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O pioneirismo da Faculdade de Direito da UFMG: a introdução do Direito Econômico no

Brasil

1. Introdução
A UFMG foi pioneira em introduzir no Brasil a disciplina de Direito Econômico no
Brasil em seus cursos de graduação e pós em Direito. Antes disso, os cursos de Direito não
estudavam sobre economia política. Porém, com a chegada da industrialização no país,
tornou-se necessário o ensino a respeito da juridicização da economia, assim como já se
acontecia em outras partes do mundo.
Assim, com o auxílio do Professor Washington Peluso Albino de Souza, a disciplina
de Direito Econômico foi introduzida ao currículo da UFMG, o que serviu de influência para
outras Faculdades de Direito no Brasil adotarem a disciplina.

2. O cenário econômico e social da época


Nesse período, o mundo estava vivenciando a guerra fria, enquanto o Brasil vivia o
regime militar, logo, as normas jurídicas estatais eram produzidas de forma autoritária, e não
democrática, de acordo com as vontades dos líderes políticos da época.

3. O papel do jurista Washington Peluso Albino de Souza e as conquistas do Direito


Econômico
Washington foi professor da UFMG e defendia a implantação do Direito Econômico na grade
dos cursos de Direito, cujo objeto seria a juridicização da política econômica. Após vários
debates, ele conseguiu com que essa disciplina fosse lecionada e foi o primeiro professor dela
no Brasil, sempre lutando para que ela fosse de fato consolidada em todo o país.
A missão daquela época era difundir o Direito Econômico nas principais faculdades de
Direito (que não eram muitas) e persuadir professores e comunidades acadêmicas a
introduzirem a disciplina. Isso foi feito nas principais capitais do país. Para tanto, foi criada a
Fundação Brasileira de Direito Econômico (FBDE), com a missão de pesquisar, estudar e
divulgar a disciplina pelo país.
Outras medidas importantes foram a publicação do Dicionário de Direito Econômico,
realizado pelos professores e alunos da UFMG e o I Seminário de Professores de Direito
Econômico, também feito pela UFMG, no qual foram debatidos temas como o objeto e a
autonomia da disciplina. Além disso, nesse período, o Direito Econômico teve sua referência
expressa no art. 24, I da CF/88 como competência concorrente da União e dos Estados, o que
não exclui a municipal.
Tudo isso fez com que o país fosse para uma outra fase do neoliberalismo, chamado
de neoliberalismo de regulação, em que havia o Estado mínimo, voltado aos desejos do
capital globalizado, que atuava no domínio socioeconômico por meio das agências
reguladoras e normas jurídicas. Assim, a regulação é uma técnica de intervenção estatal na
vida social e econômica.
O neoliberalismo de regulação transferiu serviços e atividades econômicas estatais à
inciativa privada, por meio de privatizações e desestatizações. Isso porque, com o avanço da
tecnologia, setores que estavam nas mãos do Estado passaram a ser muito lucrativos, o que
fez crescer a iniciativa privada. Nesse sentido, o Estado passou a atuar de forma mais indireta
do que anteriormente, apenas fiscalizando e regulando o mercado.
Washington até o fim de sua vida defendeu o Direito Econômico e foi crítico ao
neoliberalismo de regulação, desde sempre denunciando os seus efeitos negativos:
subordinação dos Estados ao capital privado internacional, abandono do planejamento e
implementação do crescimento modernizante em detrimento do desenvolvimento.

4. A autonomia do Direito Econômico


A autonomia do Direito Econômico foi evidenciada a partir do século XX, por meio de sua
legislação, jurisprudência e doutrina. Porém, não é um tema unânime, visto que alguns
estudiosos até hoje não reconhecem essa autonomia.
Porém, de acordo com Washington, o Direito Econômico é um ramo do Direito que tem
como objeto a juridicização, ou seja, o tratamento jurídico da política econômica. É o
conjunto de normas de conteúdo econômico que assegura a defesa e harmonia dos interesses
individuais adotada na ordem jurídica.
Atualmente, o Direito Econômico está consolidado no Brasil, sendo estudado em diversas
faculdades de Direito pelo país, inclusive como disciplina obrigatória em concursos e
conteúdo de várias decisões de tribunais.

5. Considerações Finais
O texto fala sobre a inserção do Direito Econômico enquanto disciplina dos cursos de Direito
no Brasil, e a importância disso para a consolidação dessa matéria no país, com destaque ao
trabalho do Professor Washinton (UFMG).
Hoje em dia, o Direito Econômico possui bases legais, jurisprudenciais e doutrinárias.

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