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• Divisão de Ensino
Direção do CFAP
Diretor - Cel PM Fernando Jorge Portugal do Nascimento
Diretor Adjunto -Ten Cel PM José Mesquíades Rodrigues dos Santos
Equipe Pedagógica
Chefe da Divisão de Ensino: Maj PM Helena Carolina Jones da Cunha
Coordenadora dos Núcleos de Ensino: Maj PM Karina Silva Seixas
Design: Sub Ten PM Karina da Hora Farias
Apostila atualizada em 2023 pelo Cap PM Antônio Cosme Silva dos Santos, 9º BEIC-
Vitória da Conquista.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 04
1 RELACIONAMENTO INTRAPESSOAL E INTERPESSOAL 05
1.1 RELACIONAMENTO INTRAPESSOAL 05
1.2 RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 05
2 TIPOS E PILARES DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS 06
2.1 TIPOS DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS 06
2.2 A IMPORTÂNCIA DE UM BOM RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 10
2.2.1 COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA 10
2.3 PILARES DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS 11
2.4 MANEIRAS DE MELHORAR AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS 14
3 AUTOESTIMA 16
3.1 A IMPORTÂNCIA DA AUTOESTIMA NA CONVIVÊNCIA EM SOCIEDADE 16
4 COMUNICAÇÃO HUMANA 18
5 BARREIRAS À COMUNICAÇÃO 19
6 COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL 20
7 GRUPO E EQUIPE 24
7.1 CONCEITO DE GRUPO 24
7.2 CONCEITO DE EQUIPE 24
8 EMPATIA NAS RELAÇÕES COM O PÚBLICO 25
9 MOTIVAÇÃO 26
9.1 CICLO MOTIVACIONAL 26
9.2 TEORIAS DA MOTIVAÇÃO 28
10 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS (Intrapessoal, Interpessoal e emocional) 30
11 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 31
12 LIDERANÇA 37
13 ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS 40
13.1 .ELEMENTOS DO CONFLITO 40
13.2 O PROCESSO DO CONFLITO 41
13.3 ATUAÇAO POLICIAL NO CONFLITO 45
13.4 MÉTODOS PARA ADMINISTRAR CONFLITOS EM GRUPO 46
13.5 IMPORTÂNCIA DE DESENVOLVER HABILIDADE PESSOAL 45
14 DEPARTAMENTO DE PROMOÇÃO SOCIAL (DPS): MISSÃO E ATUAÇAO 46
15 SEXUALIDADE 48
16 CONJUGALIDADE E FAMÍLIA 49
16.1 CONJUGALIDADE 50
16.2 TAREFAS DE DESENVOLVIMENTO E SATISFAÇÃO CONJUGAL 51
16.3 FAMÍLIA 52
17 TRATAMENTO URBANO NAS ABORDAGENS POLICIAIS 53
17.1 TRATAMENTO COM COLEGAS: PREVENINDO O ASSÉDIO MORAL 55
ATIVIDADE DE CLASSE: ESTUDO DE CASOS E DINÂMICAS DE GRUPO 55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 55
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - DEZEMBRO/2023 4
APRESENTAÇÃO
Atualmente podemos perceber como o mundo está carente de solidariedade, respeito, amor e
principalmente de justiça e muitas vezes nos sentimos frustrados porque descobrimos que nada fizemos
para transformar tal situação.
Mas ainda há tempo para ser um agente modificador, contribuindo para que o mundo seja melhor,
através de pequenos gestos e atitudes de cada um de nós. Se assumirmos nossa parcela de culpa em
estarmos fechados em nós mesmos, deixando o outro muito distante de nossos ideais e objetivos,
entenderemos que é no outro que está o motivo do nosso crescimento pessoal, é no outro que nos
percebemos como seres humanos, capazes de sonhar, amar, perdoar, respeitar...
Precisamos também reencontrar o nosso “eu”, para podermos apresentar várias formas de ser e
sentir, deixando assim de procurar fora de nós à razão para nossa felicidade, pois é em nosso interior que
começa o caminho para a aceitação dos momentos que nos fazem sorrir e chorar e a partir daí, darmos
oportunidade para que o outro também faça parte da nossa história de vida.
E é nessa reflexão que percebemos a importância das Relações Interpessoais na vida de cada pessoa,
pois melhorando nossas relações com o outro compreendemos que cada um precisa ser respeitado de acordo
com as necessidades psicológicas, físicas, sociais de cada um, portanto, precisamos nos dispor interiormente
a fim de aceitar o outro da maneira que ele se apresenta e não como gostaríamos que ele se apresentasse.
Precisamos assim, adquirir um autoconhecimento, uma compreensão empática, para aprendermos
conviver em grupo, seja no meio profissional, na família, nas instituições educacionais ou nas diferentes
atividades do ser humano. O mundo moderno cada vez mais exige essa capacidade de nos relacionarmos
conosco mesmo e com o próximo.
A vida é uma passagem e não sabemos até quando iremos fazer parte dela, por isso é hoje que
precisamos aproveitar cada instante da nossa existência, para realizarmos algo de verdadeiro e útil para
nós, para o outro, para o mundo.
Diante desse contexto a Secretaria Nacional de Segurança Pública, elabora a Matriz Curricular
Nacional que almeja ser um referencial teórico-metodológico para orientar as Ações Formativas dos
Profissionais da Área de Segurança Pública – Polícia Militar, Polícia Civil e Bombeiros Militares,
independentemente da instituição, nível ou modalidade de ensino que se espera atender. Tendo seus eixos
articuladores e áreas temáticas norteando, atualmente, os mais diversos programas e projetos executados
pela Senasp.
