sobre o museu, museu de arte, arte, arte
contemporânea - favorecendo a troca de experiências entre os visitantes e a reflexão sobre a
proposta da curadoria.

Para atingir este objetivo o Museu vem desenvolvendo uma série de ações educativas que,
voltadas para o desenvolvimento de uma atitude de questionamento, abordam questões de arte
escolhidas para provocar a curiosidade dos visitantes pelas obras expostas.
Ao planejar as ações educativas de uma exposição, a equipe do MAM tem sempre a
preocupação de aprofundar o seu conhecimento sobre as obras e sobre a proposta da curadoria. É
a partir desse processo que se faz um mapeamento das questões que vão ser abordadas, e se
estabelece estratégias de que se pode lançar mão.
O MAM / RJ trabalha com grupo de visitantes de forma instalar um clima lúdico,
descontraído, o educador propõe um jogo. A atividade vai lhe possibilitar conhecer o grupo com que
está trabalhando, seus interesses, suas características próprias.
Durante os fins de semana e feriados, em horários previamente determinados, são
oferecidas visitas guiadas sem agendamento prévio, para o público presente no Museu. Como nas
outras ações educativas, o educador procura provocar, nos participantes, uma atitude de
questionamento em relação às obras expostas. A diversidade gerada, na maior parte das vezes,
pelas condições de formação do grupo, favorece a troca de experiências - aspecto importante do
trabalho. Estas visitas também são acompanhadas, sempre que oportuno - como no caso de
grupos de crianças (maiores de cinco anos), adolescentes, e adultos - de atividades educativas.
O Museu de Arte Moderna deu início, durante a exposição do artista Vik Muniz, inaugurada
em março de 2000, ao projeto "O que, Quem, Quando, Porque, Como e Onde".
Este projeto educativo tem como objetivo criar novos caminhos de aproximação entre
público e as obras através de multimídia interativo apresentado em computadores colocados no
salão de exposição do Museu.

3.8 Museu de Arte Contemporânea de Niterói - Rio de Janeiro

De acordo com textos produzidos pela Divisão de Arte Educação do MAC / Niterói, objetivo
"é trazer para o interior destas questões, com a certeza de que o papel de um museu,
especialmente de arte contemporânea, não é o de dar todas respostas, mas sim de levantar o
público apreciar e, finalmente ter acesso as transformações que irão situá-lo melhor no seu mundo
e no seu tempo."
O interesse da instituição é incentivar criatividade do espectador e, ao mesmo tempo,
enfatizar a dimensão aberta da obra de arte que deve ser tomada como ponto de partida para
atitudes multiplicadoras de sentido. Assim a arte contemporânea alcança sua culminância ao
redefinir o papel do espectador na revelação de seus valores / significados.
O MAC / Niterói com seus trabalhos com a comunidade preocupa-se em "expandir sua
atuação junto às comunidades marginalizadas dos processos educativos e da produção artística,
isto é da cidadania cultural." O "Projeto Arte Ação Ambiental" é resultado do encontro de artistas
cuja produção envolve o engajamento em questões ambientais e educadores lançam mão de
poéticas artísticas para promover em processo de relações mais harmônicas com o meio ambiente.
A relevância do projeto está na necessidade de proporcionar capacitação a um público
carente que vivenciará a possibilidade de usar sua criatividade de forma lúdica e gerar uma renda
efetiva, reforce sua auto-estima e o estimule a buscar novos patamares de condição sócio-
econômica, em um processo que encontra na força comunitária o impulso de sua sustentabilidade.
Como museu voltado para uma ação cultural pública, a instituição busca um constante
redefinir do que seja a arte contemporânea e como ela se relaciona com indivíduos e a sociedade
como um todo. Assim utiliza-se o contato com as exposições para desenvolver experiências
educativas com um público diversificado, como também são elaboradas estratégias de interação
comunicativa visando a ampliação das relações entre a arte, cultura e educação.
Ao resgatar a comunicação entre arte e indivíduo através da experiência de significados,
segue-se uma metodologia fenomenológica, na qual a arte contemporânea, o objeto-escultura, o
espaço, o lugar ou a pintura, são tidos como elementos intencionais que ao espectador reclama a
primazia do olhar e a percepção imaginativa.
3.9 Conjunto Cultural da Caixa - São Paulo

O Conjunto Cultural da Caixa de São Paulo trabalha em:


capacitações sistematizadas em um processo de ação-reflexão-ação, visam proporcionar aos
educadores subsídios teóricos/metodológicos, para que estes tenham cada vez mais clareza
da concepção da área de Arte (arte como linguagem e área do conhecimento), elaborando
projetos significativos aos seus educandos, a partir de diagnósticos prévios relacionados ao
repertório artístico/estético dos mesmos, independente das linguagens a serem trabalhadas
(artes visuais, música, dança ou teatro). (Conjunto Cultural da Caixa de São Paulo,
2001/2002)

São elaborados projetos para as diversas idades, crianças, professores e idosos. Com os
professores é trabalhado um processo de capacitação continuada, com o objetivo de oferecer
subsídio teórico e metodológico para elaboração de projetos com seus alunos.
São desenvolvidos projetos para alunos de ensino médio e fundamental, onde são
trabalhadas oficinas de gravura, pintura, dança, música, escultura, pesquisa, história da arte entre
outras.
O Centro Cultural da Caixa tem como preocupação o desenvolvimento do olhar sobre a
concepção da arte, proporcionando o desenvolvimento de atividades ligadas as diversas formas de
expressão artística.

3.10 Museu de Arte Contemporânea de Americana - São Paulo

O MAC / Americana em sua ação educativa trabalha com "discussões que a própria mostra
instiga."
O serviço educativo desenvolve material de apoio para que os professores possam
desenvolver um trabalho com seus alunos em um momento anterior a visita. Neste material pode-
se encontrar um histórico sucinto da instituição e informações sobre a mostra que está acontecendo
(data, artistas, biografias, etc.)
Durante as visitações de escolares, o museu procura atender a cada faixa etária ou série em
separado, sendo que são preparadas ações de acordo com cada faixa etária. Para o trabalho com
as escolas são preparados jogos específicos da mostra.

3.11 Museu de Arte de Londrina - Paraná

O Museu de Arte de Londrina "vem contribuir com a formação da comunidade e dos alunos,
bem como estimular a Arte e a visitação ao Museu de Arte". Apresenta uma característica específica
para trabalhar com escolas públicas, a ação é realizada por estagiário de Educação Artística, no
qual se observa o trabalho não apenas com alunos de ensino fundamental e médio, visto que nas
escolas é trabalhada a questão da Arte e com ao monitores é desenvolvida a didática dentro de um
espaço que é de ensino não formal.
Entre os objetivos principais do Museu de Arte de Londrina estão o estímulo da criança pelo
gosto da Arte desenvolvendo a socialização e imaginação da criança.
São trabalhados no espaço do Museu, oficinas nas quais as crianças desenvolvem pintura,
desenho, dobraduras, literatura entre outras. Após estas atividades são feitos levantamentos por
meio de questionários avaliando o trabalho desenvolvido.

3.12 Discussão acerca dos museus supracitados

Como pode-se perceber, mesmo analisando apenas museus de arte brasileiros, existe
uma diversidade de formas em como trabalhar a educação e a arte dentro de uma instituição
museal.
Em exposições de arte como Bienais, observa-se a preocupação de uma equipe de ação
que anterior a abertura da exposição à comunidade, fazem um trabalho de treinamento de
monitores e professores, que durante a mostra irão orientar a comunidade e escolares. Pode-se
perceber que essas instituições tem como preocupação proporcionar o acesso da comunidade
para com a arte, e com isso propiciar transformação social e formação de uma consciência critica.
Já nos museus observa-se que alguns ainda trabalham apenas a monitoria como sendo a
ação educativa, porém outros trabalham a monitoria de uma forma diferenciada, com treinamento
especial para cada exposição; e o treinamento ou trabalho com professores da rede formal de
ensino também é bastante aparente nesses museus.
Na maioria a principal preocupação ainda é com o público escolar, sendo que algumas
instituições possuem também atividades para a família, ou portadores de necessidades
especiais.
Uma instituição que trabalha com o portador de necessidades especiais, no caso pessoas
com problemas visuais, é o MAC / USP de São Paulo, uma vez que considera importante a
inserção desta comunidade também no meio cultural.
Encontrou-se também no MAC / Niterói - Rio de Janeiro, o trabalho com comunidades
marginalizadas, o que demonstra uma preocupação com a quebra da barreira que existe entre
museu e comunidade, sendo o museu visto ainda como uma instituição elitizada.
Além destes trabalhos existem algumas instituições que além da monitoria, elaboram e
desenvolvem projetos educativos, independentes da exposição, e outros com relação à
exposição que naquele momento se encontra montada.
Fica evidenciado que, na atualidade a preocupação com a sociedade faz parte da
instituição museal. É interessante enfatizar que trabalhar com escolares, família, portadores de
deficiências físicas e comunidades marginalizadas faz parte do trabalho de museus encontrados
em nosso pais, espaço este que é da e para a comunidade.
Vistos estes trabalhos, mais uma vez é reafirmado que museu, e a educação no museu não
se dá somente na ação educativa com escolares mas no pensar o museu no todo e para com as
comunidades, como instituição que carrega e divide conhecimentos.
A partir desses referenciais pesquisados fica evidente a necessidade de que um Plano de
Ação Educativa para um Museu de Arte trata não somente de recepcionar a visitação, mas de criar
situações que envolvam o espectador com as atividades realizadas pelo museu. E mais, de criar
no visitante o hábito de freqüentar o museus enquanto um espaço cultural e de aprendizagem.
Para tanto, o Plano de Ação Educativa precisa de ações específicas que vão desde a
"conversa" com a curadoria da exposição passando pela produção e montagem, seleção e
preparação de monitores, organização / elaboração de material didático - pedagógico (seja para
professores e/ou estudantes), além de instrumentos de avaliação de cada ação e de seu conjunto.
Dessa maneira, a Ação Educativa pode se efetivar de modo significativo, tanto para a
equipe que participa de sua elaboração e desenvolvimento, quanto para o público que freqüenta o
museu.
4 MUnA - MUSEU UNIVERSITARIO DE ARTE

O MUnA - Museu Universitário de Arte / UFU foi criado em 1998, a partir da necessidade de
um espaço adequado de exposição, conservação e preservação de obras de arte pertencentes ao
DEART - Departamento de Artes Plásticas / UFU.
Atualmente o museu reúne um acervo de aproximadamente 200 peças, que
constantemente tem recebido acréscimo de doações de artistas e instituições, tais como Instituto
Moreira Sales, Instituto Cultural Itaú entre outros. Em seu acervo pode-se encontrar pinturas,
esculturas, desenhos e gravuras caracterizados como obras de arte contemporânea.
Uma das preocupações do museu é a divulgação de artistas locais e da região, com estes
além das exposições, são feitas palestras e discussões acerca do trabalho.
O Museu possui espaço para oficinas, auditório, biblioteca, e sala de exposições.
O museu conta com uma equipe de professores do Departamento de Artes Plásticas / UFU,
que coordena as atividades de catalogação e conservação do acervo, atividades educativo-
culturais, programação e divulgação, e uma equipe de alunos do Curso de Artes Plásticas / UFU,
os quais formam equipes de monitoria e programação visual do museu.
A Ação Educativa do MUnA, é coordenada por dois professores do DEART, que por não
atuarem somente no museu não estão presentes diariamente, e isso significa que não há uma
pessoa que esteja sempre no museu para o acompanhamento da ação educativa que conta com
diversas ações, tais como:
Pesquisa - através da biblioteca do museu, estudantes e comunidade em geral podem fazer
pesquisa sobre história da arte, artistas e assuntos ligados a artes plásticas.
Palestras - o museu oferece uma vez por semana palestras, normalmente envolvendo
professores e profissionais de diversas áreas de conhecimento da UFU e da comunidade.
Mostra de vídeos - A cada mês, são exibidos filmes dentro de temática específica, acompanhados
de debate com um professor do DEART.
Cursos/Oficinas - no espaço do museu são desenvolvidos cursos/oficinas voltados à diversas
faixas etárias da comunidade.
Monitorias - são oferecidas monitorias com alunos do Curso de Artes Plásticas, que propõe
discussões críticas sobre a exposição em questão.
Além das ações semanais o museu propõe projetos que acontecem esporadicamente:
Projeto Domingo nos Museus - projeto desenvolvido pela Rede de Museu, coordenada pela
DICULT - Diretoria de Culturas / UFU, no qual se objetiva a criação do hábito de visitação aos
museus e a abertura dos mesmos aos domingos, o que não ocorre regularmente hoje.
Projeto Museu vai à Escola - projeto desenvolvido em dois momentos, no primeiro momento o
museu entra em contato com as escolas, fazendo uma apresentação do museu e de seu acervo,
estimulando a curiosidade dos alunos à visitarem o museu, que seria o segundo momento.
Outras atividades - o museu em sua programação educativo-cultural, oferece seu espaço para
lançamentos de livros e vídeos além de apresentações musicais.
5 CONTEXTO E PLANEJAMENTO

É assim que se brinca...


