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Universidade Pùnguè
Tete
2024
Anselma João Mandipezar
Docente: Dr. .
Universidade Pùnguè
Tete
2024
Índice
1. Introdução ..................................................................................................................... 3
_Toc1596741171.1. Objectivos .......................................................................................... 3
1.1.1. Objectivo geral ....................................................................................................... 3
1.1.2. Objectivos específicos ............................................................................................ 3
1.2. Metodologias ............................................................................................................. 3
2. O choque das civilizações na perspectiva de Huntington............................................. 4
2.1. Conceito de civilização segundo Huntington ............................................................ 6
2.2. Fim da História e o Último Homem (Fukuyama)...................................................... 8
2.3. A convergência entre o choque e o fim da história ................................................. 11
Conclusão ....................................................................................................................... 12
Referências Bibliográficas ............................................................................................. 13
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1. Introdução
Como nota introdutória, é importante afirmar que neste trabalho faz-se a análise das
obras dos autores Huntington e Fukuyama, O fim da história (o choque das civilizações) e
(fim da história e o último homem), respectivamente.
Um aspecto não menos importante que vala aqui mencionar é que Francis Fukuyama
escreveu o “Fim da História e o Último Homem” no começo da década de 1990, época em
que o mundo atravessava uma séria crise ideológica. Depois de aproximadamente 70 anos de
avanços, o socialismo começa a perder espaço político para a democracia e o capitalismo.
Por outro lado, Samuel Huntington escreveu inicialmente seu trabalho para a revista
Foreign Affairs. Este trabalho foi de grande repercussão, o que encorajou o autor a
desenvolver o seu livro: “O Choque das Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial”.
Neste livro, Huntington alerta que vários escritores como sociólogos, antropólogos e
historiadores já discorreram sobre o significado de civilização. Segundo ele, nas obras de tais
escritores é possível encontrar tanto diferenças de perspectiva, metodologia, enfoque e
conceitos, como ideias convergentes sobre a natureza, identidade e dinâmica das civilizações.
1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
Analisar as teses de O fim da história segundo Huntington (o choque das civilizações)
e Fukuyama (fim da história e o último homem).
1.2. Metodologias
É sobejamente sabido que métodos constituem caminhos usados para se alcançar
determinados objectivos. Portanto, para o presente trabalho, vale referir que usou-se,
literalmente, o método bibliográfico.
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Na sua obra, percebe-se que o autor esclarece que a sua teoria do choque das
civilizações se preocupa com o conceito de civilização no plural, que é uma definição que
leva em conta o tema do relativismo cultural. Contudo, o autor destaca que a distinção entre o
sentido singular e o plural continua sendo relevante e a ideia de civilização no singular
reapareceu no argumento de que existe uma civilização mundial universal.
De acordo com Hobsbawn (2007, p.33), Huntington elenca sete civilizações e coloca a
existência de uma outra civilização sob suspeita. São elas a Sínica, Japonesa, Hindu, Islâmica,
Ortodoxa, Ocidental e a Latino-Americana. O autor coloca em dúvida a existência de uma
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civilização africana sob a alegação de que “os principais estudiosos de civilização, com
excepção de Braudel, não reconhecem uma civilização africana distinta” (Braudel, 2004,
p.53).
Braudel (2004) explica que apesar de afirmar que “os Estados-nações continuam sendo
os principais atores do relacionamento mundial”, o autor constrói um mapa que não levam em
conta os limites dos Estados, como é o caso da inexistência de um vínculo civilizacional entre
a região do Tibete e a China. Outro exemplo é a linha civilizacional entre a África negra e o
Magrebe africano, que corta diversos países daquela faixa, como o Sudão, o Chade e a
Nigéria.
Por ora, considerando o facto dos limites das civilizações não coincidir com os limites
dos Estados, é plausível afirmar que as reacções contrárias aos valores impostos pelo ocidente
sejam somente localizadas em um determinado grupo social de um país. Este facto abre
espaço para os governos que representam a maioria em detrimento da minoria, não estejam
em harmonia com as intenções dos grupos minoritários no que diz respeito as suas acções
políticas. O bom relacionamento que o governo saudita goza em relação aos Estados Unidos
não foi uma garantia para evitar a construção de movimentos de resistência cultural.
