Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Brad finalmente consegue o que quer. Ele está de volta ao seu mundo,
onde é o melhor cã o e os ú nicos machos alfa ao redor sã o os irmã os da
fraternidade que o adoram como um lendá rio festeiro.
Entã o, por que voltar para Raul e o resto dos personagens do romance
cafona que ele estava tã o ansioso para escapar de tudo o que consegue
pensar?
BRAD
RAUL
Ficar no meio da sala de estar da mansã o, cercado por minha matilha; Lenore,
Curtis, Kyle, Matthew, Hannah e os outros. A tensã o na sala é palpá vel, e posso
praticamente sentir o gosto da ansiedade deles enquanto tentamos descobrir
o que aconteceu com Brad.
— Alguém me explica isso! — Eu exijo, minha voz crescendo em toda a sala. —
Como ele pode simplesmente desaparecer?
— Raul, — Dra. Donahue começa cautelosamente, sua voz tensa com
preocupaçã o. — Eu entendo que você está chateado, mas a melhor coisa que
qualquer um de nó s pode fazer por Brad agora é apenas se acalmar.
Sim. Ele estava certo sobre essa ser a frase menos produtiva da língua inglesa.
Definitivamente tirando isso do meu léxico permanentemente.
— Calma?— Eu estalo, minha raiva queimando. — Você deveria estar
ajudando ele, e agora ele se foi! Como você pô de deixar isso acontecer?
— Raul, por favor —, interrompe o Dr. Wilson, tentando acalmar a situaçã o. —
Isso nã o é culpa da Dra. Donahue.
— Nã o? — eu rosno. — Porque ele estava bem até eu deixar essa médica que
você me convenceu a deixar entrar em nossa casa falar com ele, e agora de
repente ele se foi? E você nã o acha isso suspeito?
Ele nã o responde de imediato, e a sala está tã o silenciosa que posso ouvir os
coraçõ es batendo ao meu redor como tambores de guerra. Eles nã o estã o
acostumados a ver seu alfa perder a calma, e é por isso que mandei Mina para
cima, mas quando se trata de meu companheiro...
— O que você disse a ele exatamente? — Eu exijo, ligando o psicó logo. — E
nã o me venha com essa besteira de confidencialidade. Meu companheiro se
foi, e agora, você é a suspeita nú mero um.
Por um segundo, o profissionalismo da Dra. Donahue vacila e estou encarando
outro shifter alfa em vez de um médico.
— Raul —, diz ela, com a voz calma e medida, apesar da tensã o em sua
mandíbula. — Eu entendo que você está preocupado, mas posso garantir que
nunca faria nada para prejudicar Brad. Discutimos brevemente sua histó ria
pessoal, ou pelo menos sua versã o dela.
— E que parte dessa histó ria o fez parecer um fantasma quando entrei na
sala? — Eu pressiono.
Eu posso vê-la em guerra consigo mesma, mas antes de qualquer um dos
outros títulos que colocamos em nossos ombros, somos lobos primeiro. E
alfas.
— Ele mencionou algo sobre seu irmã o —, ela finalmente responde. — Seus
pais o enviaram a um terapeuta de conversã o para tentar “consertar” sua
sexualidade, e Brad o tirou. Eu poderia dizer que era uma memó ria traumá tica
para ele, entã o nã o queria forçar muito, mas isso é tudo . Ele nunca disse nada
que me levasse a acreditar que ele era um perigo ativo para si mesmo, ou para
qualquer outra pessoa,— ela disse, e pela tensã o em sua voz, eu podia sentir
que ela estava dizendo a verdade.
O que nã o me deixou com mais respostas do que quando comecei.
— Ainda há Trent,— Lenore falou, segurando meu olhar. — Curtis e eu o
questionamos, mas ele insiste que nã o sabe de nada. Talvez você tenha mais
sorte.
Por sorte, ela quer dizer que talvez eu possa torturá -lo, e isso parece uma
grande ideia no momento.
— Continuem procurando —, eu rosno para os outros antes de me virar para
caminhar em direçã o ao porã o. Posso ouvir passos atrá s de mim e nã o preciso
olhar para cima para saber que Lenore e Curtis sã o os que vêm atrá s.
É o melhor, eu decido. Preciso de testemunhas para me tirar de cima de nosso
prisioneiro antes que eu o mate. Eu desço as escadas, meu coraçã o batendo
forte no meu peito. Minhas mã os se fecham em punhos ao meu lado enquanto
me preparo para o que está por vir. Quando chego ao pé da escada, posso ver
Trent sentado no chã o, com as costas contra a parede de pedra fria. Eu nem
me preocupo em destrancar a porta, apenas abro com minhas pró prias mã os.
Seus olhos se arregalam quando eles pousam em mim, e ele imediatamente se
levanta, um olhar furioso em seus olhos.
— Onde ele está ? — Eu exijo, minha voz baixa e perigosa. — Onde está Brad?
— Raul...— Lenore avisa, com a mã o no meu braço, tentando me impedir de
perder o controle. Eu afasto isso, meu foco apenas em Trent.
— Nã o sei! — Trent exclama, sua voz em partes iguais desesperada e
enfurecida enquanto ele caminha até o fim da coleira fornecida pela corrente
em torno de seu tornozelo. — Você é quem deveria estar cuidando dele, nã o é?
Como você pode deixá -lo simplesmente desaparecer assim?
Antes que eu possa pensar, eu me atiro e o prendo contra a parede. Para um
beta, ele é surpreendentemente forte enquanto luta contra o meu aperto.
— Nã o se atreva a tentar colocar isso em mim.— Eu rosno, meu rosto a
centímetros do dele. — Você é o ú nico com laços com o bando que o quer de
volta. Você deve saber de algo.
— Raul! — Curtis grita, e eu sinto a mã o de Lenore em meu braço novamente,
tentando me afastar de Trent. — Calma! Isso nã o vai ajudar!
— Saia de cima de mim! — Trent rosna, empurrando contra mim, seu rosto
vermelho de raiva. — Nã o sei onde Brad está , mas é melhor torcer para que
Blue Fang o tenha encontrado, se ele realmente estiver por aí sozinho.
Sinto um peso pesado se instalar em meu estô mago. Ele está certo, claro. Há
coisas muito piores que podem acontecer a um ô mega sozinho, nã o importa o
quã o atípico ele seja.
— Suficiente! — Lenore comanda, sua voz firme e autoritá ria. Eu
relutantemente libero meu aperto em Trent e dou um passo para trá s, a raiva
em mim ainda fervendo sob a superfície. Curtis me lança um olhar de
advertência, como se pudesse ver os pensamentos correndo pela minha
mente. E ele está certo. Nã o podemos perder nossa ú nica moeda de troca se
Blue Fang realmente está com Brad.
Respiro fundo, tentando recuperar o controle sobre minhas emoçõ es.
— Tudo bem —, eu digo, forçando as palavras com os dentes cerrados. — Se
você realmente nã o sabe onde ele está , entã o para onde ele iria sozinho?
Por mais que eu odeie admitir, Trent conhece Brad melhor do que ninguém.
Trent retribui meu olhar, e posso dizer que ele está tentando decidir se quer
me contar alguma coisa. Quando decido que estou mais do que feliz em
arrancar dele, ele responde:
— Há um lugar para onde ele pode ter ido.
— Onde? — Eu exijo rispidamente. Nã o tenho certeza se acredito em uma
palavra que sai da boca dele, mas que outras opçõ es eu realmente tenho
agora?
— Salt Lick —, ele murmura.
Curtis piscou.
— Desculpe, você disse Salt Lick?
— É uma cidade em Ohio —, diz Trent em tom seco. — Quando éramos
crianças, costumá vamos roubar o mapa do meu pai e falar besteiras sobre
todos os lugares para onde iríamos quando tivéssemos idade suficiente para
fugir. Brad via a cidade, achava hilá rio e sempre dizia que ia vá lá e comece
uma nova vida como mecâ nico.
— Isso soa como Brad, tudo bem —, murmuro a contragosto. Talvez eu
acredite nele um pouco mais do que antes. Ele é definitivamente o tipo de
pessoa que escolheria um lugar aleató rio em um mapa porque parecia
engraçado e decidiria começar sua vida ali.
Mas também há uma chance de ele tentar encontrar seu irmã o. Ele acha que é
de outro mundo, e também nã o posso descartar isso. Entã o há a possibilidade
muito real de que Blue Fang — ou Constantine — possa interceptá -lo antes
que eu possa alcançá -lo, e nem sei por onde começar a procurar.
— Você vem comigo —, eu digo, olhando para Trent. Ele nã o discute, mas se
pensa que há pelo menos uma chance de escapar sob minha supervisã o, está
completamente enganado.
E se ele tentar uma merda que comprometa minha capacidade de encontrar
Brad, ele está simplesmente morto.
CAPÍTULO TRÊS
BRAD
RAUL
BRAD
Estou andando pela sala como um animal enjaulado, o que parece irô nico, já
que passei todo esse tempo em um maldito romance shifter e ainda nã o tenho
uma forma de lobo durã o para mostrar isso.
Nã o consigo me concentrar em mais nada além de recuperar aquele livro.
Devon tentou ir ontem, mas a loja estava fechada quando ele chegou lá , entã o
ele prometeu que iria depois da aula hoje. Cada minuto passa mais devagar
que o anterior.
Ele finalmente aparece e eu praticamente me jogo do sofá correndo para
pegar o livro dele.
— Você é um salva-vidas —, murmuro. Eu teria ido sozinho, mas Reese e os
outros estã o rondando desde que voltei, entã o nã o há como eu passar pela
porta da frente.
Acho que eles estã o felizes por finalmente terem uma desculpa para mandar
em mim, para variar.
— Você realmente gosta desse livro, hein? — Devon pergunta com uma risada,
observando enquanto eu o abro apressadamente, tentando encontrar o local
em que estava antes. — Eu nunca vi você rasgar nada com tanta fome que nã o
fosse uma pizza suprema de massa recheada.
— Ha ha, muito engraçado —, resmungo, sem tirar os olhos do livro. Meu
coraçã o está batendo forte no peito quando abro a capa e percebo que a
primeira pá gina está assinada abaixo do título.
Para Devon,
Esperamos que você encontre seu próprio HEA3 em breve.
-Luna Daycrest
OH. Portanto, é uma có pia assinada. Provavelmente nã o deveria ter fugido com
isso do jeito que eu fiz, entã o. Meu erro.
Eu folheio as pá ginas, tentando descobrir se alguma coisa mudou. À primeira
vista, parece que está tudo bem. Entã o noto o pouco de sangue manchado na
borda das pá ginas douradas e me sinto um pouco enjoada com a lembrança do
acidente.
Ops duplo.
Fora isso, o livro está exatamente como eu o deixei, e o nome de Catalina ainda
está em todas as cenas, incluindo a escaldante que eu instintivamente coloco,
o que me deixa com ciú mes insanos.
Ela está de volta ao livro ou eu estava imaginando tudo para começar? Quase
nã o tenho certeza de qual possibilidade é pior.
— O que você está fazendo? — Devon pergunta.
— Apenas tentando descobrir onde parei —, eu respondo. Deixei um pedaço
de casca de porco entre as pá ginas para marcar meu lugar, mas agora sumiu.
Se ao menos houvesse algum tipo de coisa que você pudesse colocar em um
livro para manter seu lugar.
Como... um guardiã o do lugar.
Talvez eu entre no Shark Tank com essa merda assim que descobrir tudo isso.