Cada jogo tem suas regras. Mas cada grupo de crianças
As interpreta, cria e recria a seu modo. Vou explicar as regras
do jogo. Cabe a você traduzi-las...
(FRIEDMANN, 1996, p. 14)

Neste capítulo serão abordados a exposição, por intermédio do release encaminhado pelos
artistas ao MUnA, e o Plano de Ação Educativa elaborado para a mesma.

5.1 Release da Exposição "Regras do Jogo"

A Escola de Belas Artes da UFMG se encontra diante do desafio da pesquisa em Artes


Visuais. As problemáticas que lhe são vinculadas suscitam sempre mais aproximações críticas
tornando necessário pensar a partir de seu leque complexo. Um perpétuo recomeço do
questionamento artístico leva naturalmente a instituição a almejar condições de encaminhamentos,
na pesquisa, suscetíveis de fundamentar e ressaltar os parâmetros das práticas artísticas e de suas
várias situações. Dentro desse contexto, Belo Horizonte tem apresentado fortes exposições do
grupo de Artes Plásticas do Mestrado em Artes Visuais, tanto de professores como de alunos. Pela
primeira vez saindo do âmbito da cidade a exposição REGRAS DO JOGO - Módulo II é agora
acolhida pelo MunA, reunindo um grupo de artistas que procurou estabelecer, através da
observação da produção de cada um, algumas regras recorrentes. Um conjunto de palavras
orientou essa leitura como: vertigem, acordos, fôlego, captar forças, plasticidade, impressões,
presença, trânsito… Cada artista possui sim suas regras, num jogo que orienta o sentido de seus
processos. Essa exposição teve sua origem na disciplina Elementos Formadores do Processo
Artístico e está ligado ao projeto Concepções Contemporâneas da Arte desenvolvido pela artista
pesquisadora Patrícia Franca.

Júnia Penna, também escolheu a borracha, mas muito pelas suas qualidades elásticas,
deixando à matéria e à sua própria realidade energética uma grande liberdade de ação. Sua
escultura é construída com tiras que são fixadas na parede e no chão, possuindo dimensões
variáveis. As linhas de borracha, tensionadas, delimitam e definem espaços, onde a tensão
presente nas tiras é transportada para o ambiente entorno, criando campos de força. Podemos falar
de um grau de incerteza onde só o espaço permite a prática empírica dessa experiência.
Júnia Penna - Sem Título / Borracha

Carolina Melo explora a matéria e sua dimensão cognitiva; escolheu a borracha porque
sente ser um material que se transforma, contrariando ou proibindo totalmente a visão pré-
estabelecida da fabricação da obra. A dissolução, a decomposição, o fluxo contínuo da matéria
nessa prática acontece como a respiração. Através desses processos a borracha dilata, se contrai,
constituindo um jogo de contrários que se complementam.

Carolina Melo - "Veículo corpóreo" Espelho, borracha, solas de sapato


Já no trabalho proposto por Elisa Campos a presença literal de substâncias - água, leite e
vinho - em seu estado líquido, faz menção a uma arqueologia da matéria, no momento que
antecede a forma, nos passos para sua cristalização ou transformação. A artista procura exaltar as
qualidades físicas e simbólicas de tais substâncias incluindo seu caráter transitório e sua ação
sobre os sentidos. De origens mineral, animal e vegetal, respectivamente, os líquidos
apresentados necessitam de um corpo para se estruturarem ou por onde escorrer, penetrar,
impregnar. Lentamente, o gotejar de tais substâncias cria capilaridades e uma distribuição que
alimenta, conduz, transporta, desloca, modificando-os em função do tempo e do meio.

Elisa Campos - "Artérias” Sal, leite, vinho, água, cal e mangueiras transparentes.

Os trabalhos apresentados de Liliza Mendes são parte de uma pesquisa plástica que tem
como eixo condutor a estrutura básica dos procedimentos de moldagem: a forma e a contra-forma,
apoiada no uso do efêmero: o gesto e a flor. O corpo e a flor aparecem como recipientes, matrizes
moldantes das formas representadas e apresentadas (fotografia e objeto). É interessante lembrar
que, contrariando a tradição do molde, utilizado como princípio para a repetição, aqui as fôrmas
cristalizam a unicidade, por tornarem impossível a replicação do gesto com todas as suas nuances
orgânicas e pelo descarte de cada flor, ocorrido no processo de moldagem (o interior de flores e os
ocos formados no corpo são preenchidos com gesso e fossilizam a contra-forma de seus
receptáculos).

Liliza Mendes - Sem Título Fotografias e objeto

Humberto Guimarães trabalha numa série de desenhos realizados a lápis e nanquim sobre
papel intitulada Adágio Noturno. Trata-se do desdobramento de uma temática que inclui frações de
escritura, poesia e fragmentos de partitura com seus respectivos símbolos gráficos.

Á direita Humberto Guimarães - Sem Título / nanquim s/ papel


A esquerda Mário Azevedo - "Papéis" / papel reciclado

Para Mário Azevedo, que expõe os seus Papéis, mais do que reproduzir ou inventar formas,
trata-se de captar forças. Eis então, toda a experiência de uma prática artística, que concebe a arte
como atividade e não apenas como produto acabado. E não é só o limite entre a pintura e o desenho
que aqui aparece: mais do que uma situação limite - é uma situação de grande proximidade [um
casamento] que se expõe. Não é mais o entre; é um lugar após o entre. Existem coisas que se
fundem umas nas outras tanto que seus contornos desaparecem. Outras se mantêm à distância,
como dois pólos de um dispositivo único; mas que assim, irredutivelmente, pertencem ambas à
mesma coisa.

Eugênio Paccelli Horta é um desenhista. O reflexo de várias palavras foram registrados em


um caderno de capa preta. Ao abrir o mesmo, as imagens caíram sobre uma mesa voltando a ficar
branco [o caderno e a memória noturna de um mundo lembram a própria vida]. O seu trabalho
também é resultado de sua pesquisa Espelhamento-Projeção-Representação-Corporificação.

Eugênio Paccelli Horta - "Cadernos" Livros e caixa de madeira.

Patrícia Franca tem como regra para esse momento trabalhar amar[elos], ambiente criado
onde o registro fotográfico de pequenas atividades criam deslizes entre o desenho, a fotografia e a
montagem. Para ela, o que está em jogo, além da produção de sentidos dos trabalhos, é a metáfora
de um caminho sendo aberto, gerando a descoberta de um comportamento plástico.

Patrícia Franca - "Amar[elos]" Fotografias e objetos


5.2 Plano de Ação Educativa

Entendendo por museu um espaço multicultural, no qual a comunidade se identifica e se


desenvolve construindo uma memória coletiva em um momento dinâmico, é que se elaborou um
plano de ação educativa para a exposição "Regras do Jogo", que aconteceu no MUnA - Museu
Universitário de Arte, no período de 25 de outubro a 20 de dezembro de 2002.
Plano este que teve como foco, alunos de faixa etária de 07 a 10 anos das escolas no
entorno do MUnA. A especificação deste público se fez pelo fato de que existia a necessidade de
maior divulgação do museu, e optou-se por começá-la na comunidade local, tendo em vista outras
divulgações futuras que atingissem um raio mais ampliado e nas crianças viu-se a perspectiva de
criação do hábito de visitar museus. Outro fator determinante foi a dificuldade de transporte, que a
maioria das escolas tinha de levar seus alunos até o museu. A definição deste público não impedia
a visitação espontânea nem de outras escolas ou grupos que tivessem interesse em agendar
visitas, o que já vinha acontecendo com exposições anteriores.
Definido o público a ser trabalhado foram objetivados:
" Trabalhar com os visitantes o conceito atual de museu;
" Propiciar um contato significativo entre visitantes e arte contemporânea;
" Oferecer elementos teóricos e visuais para a leitura e interpretação da obra de arte;
" Apontar e discutir a relação entre regras, o jogo e o coletivo a partir das vivências do
visitante;
" Propiciar criação plástica coletiva.
No intuito de atingir os objetivos traçados necessitava-se de referencial teórico que
sustentasse as reflexões e os questionamentos propostos pela exposição, que apontava
discussões, tanto para a arte, quanto para o cotidiano das pessoas: a começar pela Arte
Contemporânea, ainda muito questionada e aponta dificuldades de interpretação na atualidade;
as regras que estão presentes na vida em sociedade; o meio coletivo que requer algumas regras; o
próprio jogo que tem suas regras e o fato de estar em grupo visitando uma exposição também
coloca regras.
Para as questões supracitadas foram procurados alguns autores referentes aos assuntos
de possíveis questionamentos. Tomando como temática o nome da Exposição "Regras do Jogo" e
pensando nas regras, no jogo e no coletivo foram pesquisados ALMEIDA, P. N. (1998);
ROSAMILHA, N. (1979); FRIEDMANN, A. (1996), KISHIMOTO, T. M. org. (1998) e (2001) e
FERREIRA (1999). De acordo com o Dicionário Aurélio (FERREIRA, 1999, p. 1732), regras quer
dizer;
aquilo que regula, dirige, rege ou governa; fórmula que indica ou prescreve o modo correto de
falar, de pensar, raciocinar, agir, num caso determinado; aquilo que está determinado pela razão,
pela lei, ou pelo costume, preceito, princípio, lei norma.
Regras que estabelecem limites, dão direções e proporcionam organização no coletivo,
que conforme o autor acima citado, "abrange ou compreende muitas coisa ou pessoas;
pertencente ou utilizado por muitos; que manifesta a natureza ou a tendência de um grupo como
tal, ou pertencente a uma classe a um povo, ou a qualquer grupo." Este coletivo pode ser
observado na exposição em questão - "Regras do Jogo", que é coletiva visto que foi pensada por
oito artistas.
A começar pelo titulo dado à exposição, pode-se pensá-la como um grande "jogo de
imagens", jogo que conforme Ferreira (1999, p. 1163), significa, "atividade física ou mental
organizada por um sistema de regras que definem a perda ou o ganho", neste caso não é
observada a competição que normalmente pode-se observar nos jogos.
Conforme Kishimoto (2001, p. 16), podemos encontrar três diferentes níveis de
entendimento do jogo, "o resultado de um sistema lingüístico que funciona dentro de um contexto
social" o jogo como o sentido das coisas no contexto de uma sociedade, cada comunidade
determina as funções de determinadas coisas, o que para uma é um brinquedo para outra pode ser
um instrumento de trabalho; "um sistema de regras", as diferenças que podemos perceber em
cada jogo, e "um objeto", enquanto matéria, o jogo palpável. A mesma autora em (1998, p. 24) fala
que "o conjunto de regras de jogo disponíveis para os participantes numa determinada sociedade
compõe a cultura lúdica". A cultura lúdica por sua vez proporciona que o jogo seja possível em
determinada sociedade.
De acordo com Friedmann (1996, p. 14), "o jogo implica para a criança muito mais do que o
simples ato de brincar. Através do jogo, ela está se comunicando com o mundo e também está se
expressando", o jogo além de divertir e/ou educar, mostra também a forma de expressão de quem
a joga, principalmente nas crianças, que através do jogo revelam sua forma de expressão, seja ela
escrita, verbal, etc.
Pensando no jogo também como expressão, chega-se a discussão da arte
contemporânea, que se foi buscar suporte em Kátia Canton (2001, p. 09), que tem como desafio
"dialogar com a produção dessa geração de forma mais ampla, questionando de que maneira ela
se relaciona com os fatos e com o espírito do tempo em que vive e atua", o diálogo entre artista /
obra / espectador pode ser um jogo, jogado em tempos diferentes, visto que um momento artista /
obra e em outro, obra / espectador e é através da obra que pode-se chegar até o artista, formando
assim um triângulo.
Ainda pensando na Arte Contemporânea e também em sua leitura, foi-se buscar a visão de
outra instituição museu, o MAM - Americana, segundo o qual,