Por esse motivo percebemos a necessidade de acrescentar a disciplina Relações Interpessoais, como
ferramenta que surge com o objetivo de valorização profissional do trabalhador em relação a si próprio e
em relação ao outro, buscando criar uma efetiva cultura de respeito e bem-estar dos policiais ( o nosso
verdadeiro e espírito de corpo), permitindo assim, alcançar a excelência das relações profissionais e para a
vida, mesmo diante das adversidades da Segurança Pública.
Vale salientar que o Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia, lei nº 7990/2001, regula as
situações institucionais, trazendo a ética e o respeito policial-militar como fundamento das relações
interpessoais, durante ou fora do serviço, assim, observar os preceitos da éticos inseridos nessa carta
condutora da Corporação, nos permite nortear ações e garantir uma convivência tranquila e solidária
também no cotidiano da PMBA.
Relacionamento Interpessoal refere-se à interação entre pessoas, grupos e times, seja ele no
meio profissional, pessoal ou familiar. Um termo usado pela sociologia e psicologia para definir
qualquer tipo de relação entre duas ou mais pessoas.
Quando falamos em relacionamento interpessoal, falamos em relacionamento entre as
pessoas que de alguma forma, se inter-relacionam, seja no trabalho, seja na família, etc. Envolve
competências e habilidades utilizadas, não só na inteligência lógica e raciocínio, mas na
inteligência emocional predominante nas ações e atitudes.
Ninguém é uma ilha isolada no oceano: somos todos componentes de um todo e a
convivência humana é o fundamento para nossa própria existência. Nada somos sem os demais,
estamos todos condenados a conviver e a nos relacionarmos com as demais pessoas, queiramos
ou não, gostemos ou não, concordemos ou não: é o que basta para que compreendamos a
importância máxima do relacionamento interpessoal.
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Viver em sociedade possui uma dinâmica que leva o indivíduos a se relacionar com
diversas pessoas diariamente, essa relação entre pessoas acontece através do exercício
de poder ou de hierarquia (ainda que não formal) de umas sobre as outras, seja negativa ou
positivamente. Por isso, nos cabe entendê-las para saber como melhorá-las no cotidiano
da convivência.
Independentemente do grau de poder do cargo que ocupa, todos devem colaborar
para que haja relações interpessoais no trabalho saudáveis, visto que um ambiente de
trabalho agradável, onde há uma boa relação entre os pares, com os colegas e com o
próprio cargo ocupa, permitem relações melhores e o alcance de objetivos comuns com
mais facilidade; logo, deve-se evitar “briga de ego” e focar que cada um deve dar sua
contribuição para um ótimo relacionamento interpessoal.
a) Relações Saudáveis
c) Relações de Dependência
Já ouviu a história de alguém que escolheu uma profissão para seguir os passos de
um familiar? Ou alguém que se submeteu a realizar atividades de caráter pessoal,
1
O MPT lançou cartilha em Maio / 2017 para prevenção do Assédio Sexual, conheça-o.
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extraorganização, para o chefe? Pois é, relações como essa são chamadas de relações de
dependência, pois internalizam na pessoa a dependência emocional, uma auto-estima
frágil e uma sensação de pouca valorização das próprias competências, medos
inconsistentes com sua condição funcional.
Essas relações nos induzem a pensar que é correto nos submetermos a essas
relações para pertencer àquela família ou grupo, gerando uma dependência inadequada de
conduta e de relação nociva. Sempre é possível identificar e tratar as origens desses
medos e inseguranças e contornar essas sensações, o profissional deve seguir o que é
correto e não baseada na convicção de outro.
d) Relações de Codependência
A Comunicação Não-Violenta é uma prática que tem como objetivo gerar mais
compreensão e colaboração nas relações pessoais, profissionais e até com nós mesmos. Ela
propõe uma nova forma de se relacionar e que apresenta ferramentas úteis para superar os
desafios que aparecem nas nossas relações que são causados pela forma que nos comunicamos,
ou até mesmo pelo que deixamos de falar por medo do conflito.
Indivíduos que aplicam a comunicação violenta são passivas, manipuladoras e
agressivos, que utilizam uma comunicação com linguagem agressiva e cheia de julgamentos que
separam as pessoas. Priorizam apontar o que o outro fez e o que falou de errado, criando um
mundo de suposições convenientes em que a necessidade real não é contemplada. É a busca
constante por sempre ter razão, mesmo que seja preciso coagir ou culpar o outro, sem ouvi-lo e
sem reconhecer sua responsabilidade com a situação. Já as pessoas que agem a partir da
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comunicação não violenta são assertivas e empáticas, que se conectam com outro, revelando
necessidades e desejos, e abrindo caminhos de verdadeira comunicação e possibilidades de
reciprocidade
Mas a CNV vai muito além de uma forma de linguagem ou de um jeito “certo” de falar. A
Comunicação Não-Violenta vai te levar a enxergar a sua relação consigo mesmo e com os outros
de maneira mais consciente e empática, com práticas que podem ser simples e ao mesmo tempo
revolucionárias. A Comunicação Não-Violenta foi sistematizada pelo psicólogo Marshall
Rosenberg, que escolheu esse nome inspirado nos trabalhos de resistência não-violenta de
Gandhi e Martin Luther King.
a) Autoconhecimento
Esse pilar é um facilitador emocional, pois conhecer a si mesmo nos faz analisar o
impacto que somos capazes de causar nas pessoas, e ao sabermos quais as
características que nos incomodam aprendemos e achamos formas adequadas de lidar
com elas; o autoconhecimento favorece a mediação dos conflitos de personalidade entre
a própria pessoa e seus pares.
b) Empatia
É quando temos a sensibilidade de olhar sob o prisma e dimensão do outro. Ter esta
consciência nos faz exercitar a capacidade de empatia, que é o ato de se colocar no lugar do
outro para tentar entender suas idéias, sentimentos, motivações ou mesmo as suas dores. Ser
empático é o primeiro passo para respeitar as pessoas favorecendo a construção de
relacionamentos interpessoais mais positivos.
