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A irradiação de alimentos consiste de um tratamento físico no qual há a

exposição dos alimentos, já embalados ou a granel, a uma fonte de radiação


ionizante durante o tempo necessário para se obter as alterações desejáveis,
tais como a inibição de brotamentos, retardo na maturação, redução da carga
microbiana, eliminação de micro-organismos patogênicos, esterilização,
desinfecção de grãos, cereais, frutas e especiarias (COUTO; SANTIAGO, 2010).

A radiação ionizante, técnica de processamento não térmico, vem sendo


aplicada com diversos propósitos. Destaca-se a sua aplicação em alimentos,
área em que se tornou promissora técnica de conservação em combinação ou
substituição ao tratamento térmico. Quando doses controladas são
administradas, as alterações nas características nutricionais e sensoriais do
alimento são mínimas. Além disso, pode ser aplicada em alimentos sólidos e
líquidos já embalados, evitando a recontaminação pós-tratamento (FELLOWS,
2006).

Apesar da aprovação e do controle do emprego da irradiação, diversas


barreiras ainda persistem e impedem que os alimentos irradiados alcancem
completa comercialização. Na verdade, não são barreiras de natureza técnica
ou científica, mas relacionadas ao custo inicial de sua utilização e de aceitação
pelo consumidor. Assim, apesar de cientificamente aceito como excelente
método de conservação de alimentos, o progresso comercial da irradiação tem
sido lento. Interpretações errôneas dos consumidores, que acham difícil avaliar
os benefícios dessa técnica de processamento e a falta de informações ainda
limitam o uso dessa tecnologia (ORNELLAS et al., 2006).

ARTIGO: ALIMENTOS IRRADIADOS COMO UMA ALTERNATIVA NA


CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS: UMA REVISÃO Albiege dos Santos Lima¹,
Laedja Maria Barbosa Ferreira2 , *Maria Emília da Silva Menezes3

Link:http://periodicos.ces.ufcg.edu.br/periodicos/index.php/99cienciaeduc
acaosaude25/article/view/53/pdf_16
Com a radiação, podem ser destruídos insetos, parasitas e alguns
microrganismos presentes nos alimentos. “No caso dos microrganismos, a
radiorresistência é muito diversa, dependendo de muitos fatores, entre os quais
estão a espécie e, inclusive, a cepa considerada.” (ORDÓÑEZ PEREDA e
CAMBERO RODRÍGUEZ, 2005)

Fisiologicamente, a sensibilidade à radiação varia com as fases de


crescimento desses seres microbiológicos. Durante a fase LOG (exponencial),
ela alcança valores máximos, decaindo na fase estacionária, sendo quase
inexistente na fase de declínio. Fungos, geralmente, mostram mais resistência
que as bactérias. Insetos e parasitas (helmintos) também apresentam baixa
resistência a esse tipo de energia.

A capacidade mutagênica dos vírus os torna mais resistentes à irradiação


de um modo geral, deixando-os praticamente imunes às dosagens comerciais
utilizadas. Após anos de estudos sobre radiação, na década de 1960 foi
regulamentada pelo Food and Drug Adminstration (FDA) a irradiação de farinha
de trigo e trigo destinados à alimentação humana. Com o intuito de estender
essa tecnologia a outros alimentos, surgiram, nas décadas de 1980 e 1990,
novos regulamentos sobre o uso de irradiação (LAGUNAS, 1995).

Dentre as vantagens registradas no uso de irradiação em alimentos,


Fellows (2006) menciona a pequena variação de temperatura durante o
processo, poucas diferenciações nas propriedades organolépticas –
semelhantes às ocorridas nos demais métodos de conservação, também a
possibilidade de alimentos embalados e congelados serem irradiados. Devido à
sua automaticidade, a irradiação tem baixo custo operacional. A irradiação
confere a possibilidade de, numa única operação, alimentos frescos serem
conservados, sem a necessidade de inserção de conservantes químicos. Por
causa da elevada sensibilidade dos nutrientes presentes nos alimentos, pouco
energia é dispendida no processamento, mantendo as alterações nutricionais
nos mesmos patamares de outros processos conservativos.