a arte contemporânea e moderna requer do expectador um posicionamento diferente em


relação as obras anteriores à modernidade. Obras que antecedem o Séc. XX, pedem do
expectador uma leitura embasada na harmonia, proporção, textura e unicidade. Estes
elementos são dispensados na leitura de obras contemporâneas e modernas. Nestas obras,
são outros fatores que estão em jogo, passando a ser muito mais uma discussão da forma
pela forma; da cor pela cor; do objeto e o simbólico.
A leitura da obra como um jogo de impressões entre obra / observador, e para esta leitura de
imagens, que é proposta na visitação, buscou-se em MARTINS, M. C. (1998) subsídio para
trabalhar de forma provocar o espectador para uma leitura pessoal da imagem. Martins (1998, p.
56), fala que nosso corpo "realiza uma reflexão enraizada na experiência sensível. A arte é, antes
de mais nada, uma experiência sensível." Em pesquisa no site da Fundação Iberê Camargo
encontramos citação de Paulo Freire, na qual coloca,
que "a leitura do mundo precede sempre a leitura da imagem/arte e a leitura desta implica a
continuidade da leitura daquele." Em outras palavras, não há leitura de imagens que não
seja influenciada pela experiência de vida do leitor. Ao mesmo tempo, a leitura estética vai
ampliar a leitura do mundo. (capturado em 08/11/2002)
Neste grande jogo coletivo onde a principal regra é uma leitura pessoal, um contato da
impressão entre obra / espectador, traz a tona questões pessoais de vida, de seu cotidiano e sua
comunidade. Entendendo a arte a partir de seus conhecimentos e dando suporte para sua
ampliação.

5.2.1 Ações

Para o desenvolvimento e efetivação do Plano de Ação Educativa, foram definidas como


necessárias, algumas ações:

1 - Pesquisa

Pesquisa de material sobre a exposição - quem são os artistas, quais são os trabalhos, com
a finalidade de dar subsídio para a realização do plano. Concomitantemente realização de
pesquisa acerca das escolas no entorno do MUnA - quais e em que nível de ensino atuam.

2 - Divulgação

Tendo em vista a necessidade de um trabalho de divulgação do museu e da Exposição,


fazer seleção de algumas escolas que se encontrassem de acordo com a faixa etária que
correspondente ao público especificado como foco. Contato com as mesmas a fim de convida-las
a trazerem seus alunos a visitar a exposição.

3 - Apoio

Visando a necessidade de material acerca da exposição, tanto para os professores das


escolas selecionadas como para a equipe de trabalho, elaboração de material de apoio, um
encarte para auxiliar o professor com seus alunos nos conteúdos pertinentes á exposição,
podendo ser utilizado anterior e/ou posterior a visita. E para a equipe de educadores, a elaboração
de uma apostila para auxiliar no trabalho com os visitantes. Para este material a utilização textos
4 - Formação

É de suma importância uma preparação das pessoas que de certa forma vão mediar a
exposição, e este trabalho foi pensado para acontecer em dois momentos:

Educadores

Para o trabalho junto aos visitantes, a formação de uma equipe de educadores composta por
12 alunos da Disciplina Prática de Ensino 4 do Curso de Artes Plásticas / UFU, que se encontram no
9º período do curso e possuem conhecimento teórico e/ou prático acerca de projetos educativos.
Aos educadores cabe o papel de mediar a exposição e os visitantes, provocando neles uma
leitura pessoal das imagens, e após a visita à exposição orienta-los para uma produção visual
baseada na exposição.
Preparação dos educadores através de proposta similar a elaborada para os visitantes, para que os
mesmos possam sentir e perceber a exposição como espectadores, e com isso realizar um trabalho
mais significativo de forma instigar os visitantes para uma leitura pessoal relacionada ao cotidiano do
espectador.
Entrega de material de apoio, e apresentação de pasta com materiais sobre artistas
participantes da exposição, além de um esquema de orientação para a ação com os visitantes para
consulta durante o horário de trabalho.

Professores

Com os professores que trabalham nas escolas ao redor do MUnA, o envio de convites para
uma reunião de discussão a cerca do que vem a ser o MUnA e suas ações e divulgação da
exposição.
Nesta reunião a realização de uma visita à exposição com proposta posterior de
desenvolvimento de proposta plástica tendo como referência o jogo e das imagens vistas. Este
trabalho objetiva facilitar o trabalho do professor com seus alunos, buscando discussões a respeito
ainda em sala de aula antes da visita, e levantando questões durante a visita para um trabalho
posterior.
Entrega de material de apoio com possibilidade de utilização em sala de aula, constituído de
textos relativos ao MUnA, a exposição e sugestões de bibliografia e assuntos para trabalhar em
aula.

5 - Recepção
Agendamento das visitações - observando para não haver mais de uma escola ao mesmo
tempo, e um número máximo de 50 alunos por visita.
Visitantes
Proposta aos visitantes tendo por objetivo estimular a leitura de obra e a construção
plástica a partir da exposição "Regras do Jogo", procurando relacionar as regras, o coletivo o jogo
com sua realidade, bem como tornar cada vez mais atrativa a visitação ao museu. Recepção dos
visitantes por uma equipe de cinco educadores com orientações em três momentos distintos.

1º momento / Galeria - Visita à exposição percorrendo as imagens, provocando os olhares para


uma leitura pessoal enfocando para a questão das regras, o jogo e o coletivo.

2º momento / Oficina - Discussão acerca das regras ou recorrências encontradas na exposição e


a partir delas, a proposta de criação de um trabalho em grupo de 05 / 06 pessoas. Para a
construção deste a utilização de folhas de papel sulfite A3 e giz de cera. Para ser cortado em
partes iguais ao número de componentes do grupo, e transformando-se assim em um "quebra-
cabeça", montado por outro grupo com o intuito de descobrir as regras utilizadas para sua
concepção buscando assim uma reflexão da construção e da exposição.

3º momento / Auditório - Exibição do vídeo da Rede de Museu, a qual compreende os cinco


museus de Uberlândia; MUnA - Museu Universitário de Arte, Museu de Biodiversidade do
Cerrado, Museu do Índio, Museu de Minerais e Rochas e Museu Municipal de Uberlândia. Na
busca de despertar para a existência destes espaços e reconhecendo eles como sendo espaços
de conhecimento dinâmico.

Em casos de menos de 25 alunos a utilização do seguinte esquema:

Ordem Local Tempo


1º Galeria 30 min.
2º Oficina 30 min.
3º Vídeo 30 min.

Em casos de a turma com número maior que 25 visitantes, divisão em dois grupos
utilizando o esquema de rodízio:
Ordem Turma A Turma B Tempo
1º Galeria Auditório 30 min.
2º Oficina Galeria 30 min.
3º Auditório Oficina 30 min.
6 - Avaliação

Avaliação do plano preparada para acontecer em etapas distintas, abrangendo equipe de


educadores/monitores e professores visitantes, utilizando como instrumento alguns questionários.
Educadores - Preenchimento do primeiro questionário no dia da preparação, para levantar
as concepções de museu e a prática de ação educativa, com a expectativa de analisar o
conhecimento acerca destes assuntos; o segundo durante a exposição, este propondo uma
avaliação das atividades desenvolvidas com os visitantes e ao final da exposição outro questionário
avaliando o projeto no todo. Além destes instrumentos de avaliação, a todo momento de atuação,
após as visitações uma avaliação do processo utilizado e se resultado.
Professores - Três questionários, o primeiro a ser respondido na data da reunião,
enfatizando as concepções de museu e suas ações. Nesta mesma data juntamente com o material
de apoio um questionário de avaliação que visa analisar a qualidade do material, este questionário
para ser devolvido na data de visitação. E no dia de visita com seus alunos outro questionário acerca
das ações desenvolvidas pelos educadores com os visitantes.
Ao final da exposição, a reunião de todos os questionários respondidos para avaliação
juntamente com a produção dos visitantes em oficina.
6 RELATOS E DADOS DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS

6.1 Pesquisa

No período médio de um mês antes da abertura da exposição, foram feitos contatos com
os artistas que participariam da mesma, na perspectiva de receber informações a respeito e
pudesse se iniciar o trabalho de preparação do material de apoio para os educadores e
professores e o planejamento das ações para com os visitantes. Neste contato não foi possível o
recebimento das informações visto que as mesmas não foram encaminhadas. O próximo contato
foi feito na semana de abertura da exposição - durante a montagem, mas novamente os artistas
envolvidos não possuíam material sobre a exposição, apenas um release e folders, a respeito de
outras exposições realizadas, o que dificultou o trabalho realizado.
Concomitante a esta pesquisa de material foi feito um mapeamento das escolas
existentes ao redor do MUnA. Nesse mapeamento foram encontradas 11 escolas, das quais 5
foram selecionadas tendo como critério a atuação dentro do público estipulado como foco.

6.2 Divulgação

As escolas selecionadas foram contatadas e percebeu-se a dificuldade das mesmas


agendarem visitação. O fator alegado por elas era a proximidade do final do ano letivo, o que
atrapalharia no período de avaliação com seus alunos. Visto que eram em um número pequeno e
não agendariam visitação resolveu-se elaborar uma mala-direta que foi enviada às 260 escolas
públicas e particulares da cidade de Uberlândia. Este material falava da exposição e das ações
realizadas pela equipe de educadores com os visitantes. A elaboração deste material (mala
direta), se deve ao fato que nas exposições abertas no MUnA, apesar de constarem na agenda
semestral remetida para as escolas, normalmente não são elaborados para as escolas, materiais
específicos de divulgação para as escolas a cada exposição. O que é enviado, na maioria das
vezes é um convite, encaminhado a instituições e pessoas escolhidas pelos artistas que estão
expondo. Isso significa que muitas vezes a comunidade escolar nem sequer sabe que a
exposição está aberta e com ações específicas para a visitação, sem falar que a divulgação da
exposição coloca o Museu em contato com a sociedade, divulgando também a instituição.

6.3 Apoio

O material de apoio elaborado para os professores continha textos sobre a exposição, o


MUnA, Arte Contemporânea, Leitura de Obra de Arte, Museu e um questionário de avaliação do
mesmo, que foi respondido por dois professores que visitaram a exposição, sendo que outros
professores que receberam o material não encaminharam as respostas.
Para os educadores, como material de apoio foi elaborada apostila, onde podia-se
encontrar textos sobre museu, o MUnA e um release da exposição. Foi também montada uma
pasta com folders e catálogos de exposições anteriores dos artistas que estavam expondo, que
encontrava-se a disposição dos educadores, para consulta no museu. Acerca deste material
solicitou-se a opinião dos mesmos em um dos questionários respondidos. Das 12 pessoas da
equipe, 10 relataram sobre a importância do material no desenvolvimento do projeto.