Devon faz um som de reconhecimento e se joga no sofá ao meu lado, pegando
seu telefone. Enquanto continuo a ler, posso senti-lo olhando por cima do meu
ombro.
RAUL
***
Uma vez que Blue Fang concordou em aceitar nosso convite - a contragosto,
tenho certeza - eu me encontro no salã o do bando de Blue Fang com Lenore,
Curtis, Kyle, Matthew e Trent, que está algemado para fazê-lo parecer um
prisioneiro de verdade... Mesmo que ele tenha elevado um pouco seu status
acima disso, graças ao sacrifício que estava disposto a fazer para ter Brad de
volta.
O Conselho está sentado diante de nó s, sentado ao redor de um estrado,
esperando para mediar o assunto entre os bandos. Mesmo que eu seja o Alfa
regional, ainda estou sujeito a leis e costumes. Vou quebrar cada um deles se
for preciso para recuperá -lo.
O alfa do Blue Fang, Liam, entra no corredor, ladeado por seus betas. Ele é alto
e largo, com olhos azuis gelados e um perpétuo sorriso de escá rnio. Nã o o vejo
há anos, mas sinto um ó dio familiar bem dentro de mim.
Assim como seu pai, ele é uma cobra que sempre joga dos dois lados, nunca
querendo se comprometer com nenhum deles.
Evidentemente, ele finalmente escolheu um.
— Alpha Raul —, diz ele com uma reverência zombeteira. — A que devemos o
prazer?— Seu olhar desliza para Trent, algemado ao meu lado. — E o que é
isso? Você nos trouxe um presente?
— Nã o exatamente —, eu digo calmamente. Por dentro, estou fervendo. —
Convoquei esta reuniã o para discutir o ô mega que você roubou de meu
territó rio. Quero Brad de volta e estou preparado para ir à guerra para pegá -
lo, se for preciso.
Os olhos de Liam se arregalam brevemente antes de sua expressã o suavizar.
— Brad? — ele pergunta com uma risada amarga. — Se estamos falando do
mesmo ô mega, ele é um lobo Blue Fang, nascido e criado. E ele está
desaparecido há mais de um mês. Suponho que agora estou olhando para o
principal suspeito?
— Ele nã o é realmente um lobo,— eu retruco incisivamente. — Ele é?
Eu posso dizer pelo olhar no rosto de Liam que nã o é algo que ele espera que
eu saiba. Muito menos expressar ao Conselho. Ele age como se estivesse
envergonhado, o que me enche de raiva. Seus olhos se estreitam e ele dá um
passo à frente, com os pelos arrepiados.
— O que você está implicando? — ele rosna.
— Brad nã o é um shifter lobo —, eu digo calmamente. — Ele é humano. E ele
veio para o meu territó rio apavorado, e implorando por santuá rio de você e
seu bando.
Isso nã o é bem verdade, mas Blue Fang nã o hesitará em mentir, entã o por que
eu deveria?
— Agora, vou perguntar de novo —, continuo. — Onde ele está ?
— Mesmo se eu soubesse, por que diabos isso é da sua conta? — Liam rosna—
Ele é um ô mega Blue Fang.
— Porque ele é meu companheiro.— Eu respondo, olhando para Liam.
A sala fica em silêncio, todos esperando o pró ximo movimento neste jogo de
alto risco.
Os olhos de Liam se arregalam em descrença.
— Seu mentiroso!
— Por que você parece tã o chateado, Liam? — Eu provoquei. — É porque você
já planejou acasalá -lo? Para o maior inimigo do Conselho que você alegou
desejar se juntar no ano passado, nada menos?
A cor desaparece de seu rosto, e eu sei que o tenho. O Conselho sussurra entre
si, horrorizado, enquanto Liam parece estar procurando uma maneira de
salvar isso.
— Isso nada mais é do que mentiras e boatos, mas com quem eu escolho aliar
meu bando nã o é da sua conta —, ele sussurra.
— É quando você está casando meu companheiro para fazer isso —, eu
respondo friamente.
— Ele nã o pertence a você! — Liam ruge.
— Brad é meu companheiro destinado —, eu digo, encontrando seu olhar
furioso uniformemente. — Eu tive um imprinting com ele. E, como tal, estou
invocando o antigo estatuto que permite que um alfa procure o territó rio de
outro bando para recuperar seu companheiro se eles acreditarem que estã o
em perigo ou contra sua vontade. Considerando seu pedido pendente para
ingressar as terras do Conselho, você concordará , a menos que deseje
rescindir sua associaçã o e reconhecer sua lealdade ao inimigo.
Liam gagueja em indignaçã o.
— Você nã o pode fazer isso!
Eu me viro para o Conselho, ignorando seu pequeno acesso de raiva, já que ele
nã o tem como se apoiar e nó s dois sabemos disso.
— Você me concederá permissã o para procurar meu companheiro no
territó rio Blue Fang?
Quer eles aprovem ou nã o, está acontecendo, mas prefiro seguir o caminho
mais fá cil.
O Conselho murmura entre si antes de se voltar para Liam.
— Você nega a alegaçã o deste alfa de seu companheiro destinado? — o mais
velho pergunta.
Liam hesita, como se soubesse que isso seria tã o bom quanto uma declaraçã o
de guerra.
— Eu nã o nego isso —, diz ele, claramente aflito. — Nem eu afirmo isso. Mas o
fato é que há um ô mega desaparecido, e se ele realmente nã o está sob nossa
custó dia, entã o esse assunto deve ser resolvido antes de avaliar os méritos de
tal reclamaçã o.
— Entã o nó s concordamos em algo —, eu digo incisivamente. — E você nã o
deveria ter nenhuma razã o para recusar uma busca em seu bando. De boa fé.
— Claro —, diz Liam entredentes. — Mas devo insistir em uma busca em
Stone Hollow também. No interesse da justiça. Pelo que sei, você pode estar
escondendo ele.
O Conselho olha para mim como se esperasse que eu recusasse.
— Nã o tenho objeçõ es —, respondo. — Eu falo a verdade.
— E o prisioneiro deve ser devolvido —, diz Liam, seu olhar voltado para
Trent, igualmente frio e calculista. — Nó s exigimos uma troca pelo ô mega,
caso ele seja encontrado e sua reivindicaçã o seja verdadeira.
Meus olhos encontram Trent, que permanece orgulhoso apesar de seu
cativeiro. Ele tem sido um espinho no meu lado desde a sua chegada, mas nã o
posso negar a coragem necessá ria para enfrentar uma possível sentença de
morte pelo bem de alguém de quem ele gosta.
— Tudo bem, se chegar a isso —, eu digo com relutâ ncia. — Mas ainda nã o.
Nã o até encontrarmos Brad.
Trent parece surpreso, mas aliviado. Nã o vou entregá -lo a menos que nã o
tenha outra escolha, pelo bem de Brad. E tenho a honra de fazer isso depois de
tudo que Trent fez para me ajudar a encontrá -lo.
— Está resolvido, entã o —, diz Nona, a fêmea alfa que atualmente atua como
chefe do Conselho. — Os representantes de cada bando terã o permissã o para
fazer buscas no territó rio de Stone Hollow e Blue Fang. Quaisquer descobertas
serã o relatadas diretamente a mim e ao Conselho.
Liam acena com a cabeça, embora esteja claramente furioso. Eu mantenho
minha expressã o neutra. Deixe-o pensar que ganhou esta rodada. Se ele está
escondendo Brad, todo o blefe do mundo nã o vai adiantar nada.
E se ele nã o for...
O pensamento é muito preocupante para ir por esse caminho antes que seja
necessá rio.
CAPÍTULO SETE
BRAD
BRAD
RAUL
Fico carrancudo enquanto estou no quarto da infâ ncia de Brad. Lenore, Curtis
e o resto de nossa equipe de busca vasculharam o territó rio do bando Blue
Fang nas ú ltimas horas, e tenho certeza de que Stone Hollow estará em ruínas
quando voltarmos, pelo menos por retribuiçã o.
Eu nem me importo. Eles nã o encontrarã o acesso a nenhuma informaçã o
sensível, e movi todos os membros vulnerá veis de nosso bando para fora do
alcance.
Até agora, minha busca nã o foi mais produtiva do que a deles. Nã o há sinal de
Brad. Trent está conosco, suas mã os ainda amarradas para manter as
aparências de que ele ainda é meu prisioneiro, porque ele conhece este lugar
melhor do que ninguém. Foi ele quem nos levou até a casa de Brad, mas
também nã o há sinal dele aqui.
No momento, estou sozinha no quarto de Brad. Ou, pelo menos, disseram-me
que é o quarto dele, embora haja uma notá vel falta de provas. O resto da casa
está vazio, mas este quarto em particular me enche de uma estranha sensaçã o
de mal-estar.
Está arrumado demais. Muito impessoal. Brad de alguma forma conseguiu
transformar seu quarto na mansã o em uma explosã o de lavanderia e puro
caos poucos dias depois de chegar, mas este lugar parece ter sido encenado
para uma revista, embora ele supostamente o tenha deixado recentemente.
Nã o há roupas sujas jogadas ao acaso no canto, nem recipientes de shake de
proteína meio vazios. Suponho que sua mã e poderia ter limpado o quarto
desde que ele saiu, mas ainda nã o há pô steres na parede, nem bolas de
futebol, nem sinal de sua personalidade ou interesses em qualquer lugar.
As paredes sã o de um tom claro de rosa, pelo amor de Deus.
Isso é algum tipo de brincadeira? A ú nica coisa que me impede de assumir que
o bando está fodendo com a gente é que Trent insistiu que era o lugar certo, e
há fotos na sala de estar do andar de baixo, algumas das quais com Brad nelas.
Mas até mesmo o Brad nessas fotos parece... estranho, de alguma forma. Seu
sorriso nã o alcança seus olhos.
Assim como esta sala, nã o há nada dele nessas fotos além de sua aparência
física. É uma coisa bizarra e estranha e, apesar do fato de ter roubado uma das
fotos menores, espero que ninguém perca, acho difícil de olhar. De alguma
forma, isso me enche de uma dor ainda mais profunda do que a ausência dele
já deixou dentro de mim, como se uma parte da minha alma tivesse sido
arrancada.
Ando até a cô moda do outro lado da sala e vasculho as pilhas de camisetas
brancas lisas e jeans, como se ele fosse um personagem de desenho animado
que sempre usasse apenas a mesma roupa.
Que diabos...?
Abro outra gaveta e encontro um ú nico item: um delicado colar de prata com
um medalhã o em forma de coraçã o claramente projetado para uma mulher.
Brad nã o tocaria nisso nem com uma vara de três metros. É como um
resquício de quando alguém limpou as coisas que pertenceram ao ocupante
original da sala e esqueceu que as deixou para trá s. Nã o pertence aqui.
Ele também nã o.
Coloco o colar no bolso, sentindo uma vontade estranha de guardá -lo em
segurança. Nã o sei por que, mas parece importante. Como se eu me
convencesse de que imaginei isso quando sair desta casa, se nã o guardar algo
como prova de que algo está muito errado aqui.
Enquanto volto minha atençã o para a estante estofada – outro detalhe bizarro
que certamente nã o esperava encontrar aqui – Trent se aproxima de mim,
com as mã os ainda amarradas à sua frente. Seus olhos percorrem a sala,
observando os mesmos detalhes estranhos que eu notei.
— O que você está procurando? — ele pergunta, sua voz tensa e um pouco
desconfiada.
Eu dou de ombros, mantendo meus olhos na estante.
— Nã o sei —, admito, examinando as lombadas dos romances clá ssicos que
parecem tã o deslocados nesta sala. Nã o faz sentido. Brad nã o gosta muito de
ler, com uma notá vel exceçã o.