Optar por esse processo requer levar em consideração a eficácia quanto


à destruição de microrganismos, as discretas alterações nas propriedades
organolépticas sofridas, visto que a dosagem comercial não altera
significativamente a qualidade sensorial do produto final e ainda oferece um
produto seguro e próprio para consumo.

ARTIGO: VANTAGENS E DESVANTAGENS DA IRRADIAÇÃO NA


CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS Thaynna Leocádio Trajano Lacerda Sousa1
, Gerlane Souza de Lima2 , Neide Kazue Sakugawa Shinohara3 , Maria do
Rosário de Fátima Padilha4 , Conceição Martins5 , Fábio Henrique Portella
Corrêa de Oliveira6

Link: http://www.eventosufrpe.com.br/2013/cd/resumos/r1144-1.pdf
A crescente demanda do mercado consumidor por produtos de alta
qualidade revela a necessidade da utilização de novas tecnologias de
conservação que propiciem segurança microbiológica na produção, aumentando
a validade comercial, e que ainda proporcionem mínimas alterações
bioquímicas, promovendo a manutenção da qualidade nutricional e sensorial dos
alimentos (LEISTNER & GORRIS, 1995).

Alguns dos métodos propostos atualmente provocam a eliminação ou


diminuição da velocidade de multiplicação de microrganismos e, em alguns
casos, a inativação de enzimas, sem o aumento substancial da temperatura do
produto. Além disso, esses processos promovem poucos danos aos pigmentos,
compostos de sabor e vitaminas e, em contraste com os processos
convencionais que utilizam altas temperaturas, as características sensoriais e
nutricionais originais dos alimentos são mantidas, não havendo perdas
significativas da qualidade do produto fresco (VEGAMERCADO et al., 1997).

A radiação ionizante, na forma de raios gama, é obtida a partir de isótopos


ou, comercialmente a partir de raios x e elétrons sendo aplicada na conservação
de alimentos através da eliminação microbiana ou inibição de alterações
bioquímicas.

Possui vantagens diversas como, geração de pouco ou nenhum


aquecimento, baixo requerimento de energia, podendo conservar alimentos em
uma única operação, possibilita a irradiação de produtos embalados ou
congelados, além de causar alterações no valor nutricional dos alimentos
semelhantes a outros métodos de conservação (FELLOWS, 2006).

O tratamento por irradiação é bem conhecido por assegurar a inocuidade


do produto, porém é capaz de causar mudanças biológicas que podem afetar a
proporcionalidade nutricional do alimento, sendo verificadas alterações na
composição em lipídios, proteínas e vitaminas (GIROUX & LACROIX, 1998). Em
doses comerciais, a irradiação ionizante tem pouco ou nenhum efeito na
digestibilidade de proteínas ou na composição de aminoácidos essenciais. Em
doses mais elevadas, a quebra do grupo sulfidrila de aminoácidos sulfúricos das
proteínas causa alterações no sabor e aroma nos alimentos. Os carboidratos são
hidrolisados e oxidados a compostos mais simples e podem ser
despolimerizados, tornando-se mais suscetível à hidrólise enzimática. Nos
lipídeos o efeito é semelhante ao da auto-oxidação, produzindo hidroperóxidos
que resultam em alterações desagradáveis no odor. Por isso, alimentos com alta
concentração de lipídeos são, geralmente, não indicados ao processo de
irradiação, principalmente com a utilização de altas doses (FELLOWS, 2006).

O sabor característico de irradiado pode ter intensidade mais forte em


carne bovina do que nas carnes de suínos e de frangos, devido aos radicais
livres originados pela água não ligada irradiada, ou pela ruptura de ligações
químicas de proteínas e de lipídios.

Quanto à cor, as alterações surgem em relação à intensidade, onde doses


elevadas de irradiação têm efeito favorável nas proteínas pigmentadas, pois a
mioglobina se toma vermelho brilhante, semelhante ao pigmento oximioglobina,
tornando o produto com coloração mais atrativa (NAM & AHN, 2002).