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c) Assertividade
d) Cordialidade
Gentileza, simpatia e solicitude são atributos que devem ser usados SEMPRE! Ter
cordialidade com as pessoas é utilizar esses atributos na comunicação. Mostrar cortesia
pelo próximo, pela sua equipe e por todos com quem você tem um relacionamento é ser
cordial e isso se aplica também ao trabalho junto à sociedade, que necessita de um
Policial tecnicamente bem formado e não, mal educado.
Cordialidade é agradecer alguém olhando nos olhos, é cumprimentar seus
subordinados ao chegar ao trabalho, é abrir a porta para um colega que está com as
mãos ocupadas, pegar algo que caiu das mãos do outro, é permitir desejar e responder
a um bom dia ou boa tarde, em qualquer lugar que esteja. As pequenas gentilezas sem
esperar por nada em troca fazem a convivência com as pessoas que nos cercam melhor e
a nossa companhia desejada por todos.
e) Ética
pela sociedade, assim eles são aplicados em suas regras internas, direcionando para o
bom funcionamento dos processos de trabalho, alcance de metas e objetivos para criar
um bom relacionamento entre toda a empresa.
Podemos ser empáticos, assertivos, cordiais e ter muito conhecimento, mas, se não
formos conduzidos pela ética, o equilíbrio não consegue ser mantido. A Polícia Militar
da Bahia possui valores éticos bem definidos no artigo 39 da Lei 7.990 de 27/12/2001,
como os valores profissionais, a exemplo: da aparência pessoal; auto- estemas;
profissionalismo; bravura; solidariedade e dedicação.
a) Compreender a si mesmo
modo mais gravoso do que é na realidade; essa distorção leva o individuo adulto a agir
considerando gravosa, situações que na verdade são banais, afetando suas relações cotidianas
que poderiam ser mais saudáveis.
É preciso compreender sua história sem deixar as frustrações de outro momento histórico
intervir nas suas relações presentes e futuras, e observar quais premissas estão atrapalhando
suas decisões e seus relacionamentos pessoais com outras pessoas do cotidiano.
3. AUTOESTIMA
De modo geral auto-estima tem a ver com aquilo que o sujeito fala, pensa, espera de si
mesmo; e, ainda, tanto do que ele relata ser capaz de fazer quanto daquilo que efetivamente ele
faz. Uma pessoa com elevada auto-estima sente-se livre e amada; é mais resistente a frustrações;
pode lidar de forma adequada com ocasiões de conflito; responde às demandas da sociedade pró-
ativamente; comporta-se de forma socialmente habilidosa, na medida em que, por exemplo,
consegue responder a críticas adequadamente, recusa pedidos; desenvolve criatividade;
considera os outros em suas ações. Esses quesitos poderiam tornar o indivíduo mais apto a
enfrentar os obstáculos e desafios do cotidiano.
Auto-estima, como um conceito-síntese, tem sido usada para explicar porque os indivíduos
são bem ou malsucedidos em algumas situações. É comum ouvirmos que tal ou qual pessoa
tem uma auto-estima muito elevada, o que seria um indicador de sucesso em váriasáreas, ou uma
baixa auto-estima, por oposto, um indicador de fracasso. Esta afirmação pode nos levar a supor
que auto-estima é uma característica intrínseca, inerente da pessoa, que, umavez adquirida, ela
é perene ou quem não a tem, não a desenvolverá. Nenhuma dessas duas conclusões é correta.
Todas as pessoas podem conquistar auto- estima elevada e, cotidianamente, esta deve ser
cultivada.
Para a Psicologia o homem é um ser social e em constante construção, de modo a ser sujeito de
sua própria história. A auto-estima, como tantos outros sentimentos/comportamentos, é
ensinada pela comunidade em que vivemos, só se desenvolvendo num contexto social em que a
escola e a família (e outros significativos) têm papel fundamental. Quando as pessoas são
expostas a ambientes gratificantes (e não aversivos) em que o próprio sujeito e suas ações são
valorizados, aumenta-se a chance de que seja produzida e conservada uma auto-estima elevada.
A aut-oestima pode ser conceituada de várias maneiras.
Outro conceito é a avaliação favorável de si mesmo. Você faz uma série de auto
avaliações de diferentes aspectos de sua vida: é possível ter uma boa auto-estima com
relação ao trabalho e uma baixa auto-estima no que diz respeito à aparência física. A auto-
estima não é algo que se tem ou não, ela pode ser desenvolvida.
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Auto-estima é uma condição fundamental para a saúde mental. Sem ela é muito
mais difícil nos manter motivados, seja nos estudos ou no trabalho. Aprender a nos
respeitar, acolher nossas dificuldades, apreciar nossos esforços e capacidades são
pontos essenciais para lidarmos melhor com nós mesmos e com os outros e promover
um desenvolvimento saudável, cultivando boas relações ao longo da vida.
Por isso, é tão importante esclarecer que para auto-estima o que importa é a
opinião que eu tenho sobre mim mesmo. Ela é desenvolvida de dentro para fora. É você
afirmar e ter convicção dos seguintes pontos: me aceito e me respeito como sou? Tenho
orgulho e aceito minha trajetória? Confio em mim e em minhas habilidades? Reconheço
meus erros e aprecio minhas conquistas? Consigo ser eu mesmo e me afirmar como sou
abertamente? São essas algumas das verdadeiras atitudes que compõem a auto-estima
e que nos permitem progredir na vida.
