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Língua Portuguesa

Literatura para quê?

1o bimestre – Aula 7
Ensino Médio
● Poema – marcas do gênero; ● Identificar características do
gênero literário poema;
● Contexto de produção de
texto literário. ● Estabelecer relações entre o
contexto histórico-social do
texto, atribuindo significados
após leitura crítica.
Virem e conversem
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio 1. Podemos dizer que o texto ao lado é
um poema, mesmo com a temática
Que pena!
nele abordada? Por quê?
Fosse uma manhã de sol
2. Que período histórico é retratado?
O índio tinha despido
O português.
ANDRADE, O. Obras completas. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1972. v. 6-7.

5 MINUTOS
1. Podemos dizer que o texto ao lado é um poema,
Correção mesmo com a temática nele abordada? Por quê?
Quando o português chegou Sim, pois não é a temática que define um texto
Debaixo duma bruta chuva como um poema, mas a presença de versos, a
Vestiu o índio concisão e a expressividade na linguagem, além do
Que pena! uso de metáforas e a busca por transmitir
Fosse uma manhã de sol sentimentos ou reflexões de forma mais subjetiva.
O índio tinha despido 2. Que período histórico é retratado?
O português. O período de descobrimento e/ou colonização do
Brasil, considerando a referência ao encontro
entre portugueses e índios.
ANDRADE, O. Obras completas. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. v. 6-
7.
6 MINUTOS
Essa negra Fulô (Jorge de Lima)
Ora, se deu que chegou
(isso já faz muito tempo) Essa negra Fulô
no banguê¹ dum meu avô Essa negrinha Fulô!
ficou logo pra mucama
uma negra bonitinha,
pra vigiar a Sinhá,
chamada negra Fulô. pra engomar pro Sinhô!

Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!
[...] [...]
¹banguê: Propriedade rural com canaviais. Continua...
O Sinhô foi ver a negra
levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa, Cadê meu lenço de rendas,
O Sinhô disse: Fulô! Cadê meu cinto, meu broche,
(A vista se escureceu Cadê o meu terço de ouro
que nem a negra Fulô). que teu Sinhô me mandou?
Ah! foi você que roubou!
Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ah! foi você que roubou!
Ó Fulô! Ó Fulô!
Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!

Continua...
O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
Ó Fulô! Ó Fulô!
A negra tirou a saia
Cadê, cadê teu Sinhô
e tirou o cabeção¹,
que Nosso Senhor me mandou?
de dentro dele pulou
Ah! Foi você que roubou,
nuinha a negra Fulô.
foi você, negra fulô?
Essa negra Fulô! Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Jorge de Lima. Poesia completa. 2. ed.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
¹cabeção: parte superior da camisa, no traje típico das baianas.
Mostre-me

Após a leitura do texto, respondam às questões:


1. Como o narrador descreve a negra Fulô no início do texto?
2. Quais são as responsabilidades atribuídas à negra Fulô no decorrer
do texto?

10 MINUTOS
Correção
1. Como o narrador descreve a negra Fulô no início do texto?
A Negra Fulô é descrita como "uma negra bonitinha" que chegou no
banguê do avô do narrador há muito tempo.