Eu olho ao redor da sala novamente e pergunto: — Isso nã o parece estranho
para você?
Trent franze a testa, claramente confuso.
— O que você quer dizer?
— Olhe ao redor —, eu digo, gesticulando para o quarto. — Nã o há nada aqui
que sugira que Brad viveu aqui. É tã o... sem graça. Onde estã o as recordaçõ es
do futebol? As revistas sujas? Brad realmente parece o tipo de pessoa que
passa o tempo todo lendo romances clá ssicos?
Trent hesita, seu olhar varrendo a sala mais uma vez antes de pousar de volta
em mim.
— Nunca tive permissã o para entrar aqui desde que sou um beta —, ele
admite, parecendo quase envergonhado com a revelaçã o. — Passamos a maior
parte do tempo juntos do lado de fora.
— Ainda assim —, eu insisto, minha frustraçã o aumentando, — isso nã o está
certo. Este nã o é o Brad.— Quanto mais eu observo a sala, mais parece um
quebra-cabeça com peças faltando. E cada peça que encontro apenas leva a
mais perguntas.
Trent me observa de perto, seus olhos se estreitando como se ele estivesse
tentando descobrir o que está acontecendo na minha cabeça. Mas, neste
ponto, nem eu tenho certeza do que estou pensando. Tudo o que sei é que algo
nã o bate certo, e a sensaçã o de que estamos ficando sem tempo me dá um nó
no estô mago.
— O que você quer chegar? — ele pergunta, com uma pitada de acusaçã o em
seu tom.
Eu puxo o colar do meu bolso, a corrente de prata pegando a luz enquanto eu
a seguro.
— Você realmente acha que Brad compraria joias como esta? Mesmo que
fosse um presente para outra pessoa?
Os olhos de Trent se arregalam, sua boca abrindo e fechando algumas vezes
antes de conseguir responder.
— Eu nã o entendo.
— Exatamente —, eu digo. — Nada disso faz sentido. Os livros, o colar, a falta
de qualquer coisa que realmente pertença a Brad. É como se esta sala fosse
encenada. Mal, aliá s. Mas por quê?
Ele também nã o parece ter uma resposta para isso.
— Você cresceu com ele —, eu pressiono, tomada por uma teoria que tem me
atormentado desde o desaparecimento de Brad. — Diga-me algo que vocês
costumavam fazer juntos. Qualquer coisa.
Trent pisca e parece surpreso com a pergunta. Ele hesita, uma carranca
aparecendo em seu rosto enquanto pensa no passado.
— Como eu disse, passamos a maior parte do tempo do lado de fora. Correndo
pela floresta, nadando no riacho ...— Um leve sorriso aparece em seu rosto
quando ele diz: — Eu costumava revirar pedras e pegar minhocas debaixo
delas. para persegui-lo por aí.
— É exatamente disso que estou falando —, insisto. — Brad é do tipo que
engole um verme em um desafio, nã o tem medo de nenhum. Nada disso faz
sentido.
A carranca de Trent se aprofunda.
— O que você está implicando?
— Nã o tenho certeza —, admito. — Mas eu tenho certeza de uma coisa. Brad
nã o está aqui, e nã o apenas isso, mas eu... acho que ele nunca esteve.
— Isso é ridículo —, rebate Trent. — Claro que ele estava aqui. Nó s crescemos
juntos!
— Você fez? — Eu desafio. — Porque até agora você nã o me deu um ú nico
detalhe convincente para provar isso.
Trent abre a boca, depois a fecha novamente. Seus olhos disparam ao redor da
sala, pousando em vá rios itens como se ele estivesse agarrando a prova que
ele precisa tã o desesperadamente quanto eu quero, mas ele nã o diz nada.
Se eu ainda tivesse dú vidas de que ele estava sendo franco comigo, a angú stia
que surge em seus olhos neste momento as apagaria.
Eu suspiro e passo a mã o pelo meu cabelo.
— Olhe, nã o estou tentando acusá -lo de nada. Só quero encontrar Brad. E
agora, nada disso está fazendo sentido.
— Eu nã o sei o que você quer que eu diga —, diz Trent impotente. — Nó s
éramos crianças. Como vou me lembrar de cada pequeno detalhe? Só porque
as coisas estã o um pouco confusas e o quarto dele é estranho, isso nã o
significa que nada disso era real.
— Nã o —, murmuro, incapaz de acreditar que estou realmente tentando
confortá -lo. Mas independentemente de terem crescido juntos ou nã o, ele é
importante para Brad, e isso é motivo suficiente para ele ser importante para
mim. — Eu nã o estou dizendo isso.
— Entã o o que você está dizendo? — ele exige.
Eu olho pela janela enquanto o sol está começando a se pô r. Nã o adianta mais
ficar neste lugar. Brad nã o está aqui, e eu sinto que este é, ironicamente, o
ú ltimo lugar que eu vou encontrar uma maneira de chegar até ele.
— Eu nã o sei —, eu digo baixinho. — Vamos embora.
Trent me segue silenciosamente para fora da casa, e encontramos Lenore e
Curtis perto dos carros. Lenore dá uma olhada no meu rosto e suspira.
— Sem sorte, eu aceito.
Eu balanço minha cabeça.
— Nada. Isso foi uma perda de tempo.
— E agora? — Curtis pergunta. — Nó s procuramos em todos os lugares. Se ele
nã o está aqui, entã o onde diabos ele está ?
— Eu nã o sei —, eu digo novamente, frustraçã o e preocupaçã o guerreando
dentro de mim. Brad está desaparecido há dias sem nenhuma palavra ou sinal
de onde ele foi. Posso sentir a marca se estendendo e diminuindo entre nó s,
como uma corda desgastada que estou tentando desesperadamente segurar.
— Mas só resta um lugar para procurar.
Os olhos de Curtis se arregalam, e Lenore e Trent assumem um
comportamento grave quando minhas palavras se acomodam. Eles sabem tã o
bem quanto eu o que isso significa.
Só resta um lugar neste mundo em que posso pensar para onde Brad poderia
ter ido que nã o consigo alcançá -lo. Restou apenas uma pessoa que poderia tê-
lo levado.
— Grayridge —, murmura Lenore.
— Se você entrar lá , estará declarando guerra—, adverte Trent, como se eu já
nã o soubesse disso.
— Se Brad está em Grayridge, se Constantine colocou um dedo em meu
companheiro, entã o a guerra já foi declarada —, eu respondo. — É só uma
questã o de oficializar.
E acertando as contas entre nó s de uma vez por todas.
CAPÍTULO DEZ
BRAD
BRAD
RAUL
A lua paira pesada no céu noturno, seu brilho pá lido lançando sombras pela
floresta. Minhas patas trituram folhas mortas e galhos enquanto corro em
direçã o ao territó rio Grayridge, meu coraçã o batendo forte no peito.
Estou sozinho. Eu tenho que ficar sozinho. Se isso der errado, se Brad nem
estiver lá , nã o posso arrastar meu bando para uma guerra que eles nã o
merecem. Meus mú sculos doem enquanto eu forço minha forma de monstro
bípede ao limite, mas nã o posso me dar ao luxo de desacelerar.
O vento sussurra por entre as á rvores e, de repente, percebo que nã o estou
sozinha. Um rosnado baixo me escapa quando eu giro, apenas para me
encontrar cercado por Lenore, Curtis e Trent, todos em suas formas de lobo,
exceto Curtis, que fica alto em sua pró pria forma de monstro bípede.
Raul, não vamos deixar você fugir sozinho, anuncia Lenore, com os olhos
ferozes de determinaçã o.
Leonor, o que você fez? Minha voz é uma mistura de raiva e preocupação. Isso
pode ser uma missão suicida e Brad pode nem estar lá.
Então nós vamos lidar com isso. Como um bando, diz Curtis, suas palavras
ecoando o sentimento do meu segundo em comando.
Eu olho para Trent, surpresa por ele estar aqui também, mesmo que ele nã o
seja oficialmente parte do meu bando. Mas seus olhos têm a mesma
determinaçã o de aço de Lenore e Curtis.
Eu aperto minha mandíbula, dividida entre a gratidã o por sua lealdade e a
frustraçã o por sua imprudência. Mas sei que nã o conseguirei convencê-los a
voltar.
Eu suspiro em resignaçã o. Vamos então.
Corremos pela floresta juntos, nossas patas batendo na terra em uníssono
enquanto atravessamos o territó rio Grayridge. O pró prio ar parece mudar,
ficando pesado com o cheiro de Constantine e seus lobos. Meus pelos se
levantam em alerta, e eu mostro minhas presas.
Com certeza, quando entramos em uma clareira, Constantine e seus três
executores estã o esperando por nó s, seus olhos brilhando no escuro. Os
outros sã o lobos normais, mas Constantine, como eu, é uma enorme fera
bípede. Seu pelo é branco como a neve, seus olhos de ouro ardente. Meu
sangue ferve ao vê-lo.
Faz tanto tempo desde a ú ltima vez que ficamos cara a cara e lutamos de presa
em presa, mas o ó dio está mais fresco do que nunca. Ele matou muitos de
meus parentes e agora quer levar minha companheira.
Os lábios de Constantine se curvam em um sorriso de escárnio. Bem, se não é o
poderoso Alfa de Stone Hollow. A que devo o prazer?
Pare de besteira, Constantine, eu rosno, dando alguns passos mais perto. Sei que
seu bajulador de Blue Fang avisou que estávamos chegando. Estou aqui pelo
Brad e não vou embora sem ele.
A risada de Constantine ressoa pela clareira, ecoando nas á rvores. Brad? Você
quer dizer o ômega que me foi prometido?
Eu me irrito com suas palavras. A ideia desse cretino colocando a mã o no meu
companheiro me enche de uma raiva tã o quente que ameaça me consumir. Eu
agarro o chã o com mais força, minhas garras cavando fundo na terra.
Brad não é sua propriedade, resmungo, lutando para manter minha fúria sob
controle. Ele é meu companheiro e não pertence a você.
É assim mesmo? Constantine sorri, seus olhos dourados cheios de malícia. Bem,
então teremos que ver isso, não é?
Antes que eu possa responder, Lenore dá um passo à frente, sua forma de lobo
tensa e eriçada. Sua lealdade aquece meu coraçã o, mas nã o consigo evitar a
pontada de culpa que vem com ela. Ela me ama, mas está disposta a arriscar
sua vida por meu companheiro.
Raul não precisa enfrentar você sozinho, ela rosna. Estamos todos aqui e
lutaremos como um bando.
Curtis e Trent permanecem firmes ao lado dela, sua pró pria determinaçã o
evidente. Também o medo deles, e é bastante justificado. A ú ltima vez que
Stone Hollow veio contra nosso bando, foi um banho de sangue. Concedido, foi
um ataque sem aviso e honra.
Veremos se Constantine é tã o covarde quanto seu pai.
Interessante, diz Constantine com um sotaque zombeteiro. Uma frente unida em
defesa do seu ômega. Que honra. Ele zomba. Vamos ver até onde isso leva você.
Lembro da última vez que você me desafiou, não foi muito bem.
Eu me irrito com suas palavras, mesmo que ele esteja dizendo a verdade. A
ú ltima vez que tentei enfrentar Constantine para vingar meus membros
caídos do bando, mal escapei com vida.
Eu estava sozinho naquela época, digo a ele, dando mais um passo à frente. Tudo
pelo que eu tinha que lutar era vingança.