4. COMUNICAÇÃO HUMANA
O ser humano tem grande necessidade de externar seus sentimentos e suas idéias.
Comunicar, portanto, implica na busca de entendimento e de compreensão.
Se uma pessoa ficar isolada de seus semelhantes, com alimentação e conforto físico
garantidos, mas privada de qualquer forma de contato com o mundo exterior, tenderá a
apresentar rapidamente sintomas de ansiedade. Uma manifestação básica dessa ansiedade será
a necessidade de falar com outros (...)
Com o prolongamento da situação, a fala e o próprio pensamento deverão ficar
desconexos e a pessoa começará a perder o autocontrole. Se a situação não for remediada a
tempo, haverá uma desagregação psicológica, acompanhada de descontrole orgânico. O
modo de remediá-la é fácil e evidente: basta romper o isolamento em que a pessoa se
encontra. Com isso, ela poderá satisfazer a uma necessidade humana básica: comunicar-se.
(Verbete “Comunicação”. In: Enciclopédia Abril. São Paulo, 1972.)
disso, pode-se afirmar que a comunicação bidirecional é primordial para a qualidade da relação
interpessoal no ambiente de trabalho, cabendo aos gestores propiciar as informações necessárias
para um melhor resultado da equipe e a concretização das atividades.
5. BARREIRAS À COMUNICAÇÃO
Quando a comunicação é mal interpretada ou não se realiza entre as pessoas, existe uma
“barreira” no processo, que pode se apresentar das seguintes maneiras:
A mensagem comunicada é recebida apenas em parte.
A mensagem é distorcida ou mal interpretada.
A mensagem não é captada e a comunicação é interrompida.
Existem os “filtros de escuta” no processo de comunicação, também temos as barreiras
de comunicação. Estas barreiras, normalmente, são criadas pelos emissores e receptores das
mensagens. O nível de influência das barreiras sob o processo de comunicação varia de acordo
com as relações interpessoais existentes entre as pessoas envolvidas na comunicação.
São exemplos de barreiras de comunicação:
1) A preocupação, que geralmente está no receptor da mensagem;
2) A hostilidade, que pode surgir em função de dificuldades e apatia nas relações
interpessoais;
3) Estereótipos, que muitas vezes são criados por preconceitos relacionados a aparência
física ou padrões preestabelecidos;
4) O comportamento defensivo, ocasionado principalmente por insegurança do receptor;
5) Distração, principalmente por falta de concentração tanto do receptor como do
emissor;
6) Inibição, em algumas ocasiões geradas em detrimento do status diferenciado das
pessoas que estão se comunicando.
O processo de comunicação normalmente sofre bloqueios que aparecem entre os emissores
e os receptores. Chiavenato (2004, p.315), denomina estes problemas como barreiras à
comunicação, que servem como obstáculos ou resistências à comunicação entre as pessoas.
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Quando isso acontece, a comunicação não chega ilesa ao receptor, pois a mensagem original
sofre distorções. Para o autor, há três tipos de barreiras à comunicação humana:
➢ Barreiras pessoais: as interferências decorrentes das limitações, emoções e valores de cada
pessoa. No ambiente de trabalho as mais comuns são a deficiência para ouvir, as percepções, as
emoções e os sentimentos pessoais.
➢ Barreiras semânticas: as limitações decorrentes dos símbolos, por meio dos quais a
comunicação é feita. Estas barreiras podem ser verificadas não só por palavras, mas também por
gestos, sinais etc., os quais podem ter diferentes sentidos para as pessoas envolvidas no processo.
6 COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
Uma comunicação bem planejada precisa estar alinhada a missão, visão e valores da
instituição. Sobre a comunicação organizacional Margarida M. Krohling Kunsch afirma:
A comunicação, em primeiro lugar, tem que ser entendida como parte inerente à natureza
das organizações. Essas são formadas por pessoas que se comunicam entre si e que, por meio de
processos interativos, viabilizam o sistema funcional para sobrevivência e consecução dos
objetivos organizacionais num contexto de diversidades e de transações complexas. Portanto, sem
comunicação as organizações não existiriam. (KUNSCH, 2006)
Há uma corrente de estudiosos que defende que a organização é comunicação e que ela
se auto-organiza graças à comunicação. Diz conforme James Taylor (2005, p. 215): “As
organizações se auto-organizam e o fazem como resultado da dinâmica da interação local. A
auto-organização é um fenômeno comunicacional”. GaryKreps (1995) analisa a comunicação
como um processo de organização.
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Capacitação de profissionais que possam integrar aspectos técnicos e teóricos dos diferentes meios de
comunicação. Leia mais em: https://guiadoestudante.abril.com.br/orientacao-profissional/como-e-a-carreira-de-
midialogia/
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diversas operações por meio da intranet corporativa, além de divulgar as notícias atualizadas
das Unidades (news) para o público interno.
Não obstante, cabe a você policial militar seguir as normas e recomendações exaradas por
este órgão relativo à divulgação de informações corporativas, em especial, em mídias sociais, em
razão de que muitas comunicações e imagens vulnerabilizam os próprios colegas policiais e
terceiros, de modo inadequado.
A PMBA possui recomendações importantes publicadas de modo ostensivo sobre a
conduta adequada para policiais nas redes sociais; conhecer tais normas é componente
necessário a você policial, a exemplo da recente Portaria nº 30-CG/20213, publicada no BGO
nº 040 de 26 de fevereiro de 2021, que dispõe sobre a EXPOSIÇÃO DA IMAGEM
INSTITUCIONAL DA PMBA por militares em mídias sociais:
Resolve,
Art. 1º- Determinar que, a partir da data de publicação desta Portaria,
ficam vedadas as práticas acima descritas, ficando o militar sujeito às
sanções disciplinares pertinentes
3
Conheça a Portaria na íntegra!
