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Tratamento de Staphylococcus aureus resistente

à meticilina na América Latina

RESUMO Autores
Carlos M. Luna,1
A propagação global de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (methicillin-resistant Staphylococcus Eduardo Rodriguez-
Noriega,2
aureus - MRSA) significa que se trata agora de um patógeno de interesse para a saúde pública mundial. Luis Bavestrello,3
Na América Latina, o MRSA é altamente prevalente, com a proporção de S. aureus resistente à meticilina Eduardo Gotuzzo4
em ascensão, no entanto os recursos para o tratamento da infecção são limitados. Embora existam várias Representando o
Grupo de Trabalho
diretrizes para o tratamento de infecções por MRSA, muitas são elaboradas para a América do Norte sobre Resistência de
ou a Europa e precisam ser adaptadas para sua utilização na América Latina. Neste artigo, procuramos Gram-Positivos da
destacar a importância do tratamento adequado do MRSA nas unidades de saúde e na comunidade na América Latina.
América Latina. Apresentamos um resumo das diretrizes e dos antibióticos disponíveis, e discutimos 1
Departamento de
considerações específicas para os médicos que tratam de MRSA na América Latina. Medicina Interna,
Setor de Doenças
Palavras-chave: MRSA, tratamento, terapia antibiótica, América Latina. Pulmonares,
Hospital de Clínicas
da Universidad
de Buenos Aires,
Argentina.
2
Hospital Civil de
Guadalajara Frei
Antonio Alcalde,
Instituto de
Patología Infecciosa
y Experimental,
INTRODUÇÃO cada hospital e os custos do tratamento são con- Centro Universitario
de Ciencias de la
siderações importantes, além dos fatores clínicos. Salud, Universidad
As diretrizes disponíveis para o tratamento de de Guadalajara,
Na América Latina, os recursos de microbiologia Jalisco,
Staphylococcus aureus resistente à meticilina
podem ser limitados, especialmente nos hospitais México.
(MRSA) são apresentadas na Tabela 1.1-10
fora das grandes cidades, e a colaboração com um 3
Clinica Reñaca, Viña
Embora as diretrizes europeias e norte-ameri­ Del Mar, Chile.
laboratório de referência pode ser necessária para 4
Universidad
canas forneçam um excelente ponto de referên-
obter dados para a escolha do antibiótico mais Peruana Cayetano
cia para o tratamento de infecções por MRSA, o eficaz contra os clones circulantes de MRSA local. Heredia, Lima, Peru.
tratamento deve ser orientado por fatores locais, A escolha inadequada de antibióticos é
incluindo as prováveis fontes de infecção e os cara por várias razões. Em primeiro lugar, e o
Correspondência
fatores de risco associados com a população de mais importante, está associada a aumento da para:
pacientes ou o ambiente do paciente. São neces- morbidade e da mortalidade (Figura 1).12,13 Carlos M. Luna
sários dados epidemiológicos atualizados sobre a Professor de
Em segun­do lugar, medicamentos são usados Medicina e
incidência local de patógenos e as cepas resisten- desnecessariamente e talvez durante um lon- Pneumologia
tes para orientar a escolha da antibioticoterapia Departamento de
go período de tempo, devido à ineficácia. Em Medicina Interna,
inicial (empírica); 11 um diagnóstico microbioló- terceiro lugar, pode levar a aumento das taxas Divisão de Doenças
gicos preciso e testes de sensibilidade facilitam a Pulmonares
de resistência. Portanto, é imperativo que os Hospital de Clínicas,
escolha da antibioticoterapia definitiva adequada. antibióticos sejam usados de forma racional, Universidad de
A disponibilidade de recursos, incluindo a dispo- com os objetivos de melhorar os resultados dos Buenos Aires
Arenales 2557, 1° A
nibilidade de antibióticos e de testes microbioló- pacientes e minimizar a seleção de resistência Buenos Aires (1425),
gicos, também é uma consideração importante. aos antimicrobianos. O uso racional de antibi- Argentina
Telefone: +54-9-11-
Essas restrições locais na América Latina podem óticos requer o conhecimento dos princípios da 57561535
ser semelhantes às discutidas pelo grupo de tra- terapia antibiótica, levando em conta os dados Fax: +54-11-
59508931
balho asiático PN,3 no qual a disponibilidade dos microbiológicos e clínicos, a retirada da tera- E-mail: cymluna@
medicamentos, as restrições de formulário em pia primária com base na cultura e no teste de fmed.uba.ar