Comovente, continua Constantine, mostrando suas presas em um sorriso
desagradável. E agora você tem algo muito mais precioso a perder. Um ômega
que me pertence.
A raiva ferve em minhas veias por sua reivindicaçã o sobre Brad. Ele nunca vai
pertencer a você, eu rosno.
Veremos isso.
Constantine avança em um flash de pelo branco e ranger de dentes. Eu o
encontro de frente, nossos corpos colidindo em um choque violento de
mú sculos e força. Posso sentir o impacto reverberar em meus ossos, mas
empurro para trá s com toda a minha força, determinada a nã o deixá -lo ganhar
vantagem.
Posso ouvir o caos de Lenore, Curtis e Trent enfrentando os reforços de Raul,
mas preciso manter o foco em Constantine. Podemos ter o mesmo tamanho
agora, considerando que eu era pouco mais que um filhote quando o enfrentei
pela ú ltima vez, mas ele ainda é mais rá pido e implacá vel.
Ele rasga meu ombro, e eu rosno de dor, passando minhas garras em seu
focinho em retaliaçã o. Sangue escorre entre seus dentes enquanto ele morde
com mais força, balançando a cabeça como um cã o raivoso.
Recuso a dar a satisfaçã o de gritar. Em vez disso, bato minha testa na dele,
atordoando-o por tempo suficiente para me libertar. Nó s circulamos um ao
outro, ambos ofegantes, sangue pingando na terra entre nó s.
Você ainda é fraco, provoca Constantine, embora o brilho em seus olhos sugira
que ele está mentindo. Você não podia me derrotar naquela época, e não pode
agora, ômega ou não.
Então por que você não cala a boca e prova isso? Eu rosno de volta, lançando-me
para ele novamente.
Ele me encontra de frente e caímos no chã o, uma confusã o de garras e dentes.
A dor explode em meus sentidos, mas eu a empurro, alimentada pela raiva e
pela necessidade de proteger o que é meu. O bando de Constantine já pode ter
tirado tudo de mim uma vez, mas não vou deixar que ele leve Brad.
Consigo prender um dos braços de Constantine, afundando meus dentes no
mú sculo de seu ombro. Ele uiva de fú ria, rebolando loucamente embaixo de
mim, mas eu me seguro com uma determinaçã o impiedosa. O sangue enche
minha boca, quente e metá lico, e cerro os dentes, rasgando tendõ es e ossos.
Onde ele está? Eu rosno telepaticamente.
Seus olhos se estreitam, mas ele se recusa a responder. Eu torço com força,
rasgando mais de seu ombro antes que ele consiga me jogar para fora e meu
corpo caia na terra. Eu derrapei até parar e me levantei, ofegante. Constantine
está segurando seu ombro mutilado, sangue escorrendo entre seus dedos, mas
seu olhar permanece desafiador.
Eu olho para onde meu bando está lutando contra os capangas de Constantine,
segurando os seus por enquanto. Curtis tem um preso embaixo dele, rosnando
enquanto rasga sua garganta. Uma onda de orgulho me preenche, seguida
rapidamente pela preocupaçã o. Há mais lobos no horizonte, e em questã o de
minutos, senã o segundos, eles estarã o aqui. Estamos em menor nú mero e essa
luta pode facilmente virar contra nó s.
Mas nã o posso recuar agora. Nã o quando a vida do meu companheiro está em
jogo.
Você realmente é patético, ele provoca. Ainda apenas um filhote assustado
desesperado por vingança por trás de tudo.
Lembre de como conseguiu essa cicatriz? Eu desafio, circulando-o, pronto para
ele atacar novamente. Ele está certo sobre uma coisa. Se eu agir por desespero
e pela raiva que corre em minhas veias com a simples mençã o de seu nome,
nunca vou derrotá -lo. Eu tenho que jogar com calma. Mais do que apenas
minha pró pria vida está em jogo aqui.
Uma inconveniência, ele responde, sorrindo de dor. Você vai pagar por isso, no
entanto. Seus olhos dourados se fixam nos meus, e posso ver a loucura à
espreita sob a superfície.
Ele avança para mim, mais rá pido do que antes. Eu mal evito seu ataque,
sentindo suas garras arranharem meu ombro. Sangue quente escorre pelo
meu braço enquanto eu giro, escapando por pouco de seu pró ximo golpe.
Um rugido de raiva escapa dele e ele ataca novamente. Eu me preparo,
esperando até o ú ltimo segundo antes de desviar. Ele bate em uma á rvore, a
madeira se estilhaça sob seu peso.
Eu atiro antes que ele possa se recuperar, prendendo-o no chã o e apertando
minha mandíbula em volta de seu pescoço. Ele se debate embaixo de mim, as
garras cravadas na terra, mas eu me seguro. Uma boa torçã o e sua espinha vai
quebrar.
Assim que estou me preparando para fazer isso, algo me chama a atençã o. É
uma luz azul ao longe que só consigo ver com o canto do olho a princípio, e
depois fica mais brilhante, impossível de ignorar. Eu hesito, meu aperto em
Constantine afrouxando ligeiramente.
À medida que a luz azul fica mais intensa, desviando minha atençã o de
Constantine, sinto uma mudança repentina na atmosfera. O ar crepita com
energia, e posso ouvir Lenore, Curtis e Trent rosnando inquietos atrá s de mim.
Até mesmo Constantine parece abalado quando a luz azul se estende e revela
uma extensã o de azul brilhante, como um rasgo no tecido da realidade. Parece
quase um portal, mas nã o pode estar certo.
Ou seja, porque os portais nã o existem.
Minha hesitaçã o custa caro. Com um rugido, Constantine me joga para longe
dele e eu caio no chã o, sem ar em meus pulmõ es. Ele se levanta e encara o
portal cautelosamente, os olhos dourados brilhando.
Eu me levanto com um rosnado, pronta para me lançar sobre ele novamente,
mas o portal me distrai. Está ficando cada vez maior, a luz azul pulsando como
uma batida de coraçã o. Ele forma um abismo entre nó s enquanto ele se
arrasta para trá s, e eu nem consigo ver o outro alfa do outro lado.
Que diabo é isso? Curtis grita do outro lado da clareira, seu pelo coberto de
sangue. Pelo menos parece que a maior parte nã o é dele. Ainda posso ver
Lenore e Trent de onde estou, entã o pelo menos sei que eles estã o vivos.
Fique atrás! Eu grito para o meu bando, medo e confusã o se infiltrando em
minha voz. Nenhum de nó s jamais viu algo assim antes, e nã o consigo me
livrar da sensaçã o de que é perigoso. Ou que é um dos truques de Constantine,
mas o olhar em seu rosto de antes me faz duvidar disso.
Isso é coisa sua? Constantine rosna do outro lado do portal cada vez maior, sua
voz quase inaudível sobre o zumbido de energia.
Não, eu rosno de volta, tentando manter meus olhos nele apesar da ofuscante
luz azul. Achei que era seu.
Raul, o que fazemos? Lenore chama, seu tom urgente e estranhamente incerto.
Seu olhar oscila entre mim e o portal, seu pelo eriçado de tensã o. Eu posso vê-
la tentando bolar um plano, mas eu também estou perdida.
Mantenha distância, ordeno, quebrando a cabeça para saber o que fazer
enquanto o portal se aproxima cada vez mais.
Assim que estou preparado para dizer aos outros para fugirem, há uma
explosã o de som e luz azul quando o portal se expande em todas as direçõ es, e
uma força intensa e irresistível me puxa para dentro.
Raul! O grito de Lenore atravessa o caos, mas é tarde demais.
Sinto meu corpo sendo arrancado do chã o e sugado pelo vó rtice. O pâ nico
toma conta de mim enquanto luto para resistir, mas é como tentar nadar
contra um maremoto.
Lenora! Curtis! Trento! Voltam! Eu grito, minha voz tensa com esforço. Nã o
consigo mais vê-los; tudo o que posso ver é um turbilhã o de luz azul e energia
ao meu redor.
Meu coraçã o dispara conforme sou puxada para dentro do portal e, de
repente, tudo fica escuro.
CAPÍTULO TREZE
BRAD
RAUL
Encaro Brad, meu coraçã o batendo forte no peito enquanto suas palavras
ecoam em minha mente.
Grá vida?
Meu companheiro está grávida?
Desde que aquela luz azul desapareceu e eu acordei neste lugar estranho,
tenho estado confuso e desorientado, mas agora, a revelaçã o de que Brad pode
estar carregando meu filho envia uma onda de alegria através de mim.
Eu nã o posso ajudar a mim mesmo. Eu caminho em direçã o a ele, envolvendo
meus braços em volta de sua cintura e levantando-o do chã o. Nossos lá bios se
chocam em um beijo feroz e apaixonado, impulsionado pelo instinto e pela
posse.
— Raul! Que diabos?! — Brad exclama enquanto se contorce em meu aperto,
com as bochechas coradas de vergonha. Eu posso dizer que ele está nervoso,
especialmente com os outros nos observando em um silêncio atordoado. Mas
nã o consigo me conter.
— Brad,— eu sussurro em seu ouvido, — você me fez o alfa mais feliz do
mundo.
— É melhor você torcer para ter conseguido me engravidar, porque se você
nã o me descer nos pró ximos três segundos, você será castrado —, ele
resmunga.
Eu relutantemente solto Brad, colocando-o de pé, mas mantendo minhas mã os
em sua cintura. Meu olhar desce até seu estô mago, e nã o posso deixar de tocá -
lo gentilmente.
— Eu posso sentir isso —, murmuro, a maravilha me enchendo. — Você está
mole agora.
— Eu sou o quê ? Foda-se! — ele berra.
Agora há o Brad encantadoramente irado que conheço e amo.
Ele balança o punho para mim, acertando um soco só lido no meu estô mago
antes que eu possa detê-lo, e seu rosto se contorce de dor.
— Merda, acho que quebrei minha mã o! — Brad geme.
O pâ nico aumenta em meu peito ao pensar nele sendo ferido. Especialmente
agora que sei que ele está carregando meu filhote.
Agarro seu pulso delicadamente, examinando os nó s dos dedos. Já estã o
começando a inchar.
— Meu amor, você nã o pode se esforçar assim em sua condiçã o.— Eu o
admoesto suavemente, pressionando meus lá bios em seus dedos feridos.
— Cala a boca —, ele sussurra em tom de advertência, embalando o punho.
— Uh, espere um segundo,— Reese entra na conversa. — Você acabou de
dizer que está grá vido, mano?
Brad apenas geme.
— Foda-se minha vida.
— Como isso é possível? — Reese pressiona, olhando entre nó s com uma
mistura de confusã o e descrença gravada em seu rosto. — Quero dizer, eu sei
que dormi durante a maior parte da aula de biologia do primeiro ano, mas nã o
dormi durante essa parte.
— Ele é um ô mega —, eu digo, apenas tentando ajudar.
O olhar mortal que Brad está me dando sugere o contrá rio.
— É uma longa histó ria, Reese —, resmunga Brad. — Um que eu realmente
nã o sinto vontade de entrar agora.
Reese levanta as mã os em sinal de rendiçã o.
— Ei, que seja, cara. Eu nem pensei que portais e merdas fossem reais até
cinco minutos atrá s. — Ele se vira e dá a Luna um novo olhar cauteloso. —
Você estava brincando sobre aquela coisa toda do sapo, certo?
— Vamos ver —, diz ela em um tom monó tono, caminhando para pegar um
livro do centro do que restou do círculo ritual. Enquanto ela folheia as pá ginas,
seus olhos se arregalam. — Uh, pessoal? Você pode querer ver isso.