De acordo com a (Revista de História Regional, 2000) para Huntington, as linhas que
dividem as civilizações, embora raramente estejam bem definidas, são reais. As civilizações
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Com isto, pretende-se dizer que as interacções entre pessoas de diferentes civilizações
acentuam a consciência civilizacional que, por sua vez, reforça diferenças e animosidades
surgidas há muito tempo.
b) Os processos de modernização económica e mudança social estariam separando as
pessoas das identidades locais formadas há muito tempo, enfraquecendo a nação-
Estado como fonte de identidade: em boa parte do mundo a religião tomou a si a tarefa
de preencher esse vazio, com frequência na forma de movimentos denominados
fundamentalistas, presentes no islamismo, no hinduísmo, no judaísmo, no budismo, e
também no cristianismo ocidental.
c) As características e diferenças de natureza cultural seriam menos mutáveis e, portanto,
mais difíceis de conciliar e resolver que as diferenças de natureza política e
económica: nos conflitos ideológicos da Guerra Fria a questão-chave era: “De que
lado você está?” As pessoas podiam escolher um lado ou mudar de lado. No conflito
entre as civilizações a questão é: “O que é você?” Isso não pode ser mudado. Até
mesmo mais que a etnia, a religião descrimina as pessoas de maneira drástica e
exclusivista. Uma pessoa pode ser metade francesa e metade árabe, e até mesmo
cidadã de dois países. É mais difícil ser meio católico e meio muçulmano.
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Desta forma, aponta que os conflitos entre as civilizações devem suplantar os conflitos
de natureza ideológica e outras como forma dominante no âmbito global. As relações
internacionais, um jogo historicamente jogado dentro da civilização ocidental, vão se
desocidentalizar cada vez mais; a ponto de tornarem-se um jogo em que as civilizações não-
ocidentais terão participação activa. Os conflitos entre grupos de civilizações diferentes serão
mais constantes, mais longos e mais violentos que os conflitos entre grupos de uma mesma
civilização, e provavelmente a fonte mais provável e mais perigosa de guerras globais.
Fukuyama não se preocupa com o tipo de democracia que está presente como forma de
governo na maioria das nações do mundo. As democracias são diferentes em sua essência,
mais ou menos inclusivas, mais ou menos legítimas e foram baptizadas como poliarquias por
Robert Dahl.
Afirma ainda Fukuyama (1992, p.45) que “o estado totalitário pretendia refazer o
próprio homem [...], mudando a estrutura de suas crenças e valores por meio do controle da
imprensa, da educação e da propaganda.” Desta forma, o principal objectivo era forçar a
crença em seus cidadãos que estes viviam no melhor regime do mundo, e sendo assim,
deveriam desprezar e temer outras formas de governo.
O autor cita como exemplo a URSS, onde os cidadãos aceitavam seu governo pelo
desejo de segurança, ordem e autoridade, além de benefícios extras que o regime soviético
conseguiu através de sua grandeza imperial e status de superpotência. No entanto, estes
regimes fracassam no controle do pensamento humano. Mesmo durante um governo
autoritário, a população conserva sua forma própria de pensar e agir. Após a expectativa e o
deslumbramento inicial, o cidadão percebe que suas necessidades ultrapassam o que o Estado
pode oferecer e que este também não é tão justo quanto parece.
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Não visão de Silva (2010), após o término da Guerra Fria, as barreiras ideológicas
foram suplantadas para o exercício do pleno domínio do liberalismo económico e de
princípios democráticos, colocando em risco padrões culturais ortodoxos vinculados a um
modus vivendi cuja manutenção pode ser entendida como uma forma de perpetuação política.
É o embate entre o ditador e a democracia, entre o campo e a cidade, entre a família
tradicional e a moderna, entre o modo de produção artesanal e industrial e entre a fé e a
ciência.
Ao mesmo tempo, o mesmo processo foi fundamental para que Fukuyama vislumbrasse
o fim da história, mediante a impossibilidade de que outro sistema político económico
surgisse paralelamente ao capitalismo liberal como uma alternativa plausível. Os movimentos
de resistência cultural, que surgem a partir do embate cultural entre o ocidente e culturas
pouco ou não ocidentalizadas, são as consequências do processo descrito por Huntington e
que tiveram em 11 de Setembro de 2001 um dos seus exemplos mais emblemáticos. A
resistência cultural, também para Fukuyama, é a forma que se manifesta na Nova Ordem
Mundial como consequência da globalização e que impede a consolidação da Paz Perpétua.
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Conclusão
Arrolado sobre esses dois grandes autores Huntington e Fukuyama, conclui-se, no
entanto, que o Choque das Civilizações seria o efeito da aculturação ocidental em diversas
culturas, podendo ser mais ou menos conflituoso, sendo as culturas resistentes o grande
empecilho para a consolidação do monopólio político-cultural do ocidente sobre o mundo.
Referências Bibliográficas
Braudel, F. (2004). Gramática das civilizações. São Paulo, Brasil: Martins Fontes.
Fukuyama, F. (1992). O fim da história e o último homem. Rio de Janeiro, Brasil: Rocco.