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Tratamento de MRSA na América Latina

Tabela 1. Diretrizes disponíveis Figura 1: O tratamento inadequado com


para o tratamento de MRSA antibióticos está associado a aumento do risco
de mortalidade nos pacientes graves
Organização Infecção
Tratamento antimicrobiano
Sociedade Americana Pneumonia nosocomial inadequado (n = 169)
do Tórax e Sociedade de (PN), pneumonia associada 60 - p < 0,001
Tratamento antimicrobiano
Doenças Infecciosas da à ventilação mecânica (PAV) adequado (n = 486)
52%
América e pneumonia associada à
assistência médica (PAAM) 50 - p < 0,001
em adultos1
42%

Mortalidade hospitalar (%)


Sociedade Latino-Americana Pneumonia nosocomial na 40 -
do Tórax América Latina2
Grupo de Trabalho Asiático PN na Ásia3
de PN 30 -
24%
Sociedade Americana Pneumonia adquirida na
do Tórax e Sociedade de comunidade (PAC)4 20 - 18%
Doenças Infecciosas da
América
10 -
Sociedade de Doenças Infecções da pele e partes
Infecciosas da América moles5
Sociedade de Doenças Infecções relacionadas a 0-
Todas as causas de Mortalidade relacionada
Infecciosas da América cateter intravascular6
mortalidade à infecção
Fundación del Centro de Infecções ósseas e
Adaptado com permissão de Kollef et al. (1999)12
Estudios Infectológicos articulares causadas por
(FUNCEI), Argentina estafilococos resistente à
meticilina63
Grupo de Trabalho Misto Infecções nosocomiais e APANHADO GERAL DOS ANTIBIÓTICOS
da Sociedade Britânica adquiridas na comunidade
COM ATIVIDADE CONTRA MRSA
de Quimioterapia por MRSA8
Antimicrobiana, Sociedade
O arsenal de antibióticos disponível atualmente para o tra-
de Infecção Hospitalar e
Associação de Enfermeiras tamento de MRSA compreende apenas um agente tópico,
de Controle de Infecção um número limitado de agentes orais (dois das quais tam-
Grupo de Trabalho Misto MRSA na comunidade9 bém podem ser administrados por via intravenosa) e vários
da Sociedade Britânica agentes disponíveis apenas para infusão intravenosa (IV). A
de Quimioterapia
próxima seção faz comentários sobre esses agentes, seus me-
Antimicrobiana sobre
infecções por MRSA canismos de ação e sua utilidade para o tratamento da infec-
adquiridas na comunidade ção por MRSA. Sader et al. descrevem padrões de resistência
Comitê Consultivo sobre MRSA; infecção por agentes aos antibióticos entre amostras de bactérias Gram-positivas
Práticas de Controle de multirresistentes em coletadas de infecções no sangue, na pele e em partes moles
Infecção em Unidades de unidades de saúde10
em hospitais da América entre 2003 e 2008.16
Saúde nos EUA
Diretrizes da Organização MRSA na região Pan-
Pan-Americana da Saúde Americana (www.paho.org) Agentes tópicos
(OPAS)
A mupirocina foi originalmente aprovada como agente tópico
utilizado no tratamento do impetigo por S. aureus e S. pyogenes,
mas também é comumente usada para tratar outras infecções
sensibilidade, bem como desfechos clínicos.11,14 Os anti- de pele e partes moles, bem como em infecções de feridas cirúr-
bióticos devem ser utilizados na dose ideal e pela via de gicas no pós-operatório.17, 18 A mupirocina age inibindo a sínte-
administração adequada para obter penetração no local se de proteína e de ácido ribonucleico (RNA) pela bactéria. Em-
da infecção. A combinação de antibióticos também deve bora eficaz contra infecções comunitárias leves de pele e partes
ser usada quando necessário. moles, o uso prolongado e intenso da mupirocina (inclusive
Definir políticas nacionais e locais para restringir a dis- para fins de descolonização) resultou no desenvolvimento de
ponibilidade dos antibióticos e incentivar o uso adequado resistência por algumas cepas de MRSA a esse antibiótico.18
nas unidades de saúde e na comunidade requer uma cola-
boração multidisciplinar. Sua implementação deve incluir Agentes orais
a orientação dos profissionais de saúde e do público, bem As terapias orais comumente utilizadas no tratamento de
como o acompanhamento, para garantir a adesão.15 MRSA são a tetraciclina e a rifampicina (em terapia de

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Luna, Rodríguez-Noriega, Bavestrello et al.

combinação), bem como a clindamicina, a linezolida e o bossomo 50S.31 O mecanismo de ação inovador desse com-
sulfametoxazol-trimetoprim (SMX-TMP, embora seu uso posto significa que a resistência cruzada com outros antibió-
seja restrito em alguns países). A clindamicina e a linezolida ticos é improvável.32 A linezolida pode ser administrada por
estão disponíveis em apresentação oral e IV, e são discutidas via oral ou intravenosa e a terapia pode ser facilmente troca-
na seção a seguir. da entre essas vias de administração, sem ajuste da dose. Ela
Os dois componentes da terapia de combinação com apresenta biodisponibilidade de 100% após a administração
SMX-TMP inibem etapas sucessivas na biossíntese do fola- oral32 e excelente penetração nos tecidos bem perfundidos,
to. Esse antibacteriano recuperou popularidade devido à sua incluindo pulmão e partes moles.33 Além disso, a linezolida
atividade contra MRSA na comunidade (MRSA-CO) isola- pode ser utilizada sem ajustes posológicos em pacientes com
dos,19-21 apesar de serem necessários mais dados clínicos para insuficiência renal leve a moderada.32
avaliar completamente sua eficácia e segurança.22
As tetraciclinas agem inibindo a síntese proteica bacte-
riana. A boa biodisponibilidade oral e a penetração tecidual Agentes intravenosos
dessa classe de medicamentos (que inclui a doxiciclina e a A vancomicina tem sido há muitos anos a pedra angular do
minociclina de amplo espectro) as tornam uma opção para tratamento de infecções por MRSA. Embora seu uso frequen-
o tratamento ambulatorial das infecções por MRSA.23 te tenha resultado no surgimento global de cepas de MRSA
Se a rifampicina for utilizada para o tratamento de in- com sensibilidade reduzida a este antibiótico, a vancomicina
fecções por MRSA, costuma ser em terapia de combinação, ainda é considerada eficaz contra o MRSA na América Latina.
já que uma limitação da monoterapia com rifampicina é o A vancomicina é um glicopeptídeo e atua inibindo a sínte-
desenvolvimento de resistência.24 Os autores de uma revisão se da parede celular. O aumento da prevalência de MRSA em
sistemática da terapia adjuvante com rifampicina concluíram infecções hospitalares e comunitárias levou a um grande au-
que essa é a mais promissora para a osteomielite e as infecções mento do uso da vancomicina34 e, como resultado, as cepas de
de próteses, mas que novos dados clínicos são necessários.25 MRSA começaram a desenvolver mecanismos de resistência.
Em 1996, S. aureus com resistência intermediária à vancomi-
cina (VISA) foram identificados pela primeira vez em uma
Agentes orais e intravenosos amostra de um paciente no Japão que usou vanco­micina vá-
Clindamicina e linezolida estão disponíveis em apresenta- rias vezes e durante um tempo prolongado.35 Em 1997 e 1999,
ção oral e intravenosa. A clindamicina costuma ser escolhida amostras de VISA também foram recuperadas de pacientes
como tratamento inicial ou definitivo para infecções de pele nos EUA que tinham sido expostos a tratamento prolongado
e partes moles adquiridas na comunidade por várias razões: com vancomicina (25 dias a 18 semanas).36,37
apresenta 90% de biodisponibilidade após administração O S. aureus também pode desenvolver resistência plena
oral e penetra na pele e nas estruturas da pele; tem ativida- à vancomicina (VRSA), que ocorre através da aquisição de
de apesar de uma elevada carga bacteriana no local da in- resistência.38,39 Os genes (vanA) do enterococos resistente
fecção; e pode inibir a produção de fatores de virulência no à vancomicina evolução da resistência à vancomicina tem
MRSA.26-28 A clindamicina age pela inibição da translocação sido associada com um polimorfismo no gene regulador
bacteriana ribossômica e, portanto, da síntese proteica. No acessório (agr), e estudos observaram alta taxa de insucesso
entanto, o MRSA pode desenvolver resistência à clindami­ do tratamento com vancomicina nas infecções por MRSA
cina como resultado da produção de metilase, que modifica com o polimorfismo agr do tipo II.40 No entanto, atualmente
os locais de ligação para os macrolídeos, as lincosamidas e não há evidências de que as amostras de MRSA com menor
as estreptograminas (mecanismo MLS), e resulta na modi- sensibilidade à vancomicina tenham importância clínica na
ficação do alvo ribossômico. A resistência à clindamicina América Latina. Os principais fatores de risco de resistência
pode ser induzida pela presença de outros antibióticos e não à vancomicina são a exposição anterior à vancomicina nos
é reconhecida através de métodos de sensibilidade conven- 30 dias que antecedem a coleta da cultura de MRSA e a per-
cionais. In vitro, a indução da resistência à clindamicina pela manência em uma unidade de terapia intensiva (UTI) onde
eritromicina pode ser detectada pela colocação de um disco a vancomicina é usada.41
de eritromicina em estreita proximidade com um disco de Além das preocupações sobre o desenvolvimento de resis-
clindamicina, observando os efeitos da presença da eritro- tência, a eficácia da vancomicina também pode ser limitada
micina no halo da clindamicina.29,30 pela baixa penetração nos tecidos (especialmente no pulmão),
A linezolida, um antibiótico oxazolidinona, é indicada pelo lento efeito bactericida e pela toxicidade.42 Portanto, o
para o tratamento da pneumonia nosocomial por MRSA uso adequado da vancomicina deve incluir a dosagem de seus
em infecções complicadas de pele e partes moles, incluindo níveis séricos de assegurar sua atividade adequada e evitar a
as infecções do pé diabético, sem osteomielite concomitante. toxicidade, bem como testes de sensibilidade aos antimicro-
Ela inibe o início da síntese de proteína pela bactéria no ri- bianos para prevenir o desenvolvimento de resistência.43

Braz J Infect Dis 2010; Vol 14 (Suppl 2):S121-S129 S123


Tratamento de MRSA na América Latina

A teicoplanina é outro glicopeptídeo, estruturalmente re- MRSA como possível agente etiológico.1 As pneumonias nas
lacionado com a vancomicina, que constitui uma alternativa unidades de saúde podem ser categorizadas como pneumo-
para o tratamento de infecções por Gram-positivos, incluin- nia nosocomial (PN; pneumonia ocorrendo < 48 horas após
do o MRSA; foi avaliada na endocardite, na osteomielite e na a internação), pneumonia associada à ventilação mecânica
artrite séptica.44 As potenciais vantagens da teicoplanina em (PAV; ocorrendo > 48-72 horas após a intubação traqueal) e
relação à vancomicina são meia-vida mais longa, menor ne- pneumonia associada à assistência médica (HCAP ; defini-
frotoxicidade e menor necessidade de monitorar seus níveis da como pneumonia em pacientes que preencham uma das
séricos. Também, contrariamente à vancomicina, a teicopla- seguintes condições: hospitalização nos 90 dias que prece-
nina não parece causar reações anafiláticas relacionadas à dem a infecção; residência em lar de idosos ou instituição de
liberação de histamina.45 tratamento; administração IV recente de antibioticoterapia;
A tigeciclina é uma glicilciclina de amplo espectro quimioterapia; tratamento de feridas; ou comparecimento a
com atividade contra patógenos Gram-positivos, incluin- um hospital ou centro de hemodiálise1).
do MRSA.46 A tigeciclina se liga à subunidade ribossômica A PN não PAV, não UTI é uma importante causa de
30S, inibindo a síntese de proteínas (e, consequentemente, morbidade hospitalar, observada mais frequentemente em
o crescimento bacteriano). A tigeciclina supera os mecanis- enfermarias de clínica médica e em idosos com patologias
mos da resistência observada com as tetraciclinas, como as graves subjacentes. Há poucos estudos publicados sobre a
bombas de efluxo de substâncias específicas e a de proteção etiologia desse subconjunto de PN. No entanto, o potencial
ribossômica.7 Cepas de MRSA-CO isoladas de infecções de de patóge­nos multirresistentes (MDR), junto com os agen-
pele e partes moles, incluindo amostras com genes leucoci- tes etiológicos comuns de pneumonia adquirida na comuni-
dina Panton-Valentine (LPV), muitas vezes são sensíveis à dade (PAC), deve ser considerado.1,56 MRSA deve ser consi-
tigecycline.47 Embora esse composto possua excelentes pro- derado nos pacientes com risco de patógenos resisten­tes ou
priedades de distribuição tecidual, inclusive atingindo altas naqueles que satisfazem os critérios de gravidade.57
concentrações no cólon e no pulmão, alcança concentrações MRSA é um patógeno comum na PAV e deve ser consi-
mais baixas no soro.48 derado nos pacientes com PAV tardia, uso de terapia anti-
A daptomicina é um lipopeptídeo cíclico com um me- microbiana prévia, ou qualquer outro quadro clínico asso-
canismo de ação singular. Ela se liga preferencialmente e se ciado à presença de patógenos resistentes.1 Como o MRSA
insere nas membranas das bactérias Gram-positivas, onde também está associado a HCAP, o esquema empírico inicial
causa a rápida despolarização da membrana e, portanto, deve incluir a cobertura de MRSA. Um resumo das diretrizes
morte da célula bacteriana.49 O efeito bactericida da dap- para o tratamento de adultos com PN e PAV é apresentado
tomicina torna esse antibiótico útil para o tratamento de na Tabela 2.1
infecções por MRSA, incluindo infecções de pele e partes O atraso no início da terapia antibiótica adequada para
moles, bacteremia e endocardite à direita.49,50 As limitações os pacientes com PN está associado a aumento da mortali-
da daptomicina compreendem o fato de ela só poder ser ad- dade1,2 A escolha da terapêutica empírica inicial é baseada
ministrada por via intravenosa e sua inativação pelo surfac- nos fatores de risco de patógenos específicos, modificados
tante pulmonar, impedindo seu uso nas pneumonias.51 como apropriado de acordo com o conhecimento dos pa-
A quinupristina-dalfopristina (QD), uma combinação das drões locais de resistência aos antibióticos/prevalência de
duas estreptograminas, apresenta atividade contra bactérias organismos,1,3 bem como a disponibilidade dos medicamen-
Gram-positivas, incluindo MRSA.52,53 O uso desse antibiótico tos e seus custos.3 As diretrizes do Grupo Asiático de PN3
é reservado às infecções que não respondem e aos pacientes destacam particularmente a consideração da microbiologia
intolerantes ao tratamento inicial.53 Os efeitos secundários local e dos padrões de resistência, com base em que esses
relacionados com a infusão contribuem para sua baixa tolera- padrões variam em maior grau do que nos EUA e na Euro-
bilidade. Isto, associado às interações medicamentosas [sobre- pa. Esta lógica também se aplica ao tratamento de PN/PAV/
tudo com os agentes metabolizados pelo sistema do citocro- HCAP na América Latina.2
mo (P450 3A4)54], limita a utilidade desse antibiótico.55 Culturas quantitativas das secreções respiratórias infe-
riores (aspirado traqueal, lavado broncoalveolar ou amos-
TRATAMENTO ANTIBIÓTICO DAS tras protegidos de escovado coletado com ou sem o uso de
INFECÇÕES COMUNS POR MRSA broncoscópio) podem ser usadas para definir tanto a pre-
ADQUIRIDAS EM UNIDADES DE SAÚDE sença de pneumonia como o patógeno etiológico.1 Sempre
que possível, as culturas quantitativas devem ser obtidas
Pneumonia (PN/PAV) antes da administração dos antibióticos.Uma terapêutica
O MRSA é um patógeno potencial de várias pneumonias empírica deve ser direcionada ou estreitada com base na
adquiridas no ambiente hospitalar e nas unidades de saúde, resposta clínica (2º e 3º dias), e os resultados dos testes diag-
e a escolha da terapêutica empírica inicial deve considerar o nósticos de secreções do trato respiratório inferior.1,3 A PN/

S124
Luna, Rodríguez-Noriega, Bavestrello et al.

Tabela 2. Resumo das diretrizes para o tratamento deve ser inicialmente empírica, com a escolha do antibiótico
de adultos com PN e PAV (ATS/IDSA)1 dependendo da gravidade da doença clínica do paciente, dos
fatores de risco de infecção e os patógenos prováveis. A van-
Sempre que possível, coletar material de cultura do trato
respiratório inferior de todos os pacientes antes da terapia comicina é tradicionalmente o ponto de partida recomen-
antibiótica. dado para as infecções suspeitas de MRSA.
Prescrever antibioticoterapia intravenosa, precoce, A bacteremia por S. aureus pode ser definida como sim-
adequada, dependente de fatores de risco de MDR e ples ou complicada. Na bacteremia simples, a remoção de
padrões de resistência local.
uma fonte evidente de infecção, tal como um cateter vascu-
Na terapia empírica, incluir agentes de uma classe de
lar, é suficiente para resolver a infecção, enquanto na bacte-
antibióticos diferentes dos já recebidos.
remia complicada a infecção pode persistir mesmo após a
Ceftriaxona, levofloxacino, moxifloxacino, ciprofloxacino,
ampicilina/sulbactam ou ertapenem são recomendados
remoção do cateter devido à propagação para um foco re-
para terapia empírica inicial de infecções por MRSA, sem moto, ou pela presença de outro patógeno.60 A remoção do
fatores de risco conhecidos de MDR. cateter vascular de um paciente infectado com S. aureus tem
Os pacientes com HCAP necessitam de terapia para sido associada a resposta mais rápida e maior taxa de cura.6
patógenos MDR. As infecções por S. aureus associadas a cateter representam
A linezolida ou a vancomicina são recomendadas para maior risco de endocardite que a bacteremia por outros mi-
terapêutica empírica inicial de infecções por MRSA, com
cróbios, de modo que um tratamento mais prolongado (4
início tardio ou fatores de risco de MDR.
semanas ou mais) pode ser recomendado, mesmo nos casos
Antibióticos em aerossol são úteis como terapia adjuvante
na PAV por alguns patógenos MDR. simples.6
Considerar a revisão dos antibióticos, dependendo das
culturas do trato respiratório inferior e resposta clínica.
Sítio cirúrgico
Usar uma duração de antibioticoterapia mais curta (7 a 8
dias) para os pacientes com PN sem complicações, PAV ou As infecções de sítio cirúrgico representam o segundo tipo
HCAP mostrando boa resposta clínica. mais comum de infecção nas unidades de saúde.61 A causa
etiológica mais comum de infecções de sítio cirúrgico é o
S. aureus. De acordo com dados do Centro para Controle e
Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Pre-
PAV de início tardio (5 ou mais dias após a internação) tem
vention - CDC) norte-americano, 9% a 49% das infecções de
maior probabilidade de ser causada por patógenos MDR e
requer terapia de amplo espectro, enquanto1,3 a pneumonia sítio cirúrgico por S. aureus nos EUA de 1992 a 2002 foram
precoce pode ser tratada inicialmente com um espectro mais causadas por cepas resistente à meticilina.61 Embora a aber-
limitado de antibioticoterapia.1 tura da incisão cirúrgica, a remoção dos tecidos necrosados
Foi descrita uma taxa de falha de 40%, sendo atribuída e a drenagem de pus sejam o aspecto principal da terapia, a
à duração inadequada do tratamento de menos de 21 dias.58 antibioticoterapia é importante. Pacientes no pós-operatório
A duração do tratamento deve basear-se em rigoroso acom- com uma temperatura superior a 38,5 °C, ou frequência car-
panhamento da resolução dos sinais e sintomas de infecção, díaca acima de 110 batimentos/minuto geralmente precisam
nos pacientes com infecção pulmonar primária e doença de tratamento com antibióticos.5 A escolha do antimicrobia-
cavitária ou empiema. Especialistas recomendaram 8 a 14 no, bem como a duração do tratamento, deve ser influenciada
dias de terapia para a pneumonia com resolução rápida dos pela localização e pela gravidade da infecção.61 O tratamento
sintomas e dos achados radiológicos.1,4 No entanto, Chastre tradicional de infecções de sítio cirúrgico por MRSA é a van-
et al. demonstraram que não houve diferença na mortali- comicina,62 embora outros agentes, como linezolida, dapto­
dade em 28 ou 60 dias, ou na mortalidade intra-hospitalar, micina e tigeciclina representem tratamentos alternativos.61
entre os pacientes com PAV recebendo terapia antimicro-
biana adequada durante 8 ou 15 dias.59 Todos os pacientes
Ossos e articulações
com bacteremia devem ser cuidadosamente avaliados para
infecções metastáticas que podem exigir tratamento mais Diretrizes de conduta nas infecções dos ossos e articulações
prolongado ou intervenção cirúrgica. por estafilococos resistente à meticilina foram elaboradas
pela Fundación del Centro de Estudios Infectológicos (FUN-
CEI) na Argentina,63 com foco no tratamento de:
Bacteremia e infecções associadas a cateter • Osteomielite crônica: O tratamento inicial das infecções
A Sociedade Norte-Americana de Doenças Infecciosas (In- por MRSA devem consistir na administração IV de
fectious Diseases Society of America - IDSA) publicou diretri- glicopeptídeos, como a vancomicina e a teicoplanina.
zes de conduta no caso de infecções relacionadas com cate- Sempre que possível, uma combinação de antibióticos
teres intravenosos.6 A terapia antibiótica para essas infecções devem ser usada (especialmente na presença de um

Braz J Infect Dis 2010; Vol 14 (Suppl 2):S121-S129 S125


Tratamento de MRSA na América Latina

implante); glicopeptídeos pode ser acompanhada PC em adultos, as diretrizes da ATS-IDSA comentam que
de rifampicina, SMX-TMP, minociclina, ácido o tratamento mais eficaz ainda não foi determinado, mas
fusídico ou clindamicina, de acordo com testes de eles recomendam o acréscimo de vancomicina ou linezoli-
sensibilidade. Para evitar recorrências, é adequado da para o tratamento empírico quando MRSA-CO for uma
tratar por 6 a 8 semanas após a última cirurgia. O possibilidade.4 Recomenda-se uma duração de tratamento
tratamento cirúrgico geralmente envolve a excisão tradicional de 7 a 14 dias.4
ao redor do osso desvitalizado, das cicatrizes e do
tecido necrosado e a reparação de partes moles.
Infecções da pele e partes moles
• Artrite séptica após procedimentos: Recomenda-se
uma combinação de abordagem clínica, cirúrgica As infecções da pele e partes moles representam a maioria das
e fisioterápica. O tratamento antibiótico durante infecções por MRSA comunitário. Os primeiros relatos de in-
6 a 8 semanas após o procedimento é considerado fecções de pele e partes moles por MRSA em indivíduos na
adequado; em geral de 2 a 4 semanas de tratamento comunidade, sem fatores de risco predisponentes, ocorreram
parenteral, incluindo com glicopeptídeo, deve no final da década de 1990. Isto marcou uma mudança na
preceder a terapia oral. O tratamento cirúrgico deve epidemiologia desse patógeno, sua relação com outros pató-
consistir em desbridamento, drenagem e remoção genos na comunidade, MSSA e interações com infecções no-
de material fibrinoso, bordas e sinéquias, além de socomiais por MRSA.65-68 O quadro clínico inclui uma grande
lavagem abundante da articulação acometida. proporção de abscessos (50% a 75%) e casos de celulite (25%
a 50%). No entanto, o MRSA-CO também causou fascite
• Infecções associadas a próteses articulares: O
necrosante.69 Em pacientes com diabetes, as infecções do pé
tratamento antibiótico com um glicopeptídeo deve
envolvendo MRSA-CO são uma causa comum de hospitali-
ser seguido conforme as diretrizes terapêuticas
zação e tratamento antibióticos.70 A presença de novos fatores
da osteomielite crônica e da artrite séptica após
de virulência, como produção de PVL, foi encontrada nas for-
procedimentos, durante 3 a 6 meses. Se necessário,
mas graves de infecções de pele e partes moles por MRSA-CO
esse tratamento deve ser seguido por terapia
em todo o mundo.71-73 Por isso, enquanto muitas infecções de
supressiva regular. O tratamento cirúrgico deve
pele e partes moles por MRSA são efetivamente tratadas em
depender da funcionalidade da prótese articular.
regime ambulatorial, estão surgindo formas mais graves de
A limpeza da prótese em até 5 dias e não mais de
MRSA-CO. O tratamento de infecções de pele e partes moles
duas semanas após a apresentação dos sintomas
por MRSA-CO SSTIs também está associado a mais falhas de
deve seguir uma infecção precoce ou tardia no pós-
tratamento e os resultados piores que as infecções de pele e
operatório com uma prótese articular “funcionante”.
partes moles por MSSA-CO.74 As infecções por MRSA tam-
Com prótese “não funcionante” e infecção pós-
bém levam a maiores custos de saúde do que as infecções por
operatória, a remoção cirúrgica e o reposicionamento
MSSA.75 Estas infecções graves se tornarão mais difíceis e seu
de uma nova prótese devem ser considerados. Os
tratamento mais caro à medida que sua prevalência aumentar,
tratamentos alternativos são a artrodese (interno
principalmente devido ao aumento dos custos de saúde asso-
ou externo) e a amputação (muito raramente).
ciados à longa duração da hospitalização.75
A maioria das infecções causadas por MRSA ou MSSA
TRATAMENTO ANTIBIÓTICO DAS não está associada a sinais sistêmicos de infecção. No en-
INFECÇÕES COMUNITÁRIAS POR MRSA tanto, algumas infecções de pele e partes moles por MRSA
se apresentam com sinais e sintomas de uma infecção grave,
Pneumonia (PC) infecção invasiva, exigindo uma abordagem mais agressiva.
Os fatores de risco clínicos de PC por S. aureus incluem es- Clinicamente, os pacientes apresentam sinais e sintomas da
tágio doença renal terminal, uso de drogas injetáveis, histó- síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SIRS). Estes
ria de influenza e história de antibioticoterapia (em especial casos exigem uma avaliação laboratorial preliminar com
com fluoroquinolonas).64 MRSA-CO deve ser considera- hemoculturas e hemograma completo, incluindo contagem
do como um possível agente etiológico de PC, mesmo em diferencial.
um paciente afebril com uma leucometria normal e sem A necessidade de hospitalização geralmente é anunciada
hemop­tise. Isto é especialmente verdadeiro se o paciente não por presença de lesões que requerem drenagem cirúrgica;
responder adequadamente ao tratamento inicial. O fator de áreas com dor intensa, bolhas, hemorragia da pele; anestesia
virulência PVL tem sido apontado como o elemento-chave cutânea e presença de ar nos tecidos.5,76 Lesões que aumentam
do MRSA-CO, tornando a pneumonia associada mais agres- rapidamente de tamanho e o aparecimento de necrose tecidu-
siva, necrosante e fatal do que a causada por Staphylococcus al são sinais particularmente nefastos e demandam cobertura
aureus sensível à meticilina (MSSA). Para o tratamento da antibiótica vigorosa e amplo desbridamento.5

S126
Luna, Rodríguez-Noriega, Bavestrello et al.

Os pacientes também podem apresentar hipotensão, ção na coleta, análise e interpretação dos dados, na redação
manifestações cutâneas generalizadas ou diarreia, levantan- do manuscrito, ou na decisão de submeter os artigos para
do suspeita de uma infecção de pele e partes moles adquiri- publicação.
da na comunidade por cepa de MRSA produtora de toxina.
Essas manifestações podem resultar de fatores de virulência,
tais como PVL, toxina 1 da síndrome do choque tóxico ou
Preparação do manuscrito
enterotoxinas.77 O apoio concedido pela Choice Pharma (Hitchin, Reino
As diretrizes para o diagnóstico e a conduta nas infec- Unido), financiada pela Pfizer Inc., composta pela formata-
ções de pele e partes moles5,9 oferecem recomendações para ção do manuscrito e assistência à sua redação.
a escolha de antibióticos, posologia e duração do tratamen-
to dessas infecções. Para as infecções de pele e partes moles CONFLITOS DE INTERESSE
graves (complicadas), recomenda-se que “o médico deve C.M. Luna: Membro do Conselho da Pfizer, Bayer e Wyeth,
partir da premissa que o organismo é resistente por causa consultor da Pfizer; palestrante da AstraZeneca.
da alta prevalência de cepas MRSA-CO, e deve-se usar agen- E. Rodríguez Noriega: Membro do Conselho da Pfizer;
tes eficazes contra o MRSA (ou seja, vancomicina, linezolida consultor da Pfizer, Wyeth, Johnson & Johnson e Novartis;
ou daptomicina). O retorno para o tratamento com outros recebeu incentivos de pesquisa da Pfizer, Wyeth, Johnson &
agentes para a infecção por MRSA, como a tetraciclina ou Johnson, Schering-Plough e Cerexa.
o SMX-TMP, pode ser possível, com base nos resultados L. Bavestrello: Membro do Conselho Consultivo e con-
dos testes de sensibilidade e depois de uma resposta clínica sultor da Pfizer.
inicial.5 As diretrizes do Reino Unido para o tratamento de E. Gotuzzo: Membro do Conselho Consultivo e con-
infecções por MRSA na comunidade também recomendam sultor da Pfizer; recebeu incentivos de pesquisa da Merck,
a teicoplanina como agente alternativo empírico, ou a tige- Sharp & Dohme; consultor da Tibotec da Sanofi Pasteur.
ciclina para proporcionar uma maior cobertura polimicro-
biana se necessário.9 Referências bibliográficas
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CONCLUSÃO
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é imperativo que as diretrizes terapêuticas sejam escritas e ases Society of America/American Thoracic Society consensus
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por MRSA não pode ser subestimada. As instituições devem fections. Clin Infect Dis. 2005; 41(10):1373-406.
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