Brad e eu nos juntamos a ela, espiando por cima de seu ombro.
Olho para o homem sem camisa na capa e pisco.
— Isso deveria ser eu?— Eu pego o livro de Luna e o inclino, franzindo a testa
para o par de olhos dourados brilhantes olhando para mim. — Por que os
olhos brilham?
Brad arranca o livro das minhas mã os.
— Este é The Wolf's Mate, o livro sobre o qual eu estava falando. É a nossa
histó ria.
— Ou pelo menos costumava ser —, acrescenta Luna, com a voz cheia de
incerteza. — Há mais coisas sendo escritas apó s o ponto médio, onde a
reescrita parou.
— Tem mais? — Brad ecoa em descrença, folheando as pá ginas
apressadamente, seus olhos correndo sobre um bloco de texto que está
aparecendo na pá gina bem diante de nossos olhos.
— Capítulo vinte e três —, resmunga Brad, seus dedos traçando o nome
abaixo do título do capítulo. — Devon?
Eu me inclino para mais perto para ler por cima do ombro dele.
Devon abriu os olhos, desorientado e atordoado, e se viu no meio de uma
clareira. Sua cabeça girava como se tivesse acabado de acordar depois de uma
noite de bebedeira, muito cedo para estar totalmente de ressaca e muito tempo
para o zumbido ter silenciado a dor surda que se espalhava por seu corpo. Levou
um minuto para se lembrar de onde estivera por último, mas quando o fez, o
mundo ao seu redor fez ainda menos sentido.
O luar brilhava de cima, banhando todo o campo com um brilho etéreo. As
paredes do porão da casa da fraternidade haviam desaparecido há muito
tempo, substituídas por uma parede de árvores que o cercava em todas as
direções e parecia se estender para sempre. A grama abaixo dele estava coberta
por uma camada de sangue, como se tivesse acabado de servir como campo de
batalha para uma luta brutal.
Quando ele viu os três lobos parados no mato à frente, isso o atingiu.
Este era o outro mundo.
Ele finalmente havia chegado.
Mas onde estavam Brad e os outros? Ele olhou ao redor e percebeu que estava
sozinho, exceto pelos três lobos – um deles uma enorme besta bípede como o tipo
que ele só tinha ouvido falar nos livros que tanto amava – e todos eles estavam
vindo direto para ele.
— Puta merda, Devon está no livro —, Brad grita, virando a pá gina antes que
eu possa terminar de ler. Eu examino a pró xima pá gina mais rá pido, o alívio
me preenche quando percebo que esta histó ria – este orá culo – está de alguma
forma recontando tudo o que está acontecendo no mundo que deixei para
trá s.
Lenore, Curtis e Trent ainda estã o vivos.
Continuo lendo enquanto o livro continua.
Os três lobos o cercaram, e o monstruoso com grandes garras e presas que
parecia um homem e parecia uma fera se inclinou para cheirá-lo. Devon deu um
grito assustado e caiu de costas, o que levou os outros dois a olharem para ele de
forma estranha.
O lobo monstruoso mudou para a forma de um homem primeiro. Ele tinha o
mesmo cabelo escuro e pele bronzeada de Raul, e não havia como confundir as
semelhanças entre seus traços, mas seu cabelo era mais curto.
— Curtis? — Devon resmungou. Tinha que ser.
Os olhos do homem se arregalaram ligeiramente, como se estivesse surpreso, e
ele deu uma olhada curiosa no humano.
— Como você sabe meu nome, humano? — ele exigiu, seu tom firme, embora não
malicioso.
Devon hesitou, sua voz presa na garganta.
Como ele poderia explicar tudo isso? Que ele os conhecia de um de seus
romances? Que ele estava de alguma forma dentro dessa mesma história agora,
e todos eles eram personagens ganhando vida?
Antes que ele pudesse responder, Curtis inclinou-se novamente e cheirou-o.
Desta vez, o gesto fez Devon congelar.
— Um ômega,— ele murmurou em descrença.
A loba loira menor ao seu lado mudou para uma mulher com cabelo claro e um
corte sangrento em seu lado.
— Outro? — ela gritou indignada, com as mãos plantadas nos quadris enquanto
se virava para olhar para Devon. — Quem é você? De onde você veio?
O terceiro lobo foi o último a mudar, e a visão libertou qualquer esperança que
Devon tivesse de formular uma resposta. Ele poderia dizer imediatamente pela
aparência deles quem eram o homem e a mulher.
— Lenore e Trent —, ele murmurou com admiração.
Isso estava realmente acontecendo?
— Você com certeza sabe muito sobre nós —, disse Trent, a suspeita em sua voz
inconfundível enquanto ele estudava o homem menor. — Que tal você nos dar
alguma coisa?
— M-meu nome é Devon, — ele gaguejou.
— Devon? — O reconhecimento brilhou nos olhos de Lenore. — Irmão de Brad?
— Sim,— Devon murmurou, uma pitada de amargura por trás de suas palavras.
— É assim que a maioria das pessoas me chama.
— Ooh, ele é picante —, diz Luna, inclinando-se sobre o outro ombro de Brad
para ler. — Eu gosto disso.
Brad revira os olhos, voltando-se para as palavras que se formam na pá gina à
sua frente.
— Pelo menos eles estã o todos bem.
Isso é um peso pesado tirado dos meus ombros.
Mas isso nã o muda o fato de que tenho que voltar para minha casa e levar
minha companheira comigo. Mas ainda há muitas perguntas sem resposta,
entã o continuo lendo.
— Você acha que ele tem algo a ver com o desaparecimento de Raul e
Constantine? — Curtis perguntou, olhando para os outros.
— Eu não sei o que pensar —, disse Lenore com um suspiro pesado, oferecendo a
mão para Devon.
Ele a pegou com gratidão, surpreso com o quanto ela era mais forte do que
parecia quando o colocou de pé.
— Vocês realmente são eles, não é? — Devon perguntou, estudando cada um
deles. Ele tinha lido suas descrições inúmeras vezes, mas realmente vê-los cara a
cara – tocá-los – isso era outra questão. — Vocês são metamorfos.
— A última vez que verifiquei —, disse Curtis secamente. — Ser um esquisito
deve estar na família.
— Você conhece meu irmão, então? — Devon perguntou. — Ele estava
realmente aqui? Você se lembra dele?
— Claro que eu estava lá —, resmunga Brad, virando a pá gina com raiva. —
Merdinha cético.
Sob a má scara de irritaçã o - a má scara que estou começando a perceber que
ele usa como uma armadura - está o mesmo medo e preocupaçã o que sinto
por meu irmã o e pelos outros. Coloquei a mã o em seu ombro.
— Ele vai ficar bem —, asseguro. — Lenore e os outros vã o mantê-lo seguro
até que possamos voltar.
Brad nã o parece convencido, mas seu olhar se suaviza e ele balança a cabeça
um pouco. Ele parece exausto. Eu também, aliá s. Tudo o que quero fazer é
levá -lo a algum lugar onde possamos ficar sozinhos e segurá -lo, mas há muito
em jogo para descansar ainda.
Constantine ainda está por aí em algum lugar, e até que eu saiba exatamente
para onde ele foi e o que está planejando, nenhum de nó s está seguro.
O livro diz que Devon está sendo levado de volta para a mansã o com os outros,
mas assim que eles chegam e apresentam Devon a todos que nã o foram
evacuados para a visita de Blue Fang, o capítulo termina com Devon
desmaiando na cama de seu quarto e olhando para cima. o teto.
— Ah, vamos! — Luna chora. — Você nã o pode terminar um capítulo com uma
nota chata assim. Onde está o momento de angú stia?
— Nem comece —, diz Brad, olhando para ela. — Aquele ali é meu irmã o, nã o
um de seus personagens.
— O que acontece depois?— pergunto, estendendo a mã o por cima do ombro
de Brad para virar a pá gina para o pró ximo capítulo. A pá gina está em branco.
— Por que parou?
— Eu nã o sei —, diz Luna, balançando a cabeça enquanto olha fixamente para
a pá gina, como se estivesse esperando que algo mais acontecesse. Quando isso
nã o acontece, ela franze a testa.
Ainda nã o tenho certeza se essa mulher é quem criou toda a minha realidade,
mas se ela está preocupada, isso certamente nã o é um bom pressá gio.
— Talvez o resto ainda nã o tenha sido escrito,— Reese concorda com um
encolher de ombros. Todos nó s nos viramos para encará -lo e ele se encolhe
um pouco. — O que?
— O idiota traz um bom ponto —, diz Luna, pensativa. — Quem diabos está
escrevendo este livro?
— Tem que ser algum tipo de má gica —, raciocina Brad. — Sem ofensa, mas
acho que a histó ria escapou de você neste momento.
— Diga-me algo que eu nã o sei,— Luna zomba.
— Temos que tentar o ritual de novo —, diz Brad de repente. — Nó s temos
que voltar.
— Absolutamente nã o.— Eu rosno antes que eu possa me impedir. Brad se
vira para mim, com um olhar de desafio que conheço muito bem, mas nã o vou
recuar. Nã o quando a segurança dele – e a do nosso filho ainda nã o nascido –
está em risco. — Acabei de encontrar você de novo. Nã o estou fazendo nada
que possa nos separar.
— Ele tem razã o —, raciocina Luna. — Até agora, fizemos dois rituais, cada
um com resultados totalmente diferentes. Essa magia é muito poderosa para
brincar mais até que eu saiba o que estou fazendo, e vai levar algum tempo
para eu juntar tudo para outro ritual, de qualquer maneira.
Posso dizer que Brad quer discutir, mas ele sabe que ela está certa. Isso nã o o
impede de querer proteger o irmã o, e esse é um instinto que conheço bem,
considerando que querer protegê-lo é a ú nica coisa que me impede de voltar
para o meu, nã o importa quais sejam as consequências.
— Nó s vamos voltar. Eu juro para você —, eu digo, virando o queixo de Brad
para que ele encontre meus olhos. — Mas temos que fazer isso da maneira
certa. Enquanto isso, Devon nã o poderia estar mais seguro. Curtis e os outros
sabem quem ele é para você, e você é meu companheiro. Eles o protegerã o
com suas vidas.
Brad aperta a mandíbula, mas posso sentir um pouco da tensã o deixar seus
ombros. Ele se vira para Luna e pergunta: — Sem ofensa, mas nã o tenho
certeza se a terceira vez é o charme quando se trata de magia. Existe alguém
que... sabe, sabe o que está fazendo? Talvez isso vovó bruxa sua?
Luna suspira.
— A menos que eu abra um tabuleiro Ouija, tenho certeza que Nana nã o vai
ser de muita ajuda. Mas acho que posso ver se minha mã e sabe alguma coisa
que ela nã o me contou. Nã o seria a primeira vez que ela manteria um segredo
de família.
A julgar pela maneira como ela diz isso, nã o é um reencontro que ela espera.
— O que podemos fazer enquanto isso? — Brad pergunta ansiosamente.
— Apenas fique quieto e tente nã o envolver a Guarda Nacional antes que eu
possa descobrir alguma coisa —, diz Luna, apontando para o livro. — E
mantenha isso seguro.
Brad segura o livro mais perto do peito.
— Você nã o precisa me dizer isso —, ele murmura.
— Quanto a mim? — Reese pergunta, olhando entre eles. — Você nã o pode
esperar seriamente que eu volte para as aulas depois de toda essa merda.—
Luna ergue a cabeça e o estuda.