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se estenda aos seus pares de modo institucional; por tudo, é um reclame de cuidado que os
profissionais devem ter com as redes sociais.
7. GRUPO E EQUIPE
No meio corporativo, é comum que os termos grupo e equipe sejam tratados como
sinônimos, mas essas duas palavras possuem diferenças conceituais que afetam diretamente
a rotina de trabalho. Nesse sentido, é essencial entender a distinção de cada um desses termos
para que as atividades sejam realizadas com o máximo de eficácia possível.
relação uns aos outros. Se existem críticas, estas são construtivas, jamais podem ser destrutivas.
A colaboração entre os membros é invejável, todos trabalham unidos, em busca de bons
resultados para todos, como em um time. Estão dispostos a ajudar uns aos outros quando
necessário.
Apesar de o ambiente de trabalho ser o melhor possível, isso não significa que não haja
conflitos, até existem, mas esses são resolvidos da melhor forma, e vistos como fator de
crescimento e aprendizado para toda a equipe, que geralmente tendem a resolver o problema
juntos.
Os líderes encontram-se presentes a todo o momento, atuam próximos a equipe, em
conjunto com os membros, interagindo a todo instante. Não precisam dar ordens ou agir
rudemente, são suficientemente seguros e não se sentem ameaçados pelos integrantes.
Quando um resultado é positivo, todos vibram, e todos recebem mérito, não apenas um.
O feedback é constantemente utilizado e todos aceitam como uma técnica de melhoria paratodos.
Lideres dão e recebem feedback, como qualquer membro da equipe.
A equipe trabalha unida em prol de um único objetivo, ajudando uns aos outros em busca
de cada conquista.
Compreensão empática ou empatia não significa ser simpático ou ter simpatia pela outra
pessoa. O termo empatia etimologicamente advém de empathés que provém de enpáscho que
tem por significado “sentir - em”, “sentir-desde-dentro”.
É centrar-se na outra pessoa de uma forma sensível e intensa que consiga adentrar na
percepção do outro. É estar inteiramente com o outro, naquele momento, compreendendo como
ele percebe os mais variados sentimentos sejam de medo, raiva, felicidade, amor, compaixão,
ternura, inveja entre outros.
Empatia é compreender o outro tão profundamente que para isso deixam-se de lado suas
próprias idéias, valores e opiniões para adentrar nesse mundo reservado e íntimo da outra
pessoa. A pessoa precisa estar segura para ficar à vontade no mundo misterioso do
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - DEZEMBRO/ 2023 26
outro e retornar a seu mundo quando assim o desejar. Rogers (2001) menciona que a empatia é
complexa, exigente e intensa, contudo, ao mesmo tempo é sutil e suave.
Torna-se relevante esclarecer que empatia não envolve atitude diagnóstica ou de
avaliação. Ao contrário a empatia requer uma postura de aceitação do outro como ele realmente
é sem julgamentos ou críticas em relação ao seu jeito de ser.
Aparentemente essa postura parece fácil, no entanto é uma postura bastante difícil haja
vista que convivemos em uma sociedade que usualmente pratica o julgamento e a avaliação.
Com persistência, é possível realizar pequenas mudanças e, aos poucos, perceber as
melhorias no relacionamento em família, no trabalho ou entre amigos. Ser empático é, antes de
tudo, ser um bom ouvinte. É ter abertura para conhecer a realidade do outro e tudo que ele
comunica inclusive o que não é dito, mas que pode ser percebido no tom de voz ou no olhar.
9. MOTIVAÇÃO
Maslow estabelece uma estrutura hierárquica das necessidades partindo da ideia que se
não se satisfaz uma necessidade básica, torna-se impossível satisfazer outras de ordem superior.
Se tivermos fome (necessidade fisiológica), por exemplo, somos incapazes de nos concentrarmos
em atividades estéticas. Esta idéia aplica-se a todas as atividades da vida humana, afirmando
também que todos os homens aspiram à autorrealização plena das suas potencialidades.
HIERARQUIA DAS MOTIVAÇÕES
(ordem crescente)
Herzberg verificou e evidenciou através de muitos estudos práticos a presença de que dois
fatores distintos devem ser considerados na satisfação do cargo; são eles: os Fatores Higiênicos
e os Motivacionais.
I Fatores Higiênicos
Estes fatores são aqueles que se referem às condições que rodeiam o funcionário enquanto
trabalha, englobando as condições físicas e ambientais de trabalho, o salário, os benefícios
sociais, as políticas da empresa, o tipo de supervisão recebido, o clima de relações entre a direção
e os funcionários, os regulamentos internos, as oportunidades existentes etc.
CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - DEZEMBRO/ 2023 30
Contudo Herzberg considera esses fatores higiênicos muitos limitados na sua capacidade
de influenciar poderosamente o comportamento dos empregados. Este escolheua expressão
“higiene” exatamente para refletir o seu caráter preventivo e profilático e para mostrar que se
destinam simplesmente a evitar fontes de insatisfação do meio ambiente ou ameaças potenciais
ao seu equilíbrio. Quando esses fatores são ótimos, simplesmente evitama insatisfação, uma
vez que sua influência sobre o comportamento, não consegue elevar substancial e
duradouramente a satisfação. Porém, quando são precários, provocam insatisfação.
II Fatores Motivacionais
Estes fatores são aqueles que se referem ao conteúdo do cargo, às tarefas e aos deveres
relacionados com o cargo em si. Incluem liberdade de decidir como executar o trabalho, uso
pleno de habilidades pessoais, responsabilidade total pelo trabalho, definição de metas e
objetivos relacionados ao trabalho e autoavaliação de desempenho. São os fatores motivacionais que
produzem algum efeito duradouro de satisfação e de aumento de produtividade em níveis de
excelência, isto é, acima dos níveis normais.
