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ORIENTAÇÃO TÉCNICA Nº 9449

UNIDADE SECRETARIA DE ESTADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E


ORÇAMENTÁRIA: CIDADANIA
INTERESSADO: Marcos Alexandre Pereira Stocco
ASSUNTO: 2 - Fase Interna - Licitação

Trata-se de Orientação Técnica emitida em resposta à consulta realizada por meio do Canal
Pergunte à CGE, a fim de obter esclarecimentos acerca do assunto abaixo transcrito:

Consulta

Boa tarde. O Dec 1.525/2022 em seu Art 73, dispõe que em todas as licitações do Estado,
deverão ser aplicados os benefícios da Lei Comp Est 605/2018, para as Me e EPP. Já o
inciso I, do § 1º do Art. 4º da Lei Federal 14.133, dispõe que não se aplicam os benefícios da
Lei Complementar 123/2006 quando o valor da licitação for superior ao faturamento das
EPPs, no caso R$ 4.900.000,00 Ocorre que, os benefícios da lei 123 e da 605 são
exatamente os mesmos. Em uma licitação, por exemplo, no valor de 6 milhões, pela 14.133
eu não deveria aplicar os benefícios e as ME, EPP participariam como se fossem empresas
de grande porte, porém, pelo Dc. 1525, eu deveria aplicar os benefícios. A questão é,
poderia aplicar os benefícios e justificar que não estaria desrespeitando a 14.133 uma vez
que ela veda o uso dos benefícios da 123/2006 e não da 605/2018 e são esses que estou
usando? Afinal, ainda que sejam os mesmos, são instrumentos legais diferentes. É correto
esse entendimento ou não devo aplicá-los, já que, mesmo sendo instrumentos diferentes,
dispõe sobre os mesmos benefícios que a 14133 veda?

Orientação

1. Durante a vigência da Lei nº 8.666/1993, firmou-se compreensão de que, ainda que o


valor estimado da licitação fosse superior ao limite para enquadramento como empresa de
pequeno porte, esse fato, por si só, não impedia a licitante que possuísse esse status no
momento da licitação se valesse da preferência e dos demais benefícios previstos na Lei
Complementar nº 123/2006.

2. No Acórdão nº 2.862/2018, o Plenário do TCU avaliou Representação que envolvia


licitação com valor estimado em R$ 77.898.000,00, na qual, valendo-se do direito de
preferência previsto nos arts. 44 e 45 da Lei Complementar nº 123/2006, licitante

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enquadrada na condição de empresa de pequeno porte foi declarada vencedora, sem
qualquer apontamento de eventual irregularidade relativa ao exercício desse direito em
razão do valor estimado da contratação.

3. Contudo, de acordo com o disposto nos incisos I e II do § 1º do art. 4º da Lei nº


14.133/2021, essa orientação sofreu modificação.

4. Isso porque, os aludidos dispositivos deixam claro não se aplicar as disposições


constantes dos arts. 42 a 49 da Lei Complementar nº 123/2006 no caso de licitação
para aquisição de bens ou contratação de serviços em geral, ao item cujo valor
estimado for superior à receita bruta máxima admitida para fins de enquadramento
como empresa de pequeno porte .

5. Da mesma forma, ocorrerá no caso de contratação de obras e serviços de


engenharia , às licitações cujo valor estimado for superior à receita bruta máxima admitida
para fins de enquadramento como empresa de pequeno porte.

6. A Lei Complementar 605/2018, regulamenta o tratamento diferenciado, favorecido e


simplificado a ser dispensado às microempresas, às empresas de pequeno porte e aos
microempreendedores individuais, no âmbito estadual, em conformidade com as normas
gerais previstas na Lei Complementar Federal nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

7. Nesse sentido, uma vez que existe vedação expressa a tratamento diferenciado à
Licitações que ultrapassem ao limite imposto no art. 4º, I, da Lei 14.133/2021, cujo
fundamento seja a Lei Complementar 123/2006, em tese, tem-se que tal vedação alcançaria
também aos efeitos da Lei Complementar 605/2018, uma vez que está regulamenta os
dispositivos daquela Lei Complementar.

8. Assim, em que pese o Decreto 1525/2022, seja silente, em relação à vedação imposta
pela Lei 14.133/2021, entende-se em um primeiro momento, permanecer a vedação imposta
pelo dispositivo federal que dispõe sobre as normas gerais de licitação.

9. Isso porque o Decreto 1525/2022, não pode legislar sobre normas gerais de licitação, cuja
competência é privativa da União.

10. Entretanto, como se trata de conflito aparente de normas, recomenda-se que a consulta
seja distribuída ainda, ao jurídico da unidade para emissão de parecer sobre tema.

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São as orientações.

Cuiabá, 21 de Junho de 2023

Anderson Andrey Paes Escobar

Auditor do Estado

Breno Camargo Santiago

Superintendente de Avaliação e Consultoria de Gestão Sistêmica

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