— Acho que preciso de um pouco de força. Vou precisar revirar um só tã o
cheio de caixas velhas e pesadas. O que você acha de aranhas?
Reese parece um pouco pá lido.
— Nã o tenho medo de aranhas —, diz ele, com a voz tensa.
— Ó timo,— Luna diz em um tom alegre, pegando a bolsa do chã o e jogando-a
sobre o ombro. — Eu entrarei em contato, entã o. Vamos, Reeve.
— É Reese —, diz ele, seguindo-a escada acima como um cachorrinho leal.
Uma vez que estamos sozinhos, eu me viro para Brad.
— Como você está se sentindo?
— Isso é uma pegadinha? — ele pergunta secamente.
— Bem, é fá cil para mim responder —, digo a ele, estendendo a mã o para
acariciar sua bochecha. Ele se esquiva do meu toque e me encara. — Procurei
por você em todos os lugares. Quando nã o consegui encontrá -lo, pensei que o
tinha perdido para sempre. E pensar que, todo esse tempo, você estava
tentando encontrar um caminho de volta para mim.
O rosto de Brad fica um pouco vermelho e ele se recusa a olhar nos meus
olhos, o que geralmente é um sinal de que ele está nervoso. Ou sentindo algo
que nã o quer sentir.
— Sim, bem, eu nã o ia deixar você se safar por me engravidar e voltar a morar
com o molho Thousand Island.
Nã o consigo evitar o sorriso que surge em meus lá bios enquanto deslizo meus
braços ao redor dele e o puxo para mais perto.
— Nã o há ninguém além de você, Brad. Nem naquela época, nem agora, nem
nunca.
Ele respira uma lufada de ar pelas narinas e desvia o olhar.
— Sabe, eu te dei o benefício da dú vida antes, mas você nã o pode culpar Luna
por essas falas bregas agora que você está escrevendo suas pró prias coisas.
— Eu quero dizer cada palavra,— eu digo a ele, virando seu rosto para o meu
para pressionar meus lá bios nos dele. O gosto dele é doce e familiar, e nã o
posso deixar de aprofundar o beijo. É como se uma parte de mim que estava
faltando finalmente tivesse retornado, e preciso segurá -lo perto para ter
certeza de que é real.
Quando eu finalmente me afasto, Brad se inclina contra mim como se estivesse
instá vel em seus pés.
— Acho que isso responde a essa pergunta.
— Que pergunta? — Eu pergunto.
— Eu ainda tinha esperança de ser apenas gay no mundo dos livros —, ele
responde.
Eu rio em compreensã o.
— É realmente tã o ruim me querer do jeito que eu quero você?
— Nã o —, diz ele com um suspiro dramá tico. — Eu acho que nã o. Só vai levar
algum tempo para se acostumar.
— Temos um pouco de tempo de inatividade —, eu digo, percebendo que nã o
estou tã o cansada afinal. — Que tal um pouco de prá tica?
Ele me dá uma olhada, mas nã o há como confundir a fome em seu olhar.
— Praticar, hein?
— Você tem um quarto neste lugar?— Eu pergunto, perfeitamente pronto
para levá -lo para o sofá .
Ou o chã o.
Ou contra uma parede.
O caos de todos os artefatos rituais espalhados pelo chã o parece ser uma
receita para alguns estilhaços em alguns lugares muito desagradá veis, mas
esse é um preço que estou disposto a pagar quando ele me pega pela mã o e
me leva pelo corredor. .
— Vamos —, diz ele, me levando a um quarto do outro lado do porã o que nã o
parece ser usado há algum tempo. Ele acende as luzes, revelando uma cama
coberta com cobertores e travesseiros cobertos com o logotipo da
universidade e faz uma pausa. — Talvez mantenhamos as luzes apagadas.
Eu rio, prendendo-o contra a porta.
— Eu nã o me importo com as roupas que a cama está vestindo —, eu o
informo. — Contanto que as suas saiam.
CAPÍTULO QUINZE
BRAD
— Você é uma bola de queijo,— eu digo contra os lá bios de Raul enquanto ele
me prende na porta.
— Você ama isso —, ele acusa, inclinando-se para beijar meu pescoço logo
abaixo da minha orelha naquele ponto que me faz estremecer.
Ele está certo, claro.
Senti falta de tudo nele, desde suas falas cafonas, mas de alguma forma
completamente sinceras, até seus simples gestos de afeto.
Mas uma parte de mim temia que ele nã o sentisse minha falta. Que sua
devoçã o era um feitiço que duraria apenas enquanto eu estivesse preso em
seu mundo, e que qualquer vínculo que nos conectasse se dissolveria assim
que voltá ssemos para nossos pró prios lugares.
Mas nã o aconteceu, e depois desta noite, nunca mais vou dar como certo.
Raul pressiona sua testa contra a minha.
— Eu também senti sua falta —, ele sussurra.
— Pare de ler meus pensamentos —, resmungo sem entusiasmo.
Ele sorri, passando as mã os pelo meu corpo.
— Eu nã o preciso ler sua mente. Está escrito em todo o seu rosto. E na
maneira como você me beija.
Sinto meu rosto esquentar com a lembrança do quanto ele me afeta. Com que
facilidade. Esse filho da puta vai ser a minha morte ou o que resta da minha
suposta heterossexualidade.
Suas mã os deslizam sob minha camisa, roçando meu estô mago. Eu fico tenso,
envergonhado com o quã o mole eu fiquei desde a ú ltima vez que estivemos
juntos.
Raul percebe imediatamente, franzindo a testa enquanto se afasta para
examinar meu corpo.
— O que está errado? — ele pergunta, franzindo a testa em preocupaçã o.
— Nada —, minto, mas Raul percebe. Suas mã os deslizam até meus peitorais,
os polegares roçando meus mamilos. Eu suspiro quando a excitaçã o luta com a
minha insegurança, calor inundando meu corpo.
— Você é perfeito —, diz Raul com firmeza. — Cada centímetro de você.
Ele pontua cada palavra com um beijo, descendo pelo meu pescoço e peito. No
momento em que ele se abaixa e pega um dos meus mamilos em sua boca,
chupando com força, é difícil me preocupar com qualquer coisa além do
prazer crescendo dentro de mim.
— Foda-se —, eu cerro entre os dentes, tentando nã o me contorcer. — Você
nã o sabe o que é trabalhar tanto em seu corpo e vê-lo sendo destruído bem
diante de seus olhos. Você provavelmente saiu do ú tero com um tanquinho.
Raul ri, o som enviando vibraçõ es através do mamilo que ele está roçando
com os dentes. Esta é uma posiçã o perigosa para se estar com um cara que se
transforma em um monstro cheio de dentes - e tem algumas presas afiadas
pra caralho mesmo nesta forma - mas é bom demais querer que ele pare.
— Eu nã o vejo nada destruído —, diz ele, abaixando as mã os para o meu
estô mago mais uma vez antes de tirar minha camisa o resto do caminho. Suas
mã os imediatamente se acomodam na minha cintura, e seus dedos roçam as
linhas do abdô men que nã o estã o tã o definidas quanto estavam da ú ltima vez
que ele as apalpou. — Apenas prova de que você está carregando meu bebê.
Ou bebês. O que é absurdamente quente para um alfa, a propó sito.
Acho que posso arquivar essa informaçã o na minha coleçã o Fatos do
Lobisomem.
Essa outra parte me atinge do nada, porém, e eu quase tenho uma chicotada
emocional.
— Espere, você disse bebês ? Plural? — Eu deixo escapar.
— É possível —, diz Raul, piscando inocentemente para mim. — Gêmeos
correm na minha família. E na sua.
— Gêmeos? Oh, nã o comece porra. — Eu resmungo, o pensamento de carregar
nã o apenas um, mas dois bebês me fazendo empalidecer.
Mas antes que eu possa deixar meu cérebro entrar em uma espiral de pâ nico,
Raul me distrai inclinando-se e me beijando novamente.
Seus lá bios sã o quentes e insistentes, e eu rapidamente me entrego ao
momento, deixando a preocupaçã o desaparecer em segundo plano. Nossas
bocas se movem juntas enquanto Raul nos leva de costas para a cama, tirando
minhas roupas ao longo do caminho até que eu esteja nua.
Quando a parte de trá s dos meus joelhos bate na beirada do colchã o, Raul me
dá um empurrã ozinho e caio na cama. Eu quico na maciez por um segundo
antes de Raul rastejar sobre mim, me prendendo com seus braços.
— Tã o ansioso —, ele murmura, abaixando a cabeça para beliscar meu
pescoço. Calor corre sobre minha pele com a sensaçã o, e nã o consigo conter
um suspiro. — Assim como quando você estava no cio.
— Cale a boca —, murmuro, inclinando a cabeça para lhe dar melhor acesso.
Ele aproveita, salpicando beijos e mordidas na minha clavícula.
Suas mã os deslizam para beliscar meus mamilos, e eu me contorço embaixo
dele, uma onda de dor e prazer disparando por mim. Raul ri, rolando um
mamilo entre os dedos.
— Tã o sensível aqui —, diz ele. — Ainda mais do que da ú ltima vez.
Eu tento olhar para ele, mas provavelmente parece mais um olhar
desesperado.
— Apenas continue com isso.
— Paciência —, Raul repreende, mas ele escuta, deslizando uma mã o entre
nó s. Respiro fundo quando ele circula minha entrada e percebo que já estou
molhado para ele.
— Oh, porra, isso acontece aqui também? — Eu gemo, virando meu rosto no
travesseiro.
— Você ainda é um ô mega —, ele me informa. Antes que eu possa protestar
mais, Raul desliza dois dedos enormes em mim. Eu suspiro com o
alongamento, quadris empurrando para levá -lo mais fundo.
— É isso —, murmura Raul. Ele entorta os dedos, procurando, e roça um
ponto que envia faíscas pelo meu corpo.
— Porra! — Eu grito, arqueando as costas. Raul pressiona com firmeza minha
pró stata, esfregando em círculos lentos que me deixam louco.
Meu pau está duro e vazando entre nó s, e já estou perto. Apenas dele me
tocando um pouco.
— Raul —, eu ofego, — por favor, eu preciso de mais.
Raul me beija, profundo e reivindicativo.
— Eu tenho você —, ele rosna baixinho contra meus lá bios. Ele desliza seus
dedos para longe de mim, e eu gemo com a perda até sentir a ponta de seu pau
pressionando em mim.
Eu suspiro no beijo, agarrando seus ombros. Raul empurra lentamente,
abrindo-me ao redor de seu comprimento grosso. Queima, mas da melhor
forma possível, me iluminando de dentro para fora.
Só é preciso que ele empurre alguns centímetros - e eu sei que ele tem muito
mais de onde veio isso - para me fazer sentir como se fosse partir ao meio
como um maldito tronco.
Eu quebro o beijo com um suspiro.
— Demais —, eu resmungo. — Você é muito grande.
Raul para imediatamente. Seus olhos procuram meu rosto, preocupados.
— Você precisa que eu pare?
Eu balanço minha cabeça rapidamente. O trecho arde, mas nã o quero que ele
me deixe vazia de novo.
— Apenas... vá devagar. Deixe-me me acostumar com isso.
— Claro. — Raul beija minha testa, minhas bochechas, o canto da minha boca.
— Vamos tã o devagar quanto você precisar.
Ele empurra mais um centímetro, e eu gemo com a dor deliciosa disso. Raul
murmura encorajamento contra minha pele, suas mã os acariciando meu
corpo em um ritmo suave.
— Foda-se, acho que você ficou ainda maior —, murmuro. — Esse portal é
como uma bomba peniana có smica ou algo assim?