6.4 Formação

Educadores

A formação da equipe de educadores se deu um pouco tardia, ou melhor, aconteceu após


a abertura da exposição, isso porque as pessoas que fariam parte da equipe de educadores,
seriam alunos matriculados na Disciplina Prática de Ensino 4, e o semestre letivo da universidade
começou em 20 de outubro. Logo só foi possível reunir toda a equipe em 04/11. A opção por
formar a equipe com alunos da Pratica 4 foi devido estes alunos já possuírem conhecimento
teórico / prático sobre o ensino de arte, já que estavam no final do curso.
No trabalho de preparação realizado com os educadores, eles receberam explicações de
como seria desenvolvido o plano, percorreram a exposição como visitantes. Durante a visitação
foi solicitado que observassem as obras, analisando quais as regras utilizadas para que
estivessem expostos em uma exposição coletiva. Observando também o que incomoda e o que
agradava na montagem e nas obras.
Posteriormente a equipe foi dividida em dois grupos, para os quais foi solicitado que
determinassem uma regra observada na exposição e elaborassem uma construção plástica
utilizado papel sulfite A2 e giz de cêra, que foi cortada como um "quebra-cabeça". Também neste
encontro receberam o material de apoio que seria estudado individualmente. Nesta data foi
colocado aos educadores que o Plano de Ação Educativa estava aberto a sugestões e
colocações que achassem pertinentes, no entanto não houveram colocações no sentido de
reestruturação.
Apesar do conhecimento e preparação destes educadores, percebeu-se que alguns deles
tinham apenas como interesse o cumprimento da carga horária prática exigida pela disciplina na
qual estavam matriculados e não um compromisso com o trabalho da ação educativa. Este dado
foi observado pela freqüência - o número de faltas e atrasos , no descaso durante as ações, a não
recepção de visitas individuais e o pouco questionamento aos visitantes.
Pôde-se observar também uma confusão por parte dos mesmos em separar o Projeto de
Ação Educativa elaborado para a exposição e a disciplina em que estavam matriculados, o que
gerou um certo desconforto e constrangimento diante do fato de que a coordenação do projeto
estava nas mãos de uma colega de disciplina, visto que me encontrava matriculada na mesma e
também cumpria a carga horária prática através da coordenação e acompanhamento do
desenvolvimento do Plano de Ação Educativa. Este desconforto refletiu em um maior descaso
nas atuações de parte dos educadores bem como em um difícil diálogo e segurança por parte da
coordenação em desenvolver o Projeto.

Construções plásticas produzidas pelos educadores

Professores

Com os professores não foi possível agendar a reunião e realizar o trabalho previsto, já
que as escolas não se interessaram em levar seus alunos ao museu devido ao final do ano letivo.
Diante desta situação o material de apoio preparado foi entregue aos professores das escolas
que agendaram visitação à exposição, com a solicitação para que fosse lido, analisado, utilizado
se possível e avaliado, e que o questionário de avaliação contido no material, fosse encaminhado
ao museu posteriormente ou no dia de visitação.

6.5 Recepção

Após o envio da Mala-direta cerca de 15 escolas entraram em contato com o museu em


busca de informações a respeito da exposição e o trabalho desenvolvido. A partir destes contatos,
07 escolas fizeram 11 agendamentos (algumas escolas fizeram mais de um agendamento).
Apenas 04 visitações aconteceram. Algumas escolas que não compareceram e ligaram
desmarcando as visitas, outras portanto nem entraram em contato, simplesmente não
comparecendo.
A cada visitação os educadores preencheram um relatório com os dados da visitação. Os
professores responsáveis pelos alunos durante a visitação também responderam questionários
acerca das ações desenvolvidas pelos educadores com seus alunos.

Visitantes

Visita 001 - 07/11

Centro Educacional Renascença


Rua Uirapuru, 145 / Uberlândia - MG

A escola trouxe 60 alunos com faixa etária de 06 a 10 anos, os alunos foram divididos em
03 grupos que se revezaram entre auditório, galeria e sala de pesquisas (20 min.) e lanche (20
min.). No auditório os visitantes foram questionados sobre o seu entendimento de museu, se
conheciam o MUnA, o que havia visto na galeria e sala de pesquisas (para os que haviam
passado primeiro pela galeria / sala), também foi passado o vídeo Maria Pé no Chão da Profa.
Cíntia Guimarães, que estava relacionado com a exposição "Marcações". que também acontecia
no museu. Na galeria e sala de pesquisas visuais, os alunos foram instigados a uma leitura
pessoal das obras e tiveram o contato com a artista Cíntia Guimarães. Os alunos estavam
agitados pois tinham assistido a um filme no cinema antes de vir ao museu, e devido ao fato de
passarem a tarde toda fora da escola, foi solicitado pelas professoras que o tempo da produção
artística fosse substituído por um lanche trazido por eles o que foi feito no espaço externo do
museu.
A escola agendou a visitação com interesse maior na exposição "Marcações" da Artista
Plástica e Profa. Cíntia Guimarães, (visto que a mesma trabalha naquela instituição). Escola
havia agendado mais 02 outros horários que foram cancelados.
Na data da visita, que era uma quinta-feira a tarde seria um dia em que não haveria agendamento
de escolas devido ao fato do auditório estar ocupado com aula, portanto os educadores não
estavam todos no local. Então alguns alunos da disciplina Prática 4 que se encontravam no local
e que não haviam passado pela preparação, foram solicitados para que auxiliassem no trabalho
de recepção. Não houve registro fotográfico.
Visita 002 - 12/11

Escola Estadual Simão Bolívar / Corumbaíba


Rua Nova Aurora, s/nº / Corumbaíba - GO

Durante a visitação à galeria

A escola compareceu com 45 alunos de 10 a 16 anos, com os quais foi trabalhado o


esquema de rodízio entre Galeria / Oficina / Vídeo (Rede de Museus), como previsto no plano
elaborado. A turma foi dividida em dois grupos que se revezavam entre os espaços do museu.
Tanto os alunos quanto os professores não conheciam o MUnA, e muitos deles não conheciam
sequer um museu, visto que no local onde moram não há nenhuma instituição deste porte.
Devido a isso as professoras enfatizaram a importância do vídeo da Rede de Museus como uma
forma de mostrar o que é um museu, quais as especificidades que podem ser encontradas
nesses espaços e as possibilidades por eles desenvolvidas.
Em conversa informal, uma professora relatou que a escola visitante possui a disciplina
de Educação Artística, que é trabalhada por uma professora sem formação específica em artes
plásticas, sendo que na qual não consta no conteúdo de história da arte.
Durante a visitação foram quebradas duas taças que se encontravam na parede lateral
da escada, fato relevado pelos educadores. Uma questão levantada pelos visitantes foi "o que
esta obra quer dizer?" referindo-se a obra de Júnia Penna, como resposta, os educadores
colocaram outra questão "o que esta obra diz ou lembra para você?", buscando instigar o
visitante a reflexão. Alguns relataram que não lhes dizia nada, outros porém que "lembra linha
preta de costura". Outros questionamentos e comentários, como "pode tocar?", "e se você entrar
embaixo dela?", "pode?", "a gente vê as pessoas cortadas!", surgiram em relação a mesma obra.
De acordo com os relatórios, não foi possível identificar que outros aspectos da exposição
ou das obras foram levantados pelos visitantes, deixando uma lacuna sobre as percepções entre
os visitantes e as obras.

Durante as atividades na oficina

O trabalho na oficina foi orientado para que lembrassem das imagens e pensassem quais
as regras foram utilizadas na exposição e a partir do levantamento destas regras, os visitantes
foram organizados em grupos de 5 pessoas e fizeram a construção plástica, que depois de
recortada se transformou em um "quebra-cabeça". Sentiu-se por parte dos visitantes uma certa
ansiedade em acabar a construção plástica, como estavam a passeio na cidade, e conhecendo
outros espaços como o shopping, a visita ao MUnA se mostrou uma opção intermediária entre
educação e lazer.

Durante as atividades na oficina


Visita 003 - 14/11

Sistema de Ensino COC


Av. João Naves de Ávila, 1331 / 200 / Uberlândia - MG

A professora trouxe 02 alunas de faixa etária de 17 anos / pré-vestibulandas. Foi feita a


visitação a galeria com a leitura das imagens, para a qual a professora utilizou o material de apoio
ao professor, fazendo uma ponte entre o release da exposição e as obras. A mesma tentava
identificar nas obras os elementos escritos no release, fazendo com que os educadores apenas
tirassem algumas dúvidas. Posteriormente foi feita a exibição do vídeo da Rede de Museus, no
qual foram discutidas as questões que partiram das visitantes a cerca de museu e arte,
direcionadas para a área de decoração.
Ao final da visita a professora comentou com os educadores que além do curso pré-
vestibular em que atua, trabalha também em escola pública da periferia e que os alunos desta
não poderiam vir a um museu por não saberem comportar-se em um espaço como este. Não
houve construção plástica pelo fato da professora sugerir a ênfase na teoria e não no fazer, já que
segundo ela, no processo seletivo a teoria é mais exigida. Percebeu-se também um único
interesse por parte dos visitantes, que seria obter informações que dessem suporte para a prova
de habilidade específica para o Curso de Decoração.

Visita 004 - 06/12

Escola Estadual Novo Horizonte - Educação Especial


Rua Benjamin Constant, 722 / Uberlândia - MG

Durante a visita à galeria


Os visitantes eram 18 alunos com necessidades especiais (dificuldades de visão, audição,
etc...), de faixa etária entre 15 e 30 anos. Na data de agendamento da visitação percebeu-se por
parte da professora responsável o interesse pelo trabalho prático / plástico, pelo fato de que a
escola enfatiza a construção plástica no seu cotidiano.
Por terem necessidades especiais e não se encontrarem dentro do público definido como
foco - o que não impedia a visitação, a proposta de construção plástica foi um pouco modificada,
de forma a adapta-se as dificuldades que poderiam ser encontradas por eles (trabalho em grupo,
manuseio com tesoura). Neste caso os visitantes percorreram a galeria (a turma não foi dividida)
fazendo uma leitura das imagens partindo da cor, das relações entre as obras e a que imagens e
fatos os trabalhos remetiam. No trabalho na oficina criaram uma imagem / desenho
individualmente a partir das imagens visualizadas na galeria. Para uma melhor adequação com o
público ficou estabelecida que nessa ação o desenho seria individual e não seria cortado em
"quebra-cabeça". Não foi exibido o vídeo da Rede de Museus devido a professora alegar que
seria de difícil entendimento.

Durante a visita à galeria

No momento em que os alunos chegaram alguns dos educadores ainda não haviam
chegado ao museu. Notou-se que houve uma dificuldade por parte do pequeno grupo de
educadores que se encontravam no local, em conduzir os visitantes, visto que, enquanto uma
educadora explicava à professora responsável como seria o trabalho, os outros educadores
deixaram os visitantes dispersos, até o momento em que a educadora conduziu-os juntamente
com a professora às obras, questionando-os. "O que esta obra lembra a vocês?", se referindo ao
trabalho de Carolina Melo. Alguns visitantes sugeriram como resposta, "cemitério" "igreja". Em
seguida a educadora questionou, "qual a cor que mais chama atenção nesta obra?" , e como
resposta dos visitantes, "preto". Ainda tentando instigar a educadora perguntou, "O que mais,
chama atenção?", e os visitantes relataram como, "cruz" "lembra a morte de cristo" "morte", "é
preto". Pela cor preta foi feita a passagem ligando a obra de Humberto Guimarães, onde o que
chamou a atenção foi a cor preta e a palavra "noturno" que alegaram ser preto como o trabalho de
Carolina Melo. Já no trabalho de Mário Azevedo as cores fortes e o papel reciclado, que é
produzido na escola. Os visitantes chamaram atenção, "olha é papel reciclado", "eu também sei
fazer papel reciclado". O mesmo trabalho sugeriu formas e objetos reconhecíveis que podem ser
notados nas falas, "isso é uma borboleta", "isso são letras", "não são estradas / caminhos". Após
a discussão deste trabalho a educadora passou a mediação para outra educadora / monitora,
que sentiu uma dificuldade em envolver os visitantes que se dispersaram e começaram a andar
pela galeria sem fazer uma discussão mais direcionada para cada obra. Na passagem pela
galeria algumas obras passaram despercebidas pelos visitantes, como no caso das obras de
Elisa Campos, Júnia Pena, entre outros. Este fato foi observado nas construções plásticas
elaboradas na oficina.