10 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
A teoria das inteligências múltiplas foi estudada pelo psicólogo Howard Gardner como um
contrapeso para o paradigma da inteligência única. Ele propôs que a vida humana requero
desenvolvimento de vários tipos de inteligências. Portanto, Gardner não entra em conflito com
a definição científica de inteligência como sendo “a capacidade de resolver problemas ou fazer
coisas importantes”.
Howard Gardner e seus colegas da prestigiada Universidade de Harvard advertiram que
a inteligência acadêmica (obtida através de qualificações e méritos educacionais) não pode ser o
fator decisivo para determinar a inteligência de uma pessoa. Gardner e seus colegas poderiam
dizer que Stephen Hawking não tem mais inteligência do que Leo Messi, mas cada um desenvolve
um tipo diferente.
A teoria das inteligências múltiplas mapeadas por HOWARD GARDNER identificou que
existem oito tipos diferentes de inteligência. Vamos ver com mais detalhes cada uma das
inteligências propostas pelo estudioso em sua pesquisa:
A inteligência interpessoal nos permite ficar conscientes de coisas que os nossos sentidos
não conseguem captar. É uma inteligência que nos possibilita interpretar palavras, gestos,
objetivos e metas subentendidos em cada discurso. A inteligência interpessoal aprimora a nossa
capacidade de empatia. É uma inteligência muito valiosa para as pessoas que trabalham com grandes
grupos. Sua capacidade de detectar e compreender as circunstâncias e problemas dos outros será
maior com a inteligência interpessoal. Professores, psicólogos, terapeutas, advogados e
educadores são perfis que têm uma pontuação muito elevada neste tipo de inteligência descrita na
teoria das inteligências múltiplas.
A música é uma arte universal. Todas as culturas têm alguma forma de música, mais ou
menos elaborada, levando Gardner e seus colegas a entenderem que há uma inteligência
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mudança no paradigma educacional foi trazida à discussão pela Teoria das Inteligências
Múltiplas de Gardner.
11 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
anos de evolução. Como resultado, nossas emoções possuem o potencial de nos servir
como um sofisticado e delicado sistema interno de orientação. Nossas emoções nos
alertam quando as necessidades humanas naturais não são encontradas. Por exemplo,
quando nos sentimos sós, nossa necessidade é encontrar outras pessoas. Quando nos
sentimos receosos, nossa necessidade é por segurança. Quando nos sentimos rejeitados,
nossa necessidade é por aceitação.
o Tomadas de Decisão: Nossas emoções são uma fonte valiosa da informação. Nossas
emoções nos ajudam a tomar decisões. Os estudos mostram que quando as conexões
emocionais de uma pessoa estão danificadas no cérebro, ela não pode tomar nem mesmo
as decisões simples. Por quê? Porque não sentirá nada sobre suas escolhas.
pessoa, nossas emoções nos alertam. Se nós aprendermos a confiar em nossas emoções e
sensações isto nos ajudará a ajustar nossos limites que são necessários para proteger
nossa saúde física e mental.
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expressões faciais, por exemplo, podem demonstrar uma grande quantidade de emoções.
Com o olhar, podemos sinalizar que precisamos de ajuda. Se formos também verbalmente
hábeis, juntamente com nossas expressões teremos uma possibilidade maior de melhor
expressar nossas emoções. Também é necessário que nós sejamos eficazes para escutar e
entender os problemas dos outros.
o União: Nossas emoções são talvez a maior fonte potencial capaz de unir todos os
12 LIDERANÇA
b) Liderança liberal: aquela em que o líder participa de forma mínima. Há uma total
liberdade para que os grupos ou indivíduos tomem suas decisões. O líder não avalia ou
controla as atividades.
Para Lacombe os líderes influenciam as pessoas graças ao seu poder, que pode ser o poder
legítimo, obtido com o exercício de um cargo, poder de referência, em função das qualidades e
do carisma do líder e poder do saber, exercido graças a conhecimentos que o líder detém.
Liderar não é uma tarefa simples, pelo contrário, liderança exige paciência, disciplina,
humildade, respeito e compromisso, pois a organização é um ser vivo, dotado de
colaboradores dos mais diferentes tipos.
Os líderes são responsáveis pelo sucesso ou fracasso da organização.
Dessa forma, pode-se definir liderança como o processo de dirigir e influenciar as atividades
relacionadas às tarefas dos membros de um grupo, porém, existem três implicações importantes
nesta definição:
- Primeira:
- Segunda:
A liderança envolve uma distribuição desigual de poder entre os líderes e os demais membros
do grupo.
- Terceira:
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De fato, os líderes influenciam seguidores. Por este motivo, muitos acreditam que os líderes têm
por obrigação considerar a ética de suas decisões. Apesar de a liderança ser importante para a
gerência e estreitamente relacionada a ela, liderança e gerência não são os mesmos conceitos.
Planejamento, orçamento, controle, manutenção da ordem, desenvolvimento de estratégias e
outras atividades fazem parte do gerenciamento. Gerência é o que fazemos. Liderança quem
somos.
Uma pessoa pode ser um gerente eficaz, um bom planejador e um gestor justo e organizado
e, mesmo assim, não ter as capacidades motivacionais de um líder. Ou simplesmente pode ocorrer
o contrário. Uma pessoa pode ser um gerente ineficaz, porém, em contrapartida, ter as habilidades
necessárias para um bom líder.
Entre os desafios apresentados pelo ambiente mutável, as organizações estão valorizando
cada vez mais os gerentes que possuem habilidades de liderança. Qualquer pessoa que aspire
a ser um gerente eficaz deve também se conscientizar de praticar e desenvolver suas habilidades de
liderança.