— E agora? — ele pergunta, levantando uma sobrancelha.
— Nada —, eu digo com um suspiro, envolvendo meus braços em volta de seu
pescoço para puxá -lo para mais perto. Eu me concentro em tentar relaxar, o
que é mais fá cil falar do que fazer com meio tronco de á rvore dentro da minha
bunda.
Gradualmente, a dor se transforma em prazer enquanto meu corpo aceita sua
circunferência. Gemendo, eu rolo meus quadris, levando-o mais fundo.
— Aí está —, diz Raul. — Você está indo tã o bem para mim.
Eu coro com o elogio, apertando em torno de seu pênis. Raul sibila, quadris
empurrando para frente para enterrar-se completamente na minha bunda.
Nó s dois ficamos parados, ofegando asperamente. Ser preenchido por ele é
sempre uma experiência, para dizer o mínimo, mas o fato de ele estar aqui
agora, em cima de mim no meu mundo, é ainda mais surreal.
— Mais,— eu suspiro, agarrando seus ombros. — Por favor, Raul, eu preciso...
Ele se afasta e empurra novamente, estabelecendo um ritmo brutal que me faz
ver estrelas. A cabeceira bate contra a parede com a força de seus golpes, mas
nã o consigo me importar. Pelo menos estamos no porã o, onde os outros nã o
ouvem nada.
Esperançosamente.
Tudo o que importa é o deslizar de seu pênis dentro e fora de mim, a sensaçã o
de seus lá bios e dentes em meu pescoço, o estiramento e a queimaçã o de ser
preenchido tã o completamente.
— Você é tã o bom —, Raul geme contra a minha pele. Suas unhas cavam em
meus quadris, seu â ngulo mudando para atingir aquele ponto dentro de mim
que me faz ver estrelas. — Tã o apertado e perfeito para o seu alfa, Brad. Você
foi feito para isso.
Ele tem aquela voz profunda e rouca que me faz querer ronronar em resposta
a palavras que normalmente me fariam querer bater em alguém. Qualquer um
menos ele.
Inferno, à s vezes ele também, mas estamos tendo um momento aqui e
trabalhei duro o suficiente para isso que vou aproveitar.
— Mais forte —, eu rosno, cravando minhas unhas em suas costas. Acho que
estou totalmente no modo ô mega aqui também. Isso nã o me incomoda tanto
quanto deveria. — Eu nã o cruzei dimensõ es por causa de uma merda meia-
boca. Eu quero o seu nó , a merda toda.
— A merda toda, hein?— ele pergunta, a diversã o dançando em seus olhos
enquanto ele olha para mim, embora sua voz ainda esteja rouca e tensa com o
mesmo desejo que eu tenho dificuldade em controlar caminho ainda.
— O que você quer dizer? — Eu pergunto, reposicionando meus quadris sob
ele. Dó i agora, mas vai facilitar o nó em um segundo, e já posso senti-lo
crescendo na base, abrindo meu buraco ainda mais.
A sensaçã o da minha excitaçã o nã o é suficiente para manter a dor aguda sob
controle, mas a promessa de prazer e libertaçã o que vem de seu nó me
enchendo vale a pena.
E quer eu queira admitir ou nã o, ele está certo sobre uma coisa, meu corpo
está claramente preparado para responder ao dele. Desejar tudo o que ele tem
a oferecer.
— Você enfiou a porra de uma bola de softball dentro da minha bunda. Se isso
nã o é a base, o que diabos é?
— Ainda nã o te marquei —, ele responde.
— Oh, sim —, eu digo, lembrando que ele mencionou algo sobre isso um
tempo atrá s. Eu estava muito chapado com dopamina pó s-sexo para pensar
muito nisso na época, no entanto. — Como você faz isso, exatamente?
— Isso nã o estava no livro? — ele pergunta em tom de provocaçã o.
— Eu só cheguei tã o longe no original antes de ser espancado por aquele
babaca bêbado —, eu protesto.
Mas, para ser sincero, a ideia de ler mais do que isso me deixa com ciú mes.
Nã o quero pensar no Raul com mais ninguém.
— Eu tenho que te morder —, diz ele, arrastando os dedos pela lateral da
minha garganta até o ponto onde minha nuca encontra meu ombro. Tornou-se
uma zona eró gena, a julgar pela forma como esse simples toque me faz tremer
e me contorcer. Minha bunda lateja em torno de seu pau duro enquanto sou
punida pelo movimento. — Bem aqui. Entã o você terá minha marca e todos
saberã o que você é minha. Para sempre.
— Parece permanente —, eu digo.
— Muito —, ele responde, a aprovaçã o brilhando em seus olhos, como se o
simples pensamento de marcar minha carne o excitasse.
E isso me excita mais do que quero admitir.
— Você sabe como é difícil passar todo esse tempo em uma fraternidade sem
ser tatuado? — Eu desafio. — Você sabe quantas vezes eu cheguei tão perto de
acabar com a cara de Steve na minha bunda se eu tivesse perdido uma aposta?
— Considere-me infinitamente grato por sua boa sorte —, diz Raul secamente.
— E eu espero que você esteja falando sobre uma tatuagem.
Reviro os olhos.
— O que acontece se você me marcar?
Estou tentado a deixá -lo, apenas para que possamos continuar com toda essa
coisa de amarrar, antes que meu bom senso supere minha libido.
— Bem, por um lado, se estivéssemos separados de novo, seria mais fá cil
encontrar você —, ele responde. — E nã o haveria o risco de eu me tornar
selvagem. A menos que você fosse...
Ele se cala, como se nem quisesse dizer isso, mas a mensagem é clara o
suficiente.
A menos que eu esteja morto.
— Eu acho que é uma grande vantagem —, murmuro.
— Nã o tenho intençã o de deixar você ir de novo —, diz ele com o tipo de
confiança que apenas um cara com um pau de trinta centímetros e um
exército de lobisomens pode reunir. — Mas há outros benefícios. Ou seja, eu
sou o ú nico que responderia ao seu cheiro quando você entrasse no cio.
— Você quer dizer que a casa inteira nã o vai saber que eu fico com fome de
pau todo mês que nã o estou grá vida? — Eu pergunto, um pouco ansioso
demais.
Raul hesita, inclinando a cabeça em confusã o.
— Eu nã o...?
— Nesse caso, me morda —, eu digo. A verdade é que eu já estava a bordo
mesmo quando pensei que a ú nica vantagem era ser marcado por ele.
Já estamos ligados.
Essas semanas de separaçã o deixaram isso dolorosa e dolorosamente claro, e
se houver algo que diminua as chances de perdê-lo novamente, estou bem
com isso.
Mesmo que isso signifique usar uma nova tatuagem no pescoço.
— Tudo bem, entã o —, diz Raul, abaixando a cabeça para roçar os lá bios
contra a minha garganta. Seu peito cai contra o meu, e ele dá um rosnado
baixo e estrondoso que se espalha por mim como fogo. — Vamos precisar
reajustar.
Ele sai de mim antes que eu possa protestar, e sinto o ar frio dentro do meu cu
aberto onde estava seu pau, deixando-me com uma sensaçã o de vazio. Raul
me vira de barriga para baixo e coloca a mã o na parte inferior do meu
abdome, me dando um puxã o para que meus joelhos fiquem embaixo de mim
com a bunda para cima. Eu me levanto de modo que estou pelo menos de
quatro, ao mesmo tempo irritado e excitado por quã o fá cil é para ele
manipular alguém tã o grande quanto eu como se eu fosse a porra de uma
boneca.
— Você já é meu —, ele murmura contra a minha pele, pressionando um beijo
no ponto entre meu ombro e minha nuca. Apenas ter seus lá bios roçando
aquele ponto faz um arrepio violento percorrer minha espinha e meu buraco
pulsa com uma nova necessidade de preenchê-lo. — Mas eu quero que o
mundo inteiro saiba disso.
— Basta colocá -lo já —, eu resmungo, cavando meus dedos no cobertor em
preparaçã o. Realmente começando a desejar que o logotipo da U Mass nã o
estivesse estampado em toda essa coisa, mas estou muito tenso para colocar
um amortecedor na minha excitaçã o.
Eu nã o preciso ver o rosto de Raul para saber que ele está sorrindo enquanto
alinha seu pau monstruoso na minha entrada, empurrando entre minhas
bochechas.
— Bom menino —, ele ronrona, o que parece ser a versã o lobisomem da
conversa suja.
Eu odeio a forma como meu pau lateja em resposta a isso.
De repente, ele empurra para dentro de mim de volta para onde estava, a base
de seu nó empurrando contra o meu buraco já esticado. É possível que ele
entre de uma vez, já que ele estava me fodendo tã o recentemente que ainda
nã o fechei totalmente, mas longe de ser fá cil.
Dou um grito assustado que ele abafa cobrindo minha boca com a mã o, e fico
grato, mesmo que também esteja tentada a morder seus dedos por nã o me
avisar.
Quando o sinto pressionar minha pró stata, porém, tudo é perdoado e começo
a me contorcer embaixo dele, como se realmente estivesse no cio.
Eu gostaria de ter isso como desculpa.
Raul envolve um braço em volta da minha cintura, puxando minha bunda
contra ele enquanto pressiona a ponta de seu nó contra mim com mais
insistência. Por mais que eu queira, o anel apertado de mú sculos se contrai em
protesto.
— Relaxe —, Raul sussurra em meu ouvido, seu há lito quente me fazendo
tremer. Seu cabelo comprido provoca meus bíceps enquanto cai ao meu redor
por trá s, fazendo có cegas em minha pele quente e sensível. Tento fazer o que
ele diz, concentrando-me na sensaçã o de seus braços fortes em volta de mim,
em vez do alongamento impossível de seu nó me rompendo.
Eu posso dizer que ele está empurrando, tentando me preencher e ser gentil
ao mesmo tempo, mas estou começando a pensar que estou muito apertado
para aguentar quando sua língua corre ao longo do local em meu pescoço que
ele pretende marca, e o prazer que vibra através de mim tem o efeito de me
relaxar apenas o suficiente para que deslize de uma vez.
Dou outro grito de dor e prazer que é apenas parcialmente abafado por sua
mã o e, desta vez, eu o mordo, nã o por despeito, mas por instinto. Sinto gosto
de sangue, mas Raul nã o reage. Ele apenas empurra seu nó em mim até que eu
sinto minha bunda selar em torno dele, nos prendendo juntos, e entã o ele
começa a se mover.
É lento no início, movimentos suaves de balanço que me fazem gemer e ofegar
em sua palma. Ele mantém o braço em volta do meu peito, segurando-me
perto, enquanto sua mã o livre viaja para baixo para agarrar meu pau dolorido.
Estou tã o duro que dó i, pré-sêmen vazando da ponta para cobrir seus dedos
quando ele começa a me acariciar no mesmo ritmo de suas estocadas.
O estiramento e a queimaçã o de seu nó estã o desaparecendo em uma dor
surda, e o prazer está começando a superá -lo. Eu balanço meus quadris para
trá s para encontrar os dele, incitando-o mais fundo, mais forte, mais rá pido.
Raul rosna contra o meu pescoço, mas obedece, jogando os quadris para a
frente em um ritmo punitivo que me faz ver estrelas.
Sua mã o deixa meu pau para agarrar meu quadril, me segurando no lugar
enquanto ele bate em mim e tira a outra mã o da minha boca para que ele
possa segurar a cabeceira da cama. Ele ainda bate contra a parede com a força
de seus golpes, mas ele consegue segurá -lo o suficiente para evitar que
atravesse a parede de gesso.