2. Quais são as responsabilidades atribuídas à negra Fulô no decorrer do


texto?
A Negra Fulô, ao longo do texto, é designada como mucama, encarregada
de vigiar a Sinhá e de realizar tarefas como engomar para o Sinhô.
Jorge de Lima (1895-1953), autor que pertence à
segunda geração modernista (1930-1945), foi um
renomado poeta, médico e político brasileiro, nascido em
Alagoas. Sua obra poética é marcada por uma fusão de
elementos regionais, espiritualidade e experimentação
formal.
Dentre suas contribuições à literatura, destaca-se o
poema “Essa negra Fulô”, que integra o livro Poemas
negros (1947). Nessa obra, Jorge de Lima mergulha nas
raízes da cultura afro-brasileira, explorando temas como
a ancestralidade, a diversidade étnica e a espiritualidade.
3 MINUTOS
"Essa negra Fulô" é um poema que exalta a beleza e a força da mulher
negra, resgatando a herança cultural africana. Através de uma linguagem
poética rica, o autor descreve a negra Fulô como símbolo de resistência,
sensualidade e memória histórica. O poema transcende o individual,
conectando-se a uma dimensão coletiva da experiência negra no Brasil.
3. A linguagem utilizada no texto contribui para transmitir a atmosfera
da narrativa ao:
a) usar termos técnicos.
b) utilizar gírias contemporâneas.
c) empregar uma linguagem coloquial e regional.
d) utilizar um vocabulário formal.
4. Como é a relação entre a negra Fulô e o Sinhô, conforme descrito no
texto? Justifique.
a) Amorosa.
b) Paternal.
c) Amigável.
d) Conflituosa.
Correção
3. A linguagem utilizada no texto contribui para transmitir a atmosfera da
narrativa ao:
a) usar termos técnicos.
b) utilizar gírias contemporâneas.
c) empregar uma linguagem coloquial e regional.
d) utilizar um vocabulário formal.
4. Como é a relação entre a negra Fulô e o Sinhô, conforme descrito no texto?
Justifique. O texto apresenta uma crítica social ao abordar a relação
a) Amorosa. entre o Sinhô e a negra Fulô quando ela é acusada de
b) Paternal. roubar pertences da família e, principalmente, ao aludir
c) Amigável. aos favores sexuais que a moça precisa se submeter para
d) Conflituosa. não ser castigada. Essa situação levanta questões sobre
escravidão no Brasil, desigualdade, poder e exploração.
Agora que vocês analisaram o poema, reflitam:
Fulô é acusada de roubar lenço, cinto, broche, terço de ouro, perfume. Na
sua opinião, Fulô estaria realmente roubando os pertences da Sinhá?
Tanto em caso afirmativo quanto negativo, levantem hipóteses sobre por
que isso estaria acontecendo.
Correção
Agora que vocês analisaram o poema, reflitam:
Fulô é acusada de roubar lenço, cinto, broche, terço de ouro, perfume. Na sua
opinião, Fulô estaria realmente roubando os pertences da Sinhá? Tanto em caso
afirmativo quanto negativo, levantem hipóteses sobre por que isso estaria
acontecendo.
As duas possibilidades existem. Como Fulô é vaidosa, ela pode estar
roubando esses objetos de Sinhá para ficar bonita e seduzir o Sinhô. Outra
leitura é Sinhá acusar a negra por ciúme, para que ela seja castigada.
Outra possibilidade, ainda, é o Sinhô estar roubando os objetos da esposa
para poder “castigar” a moça sozinho, uma vez que, ao final do poema, a
Sinhá afirma que o Sinhô havia sumido do engenho, mas, na verdade, o mais
provável é que ele tenha se afastado da Sinhá, pelo fato de estar se
relacionando com Fulô.
● Identificamos características do gênero
literário poema e estabelecemos relações
entre o contexto histórico-social do texto,
atribuindo significados após leitura crítica.
ANDRADE, O. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. v. 6-7.
APRENDER Sempre, 2022. Caderno do Aluno, Língua Portuguesa, 3a série EM, v. 1.
BANGUÊ. In: DICIONÁRIO PRIBERAM da Língua Portuguesa. Disponível em:
https://dicionario.priberam.org/bang%C3%BC%C3%AA. Acesso em: 4 dez. 2023.
CABEÇÃO. In: DICIONÁRIO PRIBERAM da Língua Portuguesa. Disponível em:
https://dicionario.priberam.org/cabe%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 4 dez. 2023.
JORGE de Lima, anos 1940. Wikimedia Commons. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?title=File:Jorge_de_Lima,_anos_1940.tif&oldid=66665334
0. Acesso em: 4 dez. 2023.
LIMA, Jorge de. Poesia completa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo Paulista do Ensino Médio. São Paulo: SEE, 2020.

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