Durante as atividades na oficina

Na parte externa do museu


6.6 Avaliação
Como instrumento de avaliação foram elaborados questionários para os professores,
que foi respondido durante a visitação e para os educadores que responderam as questões no
início e no final das ações.
Nestes questionários foram enfatizados o conhecimento de museu e suas ações. Nos
professores percebeu-se ainda o desconhecimento do conceito de museu enquanto espaço
dinâmico, educativo / cultural.
Nos questionários respondidos pelos educadores observa-se o conceito de museu
como "espaço cultural de apreciação das obras de arte", onde a ênfase está na leitura de
imagens, que de acordo com o conceito acima citado sugere de forma contemplativa. Pode-se
notar também que apesar das perguntas estarem ligadas a questão museu sem especificar a
característica do mesmo as respostas estavam voltadas para museus de arte.
7 ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados terá como critério à efetivação ou não do Plano de Ação Educativa,
que será observado através das conceituações de museu reveladas pelos participantes
(educadores e professores), de acordo com os dados coletados nos questionários e do trabalho
desenvolvido durante as visitações, assim como as imagens construídas pelos visitantes. Os
resultados das ações desenvolvidas serão analisados em três momentos distintos: educadores,
professores e visitantes.
Este estudo tem como base o entendimento de museu como um espaço multicultural, no
qual a comunidade se identifica e se desenvolve construído uma memória coletiva em um
momento dinâmico.

7.1 Educadores

Os educadores responderam a dois questionários. O primeiro questionário foi respondido


em 04/11 por 10 educadores e trazia questões à cerca do espaço museu, Ação Educativa e a
participação dos educadores em ações em museus. Destes 10 educadores, 5 diziam haver
participado de ações em algum museu e os outros 5 não, destas ações relatadas 3 eram
monitorias e 2 a participação em projetos desenvolvidos pelo MUnA.
Acerca do hábito e freqüência, 09 educadores costumam visitar museus e 01 não. A
maioria sempre que possível atua como visitante, o que revela um dado curioso já que a equipe
era formada por alunos do Curso de Artes Plásticas (departamento ao qual o MUnA está ligado), e
estes não participam efetivamente das ações por ele oferecidas.
Algumas respostas se refletiram em questões que devem ser pensadas pelos museus e
pelo MUnA. Como no caso o comentário da educadora Genízia que visita museus "quando
alguma exposição importante acontece". Pode-se perguntar, o que faz com que uma exposição
seja considerada mais importante do que a outra? Será o artista, a instituição ou ainda a mídia?
O grau de importância é decisão de cada indivíduo, mas o que o museu pode fazer para
que cada exposição seja considerada "importante" pela sociedade, ou no mínimo pelos futuros
arte-educadores? De que forma o museu pode atuar na comunidade para que não somente a
exposição, mas também a instituição seja considerada importante? E não apenas importante,
mas um lugar onde o lazer e o aprendizado também sejam buscados a ponto da comunidade
disponibilizar seu tempo para tal, fazendo assim o museu parte do cotidiano de passeios e
visitações da sociedade?
O grau de importância dedicada pela comunidade ao museu, muitas vezes é reflexo da
forma como o museu se apresenta. A maioria dos museus apresenta suas exposições de forma
a refletir uma imagem de museu como "lugar de coisas velhas / distantes", sem sentido para o
visitante. A forma como os educadores atuam com os visitantes também pode reforçar esta
idéia. Para modificá-la é necessário que as equipes do museu (curadoria / montagem / Ação
Educativa) trabalhem em conjunto dinamizando a exposição tornando-a significativa à
comunidade.
A transformação da visão de museu através da Ação Educativa pode alterar relatos
como o da educadora Gisele que vai ao museu "...de acordo com a disponibilidade de tempo".
Este relato pode ser entendido como uma desculpa, pois falta de tempo é relativo. A falta de
tempo geralmente é a justificativa da ausência de grande parte da população nos museus.
Normalmente as pessoas reservam tempo para o que lhes oferece prazer / lazer e é importante,
o que reafirma que as ações desenvolvidas no museu devam ser prazerosas e significativas e
sejam pensadas na forma de recepcionar e acompanhar o visitante.
Marlene Suano (1986, p. 39), coloca que desde 1850 nota-se a preocupação em tornar o
museu "como local de prazer, relaxamento e aprendizado tranqüilo". Margarida Lima de Faria
(2000), também levanta que em 1970, uma das principais preocupações nos museus com
relação á educação era de "relacionar os museus com as crescentes formas de lazer." Isso
significa que mesmo passados mais de 150 anos, e ainda vemos este problema, o museu ainda
não atua como uma instituição que chama a atenção da comunidade, a ponto de fazer parte do
circulo de lazer da mesma. Nesse sentido a Ação Educativa é um dos meios usados pelos
museus para aproximar-se da comunidade, e como tal deve ter a preocupação em saber que
público é este, e o que fazer para que ele não se sinta deslocado e distante e mas sim
familiarizado com o que esta interagindo.
Outro questionamento foi quanto à concepção de museu, que de acordo com os dados
coletados poderia ser definido como "espaço cultural de apreciação das obras de arte".
Vimos que na década de 80 (Séc. XX), o movimento Nova Museologia questiona o
museu como "espaço de contemplação", mas percebemos que ainda está muito posta a visão
de museu espaço contemplativo, o que volta um pouco a atenção mais para o aspecto
expositivo do local e não para as questões culturais, educativas, de conservação que a ele
também cabem. O museu como espaço de exposição de objetos também está apontado na fala
da educadora Tecia para quem o museu é um "espaço onde há exposições de obras e objetos".
Vê-se nesse relato a concepção de museu como um lugar somente para exposições, o que vai
na "contra-mão" das concepções atuais nas quais o papel do museu na sociedade também esta
relacionado ao reconhecimento da identidade, a formação e conservação da memória.
Percebe-se também nas falas dos educadores ainda a existência de conceitos ligados
ao guardo histórico, como os relatos de Délcia e Rodrigo que definem museu respectivamente
como "lugar para abarcar material cultural e torná-lo acessível ao público" e "espaços culturais e
históricos". Apesar de hoje já encontrarmos museus de biologia, geografia, os eco-museus,
espaços museais que saem do espaço arquitetônico (prédio), ainda vemos que a conceituação
utilizada pela grande maioria da população é com relação a história e arte, que são mais
tradicionais.
É importante ressaltar que nas respostas deste questionário houve uma ênfase na arte,
apesar das perguntas não especificarem a característica do museu. O que pode ser entendido,
é que ainda não existe o contato com outras instituições museais. O fato de se referirem a
museus de arte, demonstra que este é o único tipo de museu pelo qual tem contato. Percebe-se
isto nas falas de algumas educadoras, que vêem o museu como lugar para "apreciar obras de
arte" Aline / Genízia, "espaço destinado à montagem, observação e reflexão de obras de arte"
Fernanda, ou ainda "espaço em que se concentram obras artísticas que proporcionam
entendimento do mundo e a linguagem do mundo e conhecimentos culturais" Patrícia. A ênfase
na obra de arte como objeto de apreciação se deve a proximidade com o MUnA - Museu
Universitário de Arte e por estarem cursando Artes Plásticas. O termo "apreciar obras" em
museus, desde 1850 já era pensada de forma diferente, enfatizando uma função mais crítica,
mas que nas falas de Aline e Genízia não é considerada. Entretanto pode-se notar nas falas de
Fernanda e Patrícia, que a noção de museu como espaço critico está presente e se reflete no
entendimento de mundo, ou mesmo da sociedade onde o indivíduo está inserido.
Um relato que também chamou atenção é o de Alexina, que vê no museu "um lugar onde
deveria ser acessível a todas as pessoas". Mesmo que atualmente os museus estejam abertos a
comunidade e não somente para a apreciação das coleções mas com ações e opções que
integram a comunidade ao museu, como sendo também um espaço de reconhecimento de sua
identidade ainda existe um certo receio por parte de algumas pessoas em visitá-los. Essas só se
sentem à vontade quando são convidadas a visitar este espaço.
Quando questionado sobre o papel de um museu na sociedade, a maioria das respostas
estava ligada a transmissão da cultura á sociedade, como vemos nas falas de Gisele, "resgatar
e apresentar aspectos culturais à sociedade", Fernanda "um intercâmbio entre a percepção do
mundo e o individuo" e Délcia e Genízia "Transmissão Cultural". A própria palavra "transmissão"
já remete ao sentido detentor de um saber superior ao senso comum que, neste caso seria a
cultura. Entendida como "atividade e desenvolvimento intelectuais de um indivíduo; saber,
instrução, refinamento de hábitos, modos, elegância, apuro" (FERREIRA, 1999 p. 591). Neste
caso o conceito de cultura que o museu "transmite" pode ser interpretado como mais importante
que a cultura do povo.
De acordo com Ana Mae Barbosa (1997 p. 98), "os museus refletem apenas a cultura de
uma única classe social, da classe dominante, a cultura de código alto, recusando-se a
examinar a produção estética na perspectiva multiculturalista, que transcende os limites
sociais". Isso direciona pensar que os profissionais dos museus são os que primeiro devem
ampliar sua visão na perspectiva multicultural de acordo com o contexto. E pensando no
museu como um espaço dinâmico que busca a interação, a participação da comunidade, logo
pode se pensar em algo mais que "transmissão", ou seja uma troca de saberes, entre
conhecimento do museu e o da comunidade.
Pode-se ainda perceber que alguns educadores não têm clareza quanto ao papel que
o museu pode ter na sociedade. Vemos nas falas de Alexina, "esclarecedor"; e Tecia e Olaia
"de grande importância", que as educadoras não tem uma idéia clara do que o museu pode
oferecer a comunidade, uma vez que seus relatos são evasivos. De acordo com Marlene
Suano, por volta de 1850 se pensava no museu com uma função mais educativa e critica, e
conforme vimos, atualmente alguns museus tem como um dos seus objetivos propiciar a
transformação social e a formação de uma consciência critica na sociedade. Isso significa que
o MUnA ainda não consegue atuar dentro de uma visão mais crítica de museu, já que isso não
acontece nem mesmo com os alunos do Curso de Artes Plásticas, que neste caso participaram
como educadores.
Como ações consideradas importantes em um museu, a mais citada foi a monitoria, o
que também é considerado pela maioria dos museus brasileiros como sendo a própria Ação
Educativa. O conteúdo arte, aparece por intermédio das ações sugeridas por Genízia e Aline,
"leitura de imagens e contextualização". Percebe-se também em alguns casos a falta de
clareza de quais ações poderiam ser desenvolvidas em um museu, como por exemplo nas
respostas de Délcia "Todas", Olaia "as que o MUnA promove" e Tecia que não respondeu a
questão.
Observa-se que existem respostas que apontam para uma amplitude maior nas
propostas de ações como, "exposições, oficinas e atividades interativas" relacionadas as falas
de Patrícia e Gisele, que levantam, a participação do público de forma mais direta do que
somente a apreciação que como vimos, é questionada pela Nova Museologia.
Como conceito de Ação Educativa em um museu, a arte aparece através da leitura de
imagens, ligada à possibilidade de criação, reflexão e interação da comunidade. Como se
pode visualizar nas falas de Délcia "Veicular novos conhecimentos de arte, possibilitando a
interação da comunidade", Fernanda "desenvolvimento da capacidade reflexiva e
possivelmente criadora dos indivíduos" e Patrícia "'ajudar' e facilitar proporcionando uma
reflexão e entendimento de obras de arte". De fato a Ação Educativa aborda todas estas
questões e vai além, da especificidade do museu. Em uma abrangência maior, atuando
multiculturalmente, de forma a fazer uma troca de saberes. As informações do museu
relacionadas ao saber pré-existente do visitante, irão desenvolver a leitura do material (obra /
objeto exposto), refletindo na sua leitura de mundo de forma mais crítica.
Conforme já vimos à Ação Educativa no museu é considerada uma ação permanente de
educação, que tem por objetivo trazer ao visitante, conhecimento, valorização e
reconhecimento de sua identidade. O museu em sua Ação Educativa deve trabalhar o
desenvolvimento crítico da sociedade, possibilitando ao indivíduo uma leitura do mundo a sua
volta.
Duas pessoas não responderam a questão, talvez pela falta de entendimento do que
seja a Ação Educativa no museu.
Em 12/12 foi solicitado outro questionário avaliando o processo desenvolvido,
levantando pontos positivos e negativos do projeto e a possível alteração de conceitos a partir
das ações propostas, 12 pessoas da equipe responderam este questionário.
O que mais chamou atenção dos educadores foi à importância do material de apoio, fato
que de acordo com os 3 participantes da equipe que já haviam atuado no MUnA como
monitores, não acontecia nas exposições anteriores, como vemos na fala de Gislaine "toda
exposição deveria ter material de apoio para os monitores". A necessidade de material que dê
suporte ao educador, se faz para que o mesmo possa se orientar e refletir sobre o assunto da
exposição e relacioná-lo com outros conhecimentos que talvez não estejam ligados à
especificidade do museu e que porventura estão intrínsecos no espectador.
Como pontos positivos, o que foi mais ressaltado é o conhecimento e ampliação sobre a
concepção de museu. Apesar de alguns educadores revelarem que sua concepção de museu
e suas ações não se alteraram a partir do desenvolvimento do plano.
Fazendo um paralelo entre o 1º e o 2º questionários, podemos notar algumas
mudanças, na fala de Patrícia, que em 04/11 considerava como museu um "espaço em que se
concentra obras artísticas que proporciona entendimento do mundo e a linguagem do mundo e
conhecimentos culturais", em 12/12 passa a definir que "museu para mim não é apenas um
lugar para ser visitado e não ter importância alguma para o indivíduo, mas sim um lugar que
transmita alguma informação ou toque o espectador de algum modo. Museu para mim também
não é lugar onde apenas se preserva o passado, mas sim que transmite novos modos de ver o
presente e o futuro". Nesse mesmo sentido, vemos também o relato de Délcia que em 04/11
define museu como "lugar p/ abarcar material cultural e torna-lo acessível ao público" e em
12/12 relatou estar "ciente da amplitude possível de ser trabalhada em um museu, e que é
muito errônea a idéia de que museu só serve para abarcar e resguardar a história da
humanidade".
Outros fatos também levantados como positivos foram de ter um projeto organizado
para uma exposição específica, o que também não ocorria no MUnA. Conforme citado
anteriormente, é necessário que haja um programa educativo que pense na especificidade,
tamanho - espaço físico, equipe de profissionais e recursos financeiros próprios para esse fim.
Como pontos negativos o que mais ficou ressaltado foi a pouca visitação, principalmente
da comunidade escolar. Este ponto apesar de levantado, foi justificado pelo período letivo como
vemos na fala de Olaia "a época não contribuiu para o sucesso das atividades", já que novembro é
o período de avaliação nas escolas e não costumam fazer visitações. O descaso das escolas em
desmarcar as visitas também foi lembrado superficialmente.
Apesar de sentir por parte dos educadores um interesse maior no cumprimento das horas e
não atuar no projeto como participantes ativos, alguns sentiram a necessidade de mais encontros
extras para a discussão da exposição, sob a forma de acompanhamento dos resultados das
ações para possíveis ajustes e esclarecimentos sobre suas atuações. Faz-se necessário que
durante o tempo em que um plano é desenvolvido para uma exposição, que os educadores
tenham um momento em comum no qual possam ser feitas avaliações, discussões e ajustes de
acordo com o público visitante.
Nesta análise feita a partir dos dados colhidos nos questionários, observa-se nas falas dos
educadores o entendimento comum de museu como espaço de contemplação histórico e artístico
e que transmite cultura à sociedade, o que é muito restrito para um espaço multicultural e
dinâmico. Vê-se que, partindo destes relatos, reafirma-se a discussão inicial desta pesquisa, que
o museu ainda é visto pela grande maioria como um "baú" ao qual poucos tem acesso. Vem
mostrar a necessidade de divulgação e apresentação do museu e suas ações não somente à
comunidade, mas que estas ações precisam ser iniciadas e ampliadas junto às pessoas que
fazem a mediação entre o contexto do espaço museal e o público, neste caso os educadores
(estudantes do Curso de Artes Plásticas).

