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Universidade Federal de Itajubá

Arthur Miguel Cunha e Silva

Modelos análogos em eletrodinâmica não linear

Relatório final
Programa: PIBIC/UNIFEI
Orientador: Dr. Eduardo Henrique da Silva Bittencourt

Itajubá
2023
AGRADECIMENTOS

A.M.C.S. agradece a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) pelo apoio financeiro (PIBIC-
UNIFEI) e oportunidades que me proporcionaram ao longo deste percurso tornando possível a
realização dessa pesquisa.
RESUMO

Começamos por analisar os tensores de Maxwell em um espaço com 3+1 dimensões, encon-
trando suas equações de movimento correspondentes. De modo a colocá-las numa forma mais
familiar, introduzimos uma classe de observadores que decompõe o espaço quadridimensional
em 3 dimensões espaciais, através do tensor de projeção, e do próprio campo de observadores,
que nos fornece a componente temporal das equações. No caso de meios materiais, existem
tensores especiais que caracterizam a resposta do meio a campos externos, deixando a análise
da óptica geométrica um pouco mais complicada, uma vez que a luz não seguirá mais linhas
retas no espaço plano. Aplicando o chamado método de Hadamard nas equações de Maxwell
no interior do dielétrico, obteremos exatamente a chamada métrica óptica efetiva (FONSECA,
2018) e (PRADO, 2022).
Palavras-chave: Eletrodinâmica não linear; Métrica efetiva; Método de Hadamard.
LISTA DE SÍMBOLOS

(x, y, z) Coordenadas cartesianas


∂ ∂ ∂
∇ Operador nabla. Em componentes: ∇ = x̂ ∂x ŷ ∂y ẑ ∂z

A ⃗
Vetor arbitrário tridimensional A
∇·A ⃗ Divergente do vetor A ⃗
∇×A ⃗ Rotacional do vetor A ⃗
⃗x
A Componente em x do vetor A ⃗
⃗y
A Componente em x do vetor A ⃗
⃗z
A Componente em x do vetor A ⃗
Aµ Vetor contravariante
Aµ Vetor covariante
∂µ ou ,µ Derivada parcial com relação a xµ , ∂x∂ µ
∂µ Derivada parcial com relação a xµ , ∂x∂ µ
Sumário
1 INTRODUÇÃO · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 6

2 OBJETIVOS PROPOSTOS E JUSTIFICATIVA· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 7

3 REFERENCIAL TEÓRICO · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 8
3.1 Vetores Contravariantes · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 8
3.2 Vetores Covariantes · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 8
3.3 Tensor · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 8
3.4 Métrica · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 9
3.5 Levantamento e abaixamento de índices· · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 9
3.6 Os tensores e as equações de Maxwell · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 10
3.7 O tensor de projeção · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 11

4 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 12


4.1 Relações constitutivas do meio · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 12
4.2 Propagação do campo eletromagnético em um meio dielétrico não-linear simples 12

5 RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 14


5.1 Método de Hadamard · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 14
5.2 Métrica efetiva · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 14

6 CONCLUSÕES · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 17

7 REFERÊNCIAS · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 18
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1 INTRODUÇÃO

A eletrodinâmica estuda as interações entre cargas elétricas e campos elétricos e magnéticos.


Desde a formulação das leis de Maxwell no século XIX, a eletrodinâmica linear tem sido a base
para a compreensão e a previsão de inúmeros fenômenos elétricos e magnéticos que ocorrem em
nosso universo. As equações de Maxwell, que descrevem a propagação das ondas eletromagné-
ticas, é um exemplo dessa abordagem linear. No entanto a forma linear dessa teoria é limitada e
não permite analisar com completa exatidão sistemas que fogem da abordagem linear. Então a
fim de deixar a teoria mais robusta fora introduzida a eletrodinâmica não linear para estudos de
casos que uma teoria linear não consegue explicar, um exemplo claro que será abordado são os
efeitos não lineares em um material dielétrico, uma teoria clássica é incapaz de trazer a riqueza
de informações e resultados de um fenômeno como esse quando comparado a teoria não linear
da eletrodinâmica. E a partir da teoria não linear será encontradas geometrias específicas no di-
elétrico com assinaturas na métrica óptica bem definidas que futuramente podem ser utilizadas
para trabalhar em modelos análogos a efeitos cosmológicos e gravitacionais.
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2 OBJETIVOS PROPOSTOS E JUSTIFICATIVA