Quanto à consistência da carne, as radiações promovem o abrandamento


da estrutura por influência do processo de desnaturação da proteína estrutural.
O colágeno irradiado em estado aquoso é solubilizado e, quando seco, fica
retraído (EVANGELISTA, 1994). Com relação ao efeito da irradiação sobre
micronutrientes sabe-se que a vitamina D, a riboflavina e a niacina são bastante
radiorresistentes, mas as vitaminas A, B1, E e K são radiossensíveis
(ORDOÑEZ, 2005).

ARTIGO: Influência das novas tecnologias de conservação sobre os


alimentos de origem animal Carlos A . Conte-Junior, Sergio Mano, R. Franco

Link: https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/38092380/9-
_Novaes_et_al_2012_-
_INFLUENCIA_DAS_NOVAS_TECNOLOGIAS_DE_CONSERVACAO_SOBRE
_OS__POA-with-cover-page-v2.pdf?Expires=1645706170&Signature=C1-
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O desenvolvimento de inovações tecnológicas que preconizem preservar


o meio ambiente, propiciar o equilíbrio entre a produção e o consumo de
alimentos têm ganhado espaço no território científico e alimentar. A tecnologia
de irradiação nos alimentos possui grande efetividade atuativa e permite
benéficos aos consumidores visto que minimiza as perdas alimentares;
proporciona um aumento no tempo de comercialização de frutas, verduras e
hortaliças; e substitui o uso de aditivos químicos.

ARTIGO: IRRADIAÇÃO DE ALIMENTOS: UMA REVISÃO


INTEGRATIVA DA LITERATURA

Link: http://repositorio.ifpi.edu.br:8080/jspui/handle/123456789/1016

Durante a primeira entrevista 54% dos entrevistados utilizam ou


utilizariam produtos ionizados enquanto 46% rejeitaram sua utilização. Sendo o
percentual de aceitação maior entre o grupo de homens (59% do total de
homens) do que o de mulheres (51% do total de mulheres). Foi observado
também que a renda familiar e a escolaridade influem na melhor aceitação dos
produtos irradiados. Quanto maior a renda e maior o grau de instrução dos
entrevistados, maior era o grau de aceitação aos produtos e ao processo de
irradiação. Também foi aferido se os entrevistados entendiam o processo de
irradiação e somente 20% dos entrevistados declararam ter realmente algum
conhecimento sobre o processo de irradiação.

Embora quando questionados sob as formas de identificar um alimento


conservado por ionização, esse número diminua para 14% dos entrevistados.
Em segunda entrevista, agora somente com o grupo de rejeição e após serem
sanadas as dúvidas sobre o processo e sua segurança, 86% desse grupo
passaria a utilizar os produtos ionizados. É fato que o mercado consumidor está
cada vez mais rigoroso na escolha de seus alimentos e os processos de
conservação não podem ficar para trás necessitando fornecer a esse mercado
tecnologias que supram suas necessidades mantendo o alimento em condições
desejáveis.

Não foi constatado em momento algum um preconceito direto contra o


processo e sim contra as idéias errôneas que existem sobre a irradiação, prova
disso é o estudo realizado com os 51 consumidores do grupo de experimento.
Assim, fica claro que a falta de informação e os mitos criados em volta da
irradiação de alimentos são os principais fatores limitantes de sua utilização em
maior escala em Recife (e por seqüência no país).

ARTIGO: Atitude dos Consumidores Recifenses Em Relação a


Alimentos Irradiados Pedro Ângelo Pinheiro de Freitas¹, Marília Alves Marques
de Souza ², Evanir de Araújo Santos³, Natália de Moraes Santana4 , Ana
Carolina da Silva Oliveira 5 , Rosália Torres6 , Anderson Bezerra Campos7 , Luiz
Ricardo dos Santos Silva 8 , Maria do Rosário de Fátima Padilha 9 , Neide Kazue
Sakugawa Shinohara 10

Link: http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/R1442-
2.pdf

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