7.2 Professores

Os professores responderam três questionários, um que levanta a concepção de museu e


a visitação a este espaço, outro que avalia a visita e ainda outro acerca do material de apoio.
Quatro professores responderam a respeito da concepção de museu, que no geral, foi
definido como "um local de guardo histórico". O que pode ser constatado de acordo com as falas
de Beatriz "onde se guarda e retrata a nossa história dos antepassados" e Cleusa "lugar / espaço
onde se pode ver a história / a vida de um grupo social...". Sendo que Cleusa levanta outra questão
na mesma resposta, "palavra dúbia que precisa ser esclarecida". Pode-se entender que Cleusa
tinha em mente uma concepção de museu e quando chegou ao MUnA, verificou que não era o que
pensava, o lhe gerou uma dúvida, pois não vê mais museu apenas como lugar de história. A
visão de museu como sendo um lugar ligado á história também se justifica pelo fato de que mais
da metade, 66% dos museus analisados anteriormente e que estão cadastrados no Guia de
Museus Brasileiros são de característica histórica.
Estes professores de acordo com suas respostas não costumam visitar museus, dos
quatro, um respondeu que 1 vez ao ano visita museus, os outros 3 simplesmente não visitam.
A maioria não havia trazido seus alunos ao MUnA ainda, por encontrar dificuldades
financeiras e de transporte. Isso reforça a idéia de que o museu não é visto como um espaço que
pode auxiliar no aprendizado formal, visto que as instituições não tem verba disponível para
esse tipo de atividade extra-classe no cotidiano escolar. Nesse sentido se faz necessária a
divulgação do museu, e das ações que ele oferece a comunidade, buscando provocar nas
escolas a necessidade de irem ao museu e isso se tornar parte da programação escolar.
Seis professores responderam o relatório de visitação, o qual questionava sobre a ação
desenvolvida durante a visita. Três responderam que haviam trazido seus alunos para mostrar o
que é museu, e os outros três pelo convite enviado, como vemos nas falas de Claudia e Beatriz
"Mostrar aos alunos o que é um museu, como se organiza, qual a sua importância". Nota-se um
interesse por divulgar aos alunos este lugar e o que ele pode oferecer. Neste momento é
importante lembrar Maria Célia Moura Santos (1993, p. 86) que fala de "não transformar os
museus em estabelecimentos educacionais, mas encontrar o seu papel adequado na
educação". É importante como fonte de ampliação do papel do museu como ponte entre o saber
pré-existente e o saber da educação formal.
O trabalho realizado pela equipe foi considerado bom pelos professores como
observamos no relato de Claudia, "equipe apresentou-se de forma dinâmica, aberta e
receptiva".
Apenas a professora Márcia havia trazido seus alunos ao MUnA anteriormente e fala da
dificuldade de visitar a exposição sem alguém para a mediação. "Anteriormente tinha
dificuldade de entendimento, e com o trabalho dos monitores foi mais esclarecedor". Faz-se
lembrar neste momento a postura desta professora durante a visitação, na qual utilizou o
material de apoio como "interpretador da imagem", inibindo os educadores para o estimulo à
reflexão.
O modo como esse material foi utilizado com seus alunos, leva a pensar que a mesma
não leu ou não compreendeu os textos sobre Arte Contemporânea e Leitura de Obra de Arte. A
partir deste fato pode-se questionar o que foi mais esclarecedor: o educador ou o material?
Quanto à dificuldade de entendimento das obras é mais uma questão, pois como a professora
tem formação em Artes Plásticas, teoricamente teria condições de fazer uma leitura de imagens
utilizando o material não como "guia", mas como referencial para a visita. Visto que nos textos
está claro que a leitura da arte contemporânea trata das impressões entre obra / espectador.
Foram solicitados pelos professores o envio de convites e a elaboração de material a
cada nova exposição, Beatriz relata sobre, "mandar apostilas dos trabalhos realizados" e
Dimaura "enviar sempre convites". Quanto aos convites sua colocação é pertinente, pois se
um museu está aberto e deseja receber a comunidade, deve informar a ela o que esta
instituição oferece. Mas pensando na realidade dos museus em nosso país, poucos tem verba
disponível (visto que a maioria são instituições públicas), e não há por parte dos governos a
vontade de investir nestes espaços. Já com relação às "apostilas", devemos tomar cuidado
para que ao invés de auxiliar o professor elaborando um material de apoio, este não seja
utilizado de forma distorcida como um "substituto" da visita ou do educador.
O outro questionário encaminhado juntamente com o material de apoio, a fim de avaliá-
lo, foi respondido por 2 professores, que avaliaram sendo boa à qualidade do material,
conforme os comentários "foi muito bom, pois esclareceu bastante" Márcia e "é muito
importante esclarecer o que é museu de arte e foi muito bem colocado, sobre as obras" Cíntia.
Apesar do material de apoio conter algumas referências bibliográficas de assuntos que
poderiam ser trabalhos em sala de aula com os alunos, Cíntia sentiu falta de mais sugestões.
Uma sugestão vinda dos professores é da permanente elaboração deste tipo de
material nas exposições o que pode ser observado na fala de Cíntia "criação de materiais do
tipo a cada exposição".
Como vemos também nos relatos dos professores, o museu é visto como uma
instituição ligada à história. Mas um fator importante constatado, foi o pouco conhecimento a
respeito de museu e do MUnA, e ao mesmo tempo o interesse e curiosidade por este espaço. A
solicitação de materiais, informações nos remete a pensar que a comunidade está aberta a
este conhecimento, basta que as instituições façam sua parte, organizando e preparando
ações que vão de encontro à comunidade.

7.3 Visitantes

A análise das imagens será feita em dois momentos distintos, sendo a divisão feita por
escolas, considerando a interferência da Ação Educativa na leitura e compreensão da
exposição.
Escola Simão Bolívar

Alguns grupos se manifestaram com relação às imagens usando os seguintes termos: "o
que incomodou" e "o que mais me agradou", como vemos nas figs. 1, 5 e 8. Nessas imagens
podemos encontrar divergências quanto ao encantamento entre obra e espectador.

Fig. 1

Fig. 5
As duas construções acima citadas são divididas por uma linha central, criando dois
novos espaços, o da direita e o da esquerda, que pode ser entendido como um divisor entre o
"gosto" e "não gosto". No espaço a direita dos dois trabalhos encontramos no centro a referência
ao trabalho da artista Patrícia Franca em formato circular criado pela mancha de cor amarela.
Na fig. 1, o círculo amarelo se refere a imagem que na composição da artista está protegida por
um vidro também em formato circular. Já na fig. 5, o mesmo círculo amarelo está representado
dentro de um retângulo que remete a fotografia que na obra da artista se apresenta no canto
superior da composição.
No espaço esquerdo da fig. 1 observamos a referência ao trabalho de Júnia Penna pelas
linhas pretas construídas na base inferior, incluindo os cantos de um espaço, lembrando que a
obra estava em um dos cantos do museu. Ambas as figs. 1 e 5, remetem ao trabalho de Carolina
Melo pela representação das solas de sapato presentes no trabalho da artista, além da
recorrência do elemento cruz que pode ser observado como elemento da obra, sem remeter a
uma interpretação pessoal do objeto.
Observamos nessas construções uma divergência nos "gostos" e não gostos". Na fig. 1 o
que atraiu foi o trabalho de Patrícia Franca, enquanto que na fig. 5 o mesmo trabalho é definido
como "não gosto". Ainda na fig. 5 o "gosto" se refere à obra de Carolina Melo, que na fig. 1 se une
ao trabalho de Júnia Pena representando o "não gosto" ou "o que mais me incomodou". O
trabalho de Júnia Penna também foi citado na fig. 8 como "não gosto", ou "menos interessante",
formando opinião semelhante à expressa na fig. 1.