O desenvolvimento desse projeto tem como objetivo estudar a eletrodinâmica de Maxwell den-
tro de um meio material dielétrico e, posteriormente, obter a métrica óptica associada no limite
da óptica geométrica (NOVELLO & GOULART, 2010). Uma vez obtida tal métrica, e devido
às suas propriedades geométricas, é possível utilizá-la para imitar em laboratório, a princípio, a
cinemática de curvas do tipo-luz de soluções da teoria da relatividade geral. Esta é uma área de
pesquisa bastante ativa recentemente, denominada modelos análogos da gravitação.
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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Vetores Contravariantes


Ao analisarmos uma variação infinitesimal de uma partícula em um sistema, é possível en-
contrar sua variação em um sistema de coordenadas que se deseja analisar, por exemplo, um
sistema de coordenadas definido por xµ em que µ é um índice que varia de 0 a 3, sendo respec-
tivamente as coordenadas temporal e as espaciais, podemos ver que uma variação infinitesimal
dxµ de uma partícula xµ pode ser diferenciada na sua função e transforma-la na representação
do sistema de coordenadas xµ . Com isso obtemos a seguinte representação:
3 3
α
X ∂f α ν
X ∂xα
dx = dx = dxν (1)
ν=0
∂xν ν=0
∂xν
A equação (1) representa o relacionamento de diferencial de coordenadas entre sistemas
coordenadas, podemos assim estender a qualquer sistema em que uma grandeza se transforma
dessa maneira sem perder seu significado. Dessa forma um conjunto ξ α que preserva o mesmo
α
comportamento na mudança de coordenadas para um novo conjunto ξ é um vetor contravari-
ante, que é representado na forma:
3
α X ∂xα
ξ = ξν (2)
ν=0
∂xν
∂xα
Veja que o termo ∂xν
representa a Jacobiana da transformação do sistema de coordenadas.

3.2 Vetores Covariantes


Imaginemos uma função escalar ϕ(xµ ), queremos saber como esse escalar varia num novo
∂ϕ
sistema de coordenadas xµ , ou seja, desejamos entender o comportamento de ∂x µ , para isso é
µ
necessário variar o escalar nas coordenadas x através de uma regra da cadeia de tal forma que:
3
X ∂xν ∂ϕ
∂ϕ
= (3)
∂xµ ν=0
xµ ∂xν
Veja que as derivadas podem corresponder a qualquer outro sistema de coordenadas como
ρµ em relação a outro sistema do tipo ρµ . Com isso obtemos a lei de transformação de vetores
covariantes denotada por:
3
X ∂xν
ρµ = ρν (4)
ν=0
∂xµ
Um vetor covariante então é definido por um ρα que obedece a lei de transformação denotada
por (4). Veja que nesse caso a lei de transformação segue a Jacobiana inversa da transformação
∂xν
∂xα
.

3.3 Tensor
A junção e generalização dos objetos contravariantes e covariantes é denominada como ten-
sor, ou seja qualquer função que obedeça a transformação da matriz jacobiana tanto para ín-
dices contravariantes e covariantes é um tensor, e podemos denomina-lo como um tensor s-
contravariante e r-covariante, melhor dizendo um tensor de grau (s,r):
9

3 3 X
3 3
µ1 µ2 ...µs X X X ∂xµ1 ∂xµs ∂xβ1 ∂xβr α1 α2 ...µs
T ν1 ν2 ...νr = ... ... α1
... αs β1 ... βr T β1 β2 ...βr (5)
α=0 αs =0 β1 =0 β =0
∂x ∂x ∂x ∂x
r

Veja que na equação (5) os índices se repetem nas grandezas de forma seguirem um padrão
de tal forma que se vinculam a soma, com isso podemos omitir a notação de soma e simples-
mente representar a soma quando os índices estão se repetindo em cima e em baixo do tensor,
como evidenciado em (5), essa notação é chamada de Convenção de Einstein. Dessa forma a
equação (5) se reduz em:

µ1 ...µs ∂xµ1 ∂xµs ∂xβ1 ∂xβr α1 ...αs


T ν1 ...νr = ... ... T β1 ...βr (6)
∂xα1 ∂xαs ∂xβ1 ∂xβr

3.4 Métrica
A métrica é um objeto que fornece informações sobre a geometria de uma variedade que está
sendo analisada, ou seja, a métrica é uma espécie de "régua"para o espaço que estamos anali-
sando permitindo analisar e medir tempo e espaço para uma dada geometria espacial. A infor-
mação de uma espaço quadridimensional é bem representada por:

(ds)2 = (dx0 )2 − (dx1 )2 − (dx2 )2 − (dx3 )2 (7)


sendo os coeficientes que multiplicam cada diferencial são os contribuidores do elemento
total, ou seja, esses elementos são as grandezas físicas que acompanham os diferenciais são
chamados de métrica. Reescrevendo a equação (7) da seguinte forma,

(ds2 ) = (1)(dx0 )(dx0 ) + (−1)(dx1 )(dx1 ) + (−1)(dx2 )(dx2 ) + (−1)(dx3 )(dx3 ) (8)

veja que podemos reescrever os termos da seguinte forma:



 ηµν = 1, se µ = ν = 0
ηµν = ηµν = −1, se µ = ν = 1, 2, 3 (9)
ηµν = 0, se µ ̸= ν

Dessa forma podemos definir uma métrica plana no sistema cartesiano, com as assinaturas
dadas por (9), chamamos essa métrica de Minkowski:
 
1 0 0 0
0 −1 0 0
ηµν = 
0 0 −1 0 
 ou ηµν = diag(1, −1, −1, −1) (10)
0 0 0 −1

3.5 Levantamento e abaixamento de índices


Seja um vetor contravariante ξ ν , é possível contraí-lo com ηµν , ou seja, ’abaixar’ seu índice
realizando a seguinte operação:

ξµ = ηµν ξ ν (11)
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Como a matriz ηµν é não degenerada, ou seja, possui uma inversa η µν , tal qual η µν ηµϕ = δϕν ,
em que δ é chamado de delta de Kronecker que assume valores igual a um quando os índices são
iguais e zero quando os índices são diferentes, ou seja, a delta de Kronecker é representada por
uma matriz inidentidade em qualquer sistema de coordenadas. Sendo assim podemos definir o
levantamento de um índice utilizando a matriz inversa η µν da seguinte forma:

ξ µ = η µν ξν (12)
Com o mesmo raciocínio podemos definir o quadrado da norma de um vetor por:

ξ 2 = ξµ ξ µ = ηµν ξ µ ξ ν = η µν ξµ ξν (13)
Com isso podemos realizar a eletrodinâmica segundo Maxwell em uma linguagem que in-
depende do sistema de coordenadas.

3.6 Os tensores e as equações de Maxwell


O objetivo nessa seção é achar as equações de Maxwell para o eletromagnetismo utilizando
os tensores do eletromagnetismo, ou seja, queremos achar as equações ∇ ⃗ ·E ⃗ = ρ, ∇
⃗ ·B ⃗ =
0, ∇ × B ⃗ = (⃗j + E)
1 d ⃗ , ∇
⃗ ×E ⃗ = − B,
1 d ⃗ através dos tensores do eletromagnetismo.
c dt c dt
Primeiramente vamos introduzir o tensor do eletromagnetismo de Maxwell e seu dual, e através
dos dois objetos iremos descobrir as equações de Maxwell. Seja o tensor do eletromagnetismo
dado por:  
0 Ex Ey Ez
−Ex 0 Bz −By 
F µν =  −Ey −Bz
 (14)
0 Bx 
−Ez By −Bx 0
O tensor dual dado por:
 
0 −Bx −By −Bz
µν Bx 0 Ez −Ey 
F =
By −Ez
 (15)
0 Ex 
Bz Ey −Ex 0
E ainda o quadrivetor de corrente dado por:

j µ = (ρ, ⃗j) (16)


Em que ρ é a permissividade elétrica no vácuo. Sendo assim podemos deduzir as equações
de Maxwell realizando as seguintes operações:

∂ν F µν = j µ (17)
µν
∂ν F = jµ (18)
Realizando as operações para µ = 0,1,2,3: µ = 0

∂ν F 0ν = j 0 (19)

