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CONSIDERAÇÕES PONTUAIS SOBRE REPACTUAÇÃO DE CONTRATOS

*a manutenção do equilíbrio contratual é fundamental para uma eficiente prestação de


serviços bem como minimiza a possibilidade de inadimplemento do contratado para com seus
empregados, uma vez que os valores pagos estarão sempre dentro da margem contratada no
momento da licitação.

*O equilíbrio econômico-financeiro do contrato é a relação estabelecida inicialmente pelas


partes entre os encargos do contratado e a retribuição da Administração para a justa
remuneração do objeto contratado. O reequilíbrio dos preços e tarifas ajustados é a medida
convencionada entre as partes para evitar que, em razão das elevações do mercado, ocorra o
rompimento do equilíbrio econômico do ajuste. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo
Brasileiro. 34 ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2008. p 218.

*O reequilíbrio econômico-financeiro representa o restabelecimento do sinalagma contratual


originariamente pactuado entre as partes, quando este tenha sido alterado por evento que
caracterize álea extraordinária. Justamente por decorrer de eventos imprevisíveis ou, quando
menos, de eventos previsíveis cujas consequências não podem ser calculadas de antemão, o
reequilíbrio econômico-financeiro poder ser implementado em qualquer momento da relação
contratual, não estando condicionado a requisitos temporais. Para que se viabilize, basta que
ocorram as hipóteses eleitas pela legislação como aptas à sua concretização, não sendo
exigível, para sua efetivação, que tenha sido previsto no instrumento contratual, uma vez que
sua possibilidade deriva diretamente da lei.

*O equilíbrio econômico-financeiro da contratação é tratado pela Constituição Federal em seu


artigo 37, XXI:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações


serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.

*Ao prever que as condições efetivas da proposta devem ser mantidas, a Constituição engloba
a noção de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro, isto é, o licitante, ao oferecer sua
proposta, naquele momento já previu todas as situações necessárias e concretas para suprir os
encargos e vantagens da obrigação a ser assumida. Portanto, variações ocorridas após o ajuste
nas condições assumidas pelo particular, que rompam o equilíbrio da equação, devem ser
pleiteadas pela parte, requerendo sua recomposição.

*Primeiramente, cumpre observar que os contratos podem ter seus valores alterados de duas
formas: uma anual, por meio de reajuste, e a outra quando houver um desequilíbrio
econômico-financeiro no contrato, por meio de revisão.

*A convenção coletiva de trabalho não é evento capaz de provocar a quebra do equilíbrio na


relação contratual, uma vez que são realizadas anualmente, perdendo a característica
essencial da imprevisibilidade. Entretanto, resta claro que o simples reajuste com base em
índices oficiais previamente estabelecidos em contrato não é capaz de bancar os custos
suportados pelo contratado ao longo da execução do serviço. Surge então a figura da
repactuação, prevista no Decreto Federal nº. 2.271/97, sendo sua aplicação, a princípio,
restrita aos contratos de prestação de serviços continuados prestados à Administração Pública
Federal.

*A repactuação, por sua vez, é espécie do gênero “reajuste” e tem aplicação nos contratos
administrativos que versem sobre a prestação de serviços continuados com dedicação
exclusiva de mão-de-obra, possuindo como objetivo precípuo a adequação dos valores
contratuais à nova realidade do mercado, por meio do repasse, ao contrato administrativo, da
efetiva variação de custos do contratado (que deverá ser demonstrada através das
competentes planilhas de custos e formação de preços). Assim, constituindo uma espécie de
reajuste contratual, a repactuação – diferentemente do reequilíbrio econômico-financeiro -
está submetida ao limite temporal de um ano, sendo certo, outrossim, que sua implementação
deve estar expressamente prevista no edital e no contrato.

*Importante destacar também que a repactuação somente é possível após o interregno de, no
mínimo, de 1 (um) ano, porém esta contagem terá como referência a data da proposta ou a do
orçamento a que esta se referir, ou ainda a data da última repactuação.

A data que deve ser tomada como referência para a concessão da repactuação é a data da
proposta ou da convenção/acordo coletivo em que a proposta foi baseada, ou, por fim, a
data da última repactuação, o que ocorrer primeiro.

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