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Os Porquês Da Felicidade e Da Tristeza

0.1 – O tempo perdido.


— Essa será nossa primeira e última dança Mariah, como você se sente?

O silêncio toma conta da sala, Mariah pega na mão de Felipe e pergunta com uma evidente
tristeza no olhar.

— Por que nossa última dança?

Eles começam a girar lentamente pelo local, desviando de sofás e tevês, qualquer coisa que
poderia atrapalhá-los.

— Vou te responder duas perguntas ao invés de uma... — Ele faz uma pausa na sua oratória
para observar as feições de sua amada contra a luz da lua que entrava pelas frestas das altas janelas
da sala.

Mariah sente algo indescritível para ela, um sentimento novo, a mistura da nostalgia, da
ansiedade, do amor e da perda. Suas pernas perdem o ritmo que antes estava harmônico.

— Essa é nossa primeira dança porque nunca tive a coragem de ser verdadeiro comigo mesmo
e nossa última porque temos de seguir nossos rumos. — Ao final da dança Felipe abre um sorriso no
rosto. — Foi tudo incrível e mesmo me arrependendo, eu não mudaria nada, negar o meu erro é
negar minha própria existência, sou fruto dele.

Gotas envergonhadas escorrem pelo rosto da garota, mas um enorme sorriso é mostrado logo
em seguida.

— Então me prometa... me prometa que não irá errar novamente, que pelo menos assim
poderei ser feliz mesmo distante.

Os dois se aproximam, quase em um abraço, e começam a dançar uma última vez.

— Eu prometo.

Mas ele mentiu.

0.2 – O Vazio
— Marcos, você crê em Deus?

O garoto dá uma leve assustada com uma pergunta tão direta vinda de seu amigo.

— Eu não cara, você sabe disso.

Seu amigo Iago traga levemente o cigarro que estava em sua mão e volta a falar.

— Você nunca me disse por qual motivo você não acredita em Deus.

— Ah, sei lá mano. — Marcos engole forte sua cerveja medíocre após se sentir pressionado.
— Deus é algo tão lindo, não sei por que alguém escolheria não acreditar nele, pensar que tem
alguém zelando por você, criando um mundo mágico e perfeito, parece ser tão confortável ir para o
céu e até mesmo para o inferno, o nada é uma merda. — Diz Iago enquanto descansa a cabeça na
mesa e olha para o céu estrelado — Você nunca se sentiu vazio ao tentar abraçar o nada? Saber que no
fundo as coisas são tão caóticas e sem um sentido maior, parece perder o sentido.

Os pelos de Marcos se arrepiam, ele nunca tinha sentido esse vazio.

Iago volta a falar.

— Espero um dia acreditar em Deus.

Essas palavras ecoam pelo ambiente, mas principalmente pela mente de marcos

— Eu acho que na verdade acredito um pouco nele, por isso nunca senti esse vazio em
específico, mas você não acha que pode ser mais forte se conseguir abraçar o nada?

— Deus me livre. — Ele solta um sorriso amargurado.

Ele sempre achou.

0.3 — O medo de si
“Eu escrevo, escrevo, escrevo, mas não finalizo um projeto”, esses pensamentos pairavam
todos os dias pela cabeça de João. Sempre ao decorrer dos dias ele tinha uma inspiração diferente que
o dava motivos para escrever, frequentemente estava animado e sonhador com seus projetos, toda
semana era uma escrita diferente, mas ele tinha um problema, mais de um na verdade, João nunca
conseguia dar continuidade a um projeto, ele sempre apaga tudo o que escreve, nunca está bom o
suficiente para si mesmo.

“Não sei se quero escrever sobre isso”, é o que ele pensava de qualquer ideia que envolva
expor seus reais sentimentos de forma tão explícita. “Meu problema é de continuidade”.

Ele se engana demais, mas as coisas vão mudando de pouco a pouco, dê tempo ao garoto, um
dia vai amadurecer.

— Espero que sim.

0.4 — Os olhos dela


“Aqueles olhos, parecem que querem me prender e nunca mais soltar, são tão lindos que é
possível ver o universo inteiro dentro deles, o universo de possibilidades que talvez nunca existam,
entretanto só de pensar, já é o suficiente.”

— Nossa, eu adoro seu estilo Alexi, você é até que bonitinho.

Essas palavras, tão simples, poderiam ter vindo de qualquer boca, mas as da dela causavam
mais impacto, a concepção da realidade é constantemente alterada para realçar a importância daquela
garota para ele.

Ele também fazia sua parte no jogo.


— Você deveria agradecer todos os dias por ter me conhecido viu — diz sorrindo enquanto
olha no fundo dos olhos dela.

Ela gargalha levemente entrando no jogo.

— Deveriam ser posições contrárias garoto, sonha com isso vai — Ela deixa escapar um pouco
de sinceridade de seus lábios — Mas... sabia que eu voltei mais cedo do meu compromisso só para te
ver?

A partir desse momento eles trocaram mais ideias, ficaram algumas vezes, se despediram e
por fim se separaram, pois ele iria viajar por 2 meses. Pararam de conversar.

Ainda assim, todo dia o garoto pensa se aquilo que sentiu era real, se quando ele voltasse as
coisas seriam como esperava, ele gostaria de descobrir mais coisas dessa pessoa, entender mais sobre
sua vida.

Será isso amor? (não)

0.5 — Obsessão
— Cara, eu amo tanto ela, não sei como vou viver sem isso. Sério, sinto constantemente que
vou morrer.

Seu amigo preocupado, mas cínico ao mesmo tempo, levanta uma de suas sobrancelhas e se
vira para a carteira ao lado.

— Será?

— Será? Como assim? Como você pode negar que eu a amo dessa forma, nunca sofri tanto na
minha vida, nunca me humilhei assim por alguém — As lágrimas escorrem pela face de Thiago, o
garoto chorão.

Tentando confortar o colega melancólico, Davi, o amigo cínico, apoia sua mão nos ombros de
Thiago e continua os questionamentos.

— Você queria terminar com ela não é mesmo?

— Isso já faz tempo, eu me arrependi.

— Válido, entretanto sempre que você estava no controle da situação esse sentimento voltava,
não é mesmo? — Ele olha com dó para o amigo — Sempre repensava se era isso mesmo que queria,
então ela saia do seu controle de novo e você se desesperava, assim como agora.

As palavras atravessam Thiago como o vento, entrando por uma orelha e saindo por outra.

— Cara, você não consegue entender, só eu sei o que eu sinto, faria de tudo por ela, pararia de
ir em todas as festas, DE TUDO!

— Pararia por uma semana. Você sempre a enrolou por meses em um relacionamento frágil e
defeituoso.
— Não acredito que um amigo possa falar coisas tão cruéis, você deveria ser uma mudança de
perspectiva ambulante.

— Eu serei sempre que você precisar, agora o que sua mente necessita mesmo é da realidade.
— Ele abraça o amigo — Você foi tóxico e agora apenas está obcecado pela posse dela, você realmente
gosta dela, só que não é sobre ela, é sobre a ter.

Thiago se cai em lágrimas, elas são verdadeiras, os motivos não.

Ela não o pertence mais

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