∂0 F 00 + ∂1 F 01 + ∂2 F 02 + ∂3 F 03 = j 0 (20)
∂Ex ∂Ey ∂Ez
0+ + + =ρ (21)
∂x ∂y ∂z
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Da equação (21) vemos a noção de rotacional de um campo elétrico, sendo assim portanto
chegamos na Lei de Gauss:
⃗ ·E
∇ ⃗ =ρ (22)
µ=1
∂ν F 1ν = j 1 (23)
∂0 F 10 + ∂1 F 11 + ∂2 F 12 + ∂3 F 13 = j 1 (24)
∂Ex ∂Bz ∂By
− +0+ − = jx (25)
∂t ∂y ∂z
µ=2
∂ν F 2ν = j 2 (26)
∂0 F 20 + ∂1 F 21 + ∂2 F 22 + ∂3 F 23 = j 2 (27)
∂Ey ∂Bz ∂Bx
− − +0+ = jy (28)
∂t ∂x ∂z
µ=3
∂ν F 3ν = j 3 (29)
∂0 F 30 + ∂1 F 31 + ∂2 F 32 + ∂3 F 33 = j 3 (30)
∂Ez ∂By ∂Bx
− + − + 0 = jz (31)
∂t ∂x ∂y
Agora somando as equações (25),(28) e (31), vamos obter o divergente do campo magnético
e por consequência a lei de Ampére Maxwell:

∇×B ⃗ = 1 (⃗j + d E)
⃗ (32)
c dt
De forma similar para o tensor dual vamos repetir o processo e enfim encontrar também o
monopolo magnético e ainda a Lei de Faraday dadas por:

⃗ ·B
∇ ⃗ =0 (33)

∇ ⃗ = −1 d B
⃗ ×E ⃗ (34)
c dt

3.7 O tensor de projeção


Para realizar as projeções do campo eletromagnético dentro de materiais é necessário realizar
uma projeção através da métrica ĝ µν kµ kν que é dada pelo tensor de projeção:

hµν = ĝµν − vµ vν (35)


Sendo v os observadores tipo tempo e tipo espaço da projeção.
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4 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

4.1 Relações constitutivas do meio


O campo eletromagnético no meio material será representados pelos tensores antissimétricos
Fµν e Pµν , usando intensidades do campo elétrico e campo magnético (E,H) e monopolo elétrico
e magnético (D,B), e ainda o quadrivetor v da velocidade de um observador:

Fµν = Eµ vν − Eν vµ + η µν αβ vα Bβ (36)

Pµν = Dµ vν − Dν vµ + η µν αβ vα Hβ (37)
Os vetores dados pelo campo eletromagnético tem tipo espaço, ou seja, não tem componen-
tes dadas pelo tempo, portanto não variam, sendo assim temos a seguinte estrutura:

E α Eα = −E 2 (38)

H α Hα = −H 2 (39)
Então as relações constitutivas do meio podem ser expressas na forma:

Dα = ϵα β (E, H)Eβ (40)

Bα = µα β (E, H)Hβ (41)

4.2 Propagação do campo eletromagnético em um meio dielétrico não-


linear simples
Tomando um meio simples em que a permissividade magnética seja constante e igual a µ0 , ou
seja, a permissividade elétrica depende somente do campo elétrico ϵ = ϵ(E), as equações de
Maxwell tomam a forma:

∂ν P µν = 0 (42)

∂ν F̂ µν = 0 (43)
Então tomando um observador do tipo tempo v µ ,ν vamos obter as seguintes equações:

Dµ ,ν v ν − Dν ,ν v µ + η µν αβ vα Hβ,ν = 0 (44)

B µ ,ν v ν − B ν ,ν v µ + η µν αβ vα Eβ,ν = 0 (45)
Projetando essas equações utilizando o tensor de projeção dado em (35) vamos obter as
equações:

Dϕ,ν v ν + η ϕ ναβ vα Hβ,ν = 0 (46)

Bϕ,ν v ν − η ϕ ναβ vα Eβ,ν = 0 (47)


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Com isso podemos utilizar as relações constitutivas do meio dadas por (40) e (41), em que a
permissividade magnética é constante e igual a µ0 e a permissividade elétrica depende somente
do campo elétrico ϵ = ϵ(E), dessa forma vamos obter:

(ϵEϕ ),ν = (ϵ),ν Eϕ + (Eϕ,ν )ϵ (48)

Bϕ,ν = (µ0 Hϕ ),ν (49)


Realizando as derivadas e utilizando os resultados de (48) e (49) vamos obter enfim as
projeções dadas por:

ν ϵ, E µ E ν
ϵE ,ν − Eµ,ν = 0 (50)
E

µ0 H ν ,ν = 0 (51)

ϵ, E ϕ E µ v ν αβ
ϵĖϕ − Eµ,ν + η ϕν vα Hβ,ν = 0 (52)
E
αβ
µ0 Ḣ ϕ − η ϕν vα Eβ,ν = 0 (53)
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5 RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISE

5.1 Método de Hadamard


Esse método será usado para estudar a evolução de uma frente de onda em que os campos são
contínuos no entanto as derivadas são descontínuas na maioria parte dos casos. Sendo Σ a
superfície de descontinuidade que é definida por Σ(xµ ) = constante. A superfície usualmente
define duas regiões no espaço-tempo. Tomando f 1 e f 2 de uma função f em dois domínios
sobre um ponto de Σ, então a descontinuidade de Hadamard da função é:

[f (x)] |Σ = lim+ (f 1 (x + ϵ) − f 2 (x − ϵ)) (54)


ϵ→0

Consideremos agora um deslocamento entre os pontos 1 e 2 que seja paralelo a Σ, Hadamard


mostra que os diferenciais desses pontos existem e são contínuos, ou seja a descontinuidade das
derivadas de f deve ser um objeto ortogonal à superfície Σ. Portanto existe um escalar diferente
de 0 tal que [f, α ] |Σ = χ(x)Σα . No caso do campo eletromagnético, as condições de Hadamard
são dadas por [Fµν ] |Σ = 0 e [Fµν,λ ] |Σ = fµν kλ . Em que kλ é o vetor normal a superfície e fµν é a
intensidade de descontinuidade do campo. Tomando a descontinuidade da equação (17) vamos
chegar ao resultado de que a propagação das descontinuidades do campo eletromagnético se
propagam no caminho de geodésicas nulas no espaço de Minkowski.

kµ,λ k λ = 0 (55)

5.2 Métrica efetiva


Vamos aplicar o Método de Hadamard nas equações (50), (51), (52) e (53), tendo em mente que
[Eµ,λ ]Σ = ϵµ kλ , [Hµ,λ ]Σ = hµ kλ e kλ = ∂ν Σ, lembrando que Σ é a superfície em que estamos
aplicando o método.
Para a equação (50):
ϵ, E µ E ν
[ϵE ν ,ν − Eµ,ν ]Σ = 0 (56)
E
ϵ, E µ E ν
[ϵE ν ,ν ]Σ − [ Eµ,ν ]Σ = 0 (57)
E
ϵ, E µ E ν ϵ, E µ E ν
([ϵ]Σ E ν ,ν + ϵ[E ν ,ν ]Σ ) − ([ ]Σ Eµ,ν + [Eµ,ν ]Σ ) = 0 (58)
E E
Veja que na equação (58) o primeiro e o terceiro termo são contínuos ao aplicar o método
de Hadammard, ou seja, vão resultar em zero sendo assim:
ϵ, E µ E ν
ϵ[E ν ,ν ]Σ − [Eµ,ν ]Σ = 0 (59)
E
Enfim aplicando o método na equação (59):
ϵ, E µ E ν
ϵeν kν − eµ kν = 0 (60)
E
ϵ, µ
ϵeν k ν − E eµ Eν k ν = 0 (61)
E
Para a equação (51):

[µ0 H ν ,ν ]Σ = 0 (62)
15

Aplicando o método de Hadammard:

µ0 k ν hν = 0 (63)
Para a equação (52)

ϵ, E ϕ E µ E ν
[ϵĖϕ − Eµ,ν + η ϕναβ vα Hβ,ν ]Σ = 0 (64)
E

ν ϵ, E ϕ E µ E ν ϵ, E ϕ E µ E ν
([ϵ]Σ Ėϕ +ϵ[Ėϕ ]Σ )−[v ([ ]Σ Eµ,ν + [Eµ,ν ]Σ )]Σ +([η ϕναβ vα ]Σ Hβ,ν +η ϕναβ vα [Hβ,ν ]Σ ) = 0
E E
(65)
Veja novamente que existem termos contínuos na equação e portanto resultam em zero ao
aplicar o método, e ainda lembrando que Ėp hi = Eϕ,ν v ν sendo assim:

ϵ, E ϕ E µ v ν
ϵeϕ k ϕ vν − eµ kν + η ϕναβ vα hβ kν = 0 (66)
E
Para a equação (53):

[µ0 Ḣ ϕ − η ϕναβ vα Eβ,ν ]Σ = 0 (67)

µ0 [Ḣ ϕ ]Σ − ([η ϕναβ vα ]Σ Eβ,ν + η ϕναβ vα [Eβ,ν ]Σ ) = 0 (68)


Novamente existem termos contínuos na equação, então ao aplicar o método vão resultar
em zero, então:

µ0 hϕ k ν vν − η ϕναβ vα eβ kν = 0 (69)
Após aplicar o método temos como resultado quatro equações, reorganizando os termos
das equações e mudando os índices a fim de facilitar a visualização e o desenvolvimento das
equações enfim vamos obter:
ϵ, α
ϵk µ eµ − E eα k β Eβ = 0 (70)
E

µ0 k α hα = 0 (71)

ϵ, α
ϵk α vα eµ − E eα k λ vλ E µ + η µναβ kν vα hβ = 0 (72)
E

µ0 k α vα hµ − η µναβ kν vα eβ = 0 (73)
Vale ressaltar que das equações (70), (71), (72) e (73) o termo k µ é o vetor de propagação
da onda e ϵ, é a derivada de ϵ com respeito a E.
Substituindo a equação (60) em (59) vamos obter:

ϵ, β eλ k α eα λ
ϵk α vα eλ − E eβ k α vα E λ + (k µ
kµ − (k ν
v ν )2
) − k =0 (74)
E µ0 k α vα µ0 k β vβ
Para simplificar a equação (74) será utilizado a seguinte relação:
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 α
δbα δcα δdα

δa
δ β δbβ δcβ δdβ 
η αβγσ ηabcd = − a (75)
δbγ δdγ 

δaγ δcγ
δaσ δbσ δcσ δdσ
Com (75) vamos contrair diversos termos através da delta de Kronecker, ou seja, vão resultar
em valores unitários, sendo assim vamos encontrar a seguinte relação para o dielétrico:
ϵ, µ ν
(η µν + v µ v ν (µ0 ϵ − 1 + µ0 ϵ, E) −
E E )kµ kν = 0 (76)
ϵE
Veja que a equação (76) não condiz com uma superfície da teoria linear, ou seja, têm-se
uma estrutura causal característica determinada pelo meio, isto é, atrelada as propriedades do
material em que as ondas percorrem. Dessa forma é possível interpretar como uma geometria
Riemanniana em que:

ĝ µν kµ kν = 0 (77)
Sendo ĝ a própria métrica efetiva do meio óptico do dielétrico, sendo assim comparando a
equação (76) com (77) vemos efetivamente que a métrica é definida por:

µν µν µ ν , ϵ, µ ν
ĝ =η + v v (µ0 ϵ − 1 + µ0 ϵ E) − E E (78)
ϵE
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6 CONCLUSÕES

Estudamos o formalismo tensorial aplicado ao eletromagnetismo de Maxwell, tanto no vazio


quanto no interior de um meio dielétrico, onde a permissividade depende somente do módulo do
campo elétrico, deduzindo a partir daí as equações de movimento em ambos os casos. Vemos ali
que as equações sem fontes permanecem as mesmas, enquanto que as com fontes são alteradas,
em comparação com o caso vazio.
Utilizando o método de Hadamard analisamos as descontinuidades do campo eletromagné-
tico no interior de um dielétrico não-linear, demonstrando que surge uma métrica óptica que
não coincide com a métrica de Minkowski e, portanto, as ondas eletromagnéticas se propagam
seguindo geodésicas em uma métrica curva, no limite da óptica geométrica.
Futuramente, pretendemos estudar este formalismo da eletrodinâmica em outros contextos,
por exemplo, numa eletrodinâmica com dimensões reduzidas, além de modelos análogos da
gravitação.
18

7 REFERÊNCIAS

NOVELLO, M.; GOULART, E. Eletrodinâmica não linear: Causalidade e efeitos cosmológi-


cos. 1ªEdição. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2010.

PRADO, W.P. Uma busca por um modelo análogo para a métrica de Alcubierre. Trabalho
de conclusão de curso. UNIFEI, Itajubá-MG 2022.

FONSECA, E.B. Eletrodinâmica não linear. Trabalho de conclusão de curso. UNIFEI, Itajubá-
MG 2018.
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APÊNDICE A – ASSINATURA DO ALUNO E DO ORIENTADOR

Este relatório apresenta os resultados da Iniciação Científica ou Tecnológica intitulada “Mode-


los análogos em eletrodinâmica não linear”, desenvolvida no período de 01-09-2022 a 31-08-
2023, sob a orientação do Prof. Dr. Eduardo Henrique da Silva Bittencourt, tendo em vista as
orientações estipuladas pelo Edital 005/2022.

Itajubá, 31 de agosto de 2023.

Arthur Miguel Cunha e Silva

Eduardo Henrique da Silva Bittencourt

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