Na palestra postada no YouTube: “Policiais do BOPE participam do treinamento: Qual é a tua
obra” Mário Sérgio Cortella afirma que existem diferenças básicas entre liderança e chefia: “Não
confunda liderança e chefia. Hitler foi um chefe.
Um líder você segue, um chefe você obedece; um líder você serve, procura e quer agradar;
líder inspira, gera admiração, tem generosidade mental, coerência ética e Humildade intelectual...
O verdadeiro líder se faz pequeno para poder crescer; líder orienta sem ofender e corrige sem
humilhar”.
Ainda em seu livro “Qual é a Tua Obra”, Cortella afirma que “Se há uma coisa que atrapalha
qualquer processo de liderança é líder ou liderado supor-se já sabedor, conhecedor e iluminado”. Afinal
de contas, há um antagonismo entre líder e arrogância. Conhece gente arrogante? Como
afirmamos e vale trazer novamente: gente arrogante é gente que acha que já sabe, que acha que
já conhece, que acha que não precisa mais aprender. Aliás, gente arrogante tem uma característica
muito peculiar: é cheia de certezas. Cuidado com gente cheia de certezas. São
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13 ADMINISTRAÇÂO DE CONFLITOS
Conflito é um fenômeno próprio das relações humanas. Eles acontecem por causa de
posições divergentes em relação a algum comportamento, necessidade ou interesse comum. As
incompreensões, as insatisfações de interesses ou necessidades costumam gerar conflitos.
O conflito não é ruim em si mesmo. Ele pode ser aproveitado como oportunidade para a
solução de problemas que estavam sendo “varridos para debaixo da cama”. O problema é que,
quando as pessoas não estão preparadas para lidar com os conflitos, estes podem ser
transformados em confronto, violência.
Todos nós queremos ser tratados com respeito e igualdade. Mas as pessoas estão muito
impacientes e agressivas. Talvez por causa da instabilidade no emprego, ou do desemprego,
ou porque são muitas e muito rápidas as mudanças na vida moderna, ou porque são muitas as
injustiças e necessidades insatisfeitas, ou porque se sentem no direito de exigir, ou por várias
dessas razões e outras mais.
No mundo atual, cheio de tantas novidades e mudanças, a capacidade mais importante para
se dar bem na vida – além da responsabilidade social, da educação e de uma profissão – é a
capacidade de resolver conflitos. O conflito pode ser resolvido com ganhos para todas as partes
envolvidas.
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Segundo Robbins (1994), o processo do conflito pode ser dividido em três estágios.
No primeiro estágio, chamado oposição ou incompatibilidade potencial são analisadas
todas as condições antecedentes ao conflito. Esses antecedentes podem estar nas
dificuldades ou bloqueios nos canais de comunicação da empresa, bem como na própria
estrutura corporativa, podendo existir ambiguidade na definição das responsabilidades
de ações ou mesmo diferentes metas pessoais nos grupos de trabalho, em confronto com
os objetivos corporativos. Nessa fase, também é importante avaliar as variáveis pessoais
existentes no conflito, bem como, a falta de empatia dos componentes do grupo.
Num segundo estágio avalia-se a cognição e personalização do conflito. Quando ele
não está personalizado, existe o conflito percebido. Quando os indivíduos se tornam
emocionalmente envolvidos com o mesmo, existe o conflito sentido, e é este o início
propriamente dito de um conflito.
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De modo geral a postura do policial militar deverá ser inicialmente dialógica, sem
tomar parte e sendo imparcial e assim, ponderar pela conciliação das partes, sendo esse
processo atividade na qual as próprias partes interagem entre si, com a presença do
policial chegando a solução;
No segundo momento o policial pode atuar como mediador, prestando sugestões
as partes, auxiliando (não determinando) as partes a chegar a solução do conflito e, por
fim, caso não obtenha êxito, as partes são educadamente conduzidas à presença da
autoridade competente para, sob o julgo estatal e das instâncias formais solucionem o
conflito.
O Departamento de Promoção Social é o local adequado que o Policial Militar pode procurar
para ter apoio institucional ou em caso da necessidade de acompanhamento psicológico funcional,
recebendo o cuidado necessário, em razão da demanda convém acioná- los em situações que
realmente sejam significativas para o policial. O aluno em curso também pode pedir ajuda se
necessário, pois a partir de agora a Polícia Militar é a sua segunda família.
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15 SEXUALIDADE
16 CONJUGALIDADE E FAMÍLIA
16.1 CONJUGALIDADE
A conjugalidade diz respeito à construção de uma vinculação entre dois indivíduos independentes
e que resulta na construção de um terceiro elemento, a relação ou o “nós” do casal. Segundo
Sternberg na concepção da Teoria Triangular do Amor, a relação conjugal implica três dimensões,
sendo estas:
16.3 FAMÍLIA
guarda e educação dos filhos, deixando este de ser responsável exclusivo pelo sustento
da família. Logo, o conceito de família foi se adaptando a realidade imposta pela
sociedade, bem como a legislação teve que se ajustar a estas mudanças, visto que os
casamentos “tradicionais” vêm ganhando novas conotações, e quando este acontece são
menos duradouros, acarretando em filhos de pais separados, divorciados ou até mesmo
solteiros, aumentando o número de famílias onde os pais assumem o mesmo papel,
porém ainda em sua maioria é a mulher que adquire a guarda bem como toda
responsabilidade pela educação e criação de seus filhos.