Fig. 8
Na construção da fig. 8, também dividida ao meio, não por uma linha mas hachuras que
formam uma margem ao redor da imagem, percebemos a atração pelo trabalho de Carolina
Melo, e como "- inter" (inter = interessante) está a referência ao trabalho de Júnia Penna que é
representado por linhas pretas quebradas e que se cruzam, sob um fundo hachurado em azul.
O trabalho de Junia Penna é reportado em outras imagens sempre enfocando a linha e a
cor que aparece de acordo com o trabalho exposto como podemos visualizar na fig. 3. Nesta
mesma figura outro elemento da exposição aparece relacionado a um fato ocorrido durante a
visita: cálice quebrado - uma taça foi quebrada durante a visitação desta escola, este objeto
também é representado no canto superior esquerdo da fig. 2.

Fig. 2

Fig. 3
Ainda na fig. 2 novamente a recorrência do trabalho de Patrícia Franca, representado pela
mancha circular amarela que está contida dentro de um círculo ao centro da construção, que faz
ponte para o trabalho de Mario Azevedo, que aparece nas laterais inferior esquerda e superior
direita representados pela letra H formada por pequenos círculos amarelos.

Fig. 4

Na fig. 4 observamos novamente a referência ao trabalho de Carolina Melo, sendo que


desta vez é feita uma referência ao espelho que aparece enquanto palavra no lado superior
esquerdo da composição, como o espelho (objeto), no qual está refletida a imagem de uma
menina. Nesta construção um fator que chama atenção é a utilização de apenas o lado esquerdo
para a construção, enquanto o lado direito ficou vazio.
Nas figs. 6 e 7, observamos a utilização das cores e o preenchimento total do espaço. Na
fig. 6 podemos visualizar a recorrência do trabalho de Júnia Penna no lado direito da imagem,
formado por linhas pretas que se cruzam e se destacam do fundo. No lado esquerdo desta
construção e na fig. 7 observamos linhas e hachuras coloridas que recorrem às linhas
encontradas em outros trabalhos expostos, mas não referenciam a uma obra em específico.

Fig. 6
Fig. 7

Observamos nas construções dos "quebra-cabeças" que os alunos perceberam a


exposição através de elementos formais como: linha, cor e forma, sendo estes elementos, as
regras por eles definidas como sendo as utilizadas para a constituição da exposição e como
elementos formadores de suas composições.
A recorrência de alguns elementos mais figurativos como a cruz, figs. 1 e 5; taça, figs. 2 e
3, e espelho fig. 4, apontam para o reconhecimento desses elementos como importantes na
composição das obras. Porém sem sugerir uma interpretação simbólica, uma vez que essa
leitura não foi trabalhada durante a visitação. No entanto a presença desses elementos pode
reportar, a grosso modo, a simbologia corriqueira desses objetos, como a cruz vista como
morte, religião, a taça como religiosidade, fragilidade e o espelho como reflexo ou imagem.
A partir dessas produções é possível visualizar a atuação da Ação Educativa na leitura e
compreensão da exposição. Entende-se que a interferência se deu de forma superficial se
limitando a leitura formal sem buscar uma interpretação que fizesse mediação entre uma leitura
pessoal e significativa da obra.
As interpretações verbais "+ inter" e "- inter", revelam um julgamento de valores
dissociado do entendimento da Ação Educativa e mostra que esse foi mais um aspecto de
atuação superficial. A questão do fato julgado como "gosto" e "não gosto", não estabeleceu um
padrão único e verdadeiro, demonstrando que apesar de fazer uso de categorias tradicionais de
julgamento, os visitantes se sentiram a vontade para expressar sua opinião, mesmo em
divergência com os outros.
Escola Novo Horizonte

Observamos a riqueza de detalhes que compõe cada construção, que foi feita
individualmente. O que fica muito visível é a recorrência do trabalho de Carolina Melo na maioria
dos trabalhos, 14 entre 18 construções referenciam a ela, como vemos em alguns exemplos das
figs. 9, 12 e 17.

Fig. 9

Fig. 17

Na fig. 9 observamos na parte superior da construção, a referência às solas de sapato


utilizadas pela artista Carolina Melo. Um fator contrário à obra, que se constitui por uma grande
massa pictórica preta, é a utilização de várias cores entre quentes e frias. As imagens da sola
estão organizadas em seqüência começando do laranja passando pelo vermelho, o azul
chegando ao verde. No canto inferior esquerdo observamos a representação da letra H
referenciando a obra de Mario Azevedo, que aparece também nas figs. 14 e 17 pela
representação simbólica da borboleta. A leitura simbólica dos elementos componentes nas obras
foi feita durante a visitação. A obra também foi lembrada na fig. 26, onde a direita superior
observamos imagem muito semelhante à encontrada na obra.

Fig. 14

Fig. 26

Na fig. 12 a representação da cruz está contida em pequenos retângulos distribuídos pelo


espaço. Outros elementos também aparecem dentro dos retângulos, o que pode sugerir às peças
de um jogo de dominó, sendo que ao lado de cada retângulo encontram-se números em
seqüência. Pode-se entender como a representação do número de retângulos / peças. Ligando
ao título da exposição "Regras do Jogo" observamos a percepção do visitante que ligou o verbal
ao não-verbal, ou melhor formas ao título.
Fig. 12

Outro elemento simbólico, que faz alusão à obra de Carolina Melo é a representação da
igreja, que aparece nas figs. 14 e 17. Nas mesmas construções outro elemento simbólico
aparece, que é a transformação da sola em ferradura, que visualizamos na parte superior
esquerda das construções.

Fig. 25

Na fig. 25 encontramos um elemento diferente que é a inserção do cordão colado ao centro


da imagem sobre linhas amarelas, contornando o espaço manchas pretas. O cordão pode ser
encontrado no trabalho de Patrícia Franca e como elemento tridimensional, podemos encontrar a
linha em outros trabalhos, como os de Júnia Penna e Elisa Campos. O que sobressaiu foi o fato do
aluno ter a necessidade do uso do cordão, objeto tridimensional.
Fig. 10

Fig. 18

O trabalho de Patrícia Franca é recorrente enquanto forma nas figs. 10, 18 e 21, entre
outras. Na fig. 10 observamos no lado superior e lado direito, manchas circulares amarelas
contidas, hora em um círculo, hora em quadrados.
Na fig. 18 a mancha circular amarela encontra-se centralizada na construção, tal como era
vista ao entrar no museu. A composição contém outros elementos como a escada no lado
esquerdo referenciando a arquitetura interna do museu.
Na fig. 21 observamos na composição, várias referências ao trabalho de Patrícia Franca,
manchas circulares amarelas na parte superior, no canto inferior esquerdo a referência aparece
em forma de balão. Nota-se também a recorrência ao trabalho de Carolina Melo ao lado direito,
pela representação das solas contendo a imagem da cruz.
Fig. 21

Na fig. 13, observamos ao centro uma referência ao trabalho de Carolina Melo, onde uma
cruz está contida em uma mancha circular preta remetendo às solas. A esquerda uma mancha
circular amarela inserida em um círculo azul referencia a obra de Patrícia Franca que também é
representada pela cor amarela ao lado direito. O espectador relacionou as obras pela forma
aproximada a que é vista na sola e no balão.

Fig. 13

Fig. 20
Na fig. 20 podemos observar a mesma relação. No centro duas manchas circulares
alaranjadas reportam a obra de Patrícia Franca. Ao lado esquerdo superior, referencias ao
trabalho de Carolina Melo onde a cruz está contida em um círculo alaranjado que se relaciona
também com a obra de Patrícia Franca.
Um fator presente em algumas obras é a praia, que apesar de não ter havido a leitura das
imagens da exposição de fotografias "Garotos de Ipanema" de Lú de Laurentz, exposta na sala de
pesquisas visuais, vemos nas figs. 24 e 26, nas quais a referencia aparece à direita da imagem.

Fig. 24

Outro fator importante para este grupo de visitantes foi à arquitetura dinâmica do MUnA.
Por conter em sua galeria escadas, isto está colocado nas figs. 14, 17 e 18. O espaço
arquitetônico do museu também interfere na sua conceituação junto à comunidade podendo
parecer dinâmico ou estático, o que aconteceu neste caso.
As construções elaboradas por este grupo de visitantes, remetem a uma leitura simbólica,
fazendo uma relação das formas abstratas com as figuras presentes no cotidiano / conhecidas e
significativas para o espectador. Apesar de muitas pessoas terem dificuldade de entendimento da
Arte Contemporânea pode-se perceber que a partir da leitura das obras realizada na galeria, os
visitantes reportaram às imagens do cotidiano pessoal, refletindo sobre o que a obra tem com
relação ao meio onde o espectador esta inserido.
Através das produções pode-se notar que a interferência da Ação Educativa junto aos
visitantes ficou concentrada em poucas obras. Apesar disso, buscou explorar não apenas uma
leitura formal, mas os desdobramentos e possibilidades de reconhecimento das imagens
presentes nas obras. Nesse aspecto conseguiu com que os espectadores fizessem uma
interpretação que aproximasse a obra de sua realidade.
Considerações Finais

Considerando os pontos relevantes para a efetivação de uma Ação Educativa em


museus levantados pela pesquisa, somados as ações definidas e desenvolvidas pelo Plano de
Ação Educativas elaborado, levantam-se algumas considerações.
O conceito de museu utilizado como base neste trabalho e que é entendido em algumas
instituições museais, ainda não está claro para a comunidade em geral, aos educadores e
inclusive para a maioria dos museus brasileiros. Pode-se perceber que, museu como "lugar de
coisas velhas / distantes", já constatado pelo Prof. Mario Chagas em 1987, incluindo a
apreciação da obra de arte são considerados como conceito de museus pela maioria das
pessoas, independente de terem formação específica ou contato com o espaço.
Percebeu-se através das ações desenvolvidas com os educadores, que mesmo tendo
eles um contato relativamente constante com o MUnA, ainda não têm a amplitude do conceito
de museu. Isso revela que a atuação do MUnA, junto aos alunos do Curso de Artes Plásticas /
UFU precisa ser intensificada no sentido de promovê-lo enquanto espaço de extensão, ensino e
pesquisa ampliando seu campo de atuação profissional e pessoal.
Outro fator que necessita de esclarecimento junto as instituições museais e aos
educadores, é acerca da ação educativa, que na maioria dos museus é entendida apenas como
monitoria, ou seja, pela mediação feita pelos seus "monitores" com o público. Os educadores
consideraram Ação Educativa, como ações ligadas ao ensino da arte, apesar das questões não
especificarem a característica do museu.
Um ponto importantíssimo que precisa ser pensado no MUnA, é de como os educadores
são preparados para o contato com os visitantes, esta preparação deve acontecer com bastante
antecedência, vistos pela quantidade de assuntos necessários para sua formação. Existe uma
formação básica que deve ser pensada, que abrange o estudo da museologia, a instituição de
atuação, teoria da arte, métodos de leituras de obras de arte, conceitos de cultura, ação
educativa em espaços não formais de educação, critérios de avaliação, o ensino da arte e o
conhecimento das metodologias utilizadas pelas escolas da cidade. Para cada exposição um
estudo específico do que será exposto e ainda constantemente uma pesquisa do público que
recebe a cada visitação.
Um fato importante observado que, apesar de neste trabalho a equipe ser formada por
alunos do último período de licenciatura do Curso de Artes Plásticas, sentiu-se uma certa
dificuldade dos mesmos para com os visitantes, principalmente na mediação da leitura de
imagem, no envolvimento com os visitantes, nos relatos posteriores.
A dificuldade em separar a disciplina em que estavam matriculados e a atuação no projeto,
o que gerou um desconforto e constrangimento tanto para a equipe quanto para a coordenação
do projeto, revela uma certa imaturidade para lidar com diferentes situações e contextos que
possam surgir durante sua atuação profissional.
Apesar da formação em Artes Plásticas e eventualmente visitarem grandes museus e
exposições, onde a arte contemporânea é bastante freqüente, e terem o conhecimento a cerca de
leitura de imagens; ainda assim o museu é visto como espaço de apreciação. O que é
contraditório visto que a arte contemporânea não requer contemplação ou apreciação, mas uma
leitura ligada as vivências / experiências do espectador. Percebe-se que mesmo com a utilização
de pessoas que teoricamente estariam preparadas para o desenvolvimento das ações, ainda
assim se faz imprescindível um trabalho de formação de "longa" duração.
Em conversa com monitores que haviam atuado no MUnA em exposições anteriores,
observa-se que um trabalho de preparação dos mesmos para cada exposição, bem como a
elaboração de material de apoio e divulgação não acontecia. Notou-se também o
desconhecimento por parte da comunidade escolar a respeito do MUnA e analisando os
agendamentos feitos em exposições anteriores, chegou-se a uma média de 3 agendamentos
feitos pelas escolas, sendo que as mesmas se repetem a cada exposição. Apesar da pouca
visitação argumentada / justificada pelo período do ano letivo, houve um aumento no número de
agendamentos e um significativo retorno por parte das escolas que receberam a mala direta. Daí
pode-se concluir que a ação educativa precisa ser "reativada" a cada exposição, promovendo
ações tanto internas quanto externas.
Faz-se necessário um trabalho constante e em conjunto na instituição, que envolva
marketing, curadoria e ação educativa, preparando as ações e elaborando material tanto de
apoio como o de divulgação. Para tal é importante a colaboração dos artistas no encaminhamento
de materiais e disponibilizando-se para um contato com os educadores, o que de alguma forma
possa auxiliar na elaboração das ações e materiais de apoio. O material de apoio foi um
elemento do projeto, muito citado por sua necessidade pelos educadores e pelos professores.
Apenas deve-se tomar cuidado para que este não seja utilizado como um instrumental
substituindo a visitação ou como um revelador de códigos existentes na exposição, sendo que
deve ser pensado como um instrumento facilitador para o trabalho realizado na prática da ação
educativa na escola ou no museu.
De forma geral o trabalho aponta para a possibilidade de atuação profissional para os
educadores que atualmente saem das universidades e que muitas vezes não vêem na educação
formal uma realização profissional, sendo o museu ou galerias (espaços não formais), mas
também de educação, que estabelecem uma ponte entre o conhecimento formal e o saber da
comunidade.
Como desdobramento desta pesquisa vislumbro como possibilidade de continuação desta
pesquisa focando na atuação dos educadores dos museus de arte com os visitantes, e como esta
atuação pode ser traduzida como ensino de arte e produção artística em um trabalho que
possibilite desdobramentos além do espaço do museu.
BIBLIOGRAFIA

Livros

ALMEIDA, P. N. de. Educação Lúdica - técnicas e jogos pedagógicos, - 9ª ed. São Paulo:
Edições Loyola; 1998.

BARBOSA. A. M. Tópicos e Utópicos.Belo Horizonte: C/Arte; 1997.

BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. tradução,


apresentação e notas de Marcus Vinicius Mazzari; postácio de Flávio Di Giorgi. São Paulo: Duas
Cidades; Ed. 34, 2002.

CANTON, Kátia. Novíssima Arte Brasileira um guia de tendências. São Paulo; Iluminuras, 2001.

CHAGAS, M. Museália. Rio de Janeiro: JC Editora, 1996.

DAVIS, S. Plano Diretor; tradução de Maria Luiza Pacheco Fernandes. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo; Fundação Vitae, 2001. (Série Museologia, 1)

FERREIRA, A. B. de H, Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

FRIEDMANN, A. Brincar: crescer e aprender - o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna;
1996.

HORTA, M. de L. P. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, 1999.

Interpretar o Patrimônio: um exercício do olhar / Stela Maris Murta, Celina Albano,


organizadoras. Belo Horizonte: Ed. UFMG, Território Brasilis, 2002.

Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação / Tizuko M. Kishimoto (Org.); - 5ª ed. - São Paulo:
Cortez; 2001.

LEMOS, C. A. C. O que é Patrimônio Histórico. São Paulo: Brasiliense, 1985. (Coleção


PrimeirosPassos)

MARTINS, M. C.; PICOSQUE, G.; GUERRA, M. T. T. Didática do Ensino de Arte - A língua do


mundo - poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD; 1998.

Museums and Galleries Commission. Planejamento de Exposições; tradução de Maria Luiza


Pacheco Fernandes. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Fundação Vitae,
2001. (Série Museologia, 2)

Museums and Galleries Commission. Educação em Museus; tradução de Maria Luiza


Pacheco Fernandes. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Fundação Vitae,
2001. (Série Museologia, 3)

O brincar e suas teorias / Tizuko M. Kishimoto (Org.). São Paulo: Pioneira; 1998.

ROSAMILHA, N. Psicologia do jogo e aprendizagem infantil. São Paulo: Pioneira; 1979.

SANTOS, M. C. M. Repensando a Ação Cultural e Educativa dos Museus. 2 ed.


Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBA, 1993.

Secretaria de Estado da Cultura / Superintendência de Museus. CADERNO de diretrizes


museológicas I. Belo Horizonte: Gráfica e Editora Formato, 2002.

SILVA, A. M.; PINHEIRO, M. S. de F.; FREITAS, N. E. de. Guia para Normalização de


Trabalhos Técnico-Científicos: Projetos de Pesquisa, Monografias, Dissertações, Teses. 2ª
ed. Uberlândia: EDUFU, 2002.

Sistema Estadual de Museus da Secretaria Estadual da Cultura RS. Guia de Museus do Rio
Grande do Sul. Porto Alegre: SEM/RS, 2002.

SUANO, M. O que é Museu. São Paulo: Brasiliense, 1986. (Coleção Primeiros Passos)

TEDESCO, J. C. Memória e Cultura. Porto Alegre: EST Edições, 2001.

Universidade de São Paulo. Comissão de Patrimônio Cultural. Guia de Museus Brasileiros.


São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000.

Artigos

FARIA, M. L. de. Educação - Museus - Educação. Artigo disponível em: <www.emii.org>.


Acesso em: 21 fev. 2002.

PRIMO, J S. Pensar contenporaneamente a museologia. Cadernos de Sociomuseologia nº 16,


1999. Artigo disponível em: <www.minom-icom.org>. Acesso em: 01 mar. 2002.

GREENHILL, E. H. Alguns Pontos básicos sobre Educação em Museus. Museums Journal. 83


(2 / 3) - 1983. Tradução de Maria de Lourdes P. Horta - Fundação Pró Memória.

Catálogos

MAC/USP, Ciranda de Formas: bichos, jogos, brinquedos e brincadeiras. -São Paulo: junho
1999 - 2001. (Catálogo de Projeto Educativo)

Centro Cultural Banco do Brasil, Arte, Cultura e Cidadania - Caderno de Textos I. Rio de
Janeiro: março à maio de 2002. (Catálogo de Projeto Educativo)

Centro Cultural Banco do Brasil, Arte, Cultura e Cidadania - Caderno de Textos II. Rio de
Janeiro: junho - julho - agosto de 2002. (Catálogo de Projeto Educativo)

Conjunto Cultural da Caixa, Os Caminhos Entre o Conjunto Cultural da Caixa e a Arte na Escola
Pública. São Paulo: 2001 / 2002. (Catálogo de Projeto Educativo)

Periódicos

NOVA ESCOLA. A arte explica a vida. São Paulo: Abril, ano XVII, nº 151, p. 45 - 47; abr 2002.

Internet

Fundação Bienal de São Paulo - Ação educativa. Disponível em : <www.uol.com.br/bienal>.


Acesso em: 08 jul. 2002.
Fundação Iberê Camargo - Leitura de Imagens. Disponível em: <www.iberecamargo.com.br>.
Acesso em 08 nov. 2002.

Museu Casa Turin - Ação educativa. Disponível em : <www.pr.gov.br/turin>. Acesso em: 09 jul.
2002.

Fundação Bienal do Mercosul - Ação educativa. Disponível em:


<www.terra.com.br/bienaldomercosul>. Acesso em: 09 jul. 2002.

Museu de Arte Moderna da Bahia - Ação educativa. Disponível em: <www.mam.ba.gov.br>.


Acesso em: 09 jul. 2002.

Museu de Arte Contemporânea de São Paulo - Ação educativa. Disponível em:


<www.usp.br/mac>. Acesso em: 09 jul. 2002.

Correspondências

MUSEU DE ARTE DE LONDRINA. [carta]. Londrina, 10 de julho de 2002. Carta à Dorcas Weber
relatando sobre a ação educativa da instituição.

MUSEU HENRIQUETA CATHARINO. [carta]. Salvador, 24 de julho de 2002. Carta à Dorcas Weber
relatando sobre a ação educativa da instituição.

COLEÇÃO DE ARTES VISUAIS DO IEB / USP. [carta]. São Paulo, 15 de julho de 2002. Carta à Dorcas
Weber relatando sobre a ação educativa da instituição.

CASA DA XILOGRAVURA. [carta]. Londrina, 11 de julho de 2002. Carta à Dorcas Weber


relatando sobre a ação educativa da instituição.

MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE AMERICANA. [carta]. Americana, 10 de julho de 2002.


Carta à Dorcas Weber relatando sobre a ação educativa da instituição.

CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL. [carta]. Rio de Janeiro, 18 de julho de 2002. Carta à
Dorcas Weber relatando sobre a ação educativa da instituição.
MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE NITERÓI. [carta]. Niterói, 11 de julho de 2002. Carta à
Dorcas Weber relatando sobre a ação educativa da instituição.

MUSEU DE ARTE MODERNA DE RESENDE. [carta]. Resende, 08 de agosto de 2002. Carta à


Dorcas Weber relatando sobre a ação educativa da instituição.

Mensagens eletrônicas

MUSEU DA GRAVURA BRASILEIRA. Ação Educativa [mensagem pessoal]. Mensagem recebida


por <dorcasufu@yahoo.com.br> em 17 jul. 2002.

MUSEU DE ARTE MODERNA - MAMAM. Material Pedagógico [mensagem pessoal]. Mensagem


recebida por <dorcasufu@yahoo.com.br> em 14 ago. 2002.

MUSEU RUTH SCHNEIDER. Material sobre Ação Educativa do MARVS [mensagem pessoal].
Mensagem recebida por <dorcasufu@yahoo.com.br> em 09 ago. 2002.

MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO PARANÁ. Ação Eduactiva [mensagem pessoal].


Mensagem recebida por <dorcasufu@yahoo.com.br> em 15 jul. 2002.

INSTITUTO MOREIRA SALES - BH. Ação Educativa [mensagem pessoal]. Mensagem


recebida por <dorcasufu@yahoo.com.br> em 24 jul. 2002.

MUSEU LASAR SEGALL. Área de Ação Educativa [mensagem pessoal]. Mensagem recebida
por <dorcasufu@yahoo.com.br> em 12 jul. 2002.

MUSEU DE ARTE MODERNA DO RIO DE JANEIRO. Educação no MAM [mensagem


pessoal]. Mensagem recebida por <dorcasufu@yahoo.com.br> em 12 jul. 2002.

MUSEU UNIVERSITÁRIO DE ARTE. Ação Educativa. [mensagem pessoal]. Mensagem


recebida por <dorcasufu@yahoo.com.br> em 08 set. 2002.

Você também pode gostar