Provavelmente.
Esses sã o todos os pensamentos em algum lugar no fundo da minha mente, no
entanto. Em primeiro plano está a sensaçã o de seus lá bios naquele ponto na
curva do meu pescoço novamente, provocando a pele macia com beliscõ es
suaves e lambidas suaves.
— Raul,— eu gemo quando a antecipaçã o é demais para lidar e parece que
vou desmaiar só de querer tanto. — Por favor.
— Por favor, o que, amor? — Sua voz é provocante e baixa, retumbando
contra a minha pele enquanto ele continua a entrar em mim em um ritmo
implacá vel.
Eu posso sentir a pressã o crescendo dentro de mim, mas ele está
deliberadamente evitando tocar meu pau novamente. Nó s dois sabemos que
isso vai me levar ao limite.
— Por favor... me marque.— Eu imploro, meus quadris empurrando contra os
dele enquanto eu busco desesperadamente minha liberaçã o. — Me faça seu.
Eu o sinto estremecer em cima de mim, como se isso fosse exatamente o que
ele estava esperando para ouvir. Com um grunhido, ele crava os dentes no
local que estava provocando. A dor aguda da mordida se mistura com a
felicidade ofuscante inundando meus sentidos, e eu gozo com um grito que
provavelmente é alto o suficiente para acordar os vizinhos, muito menos
todos na casa da fraternidade.
Eu nunca vou superar isso.
Mas quem se importa?
Raul continua a bater em mim através dele, perseguindo seu pró prio prazer
agora. Ainda estou surfando nas ondas do meu orgasmo quando Raul se
enrijece em cima de mim, os quadris tremendo enquanto ele encontra sua
pró pria liberaçã o. Há uma onda de calor quando ele goza dentro de mim, e a
parte bá sica e primitiva do meu cérebro estremece com a sensaçã o.
Dele.
Marcado.
Reivindicado.
Essas palavras parecem se escrever em minha alma, pintadas com o gozo que
ele derrama dentro de mim.
Raul cai em cima de mim, nó s dois ofegantes. Estendo a mã o para trá s e corro
meus dedos por seu longo cabelo escuro, coçando levemente seu couro
cabeludo do jeito que ele gosta.
— Eu senti sua falta,— Raul murmura contra o meu pescoço, sua respiraçã o
quente na minha pele. Ele lambe o sangue que ainda escorre do meu pescoço.
— Mas eu nunca vou deixar você ir de novo.
Quando me encontrei em seu mundo pela primeira vez, isso teria soado como
uma ameaça, mas neste momento, é uma promessa que estou mais do que
ansioso para que ele cumpra.
Nã o tenho certeza de quando a felicidade pó s-orgasmo de estar nos braços de
Raul se transforma em sono, ou quando seu nó finalmente desce o suficiente
para ele sair de mim, mas estou exausto demais para acordar para mais do
que alguns segundos.
Em um minuto, estou envolta em seus braços, ouvindo o ritmo constante de
sua respiraçã o, e no seguinte, estou de pé no meio da floresta, completamente
nu e cercado pela selva até onde a vista alcança.
Que porra de amor eterno?
CAPÍTULO DEZESSEIS
BRAD
Já tive sonhos suficientes que começaram assim para saber que estou
sonhando, mesmo que geralmente esteja nu no meio da aula de economia, e
nã o na floresta. Decido que provavelmente é melhor, pelo menos até perceber
o par de olhos dourados me observando da escuridã o entre as á rvores à
frente.
Os olhos sã o familiares no sentido de que reconheço aquele tom particular e
nã o natural de ouro e a altura em que estã o na escuridã o como sendo
inegavelmente lupinos, mas nã o no sentido de que os reconheço.
— Raul? — Eu pergunto de qualquer maneira, esperando que meu mundo de
sonho esteja apenas fodendo com a aparência de seu lobo, considerando o
quã o recentemente eu o vi pela primeira vez.
Em vez de responder, os olhos se aproximam até que o luar ilumine o enorme
lobo branco que surge à vista. Uma enorme cicatriz se estende sobre seu olho
esquerdo, e eu imediatamente o reconheço. A ú ltima vez que o vi em meus
sonhos, ele estava despedaçando Raul.
O medo revira meu estô mago quando dou um passo para trá s.
— Constantine,— eu digo, me recusando a deixar meu medo transparecer.
Mais fá cil dizer do que fazer quando os lobos têm sentidos aguçados que os
permitem ver muito mais do que apenas seus olhos, mas este é o meu sonho,
entã o, teoricamente, ainda tenho algum controle.
E pelo menos sei que estou sonhando, entã o isso deve contar para alguma
coisa.
Alô, cordeirinho, ele responde com uma voz que parece vir de todos os lugares
e de lugar nenhum ao mesmo tempo. Muito menos assustador do que um lobo
bípede gigante falando em voz alta, no entanto. Você não vai correr?
— Quem diabos você está chamando de pequeno? — Eu exijo. Minhas mã os se
fecham em punhos ao meu lado. — Caso você nã o tenha percebido, eu nã o sou
a garota de um metro e meio que você está sempre tentando sequestrar.
Constantine ri, um som arrepiante que me dá arrepios na espinha. Oh, eu sei
exatamente quem você é, Brad Miller. Ele começa a listar as coisas em tom de
zombaria. Presidente da fraternidade Kappa Nu. Caixa de armário. Você
realmente achou que poderia fazer seu amiguinho fazer um feitiço e reescrever
o mundo ao seu gosto sem nenhuma consequência? Você realmente achou que
poderia me escrever tão facilmente?
Ele dá um passo mais perto, e eu recuo instintivamente para a floresta densa
atrá s de mim. Espinhos cortam meus braços e eu assobio com a picada. Na
verdade, dó i, o que é estranho, considerando que isso nã o é real, e você nã o
deveria ser capaz de sentir dor em um sonho.
Os olhos de Constantine brilham mais e ele lambe a boca em antecipaçã o
faminta. Que sangue delicioso, diz ele, aproximando-se enquanto os galhos das
á rvores ao meu redor começam a se esticar e se enrolar em volta dos meus
ombros, com a intençã o de me conter.
Enquanto estou distraída lutando contra os galhos que agora me levantaram
trinta centímetros do chã o, Constantine está de repente bem na minha frente,
seus dentes horríveis aparecendo em um sorriso perverso.
Estou mais perto do que você pensa, cordeirinho. E eu vou comer. Você.
Suas mandíbulas se abrem e ele avança como se estivesse planejando me
engolir inteiro. Eu grito, mas antes que ele consiga, eu acordo sobressaltada,
ofegante e coberta de suor frio.
Raul imediatamente acorda ao meu lado, me puxando para seus braços.
— Brad? O que foi? O que há de errado?
Mal consigo pronunciar as palavras, estou em pâ nico.
— Constantine,— eu engasgo, segurando seus ombros. — Ele está aqui!
A testa de Raul franze e ele me observa com preocupaçã o.
— Aqui? Quer dizer... no seu mundo? — Raul pergunta, sua voz carregada de
preocupaçã o.
Concordo com a cabeça, ainda incapaz de formar uma frase coerente.
— Brad, foi apenas um sonho —, diz ele, tentando me confortar, mas nã o
parecendo totalmente seguro.
Eu balanço minha cabeça, o medo do pesadelo se recusando a me deixar.
— Nã o. Ele estava na minha cabeça, me provocando. Você nã o entende, ele
está aqui.
No momento em que Raul parece prestes a responder, há uma batida na porta.
Nó s dois congelamos, e posso ver a dú vida brilhar nos olhos de Raul.
— Brad? — uma voz familiar chama pela porta, e eu sinto uma onda de alívio
tomar conta de mim. Steve. — Alguma garota está na porta para você.
— Eu vou subir em um minuto,— eu digo através da porta, apressadamente
recolhendo minhas roupas do chã o. No momento em que ambos estamos
vestidos, Steve se foi, entã o subo as escadas com Raul seguindo atrá s de mim.
— Tem que ser Luna —, eu digo, estendendo a mã o para a porta do porã o.
— Você acha que ela está de volta tã o cedo? — Raul pergunta cautelosamente,
me seguindo até o andar principal da fraternidade.
— Nã o pode ser nada bom se ela for,— eu digo com um suspiro, tentando
ignorar os olhares estranhos que estamos recebendo dos caras reunidos na
sala jogando pô quer.
Sim, eles definitivamente ouviram alguma merda ontem à noite.
Ou talvez seja apenas o fato de que tenho um filho da puta com cara de Adô nis
me seguindo como um cachorrinho perdido. De qualquer maneira, vou ter que
explicar algumas merdas no momento em que conseguir respirar.
Eu abro a porta, esperando encontrar Luna parada do outro lado.
Em vez disso, é uma mulher pequena e inegavelmente familiar que mal chega
ao meu ombro. Ela tem cabelos castanhos longos e ondulados e está vestida
com jeans largos e um moletom enorme com blocos de cores verde limã o e
rosa neon que faz meus olhos arderem, completo com muita maquiagem nos
olhos.
Ou essa garota é uma Delta Psi que se perdeu a caminho de uma festa a
fantasia dos anos 80, ou...
Eu bato a porta na cara dela, sentindo uma onda de pavor tomar conta de mim
que nem mesmo o fator assustador de Constantine pode rivalizar.
— Quem é? — Raul pergunta, piscando para a porta em confusã o.
Antes que eu possa responder, a campainha começa a tocar furiosamente,
seguida de batidas simultâ neas, como se houvesse um pequeno poltergeist de
néon irado na porta.
— Abra! — ela berra, sua voz aguda abafada pela madeira espessa.
— Ah, filho da puta,— murmuro, relutantemente abrindo a porta antes que os
outros possam vir ver o que está acontecendo. Agora a mulher do outro lado
está furiosa. Nã o posso culpá -la por isso, eu acho.
— O que diabos você quer?
Seus olhos dourados se estreitam, cheios de rancor.
— O que eu quero? — ela grita, sua voz subindo uma oitava. — Eu quero a
porra da minha vida de volta!
Raul se coloca entre nó s, com a testa franzida enquanto olha para a mulher
que mal chega até seu peito. Eu estava preocupado que um olhar para ela o
transformasse em uma poça de gosma apaixonada à primeira vista, como
acontece no livro, mas, em vez disso, ele está carrancudo para ela com
suspeita, como se ela fosse algum tipo de ameaça para mim. Eu realmente nã o
tenho certeza de como me sentir sobre isso.
— Brad, quem é essa? — ele pergunta.
Eu olho entre eles, tentado a mentir, mas isso voa pela janela rapidamente. Em
vez disso, suspiro ao contar a verdade. Mesmo que isso vire minha vida de
cabeça para baixo pela enésima vez.
— Raul, esta é Catalina —, eu digo, gesticulando para ela. — Conheça sua
companheira predestinada.
CONTINUA…
Caro leitor,
Obrigado por escolher este livro. Espero que você tenha amado a histó ria
desde a primeira pá gina até o final. Foi um prazer compartilhar com você!
Se você tiver um momento de sobra, ficaria extremamente grato se você
deixasse uma classificaçã o ou resenha deste livro. As resenhas sã o essenciais
para autores independentes, pois sã o um dos melhores canais para
alcançarmos os leitores e divulgarmos nossas histó rias. Cada classificaçã o ou
revisã o me ajuda a divulgar minhas histó rias e alcançar mais leitores.
Obrigado novamente por se juntar a mim nesta jornada e espero que você
aproveite sua pró xima aventura!
Melhor,
joel