Nessa perspectiva podemos evidenciar o que nos ensina Souza (apud, DIAS, 2005,
p. 39):
Agora o que identifica a família não é nem a celebração do casamento nem a
diferença de sexo do par ou envolvimento de caráter sexual. O elemento distintivo da
família, que a coloca sob o manto da juridicidade, é a presença de um vínculo afetivo a
unir as pessoas com identidade de projetos de vida e propósitos comuns, gerando
comprometimento mútuo. Cada vez mais, a ideia de família se afasta da estrutura do
casamento.
Assim, a instituição familiar foi ganhando novos rumos se adaptando à nova
realidade, buscando desta forma a união constituída pelo carinho, amor e afeto, e não
mais pelo intuito somente de procriação, mas também a incessante busca pelo ideal da
felicidade e a comunhão plena de vida a dois. Com isso sua configuração foi mudando
e o papel do pai e da mãe na nova constituição familiar aos poucos foi se transformando.
Afinal, a instituição familiar não mais se baseia em regras que antigamente eram
impostas, mas sim de particularidades e de valores sociais que assim as fazem, isto posto,
com o advento do Código Civil de 2002 que trouxe a regulamentação bem como o
reconhecimento jurídico e social da união estável e da família monoparental no âmbito
do direito.
Nesse contexto de transformações na instituição familiar, surgiu a luta pelo
reconhecimento da união homoafetiva, pessoas do mesmo sexo ligadas por um elo
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afetivo que juntas querem formar sua própria família, mas embora não esteja prevista na
Constituição Federal, está amparada pelo princípio fundamental da isonomia e é uma
realidade da sociedade contemporânea que já foi reconhecida pela doutrina e pela
jurisprudência.
Deste modo, pode-se concluir que a instituição familiar evoluiu e continua
evoluindo baseada no relacionamento a partir do afeto. Pois não há mais lugar para a
família patriarcal onde imperava o abuso de poder, a hierarquia, o autoritarismo assim
como a predominância pelo interesse patrimonial.
surpreendentes, que o militar não pode deturpar suas atividades legais e adequadas ao
tratamento condigno a sociedade.
Neste diapasão, as técnicas de abordagens, bem como, os níveis de segurança existem
justamente para balizar a atuação policial nas situações do cotidiano devendo ser usadas de modo
proporcional as situações existentes; mesmo nas condições que evidenciem determinado risco
iminente às atividades de policial, o militar deve considerar o tratamento adequado a cada
demanda para não pecar pelo excesso de força quando se deveria apenas ter um tratamento
educado, ainda que rigoroso.
Afinal, educação faz parte do processo civilizatório de cada povo e não diferente, cada
servidor policial que tem por objetivo servir a sociedade, fomentando a igualdade e o respeito
social, como elementos basilares de suas relações. O policial militar sob os objetivos da
Corporação PMBA, deve ser antes de tudo TÉCNICO no modo de atuar e no modo de relacionar,
visto que, é formado e adquire conhecimento para aplicá-lo na prática da segurança pública,
para todos indistintamente, sem acepções preconceituosas ou de estereótipos predeterminados.
Nesse contexto, convém ressaltar que é uma violação aos Direitos Humanos agir com
intolerância a qualquer grupo, agir com discriminação de qualquer natureza, com ofensa ou
qualquer manifestação de repúdio à homossexualidade e à homoafetividade, sendo passível
de punição conforme a Constituição Federal (CF).
A CF de 1988, em seu artigo 3, inciso XLI, consta que: "constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil: promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação”; combinados com o art. 5º, inciso XLI, que "a lei
punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais".
O trato com grupos de lésbicas, gays, homossexuais, transexuais e afins (LGBTQIA+),
deve ser feito de modo respeitoso, preservando como sentido primário a condição do
indivíduo ser detentor de direitos individuais e comunitários como qualquer outro cidadão.
Cabe ao agente policial considerar sua identidade social em detrimento da biológica, como
Da mesma forma que o policial deve tratar bem a sociedade, não é diferente de seus pares
e da corporação, logo, é inadmissível que um policial militar atue com Assédio Moral em relação
ao seu colega de corporação, visto que as relações interpessoais é a base da filosofia de
convivência na caserna.
Assédio Moral é um fenômeno que se manifesta no trabalho a partir de uma relação
organizacional, através de ações sistemáticas, repetitivas e nocivas de um em relação ao outro
e que atingem a moral e a subjetividade da pessoa trazendo conseqüências grande pressão psicologia
(violência simbólica) atingindo inclusive, sua estima e saúde causando desgaste psicoemocional.
Assédio Moral é toda conduta abusada que se manifesta por palavras, gestos, atos,
escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou
psíquica de uma pessoa, colocando em risco seu emprego ou ainda, influenciando na
degradação do ambiente de trabalho. (HIRIGOYEN, 2001, p. 65).
Não obstante, possui facilidade de se propagar em relações hierárquicas que deixam de
lado as premissas e filosofia das boas relações interpessoais e até de direitos humanos, posto
que ocorrem de modo desumano, sem ética e marcada pelo abuso de poder e manipulação
perversa da relação interpessoal (BARRETO, 2003, p.02), portanto, como versa Valmir Farias
Martins(2007), o Assédio Moral é:
Nesse contexto, o que se deve evitar como modo de prevenir o assédio moral? É
necessário conhecer e identificar as variáveis que levam ao assédio moral, fundando uma
cultura no sentido de rechaçar tais posturas nocivas como: tradições que levam a postura
inflexível diante do outro, de menosprezo e inferioridade. Do perfil de funcional-público de
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✓ O instrutor poderá promover em sala de aula, dinâmicas de grupo para ampliar a interação
entre os componentes do grupo, ampliando e favorecendo a internalização nos discentes, dos
valores da Corporação (educação e trato verbal, respeito, disciplina, espírito de corpo, cooperação,
empatia, entre outros).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS