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Disponibilização: Eva

Tradução: Nane
Revisão Inicial: Tinker Bell
Revisão Final: Ma.k
Formatação: Eva
A WINGMEN INC. NOVEL
SEGUNDA REGRA WINGMEN: NUNCA REVELAR O QUANTO
VOCÊ A QUER.

Lex odeia Gabi. Gabi odeia Lex. Mas, pelo menos o ódio é mútuo,
certo? Tudo o que Lex tem que fazer é sobreviver às próximas duas
semanas treinando Gabi em todas as atividades da Wingmen Inc. e, em
seguida, ele terá terminado. Mas agora que eles precisam trabalhar
juntos, a tensão sexual e as brigas são ainda mais espetaculares. Ele não
tem certeza se quer estrangulá-la ou jogá-la contra a mesa mais
próxima para transar com ela.
Mas Gabi tem um segredo, algo
que ela esconde não só do seu melhor
amigo, mas do seu inimigo também.
As linhas são tênues quando Lex se
torna cada vez menos o vilão que ela
sempre pintou... e começa a se
transformar em algo mais. Gabi
sempre odiou o jeito como se
sentia um pouco atraída por
ele – nenhum especialista em
ciência da computação
deveria ter um corpo tão
gostoso ou ficar tão bem
usando óculos – mas ‘Lex
Luthor’ é um mulherengo
do mal. Ele é perigoso. Gabi
deveria ficar longe, muito
longe.
Mas então, novamente,
ela sempre quis um pouco de
perigo.
Prólogo
Lex
Primeiro ano, 2012

Campus da Universidade de Washington

Zeta Psi festa de Natal, 01:00 a.m.

Uma neblina espessa de fumaça cobre a sala de estar. Quem


pensou que seria uma boa ideia colocar uma máquina de fumaça
dentro de uma sala cheia de caras suados e ligá-la, deveria queimar
no inferno.

“Onde estão todas as garotas?” Pergunto ao meu amigo Ian. Ele


está pensando em entrar para a Zeta Psi no ano seguinte, mas como
atleta ele não sabe se terá tempo. Nós fomos convidados para o que
estava sendo chamado no campus de “a festa do ano.” “É uma
porcaria de festa da salsicha!,” digo com desgosto.

Ian franze o cenho. “Talvez elas venham mais tarde?”

“Ninguém gosta disso... a parte de chegar tarde. Vir é algo que é


melhor que aconteça mais cedo do que mais tarde, considerando
tudo.” Eu lhe dou um tapa nas costas. “Mas essas são coisas que
você descobre quando se torna um homem...”

“Você é um idiota, Lex.” Ele me empurra com força em meio à


fumaça ofuscante. Ela queima meus olhos e imediatamente tenho
vontade de tirar minhas lentes de contato. Se continuar andando
através dessa fumaça, há grandes chances de beijar acidentalmente
um cara, e eu não curto esse tipo de festa. “Vamos embora.”

“Certo.”
Ian coloca sua cerveja em uma mesa próxima e me segue
através da multidão. Então, soa uma buzina quando uma centena de
meninas irrompe pela porta vestindo biquínis de Natal em tons de
vermelho e verde.

“Woohoo!” Elas gritam. Meninas de república sempre gritam,


mas desta vez eu não presto atenção à gritaria, já que vem
acompanhada de muitos pulinhos em tecidos bem pequenos. Eu
sorrio quando Ian engasga “Deus nos abençoe” e começa a caminhar
para as meninas.

“Espere, Casanova.” Eu o agarro pela camisa e puxo para trás.


“Nós não vamos até elas, elas vêm até nós. Lembra-se das regras?” Eu
nunca na minha vida precisei de esforço para conseguir uma garota e
não estou prestes a começar só porque Ian está com medo de que
todas as boas sejam rapidamente tomadas.

“Nós estamos segurando nossos paus pelas últimas três horas e


você quer esperar mais tempo?”

Reviro os olhos. “É ciência.” E é por isso que especifiquei em


nosso manual privativo – também conhecido como Passo a Passo
Para Conseguir Se Dar Bem – que nós nunca devemos nos aproximar
de uma garota.

“Que ciência?”

“Sexo.” Eu aponto com a cabeça para algumas meninas que já


parecem entediadas com os caras que as tinham bombardeado e
agora vinham caminhando em nossa direção. Uma usa uma tanga
vermelha com uma minúscula saia de Mamãe Noel combinando, nada
além de um sutiã vermelho na parte de cima e um chapéu de Mamãe
Noel bonito-como-o-inferno empoleirado de lado sobre sua cabeça. A
outra está vestida como uma rena safada, usando pequenas algemas
em seus pulsos e sinos em volta do pescoço.

“Oi.” A rena safada faz um movimento de chacoalhar e ondula.


“Quer tocar meu sino?”

Está na ponta da minha língua dizer sim, porque, olá, ela quer
que eu toque seu sino e eu seria um idiota se não a levasse lá para
cima – ou corredor abaixo, ou mesmo para a despensa –para ver
quantos sinos seria capaz de fazer tocar. Mas eu quero um desafio
maior.

Talvez o gênio da computação em mim precisasse de uma


fórmula complicada ou algo que, pelo menos, representasse mais
dificuldade do que apenas abrir minha boca e perguntar se ela quer
ficar por cima, por baixo ou uma mistura de ambos.

“Ian.” Eu dou uma cotovelada nele. “Por que você não vai pegar
uma bebida para essas lindas moças enquanto eu... busco algo no
carro?” É uma desculpa esfarrapada, mas como uma das estrelas da
equipe de futebol da UW, Ian pode facilmente cuidar de si mesmo.
Além disso, ele gosta de espalhar amor, e seria um desafio maior se
ele tivesse que agradar duas garotas ao mesmo tempo.

“Certo... algo do... carro.” Aquele que nós não viemos dirigindo.
É evidente que ele pega a dica, já que varre as duas meninas sob seus
braços volumosos e sai com um sorriso de satisfação estampado no
rosto.

Reviro os olhos enquanto as duas meninas riem e se agarram


nele, como se ele fosse a porra do Russell Wilson1, o que, se
mantivesse suas estatísticas altas, poderia facilmente ser sua
realidade em pouco tempo.

Eu rapidamente esquadrinho a sala. O resto das meninas


parecem todas iguais. Em um mar de vermelho e verde, tudo o que
vejo são meninas fáceis e prontas para abrir as pernas para qualquer
um com músculos e um sorriso matador – o que eu tenho aos
montes. Não me apelidaram de Lex Luthor por eu ser um cavalheiro
vestido de forma conservadora que diz “por favor,” e, “obrigado” no
quarto.

Eu sou o vilão.

The Dark Side – O lado negro.

O sujo.

1Russell Carrington Wilson é um jogador profissional de futebol americano que atua na posição de
quarterback pelo Seattle Seahawks na National Football League.
O badboy que as garotas levam para casa apenas para irritar
seu pai, embora a piada fosse quase sempre sobre a menina, já que
sou um membro certificado da Mensa2 – eu apenas não demonstro
isso. Para a maioria das meninas eu sou o sombrio, o pensativo, o
perdedor que dirige uma motocicleta apenas esperando para ser
reprovado na faculdade. Mal sabem elas: eu tenho mais células
cerebrais em meu dedo mindinho, mais dinheiro em minha conta
bancária, do que podem imaginar – ou são capazes de somar usando
todos seus dez dedos.

Franzindo a testa, ando no meio da multidão tomada de


hormônios, e quase colido com uma menina pequena, vestida com um
traje de elfa e com uma bonita e pequena máscara branca cobrindo
parte de seu rosto. Dois grandes olhos verde esmeralda me
examinam.

“Desculpe.” Meu olhar cai para seu decote, que é...


refrescantemente... perfeito. Não mostrando muito, deixando apenas o
suficiente para a imaginação. Eu gosto disso. Além do mais, seu
cheiro é de menta.

E eu sou um otário maldito por hortelã.

Ou talvez sejam seus peitos.

Dou uma lambida em meus lábios enquanto seus olhos verdes


piscam para mim com uma mistura de choque e, em seguida,
confusão, como se ela não tivesse certeza se eu sou um amigo ou
inimigo.

Ah, eu sou ao mesmo tempo, um pouco de ambos, de qualquer


maneira. Mas, esta noite? Eu seria o melhor amigo que ela já teve.
Sua língua rosa escapa, molhando os lábios, e meu pau estremece
com inveja. Como se ela pudesse sentir a direção dos meus
pensamentos, um vermelho brilhante tinge suas bochechas. Com um
suspiro, ela deixa escapar uma respiração. Droga, mais hortelã. Ela
poderia lidar com o meu bastão de doces em qualquer dia da semana.

2 A Mensa International é a maior, mais antiga e mais famosa sociedade composta por pessoas com alto QI.
Há, embora, algo estranhamente familiar sobre ela, como se já
tivéssemos nos encontrado antes, mas essa é uma cantada velha. E
de verdade? Se tivéssemos nos encontrado antes, eu ainda estaria
com as bolas profundamente enterradas dentro dela. Ela é linda.

“Lex.” Estendo minha mão, imediatamente quebrando uma


regras da minha cartilha. Um rapaz nunca deve ser o primeiro a
oferecer sua mão. Isso pareceria muito educado e as meninas sempre
acabam assumindo com isso, que você está a fim de um
relacionamento... Ian e eu criamos as regras no momento em que
percebemos que há uma grande demanda sobre saber como navegar
estrategicamente no mundo do sexo e das mulheres na faculdade, de
uma forma que seja mutuamente satisfatória e onde não há amarras.
Eu nunca me aproximo, nunca ofereço meu nome, e com certeza
nunca aperto a mão de uma menina quando posso estar sacudindo
seu mamilo com minha língua.

Suas sobrancelhas se franzem e, em seguida, ela lenta, e


metodicamente estende sua mão e aperta a minha com firmeza.
“Gabrielle, mas meus amigos me chamam de Gabi.”

Gabi? Eu cresci com uma Gabi. Mas sem chance que a


magricela e desajeitada Gabi que Ian e eu costumávamos torturar
fosse esta visão do sexo, parada em pé na minha frente. Além disso,
ela agora deve estar em seu último ano do ensino médio e,
provavelmente, ainda não teria ficado assim tão crescida.

“E o seu namorado, do que ele chama você?” Eu a pressiono,


meu corpo mais perto dela.

“Sara.” Seus lábios tremem.

“Hã?”

Ela ri e esse som maldito vai para todos os lugares errados. É


uma reação física automática; estar perto dela me deixa louco, e eu
não tenho nem ideia do porquê. “Ele estava namorando comigo e com
Sara ao mesmo tempo e acabou ficando confuso ao me dar um beijo
de boa noite.”
“Droga.” Balanço a cabeça e dou um sorriso. “Você deu uma
joelhada bem dada nele?”

“E também mordi sua língua”, diz ela, sorrindo como um gato


selvagem. “Eu sou violenta deste jeito.”

“Feminismo.” Eu assinto. “Contribuo para esta causa... Juro.”


Coloco a mão sobre meu coração. “E espero que ele fique andando de
um jeito engraçado durante um ano.”

“Eh.” Ela dá de ombros casualmente. “Não é como se ele tivesse


muita coisa para se bater, de qualquer maneira.”

“Podemos ser melhores amigos?” Eu solto com uma risada.

Ela se junta ao riso apenas quando alguém a empurra por trás,


mandando-a direto para meus braços. Seus dedos delicados
pressionam meu bíceps enquanto seus seios deslizam contra meu
peito.

Minha respiração trava quando ela levanta o rosto para mim.

E eu faço isso.

Eu perco minha cabeça, esquecendo tudo sobre minhas regras


de jogo, e apenas me deixo levar, beijando-a suavemente como se a
conhecesse há anos em vez dos quatro minutos e trinta e seis
segundos. Sua língua doce encontra a minha com agressividade
suficiente para surpreender-me momentaneamente enquanto seus
dedos correm pelo meu cabelo, fazendo meu crânio e o resto do meu
corpo chiarem com consciência.

Gemendo, eu a levanto no ar quando ela aprofunda o beijo. Que


diabos? Como é que posso ser tão sortudo? Em busca de ar nós nos
separamos e suas bochechas estão ainda tão malditamente vermelhas
que eu acabo rindo.

“Você é adorável,” eu admito. “Quente. Mas adorável. Como isso


é possível?”

“Bem, se eu fosse Sara, diria que é porque sou impressionante


na cama.”
“Ah, é?”

“Sim, mas como sou apenas eu mesma, provavelmente é porque


sou inocente demais para saber o quão impressionante realmente
sou.”

“Inocente está bem”, digo, sentindo-me com vontade de proteger


a menina bonita em meus braços e que tão prontamente reagiu ao
meu toque.

Ela franze a testa e, em seguida, desliza para fora do meu


abraço, seus pés tocando o chão no momento em que as luzes piscam
e se apagam.

“Eu não quero mais ser inocente”, ela sussurra em meu ouvido.

Puta merda.

Eu rapidamente olho ao redor da sala escura quando o som de


techno pulsa através dos alto-falantes baratos, chiando a cada
poucos segundos.

“Bem” – agarro seus quadris e me inclino para baixo, meus


lábios acariciando o contorno de sua orelha “Eu acho que você
encontrou o cara certo.”

“Eu também acho.”

Agarro sua mão, levando-a para a escada. Por fora eu estou


calmo; por dentro, estou dando parabéns a mim mesmo enquanto
meu pau dá piruetas.

Meu aperto em sua mão é forte enquanto eu a arrasto até as


escadas. Os meus pés flutuando enquanto ela corre atrás de mim. O
som de sua risada, suas bochechas coradas... é tudo demais para
suportar.

Fazemos essa corrida para o quarto em dez segundos.

A porta está fechada. Eu a abro e fecho de repente outra vez,


apertando-a contra ela. Meus lábios encontram seu pescoço enquanto
ela gira a maçaneta da porta, o que nos envia para dentro do quarto
em meio a um ataque de mãos frenéticas.
“Que diabos?” A voz de Ian grita atrás de mim.

Gabrielle e eu nos separamos.

“Oh! merda,” eu digo em meio a uma risada sem fôlego. “Foi


mal cara, não sabia que você estava neste quarto.”

“Gabs!” Ian grita. “Que DIABOS você está fazendo?” Ian está
seminu com duas meninas praticamente nuas, e ele parece estar
mais chateado do que nunca. Ele nunca fica com raiva.

Dou um passo cauteloso para trás e apoio minhas mãos. “Ian?


Qual o problema, cara?”

“Gabs!” Ian grita novamente. “Você sabe quem é ele?”

Ele está apontando para mim como se eu fosse um criminoso.

“Ian, fique fora disso!” Ela levanta a voz, colocando as mãos nos
quadris. “Apenas... suma!”

“Suma?” Ele repete, e depois mais alto: “SUMA?” Ele pisa até
ela. “Por que você está nesta festa? Eu lhe disse para ficar em casa e
fazer sua lição. Você prometeu que depois do que aconteceu com
Mark...”

“Mark?” Repito, minha mente vagamente chegando a um


acordo com o fato de que esta é Gabi, a Gabi com quem eu cresci, a
mesma Gabi que ligou para Ian na semana passada, aos prantos, por
causa do seu ex-namorado que a estava traindo. “Oh! merda!” Dou
um passo para trás. Ela já tem dezoito anos?

Ela revira os olhos. “Eu tenho dezoito anos.”

Graças a Deus!

“Não importa.” Ian parece pronto para vomitar. “Você não pode
estar aqui, Gabs. Eu sou seu melhor amigo.” Ele troca um olhar
comigo, um olhar que diz mais do que eu preciso saber. Esta é Gabs,
a menina que esteve em todas as festas de aniversário de Ian quando
ele era pequeno, que nunca perdeu qualquer um de seus jogos de
futebol. A mesma Gabs em quem eu costumava atirar pedras antes de
me mudar para o outro lado da cidade.
A Gabi que eu jurei para Ian que nunca tocaria, nem mesmo
por um milhão de dólares. Então, novamente, tínhamos onze anos
quando fiz essa promessa.

Ela não está apenas fora dos limites.

Ela é intocável. A única coisa que poderia destruir a amizade


que tenho com Ian, criando um abismo tão profundo e largo que
nunca poderia ser superado.

“Está tudo bem.” Eu rapidamente levanto minhas mãos. “Não


aconteceu nada.”

“Nada aconteceu?” Gabi vira a cabeça e olha.

Eu sei que tenho duas opções: bancar o cavalheiro, para que


ela saiba que não sou um cara horrível e que estou apenas tentando
proteger a garota que é basicamente a família do meu melhor amigo;
ou mentir e fazê-la pensar que sou uma pessoa horrível. Uma garota
como ela – inferno, a maioria das meninas – sempre está procurando
o cavalheiro, querendo acreditar que todos os homens são bons e só
precisam de uma chance. Ela está me dando aquele olhar que você dá
ao cão bravo no abrigo quando estende sua mão para acariciá-lo.

Eu poderia aceitar o carinho.

Ou, eu poderia morder de verdade.

E uma garota como Gabi precisa da mordida... Se eu quisesse


manter águas tranquilas entre Ian e eu. Suspiro. Eu preciso do meu
melhor amigo, às vezes mais do que eu acho que ele precisa de mim.
Inferno, preciso dele como ele precisa de Gabi, porra.

Então, não tenho escolha.

“Merda.” Começo a rir. “Vou descer e encontrar outra. Há um


milhão de outras como ela.” Eu pisco, então a agarro pelo traseiro e
puxo contra mim, dizendo rispidamente, “foi real, mas tenho outros
peitos chamando meu nome.”

Eu quase vomito quando caminho para fora do quarto e desço


as escadas, nem mesmo olhando para as pessoas ao redor de mim
conforme deixo a festa e a única menina que conseguiu me deixar
tentado... a querer mais.
Capítulo um
Lex
Quatro anos depois

Último ano

“Ali. Isso mesmo.” Eu posso sentir os seios pressionados contra


minhas costas quando ela aponta para o livro que está, a pelo menos,
uns sessenta centímetros acima dela. “Aquele com a lombada azul.”

Sorrindo, eu leio o título em voz alta: “Mil e Uma Maneiras de


Agradar Seu Homem?”

“Esse mesmo.” É minha imaginação ou a sua voz fica rouca?


Suas mãos serpenteiam em volta da minha cintura. “Oh, desculpe,
acho que vi outro livro que parece... emocionante. Acho que me
enganei.” Ela puxa suas mãos para longe da minha virilha e da
prateleira vazia perto dela.

Com uma risadinha pego o livro, ainda sem me virar. “Sabe, eu


sou um bom parceiro de estudo.”

“Já ouvi isso”, ela ronrona.

Claro que ela sim. Minha reputação é lendária. De dia eu sou


um típico nerd de computador, gastando meu tempo nos laboratórios
ensinando meus próprios professores como escrever um bom código.
Inferno, eu até adoto cães, distribuo folhetos sobre o Greenpeace, e
faço doações para abrigos de sem-teto.

Mas de noite?
“Então...” Lábios macios e molhados acariciam meu bíceps
direito. “O que você diz?”

Uma voz feminina irritante interrompe a tensão sensual. “É


claro que você sabe que tem um sério vício em sexo quando resolve
gastar seu tempo na seção do Kama Sutra apenas para poder pegar
meninas que não vão fazê-lo sentir a necessidade de elevar seu nível
na cama, ou, Deus me livre, fazer um manual sobre isso.”

“Gabs.” Eu me viro com os dentes cerrados, punhos prontos


para uma luta ou prontos para cobrir meu pau se ela tentasse chutá-
lo novamente. “Você ganhou algum peso?”

“Hmm, não sei. Será que um hospital público não poderia


ajudá-lo a se livrar desses chatos?”

A menina, cujo nome me escapou – como acontece com a


maioria – agarra o livro das minhas mãos e rapidamente corre para
longe, enquanto Gabs dá um olhar aguçado.

“Para sua informação, ela me pediu ajuda.” Eu não sei por que
diabos estou me defendendo para esta descendente de Satanás.
Talvez seja porque ela olha para mim como se eu fosse uma decisão
tão ruim quanto ir para a prisão.

Os suaves lábios rosados de Gabi estão pressionado juntos em


uma linha julgadora quando seus olhos verdes se estreitam. “Você
está atrasado.”

“Na verdade” – dou-lhe um empurrão e passo ao seu lado – “Eu


estava adiantado, vi uma donzela em perigo, e me disponibilizei. Você
sabe como é. Não posso evitar ser atraído para o estrogênio
diariamente.”

“Sim.” Gabs aponta para o banquinho ao lado da estante.


“Então, muito carente... E também muito estúpida. Essa foi a melhor
desculpa que ela conseguiu inventar? Por que não dizer, 'ei, eu tenho
medo de altura, será que você poderia pegar esse livro para mim?’”

Reviro os olhos. “Gabs, eu sei que você é pequena e que tudo aí


de baixo parece realmente, realmente assustador, mas aquele banco
tem apenas trinta centímetros de altura. Se ela tiver medo de subir
nele, então, isso me leva a crer que ela ficaria com medo de todas as
coisas que têm esta mesma medida.” Sorrio e me inclino, levantando
o cabelo dela para que possa sussurrar em seu ouvido. “No entanto a
quem estou enganando? Eu adoro quando as meninas gritam na
cama.”

Gabi empurra meu peito. Com força. “Grosso! Vá passar uma


doença para outra pessoa.” Ela estremece e, em seguida, sai,
chamando por cima do ombro, “Vamos logo acabar com isso, certo?”

“Tudo bem.” No ritmo de uma tartaruga deficiente, eu sigo atrás


dela, temendo cada maldito passo que me leva até a mesa onde ela
havia colocado sua mochila rosa e seus marcadores de texto.

Tudo tem o seu lugar.

Isso é tão Gabi que eu preciso me controlar para não sorrir ou


até mesmo rir. Isso faria com que ela pensasse que sou capaz de pelo
menos gostar dela como um amigo – coisa que eu não faço.

Ela está completamente fora dos limites, ou seja, no minuto


que me afastei dela há quatro anos, ela se tornou um nada para mim,
isto é, andrógina, assexuada, um cara muito feio, um irmão, uma
cabra.

E meninas e rapazes sendo amigos? Sim, isso nunca dá certo.


Logo, a teoria da cabra. Se eu pensar nela como um animal ou algum
tipo de humano sem sexo, não serei vítima de seus encantos e não
decidirei ser seu amigo apenas para, tempos depois, dormir com ela,
arruinando tudo, e acabar realmente odiando Gabi quase tanto
quanto vou me odiar.

Círculo vicioso.

Eu não quero fazer parte disso.

Gabs suga uma ponta de seu cabelo, o que é um hábito nojento


e em seguida, começa a puxar para fora algumas folhas de papel.
“Ok, então eu fui em frente e conectei todos os novos candidatos do
sexo masculino e cruzei referências deles com o banco de dados das
nossas clientes do sexo feminino. Tudo foi importado para o novo
programa, mas com a agenda apertada que você e Ian tem, eu não sei
como isso vai funcionar.”

“Fofa. Você também diz isso na cama?”

“Lex”, ela resmunga, deslizando os papéis para mim. Números,


números e mais números. Eles são meu vício e minha droga. Eu os
amo. A primeira coisa que noto é que ela não desordenou os dados, o
que significa que não tenho nenhuma desculpa para demiti-la da
Wingmen Inc.. Ian a contratou para que ela consiga pagar sua
faculdade. Ele sabe que ela precisa do dinheiro, mas é orgulhosa
demais para aceitar isso como um presente de qualquer um de nós –
não que eu fosse oferecer.

Então, ao invés disso ele lhe ofereceu um emprego.

Na minha empresa.

Bem, nós dois somos os donos da empresa, mas ainda assim,


isso me irrita. Ela ignorou completamente todas as fichas de
candidatura para o McDonalds e Starbucks que deixei em cima do
seu balcão da cozinha. Eu até mesmo pedi um favor para a Microsoft,
onde estagiei durante o verão, mas ela recusou a oferta!

Ian e eu ainda temos mais um semestre na faculdade.

Um semestre durante o qual eu fui amaldiçoado e terei que


lidar com as merdas dela, não só porque ela é a melhor amiga de Ian,
mas também porque Ian e Blake haviam se apaixonado algumas
semanas antes, e agora ele não seria mais capaz de cumprir os
compromissos de sua agenda.

Eu dou um gemido quando os números todos ficam borrados.


Wingmen Inc. é exatamente o que parece. Um serviço simples que Ian
inventou depois de se machucar durante sua primeira temporada no
Seahawks. Nós, como acompanhantes e parceiros, ajudamos as
meninas – as meninas boas, e não as do tipo que passam a mão em
mim dentro de uma maldita livraria – a encontrarem o seu felizes
para sempre.

Nós as impedimos de se contentarem com completos idiotas.


E ao fazer isso, nós as ajudamos a alcançar sua autoconfiança.

Eu sei, eu sei, realmente mereço uma condecoração. Talvez por


isso minhas noites sejam preenchidas com tanta... escrotidão. Minha
alma tem certo limite de bondade com a qual consegue lidar antes de
explodir em glitter e borboletas, e essa merda não é legal.

Começar a aceitar clientes do sexo masculino foi ideia de Ian e


Blake, e por mais que eu quisesse dizer não à carga extra de trabalho,
eles estão certos. Somente na minha pós-graduação há tantos caras
que nunca tiveram um encontro de verdade, que já sei que vou fazer
um favor a sociedade.

Rapidamente adaptei nosso software para que pudéssemos ter


um banco de dados, ou banco de parceiros, de homens e mulheres
disponíveis, e então comecei a agendar os casos mais desesperadores,
algo que meu programa também é capaz de levantar.

“Lex?” Gabi estala os dedos na frente do meu rosto. “Você ao


menos está me ouvindo?”

“Não.” Eu empurro a mão dela. “Eu estou lendo. E por mais que
eu odeie dizer isso...”

“Eu estou certa?” Ela sorri, mordendo o lábio inferior.

Com um grunhido, eu murmuro “Você está certa. O que


também significa que: ou precisamos contratar alguém ou você vai
precisar intensificar o seu jogo.”

“Meu jogo?” Suas sobrancelhas escuras se unem enquanto ela


torce seu longo cabelo castanho-escuro entre os dedos. “Hum, isso
não fazia parte do acordo.”

“O acordo mudou.” Eu me levanto, amasso o papel e jogo no


lixo. “Se eu assumir mais clientes, vou acabar reprovando em minha
matérias.” Ok, isso é uma mentira, mas não quero ter que agendar
clientes todos os dias, um atrás do outro, apenas para acabar
cansado demais para minhas atividades extracurriculares. “Então
isso significa que você vai ter que pegar alguns dos caras.”
“Não!” Gabi salta de pé. “Você sabe que eu não posso fazer
isso!”

“Eu sei?” Olho por cima da sua cabeça enquanto uma garota
loira com peitos enormes olha na minha direção e dá uma piscadela.

“Oh! não, você não vai fazer isso.” Gabi salta para sua cadeira e
agarra meu rosto com as duas mãos. “Olhe para mim.”

“Eu estou olhando para você”, digo em um tom


deliberadamente entediado ao tentar olhar através dela para poder ver
a Peitos Grandes.

“Lex!” Gabi me bate na lateral do rosto. “Foco, pare de pensar


com seus países baixos, deixe o sangue subir.”

Começo a rir. “Eu acho que você está confusa sobre o que
realmente significa... Subir...”

Ela cobre minha boca com a mão, e eu observo um traço reto


de marca-texto rosa no seu dedo indicador, que cheira a morangos.
Claro que sim.

Seus olhos verdes se arregalam. “Eu não posso me encontrar


com os clientes do sexo masculino para orientá-los...”

Reviro os olhos e retiro a sua mão. “Gabi, eu vou treinar você


esta semana. Quão difícil pode ser isso? Eles são nerds à procura de
outras nerds para que possam ter bebês nerds, que irão produzir
mais nerds que irão, provavelmente, um dia criar robôs suficientes
para causar o apocalipse.” Eu deixo de fora que o treinamento inclui
testar suas habilidades de sedução, bem como algumas outras coisas
que tenho certeza de que, dada a oportunidade, ela preferia morrer a
realmente seguir adiante. De uma forma ou de outra, eu faria ela
desistir. Pelo menos, estou acenando esperança na cara dela, para
que no final, quando ela acabar dando para trás, tudo seria decisão
dela. Vê? Eu sou um completo cavalheiro, quando quero ser.

Tento me afastar, mas Gabi salta em minhas costas como um


macaco, com os pés cavando em meus lados. “Pare!”

Inclino minha cabeça para trás, batendo em sua mandíbula.


“Ai!”

“Eu sinto muito!”

“Não, você não sente!”

“Como diabos você sabe?” Estávamos começando a atrair uma


audiência. “Saia de perto de mim!”

“Não até você prometer que não precisarei me prostituir!” Ela


assobia.

Um funcionário olha em nossa direção. Ótimo.

Baixo a voz, ao mesmo tempo tentando soltar suas pernas da


minha cintura. “Você não está se prostituindo, você está ajudando.
Há uma grande diferença, Gabi, acredite em mim.”

Viro minha cabeça ao mesmo tempo em que ela se inclina para


baixo, e seus lábios roçam minha orelha.

Eu congelo.

Ela congela.

O tempo para.

Puxo duas respirações profundas. “Este é o trabalho, Gabi. Se


você não pode fazer isso, eu vou encontrar alguém que possa e que
faça.” E lá está ele, o plano perfeito. Eu posso demiti-la se ela se
recusar a fazer seu trabalho, e nós dois poderíamos seguir nossos
caminhos separadamente. Estar ao lado de sua pele com aroma de
morango já está me direcionando para os limites de minha sanidade
mental, e eu sempre me orgulho de ser uma pessoa difícil de explodir.

Até Gabi.

“Não.” Ela aperta meu pescoço. “Ian é dono de metade da


empresa. Ele simplesmente vai...”

“Será que esta sempre será sua desculpa, então? Seu plano
reserva? Você sempre vai pedir pro Ian para salvar você quando as
coisas ficarem difíceis?”
Sua respiração pausa.

Peguei você, Sunshine3.

“Foi o que eu pensei. Olha, estou cansado e preciso de sexo, por


isso, se você não vai me oferecer isso, por favor, saia das minhas
costas e vá para casa.”

Ela desliza pelo meu corpo. Posso sentir seus seios empinados
dando tchau enquanto meus dentes cerram com irritação.

Eu me viro e sorrio maliciosamente. “Você começa amanhã.”

As bochechas de Gabi ficam vermelhas. Eu estou apostando em


seu recuo. Ela deveria, afinal de contas é inocente, muito antiquada –
inferno, minha avó tem mais experiência sexual que Gabi.

Uma tartaruga tem mais experiência.

Nós dois compartilhamos um melhor amigo, e quando bêbado,


este nosso amigo me explicou por que é tão protetor com nossa
querida e linda Gabi. Virgem. Ela é uma maldita virgem.

Isso basicamente significa que ela vai bater e queimar, e eu vou


documentar cada passo disso e depois poderei dizer a Ian que ela
precisa encontrar outro lugar para trabalhar.

Plano perfeito?

Claro que sim.

“Ou seja, a menos que” – eu dou uma piscada – “você queira


começar esta noite.” Eu lambo meus lábios e inclino a cabeça. “Meu
recorde é de quarenta e oito segundos... Mas aposto que você só
levaria vinte.”

Um livro voa sobre minha cabeça.

Acho que essa é minha resposta.

“Você sabe...” Eu balanço em meus calcanhares. “Você sempre


pode trabalhar no McDonald’s. Deixe-me fazer um favor à você, Gabs.
Você não pertence à Wingmen Inc..”
3 Luz do sol.
Suas narinas se dilatam. “Eu preciso deste emprego, Lex. É o
único trabalho que me paga o suficiente para conseguir...”

Minhas sobrancelhas se erguem. “Suficiente para o que, Gabs?


Comprar mais sapatos? Não é como se você ainda tivesse que pagar
sua matrícula, não é?”

“Bastardo!” Ela grita, lançando outro livro em minha direção.


Eu desvio. “Você hackeou minha conta na faculdade de novo?”

“Eu?” Dou de ombros inocentemente. “Honestamente, Gabs,


estou surpreso que um garoto de cinco anos já não tenha hackeado
sua conta. Você sabe que usar 'password' como senha é,
basicamente, igual a colocar um tapete de boas vindas bem na frente
do seu login, certo?”

“Eu te odeio.”

“O sentimento é mútuo, Sunshine.” Eu sorrio. “Agora, vá


reclamar com Ian como você sempre faz, e eu vou ficar de fora,
enquanto as mulheres se jogam aos meus pés, como sempre.”

Ela sai correndo.

E um pedaço de mim vai com ela. Não que ela saiba disso, não
que ela vá saber, porque cada vez que discutimos, é como se parte de
minha alma quebrasse.

Ah, talvez seja por isso que eu a odeio mais e mais.

Gabrielle Sava está me deixando sem alma.

Inferno, até o final do semestre eu serei um demônio ou um


vampiro.

A loura com grandes peitos pisca para mim novamente e acena.


Eu sorrio e olho para seu corpo roliço, bem torneado. Hoje à noite?
Eu vou morder.

“Vampiro”, sussurro conforme caminho até ela.


Capítulo dois
Gabi

Eu odeio Lex.

ODEIO.

Odeio, odeio, odeio. Eu canto a palavra para mim mesma na


manhã seguinte quando ando em direção à sua casa ridiculamente
cara, ao lado do ridiculamente agradável lago, com sua Mercedes
vermelha e ridiculamente barulhenta estacionada em frente. Imbecil.

Eu estaria fazendo um favor à sociedade se ateasse fogo


naquilo.

Sério.

A coisa provavelmente está tomada com tanto fluido corporal e


doença que se ele entrasse em um acidente de carro acabaria
infectando toda a rodovia e iniciaria uma epidemia por toda a cidade.

Dou uma estremecida.

Eu costumo compartimentar Lex em duas caixas.

A primeira caixa é o Lex da Infância, o amigo que costumava


sair comigo e com Ian antes de se mudar para o outro lado da cidade,
para nunca mais ser visto novamente. Ele costumava ir comigo para a
escola, e quando fiquei doente, ele me deu minha própria caixa de
lenços de papel – não importa que ele a tenha roubado da mesa de
seu professor. O ponto é que o Lex da Infância era um guardião.

A caixa número dois?


O Lex Cretino, também conhecido como a versão que eu estou
indo encontrar. O Lex que eu conheci quando tinha dezoito anos, que
momentaneamente me atordoou, me deixou sem palavras com sua
beleza divina, tinha sido uma invenção da minha hiperativa e triste
imaginação crivada por hormônios.

Do lado de fora? O homem perfeito.

Com um sorriso pensativo e sensual.

Bíceps do tamanho da minha cabeça.

Que me dá a nítida sensação de que se eu corresse minha mão


sobre seus cabelos raspados ele me daria um orgasmo antes mesmo
de me tocar.

Tanto faz. Já superei isso. Assim como o superei.

Muita gente tem paixões estúpidas aos dezoito anos, certo?

Agora tudo que eu vejo quando encaro em seus olhos azuis


tempestuosos é sífilis ou gonorreia, e ainda estou sendo generosa. O
cara é uma DST ambulante e testa minha paciência seriamente. Ele é
um asno. Pura e simplesmente, sem botar nem tirar. Ele é o tipo de
cara que diria a uma garota que ela está parecendo gorda em um
vestido ou que se recusa a compartilhar o cesto de pão. Vê? Ele não
pode nem seguir regras básicas de boa educação durante as refeições!
Só de pensar nele eu me sinto encaroçada.

No ano passado, quando fui fazer compras e estupidamente


convidei Ian para vir junto – o que naturalmente significa que Lex
também foi – ele chegou a me dizer em termos inequívocos que
bastava eu parar de beber leite com chocolate de manhã e eu caberia
em um tamanho menor de roupas.

Ele sorriu dizendo isso.

Suas covinhas tinham se aprofundado.

Ele ainda cruzou os braços como se quisesse dizer, olha, estou


te fazendo um favor, agora me agradeça.
Em vez disso eu o chutei nas bolas e tentei dar-lhe um olho
roxo, acertando Ian no rosto.

Meu ponto? Lex. É. O. Diabo.

Faço questão de sair com Lex apenas quando é absolutamente


necessário, e mesmo assim eu quase sempre tenho Ian como um
amortecedor. Mas agora que ele está jogando no ninho de amor com
minha ex-colega de quarto, Blake? Bem, estou por minha própria
conta.

Lex abre a porta depois da minha terceira batida agressiva.


Moletom preto pendurado baixo em seus quadris, uma camisa vintage
do Mariners caída em torno de seu pescoço, e ele está usando óculos
de armação preta que fazem seus olhos mais atraentes do que deve
ser aceitável.

“Sunshine”, ele diz, seu sorriso se aprofundando enquanto


cruza os braços musculosos sobre o peito.

“Estúpido.” Eu sorrio docemente. “Óculos novos? As lentes


parecem mais grossas do que da última vez.”

“São para te ver melhor.” Ele se inclina para frente, estreitando


os olhos em pequenas fendas. “Ah, ali estão eles.” Ele estende a mão
para um dos meus seios.

Bato em sua mão com tanta força que a palma da minha fica
pinicando.

“Provavelmente esta não é a melhor maneira de tratar seus


novos clientes do sexo masculino.” Ele aperta sua mão e volta para a
sala, deixando a porta aberta. As boas maneiras são completamente
esquecidas por ele.

Rangendo os dentes, bato a porta atrás de mim e tiro os


sapatos porque sei que se eu não os tirar, ele ficaria me infernizando.

Ele é uma aberração assim.

Como pega toneladas de meninas, é chocante quanto Lysol ele


usa na casa. Suas roupas nunca estão enrugadas; tudo é impecável.
Mesmo seu hálito.

Maldito seja ele.

Ele bebe café como um funcionário da Starbucks, mas nunca


tem hálito de café.

É quase doloroso olhar na cara dele, sabendo que tudo do lado


de fora parece perfeito – mas não combina nada com o lado de dentro,
nem mesmo chega perto!

Beleza como a de Lex é perigosa e perversamente tentadora,


como algo saído de um romance paranormal. Às vezes, à noite,
quando eu sonho com Lex sendo atropelado por um carro, eu o
imagino como um vampiro perambulando pelas ruas em suas roupas
pretas favoritas, sem camisa, brilhando sob as luzes da rua,
esperando algumas prostitutas se alinharem para que ele possa lhes
dar algumas mordidas.

Um lápis voa na minha cabeça.

“Ei.” As sobrancelhas de Lex disparam. “Temos muito trabalho


a fazer se queremos preparar você para os próximos dois clientes.
Fantasie sobre meninas em seu tempo livre.”

“Eu não sou lésbica.”

Ele morde o lábio inferior, afundando-se na cadeira enquanto


seus olhos lentamente vagam de minhas meias descombinadas até
minha cabeça. “Ok, o que quer que você diga Gabs.”

Eu não vou cometer um assassinato. Eu não vou cometer um


assassinato. “Você sabe,” eu digo enquanto jogo minha bolsa sobre a
mesa na frente dele, “é ofensivo você assumir que todas as lésbicas se
vestem mal.” E daí? Estou usando uma camiseta branca surrada e
jeans rasgados, e tenho certeza que ainda estou com restos de rímel
da noite anterior. É meu repelente de Lex. Ele odeia desleixo.

“Ofensivo.” Ele assente. “Mas, também é verdade...” Ele usa o


lápis reserva que pega de trás da orelha para deslizar minha bolsa
para o lado mais distante da mesa. “Você não vai morrer se vestir algo
diferente de jeans e camiseta, Gabs.” Ele suspira. “Diga comigo:
vestidoooo...”

Pego o lápis de sua mão, o quebro em duas partes, e o entrego


de volta para ele. “Eu uso vestidos! Apenas não para você. Vestidos
são sua kryptonita, especialmente os pretos e curtos. Eu me recuso
em ser uma parte do seu “tempo no banho.””

Ele bufa. “Bem que você gostaria.”

“Sim. Toda noite quando vou dormir rezo para que Lex sonhe
comigo enquanto se masturba, porque outra menina se recusou a
seguir suas instruções na cama: 'Droga, use o manual!'” Eu digo,
usando minha melhor imitação da voz dele. Eu só ouvi Lex gritar
instruções para uma garota, uma vez, e isso me marcou pra toda
vida. Que diabos você está fazendo? Pareço estar satisfeito? Há um
diagrama! Ugh.

Lex revira os olhos. “Muito engraçado, e o manual existe por


uma razão. Você nem sabe quantas meninas ficam confusas quando
eu falo de algumas posições sexuais. É como, chegar lá mais rápido,
sabe?”

Meus sentimentos estão divididos entre o fascínio e repulsa.


“Então”, mudo de assunto. “Vamos treinar, porque tenho lição de
Química Orgânica para dez anos.”

Lex suspira e estende a mão.

“Não.” Eu cruzo os braços. “Não preciso de ajuda.”

Ok, preciso de ajuda, desesperadamente necessito de ajuda, e


Lex não é apenas razoavelmente inteligente, mas um gênio
comprovado, pelo menos quando ele se esforça. Eu me recusei a pedir
que ele passasse pela minha casa só porque Química Orgânica é,
para mim, como a leitura de uma língua estrangeira.

Ele limpa a garganta.

Eu não me movo.
Finalmente, ele se levanta, caminha lentamente até o fim da
mesa, e pega o livro de química em minha grande bolsa. “O capítulo?”

“Lex...”

“Se vou te ensinar Química Orgânica, pelo menos diga


‘Professor Lex’.”

“Ouça com bastante atenção, Lex.” Eu vou até ele e empurro


meu livro de suas mãos. “Eu não precisei de sua ajuda no ano
passado, quando quase repeti em biologia, e eu com certeza não
preciso de sua ajuda agora. Vamos apenas fazer este treinamento logo
para que eu possa ir para casa e sofrer em silêncio, tudo bem?”

“Tudo bem.” Ele larga meu livro contra a mesa e então, sem
aviso, segura meu ombros e me empurra contra o balcão que beira a
cozinha. Minha bunda bate no armário. “Até agora nós sempre
ajudamos as mulheres a encontrar seus parceiros ideais.
Basicamente, agimos como um companheiro para que os idiotas deste
mundo possam notar a menina que tem estado em pé na frente
deles.”

Por que ele está tão perto? Será que precisamos nos tocar? Eu
digo a meu corpo para não responder à sua proximidade, mas Lex é
magnético, mesmo que cada parte dele seja malvada. Meu cérebro
está tendo problemas de funcionamento enquanto suas grandes
palmas estão pressionadas no topo dos meus ombros.

“Ok.” Engulo em seco. “E agora que você está permitindo que


homens se tornem clientes da Wingmen Inc., eu basicamente deverei
fazer a mesma coisa. Precisarei dar-lhes confiança, ajudar na
conquista da garota que os tem visto como amigo, ou pior, aquela que
nem mesmo sabe que eles existem.”

“E como é isso? Quero saber.” Lex ainda não me solta. “Ser


invisível... Talvez da próxima vez que um cara te ignorar, você possa
fazer algumas anotações.”

E outro insulto.

“Lex.” Eu deixo escapar um suspiro. “Apenas siga em frente.”


“Certo.” Seus olhos estão momentaneamente presos aos meus
antes que ele esfregue a ponte do nariz, onde seus óculos estão
empoleirados. Não é sexy. Não é. De verdade. Tão sexy. “Então,
sempre que assumimos um novo cliente, nós lhe entregamos uma
lista de perguntas, vamos encontrá-los em um lugar público, e, em
seguida, usamos o poder das emoções humanas como a inveja e a
curiosidade para conseguir que a outra parte fique interessada. É aí
que você entra. Se outra menina passar a enxergar nosso cliente
como alguém desejável, ele vai se tornar realmente desejável.”

“Tão fácil?”

“Mais ou menos.” Lex se inclina para frente. “Mas você não


pode chupar.”

“Chupar?”

“Qualquer coisa.” Seus lábios pairam perto da minha boca. Ele


está começando a me assustar. Eu quero fugir, mas estou presa.

“Lex, se você me beijar, vou morder a sua língua. Eu juro.”

“Se eu realmente estivesse te beijando” – Lex solta um dos


meus ombros e coloca um dedo contra minha boca – “você saberia.
Isso, minha amiga desleixada, é treinamento.”

Seus lábios descem.

Eles são pressionados contra os meus e então puxados para


trás. “Sim.” Ele balança a cabeça. “Gabs, você precisa abrir a boca
um pouco mais. Caras são estúpidos. Eles sempre assumem que mais
língua significa um beijo melhor, quando o oposto é verdadeiro, mas
você ainda precisa manter seus lábios entreabertos, não bloqueados
como o Fort Knox.”

“O que está acontecendo?” Eu tento me empurrar para longe


dele.

Lex revira os olhos. “Gabs, acredite em mim, isso é apenas


trabalho. Você pode até mesmo manter sua mão no meu pau o tempo
todo.”
“O que?” Eu dou uma rugida.

“Então, você saberá, sem dúvida, que nada em você me excita.”


Ele sorri ameaçadoramente. “Sério, eu não me importo.”

“Eu me importo!”

“Ei!” Ele riu. “Estava apenas tentando ajudar.”

“Agarrar seu pênis não é a resposta, Lex!”

“Estranho, porque muitas vezes é.”

“Eu odeio o dia de hoje.”

“É a chuva?” Ele franze a testa.

“Não, é...”

“É sim.”

“Pare com isso!” Eu o empurro. “Melhore a qualidade das


minhas habilidades de beijo para que eu possa ir para casa e
estudar.”

“Beijar, explorar com as mãos, abraçar, se aconchegar, rir,


piscar – estas são apenas algumas das coisas que você precisa
dominar.” Ele está disparando tantas palavras horríveis e
entorpecentes.

“Apenas se apresse,” resmungo em voz derrotada enquanto


tento bloquear o fato de que ele é um idiota de boa aparência que me
ofende o tempo todo.

“Ah...” Lex levanta a mão. “Nunca se apressa um beijo.”

“E um beijo apaixonado?”

“Um beijo apaixonado não é apressado, é frenético. Porra, você


não sabe de nada?”

Calor inunda meu rosto.

“Quantos caras você já beijou, Gabs?”

“O suficiente!” Cinco. Eu beijei cinco.


“Você cora no pescoço quando mente.” Lex segura meu queixo
e, em seguida, leva os lábios para baixo contra os meus novamente.
“Separe-os.”

Suspirando contra sua boca, relaxo meus lábios enquanto os


seus deslizam.

Ele se afasta, com uma carranca de irritação. “Um pouco mais,


Gabs. Caras querem ter acesso.”

Eu mantenho meus olhos abertos.

Ele também.

Eu não quero que ele ache que estou curtindo isso. O que é,
provavelmente, sua linha exata de pensamento. Mas, manter meus
olhos abertos é uma experiência totalmente crua, observar ele me
olhar enquanto sinto seu beijo.

Eu tremo.

“Frio?” Aquele sorriso estúpido está de volta.

“Congelando.” Eu olho, e resmungo antes que ele tenha a


chance.

“Você leu minha mente.” Ele balança a cabeça seriamente.


“Agora, pare de ser uma cadela, e deixe-me ensiná-la como se beija.”

“Eu sei beijar!” Eu não sei o que acontece comigo – talvez seja a
necessidade de provar a mim mesma, ou possivelmente é apenas o
estresse com toda esta situação. A necessidade de continuar na
faculdade e odiando que ele seja minha resposta, eu passo meus
braços em volta do seu pescoço e dou um salto, meus quadris
colidindo com os seus enquanto ataco sua boca com tanta paixão
quanto consigo evocar, desta vez fechando os olhos e colocando tudo
o que tenho nisso.

Com um grunhido, Lex me empurra de volta contra a bancada.


Quando minha bunda bate contra a borda, sua língua mergulha em
minha boca e suas mãos cavam no meu cabelo, soltando o rabo de
cavalo, enquanto ele assume o comando, seus lábios passando a
exigir um beijo punitivo de um ângulo diferente, enquanto dá outro
puxão forte em meu cabelo.

Agarro sua camiseta, puxando-o para mais perto e quase caio


para trás dentro da pia.

E então, quando estou quase me perdendo naquele beijo que


provavelmente seria o melhor de toda minha vida, eu dou uma
mordida em seu lábio inferior.

Esse movimento não funciona do jeito que eu tinha planejado,


de jeito nenhum. Na minha cabeça seria uma coisa inteligente. Eu o
irritaria, faria com que ele se afastasse de mim e ele me deixaria em
paz.

Ele não faz nada do tipo.

Nada mesmo.

Com um silvo ele se afasta, fogo ardendo em seus olhos. Por


uma fração de segundo que parece durar uma eternidade, ele paira e
espera, nós dois ansiando alguma coisa mais. Ele molha os lábios, eu
imito seu movimento e, em seguida, como uma cobra, ele me atinge.
Sua boca se funde com a minha em um beijo feroz, que machuca
meus lábios enquanto imprime sua essência em minha alma.

O comprimento duro de sua excitação me pressiona e então que


sei que é hora de lhe dar um chute e ficar livre, antes que ele acabe se
tornando mais do que um odiado inimigo.

Empurro-o tão forte quanto consigo.

Ele cambaleia para trás, o peito arfando. “Por que diabos você
me mordeu?”

“Você disse que não ficaria excitado!” Eu disparo de volta,


apontando para frente de seu moletom.

Ele sorri. “Isso foi antes de você me morder. Todas as apostas


estão fora quando os dentes são envolvidos, Sunshine.”

“Pare de me chamar assim.” Eu pulo do balcão e corro para


minha bolsa. “Então, nós terminamos? Passei no teste?”
Lex se move para ficar atrás de mim, e posso sentir o calor de
seu corpo enquanto ele se inclina para frente e sussurra em meu
ouvido: “Você estava certa. Você sabe beijar.”

Meus olhos se arregalam quando me viro para encará-lo. “Isso


foi um elogio?”

“Não.” Ele recua. “É a verdade. Verdades não contam como


elogios.” Ele inclina a cabeça e me estuda. “Você realmente não sabe
nada sobre homens, não é?”

Fecho os olhos e belisco a ponta do meu nariz. “Eu deveria


comprar um estoque de aspirina, por que muitas vezes eu fico com
dores de cabeça depois de sair com você.”

Ele dá de ombros, um olhar de indiferença absoluto em seu


rosto.

“Estou indo embora. Podemos continuar o treinamento


amanhã, durante todo o dia, se quiser. Eu só tenho um laboratório na
parte da manhã, mas realmente preciso ter terminado estas tarefas de
casa até lá. Caso contrário, estarei muitos estressada sobre isso.”

“Grande.” Lex pega seu celular e sorri para ele.

“Então, amanhã?” Pergunto.

Ele não responde, apenas continua mandando mensagens de


texto em seu telefone.

“Lex. A vagabunda pode esperar. Amanhã está ok?”

“Sim.” Ele suspira. “Além disso, estou enviando para você a


lista de clientes via e-mail. Você vai precisar ter isso memorizado.
Vamos fazer os exames de sangue amanhã e também precisamos nos
certificar que você esteja tomando pílula...”

“O QUÊ?” Eu grito.

“Hah.” Ele joga o telefone em cima do balcão. “Estou brincando,


Gabs. Nossa você realmente acha que eu iria prostitui-la?”

“Sim!”
“Não se preocupe, eu só faria isso se tivéssemos uma oferta
muito boa.”

“Tchau, Lex.”

“Até mais tarde, Sunshine.”


Capítulo três
Lex

Não há nenhuma mensagem de texto.

Apenas minha tela bloqueada, e uma mensagem imaginária que


eu estou fingindo escrever, até que Gabs dê o fora da minha casa.

Meu plano para deixá-la desconfortável, obrigá-la a desistir e


fugir gritando está saindo completamente pela culatra e se esvaindo
em chamas cheias de luxúria.

Eu esperava que ela fugisse, entrasse em pânico, gritasse.


Inferno, eu meio que esperava que a polícia precisasse vir em meu
socorro. Em vez disso, ela me beijou de volta.

Droga.

Levaria mais quatro anos para que os meus lábios esquecessem


a sensação de estarem conectados com os dela?

No minuto em que minha porta bate, eu exalo um suspiro de


alívio. O beijo me enervou de uma forma que meu coração negro ficou
de luto pela perda de seus lábios sensuais. Mas foi onde parou. Pode
acreditar, nenhuma parte de mim espera que Gabs seja a única
menina capaz de prender minha atenção por tempo suficiente para eu
pronunciar a palavra “compromisso”, enquanto saltitamos através do
parque com uma maldita cesta de piquenique.

Eu só não estou acostumado a meninas que beijam assim.

Com paixão.
Eu nunca fui o beijador, eu era o beijado, o que significa que eu
já recebi meu quinhão de beijos, e nenhum deles jamais me afetou
com tal luxúria ofuscante que o único pensamento lógico no meu
cérebro excessivamente complicado fosse sexo, sexo e mais sexo.

Não me interpretem mal. Eu penso sobre sexo o tempo todo,


mas sempre é algo enlameado por fórmulas, código, ideias e listas de
lavandaria.

Inferno, nem tenho vergonha de dizer que a última garota com


quem eu dormi quase me ajudou a resolver a fome mundial, porra.
Eu fiquei tão entediado que em algum ponto, tenho certeza que
adormeci.

E mesmo assim ela não me chutou para fora da cama.

Porque ela era tão egoísta quanto eu. Sempre há algumas delas
no grupo, as mulheres que me usam tanto quanto, se não mais, do
que eu as uso.

O sexo é apenas outra fórmula na qual sou excelente. E o


orgasmo? Uma simples equação matemática que eu domino e quando
um cara de boa aparência realmente sabe onde lamber, quando fazer
uma pausa, como chupar bem, a novidade se espalha rapidamente.

Isso realmente faz você se perguntar o que todos os outros


caras estão fazendo na cama, se tantas mulheres estão tão
insatisfeitas.

“Ei.” Ian entra na casa que nós dividimos e a porta se fecha


atrás dele. “Gabs esteve aqui?”

Oh, ela esteve aqui sim. Inclino a cabeça enquanto examino a


mesa. Sim, ela provavelmente poderia suportar o peso de duas
pessoas. Ela me esfaquearia com seu lápis se soubesse a direção dos
meus pensamentos.

Mas ela havia me mordido.

Isso foi sexy.


Mesmo que tenha sido uma picada como o fogo do inferno.
“Sim, ela esteve aqui, nós nos beijamos.” Pego minha garrafa de água
e trago até os lábios, bem quando o que eu disse é registrado no rosto
de Ian.

“Desculpa, mas, o quê?” Ele agarra a borda do balcão com as


pontas dos dedos. “Vocês se beijaram?”

“Treinamento.” É uma pequena mentira, uma mentira branca,


mas que seja. Pego a pasta sobre a mesa e deslizo sobre a folha de
capa com todos os novos requerentes dos serviços da Wingmen Inc..
“Eu não tenho tempo suficiente para lidar com toda essa merda, e eu
sei que você não quer trabalhar com tanto clientes, por causa de
Blake.” Faço uma pausa por um minuto, em seguida, tiro meus
óculos. “Ian, estamos expandindo muito rápido, e o software de
computador não se escreve sozinho.” Honestamente, Ian ter decidido
sossegar estava sendo uma porcaria. Ele costumava fazer
malabarismos com três clientes em uma semana, todas mulheres
solteiras que precisavam de um felizes para sempre. Sua taxa de
sucesso é tão grande que chega a ser ridícula. Considerando que eu
simplesmente faço meu trabalho e sigo em frente, ele quase sempre
tinha um momento “venha a mim”, onde explicava para as meninas
que a relação deles era uma relação estritamente profissional.

Nenhuma das minhas clientes nunca se sentiu assim sobre


mim.

Provavelmente porque eu não sou tão compreensivo quanto Ian.


Quando eu imprimo o perfil de uma cliente e começo a trabalhar com
ela, tudo vira negócios. Faço meu trabalho e dou o fora.

Ian olha por cima do relatório e assobia. “Sim, eu acho que nós
subestimamos quantos caras querem ter um relacionamento.”

“No início, pensei que se tratava de um golpe de sorte,” admito.


“Quem realmente quer ficar comprometido com uma só pessoa? Na
nossa idade?”

Ian olha.
“Você não conta neste cenário, já que você traçou com sucesso
metade do campus antes do seu segundo ano. A maioria dos nomes
nesta lista é de caras que nunca sequer tiveram uma namorada séria,
muito menos mais de duas parceiras sexuais.”

Quanto mais penso nisso, mais irritado eu fico. Nós começamos


este negócio pensando que seria moderadamente bem sucedido, e não
algo que está se encaminhando para se tornar o serviço de encontros
estreante de Seattle. Embora a Wingmen ofereça assistência somente
aos nossos colegas da UW, o app de namoro é basicamente como o
Tinder – apenas mais seguro e mais durão, com um ranking e um
aviso do sistema – que permite que qualquer um o baixe, contanto
que seja um cliente pagante. Nós basicamente fazemos uma
verificação de antecedentes para cada membro e exigimos que usem
seus nomes verdadeiros, com datas de nascimento verdadeiras e, sim,
os números de seu Seguro Social – e só então, sim, você é bem-vindo!
Nosso aplicativo é o oposto de privado. Ele não só alerta você quando
as pessoas da sua lista de favoritos estão na sua área, como também
mostra os dados de cada indivíduo imediatamente – desde seus
empregos até suas idades, passatempos, e o que tinham feito no fim
de semana anterior. Parece que em um mundo cheio de pessoas que
querem privacidade, a última coisa que desejam é informações
confidenciais quando se trata de namoro.

As mulheres adoram, porque são capazes de realmente


conhecer a pessoa por trás da imagem, e logo descobrimos que a
maioria dos caras que usam o aplicativo querem sossegar e adoram o
fato de que em menos de um minuto, podem saber qual o trabalho
daquela menina ou se ela frequentaria a missa no dia seguinte.

“Obrigado” – Ian rola seus olhos – “por esse elogio brilhante.”


Ele puxa uma cadeira e senta. “Você realmente acha que Gabs é a
melhor pessoa para lidar com esses caras? Ela não teve exatamente
um monte de namorados.”

“Exatamente.” Exalo, aliviado. “Finalmente você vê as coisas do


meu jeito. Vou em frente, ligando para ela e dizendo que não
precisamos mais dela...”
“Ei, ei, ei.” Ian a defende. “Ela precisa deste trabalho. É o único
que vai pagar o suficiente para que ela seja capaz de pagar suas
mensalidades. Você só precisa fazer um ótimo trabalho, certificando-
se de que ela fique pronta.” Ele coloca o manual que nós tínhamos
criado em cima da mesa e aponta.

Merda!

“Eu tenho uma semana,” murmuro com os dentes cerrados. “E


hoje nós nos beijamos. Pelo menos você sabe quanto tempo leva para
transformar alguém em um guru dos relacionamentos? Acrescente o
fato de que ela me odeia, e, bem... Imagino que um de nós vai acabar
morto esta semana. Aposto que ela vai tentar envenenar meu café.”

Ian ainda não parece convencido de que a contratação Gabs é


uma má ideia.

“Eu posso morrer.”

Exagero?

“Pare de ser dramático.” Ian acena com a mão. “E o ódio é


mútuo. Pelo menos ela não tem algum tipo de paixão patética por
você... certo?” Seus olhos se concentram em mim como se eu
estivesse sendo examinado.

“Certo”, eu repito, sentindo-me culpado outra vez pelo que


aconteceu no primeiro ano. Levanto e estendo as mãos sobre minha
cabeça. Precisamos, muito, de uma mudança de assunto. A última
coisa que eu preciso é sua respiração no meu pescoço sobre algo que
eu nem sequer fiz! “Blake vem pra cá?”

“Ela tem um treino de vôlei e, em seguida, vem assistir Game of


Thrones. Você topa?”

“Nah.” Estou com um humor estranho depois daquele beijo, o


que significa que meu computador e eu precisamos passar algum
bom tempo juntos. Imagino que a única outra opção seria deixar Gabi
tão enlouquecida que ela desistiria deste emprego por conta própria
antes que tivesse um colapso nervoso. “Eu vou trabalhar.”
A expressão chocada de Ian não ajuda em nada. “E por
trabalho você quer dizer que você irá trocar seus óculos por uma capa
e dirá a alguma pobre mulher no centro de Seattle que você só pode
salvar o mundo se ela dormir com você?”

“Uma vez.” Reviro os olhos. “No dia das Bruxas.”

“Ainda vale. Ela acreditou em você.”

Eu sorrio. “A fantasia era legítima. É claro que ela acreditou em


mim.”

“Você usou aquele spandex4, e não o contrário. Bem feito.” Ian


balança a cabeça e sai. “Tente impedir seus dedos pegajosos de
hackear o banco de dados do governo. Eu não quero que o FBI nos
faça outra visita.”

“Uma vez!” Eu grito atrás dele.

“Bizarro, esse parece ser o seu Modus Operandi!” Ele grita de


volta enquanto mostra seu dedo do meio, e em seguida, desaparece
na sala de estar.

Ignorando-o, subo as escadas de dois em dois degraus e


empurro a porta para o que Ian, de brincadeira, chama de minha
Fortaleza da Solidão.

As luzes das três telas de computador cintilaram na escuridão.


Eu estalo meus dedos, caminho um pequeno trecho, e então sento na
minha cadeira de couro enquanto imagens sobre controlar o mundo
dançam na minha cabeça.

Na verdade, não.

Ok, pelo menos não o tempo todo, mas o poder que os hackers
tem na ponta dos dedos é algo viciante.

Eu fico de fora de tudo que é ilegal. A única vez que fui


identificado foi quando acidentalmente tropecei em algo que pode ou

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não ter chateado um determinado órgão do governo federal o
suficiente para me dar um aviso e, em seguida, uma oferta de
emprego.

Recusei.

Eu era apenas um calouro na época; a última coisa que eu


queria era trabalhar para os engravatados.

“O que vamos fazer hoje?” Eu digo, batendo meus dedos contra


minha mesa. Por alguma razão, as imagens de Gabs não vão embora.
Primeiro é Gabs mordendo o lábio inferior, então o jeito que ela havia
gemido em meus braços enquanto nós nos beijávamos na cozinha, o
que, claro, naturalmente se transformou em uma visão extremamente
gráfica dela tirando sua camisa e me chamando com um movimento
do dedo indicador. Cacete.

Não é disso que eu preciso.

Olho para o relógio, são apenas dez da manhã. E simplesmente


assim, volto a pensar no manual. Ian queria treinamento prático para
Gabi? Queria provar que ela poderia fazer o trabalho? Eu ia ter que
alterar meu treinamento um pouco. Por que tornar tudo mais fácil
para ela? Por que simplesmente entregar-lhe o manual guia que Ian e
eu memorizamos no nosso primeiro ano? Eu sorrio embora me sinta
um pouco culpado com o pensamento de ferrar com Gabs antes que
ela possa sequer começar.

Tanto faz. A culpa é dele, para começar.

Se ela não tivesse lição de casa, poderíamos ter terminado todo


o treinamento hoje. Em vez disso, ela saiu correndo, como um
ratinho, deixando-me estressado sobre como arranjar tempo para
treiná-la no resto da semana. Cada minuto que passei com ela drenou
minha superpotência, ou pelo menos parecia ter drenado. Um vilão só
pode lidar com uma certa quantidade de luz antes de desejar sair
para congelar a bunda de alguém. Pequenas doses. Eu preciso dela
em doses pequenas e gerenciáveis.
“Hmmm...” Eu rapidamente abro a Ethernet da faculdade, e
com um pequeno deslizar sobre o teclado, estou escrevendo o logon
de Gabi, quebrando sua senha, e olhando seus horários de aula.

Puxo isso em segundos e franzo a testa enquanto dou uma boa


olhada em sua carga horária, que é quase tão intensa quanto a
minha. Tecnicamente, ela não deveria se formar com a gente, mas
como fez aulas durante o verão, juntamente com o programa de
estágio do curso de pré-medicina da UW, então Gabs está a caminho
de terminar aqui em poucos meses, isto é, se passar no resto de suas
matérias .

Curioso, eu invado sua conta estudantil e puxo suas notas


deste semestre.

Biologia tem um B-. Merda, falando sobre oscilar à beira do


fracasso. Isso é basicamente como tirar um D. E esta é uma matéria
principal.

Química Orgânica em seguida.

C+.

Ela realmente precisa estudar se tem alguma esperança de


melhorar esta nota.

Eu poderia fazer Química Orgânica durante o sono. Eu brinco


com uma ideia... Se eu a ajudar, realmente estaria ajudando a mim
mesmo, porque ela ficaria livre para terminar seu treinamento mais
rapidamente.

Isso deixaria meu plano maligno muito mais fácil: ajudar Gabs
com suas notas, ganhar sua confiança, e em seguida, fazê-la pedir
demissão. Ou isso, ou ela acabaria me matando durante meu sono.

Eu preciso que ela desapareça. Antes havia sido fácil evitá-la,


porque não nos víamos diariamente. A última coisa que eu preciso é
estar no lado errado de um infeliz acidente, onde Ian cortaria uma
das minhas bolas porque olhei para Gabs do jeito errado.

O que eu já estou fazendo.


Porque é Gabi.

Podem me condenar ao inferno.

Olho para o cursor piscando.

Tecnicamente, minha motivação é completamente egoísta.

Eu posso lidar com isso.

Rapidamente pego minhas chaves e celular e digo ao meu corpo


estúpido para parar de cantarolar com entusiasmo – este não é um
encontro sexual.

É mais como um trabalho de caridade para uma mentalmente


incapacitada.
Capítulo quatro
Gabi

São apenas onze horas da manhã, e meus olhos ardem com


lágrimas não derramadas. Estou lendo, mas não consigo entender
nada, então tenho que voltar e reler seções. Eu literalmente quero
bater minha cabeça contra este livro muito caro e muito pesado.

Quero um bolinho.

Não apenas qualquer bolinho, mas um com mirtilos, um que


me prometa que independentemente de quão horrível esteja sendo
meu dia, sempre haverá açúcar.

Minha boca enche de água.

“Foco, Gabs.” Já li dez páginas. Tenho que ler oitenta. E para


completar o fato de que não entendo nada do que estou lendo, há
aquele beijo.

E a mordida.

E a... hum, rigidez.

“Nããão!” Gemo, fechando meu livro. Não posso ficar


relembrando. Eu me recuso a lembrar da maneira como ele ficou
pressionado contra mim. Com um grito, esmago meus dedos contra
as têmporas e conto até três, enquanto faço alguns exercícios de
respiração. Eu só preciso me concentrar. Café. Eu preciso fazer uma
jarra de café. Café sempre deixa as coisas melhores.

Coloco o livro e meus marcadores na mesa de centro e estou de


pé quando a campainha toca.
Minha companheira de quarto, Serena, não está nem aí. Ela
nunca abre a porta. Assim como ela sempre, convenientemente,
esquece o dia do lixeiro ou quando o aluguel deve ser pago.

“Estou indo!5” Falo na hora em que alcanço a maçaneta da


porta e puxo.

Lex enfia a cabeça pela porta. “Nesse caso, devo deixar você
chegar?”

Aperto os olhos. “Você é um bosta.”

“E também assopro6”, ele confirma. “Apenas para o caso de


você estar fazendo uma lista mental das coisas que sei fazer bem...
Também sei fazer um truque com a minha língua onde...”

“Por que você está aqui, Lex?” Minha ansiedade triplica quando
ele entra com seu grande corpo através do batente da porta e ergue
um saco marrom pequeno e café da Starbucks.

“Merda.” Bato meu pé. “O que você fez, Lex? Sério. Você matou
Ian? É por isso que você está aqui me oferecendo guloseimas? Ou
você colocou laxante em um bolinho? Ou no meu café? Em ambos?”
Deixo escapar um gemido. “O destino me despreza, porque tudo o que
eu quero agora é um doce. Em uma escala de um a dez, de quanto
laxante estamos falando?” Eu olho para o saco, imaginando o bolinho
que estou desejando, a minha boca se enche de água quase ao ponto
de babar. “Pode valer a pena.”

Com a mão livre Lex aperta meus lábios juntos com os dedos,
deixando minha boa com o formato de um bico de pato. “Primeiro, é
realmente difícil colocar laxante em bolos – altera sua consistência.
Em segundo lugar, doces fazem a sua bunda ficar maior. Doces já são
suficientemente ruins sem que eu precise envenená-los.” Ele solta
meus lábios e empurra o saco na minha cara. “De nada.”

“Eu não estou agradecendo,” resmungo quando o cheiro do


bolinho de mirtilo flutua no ar. É como se ele tivesse lido minha

5 No original ela diz “I´m comming!” que também significa “Vou gozar.”
6 No original ela diz “You suck” que também pode significar “Você chupa.” Ele responde: “And blow.”
mente, e eu me recuso a pensar sobre o que isso pode significar. Eu
inalo profundamente. “Está quentinho.”

“Como meu coração.” Ele pisca.

“Eu amo suas piadas.” Suspiro. “E agora você vai dizer que
ajudou uma simpática velhinha a atravessar a rua antes de salvar o
gato dela de uma árvore muito alta, e por isso lhe deram as chaves da
cidade?”

Lex me ignora e continua andando para minha sala de estar.


Ele para em frente à mesa, pega meu livro, e senta no sofá com ele no
colo.

“Eu não convidei você,” eu digo com a boca cheia de bolinho.

“Você tem migalhas em sua camisa e parece uma hiena


faminta. Mastigue Gabs, a comida ainda vai estar lá quando você
engolir.”

Eu faço uma careta.

“Eu vi isso”, ele cantarola enquanto vira a página e tira os


sapatos, colocando suas fedorentas meias de menino no meu sofá
limpo. Contudo, a quem estou enganando? Nada nele é remotamente
mal cheiroso ou repulsivo. Suas meias provavelmente estão limpas o
suficiente para que eu pudesse lambê-las. “Anda logo, termine de
comer para que possamos estudar.”

“Nós não vamos fazer nada!” Eu continuo comendo o bolinho –


mesmo sendo um bolinho comprado por pena e provavelmente eu
acabaria tendo uma diarreia, está tão bom. “Eu vou estudar e você vai
dar o fora daqui! Ou você está aqui para ver Serena?” Ele teve um
caso de uma noite com minha companheira de quarto, e até hoje ela
ainda fala sobre como ele havia mudado sua vida com uma lambida.
Eu sou puritana demais para perguntar o que aquilo significa e em
vez disso, balançando a cabeça e tossindo, mudo de assunto – falando
do aluguel que ela sempre atrasa.

“Você está com um C+ em Química Orgânica”, diz Lex com uma


voz entediada enquanto lambe o dedo e vira outra página. “Eu não
posso deixar você sair da faculdade sem perspectivas de emprego e
sem dinheiro, precisando iniciar uma carreira muito lucrativa de se
despir por grana.” Ele levanta os olhos do livro e faz uma careta. “Não
que você vá conseguir muito lucro ou qualquer coisa. A maioria das
strippers parece feminina, você sabe, com peitos reais em vez de seja
lá o que é que você tem acontecendo aí em cima.”

Recuso-me a cruzar os braços constrangida. “Você não


reconheceria peitos de verdade mesmo se eles batessem na sua cara,
uma vez que você dorme apenas com silicone!”

“Oh, é claro.” Ele começa a rir. “Eles batem na minha cara.


Então a garota, então eu. É como uma dança de acasalamento. Eu
tenho algumas cenas filmadas se você gostar desse tipo de coisa, sua
menina obscena.”

“Só porque eu estou comendo seu bolinho não significa que


quero assistir a seus vídeos pornográficos. Vou vomitar mirtilo em
cima de você.”

“Não seria a primeira vez que você vomitaria em mim.”

Minhas bochechas se aquecem quando o bolinho fica seco em


minha boca. A primeira e única vez que Lex já tinha sido bom para
mim foi no semestre passado, quando pensei que ia morrer de gripe
suína. Na verdade, foi apenas um vírus estomacal, mas ele já tinha
visto Ian muito mal por causa daquele vírus, então resolveu ser um
residente permanente em minha casa até que eu estivesse melhor.

“Eu venho em paz.” Lex entrou em minha casa, segurando um


saco de mantimentos em sinal de rendição. Ele deu uma olhada para
mim e soltou uma maldição. “Gabs, você já comeu alguma coisa?”

Ele parecia embaçado e eu estava tão quente. “Eu não lembro.”

“Merda.” Braços fortes me envolveram, levantando-me no ar.

Eu comecei a tremer.

“Você está queimando.”


“Ponha-me para baixo”, sussurrei, minha voz rouca. Eu tinha
zero de forças e devia estar alucinando se Lex estava me carregando
até as escadas, sem propositadamente querer me jogar no chão.

Ele usou seu pé para empurrar a porta do banheiro, colocou-me


na tampa do sanitário, ligou o chuveiro, em seguida, começou a tirar
sua camisa.

Eu estava fraca demais para fazer alguma coisa, além de olhar


para sua barriga tanquinho e imaginar como era fisicamente possível
que um grande cientista da computação parecesse tão sexy sem
roupas.

Uma vez que ele estava apenas de cueca boxer preta, ele puxou
minha camiseta. Eu gemi um fraco não, mas ele ignorou – como ele faz
com tudo o que sai da minha boca. Meus dentes batiam quando ele me
levantou no ar e deslizou meus shorts para baixo. Eu estava nua,
exceto por minha calcinha e sutiã esportivo preto da Under Armour.

“Tente não gritar”, ele diz em voz baixa, entrando junto comigo
no chuveiro. A água fria foi horrível; eu imediatamente me agarrei a ele
e lutei para sair, mas ele me segurou firme em seus braços musculosos.
Eu fiquei presa no local.

E eu me senti como no inferno.

Eu comecei a soluçar incontrolavelmente. Já fazia muito tempo


desde a última vez que eu tinha estado tão doente, e eu só queria
minha mãe e sopa de macarrão e frango. E o que eu consegui? Um Lex
quase nu e um chuveiro frio.

Ele me sentou, em seguida, correu suas mãos para cima e para


baixo pelos meus braços. “Só vamos baixar a febre, Gabs, e então eu
prometo que você vai ganhar um pouco de sopa.”

“De estrelinhas?” Perguntei, piscando para ele. “Frango e


estrelinhas?”

“Sim.” Sua voz estava marcada com um peso que eu não


conseguia compreender completamente, e ele limpou a garganta.
“Somente o melhor para você.”
“Eu estou tendo alucinações”, admiti.

Ele sorriu. “Oh! sim? E como está sendo esta alucinação até
agora?”

“Fria.” Eu tremi quando minhas mãos roçaram sobre seu peito


firme. “E dura.”

Nossos olhos se encontraram e, por um breve segundo senti uma


tração prolongada como se o fio invisível que nos ligasse, de repente,
estivesse em chamas, puxando nossos corpos em direção um ao outro.
Mas tão rapidamente quanto senti, ele fechou seus olhos e se afastou.
“Vamos secar você, para que possamos alimentá-la. Ficar magra não
cai bem em você.”

Eu fiz uma careta. “Então agora eu estou muito magra?”

Ele me deu um sorriso. “O que posso dizer? Sou difícil de


agradar.”

“Tenho certeza disso”, resmunguei quando ele me ajudou a sair


do chuveiro.

Os próximos dois dias foram um inferno absoluto, entre minha


febre e Lex.

Eu me senti tão sufocada que em um determinado ponto o


tranquei para fora da minha casa.

E ele chamou a polícia, maldição.

Seu motivo? Ele estava preocupado. Eu duvidava disso


totalmente.

Balanço a cabeça, afastando a memória da minha mente


quando uma percepção me atinge. “Seu imbecil!” Com a boca cheia,
quase engasgo com um mirtilo. “Você hackeou a secretaria estudantil,
não é?”

“Hackear é uma palavra suja.” Lex sorri presunçosamente. “Eu


simplesmente burlei algumas senhas a fim de obter informações que
poderiam nos beneficiar mutuamente.”
Tomo um gole do café forte e quase suspiro de alívio.

“Isso é bom?”

“As guloseimas não mudam nada. Você ainda invadiu meus


registros. Sabia que você tinha feito alguma coisa errada! Você
sempre traz comida quando quer se desculpar – o que é raro, por
sinal, uma vez que, de acordo com suas próprias palavras: você não
erra, você simplesmente dá um passo em falso.”

“Adoro quando uma menina me conhece por dentro e por fora.”


Lex coloca as mãos atrás da cabeça, o sorriso ainda no lugar. “E as
guloseimas são porque eu sei que você se esqueceu de tomar café da
manhã... Outra vez.”

Eu desvio o olhar, não querendo lhe dar a satisfação de estar


certo e ver a vergonha em meus olhos enquanto continuo comendo
meu bolinho. Eu sempre esqueço de comer quando estou nervosa
sobre os estudos.

“Então...” Ele estende a mão e toca o livro com um dedo. “Eu


sei que você nunca vai dizer isso, mas você precisa de mim. Vamos
superar esse inferno doce para que eu possa treinar esta sua bunda
gorda.”

Minha boca ainda está salivando do bolinho, e meu corpo trai o


meu bom senso conforme marcho até o sofá e dou um olhar
atravessado para os pés de Lex.

“Tudo bem.” Ele suspira, puxando lentamente seus pés de cima


do sofá. “Feliz agora?”

“E alguma vez eu fico feliz quando estou com você?”

“Se você está, é porque eu coloquei maconha no seu bolinho.


Surpresa”, diz Lex, sem tirar os olhos do livro.

Meu estômago fica gelado. “Você não colocou.”

“Eu não coloquei.” Ele olha para cima, um sorriso perverso


estragando seus traços perfeitos. “Mas admita que isso seria hilário.”
Eu preciso manter a calma. Se eu reagisse, ele realmente
poderia fazer isso da próxima vez. Então, dou de ombros e ajo
casualmente. “É triste constatar que a única maneira de você
conseguir fazer o que quer comigo é se eu estiver sob efeito de drogas,
Lex. Realmente.”

Lex olha para cima. “Você tem uma migalha em seu seio
esquerdo. Eu poderia tirá-la, mas não quero tocar em qualquer parte
sua que possa responder à minha carícia. Você entende.”

Rosno uma maldição. “Apenas... Vamos logo com toda essa


sessão de estudos para que você possa ir embora e eu possa beber o
meu peso corporal em vinho.”

“Isso é uma porrada de vinho – apenas dizendo.”

“Lex!”

“Química Orgânica...” Ele ergue o livro. “Eu vou ajudá-la a


vencer este capítulo em menos de trinta minutos, mas você tem que
fazer algo para mim em troca.”

“Eu não vou fazer nenhum boquete.”

Seus olhos se estreitam. “Como se alguma vez eu já tivesse


usado extorsão.”

Estamos em um impasse, ambos olhando um para o outro. O


meu olhar está mais irritado e muito chateado enquanto o dele é
calmo. Se eu piscasse, ele ganharia. Mantenho meus olhos
arregalados, observando, esperando, enquanto seu lábio superior se
contrai. Por que todos os caras que tem boa aparência sempre
possuem poderes malignos?

Cruzo os braços.

Seus olhos pousam nos meus lábios antes dele limpar a


garganta e olhar para o livro, batendo com os dedos uma vez antes de
dizer: “Eu ajudo você a compreender todas estas coisas complicadas e
você é minha, para ser treinada, pelo resto do dia.”
Pânico atravessa meu corpo, ou talvez seja apenas o bolinho de
maconha. Passar um tempo com ele não é apenas emocionalmente
prejudicial e esgotante, mas também uma metamorfose física. Eu
nunca me afasto de Lex sendo a mesma pessoa de antes.

Mas eu preciso passar nesta matéria, e já estou ficando pra


trás.

“Tudo bem.” Eu levanto meu queixo, fingindo uma confiança


que realmente não sinto. “Mas nada mais de beijos ou toques de
qualquer tipo.”

“Não é possível treinar sem experiências práticas, Gabs, e eu


tenho certeza que o último cara que tocou você foi um garoto emo
realmente estranho que dizia que você cheirava a queijo.”

“Lex!” Eu me acalmo, imaginando que ele está sendo atropelado


por um ônibus de festa cheio de prostitutas. Algo sobre ele morrer por
seu próprio pecado realmente cai bem. “Seu nome era Josh, e ele era
muito bom.” Aí, isso soou calmo, centrado.

“Certo.” Lex assente e se inclina para frente. “Não vamos


realmente revisitar aquele momento romântico quando Josh se
inclinou para beijá-la, em seguida, disse que seu cabelo cheirava a
queijo feta e desatou a chorar?”

“É chamado turofobia, e é uma coisa real, Lex!”

“O medo de queijo” – Lex assente conforme uma expressão


satisfeita surge em seu rosto – “também pode ser diagnosticado como
um medo de diferentes tipos de queijos, que por sua vez pode se
transformar em xantofobia, o medo da cor amarela.” Lex vai falando
tão rapidamente que é como se eu tivesse digitado “fobias” em algum
mecanismo de busca.

Eu bufo. “Aonde você quer chegar?”

“Meu ponto!” Lex solta uma gargalhada, seu brilhante sorriso


branco fazendo meu estômago se apertar em... alguma coisa. É uma
dor, e não das boas, mas uma que me lembra do sabor de sua boca,
caramba. Ele se inclina e fala em um tom baixo. “Meu ponto é que
seria totalmente compreensível se alguém como você acabasse
sofrendo de...” Ele inclina a cabeça. “falofobia.”

“Medo da letra F?”

Ele coça o queixo. “Não, medo da genitália masculina. Mas não


se preocupe, nós vamos fazer com que você supere isso. A primeira
vez é assustadora para todos; vamos simplesmente arrancar o Band-
Aid.”

“Juro pela alma de Ian que se você me mostrar seu pênis eu


vou bater nele com a minha mão, e não vai ser uma pancada gostosa,
mas daquelas que pode arrancar o pequeno apêndice de uma
extremidade para a outra, jogando-o onde meu gato provavelmente
faria xixi nele e consequentemente nenhuma mulher jamais o tocaria
outra vez. Eunuco,” eu digo com os dentes cerrados. “Você vai ser um
eunuco. Mas, se esse futuro parece divertido para você, e se você
estiver a fim de dar um passeio no lado selvagem da vida, sem dúvida,
basta abrir seu zíper, Casanova.”

“Então ...” Lex assente com conhecimento de causa, como se


tivesse um segredo sujo. “Você tem uma fantasia sexual com seu
gato? Bom saber.”

“Foi isso que você aproveitou de todo esse discurso? Que eu


quero você vestido como um gato?”

“Eu provavelmente faria uma música para um musical antes de


você go...”

Eu cubro sua boca com a mão e balanço a cabeça. “Lex... Vou


te matar.”

“Você diz isso pelo menos dez vezes por dia. Isso já não assusta
mais, Sunshine.”

“Vamos apenas” – afasto-me dele – “recapitular as próximas


páginas, fazer eu entender a matéria e trabalhar sua mágica Lex, e
então nós podemos falar sobre fobias sexuais.”

“Promete?” Ele lambe os lábios.


“EXPLIQUE ISSO!” Eu empurro o livro em suas mãos. “E talvez
eu não o mate.”

“Doce.”

“Eu disse talvez.”

“Não estou preocupado. Eu sou um gênio.”

“E ainda assim você conseguiu pegar herpes.”

Lex revira os olhos, pega o livro, e limpa a garganta. “Dê-me


vinte minutos, e você vai saber isso de trás para frente.”

“Não é isso que você diz para as meninas na cama?”

“Na verdade, sim...” Suas sobrancelhas se juntam. “Mas eu


normalmente só preciso de cinco a dez minutos com elas.”

Esta seria uma longa manhã e um dia mais longo ainda.


Capítulo cinco
Lex

O que deveria ter levado vinte minutos levou vinte e dois, o que
me deixou irritado porque eu não costumo errar. Então, novamente,
se Gabi não tivesse levantado a mão a cada frase, eu não teria
precisado parar para mandá-la baixar sua maldita mão. Finalmente,
em um ataque de frustração, sentei em cima de suas duas mãos,
agarrei seu rosto e expliquei os dois últimos pontos.

Eu sei dizer o instante exato em que os conceitos de repente


passaram a fazer sentido para ela. Seus olhos se arregalaram, e
depois, de um jeito bem típico de Gabs, ela abriu um sorriso tão
grande que seus olhos quase desapareceram em duas fendas
pequenas. Ela sempre foi assim, sorrindo com todo seu rosto. Se
alguém me desse uma imagem de seus olhos apenas e perguntasse se
ela está feliz ou triste, eu seria capaz de dizer – não que algum dia eu
fosse admitir isso em voz alta para alguém. Inferno, isso é difícil de
admitir para mim mesmo.

“Então.” Eu esfrego minhas mãos juntas. “Mais alguma


pergunta?”

“Como?”

Eu faço uma careta e olho para as questões que debatemos.


“Você vai ter que ser mais específica, Sunshine.”

Gabs se levanta e estica os braços sobre a cabeça. Eu


propositadamente desvio o olhar e, em seguida, murmuro sob minha
respiração, “Você realmente deveria usar desodorante.”
Um travesseiro acerta meu nariz, fazendo meus olhos
lacrimejarem.

“Como é que um especialista em ciências da computação sabe


Química Orgânica?”

“Simples.” Dou de ombros. “Eu estava entediado na escola


então eles ficavam me colocando em classes avançadas, e depois,
quando meus professores descobriram que eu passava a maior parte
do meu tempo em aula ouvindo música e desenhando meus colegas
em formato de palitos, eles disseram à minha mãe que ela deveria me
inscrever em aulas mais difíceis no meu último ano ou me tirar da
escola. Escolhi as classes mais difíceis.” Sorrio maliciosamente. “Eu
sempre escolho o mais difícil...”

Gabs me ignora e coloca as mãos nos quadris, um movimento


que faz a maioria dos caras não conseguirem se conter, mas que eu
me recuso a ser sua vítima. Quando uma garota coloca as mãos nos
quadris, serve basicamente como um sinalizador para os olhos de um
indivíduo – uma grande, gigante seta vermelha que diz: “Olhe. Bem.
Aqui.”

Eu não olho. Alguém provavelmente deveria me dar uma


medalha, porque seu jeans é muito bonito – soltinho, mas bem legal.

“Gabs, vou tentar dizer isso da maneira mais gentil possível,


mas se esses jeans não forem boyfriend, você precisa de novos.”

Ela franze a testa e olha para baixo. A calça está larga na altura
dos joelhos e quadris. Que diabos? Eu brinco com ela sobre o ganho
de peso, mas é realmente o oposto. Puta merda! Será que meus
comentários a estão deixando anoréxica? Pânico enche meu peito e
irradia para os meus braços, pernas, dedos. Sem pensar, eu pulo de
pé. “Temos que comer antes de trabalhar.”

Gabs boceja, então pega sua bolsa. “Acabei de comer um


bolinho, no entanto.”

“Fêmeas típicas, com a sua idade e altura precisam de pelo


menos mil oitocentas e quarenta e oito calorias por dia. Tudo depende
de atividade física, metabolismo, e de quanto tempo você passa
sentada.”

“Obrigada, Siri. Não me lembro de ter solicitado sua


informação, mas, como sempre, você é muito útil.”

Fato divertido sobre Lex: Eu tenho uma tendência muito


estranha de apenas jogar fatos aleatórios para o universo quando
estou me sentindo desconfortável ou nervoso – o que geralmente
nunca acontece.

Maldita Gabi, fazendo-me perder minha vantagem sobre a vida.


Pela minha própria sanidade eu preciso terminar o Dia de
Treinamento para poder voltar ao meu caderninho preto cheio de
números e mulheres carentes que não se importariam se eu passasse
a noite em seus braços e saltasse para outra pessoa poucas horas
mais tarde.

Não que eu goste dos braços das mulheres.

Muito pegajoso.

Eu não gosto disso.

“Pare de reclamar. Vou alimentar você duas vezes no mesmo


dia. Você deveria estar adorando o chão que eu piso. Você não é
pobre? Não está comendo só miojo e macacarrão com queijo?”

Olho para suas bancadas vazias e penso em espiar dentro dos


seus armários para ver se ela ainda tem quaisquer bens enlatados.
Que diabos? Eu sei que ela tem pouco dinheiro, mas será que ela não
tem o suficiente para comer?

Seu estômago ronca.

Gabs imediatamente fica vermelha, trazendo a mão para sua


barriga. “É apenas a digestão do bolinho de maconha.”

Começo a rir. “Maconha de estômago vazio, não é a escolha


mais sábia. Mas, quem sou eu para julgar, mon7?”

“Você não é jamaicano.”


7 Mon = jeito jamaicano de dizer “cara” ou man em inglês
“Finalmente! Alguém que sabe que sou branco.” Eu suspiro
pesadamente. “Graças a Deus. Eu fui confundido com o Kanye West
pelo menos duas vezes hoje.”

“Bem, o ego até corresponde, então posso entender porque as


pessoas se confundiriam.”

“Obrigado, Sunshine.” Eu bagunço o cabelo dela e abro a porta


de tela. “Agora se apresse. É hora de comer e depois vamos ao
treinamento.” Eu me viro e vou para trás para poder ver sua
expressão, que não é de ansiedade, mas sim até mesmo um pouco
animada. Na verdade, ela parece estar a ponto de começar a vomitar.
“Não se preocupe, nós vamos tratar isso como a simulação de um
breve encontro. Deus sabe que o último em que você esteve não
correu muito bem...”

“Eu odeio o quanto Ian lhe conta minhas coisas.” Ela estende a
mão para a porta do carro, mas eu chego antes dela e a abro.

O tempo para.

Eu malditamente odeio quando isso acontece.

Quando você experimenta um destes momentos, que só você e


a outra pessoa presente estão cientes, e ambos se recusam a falar.

Gabs coloca o cabelo escuro atrás da orelha e abaixa dentro do


carro, murmurando um agradecimento, enquanto eu tento bater a
porta com toda força atrás dela. Não estou chateado, mas com certeza
também não quero que ela pense que estou a fim dela.

Não que a abertura de uma porta de carro seja uma


proclamação de casamento, mas em um relacionamento como o
nosso? Isso com certeza é muito parecido com um anel de
compromisso.

“Então, para onde?” Gabs pergunta uma vez que ligo o carro.

“Para o Inferno.” Eu sorrio brilhantemente. “Onde mais?”

*****
“Eu não posso acreditar que estou a ponto de dizer obrigada
duas vezes em um só dia...” Gabs olha para a mesa. “Mas, obrigada.”

“Como?” Eu faço uma concha em meu ouvido com a mão. “Meu


ego inflado não ouviu. Por favor, o acaricie mais algumas vezes.”

”Nada de carícias.”

“Quem perde é você.”

“Duvido.”

“Se você acariciasse, suas dúvidas seriam sanadas, acredite em


mim.” Eu empurro a cesta de petiscos para mais perto dela. “Coma
um pouco mais.”

“Diz o cara que me chama de gorda.”

“Eu pergunto se você ganhou peso. Eu nunca disse isso de


forma negativa.”

Gabs me dá um olhar sujo.

“Ok, tudo bem, sem mais piadas sobre gordura.” Limpo a


garganta. “Você, hum, você come, certo?”

Sua expressão confusa não está me ajudando a desvendar o


código. Eu provavelmente teria que investigar isso mais tarde. Tudo
bem, eu poderia fazer isso, embora odiasse invadir contas pessoais
das pessoas. Mas às vezes os benefícios superam os riscos, certo?

“Eu estou bem.” Ela dá de ombros e começa a morder a unha


do polegar. Mentira que ela está bem. Eu não me importo. Eu não
quero me importar.

Mudo de assunto. “Olha, você vai ajudar os caras a


conquistarem as meninas que eles sempre quiseram, mas sempre
estavam nervosos demais para realmente investir. Se o programa
mostra que o provável casal tem uma chance de sessenta por cento de
sucesso ou mais, nós determinamos uma linha do tempo e os
ajudamos em cada passo.”
“Eu sei.” Gabs revira os olhos. “Eu já vi você e Ian conciliando
horários de aulas, meninas e os negócios durante todo o ano
passado.”

“Eu sei.” Mastigo outro chip. Eu estive muito ocupado


certificando-me de que ela está comendo e nem sequer toquei nos
meus próprios Nachos do Inferno – o nome do lugar onde estamos.
“Ciúme é realmente a base do nosso negócio. Se uma menina vê seu
cara com outra garota atraente, alguma coisa é despertada dentro
dela. É química humana básica. Ela fica com ciúmes e de repente
passa a enxergar o cara sob uma ótica completamente diferente. Para
você, esse será o passo um. Pense: você pode lidar com isso? Nós já
sabemos que você sabe beijar; nós apenas temos que ter certeza que
você pode provocar o ciúme em alguém. É sobre confiança e...”

Gabs se levanta e vai embora.

Enquanto eu ainda estou falando. Inferno, essa foi fácil. Basta


começar a falar sobre o negócio, e ela enlouquece!

Um casal está sentado no bar. Ela corta a menina espremendo-


se entre eles e, em seguida, começa a falar com o cara às pressas, as
mãos pra todo lado, seu rosto iluminado com tanta emoção que
momentaneamente eu fico atordoado.

Ele entrega-lhe um guardanapo, ela salta para cima e para


baixo e caminha de volta para mim com suas bochechas coradas.
“Sinto muito, mas eu não queria que ele saísse!”

“Ele?” Eu aponto para o cara, que tem cerca de um metro e


setenta e é meio careca. “Você não quer que ele saia? Esse cara?” Ela
está bêbada?

“Sim!” Gabs acena para ele e, em seguida, fica vermelha de


novo, como se ele a deixasse nervosa. Que diabos? “Ele é apenas, o
músico mais incrível. Ele abriu os shows do Ed Sheeran antes dele
ficar famoso, e eu o tenho acompanhado no Instagram durante todo o
ano! Não posso acreditar que ele me deu seu telefone!”

“O quê?” Grito, praticamente inalando os pedaços de tortilha da


minha garganta até o nariz. “Ele fez o quê?”
“Ele vai ficar por aqui por um tempo, e quando eu disse a ele
que sou fã de sua música e que já venho seguindo-o há algum tempo,
ele falou que adoraria sair comigo algum dia, enquanto estiver por
aqui. Incrível, não é?” Ela está literalmente pulando no assento.

Eu coço a cabeça e olho para o cara.

Não há nada de impressionante em sua estrutura delgada ou


óculos de aro preto que parecem estranhamente como algo que eu
usaria. Desgraçado.

Ele é como eu, só que mais nerd.

E menor.

E ouso dizer que tem apenas metade da quantidade de cabelo


que eu tenho?

“Desculpe.” Gabs pega um chip do meu prato. Está com queijo


pingando, então ela se inclina debaixo dele, lambendo os dedos
enquanto enfia aquela coisa toda em sua boca, incluindo o jalapeno
muito apimentado. Seus olhos nem sequer lacrimejam. “Você estava
dizendo... Continue.”

“Na realidade...” Eu puxo meu telefone. “Tenho um encontro.


Um encontro de verdade.”

Seu rosto despenca um pouco antes dela abrir um sorriso. “Ok,


bem, eu posso ficar aqui e em seguida sair com Eugene.”

Começo a rir. “Esse é o nome dele?”

“O quê?” Ela parece magoada. “Ele é um gênio.”

Eu também sou! Tenho vontade de gritar.

“Além disso...” Ela se levanta. “Pensei que você fosse para um


encontro.”

Bem, sim, eu disse isso... mas estava mentindo. Eu só preciso


ficar longe dela. Algo está se desviando, mudando. Eu não lido muito
bem com mudanças.

Todos os camaleões deveriam ser queimados.


Qualquer coisa que consegue se adaptar tão bem às
adversidades me irrita.

Malditos lagartos.

“Sim.” Eu fico de pé, juntando-me a ela. “Mas lembre-se, ainda


temos que terminar algum treinamento e você precisa assinar o
formulário de consentimento da empresa antes de começar neste fim
de semana.”

Olho para ela, em seguida, disparo um e-mail com os


formulários corretos. “Preencha tudo o mais rápido possível, e
amanhã de manhã eu mando uma mensagem de texto para você.”

Ela concorda com a cabeça e se apressa indo embora.

“Ei, Gabs?”

Ela se vira, seu cabelo escuro girando em torno dela em câmera


lenta. Talvez eu equivocadamente tivesse comprado mesmo um
bolinho de maconha, porque meu mundo não está parecendo o
mesmo; nada parece igual desde hoje de manhã.

“Cuide-se.”

Ela revira os olhos. “Obrigada, mamãe.”

Eu aperto meu telefone com tanta força que ele poderia ter
envergado, ou pelo menos, derretido no interior da minha palma da
mão.

Em vez disso, mando rapidamente uma mensagem para uma


garota qualquer que conheci na semana passada e peço para ela me
encontrar no bar do restaurante.

Não é ciúme o que eu estou experimentando.

Isso apenas parece ciúme.

E quando o Músico Eugene abraça Gabs pela segunda vez na


minha frente, é azia, apenas azia, que faz o meu peito doer como se
uma faca estivesse sendo enfiada ali e, em seguida, ficasse presa
entre minhas costelas.
Aparentemente, Sunshine não sabe apenas como beijar.

Ela também sabe exatamente como fazer um homem se sentir


igual a um super-herói e seu ajudante, tudo no mesmo fôlego.
Capítulo seis
Gabi

Lex está agindo de forma estranha.

Mais estranha do que o normal.

Menos malvado.

Mas eu sei que é apenas uma cortina de fumaça.


Eventualmente, ele voltará a ser um idiota e eu vou me lembrar de
porque o odeio, em primeiro lugar. Já o deixei entrar mais vezes do
que posso contar, apenas para me queimar – duplamente.

Já caí duas vezes por aquele sorriso sexy, sua cabeça tonta e
seu tanquinho. E duas vezes eu saí chamuscada. Cansei de ser a
menina estúpida que pensa: “Ah, talvez ele goste de mim...” Quer
dizer, não é que eu queira que ele confesse seu amor eterno, mas
qualquer coisa seria melhor do que a constante Batalha Naval verbal
que jogamos diariamente.

“Então...” Eugene se afasta do nosso abraço e dá um tapinha


na banqueta ao lado. “Diga-me, qual é sua música favorita?”

“Música?” Eu repito, enquanto meus olhos se concentram em


uma menina asiática alta, magra, caminhando na direção de Lex.
Suas pernas são muito longas, sem exagero, e ela provavelmente
poderia envolver a cintura dele duas vezes com elas, e ainda teria
tornozelo de sobra. Meus olhos se estreitam – eu não consigo evitar –
quando ele a puxa para um beijo.

Vejo língua.

Seja como for, não é problema meu.


Não é o problema meu se ele resolveu chamar uma menina
para vir encontra-lo durante o nosso suposto encontro. E se eu
quisesse sair com ele?

Por favor, Gabs, quando foi que você e Lex realmente saíram
juntos? Sozinhos? Sem você vomitar em seu cabelo?

“Gabrielle?” Eugene franze a testa, em seguida, passa a mão


pelos cabelos ralos. Ele me lembra de um desses gatos abandonados
que você resgata da rua. Droga, ele nunca viraria hétero, não é?
Mesmo como músico, ele não tem muito a seu favor, além do seu
sorriso gentil e dentes retos, especialmente quando comparado a Lex.

Ele tem olhos bonitos.

Minha vida chegou a esse ponto.

Sentada em um bar com um homem que provavelmente ainda


estaria segurando minha mão quando eu estivesse com oitenta e oito
anos de idade e já não fosse mais capaz de encontrar meu tabuleiro
de xadrez nem que ele estivesse bem na minha frente.

Merda, agora estou imaginando-me cega nos meus devaneios?

“Minha, hum, música favorita...” Eu ganho algum tempo


coçando a cabeça e, em seguida, apontando para o barman e pedindo
uma cerveja, embora eu realmente não possa pagar por aquilo. Talvez
Eugene pague por ela. “... é 'Heartless Romance’.”

Eugene faz uma cara, uma nada atraente que me fez pensar
sobre felinos estúpidos outra vez. “Essa é a canção mais não-
romântica que eu tenho. É... triste.”

“O que eu posso dizer?” Eu realmente tento me concentrar nele,


mas Lex está sussurrando contra o cabelo longo, escuro e elegante da
menina enquanto ela se senta no colo dele. Seus dedos avançam até a
coxa dela. Eu tremo. Qual seria a sensação disso? Ter aquelas mãos
enormes e quentes em mim? Bom. Seria, bom. E eu deixaria que isso
acontecesse apenas por alguns segundos – só para saber qual é a
sensação – antes de dar um tapa em sua cara.

Certo?
“Eu, hum...” Espere, o que estou falando? “Eu não curto
romance.” O mesmo que dizer para Eugene que sou lésbica. Boa,
Gabs.

Eu vou morrer sozinha.

E vou dar ao meu gato o nome de Eugene.

“Oh.” Toda a emoção em seus olhos simplesmente desaparece,


junto com seu sorriso. Ele se atrapalha com sua cerveja IPA,
descascando o rótulo azul-e-branco, e então olha para longe de mim.

Eu sou tão interessante.

Lex olha para nós, uma sobrancelha fazendo um estúpido arco


pretencioso que faz eu querer depilá-la a toda hora.

“Então!” Eu finjo entusiasmo, a minha voz mais alta do que o


habitual. “Quando é o seu próximo show?”

Ele encolhe os ombros humildemente e, em seguida, abre um


largo sorriso, seus óculos de aro preto levantando de seu rosto,
enquanto suas bochechas continuam se apertando em um sorriso
largo. Vê? Adorável! “Amanhã à noite eu vou tocar em um clube no
centro. Será um repertório pequeno, mas acho que vai ser bom, sabe?
Afinal de contas, é sobre a música.”

“Sim.” Eu balanço a cabeça seriamente. “A música... É tudo


sobre a...” Meu queixo cai aberto quando a menina desce do colo de
Lex, senta na baqueta ao lado dele e começa a esgueirar sua
mãozinha suja até a perna da calça dele. Ele sorri com força, e então
ela enche a mão.

Bem no meio do maldito restaurante!

“Ei, você está bem?” Pergunta Eugene. “Você parece um


pouco... chateada?”

“Eu estou fantástica!” Devo ter gritado isso. “Apenas... não está
muito quente aqui?” Eu puxo freneticamente minha camiseta. “Você
estava dizendo? A música?”
“Sim.” Ele aperta as mãos na frente do rosto, as pontas dos
dedos tocando seus lábios finos. “É muito importante que a música
ressoe nos fãs, que atinja profundamente no interior...” Ele continua
falando, mas tudo que eu ouço é “profundamente” e “interior”, e então
meus olhos se fixam em Lex quando a menina começa a massageá-lo.

Seu sorriso é perverso.

Eu deveria mostrar meu dedo do meio para ele.

Mas algo muda quando seus lábios se separaram.

Meu peito está pesado e minhas pernas líquidas enquanto eu


assisto... Sinto e assisto a resposta de Lex aos dedos dela que estão
escavando a frente de suas calças e esfregando para cima e para
baixo.

Ela está entusiasmada.

Mas ele está me observando.

O. Tempo. Inteiro.

“É como uma carícia”, diz Eugene em um sussurro. “A forma


como a música flutua na atmosfera, é quase uma experiência sexual.”

Sinto meu corpo se inclinar para Lex, meus olhos entreabertos,


enquanto ele lambe o seu lábio inferior, e então o morde suavemente
quando sua cabeça cai para trás.

A menina beija seu pescoço.

O momento acaba. Eu rapidamente desvio o olhar e começo a


beber minha cerveja.

“Você não acha?” Pergunta Eugene.

“Sim.” Eu concordo. “Absolutamente.”

“Eu perguntei se você achou que eu fui um bom vampiro.”

“Oh.” Meu rosto cai. “Eugene, desculpe, você é


superinteressante. É só que...”
“Não.” Ele se levanta com um sorriso triste no rosto. “Entendi;
às vezes eu me empolgo com a coisa da música. Veja...” Ele puxa um
pedaço de papel do bolso e o estende para mim. No papel há seu
nome com a hora e local do próximo concerto. “Se você alguma vez
pensar em abandonar seu ex-namorado” – ele aponta para trás, em
direção a Lex – “ou decidir que é hora de superá-lo, você pode vir a
um dos meus shows. Eu acho que você vai gostar.” Ele deixa cair uma
nota de vinte no balcão e vai embora.

No minuto em que a porta fecha, Lex empurra a menina para


longe de seu colo, diz alguma coisa e então ri. Claramente ele a deixa
irritada porque ela vai embora pisando duro.

Ele pisca para mim, encolhe os ombros e levanta caminhando


na minha direção.

“Sua prostituta?” Pergunto docemente.

“Bobagem, pequena e inocente Gabs.” Ele balança a cabeça. “Só


é prostituição se houver dinheiro trocando de mãos.”

“E fluidos corporais?”

“Você me diz, houve quaisquer fluidos corporais? Você estava


olhando intensamente.”

“É como assistir a um acidente de carro; é difícil desviar o olhar


quando você tem uma menina masturbando alguém até o orgasmo no
meio de um estabelecimento familiar.”

“O orgasmo não aconteceu. Pensei que você tivesse percebido.”


O sacana realmente tem a audácia de ajustar suas partes íntimas na
minha frente.

“Ah.” Eu faço um gesto de falsa simpatia. “Pobre Lex.”

“Então ...” Ele se inclina. “O que aconteceu com Eugene?”

“Ele tinha umas coisas pra resolver.” Eu assinto com confiança,


em seguida, bato o pedaço de papel contra o peito duro de Lex. “Mas
nós vamos sair mais tarde.”
“Quer que eu vá também para lhe proporcionar um showzinho
de novo?”

Reviro os olhos. “Eu não assisto pornô.”

“Eu também não.”

Jogo minha cabeça para trás e dou risada. “Ah, tá.”

Na verdade, ele franze a testa, como se eu tivesse ferido seus


sentimentos.

Eu mudo de assunto. “Você vai me dar uma carona para casa?”

“Depende. Você vai me irritar por todo o caminho de volta?”

“Não”, eu minto. Eu vivo para irritá-lo. Isso mantém a linha


entre nós firmemente no lugar. O universo equilibrado.

Ele revira os olhos. “Tudo bem, eu vou te dar uma carona para
casa, só se você prometer que amanhã eu poderei ter uma hora sua.”

“Não.”

“Sim.” Ele cruza os braços. “Temos toda a noite, Gabs.”

“Tudo bem,” eu resmungo. “Mas apenas uma hora. Quer dizer,


o que mais eu posso precisar saber sobre este negócio? Basta dar
meu primeiro cliente, e vou fazer um trabalho incrível.”

Lex bate no queixo. “Que confiança, hein?”

“Absolutamente.”

“Bem.”

“Bem!”

“Tudo bem.” Ele abre um sorriso.

Com o que foi que eu acabei de concordar?


Capítulo sete
Lex

Mais tarde naquela noite, quando o sono me abandona, fico


preso olhando para o teto branco e chato, perguntando-me por que
diabos eu tinha dito a Ashley para ir embora quando poderia estar
com minhas bolas profundamente enfiadas dentro dela.

Gabs.

Ela é a razão, caramba.

Todas as coisas ruins na minha vida poderiam facilmente ser


rastreadas até ela, como na vez em que consegui um olho roxo de
uma senhora idosa no supermercado, porque Gabs tinha que ficar
com o último saco de salgadinhos Pirate’s Booty.

A senhora idosa gritou.

Eu fui preso.

O Pirate’s Booty? Perdeu-se.

Ou na vez em que quase reprovei nos exames finais porque ela


ficou com um pneu furado e Ian estava viajando, deixando-me sem
outra opção que não fosse a de ir ajudá-la. Meus professores
pensaram que era apenas uma desculpa. Então, novamente, havia
uma fofoca de que eu dormira com algumas de suas filhas.

Mas, não foi como se elas não estivessem dispostas.

Com uma maldição, eu jogo pra longe o edredom e caminho até


o computador.

Recebi um novo e-mail.


De Gabs.

“Tudo preenchido!” Dizia o assunto, com todos os formulários


anexados.

Com um sorriso confiante, clico no primeiro, aquele que tem


seu número de seguro social, e muito facilmente respondo suas
perguntas de segurança no site do Banco.

Animal de estimação da família? Scooter. Um peixinho velho


que seus pais sempre substituíam quando ele aparecia de barriga
para cima. Morreu originalmente quando ela tinha seis anos, mas
Gabs não percebeu a troca até chegar aos dezoito anos. Isso mesmo.
Dezoito.

Nome de solteira da mãe? Hernandez.

E finalmente... Melhor amigo. Ian Hunter. Embora os detalhes


fossem um pouco imprecisos, parece que a família Sava havia
basicamente adotado Ian ainda jovem. Seus próprios pais mal
prestavam atenção a ele, e então morreram, deixando-lhe uma
porrada de dinheiro. Não que isso fosse importante; ele teria preferido
ter pais.

Em vez disso, ele tem Gabs.

A única garota que ele já me mandou ficar afastado.

“Ah, problema resolvido”, murmuro para mim mesmo,


ignorando a culpa que sinto ao dizer isso.

Sua conta bancária aparece. “Bingo.”

Eu olho.

Então olho de novo, meus olhos se estreitando para o que vejo


em sua poupança e em sua conta corrente.

As duas tem exatamente vinte e cinco dólares.

Isso não pode estar certo. Ou pode? Eu clico para verificar as


atividades em sua conta e percebo que ela havia drenado metade de
suas economias para pagar a faculdade, o que eu já sabia. Mas o
resto, algo perto de mil e oitocentos dólares, ela sacara em dinheiro.
Isso aconteceu há um mês.

Não há nenhuma maneira dela ter sido capaz de viver e pagar o


aluguel com os cinquenta dólares restantes.

Lambendo meus lábios, saio de sua conta e continuo olhando


para minha tela, irritado por meu coração de repente decidir que
existe e fazer com que eu me sinta mal pela menina que, na verdade,
só é minha amiga por associação.

Quer dizer, se Gabs assassinasse alguém, eu provavelmente


acabaria em apuros porque a conheço ou provavelmente, do jeito que
sou azarado, porque eu estaria com ela, dirigindo o veículo da fuga.
Mas eu não sou seu melhor amigo. Eu não sou... Ian.

Ele é quem deveria ser o bastardo a lidar com isso.

De certa forma, ele é.

Ao dar a ela um emprego que ela vinha implorando para


começar nos últimos dias. Mas não é como se nós não a tivéssemos
remunerado ainda. Eu me certifiquei que seu pagamento fosse
enviado para ficar com nossos livros em ordem, embora não tenha
sido uma grande quantia e claramente tudo foi usado no pagamento
da faculdade.

Eu tenho um dia agitado chegando. Preciso dormir e não ficar


aqui pensando em Gabs. De novo.

Mas quando rastejo de volta para a cama, tudo que consigo


mentalizar é a menina tratando sua comida como se fosse algo melhor
do que sexo, ou comendo parte do meu prato de nachos quando
achou que eu não estava vendo.

Será que ela está passando fome?

De repente eu me transformei na maldita Madre Teresa?

Droga.

Envio um texto para Ian.


Lex Luthor: O que meninas comem?
Super homem: Isso é algum tipo de brincadeira sexual
perversa? São duas da manhã. Apenas diga que você está sem
comida e a coloque porta a fora. Fácil. Pronto.
Lex Luthor: Não tem nenhuma menina na minha cama,
mano. Quero dizer, no geral, o que as meninas comem?
Super homem: Comida.
Reviro os olhos. Sério, Ian?

Lex Luthor: Obrigado por restringir isso, homem. Você pode


perguntar a Blake?
Super homem: Fala a verdade, você está bêbado agora?
Quão difícil pode ser responder a uma pergunta simples?
Inferno, teria sido mais rápido procurar na internet.

Lex Luthor: Deixa pra lá.


Super homem: Relaxa cara. Blake disse que as meninas
gostam de comer comida também, mas ela é uma moleca – ela
seria capaz de comer você se eu o cobrisse com ketchup e ela
tivesse acabado de voltar de um treino de três horas. As meninas
gostam de coisas leves. Como aquelas merdas de salgadinhos
Pirate’s Booty pela qual você quase foi para a prisão. Se você acha
que vale a pena ser preso por isso provavelmente vale a pena
comer.
Duh. Pirate’s Booty!

Lex Luthor: Obrigado!


Super homem: Se você for sair pra fazer compras, pode
trazer preservativos pra mim?
Lex Luthor: Compre seus próprios preservativos malditos!
Super homem: Extragrande, com nervuras, valeu cara.
Lex Luthor: Que parte do NÃO você não entendeu?
Super homem: Blake precisa de absorventes.
Eu propositadamente coloco meu telefone em modo silencioso e
visto uma camiseta e chinelos, só para ver minha tela piscar
enlouquecida com novas mensagens.

Super homem: Ela disse para comprar os da caixa preta


que parecem doces, seja lá o que isso signifique.
Lex Luthor: Eu estou saindo.
Super homem: Ah, e sorvete!
Não adianta discutir com Ian. Ele sabe que sou um mala, mas
provavelmente vou acabar comprando os malditos absorventes,
porque por mais que odiasse comprar coisas femininas, eu sou
suficientemente seguro de minha masculinidade para fazê-lo e,
geralmente, acabo pegando números de telefone apenas com base no
fato de que sou um cara bonzinho o suficiente para comprar produtos
femininos para minha “irmã.” Essa merda funciona quase tão bem
quanto ser babá de um poodle e levá-lo para um passeio no parque.

A loja mais próxima está a apenas alguns minutos de distância.


Eu rapidamente pego os estúpidos absorventes de Blake e os
preservativos de Ian, então vou até a seção de alimentos.

Os sacos de Pirate’s Booty são do tipo pequeno, não grandes


como uma sacola de supermercado – que poderia alimentar uma
escola primária inteira – então pego três sacos, um pouco de
chocolate e algumas latas de Coca-Cola Zero porque já percebi que
Pirate’s Booty tem bastante calorias e meninas são esquisitas sobre
essas coisas. Pretzels também parecem uma boa opção. Amêndoas,
alguns aperitivos de carne seca e um pacote de chicletes por causa da
carne.

Quando vou para o caixa, o cara que está passando minhas


compras levanta os absorventes com uma sobrancelha interrogativa.

“Irmã.” Dou uma tossida.

“Ahhh!” Uma menina atrás de mim na fila me dá o sorriso com


a cabeça inclinada, o universalmente conhecido pelos caras como o
olhar ‘com certeza eu ficaria com você no banco de trás do carro se
fosse socialmente aceitável fazer uma coisa destas’, enquanto eu
sorrio e dou início a uma conversa.

“Você mora por aqui?” Pergunto inocentemente.

“Virando a esquina.”

“Estou bem perto também. Estudo na faculdade.”

“Ahhh...” Lá está novamente. Ela parece um pouco mais velha


do que eu, mão esquerda sem nenhum anel e está comprando cerveja
light.

“Vai dar uma festa hoje à noite?” Eu provoco.

“Eu e meu cãozinho, Phil. Então será selvagem.” Ela se inclina


para frente, pressionando os peitos juntos conforme lambe seu lábio
inferior.

“Phil é sortudo.”

“São centro e vinte dólares e onze centavos”, diz o caixa. Insiro


meu cartão e pisco para a menina.

“Ei,” ela chama, assim que meu recibo é entregue. “Nós sempre
podemos aproveitar alguma companhia...”

“Por que eu não deixo meu número de telefone com você?” Eu


levanto minha mão para o caixa, e ele revira os olhos, entregando-me
uma caneta. “Então da próxima vez , você e Phil não precisam ficar
sozinhos.”

“Isso seria legal.” Sua voz é sussurrada. Acho que ela está
tentando parecer sexy, mas eu quase preciso me inclinar para ouvi-la.

“Meu nome é Lex.” Eu entrego o recibo com o meu telefone para


ela. “E você é?”

“Há uma fila”, diz o caixa com voz severa. “No caso de alguém
se importar.”

“Alice.” Ela ri.


“Espero falar com você em breve.” Eu aceno e levo minhas
compras embora.

Alguns dias atrás eu provavelmente já teria dado uma


rapidinha perto do corredor de papel higiênico até esse momento.
Mas... Tenho mantimentos para entregar, uma prova para tirar A e
uma menina para treinar.

Eu também tenho um quebra-cabeças para montar.

Diabos, para onde está indo o dinheiro de Gabi?

E por que, de repente, ela está sem nada?


Capítulo oito
Gabi

Estou justamente tomando meu primeiro gole do café da


manhã, quando a campainha toca. Eu espero em vão que Serena
atenda. Ela está descansando na sala de estar, em seu iPhone,
jogando Candy Crush ou seja lá o que normalmente ela faz no início
da manhã.

A campainha toca novamente.

“Você vai atender?” Ela pergunta sem olhar para cima de seu
telefone.

Eu tenho que segurar minha xícara de café com bastante força


para evitar quebrá-la sobre sua cabeça e acabar sendo presa por
agressão intencional.

“Blake” Serena grita do sofá. “Porta!”

Certo, e essa é a outra coisa. Nossa amiga Blake se mudou para


mais perto do campus para que pudesse passar tanto tempo quanto
possível com Ian. A casa dele é mais perto, e isso faz mais sentido
para ela, por causa de todos os seus treinos de voleibol. Tecnicamente
ela vive nos dormitórios, mas realmente eu imagino que ela fique mais
com Ian do que em qualquer outro lugar.

“Ela se mudou,” eu digo com os dentes cerrados.

Serena ainda assim não olha para cima.

“Por que não atendo?” Eu digo bem alto, batendo minha xícara
com tanta força no balcão que o café quente chamusca meus dedos.
Nada ainda.

Meu estômago ronca quando caminho até a porta e abro.

Uma cesta gigante está na entrada.

E quando eu digo gigante, quero dizer algo que você veria um


garoto louco por doces ganhar na Páscoa, daquele tipo cheio de
coelhos gigantes e com chocolate suficiente para colocar alguém em
coma diabético.

Só que a minha cesta tem Pirate’s Booty.

Eu sorrio.

É meu favorito.

O pobre Lex quase tinha perdido um rim tentando pegar para


mim um dos últimos sacos em um supermercado na segunda vez em
que eu o deixei entrar na minha vida, em meu coração, só para
encontrá-lo transando com uma garota dentro de seu quarto. Aquele
imbecil.

A cesta está na minha porta, sem ninguém junto.

Não é meu aniversário.

Ou qualquer tipo de feriado.

Talvez seja uma brincadeira e algo vá explodir pelo celofane?

Meu estômago ronca novamente quando percebo os pacotes de


chocolate e amêndoas.

Eu não como nada desde a noite passada, e antes disso a


última grande refeição que eu tive foi quando Ian, Lex, e Blake vieram
para o espaguete na noite da família.

A comida acabaria no lixo se eu a deixasse para fora na chuva.

Quando vou pegá-la – ou, basicamente, deslizo-a para dentro


da minha casa, uma vez que é realmente muito volumosa – noto um
pequeno pedaço de papel vermelho no seu interior. Curiosa, eu rasgo
o plástico e agarro o bilhete.
Do seu vizinho amigável

Homem Aranha.

Brincadeirinha.

Sou muito mais sexy – COMA!

Eu deixo o bilhete cair com uma risada. Sério? Esta é a ideia de


Ian de uma piada? Então, novamente, ele não tem respondido às
minhas chamadas, provavelmente porque cada vez que nos falamos,
eu reclamo de Lex, e ele diz que se recusa a tomar partido na Terceira
Guerra Mundial.

Meu telefone toca no meu bolso.

Lex Idiota: Você é minha hoje, Sunshine.


Gabi: O que? Sem qualquer por favor?
Lex Idiota: Eu raramente uso essa palavra, humilhante
demais. Não se esqueça de usar maquiagem, não quero que você
assuste cães e crianças pequenas. Seja legal, Gabs.
Gabi: Você deixou Ian a par disto?
Lex Idiota: Sim, uma vez que sou capaz de ler sua mente,
eu disse a Ian para pagar pela cirurgia plástica. Você vai optar
pelos DD ou vai direto para o F8? Está aceitando sugestões?
Gabi: Deixa pra lá.
Lex Idiota: Jantar.
Gabi: Hã?
Lex Idiota: Jantar. Você vai encontrar seu primeiro cliente
no jantar esta noite. Eu vou observar e dar uma nota. Tente usar
algo que você não tenha comprado na seção de meninos e, pelo
amor de todos os homens, use batom. Encha o sutiã.

8 DD e F são tamanhos de bojos dos sutiãs.


Gabi: Ontem à noite eu tive um sonho. Nele você se
engasgava com a língua de uma menina e morria asfixiado.
Lex Idiota: Não é a pior maneira de se morrer.
Gabi: A menina acabou revelando ser um cara.
Lex Idiota: Seios são seios.
Gabi: Vou escrever isso na sua lápide.
Ele não responde. Com um grunhido de frustração, empurro
meu telefone de volta no bolso e ataco o primeiro saco de Pirate’s
Booty, quase mordendo minha língua de emoção quando os folhados
de queijo enchem minha boca.

Só quando já estou em meu segundo, talvez terceiro, punhado


de Pirate’s Booty, meu telefone sinaliza a chegada de uma mensagem.
Com a boca cheia de Booty, mastigo, quase mordendo minha língua,
em seguida, lambo os dedos e pego o telefone.

BFF Ian: Então, Lex está pegando caras agora?


Reviro os olhos.

Gabi: Em uma escala de um a dez, sendo dez tão irritante


que eu quero entrar em sua cavidade torácica e espremer seu
coração com minhas mãos cobertas de queijo... Ele é um onze. E
tudo isso é realmente chocante? Que ele pode jogar em ambos os
lados e ainda continuar pontuando?
BFF Ian: Não. Não é de se estranhar. Eu ficaria mais
surpreso se ele resolvesse andar na linha.
O queijo está começando a deixar um gosto seco e metálico na
minha boca. Engulo em seco e disparo outra mensagem quando meu
estômago decide que está cheio.

Gabi: Obrigada pela comida.


BFF Ian: ???
Eu faço uma careta.
Gabi: A cesta de alimentos? Com um cartão assinado pelo
Homem Aranha? Só que mais sexy?
BFF Ian: O Homem Aranha é uma criança. Super Homem é
um homem, logo, tem homem em seu nome. O nome dele poderia
muito bem ser Menino Aranha, aquele merdinha!
Gabi: Sério mesmo que estamos tendo essa conversa agora?
BFF Ian: Os quadrinhos são melhores, posso reconhecer
isso.
Gabi: Portanto, não foi você?
BFF Ian: Eu nunca me humilharia, fingindo ser um super-
herói inferior, cuja única alegação para a fama é ter sido mordido
por uma aranha radioativa inofensiva. Super-homem nasceu em
outro maldito planeta... Eu encerro meu caso.
Gabi: É muito cedo para isso.
BFF Ian: O Homem-Aranha é uma pequena vadia.
Gabi: Tudo bem então! Falo com você depois, fique com sua
capa, o mundo não quer te pegar. Você já pensou que leva o
apelido de Super Homem um pouco... a sério demais?
BFF Ian: >>>>>
Esta mensagem basicamente significa que Ian e eu estávamos
em um intervalo até que ele me considerasse digna de seu perdão.
Suspiro e olho para a cesta. Talvez um pouco de chocolate não fosse
fazer mal. Eu me sinto como se estivesse com fome o tempo todo, o
que é muito estúpido. Não é como se eu fosse uma sem-teto.

Apenas seria uma sem-teto em breve.

Meu telefone toca.

Sério! O mundo inteiro acordou cedo hoje?

“Lex, eu juro que vou castrar você se você falar mais alguma
coisa sobre seios!”
O telefone fica em silêncio, e depois, “Mija9?”

“Papai!” Eu engasgo. “Desculpe, Lex acaba de...”

“Não precisa explicar.” Ele ri. “Eu o conheci.”

Meu pai é o melhor. Ele me conhece por dentro e por fora, o que
significa que da última vez que Lex veio à minha casa para o feriado
de Cinco de Maio e eu acidentalmente o confundi com a piñata, foi
meu pai que me entregou o bastão de madeira e, em seguida, girou-
me de volta na direção dele. Ele é um brincalhão deste tipo.

Lex disse que não doeu.

Mas eu costumava treinar softball, então minha tacada é bem


boa...

“O que foi, pai?”

Ele fica em silêncio, e depois, “Mija, sabemos que foi você.”

Pisco as lágrimas enquanto minha garganta incha com emoção,


injustiça, e, se eu estivesse sendo completamente honesta, com muita
raiva. “E eu tentei ser tão indiferente sobre isso.”

Ele ri. “Sim, bem, eu reconheci sua caligrafia. O que eu falei a


você sobre nos dar um dinheiro extra?”

“Você disse que eu não poderia abandonar a faculdade. Você


nunca disse que eu não poderia ajudar”, argumento.

“Mija, você precisa de dinheiro para viver aí... Estamos muito


bem, eu lhe disse isso.”

Mas eu sei que eles não estão bem, porque da última vez estive
em casa, vi as contas, e os envelopes que vieram com elas, com o
grande carimbo vermelho de “Atrasado.” Desde que meu pai foi
despedido há alguns meses, as coisas tem estado apertadas. Minha
mãe tentou pegar turnos extras no hospital, mas não está sendo o
suficiente. Eles moram perto de Seattle, pelo amor de Deus; Bellevue
não é o lugar mais barato depois que começou o boom tecnológico, e

9 Mija = filha em espanhol


me deixa doente pensar que na sua idade eles precisariam
economizar e ter que se mudar.

Meu pai está à procura de emprego, mas é difícil. Ele é


qualificado demais ou muito velho, embora os gerentes de contratação
nunca realmente digam isso abertamente.

Ele tem um MBA, mas a empresa onde ele trabalhava acabou


falindo, e agora ele tem toda essa formação que não serve para nada,
não quando está competindo com os recém-graduados que podem
fazer o mesmo trabalho com um salário menor e com uma abordagem
mais enérgica.

Com um suspiro, eu me concentro para segurar minhas


lágrimas. Papai pode sentir minha tristeza, e isso é a última coisa que
ele precisa agora. “Pai, eu consegui outro emprego, então... o que eu
estou dando a vocês é o meu extra. Eu juro que estou bem!”

“Havia comida”, diz ele em voz baixa. “Você deixou dinheiro e


comida, mija.”

Eu sorrio através das lágrimas. “Entregar os ingredientes para


aquele chili famoso mal pode ser considerado um delivery de comida.”

“Estava delicioso.” Sua voz é calorosa. Dói em mim saber que


seu orgulho está ferido, porque ele percebeu que não estava sendo
capaz de prover.

“Mamãe o preparou, então, com certeza devia estar, sim.”

“Obrigado”, ele sussurra. “Venha nos visitar em breve e traga


Ian.”

“Sim.” Eu lambo meus lábios secos e olho para a cesta. “Pai, o


que você acha de chocolate?”

“Isso é uma pegadinha?”

Eu rio. “Não. Vou deixar um pouco aí mais tarde.”

“Amo-te, mi corazon.”

“Amo você também, papai.”


Quando o telefone fica mudo, eu quero me enrolar em posição
fetal no chão e chorar. Mas eu tenho uma prova para fazer, uma
carreira para desbravar e um novo emprego para aceitar.

Com as mãos trêmulas eu disco o número com medo, e o


homem que atende diz um alô rouco.

“Sim, aqui é Gabrielle Sava. Estou ligando sobre a vaga no


clube?”
Capítulo nove
Lex

“Você está atrasada.” Eu não levanto meus olhos quando Gabs


se larga às pressas no assento de couro felpudo a minha frente, seu
doce perfume flutuando pelo ar. Normalmente, perfume tem um efeito
negativo sobre os meus sentidos, fazendo com que eu me sinta como
se estivesse prestes a ser sufocado pela tia ou a avó louca de alguém
e, em seguida, minhas bochechas seriam beliscadas até sangrar. Mas
tudo sempre foi diferente com Gabs. Sempre. O Matador tem uma
atmosfera meio escura, parecida com uma caverna. Velas estão
suspensas em cima de cada mesa e expostas pelo teto todo, dando ao
restaurante uma atmosfera bastante misteriosa, mas sensual. É
absolutamente o último lugar que eu deveria trazer uma garota como
Gabi, porque minha cabeça acaba pensando em coisas, e pensar em
coisas só me deixa desconfortável. E chateado.

“Então?” Ela pergunta, deslizando as mãos sobre a mesa.

“Você pintou suas unhas.” Elas estão rosa brilhante,


combinando com o rosa natural de seus lábios que eu me recuso a
olhar, não que eu precisasse. Seu lábio superior é mais cheio do que o
inferior e tem um grande e pronunciado arco – que com certeza a
maioria das mulheres pagaria fortunas para ter – enquadrando o topo
de sua boca, dando-lhe um beicinho pinup perfeito sem que ela
precise fazer nada. Já tive várias fantasias vívidas sobre sua boca,
embora todas elas tenham acabado em minha morte, principalmente
porque Gabs me lembra de muito uma viúva-negra – acasalar, em
seguida, matar. Portanto, eu acabo morrendo por suas mãos.

“Então?” A voz de Gabi está tensa. Normalmente ela é profunda


e tem um efeito calmante. “Onde está ele?”
Finalmente, eu olho para cima da minha bebida, tomando
cuidado para manter minhas emoções indiferentes conforme assimilo
os lábios vermelho-cereja, delineador preto, cabelo escovado que está
em seu rosto. Eu odeio quando o cabelo fica em seu rosto. Isso a
deixa muito sedutora, dando a impressão de que esconde segredos,
do tipo que ficaria feliz em confessar se você fosse capaz de
ultrapassar a barreira de cabelos suaves e sedosos.

“Você está usando maquiagem”, eu afirmo estupidamente.


Estupidamente demais. Eu gosto dela ao natural, vulnerável. Hoje,
ela está usando uma máscara, que eu não aprovo. Minha mão se
contrai para o guardanapo, pronto para esfregá-lo em seu rosto, para
que eu possa vê-la – realmente enxergá-la. Mas fazer isso apena a
deixaria irritada. Então de novo...

“Não.” Seus olhos se estreitam quando ela aperta minha mão


com a dela. “Não se atreva a mergulhar seu guardanapo na água e
tentar limpar qualquer coisa no meu rosto.”

“Tão transparente assim?” Minha mão formiga com a


percepção.

“Sim.”

“Bem, porra.”

“Perdendo o seu toque, Lex Luthor?”

“Nos quadrinhos ele raramente perde seu toque, simplesmente


altera seus planos. Gênios do mal são assim. Achei que você
soubesse. Quando uma estratégia falha...” Eu me inclino para frente e
com a mão livre roço um pouco do batom em sua boca com o polegar.
Seus lábios se separaram enquanto ela puxa uma pequena
inspiração.

Não é um convite, mas porra, eu gostaria que fosse.

O que diabos estamos fazendo?

Eu preciso levantar as paredes de novo – rápido. E não porque


tenho medo de que ela veja através das minhas besteiras e venha me
salvar de uma existência solitária onde estou entregue a sexo sem
sentido com muitas mulheres. Inferno, pode vesti-la com um traje de
bombeiros e tocar a sirene. Eu só respeito demais Ian, e,
honestamente, eu a respeito tanto quanto – se não mais.

Um cara como eu normalmente não tem consciência ou


escrúpulos e amigos são ainda mais raros, especialmente do jeito
como eu cresci. A última coisa que eu posso me dar ao luxo de perder
é a amizade dele.

Uma visão de minha infância tenta se forçar em minha


consciência. Brigas. Meus pais estavam sempre brigando. Sobre as
contas, sobre a casa estar bagunçada, sobre ter mais filhos. Graças a
Deus eu era filho único, porque não tenho certeza se teria conseguido
não socar meu pai na cara pelo jeito que ele provavelmente teria
tratado um irmão mais novo.

Em retrospectiva, meus pais eram igualmente responsáveis pelo


meu comportamento indisciplinado. Eu estava tão desesperado para
que um deles colocasse sua pesquisa de lado, se afastasse do
computador e tivesse, pelo menos uma vez, uma conversa normal
comigo, que eu estava disposto a fazer qualquer coisa por atenção –
até mesmo a do tipo ruim.

Perdi minha virgindade aos treze anos.

Quem diabos faz isso?

Um cara que realmente não tem outras opções de companhia


humana. Meus pais eram pessoas frias que nunca deveriam ter tido
filhos, considerando que adoravam trabalhar mais do gostavam de
sua família, e com base em tudo o que eu tinha visto na TV, não era
assim que famílias funcionavam. A TV me criou; meus pais
simplesmente viveram na mesma casa que eu.

Um cara pelo qual as meninas eram naturalmente atraídas por


causa de sua boa aparência e de sua capacidade de falar palavras
bonitas sobre qualquer coisa e para qualquer um. Na época, isso
tinha sido um enorme impulso de confiança. Meninas me queriam e
eu as queria. Ponto. Ganhei aceitação, e me senti bem, até que parei
de me sentir bem e apenas comecei a me sentir vazio.
Até que os meus pais, depois de me encontrarem na cama com
uma menina – no meu quarto, de todos os lugares, sob o teto deles –
simplesmente passaram a me ignorar ainda mais.

Meu pai me deu um preservativo no dia seguinte.

Pais!

Meu comportamento tornou-se cada vez mais autodestrutivo.

Até Ian.

Mesmo depois que minha família se mudou para o outro lado


da cidade, Ian nunca ficou fora de contato.

Foi Ian que me convenceu a ir para o acampamento de ciência


no ano seguinte. Ian que me fez pensar que havia mais coisas no
mundo além de transar por aí.

Pelo menos agora, quando eu durmo com as mulheres, eu não


faço isso porque preciso de amor, faço porque gosto. E também, em
sua maior parte, porque eu sei que faço com que se sintam bem, e sei
que aquele olhar, aquele sentimento de vazio às vezes desaparece
quando você está nos braços de alguém, mesmo que por apenas
alguns minutos.

“Le-e-exxxx...” Gabs chama meu nome, se afastando do meu


toque, agarrando minha bebida e bebendo o resto.

Eu arranco o copo das suas mãos e o coloco de volta na mesa.


“Relaxe, ele é um graduando de ciências da computação. A mulher
mais importante em sua vida ainda é provavelmente sua mãe, ok?”
Minha voz está tremendo. Droga! Por isso que eu não reflito sobre o
passado; isso não faz bem para mim.

Gabs pisca estupidamente. “Lex, você percebe que este é o seu


curso também, certo?”

“E?”

Seus olhos se arregalam. “Você está querendo elogios?”


“E quando foi que eu precisei pedir qualquer coisa? Elogios?
Mulheres? Peixe?”

“Certo, entendo.” Ela olha ansiosamente para meu copo, e com


um sorriso eu aceno para o garçom e peço drinques para nós dois.

“O drink Moscow Mules pode mudar vidas.” Balanço a cabeça


seriamente. “Agora você conhece o meu segredo.”

Ela bufa. “Eu duvido que saber algo tão impessoal sobre você
vai me dar um passe livre para sua Bat-caverna, onde você
compartilha seus planos de dominação mundial durante uma guerra
de travesseiros.”

Nossas bebidas chegam.

“Primeiro:” – deslizo sua bebida para longe – “Nunca confunda


um vilão com um herói, isso é insultante.” Ela tenta alcançar sua
bebida, mas eu a seguro para trás. “Em segundo lugar, eu me recuso
a reconhecer Batman como um super-herói. Como pode? Ele tem
medo de morcegos, merda! Vilões não têm medo de nada.”

“O Coringa tem medo do Batman.”

“O Coringa tem um sorriso permanente no rosto. Ele ri na cara


dos morcegos. Batman se encolhe, depois chora e, em seguida, tenta
dominar seu medo. Usa apetrechos loucos para ir atrás do que tem
medo, mas coloque-o numa disputa contra Magneto, Fênix Negra, Dr.
Doom!” Bato minha mão contra a mesa, enquanto Gabs me dá um
olhar vazio. “O que?”

“Às vezes eu esqueço o quão nerd você é.”

“A perfeição física é que faz isso.” Eu pisco.

“Posso ter minha bebida agora?”

“Eu ainda sou o Batman?”

“Não.” Ela esgueira sua mão ao redor da minha e dá um


pequeno puxão no seu copo. “Você voltou a ser o assustador e careca
Lex Luthor.”
“Com ou sem cabelo, eu ainda faço sexo. Além disso, agora que
chegamos a um acordo de paz instável ou algo assim, eu estou
totalmente de acordo em agendar essa luta de travesseiros.”

Ela belisca meu antebraço.

“Ai!” Eu solto sua bebida.

“Posso encher meu travesseiro com lâminas de barbear?”

“A menina quer que eu sangre antes do sexo?” Eu concordo.


“Só se eu estiver autorizado a manter meus planos de dominação
mundial para mim, sabe, apenas no caso de você me ferir, drogar,
roubar os códigos para as armas nucleares e, em seguida, vendê-los
ao Super Homem.”

“Ian nem saberia o que fazer com esses códigos, e você sabe
disso.” Ela levanta a bebida no ar e dá uma piscadela.

Começo a rir e toco minha bebida contra a dela. “Essa é minha


garota.”

O sorriso dela despenca.

Merda.

“Então.” De volta a estar nervosa e se fechar, Gabs coloca o


cabelo atrás das orelhas. “Onde está o nerd?”

“Abra seus olhos.” Eu limpo minha garganta. “Ele está sentado


no bar durante os últimos vinte minutos, olhando para seu leite com
chocolate, enchendo-o com suas lágrimas...”

Gabs revira os olhos.

“Tudo bem.” Enfio a mão na minha maleta e puxo o arquivo


dele. “Como você sabe, todos os clientes são submetidos ao meu
infame teste de afinidades para ver se são compatíveis com o seu
objeto de desejo. Nós fazemos a combinação com base na
personalidade, antecedentes, coisas que gosta, coisas que não gosta –
você já consegue entender. É como um teste de personalidade Myers-
Briggs muito intenso. Uma vez que o cliente o preenche, eu... hum...”
– dou uma tossida – “investigo o outro candidato, e então determino
se uma combinação é possível. Nós gostamos quando o resultado do
teste de compatibilidade fica acima de sessenta por cento.” Eu viro a
página. “A próxima parte abrange seu passado, passatempos,
interesses, onde ele passa seu tempo.”

“E esta?” Gabs aponta para a seção identificada com a palavra


Sexo.

“Experiência sexual.”

“Oh.” Ela franze a testa. “Está em branco?” Ela olha para cima.
“Acabou a tinta da impressora?”

“Sim.” Eu aceno para o indivíduo triste sentado no bar. “A


experiência sexual de Steve é tão vasta, tão detalhada, que minha
impressora quebrou.”

Ela olha para o cara de novo e franze o nariz. “Ele parece ser
legal. Talvez ele seja uma aberração na cama, você nunca sabe.”

“E por aberração você quer dizer que ele quer falar sobre seus
sentimentos e manda um 'o que você está pensando' a cada cinco
segundos?”

“Ei!” Gabs parece ofendida. “Não há nada de errado com


perguntas diretas.”

“Quando alguém pergunta 'O que você está pensando?' o que


esta pessoa realmente quer saber é 'Você está pensando em mim?'
Narcisismo no seu pior modo.”

O rosto de Gabi despenca como se eu simplesmente tivesse dito


a ela que Papai Noel e Coelhinho da Páscoa se reuniram e jantaram
Nemo e o cão de UP.

Mudo de assunto. “Vá até lá e apresente-se. Sempre mantenha


os cartões da Wingmen Inc. com você.” Eu lhe dou uma pilha de
cartões da Wingmen Inc. com as insígnias do Super Homem ao estilo
de Ian na parte da frente e nossas informações de e-mail no verso.
“Lembre-se, esta é a primeira reunião, então ele ainda pode dizer não.
Seja persuasiva, faça ele se sentir bem com você, com o processo,
convença-o que você pode ajudá-lo, que tem conhecimento e que vai
dar tudo certo.”

“Mas” Gabs empalidece. “Eu não sei...”

“Pode ir.” Sorrio, pronto para o desastre acontecer. Ela estaria


completamente perdida sem o manual. Ela não é convencida como
Ian e eu. Falta-lhe a arrogância para fazer alguém se sentir pequeno
por um momento, apenas para que, no momento seguinte, se sintam
como a pessoa mais importante da sala.

Ela veria que precisa de mim.

E eu ficaria feliz em sair em seu socorro.

Porque é isso que... Ian faz.

Que diabos? Não o que eu faço.

Eu nem sequer quero que ela trabalhe para nós, droga! Que
diabos está acontecendo comigo?

Era para eu estar treinando-a.

E só.

Então o que vai acontecer quando o treino acabar e ela estiver


por conta própria? Sozinha com todos os nerds? O que acontecerá
quando eu não tiver mais desculpas para enlouquecê-la?

Tomo um gole da minha bebida e ignoro o pânico que cresce no


meu peito.

Amigos.

Inimigos.

Nós somos os dois.

Não é preciso adicionar mais etiquetas ao que já está se


tornando a relação mais confusa da minha vida.
Capítulo dez
Gabi

“Ah, antes que eu esqueça.” Lex entorta seu dedo. “Incline-se,


Sunshine.”

“Eu não vou lhe dar uma visão dos meus seios, não me importa
se você está dando seu último suspiro ou se o mundo vai acabar se
você não der uma olhada em algum mamilo. Não vai acontecer.” Eu
cruzo os braços para deixar bem claro meu ponto de vista, enquanto
Lex revira os olhos e ergue um pequeno microfone. “Oh.”

“Parece que foi meio estúpida?”

“Não.”

“Apenas deixe-me prendê-lo entre eles os seus... seja lá o que


forem.” Ele aponta para os meus seios e, em seguida, antes que eu
possa protestar, desliza as mãos pela frente do meu vestido e anexa
um pequeno microfone no meio do meu sutiã. Meu vestido preto tem
um decote em V, por isso não foi difícil conseguir o acesso. Suas mãos
estão quentes, maldito.

“Pronto?” Pergunto com uma voz estridente, meio aérea e que


não parece com a minha.

“Testando.” Ele fala em meu decote. “Testando um, dois...”

“Agora você está de brincadeira.”

“Sunshine, se eu estivesse brincando, seus seios saberiam


disso”, ele ergue o olhar para os olhos “e você também saberia.”
Eu me afasto dele e ajeito meu vestido. Ele estende um fone de
ouvido para mim.

“Você só pode estar brincando comigo! Isso não é uma operação


policial!”

Lex lança um olhar condescendente e dá de ombros, ainda


segurando o fone de ouvido. “Eu não vou te mandar às cegas. Não
alguém como você.”

O comentário magoa mais do que deveria, o que significa que


de alguma forma o bastardo está esgueirando seu caminho de volta
para a minha vida. Normalmente eu não levo em consideração cada
comentário que derrama de sua boca. Então, se eu realmente estou
sentindo algumas de suas farpas no meu coração, é porque o estou
deixando entrar. Mais uma vez. As coisas mudaram entre nós, e elas
precisam ser constantes, inferno, antes que eu perca minha cabeça,
porra. Seu olhar está demorando mais que o normal, assim como
suas mãos. Estremeço.

“Tudo bem.” Eu agarro o fone e o coloco no meu ouvido


enquanto Lex faz o mesmo e, em seguida, fala em um pequeno
microfone na sua mão.

Eu balanço a cabeça. “Ouvi muito bem, e não, eu não vou


afofar suas toalhas.”

“Mas elas precisam ser afofadas, Gabs, ajude um homem.”

“Você não vai querer que eu afofe nada, acredite...”

“Tudo bem.” Ele se inclina para trás. “Agora vá lá e prove para


mim que está pronta para assumir clientes, e boa sorte, Gabs.
Lembre-se, ele ainda tem a opção de desistir de nos contratar,
principalmente, contratar você... E lembre-se, quando a garota por
quem ele está obcecado entrar aqui e ele não sentir que o que você
está fazendo funciona, você não estará sozinha fazendo o papel de
estúpida, mas a Wingmen Inc. também. Sem pressão ou qualquer
coisa.”

Ele cruza os braços. Eu seriamente desejo estrangulá-lo.


Em vez disso, giro sobre meus calcanhares e vou até meu alvo.
Isso realmente parece uma operação policial, especialmente com Lex
no meu ouvido.

Como é possível que até mesmo através do fone de ouvido, sua


voz parecesse estar acariciando meu corpo? Não, Gabs. Não.

Minha mente imagina a cena da gente se beijando. Com água


na boca, quase preciso pressionar minhas coxas juntas, quando a
sensação de sua língua deslizando em minha boca torna-se uma
corrente elétrica e eu choramingo.

“Não tenha medo... seja sexy,” Lex ordena.

“Estou tentando”, digo com dentes cerrados.

“Balance mais seus quadris.”

Tento rebolar e quase trombo com a cadeira de couro da mesa


ao lado.

“Droga, mulher, ele vai pensar que você está bêbada, se fizer
essa manobra novamente.”

“Sexy, sexy, sexy,” repito baixinho.

Lex faz uma pausa e diz: “Sua bunda é bonita...”

“Obrigada, Lex.” Faço uma pausa quando o calor toma conta do


meu peito. “Isso foi realmente...”

“Nem dá pra dizer que você ganhou quatro quilos.”

“Você é um idiota.”

“Talvez você deva pegar leve nos Pirate’s Booty, Gabs.”

Paro, meu coração dando pulos dentro do meu peito. “Como


você sabe sobre...”

“Eu quase morri, a fim de conseguir o último saco para você,


Gabs. É claro que eu sei que é sua obsessão.”

“Pare de fazer isso!”


“O que?”

“Terminar minhas...”

“Frases?” Ele adivinha.

Deixo escapar um palavrão, então viro de costas.

“Não me incentive, Gabs. Você sabe o que significa esse gesto, e


eu estou apenas desesperado o suficiente para dobrá-la sobre a mesa
e pegar o que for possível.”

“Tão romântico... Diga-me, seria junto com os chips e o


guacamole, ou você pelo menos esperaria até a sobremesa?”

Ele fica em silêncio e depois diz com uma voz rouca, “Por que
comer alimentos quando teria você como opção...”

Eu abro minha boca para dizer algo, mas estou perto de Steve e
ele justamente se vira.

“Oi.” Eu quase engasgo com a minha língua quando sento ao


lado do cara que fui contratada para ajudar a ganhar a atenção do
amor de sua vida. O nome dela é Stella, e com base nas imagens do
arquivo, eles são tão parecidos que poderia se passar por irmão e
irmã. Foi uma combinação feita no céu... Pelo menos assim parece, já
que eles tem uma chance de oitenta por cento de sucesso, uma vez
que ultrapassem os primeiros três meses de namoro.

“Ele é um pós-graduando em ciências da computação, Gabs.


Você vai ter que fazer melhor do que ‘oi’”, Lex interrompe.

Steve olha para cima. Ele tem o cabelo castanho desgrenhado o


que me deixa com a impressão de que é alérgico a tesoura. Seu cabelo
encobre um olho, deixando o outro olhar para mim com curiosidade.

Castanho. Um castanho bonito. Eu poderia trabalhar com isso,


certo?

“Você tem olhos bonitos”, eu digo suavemente. “Talvez você


devesse conscientizar as pessoas que tem dois deles, caso contrário
alguém pode acabar confundindo você com um pirata. Arggg.”
Lex deixa escapar um gemido. “Você acabou de chamá-lo de
pirata.”

Steve sorri e depois ri alto. “Sim, é isso que eu estou tentando


ser – escuro e perigoso. Deu certo?”

Eu balanço minha cabeça vigorosamente. “Eu estou aqui, não


estou?”

Ele me olha de cima e para baixo, em seguida, toma um gole


lento, cauteloso de sua bebida. “Você está aqui com aquele cara.” Ele
aponta para Lex. “Então, ou isto é uma aposta para ver se você pode
conseguir fazer com que eu passe vergonha ou” – seus olhos se
estreitam – “você faz parte da Wingmen Inc.”

Puxo a cadeira ao lado dele, sorrindo. “Se importa se eu me


sentar?”

“Bonita e evasiva”, diz ele por cima de seu copo. “Eu gosto
disso.”

“Engraçado, porque aquele cara ali odeia.” Eu aponto o polegar


na direção de Lex.

“Quando foi que você, alguma vez, me ouviu pronunciar essas


palavras?” Diz Lex em um tom irritado. “O cara é um idiota. Saia daí,
Gabs, ele está olhando para seus seios.”

Ignoro Lex.

“Acha que ele vai chutar minha bunda se eu insultá-lo?”


Pergunta Steve.

“Inferno! Sim, vou chutar a bunda dele, Gabs. Pode dizer isso.
Seu estômago é côncavo. Se fôssemos as últimas três pessoas na
terra e tivéssemos que comê-lo para sobreviver, nós morreríamos de
fome.”

Dou de ombros. “Ele é mais um amante do que um lutador,


mais latido do que mordida.”

“Eu não estou nem insultado.” Lex parece estar bocejando. “Eu
tenho de uma mordida dos infernos... Você simplesmente não sabe.
Pobre Gabs. Ei, você pegou o vibrador que eu enviei para a sua casa?
Coloquei meu rosto na caixa e tudo o mais.”

Longe demais. Eu mentalmente imagino estar socando a cara


de Lex e forço um sorriso. Concentre-se em Steve. Steve é a pessoa
importante, não Lex.

“Parece que ele poderia me rasgar em dois.” Steve tosse em sua


mão. “Sem pestanejar.”

“É...” Dou de ombros. “Posso te contar um segredo?”

Steve se inclina.

Eu protejo minha boca com a mão e sussurro, “Na cama, as


meninas o chamam de Shorty10.”

“Muito engraçado, Gabs”, diz Lex no meu ouvido.

“Curto?” Repete Steve. “Por causa de seu...” Ele não diz a


palavra.

“Se ele não consegue dizer 'pênis', isso me leva a crer que ele
não sabe para que serve, Gabs. Apenas dizendo. Um objeto A entra no
objeto B, e, por vezes, eles produzem um C... Ah, e apenas no caso de
você estar se perguntando, C significa 'concepção'.”

Lex não é fácil de ignorar, mas eu tento. Espicho minha mão


sobre da mesa e dou um tapinha no braço de Steve. “Vamos apenas
dizer que quando as meninas saem da cama, elas têm sempre um
sorriso em seus rostos, mas não é de prazer... é de riso.”

“Elas apontam e dão risada?” Os olhos de Steve se arregalam.

“Eu acho que elas gostariam,” eu digo séria, “se realmente


conseguissem ver o objeto para o qual estavam apontando, mas, quer
dizer, quem anda com binóculos por aí, certo?”

“Eu ando,” Steve diz rapidamente.

“Claro que ele anda.” Lex suspira. “E meu pau é enorme, você
já o sentiu. Pare de tentar insultar o Rei Lex.”

10 Shorty = baixinho.
Ele deu um nome ao seu pau.

Por que não estou surpresa?

“Então...” Lambo meus lábios. “Stella, hein?”

Steve imediatamente fica corado, as bochechas ardendo em um


vermelho brilhante quando ele olha para o balcão, em seguida,
começa a brincar com a ponta de sua camisa com punhos puídos.
“Sim, bem, posso ter dado a entender que gosto dela, mas não quero
estragar a nossa amizade.”

“Pergunte a ele o que ele quer dizer com ‘dar a entender,” Lex
instrui.

Limpo a garganta. “Então, quando você diz que deu a entender,


você quer dizer que tentou um beijo ou tentou segurar a mão dela?
Esse tipo de sugestão?”

“Eu me inclinei.” Steve assente seriamente.

“Ai meu Deus,” Lex murmura.

“Oh.” Eu mantenho minha expressão neutra. “Então você...


hum, inclinou-se na direção dela?”

Steve concorda vigorosamente. “Você conhece o filme Hitch –


Conselheiro Amoroso?”

“Às vezes eu jogo a culpa da fome no mundo em Will Smith, só


porque posso. Quer dizer, Hitch? Ele deu aos nerds de todos os
lugares o pior conselho do planeta...” O monólogo de Lex é difícil de
acompanhar, considerando que eu deveria estar concentrada em
Steve.

“Sim.” Eu finalmente respondo. “Aquele com Will Smith?”

“Ele é um pegador.” Steve ri. Embora ele diga “pegador” de uma


forma tão dolorosamente inocente que eu preciso me controlar para
não acabar me encolhendo, enquanto Lex zomba dele.
“E aí, pegador, quer jogar bola com nossos tênis novos e foder
algumas garotas na parte de trás da minha Mercedes Benz? Diga oi
para a sua mãe.”

Meus lábios tremem em um sorriso.

“Eu sei, eu sei.” Steve ri mais ainda. “É estúpido ouvir aos


conselhos sobre namoro em filmes como Hitch, mas o que eu quero
dizer é que eu me inclinei pelo menos oitenta por cento para o beijo.”

“O filme não diz noventa?” Eu corrijo, perguntando-me por que


diabos ele levaria em consideração o conselho de um filme do Will
Smith de dez anos atrás.

“Eu cheguei a setenta e cinco e entrei em pânico,” Steve


confessa numa voz derrotada.

“Chocante”, acrescenta Lex.

“Então é isso,” digo, sentindo a necessidade de esclarecer.


“Você tentou dar em cima, ela te ignorou e você não tentou mais nada
desde então?”

“Não houve mais nenhum momento romântico, sabe? Quer


dizer, eu tentei beijá-la na chuva e quase caí de cara contra uma
parede de cimento, porque a calçada estava escorregadia. E no
cinema, quando ficou escuro, eu peguei a mão dela, mas ela se moveu
para pegar o refrigerante.” Ele suspira. “Eu sou um idiota.”

“Não.” Balanço minha cabeça vigorosamente.

“Sim,” Lex diz em um tom aborrecido.

“É por isso que eu estou aqui.” Assim que as palavras saem da


minha boca, Stella entra pela porta. “Não olhe agora, mas ela acabou
de entrar. Isto tudo é parte do plano, no entanto, está bem? Você
confia em mim?”

“Não.” Ele ri. “Mas estou suficientemente desesperado para não


me importar.”
“O cara tem mais romance em seu dedo mindinho do que...” A
voz sarcástica de Lex desaparece. Em seguida, ele sussurra, “Hora do
show, Sunshine, mostre-me do que você é capaz.”

Rapidamente puxo meu banquinho para perto de Steve e, em


seguida, sussurro em seu ouvido. “Sorria, mas não muito. Eu vou
pegar sua mão, certo?”

“Ok.” Ele parece prestes a vomitar.

“Tente não explodir em pedacinhos sobre mim.” Rio enquanto


movo minha mão pelo seu braço até segurar seu bíceps. “Uau!” Eu me
afasto, então franzo a testa. “Você é realmente muito mais bem
constituído do que eu pensava!”

“Uh, obrigado?” Steve parece confuso.

“Não, sério.” Eu aperto o braço de novo, então movimento


minhas mãos para seu outro braço, correndo sua pele. “Você é...
musculoso!”

Seu peito se estufa.

“Ele está parecendo o que acontece com um pretzels quando


você o joga na água e eles fica todo inchado. Fica uma merda, mas
não importa,” Lex comenta. “Bom trabalho. Stella está olhando para
vocês. Se olhares pudessem matar...”

Com uma risada, eu me inclino em direção à boca de Steve. “Eu


não vou te beijar, mas vou fazer parecer que quero isso. Se ela
realmente gosta de você, ou ela vai embora e vai ficar super frustrada
quando você conversar com ela outra vez, ou vai bater aqui para fazer
sua reivindicação de posse.”

“Momento da verdade.” Steve engole em seco, seu pomo de


Adão saltando para baixo, em seguida, de volta para cima.

“Ei,” eu digo em uma voz calma. “Se o pior acontecer, você


ainda é uma grande aposta.”

“Você só está dizendo isso porque quer que me torne seu


cliente.”
“Não.” Eu balanço minha cabeça. “Eu estou dizendo isso
porque todos tem algo a oferecer ao mundo, e se ela não percebe o
que você tem, ela não é digna de você em primeiro lugar.”

Steve se acalma. Seus olhos se concentram em minha boca, e


de repente eu não tenho certeza se ele está apenas jogando ou se
realmente quer me beijar.

“Steve!” A voz estridente interrompe nosso momento. Olho para


o lado e vejo uma menina com cabelo castanho desgrenhado em uma
camisa xadrez e calças pretas, colocando as mãos nos quadris e
quase saltando no colo dele. “Saindo em um dia de semana?”

“Meu Steve é louco assim.” Eu pisco.

“Seu Steve?” Seus braços se cruzam.

“Muito bem, gafanhoto! Bravo,” Lex sussurra seu louvor. Eu


pisco para ele por cima da cabeça de Stella.

“Ei, Steve, isso foi real, aqui está o meu cartão.” Enfio o cartão
de visita da Wingmen Inc. e pergunto. “Vamos manter contato?”

“Com certeza.” Seu sorriso é enorme. “Eu ligo pra você mais
tarde.”

“Estou ansiosa por isso.”

No minuto em que saio, ouço Stella perguntar, “Quem diabos é


essa?”

Até o momento em que volto à mesa de Lex, ele já está juntando


nossas coisas e me levando para a porta.

Adrenalina toma conta de mim quando nós caminhamos para


nossos carros.

Um lento bater de palmas faz eu me virar.

Lex se inclina contra sua Mercedes Benz. “Você está


contratada.”
“Hmm, rico gênio do mal diz à garota inocente ela está
contratada quando eles estão de pé em um estacionamento escuro?
Devo suspeitar de alguma coisa?”

“Há!” Lex solta uma gargalhada, e o luar o faz parecer muito


mais sexy e perigoso. “Eu sou um cara do tipo – coloque-isso-tudo-
pra-fora, sem segredos.”

“Besteira!” Eu rio. “Não me trate como uma de suas prostitutas,


você tem mais segredos do que a NSA11!”

“Pessoas legais as da NSA.”

“Exatamente meu ponto.” Começo a procurar minha chave. “Eu


tenho que correr Lex. Vejo você mais tarde.”

“Vai estudar?” Ele tenta adivinhar.

“Não.” Novo emprego, novo trabalho assustador que está


contratando uma jovem para as noites.

“Encontro?”

“Não.” Eu forço meu sorriso. “Vejo você por aí, Lex.”

Seu sorriso desaparece. “Aonde você vai?”

“Não é da sua conta.” Bato a porta e vou embora, odiando, pois,


quando olho no espelho retrovisor é como deixar para trás uma
sessão de foto de revista. Ele realmente deveria parar de ter tão boa
aparência.

11 Agência de Segurança Nacional é a agência de segurança dos Estados Unidos, criada em 4 de


novembro de 1952 com funções relacionadas à Inteligência de sinais, incluindo interceptação e
criptoanálise.
Capítulo onze
Lex

A semana passou em um borrão completo de tédio. Não havia


nada urgente acontecendo em minhas aulas, e desde que Gabs
passou com louvor em meu pequeno teste, não há mais necessidade
de treiná-la. Mas porque Ian ainda está nervoso sobre ela lidar
sozinha com os clientes, eu tinha sido promovido – ou rebaixado,
dependendo do ponto de vista – a seu babá adorado. Embora gostasse
de pensar em mim como Músculo.

Steve assinou conosco e seu segundo encontro foi marcado


para a noite seguinte.

O zumbido da TV é uma distração bem-vinda de todas as coisas


sobre Gabi. Meu Modus Operandi típico não é ficar matando tempo no
fim de semana, mas sair apenas parece cansativo, e, como se fosse
para provar um ponto, eu deixo escapar um bocejo. Puta merda, o
que há de errado comigo?

Eu passo pelo canais da TV e finalmente decido assistir O


Poderoso Chefão quando Ian entra pela porta com Blake. Ainda é
difícil acreditar que o guarda roupas diário desta menina consiste em
agasalhos enormes e meias. Se você olhasse para ela agora, pensaria
que acabou de sair de uma passarela. Ela raramente usa maquiagem,
mas tem alguma coisa nas camisetas curtinhas e jeans de cintura
baixa que ela usa que faz alguma coisa para um cara. Não em mim.
Claramente, atletas não são minha praia. Mas Ian? Bem, acho que
descobrimos sua kryptonita: molecas que podem desafiá-lo em um
concurso de comer pizza e vencer, enquanto continuam sendo
capazes de correr uma meia maratona no dia seguinte. Engraçado
que ele quebrou uma de suas próprias regras ao namorar uma cliente
– novamente, ele é o proprietário de parte da empresa e pode fazer o
que diabos quiser... Dentro da razão.

“Lex?” Ela chama da maneira típica de Blake – em alto e bom


tom.

“Sim.” Eu não olho para longe da TV.

“Você está doente?” Ela se senta ao meu lado no sofá.

“Blake, lembre-se das regras: se a sua bunda tocar o sofá, você


não tem permissão para falar...”

Ela se levanta e, em seguida, repete a pergunta. “Você está


doente?”

Eu aumento o volume. “Um cara não pode nem assistir TV?”

Tenho uma sensação de coceira se espalhando do meio do meu


peito até os dedos, como se eu não fosse dar uma corrida ou fizesse
alguma coisa estúpida, acabaria perdendo a cabeça. Mas nada parece
divertido ou agradável; mesmo invadir as contas bancárias de Gabi
parece chato.

Além disso, agora ela tem dinheiro. Eu já fiz o pagamento de


seu primeiro salário – um bônus na verdade – e isso seria suficiente
para ela sobreviver por algumas semanas.

“Cara.” Ian se senta ao meu lado. “É sexta-feira.”

“É ? Realmente?” Eu digo em falso choque. “Legal, caras, todos


nós temos calendários e sabemos que dia é hoje.”

Ian fica em silêncio e, em seguida, “Você está doente?”

Olho para cima, em direção ao teto. “Por que diabos vocês estão
perguntando se eu estou doente? Pareço doente?”

De repente, autoconsciente, eu me pergunto se realmente estou


pegando alguma coisa. Isso explicaria os humores esquisitos! Talvez
eu esteja com febre?

Os olhos de Ian se estreitam novamente. “Lex é sexta-feira.”


“POR QUE DIABOS isso é importante?”

“Você está em casa”, diz Blake do meu outro lado. “Numa sexta-
feira à noite.”

“Gente, se vocês não podem respeitar as regras do sofá, eu vou


ter que expulsá-los da sala de estar.”

Ian fica de pé, em seguida, empurrando o controle remoto da


minha mão. “Então você vai ficar em casa? Esta noite? Em um fim de
semana?”

Eu bocejo. “Eu estou cansado...” Com um sorriso, acrescento:


“E quando eu digo que estou cansado, eu quero dizer...”

Ele levanta a mão. “Aí está ele. Por um instante fiquei


preocupado.”

“Não se preocupe, mamãe, bati o número apropriado de


mulheres solteiras esta semana, pelo menos uma dúzia de vezes. Não
estou doente, nem estou finalmente em uma linha reta e estreita. Eu
também estou feliz em anunciar que fiz pelo menos três decisões
ruins esta semana e fiquei bêbado em uma noite de quinta-feira.”

Ian aplaude.

Blake faz uma careta e depois solta um suspiro alto quando


olha para seu telefone.

“O quê?” Ian está ao seu lado imediatamente. Faço um


movimento imitando chicotadas, mas ele mostra seu dedo do meio
para mim.

“Gabs,” ela sussurra. Ambos olham para mim, em seguida, se


afastam da sala de estar, provavelmente assumindo que falar sobre
ela na minha presença me deixaria mau humorado. Normalmente eles
estariam certos.

Mas as coisas não estão mais muito normais nesta última


semana, dane-se.

Meus ouvidos se esforçam para ouvir a conversa, mas pegam


apenas pedaços.
“Ela não pode se dar a este luxo.”

O que?

“Não tem dinheiro...” E então eu ouço “Você já viu os


armários?” Mais sussurros. “Serena está falando sobre ir morar com o
namorado.”

Meu corpo treme involuntariamente. Serena – a loira, sexy, com


um bom sorriso – foi um erro terrível. Eu havia lhe dado apenas um
olhar, dizendo, “Ela vai topar.”

Só que ela não fez.

Eu fiz.

Ela simplesmente estava lá e, em seguida, explodiu em


lágrimas depois que tudo acabou, dizendo, e cito, “Esse foi o momento
mais mágico da minha vida.”

Eu não consegui fugir rapidamente o suficiente.

E mesmo quando eu disse: “Isso não é mágica, é apenas sexo


bom”, ela não acreditou em mim e insistiu em acreditar que nós
tivemos algum tipo de conexão entre nossas almas.

“Eu tentei!” Ian diz, erguendo um pouco a voz. “Mas ela não vai
aceitar isso... e ela não vai me dizer o que está acontecendo, mas...”
Droga, falem mais alto!

Mais silêncio.

Eu estico meu corpo através do sofá, a fim de chegar mais


perto, mas eles caminham para a parte mais distante da sala de
estar, aqueles idiotas sem consideração!

Depois de alguns minutos, eles voltam e dizem que estão


saindo para jantar.

Quando pergunto se Gabs vai com eles, eles me olham como se


eu tivesse falado em hebraico e perguntado se era legal eu dar uma
festa de Hanukkah.
“Ela tem trabalho”, Blake responde, enquanto Ian faz uma
careta. Blake agarra a mão dele, levando-o para fora da sala.

Eu pulo do sofá. “Trabalho? Eu sou seu trabalho. O que você


quer dizer com trabalho?”

“Estou chocado.” Ian bate a mão contra seu peito. “Quer dizer
que vocês não contam tudo um ao outro?” Ele e Blake se juntam no
riso. “Desde quando você se importa com o que Gabs faz? A última
vez que você usou o nome dela em uma frase, foi combinado com
tantas palavras de quatro letras12, que ficaria chocado se você ao
menos soubesse como ter uma conversa civilizada com ela.”

“Tanto faz.” Eu sei que minha resposta é imatura, mas é tudo


que tenho dizer. “Eu vou ligar para uma garota qualquer.”

“Uma aleatória?” Pergunta Blake.

“Não faça isso...” Ian balança a cabeça. “Isso vai fazer com que
você fique desejando matá-lo e eu não posso manter a paz entre ele e
Gabs e entre ele e você. Eu sou apenas um homem.”

“Uma aleatória.” Eu sorrio sedutoramente mesmo sabendo que


estaria perdido com ela. “Quando navego no site da escola, escolho o
número de uma menina, ligo para ela, e, em seguida, transamos de
todas as maneiras possíveis, arruinando-a para todos os demais
homens.”

“Desculpe ter perguntado,” Blake murmura.

Eu levanto minhas mãos. “Não odeie o jogador.”

“Odeie o jogo.” Blake acena para mim. “Sim, eu sei.”

“Eu ia dizer; odeie as meninas estúpidas o bastante para


brincar comigo...”

“É.” Blake concorda. “Sim, isso também...”

12 Referem-se a um conjunto de palavras de língua inglesa escritas com quatro letras que são consideradas
profanas, incluindo termos vulgares ou gírias para atividade sexual e genitais, termos relacionados ao Inferno ou
condenação quando usados fora do contexto religioso ou insultos.
“Divirta-se fugindo de compromisso e de seus sentimentos!” Ian
grita de volta para mim conforme eles caminham para fora de casa.

Aceno com meu dedo do meio. “Divirta-se escolhendo as cores


do casamento e dormindo com a mesma mulher pelo resto de sua
vida!”

A porta bate atrás deles.

A sala está coberta com tensão. Energia nervosa escorre através


de mim quando minha perna começa a saltar incessantemente, meus
dedos tamborilando contra a perna saltitante. Cruzo os braços,
tentando manter o nervosismo sob controle. Não ajuda.

Eu nunca fiquei incomodado por estar sozinho; eu não sou


realmente o típico cara de festas. Eu durmo com meninas, com
certeza, mas eu não gosto de multidões. Eu gosto do meu
computador, meu santuário e gosto de sexo.

Qualquer coisa, além disso, não me importa realmente.

O barulho da TV vai irritando meus nervos. Prometo a mim


mesmo que vou parar com minha obsessão sobre a vida pessoal de
Gabi. Não é problema meu, de maneira nenhuma.

E ainda assim me pego virando em meus calcanhares e indo


para o meu quarto, fechando a porta silenciosamente atrás de mim, e
puxando uma cadeira até as telas de computador.

Com mãos trêmulas de emoção e talvez por causa da


adrenalina sobre o quão errado seria bisbilhotar a vida privada da
minha arqui-inimiga, eu invado suas contas bancárias novamente.

E quase tenho um maldito ataque cardíaco.

Hearts Gentlemen’s Club?

Duzentos dólares?

O-o q-que?

“Oh, Sunshine, no que você foi se meter?”


Sem pensar duas vezes pego meu telefone, aperto o botão da
tela inicial, e digo, “Siri, indicações para o Hearts Gentlemen’s Club”

Inferno, minha noite está prestes ficar muito mais interessante.


Graças a Deus por senhas de computador realmente fracas.
Capítulo doze
Gabi

Meu vestido tomara-que-caia preto e curto está dando coceira,


para não mencionar que é extremamente desconfortável. Graças a
Deus estou usando meia-calça preta; caso contrário, cada vez que eu
me inclinasse daria às pessoas um show gratuito.

Pisco as lágrimas. Eu odeio isso. Odeio tudo isso. Mas meus


pais precisam de dinheiro, e este é o único trabalho que me permite
contornar minha agenda escolar e a Wingmen Inc.. Ian, sendo Ian, se
ofereceu para me ajudar financeiramente, mas ele já fez demais, e eu
não sou responsabilidade dele. As pessoas ricas não entendem.
Aceitar o dinheiro deles faz os menos afortunados se sentirem ainda
pior.

Lex.

Eu já estou com problemas. Eu tenho um medo verdadeiro de


que se repetisse seu nome três vezes no espelho, ou apenas em
qualquer lugar, ele seria obrigado a se apresentar e a tomar posse da
minha alma.

“Ei, querida!” Um homem bêbado acena uma nota de dez no ar.


“Podemos ter mais algumas bebidas aqui?”

“Claro.” Forço um sorriso mesmo quando seus olhos demoram


mais tempo no meu peito do que seria apropriado. É um clube de
cavalheiros; o que posso esperar?

As luzes se apagam quando um dos locutores sobe no palco e


incita a multidão para a próxima dançarina.
Pelo menos não estou fazendo aquilo.

As coisas poderiam ser piores, certo?

Eu me pergunto se é apenas uma questão de tempo antes que


eu fique assim tão desesperada. O gerente do clube já tinha me dito
que eu poderia ganhar muito dinheiro, mas algo sobre tirar a roupa
por dinheiro, para mim, parece muito parecido com o que Lex faz
diariamente, então... Eu recusei.

Além disso, meus pais ficariam furiosos.

“Doçura!” O homem bêbado chama novamente. “As bebidas!”

“Sim!” Respondo e caminho até o bartender. “Pode me arranjar


três runs e Coca-Cola para a mesa sete?”

“Claro.” Jim está na casa dos cinquenta, embora pareça ter uns
trinta anos de idade. Ele é realmente forte, tem um sorriso branco
ofuscante e é careca. “Aqui vamos nós, docinho.” Ele desliza as
bebidas para minha bandeja.

Eu levanto a bandeja e caminho até a mesa dos bêbados. “Três


runs e Coca-Cola. Algo mais?”

O homem me dá gorjeta de alguns dólares e, em seguida,


entorta seu dedo para que eu me incline.

Oh! Magnífico.

“Se você fizer uma dança privada para mim e para meu amigo,
vamos dobrar isso.” Ele aponta para a nota de dez dólares que acabou
de me dar.

Uau, vinte dólares para tirar a roupa para o vovô e seu amigo?
Onde eu assino?

“Eu não sou stripper”, digo com dentes cerrados. “Sou apenas
garçonete.”

“Aha!” Os homens na mesa explodem em risadas. “Todas


começam como garçonetes.”
Engulo uma réplica que tenho certeza poderia conseguir minha
demissão e sorrio com os dentes cerrados. “Algo mais?”

“Pense sobre isso”, ele fala arrastado, e então dá uma piscadela,


ou tenta – já que isso pareceu mais um “fechar” de olhos.

“Sim, vou fazer isso”, minto e saio em direção ao bar. Ele não
está muito cheio para uma sexta-feira à noite, e eu estou grata.
Comecei a trabalhar há alguns dias, e os meus pés já doem.

O que eu não daria por uma massagem!

Enfio a mão no avental e tiro uma barra de chocolate. Durante


os últimos três dias eu venho recebendo cestas de alimentos,
contendo principalmente comidas nada saudáveis, uma barra de
proteína estranha ou Red Bull aqui e ali, mas mendigos não podem
escolher demais.

Toda vez há um bilhete. E todos dizem:

Do seu vizinho amigável

Homem Aranha.

Brincadeirinha.

Sou muito mais sexy – COMA!

Toda vez.

Estou cansada demais para tentar descobrir quem é, cansada


demais para montar uma armadilha para ele. Estou grata por ter
Pirate’s Booty suficiente para fazer o ronco do meu estômago cessar,
pelo menos por algumas horas.

“Então”, diz uma voz familiar acima da música. “Emprego


novo?”

Droga! “Eu nem sequer disse seu nome três vezes!” Solto um
gemido, virando-me para enfrentar Lex. Ele está vestindo uma
camiseta vintage preta apertada com jeans de cintura baixa e o
sempre presente sorriso sexy.
“Três vezes?” Ele sorri mais amplamente. “Você diz meu nome
três vezes em voz alta? É um novo palavrão? Você sabe, como 'Oh,
Lex! Santo Lex! Lex poderoso...” Suas sobrancelhas se juntam. “De
alguma forma tudo isso soa muito como ruídos familiares que as
mulheres fazem na minha presença.”

“Morra Lex”, digo em um tom irritado. “Que tal essa?”

“Essa é nova.” Ele estala os dedos. “Mas estou começando a


gostar. Talvez esse seja o seu jeito de dizer, como você quer que eu
morra em seus braços no estilo Romeu e Julieta...”

“Uau, dez da noite e você já está bêbado.” Eu dou-lhe um tapa


no ombro. “Pegue um táxi.” Eu tento passar por ele, mas Lex agarra
meu pulso e me puxa de volta, pressionando-nos juntos. Se foi de
propósito ou não, não tenho certeza, mas ele está quente.

E ele parece... seguro, familiar. Meu corpo está brincando


comigo; isso é porque eu estou vulnerável.

Como naquela noite quando...

Eu havia trancafiado minhas memórias, especialmente aquela,


e jogado fora as chaves. “Lex, o que você quer?”

“Você”, ele diz em um tom sério. “Agora suba no palco e tire a


roupa. Eu pago por um show.”

Reviro os olhos. “Garçonete, Lex. Você vai ter que ligar para um
dos muitos números na sua agenda para conseguir uma dança
sensual.”

“E se eu pagar?” Sua respiração faz cócegas na minha orelha


enquanto meus olhos ardem com lágrimas não derramadas.
Normalmente, não deixaria que ele me afetasse. Normalmente, tiraria
de letra, mas minha armadura está despida. Chame isso de exaustão
ou talvez seja apenas os últimos restos de orgulho que me restam,
caindo por terra.

Mas não consigo segurar isso por mais tempo.

Uma lágrima cai.


Em seguida, outra.

Eu tento limpá-las, tento me livrar dos braços fortes de Lex,


mas ele me vira tão abruptamente que tudo o que eu consigo fazer é
embeber a frente de sua camisa com as minhas lágrimas e deixá-la
manchada com rímel.

“Gabs?” Sua voz está áspera enquanto ele me abraça mais


apertado. “Vamos, estamos indo embora.”

“Não,” pânico atravessa meu corpo enquanto tento me afastar.


“Você não entende!” Eu dei meu último contracheque para a minha
mãe – para que ela pudesse pagar as contas em casa – e fiquei
completamente falida para pagar o aluguel esta semana. Espero
ganhar dinheiro suficiente em gorjetas para poder pagar o aluguel.

Os olhos de Lex se enrugam nas laterais quando ele olha para


mim e para o resto do bar decadente. Eu sei o que ele vê: meninas
dançando em postes, caras se embebedando e gritando com as
meninas enquanto jogam algumas notas para o palco, e, uma garota
medrosa e estúpida agarrada nele como se fosse sua tábua de
salvação.

Finalmente, ele me solta. “Gabs, desculpe, eu estava brincando.


Nós sempre...” Ele lambe os lábios e olha para o chão imundo,
amaldiçoando. “Para onde está indo o dinheiro?”

“Dinheiro?”

“Novata!” Dean, meu chefe, que nunca me chama pelo meu


nome, o idiota. “Você está trabalhando ou está flertando? Se ele quer
mais tempo com você, precisa pagar.”

“Ainda uma garçonete?” As sobrancelhas de Lex disparam.

Eu levanto meus dedos para indicar que preciso de mais alguns


segundos, mas Dean aparentemente está de mau humor e anda até
nós.

“Problemas?” Ele pergunta, cruzando os braços sobre o peito


magro. O cara é pequeno; Lex provavelmente poderia quebrar seu
rosto de olhos vendados.
“Sim”, diz Lex, surpreendendo-me. “Sua garçonete apenas se
recusou a dançar comigo porque vocês estão sem salas privativas...
Então...”

Os olhos de Dean se estreitam. “Você é o namorado dela?”

“Pareço um homem que quer se comprometer com essa louca?”


Lex dispara de volta. “Mas eu tenho isso...” Ele enfia a mão no bolso
de trás e tira o que parece ser pelo menos seiscentos dólares em
dinheiro. “Quanto tempo isso vai me conseguir com sua garçonete?”

As sobrancelhas de Dean se levantam até a testa quando ele


cospe, “pelo menos três horas.”

“Vou acrescentar outros seiscentos se puder conseguir alguém


para nos servir e uma sala privada, sem interrupções.”

“Feito.” Dean estala os dedos acima de sua cabeça, então um de


seus seguranças vem apressadamente. “Por favor, leve-os para o
quarto Diamond, sem interrupções. Fique do lado de fora da porta.
Uma garçonete entra e sai para levar bebidas.”

O segurança acena com a cabeça.

E cinco minutos depois eu estou presa em um pesadelo


pessoal. Uma garrafa de champanhe repousa dentro do gelo; dois
copos foram deixados sobre a mesa. Música retumba através do
sistema de alto-falantes. Um pequeno palco está montado no meio da
sala, com dois postes e algum tipo de balanço que desce do teto. Eu
sinceramente não quero nem saber o que é aquilo.

“Isso é tudo”, diz Lex em um tom ríspido. A garçonete – acho


que seu nome é Holly – balança a cabeça, em seguida, olha para mim
com o canto dos olhos, como se estivesse com medo de me deixar
sozinha com aquele gigante.

“Está tudo bem.” Eu aceno para ela e forço um sorriso.

A porta se fecha.

“Pare de andar.” Lex pega uma garrafa de champanhe. “E é


melhor aquele babaca dar parte desta grana para você...”
“Hã?” Eu me viro. Lex tem os pés em cima da mesa e está
mandando mensagens de texto. Digitando mensagens!

Ele olha para cima. “O que? Algo errado?”

“Eh...” Eu levanto meus braços para o ar. “Você, seu bastardo


doente, acabou de pagar por uma dança particular! Uma dança
minha!”

“Não, eu não paguei”, diz ele calmamente. “Ninguém sabe o que


se passa aqui dentro. Tire uma soneca, beba um pouco de
champanhe ou você pode me chocar e chorar de novo. Mas um aviso,
eu só tenho um abraço em mim hoje à noite e você o roubou, então...
Vou voltar ao tapinha nas costas.”

“Quem é você?”

“Lex Luthor, filantropo de dia e salvador das garçonetes sexys à


noite.” Ele sorri e ergue a garrafa. “Champanhe?”

“Inacreditável.” Eu sufoco uma risada. “Você acabou de pagar


mais de mil dólares para ficar sentado em um clube de quinta
categoria e beber champanhe com alguém que você odeia.”

“É a minha boa ação da década. Só não conte a Ian. Ele vai


pensar que eu estou doente ou algo assim, e a última coisa que
preciso é a Mãe Galinha dando voltas de helicóptero ao redor do meu
santuário. Ele vai ficar chateado mais uma vez se descobrir que eu
estou hackeando.”

Minha pele está pegajosa e suada, e meus pés doem. Com


movimentos lentos, eu caminho até o sofá e sento, nem mesmo
querendo saber quantos germes tem naquele couro.

“Então”, diz Lex acima da música. “Champanhe? Ou quer que


eu peça algo mais?”

“Champanhe está bom.” Engulo em seco e olho para minhas


mãos. “Desculpe-me por ter começado a chorar.”
“Como deve ser. Meninas grandes não choram... eles chutam
traseiros por aí. Não me assuste assim de novo, não faz bem para o
meu coração.”

“Finalmente admitindo que você tem um?”

Lex abre os braços. “É evidente, caso contrário, você ainda


estaria servindo mesas.”

“Ou dançando,” murmuro.

“Hah.” Lex ri como se fosse engraçado. “Sem ofensas, Gabs,


mas você não é como essas meninas no palco. Você não pode... Você
simplesmente não pode.”

“Eu não posso?” Por que diabos estou ficando ofendida? “O que
você quer dizer com eu não posso?”

Lex ri mais ainda. “Gabs, olha, não há nada de errado em ser


inocente. Muitos caras procuram por uma menina que tem campos
que nunca foram tocados, regados, plantados, arados...”

Eu levanto minha mão. “Entendi.”

“Mas esse tipo de meninas, as boas meninas, aquelas que


nunca foram...” Ele sorri. “Conquistadas? Elas normalmente não
sabem como usar seus corpos de uma forma que imite sexo no palco.
Entende?”

“Não.” Eu cruzo os braços. “Eu não entendo! Dançar é dançar!


Uma criança de dois anos de idade pode fazê-lo!”

“Exemplo ruim, imagens mentais muito ruins por toda parte,


Gabs, novamente solidificando o meu ponto. Boas meninas não
dançam, não desse jeito” Quando eu não digo nada, ele acrescenta,
“Aceite o fato; não fique chateada. É um elogio.”

“O inferno que é!”

“Droga, eu adoro quando você pragueja,” Lex murmura,


tomando um longo gole de champanhe. “Veja, pelo menos você faz
isso direito.”
“Eu não posso ficar aqui por três horas”, murmuro, saltando de
pé e começando a caminhar novamente.

“Quer jogar no meu celular?”

“Como uma criança!” Eu deixo escapar. “É isso aí! Você está me


tratando como se eu fosse... uma criança! Como eu devesse ser grata
por você me salvar do inferno. Seja honesto: se você tivesse um
adesivo e uma chupeta, você os daria para mim para que eu ficasse
bem quietinha o resto do tempos, não é?”

Lex me dá um olhar de culpa.

“Eu sou uma mulher!”

“Bem, se você fosse um cara, estaríamos tendo uma conversa


diferente agora e você provavelmente teria dado um soco nos caras
que estavam agarrando seu traseiro agora a pouco...”

Sem pensar, pego minha taça de champanhe, bebo tudo, sirvo


outra, bebo esta também, em seguida, com as mãos trêmulas pego o
pequeno controle-remoto, aumento o volume da música, e pulo no
palco.

Espero que Lex diga algo impróprio ou pelo menos revire os


olhos. Em vez disso, ele parece... em pânico.

“Gabs!” Ele grita por cima da música. “Olha, eu sinto muito!


Apenas desça!!”

“Oh, eu vou descer!” Seguro o poste com uma mão, inclinando-


me para trás. “Apenas espere.”
Capítulo treze
Lex

Sinos de alerta soam na minha cabeça, mas mesmo assim eu


não me movo.

Um maldito alarme soa, e minha mão se contrai.

Meu corpo está paralisado. Embora meu sangue ainda esteja


sendo bombeado – sei disso porque sinto que o sangue corre rápido,
diretamente para os lugares errados – quando Gabs dá um passo
oscilante naquele palco.

Meus olhos... Graças a Deus que meus olhos ainda estão


trabalhando e avidamente procuram uma saída, uma fuga, porque
meu corpo e minha mente não estão em sincronia – não totalmente.
Meu corpo quer ficar, enquanto minha mente diz isso seria só mais
uma coisa, mais um momento que faria eu deslizar mais para baixo
no morro. Um dia eu iria olhar para trás, para todos estes momentos
e iria... bem, inferno, não foi o primeiro passo que fez isso, ou mesmo
o segundo, mas o acúmulo de todos os momentos e de todas essas
ocasiões, quando eu disse que sim, mas deveria ter dito não e deveria
ter corrido pra longe.

A voz de Ellie Goulding enche a sala quando “Powerful” começa


a tocar. Merda. Agarro o sofá de couro, em seguida, entro em pânico.
Eu não quero que ela pense que estou correspondendo, mas do jeito
que meus dedos estão cavando no couro, eu poderia muito bem ser o
Wolverine.

Os saltos de Gabs são simples e pretos, mas ainda


pontiagudos. O som deles clicando contra o chão ao lado do poste faz
alguma coisa no meu corpo, minha respiração fica mais rápida,
embora ela ainda não tenha começado nada.

Arrojados e claros olhos verdes estão presos aos meus, e depois


a mão toca o poste. Eu sinto o toque como se ela estivesse me
agarrando. Meu corpo dá um pequeno empurrão quando seus dedos
deslizam para baixo no metal. Meu jeans fica apertado, eu não tenho
escapatória, nenhuma opção além de continuar assistindo e torcer
para que ela não perceba o que essa simples ação faz com a minha
sanidade.

“Então?” Eu a desafio, rezando para que isso a faça perder a


coragem. Inferno, eu até mesmo aguentaria as lágrimas. “Você vai
dançar ou apenas tocar o poste?”

Seus olhos se estreitam.

Merda. Eu conheço aquele olhar.

Você foi longe demais, Lex.

Ela dançaria a noite toda para me convencer. Eu não preciso


disso; nenhum homem com o meu apetite sexual precisaria desse tipo
de tortura.

Uma perna sexy envolve o poste.

Minha boca fica completamente seca conforme ela lentamente


joga a cabeça para trás, e então aquela pequena provocadora gira em
torno do poste como se tivesse nascido lá.

Que diabos?

Desde quando virgens dançam assim?

Saber que nunca foi tocada, saber que, provavelmente nenhum


homem jamais tinha visto Gabs no auge do prazer, faz a experiência
muito mais crua. Tudo sobre a forma como ela desliza em torno do
poste – a forma como seu corpo se movimenta para baixo apenas para
voltar a subir lentamente para cima – faz com que eu perceba cada
curva de seus quadris e bunda – fazendo-me perder minha cabeça.

Eu cruzo as pernas.
Tusso na minha mão.

Penso na avó de Ian.

Nada.

Meu corpo deseja.

Simples.

Duro.

Rápido.

Lento.

De tantas posições e maneiras quantas fossem fisicamente


possíveis.

A paciência não é uma de minhas virtudes.

Minhas mãos tremem ao meu lado conforme meu pau incha


com dolorosa necessidade. Fecho meus olhos brevemente, dando-me
uma pausa, mas isso é quase pior, porque pelo menos quando meus
olhos estão abertos, ela está completamente vestida.

Mas quando eles se fecham?

Ela se livra de cada peça de roupa, exceto os sapatos. Péssima


ideia!

Eu abro meus olhos novamente. Seu cabelo está caído sobre


seu rosto e um olho espia com os lábios entreabertos. Tirando-o do
rosto, ela gira de novo e de novo.

Droga, estou mais do que desconfortável, estou quase ficando


em carne viva com minhas próprias calças jeans enquanto tento me
ajustar sem ela perceber.

A música vai chegando ao fim.

E assim eu também.

Em mais de um sentido.
Ian teria rido pra cacete, e se isso tivesse acontecido com
qualquer outra garota, eu teria contado a ele.

Mas com Gabs?

Ele provavelmente me mataria.

E eu mereço.

Família.

Irmã.

Melhor amigo.

Puta merda, ela começa a chupar seu polegar.

Minha visão fica turva quando ela desce do palco e dá dois


passos em minha direção. Eu me inclino para frente, com o corpo em
chamas.

No minuto em que ela está ao meu alcance, puxo-a para o meu


colo. Gabs solta um pequeno gemido quando sua saia sobe pelos
quadris. Minhas mãos seguem o tecido enquanto ela balança contra
mim.

Eu não estou pensando, eu não sou nada.

Minha resposta é primordial, uma necessidade instintiva de


marcá-la, torná-la minha, e ser o primeiro cara a fazê-lo.

O único cara a tocá-la.

Pra sempre.

Calor sobe entre nossos corpos quando eu agarro seus quadris,


movendo-a mais contra mim.

A música termina.

Outra começa.

Eu mal percebo. Todo o bar poderia estar queimando a nossa


volta – provavelmente está, porque a explosão com nossos toques é
suficiente para fazer exatamente isso.
“Gabs,” gemo o nome dela quando ela começa a me montar com
mais força. “Isso,” incentivo, saindo oficialmente fora do meu próprio
corpo enquanto ela ofega contra mim.

Minha boca encontra a dela. Eu não consigo parar de beijá-la,


saboreá-la.

E, em seguida, ouço uma batida na porta.

Não é alto o suficiente para fazer nada além de me irritar.

Mas Gabs congela.

Ainda estou segurando-a forte, como se minhas mãos


implorassem para ela ficar, apenas... ficar.

Seus olhos se abrem.

Ela chupa seu lábio inferior inchado e solta um suspiro áspero.


Meu corpo inteiro está zumbindo.

Nenhum de nós diz nada.

Eu não sei o que diabos dizer.

Eu só sei que eu não posso bancar o idiota.

Eu quero fazer isso. É o meu jeito de agir. Ser um idiota, afastá-


la, permanecer na zona de conforto com Ian.

A batida fica mais alta.

Com um praguejar, lentamente a retiro de cima do meu corpo,


certificando-me que suas pernas estão cobertas, levantando do sofá
parecendo muito excitado, e abro a porta.

“Desculpe.” A garçonete parece apologética. “O patrão só queria


saber se vocês precisam de mais champanhe.”

Eu havia dito ao imbecil para não nos interromper.

Mas, nesse momento, estou grato, porque com certeza eu


estava a aproximadamente cinco minutos de foder a “irmãzinha” do
meu melhor amigo dentro de um clube de strip, em um sofá de couro
vermelho, na frente de um poste de pole dance.
Santo inferno, tem como ser menos humano?

Qualquer outra garota... Eu não pensaria duas vezes.

Mas é Gabs.

Baixo a cabeça e resmungo: “Sim, hum, isso seria ótimo.” A


garçonete se vira, e eu bato na parte de trás do seu ombro e digo:
“Uma garrafa de Jack também cairia bem e talvez...” Eu com certeza
vou queimar no inferno. Sozinho. Fantástico. “Será que tem como
enviar mais algumas meninas? Acho que Gabi precisa ir para casa, e
eu a comprei pelo resto do seu turno então ela está livre para ir
embora.”

A menina sorri. “Eu estou livre.”

Oba.

“Legal.” Forço um sorriso. “Isso é ... legal.” Estou tão longe de


me sentir legal, que tenho vontade de vomitar.

Quando a garçonete sai, Gabs já está de pé, com os braços


cruzados, no rosto uma máscara de indiferença, como se eu não
tivesse acabo de insultar tudo o que aconteceu entre nós.

“Então...” Gabs assente. “Eu posso ir embora?”

“Sim, você fez o seu... trabalho.” Eu não sei por que digo isso.
Talvez porque pareceu como se ela estivesse me dispensando, quando
na verdade é exatamente o oposto, quando eu estou nos salvando de
um erro épico.

“Hah!” Gabs solta uma risadinha e me analisa com um olhar


frio. “Mas você claramente... não terminou de fazer o seu.”

“Usando-me para sexo?” Inclino a cabeça, divertido. “Você sabe


que tudo o que você tem a fazer é pedir, Gabs... Mas talvez fosse
melhor esperar até que o dinheiro não tenha trocado de mãos. Não vá
querer começar uma carreira muito cedo. . .”

Suas bochechas ficam avermelhadas. “Eu te odeio.”

“O sentimento é mútuo, acredite em mim.” Eu zombo.


Ela empurra passando por mim apenas quando três meninas
entram pela porta. Com uma maldição estrangulada, ela passa entre
elas e me deixa sozinho com as meninas com quem eu nem sequer
me importo.

Volto para o sofá e sento.

Entorpecido.

As meninas começam a dançar em volta de mim.

Doses se bebidas são servidas.

E eu não dou a mínima para isso. Mas eu faço o que eu sempre


fiz, tento voltar para o cara que eu sempre sou com as meninas. Eu
flerto, toco, até beijo.

E, o tempo todo, sinto-me prestes a vomitar.

Porque a única garota que eu quero havia acabado de sair.


Capítulo quatorze
Gabi

Eu estou zangada demais para chorar. O que estava pensando?


Vou até meu carro e empurro a chave na ignição. Ele não liga.

“Vamos lá, baby.” Eu cerro os dentes e tento novamente.


“Vamos.”

Finalmente, há um rugido para a vida.

Envio uma oração de agradecimento e com as mãos trêmulas


viro o volante em direção a saída do estacionamento. Lágrimas
brotam nos meus olhos, mas eu me recuso a chorar por alguém tão
estúpido. Caras como Lex, em geral, não merecem minhas lágrimas.

Por que eu sempre faço isso comigo?

Por quê?

Eu havia me embriagado com o poder que o pequeno e barato


palco havia me dado. Lex não tinha olhado para mim como o melhor
amigo de Ian ou meu inimigo mais odiado. Ele me olhou com uma
fome crua que eu nunca tinha visto antes. Ele tentou mascará-la, e
então, depois que a máscara foi removida, tudo o que vi foi... desejo.

Finalmente. Essa foi a única palavra que consegui pensar


enquanto seus olhos semicerrados, os punhos cerrados, e seu corpo
tão claramente respondiam.

Eu não estava pensando em caminhar em direção a ele, mas fui


até a metade, e ele me puxou pelo resto do caminho. Sua boca foi...
As palavras não podem descrever a forma como Lex me beijou, como
se estivesse puxando de mim cada milímetro de prazer que podia.
Tentar não responder a ele foi impossível. Mesmo suas mãos em meus
quadris... Estremeço e empurro a lembrança para a caixa do Nunca
Mais. Droga, essa caixa está ficando lotada.

“Você está bêbado?” Perguntei. As provas finais tinham acabado.


Ian e Lex deram uma festa em sua casa. Fui convidada porque sou
convidada a todos os lugares que Ian vai. Desde o primeiro ano Lex me
dava um amplo espaço, se amplo significava ele me tratando como lixo
e eu devolvendo o favor.

“Não.” Os olhos de Lex parecem nítidos. “Ainda não.”

“Tem grandes planos para ficar bêbado e engravidar uma


menina legal, apenas para fazê-la abandonar a faculdade?”

Lex revirou os olhos. “Hoje não, Gabs.”

“Uau.” Eu impedi sua saída da varanda. “Você está... bem?”

Ele lambeu os lábios e olhou para seus sapatos. Lex nunca


olhava para seus sapatos. Ele era um cara do tipo olho no olho. Era
raro vê-lo olhar para longe das pessoas. Na verdade, uma das poucas
coisas que eu respeitava nele era a maneira como ele tratava os outros
– não a mim, mas aos outros. Todo mundo era importante, a opinião de
todos importava. Eu claramente não contava, mas por alguma razão,
estava bem com isso.

“Não” Lex deixou escapar um suspiro. “Eu, hum...” Ele coçou a


cabeça. “Não.”

“Há alguma coisa que eu possa fazer?” Toquei seu braço. Eu não
deveria ter tocado. Este foi meu primeiro erro.

Seus olhos imediatamente se prenderam no meu braço.

Meus dedos formigaram como se ele tivesse algum tipo de poder


mental, ou feixes de laser que saíssem de suas pupilas, cravando meus
dedos no seu antebraço volumoso.

“E se eu lhe pedir um abraço?” Disse ele lentamente, em


seguida, olhou para cima. Seus olhos estavam claros, tão
esperançosos. “Será que você riria de mim?”
“Provavelmente.” Eu sorri. “Mas só depois do abraço ter ocorrido.
Eu ainda permitiria seu orgulho e tudo isso.”

Lex soltou uma gargalhada, em seguida, levantou um dedo. “Um


abraço... e então você pode esfregar isso na minha cara.”

“Combinado.” Eu estendi a minha mão.

Ele apertou-a, em seguida, sem liberá-la, me puxou contra seu


corpo. Nossos peitos colidiram, e minha cabeça quase bateu em seu
queixo em submissão.

E então seus grandes e musculosos braços me envolveram.

Com um suspiro, devolvi o movimento.

Passamos alguns minutos nos abraçando, e os abraços de


alguma forma se transformaram em dança, e uma música se
transformou em duas, e depois três, embora a música que vinha da
casa fosse quase inaudível.

“Obrigado,” Lex sussurrou sobre a minha cabeça. “Pelo abraço e


pelas danças.”

Engoli em seco e olhei para cima; nossos rostos estavam a


centímetros de distância. “Foi legal.”

“O quê?” Ele franziu a testa. “Sem sarcasmo? Será que o meu


abraço drenou todos os seus superpoderes?”

“Sim.” Eu balancei a cabeça seriamente. “Aparentemente, você é


minha kryptonita.”

“Super Homem não.”

“Não, acho que não.” Eu levantei um ombro e o deixei cair com


um suspiro. “Qual é a kryptonita de Lex Luthor?”

“O Super Homem.”

Eu ri.

“Ou talvez a Supergirl”, ele sussurrou. “Sim, a Supergirl...”

“E como é que ela conseguiu seus superpoderes?”


“Sunshine”, ele sussurrou. “Assim como o Super Homem,
somente... mais bonita.” Sua cabeça se abaixou enquanto meu queixo
se ergueu em sua direção.

“Eu gosto disso.”

“Eu também.”

“Você vai me dizer o que há de errado?” Eu disse quase contra a


sua boca. Estávamos tão perto de beijar que eu não conseguia parar de
tremer.

“Eu esqueci.”

“Você é um mentiroso.”

“Não.” Ele segurou meu rosto. “Por quinze minutos... Eu esqueci.


Obrigado.”

Ele me beijou.

Foi um beijo rápido nos lábios.

E depois outro.

E outro.

Até nossas bocas se fundirem juntas, nossos braços


freneticamente agarrando um ao outro. Ele não tinha gosto de cerveja,
ele tinha gosto... de canela, quase como se ele tivesse bebido chá em
sua própria festa ou algo assim.

Sua língua encontrou a minha em um sussurro de um beijo.


Deixei escapar um gemido.

E então as portas que davam para fora se abriram.

“Que diabos!” Ian gritou.

Lex empurrou-me para longe com tanta força que bati contra uma
cadeira, e minha bunda ficou quase paralisada de ter batido tão
duramente.

“Bêbado”, Lex deixou escapar, e depois o idiota piscou para mim


com um sorriso estúpido. “Pensei que ela fosse Ashley.”
Meus olhos se estreitaram. “Lex...”

“Ashley tem cabelos castanhos.” Ian pareceu aceitar a sua


desculpa.

“Vocês são dois imbecis e idiotas!” Eu gritei.

“Aw, Gabs.” Lex tentou chegar a mim. “Não fique louca, você é
gostosa também.”

Ian pigarreou.

“Do tipo gostosa, sem peito.”

Lágrimas queimaram meus olhos e minha boca não funcionou.


Assim como meu cérebro não consegui pensar em uma resposta
desagradável, algo que o machucasse assim como ele me machucou.

Então eu saí ao som da risada de Lex, e jurei que nunca iria


deixá-lo entrar novamente.

Toco meu rosto enquanto lágrimas escorrem em rápida


sucessão. Aff, eu sou um fracasso total e absoluto. Preciso encontrar
um cara, alguém que realmente saiba como tratar uma menina.

E parar com qualquer fantasia que possa ter com Lex.

Ele não é para mim. Ele nunca seria para mim.

Preciso superar.

Droga.

Meu telefone toca.

“Sim?” Eu atendo conforme limpo o rosto com as costas da


minha mão.

“Mija!” A voz do meu pai é exatamente o que eu preciso ouvir.


“Como está seu trabalho novo?”

Lembranças da minha dança em torno de um poste, seguida


por minhas investidas contra o corpo de Lex, batem em mim com
força total quando uma picada de vergonha se arrasta até meus
braços e se estabelece no centro do meu peito. “É bom, pai.” Minha
voz falha. “Muito bom!”

“Gabrielle?” Ele baixa a voz. “Você está bem? Você esteve


chorando?”

“Não, não!” Eu forço uma risada, e soa horrível, como o


cruzamento entre um soluço e a insanidade. “Apenas cansaço, sabe?”

“Ok, bem, cuide-se, e sua mãe e eu agradecemos.” Ele suspira.


“Mija, você não deveria estar nos dando mais dinheiro.” Sua voz é
uma combinação de alívio e stress. Eu escolho me concentrar no
alívio. Eu sou jovem e vou me recuperar do cansaço. Ele não.

“Bem, precisamos manter a casa, então...” dou de ombros,


embora ele não possa me ver. “Além disso, estou sendo muito bem
paga.”

“Tem certeza de que está bem?”

“Sim.” Meu estômago escolhe esse momento para resmungar. É


tão alto que eu tenho medo que ele ouça. “Eu estou fantástica. Tenho
que ir!”

“Ok! Amo você e obrigado, mija. Sua mãe e eu estamos muito


orgulhosos!”

Soluços incontroláveis escapam de mim quando o telefone fica


mudo.

O que eu estou fazendo com a minha vida?

Fungo, derramando mais lágrimas e enxugo os olhos com as


costas das minhas mãos.

É apenas um dia ruim. Todos tem um; este foi o meu.

Pelo menos eu tenho chocolate em casa e uma garrafa de vinho,


graças ao Homem Aranha.

Entro na garagem e rapidamente vou para a casa.

Serena pula da banqueta. “Oh! Bom, você estar em casa!”


Por que ela está tão feliz sobre isso? Ela raramente fica ali!

“Sim.” Eu deixo minha bolsa em cima do balcão e saio em


busca da minha cesta , cortesia do Homem Aranha.

“Então...” Serena me segue até a cozinha. Eu localizo a cesta e


a abro, apenas para descobrir que todo o chocolate se foi. “Eu estou
saindo.”

“Você comeu todo o meu chocolate?”

“Oops.” Ela dá um encolher de ombros culpado. “Você o estava


guardando?”

“SIM!” eu berro.

“Caramba. Talvez seja bom que estejamos nos separando.”

“Espere, o quê?” O que eu perdi?

“Eu. Estou me mudando.” Ela aponta para o seu peito. “Então,


sim, vou pagar o aluguel do mês, mas você vai ter que encontrar
outra companheira de quarto.”
Capítulo quinze
Lex

“Que bicho te mordeu?” Ian pergunta quando nós estacionamos


em frente da casa de Gabi para o jantar. Tinha passado uma semana.

Uma semana de puro inferno.

Uma semana, durante a qual eu a persegui como a pessoa


insana e assustadora que oficialmente me tornei.

A única vez que ela e eu conversamos foi quando lhe enviei


mais informações sobre Steve ou quando precisei checar seu
progresso. Ian nunca preencheu relatórios de progresso, mas como
Gabs é novata e precisávamos saber como o programa estava indo
com homens, ela precisava preencher uma folha cada vez que saia
com Steve.

Até agora, eles tinham ido a dois encontros.

Ambos haviam sido bons.

Isso é tudo o que eu tenho.

Porque Gabs se recusou a colocar outra coisa senão “Foi tudo


bem.”

Pergunta 1: Como foi o jantar?

Bem.

Pergunta 2: Será que o cliente mostra quaisquer sinais de


nervosismo? Se sim, explicar como você ajudou.

O cliente estava bem.


Rosno quando saio do carro e bato a porta.

“Sério?” Ian olha para mim. “Que diabos é o seu problema?


Você não pode tratar este tipo de carro dessa maneira!”

Dou de ombros.

Os olhos de Ian se estreitam. “Você também parece uma merda,


apenas dizendo.”

“Obrigado, mãe, mais alguma coisa?” Enfio as mãos nos bolsos.

Ian sempre conseguia enxergar através da minha mentira,


então de repente estou grato por ele estar muito apaixonado para
prestar atenção a mim ou aos meus problemas. Ele saberia
imediatamente o que estava me atormentando e então eu acabaria me
desculpando enquanto ele tentaria serrar minhas bolas com um garfo
enferrujado.

A porta do apartamento das meninas se abre em uma


enxurrada. Gabs está usando malditos shorts de corrida da Nike mais
curtos que eu já vi. Que inferno! Eles vendem isso em lojas? O que ela
fez, comprou na seção infantil e pediu um extra pequeno? O desenho
de seu traseiro está causando estragos na minha, já alarmante,
atração por ela. Forço meus olhos para longe por talvez três segundos
antes dela se virar e se mover mais para dentro da casa, sua regata
mostrando pele lisa ao lado de seu quadril e um pouco do brilho do
seu piercing no umbigo. Com a boca seca, olho, desvio os olhos, olho
novamente. Que diabos ela está fazendo atendendo a porta com
pedaços de roupas? Há pessoas assustadoras no mundo! Do tipo que
poderiam se aproveitar de toda essa... pele. Engasgo com minha
próxima respiração quando o perfume estonteante de morangos me
dá um tapa no rosto.

Eu já estou excitado.

As coisas estão prestes a ficar mais quentes.

Ela dá um abraço em Ian.

Eu recebo um olhar fugaz, e então ela vira de costas para mim.


É uma grande sensação – como ser baleado. Não que eu já
tivesse sido alvejado, mas a dor é física, real.

Eu nunca me importei que ela me tratasse como merda, porque


tínhamos um entendimento, um tipo de jogo, em que ambos nos
odiávamos, mas no final do dia, se ela estivesse com um pneu furado,
eu o consertaria.

Se eu precisasse de um abraço, ela de má vontade o daria, e


depois pisaria no meu pé.

Exceto por aquela vez.

Meu estômago se aperta com a lembrança.

“Sério.” Ian balança a cabeça. “Você está drogado?”

“Drogas?” Eu repito. “Eu pareço o tipo de cara que quer gastar


milhares de dólares em algo que só me dará barato por algumas
horas de cada vez?”

“Então, você já pensou sobre isso?”

“Sim, Ian, a vida é tão horrível que me sentei na mesa com


minha calculadora e simplesmente levantei quanto dinheiro eu
estaria perdendo se mergulhasse no vício.”

“Você fez isso?”

“Pare, apenas...” Eu passo por ele e caminho até a cozinha.


Gabs está encostada no balcão, e suas pernas pequenas parecem
adoráveis nos shorts. Tento desviar o olhar.

Mas desde que ela não saiba que eu estou olhando...

“Lex.” Gabs não se vira. “Continue a olhar deste jeito e eu irei


apertar uma das suas bolas até que estoure.”

“Oooo.” Esfrego minhas mãos juntas. “Promete?”

Ela não responde.

Ian entra com os dois sacos de mantimentos que normalmente


trazemos quando fazemos um jantar em família. Blake não poderia
comparecer por causa do treino, por isso seríamos apenas nós e
Serena.

Falando dela. “Onde está Serena?”

Gabs se vira e olha. “Ela se mudou.”

“Para?” Eu cruzo os braços.

“E ela comeu meu chocolate.”

“Então você a mandou embora?” Eu rio.

Gabs não diz nada.

Ian levanta as mãos. “Vá com cuidado, meu amigo. Aquele


olhar seria capaz de matar um homem um pouco menor.”

“Ainda bem que não sou um homem pequeno, hein, Gabs?”

Eu estou provocando, pressionando muito forte, mas preciso da


disputa verbal, preciso saber que ainda evoco algum tipo de emoção
nela, mesmo que sejam as negativas.

Ela revira os olhos e começa a desembalar os mantimentos. É


noite de espaguete. Quase todos os jantares em família são, porque
este é o nosso favorito. “O namorado dela está em uma banda”,
explica Gabs, colocando a caixa de macarrão na bancada. “Eles vão
ficar famosos algum dia – palavras dela, não minhas – e ela quer
viajar junto, em sua van super-legal, para garantir que nenhuma
groupie tente roubar a virtude dele.”

“Espere aí!” Ian explode em gargalhadas. “Você está falando


sobre o cara emo, magro, que tem o cabelo verde? Aquele cara?”

“Sua voz é...” Gabs coloca uma mão no coração quando sua voz
assume o tom alto de Serena. “Ele me entende? Sabe? Ele entende a
vida!”

“Ele tem uma canção sobre fixadores de cabelo,” Ian aponta.

“E isso é perigoso para a camada de ozônio.” Gabs pega o pão


italiano e começa a fatiá-lo. “Oh! sim, eu estou ciente.”
Ela está me deixando nervoso com a faca, então eu a tiro
rapidamente de sua mão e a empurro para fora do caminho.

“Uau, você está realmente me ajudando em vez de beber todo o


vinho?” As sobrancelhas de Gabi arqueiam conforme um sorriso
incrédulo penetra em suas feições.

“Eu não quero sangue no pão.” Eu arrasto a faca através do


pão. “Eu faço isso por todos nós. Minhas intenções são puramente
egoístas. Estou morrendo de fome, e você estava cortando o pão como
se estivesse imaginando que ele era... eu.”

“Bingo.” Gabs pisca.

Pelo menos ela piscou.

Dou de ombros e volto ao corte enquanto os olhos de Ian


estreitam em mim e, em seguida, em Gabs.

Merda.

“O que tem para sobremesa?” Eu solto. É trabalho de Gabs


arranjar uma sobremesa se nós trouxéssemos os ingredientes do
jantar. Ainda estou mandando cestas, e havia adicionado
especificamente duas caixas de mistura de brownie hoje. “Brownies?”

A boca de Gabs se abre e então se fecha. “Eu, uh, na verdade,


esqueci?”

“Tudo bem”, diz Ian, deixando pra lá.

Eu deixei uma cesta naquela manhã. Como diabos ela


conseguiu comer duas caixas de brownies?

“Nada? Sério?” Eu paro de cortar pão e vou até a despensa dela,


mas seu corpo minúsculo me bloqueia.

“O que você está fazendo?” Ela cruza os braços.

“Hum, o que parece que estou fazendo?”

“Gente!” Ian ergue as mãos. “Nós não precisamos de sobremesa,


não é necessário começar a Terceira Guerra Mundial.”
“Você o ouviu”, diz Gabs.

“Mova-se.” Eu a encaro.

“Não!”

Com um grunhido, levanto-a e jogo sobre meu ombro, em


seguida, abro a porta enquanto seus pequenos punhos batem nas
minhas costas.

Vazio.

Não há nada em sua despensa, exceto uma caixa de macarrão


com queijo.

Uma vez que a porta está aberta, ela para de lutar, caindo
contra mim em sinal de rendição.

A cozinha fica em silêncio.

Que diabos? Chateado, eu a coloco de pé e cuidadosamente


olho para cada prateleira vazia. A caixa patética de macarrão e queijo
nem sequer parece nova, como as caixas que eu tinha comprado para
ela.

“Uh, Serena também levou toda a sua comida?” Ian brinca


embora eu pudesse ver que ele está preocupado, do jeito como ele
paira perto Gabs. Eu ainda estou zangado demais para dizer qualquer
coisa.

Se ela está morrendo de fome, ela deveria comer o que vem nas
minhas cestas! Ela é tão orgulhosa assim? Ela não consumiria
comida de graça só porque não queria aceitar esmolas?

Com uma careta, eu bato a porta da despensa.

Gabs salta, em seguida, olha.

“Você quer saber, eu não estou com fome”, rebato, meus olhos
encontrando os dela, à espera de sua admissão, nada. Mas ela fica em
silêncio, cruzando os braços novamente e olhando de volta em
desafio. “Eu vou embora.”

“Eu trouxe você”, diz Ian.


“Eu vou a pé.” Eu preciso sair antes que grite com ela ou a faça
chorar. Nada faz sentido. Eu não consigo entender por que ela não
aceita a comida.

Uma vez que estou no meio da calçada, paro.

Eu trazia uma cesta nova a cada vez.

Ou seja, se ela está descartando a comida, as cestasq também


estariam no lixo e hoje é terça-feira. O lixeiro passa terças à noite.

As cestas de hoje e de ontem estariam no lixo.

Corro para a parte de trás de sua casa, localizo sua grande lata
de lixo verde, e encontro meu guaxinim interior.

Eu começo a revirar os sacos de lixo pretos.

Nada.

Ouço o som de uma garganta sendo limpa.

Eu deveria estar realmente concentrado em minha escavação,


porque eu não ouvi ninguém se aproximar. Como eu não ouvi a porta
traseira esganiçada abrindo?

“Hum...” Ian coça a cabeça. “Tenho certeza que você tem uma
grande explicação, certo?”

Gabs está bem atrás dele.

Eu fecho a tampa do lixeiro com uma batida enquanto o


constrangimento toma conta de mim, fazendo meu rosto ficar quente
com a consciência de que eu acabei de ser pego revirando a lata de
lixo da minha inimiga – como uma pessoa sem-teto.

“Sim.” Eu concordo. “Eu tenho uma boa razão.”

As sobrancelhas de Ian se levantam.

Gabs cruza os braços.

“Mas...” dou dois passos para trás. “Primeiro, eu tenho uma


pergunta para esta mentirosa.”
“Mentirosa?” Repete Ian.

“Gabs.” Eu solto seu nome. “Você recebe cestas todos os dias.


Cestas cheias de comida. Onde diabos vai parar tudo?”

Sua boca se abre. “Eu, uh, como você sabe sobre isso?”

“Por Serena.” Ela não está aqui para negar, e eu duvido que
Gabi vá verificar isso com ela de fato.

“Não sabia que vocês ainda... estavam se aconchegando” ela


acusa.

“O suficiente.” Eu luto para manter o sorriso no meu rosto. Ela


não está com ciúmes, está? “Agora, sobre as cestas...”

Gabs balança a cabeça, em seguida, olha para as costas de Ian.


Seus olhos encontram os meus novamente, implorando.

Algo aperta em meu peito.

“Na realidade...” eu limpo minha garganta. “Serena disse algo


sobre uma remessa de alimentos enlatados... para os sem-teto.”

Ian finalmente se vira e olha para Gabs. “Isso é legal! Eu não


sabia que você estava fazendo trabalho de caridade também. Você
deveria ter me contado. Eu teria ajudado.”

Ela se mexe em seus pés antes de colocar o cabelo atrás das


orelhas e oferecer uma risada nervosa. Como ele não é capaz de
enxergar através da mentira, eu não tenho ideia. “Sim, bem, eu sei
que você está ocupado...”

“Mudei de ideia.” Eu volto até os degraus. “Estou morrendo de


fome.”

“Ótimo!” Ian esfrega as mãos e volta para a cozinha, enquanto


eu agarro a mão de Gabs e a puxo para trás, sussurrando em seu
ouvido, “Eu espero que você tenha uma boa razão para essa mentira
que acabei de contar.”

“Eu não pedi para você mentir”, ela assobia.


“Sim.” Meus lábios roçam sua orelha, e seu corpo relaxa contra
o meu. “Você meio que pediu.”

Sua cabeça pende.

“Gabs!” Ian grita bem alto. “Lex!” Ele aparece no canto, assim
que eu solto meu aperto no braço de Gabi. “Acabou de chegar uma
mensagem de Blake. Ela torceu o tornozelo e precisa de ajuda para
pegar todas as coisas no treino. Ela está bem, mas vou sair com ela.”
Ele olha para trás e para frente entre nós dois. “Prometam-me que se
eu sair, vocês dois ainda vão estar vivos amanhã.”

“Hah.” Eu levanto minhas mãos inocentemente. “Nós?


Brigarmos? Não...”

Ian revira os olhos enquanto Gabs deixa escapar um pequeno


grunhido.

“Pelo menos termine de cortar o pão, então eu saberei que as


armas estarão guardadas. Eu não quero ter que contar à polícia que
deixei vocês dois sozinhos com objetos afiados ao alcance.” Ian
caminha de volta para a cozinha.

Gabs está logo atrás dele e o empurra nas costas de


brincadeira. “Basta ir! Sua namorada precisa de você, e eu prometo
não cortar as bolas de Lex.”

Ian exala em alívio.

“Ele estaria esperando por isso, e eu gosto da abordagem


furtiva. Esperaria pelo menos até que ele estivesse dormindo.”

“Você gostaria.” Eu a empurro para fora do caminho e pego a


garrafa de vinho que tínhamos trazido. É hora de beber.
Especialmente se ficaria sozinho com ela. Mas, primeiro, vou até a pia
para lavar as mãos. “Acredite em mim, a única maneira que de eu
convidar você para a minha cama é se puder sufocá-la com o
travesseiro.”

“Eu vou ficar.” Ian pega uma cadeira.


“Não!” Gabs e eu dizemos em uníssono quando jogo minhas
mãos molhadas no ar, fazendo com que as gotas de água pousem em
seu rosto.

Ian pisca, então balança a cabeça em consternação.

Falo de novo. “Ian, vá. Juro que vamos ficar bem.”

“Se você tem certeza.” Ele se levanta novamente, enxugando o


rosto com as costas da mão.

“Sim, tranquilo” Gabs assente, muito enfaticamente; não


estamos sendo muito convincentes. Então, novamente, eu não
acreditaria em nós também; visitas hospitalares legítimas já
chegaram a acontecer devido a estarmos juntos na mesma sala.

O telefone de Ian dispara. “É Blake.” Seus ombros caem.


“Apenas”– ele ergue as mãos quando uma expressão de súplica
atravessa seu rosto – “não se matem.”

Em poucos minutos ele se vai.

Quando me viro, Gabs está com uma faca na mão e um sorriso


diabólico no rosto.

“Oh! inferno,” murmuro. “Precisamos de mais álcool.”


Capítulo dezesseis
Gabi

Nós estávamos, na verdade, coexistindo no mesmo espaço,


respirando o mesmo ar, e não matando um ao outro. Nós também não
estávamos falando, talvez esse fosse o motivo. Foi horrível perceber
que a única vez que não houve luta entre nós foi quando estávamos...
nos beijando.

Deixo escapar um gemido.

“Cólicas?” Lex solta. “Porque se você quiser desistir desta coisa


toda de jantar de família, posso deixar que você e seus absorventes
tenham um tempo particular.”

Os olhos de Lex estão escuros, poços sem alma do inferno. Pelo


menos é o que eu digo a mim mesma sempre que o acho atraente, que
recentemente é toda vez que estamos juntos.

Por que é tão difícil me concentrar nas coisas horríveis que ele
faz? É como se cada vez que ele fosse bom, conseguisse apagar todo o
mal com sua boa ação. Que coisa idiota para se fazer!

É de propósito?

“Gabs?” Lex se inclina para frente. “Você está pálida, e está


olhando para os meus olhos como se quisesse arrancá-los com um
garfo.”

Eu levanto o garfo no ar. “A ideia tem seu mérito.”

“Eu sou muito rápido para as suas pernas curtas. Você


acabaria furando minha bunda.”
“Verdade.” Eu termino de pôr a mesa. “Mas ainda doeria,
portanto, minha vida estaria completa.”

“Infligir dor não deve ser um objetivo de vida, Gabs.”

“Nem ser um idiota, mas aqui estamos nós.” Eu sorrio


docemente.

Lex pragueja e toma seu segundo copo de vinho. Eu ainda


estou na primeira taça. A última coisa que preciso é ficar com a
língua mais solta em sua presença; nós realmente acabaríamos
entrando em uma briga então e, provavelmente, colocaríamos fogo na
casa e eu ficaria sem teto.

Ele bate as pontas dos dedos contra o copo, seus lábios cheios
pressionados em um pequeno sorriso. Tudo sobre ele estar sentado à
mesa comigo faz com que eu me sinta bem, quando deveria parecer
muito errado.

Eu preciso de uma luta.

Algo para me lembrar de que ele é um ser humano horrível.

Que na hora em que eu o deixasse entrar, ele acabaria me


mordendo.

E não seria uma mordida boa, mas do tipo que espalharia uma
infecção que alteraria minha vida, fazendo com que nunca mais eu
fosse a mesma pessoa. Eu já quase dei minha virgindade para um
idiota, não há necessidade de repetir a história e realmente seguir em
frente dessa vez. Eu tenho medo que isso possa realmente me ferir –
que ele possa me quebrar.

Levanto, caminho até o fogão e baixo o fogo do molho. A massa


já está sobre a mesa, pronta para consumo.

“Precisa de ajuda?” Pergunta Lex, o calor do seu corpo me


chamuscando por trás! Uma mão serpenteia em volta do meu corpo
conforme seu dedo mergulha no molho quente e depois se afasta.

Imagino meus lábios em torno daquele dedo e quase sou um


gemido em voz alta.
“Pelo menos você sabe cozinhar, Gabs.”

“O que quer dizer, exatamente?” Eu não me viro. Não tenho


certeza se posso confiar em mim mesma para não jogar meu corpo na
sua direção, pedindo-lhe para me beijar.

Minhas pernas tremem.

Aff! Eu o odeio.

“Eu não posso fazer um elogio?”

“Não”, rosno sem pensar, mexendo o molho com a colher de


pau. “Porque eles são sempre insultos. Como 'você não parece tão
gorda neste vestido quanto da última vez que o usou,' ou 'bonito
batom, espero que tenha sido grátis'...”

A mão de Lex segura meu rosto, e sua colônia penetra em todos


os lugares como uma nuvem de sexo da qual é impossível sair. Eu
estou com medo de respirar, com medo de me mexer.

“Que tal isso?” Seu corpo escova contra o meu, nossas pernas
se tocando, roçando, quase entrelaçadas enquanto continuamos na
frente do fogão. “Eu realmente gosto de sua comida. Fim.” Ele tira a
mão.

“Fim?” Eu sussurro. “Será que vai ser sua novidade? Eu vou


saber que é de verdade, se você disser 'fim'?”

“Você saberá que é verdade porque é verdade”, ele diz, ainda


não se movendo.

Uma porta bate e a voz de Ian soa. “Esqueci meu casaco e está
chovendo...”

Eu não ouço o resto da frase; estou muito ocupada sentindo


falta do corpo de Lex quando ele se afasta de mim, deixando-me fria,
tremendo, e completamente excitada.

Sim, amigos, ele me excita só com sua respiração.

Porcaria.
Alguém precisa me bater na cara, colocar algum bom senso em
mim. Imploro ao destino para que ele simplesmente volte a ser aquele
idiota em tempo integral para que eu possa viver uma vida normal
sem perder minha cabeça na sua presença.

Eu me viro, assim que Ian corre para a cozinha, pega o casaco,


e, em seguida, corre de volta para fora.

A tensão é espessa.

Como o molho que eu tinha acabado de cozinhar. “Merda!”


Volto-me para o fogão e rapidamente tiro a panela.

“Correção.” Lex caminha e pega a panela de minhas mãos.


“Você era uma boa cozinheira.”

“Fim?” Eu amasso meu nariz quando olho para o molho meio


queimado.

“Sim.” Ele dá um aceno firme com a cabeça e coloca a panela


na pia da cozinha. “Fim.”

Meu estômago ronca. Ele poderia jogar o molho queimado no


lixo, mas se não o fizer, aquele molho e eu teremos um encontro mais
tarde. Eu não me importo se vai ter pedaços carbonizados nele, eu o
devoraria até a última gota.

“Vou pedir pizza.” Lex puxa seu celular. “Não é jantar em


família a menos que seja italiano.”

Eu abro minha boca para protestar, mas ele já está falando em


seu telefone. “Sim, nós queremos duas pizzas havaianas
extragrandes, abacaxi extra nas duas e queijo em cima?”

Eu o amaldiçoo por saber cada fraqueza que tenho, começando


com abacaxi e terminando com queijo.

“Dinheiro”, ele diz ao telefone, em seguida, informa meu


endereço.

“Vai alimentar um exército?” Eu brinco.


“Não, só você, Sunshine.” Ele sorri. “E eu acho que quanto mais
gorda eu a mantiver, mais lenta você estará quando eu estiver
perseguindo você.”

“Esperto.” Eu concordo. “Ore pelo fraco, é o que eu sempre


digo.”

“Gabs,” Lex diz com uma risada. “Pensei que você soubesse...
Eu só treino com os fortes.”

Com isso, ele entra na sala e pega o controle remoto, ligando a


TV e colocando seus pés gigantes sobre a mesa.

“Sunshine!” Lex estala os dedos atrás dele, mas nem sequer se


vira. “Pode me servir mais vinho?” Ele estende a mão.

Reviro os olhos e agarro a taça de vinho, contemplando apenas


brevemente – por talvez três segundos – a possibilidade de despejar
todo o conteúdo em sua estúpida cabeça grande.

Sua estúpida, raspada, cabeça sexy.

Nããoooo!

“Ouvi seu pé batendo!” Lex chama.

“Vinho.” Empurro a taça na sua mão sem derramar e, em


seguida, vou me sentar com ele no sofá, fazendo uma recontagem
mental de todas as coisas horríveis que ele fez para mim.
Capítulo dezessete
Lex

Normalmente eu comia, pelo menos, seis pedaços de pizza;


alguns dias, comia nove. Mas naquela noite? Eu comi dois.

Estou me transformando em uma garota e há ovários crescendo


dentro de mim. Inferno, em poucas semanas, eu provavelmente
começaria a sofrer de obsessão por vídeos do Whine About It no
Buzzfeed e choraria com os romances de Nicholas Sparks.

Porque como um cara, você não deve renunciar a qualquer tipo


de comida, especialmente se for pizza.

No entanto, lá estou eu.

Ainda com fome.

Mentindo sobre estar sem fome.

E orando para que a pequena mentirosa guarde as sobras para


seu café da manhã, almoço e jantar.

“Obrigada.” Gabs acaricia sua barriga lisa. “Acho que nunca


comi tão rápido antes.” Dois pedaços. Ela comeu dois. O que ela
precisa são uns sete, oito, ou caramba, talvez a pizza toda.

Engulo minha pergunta, sabendo que ela não vai respondê-la


de qualquer maneira. Em vez disso, eu me levanto e finjo ir em
direção ao banheiro. Quando ela está fora de vista, viro a direita no
armário do corredor.

Eu o abro.

Nada.
Nem mesmo um casaco do avesso.

Será que eu tenho que começar a comprar roupas de inverno


para ela também?

“Droga,” murmuro, fechando a porta suavemente antes de ir


para o andar de cima, com cuidado, evitando o terceiro e sexto
degraus rangentes da escada.

Se eu não me apressar ela vai pensar que eu estou fazendo


número dois em seu banheiro, e isso é a última coisa que quero que
ela pense – o que é a primeira vez, considerando que eu vivo para
irritá-la.

Rapidamente caminho para o quarto de Serena. Há apenas


algumas caixas, nada de cestas, e seu closet está vazio.

O corredor no andar de cima está do mesmo jeito.

E o antigo quarto de Blake não tem nada além de pó nele.

Quando eu finalmente chego ao quarto de Gabi, eu já estou fora


há cerca de seis minutos; as coisas não parecem tão bem.

Abro a porta e avidamente procuro ao redor, meus olhos


concentrados ao localizarem as sete cestas empilhadas em um canto.

E os bilhetes das cestas ao lado delas.

Ela guarda os bilhetes?

“Que diabos você está fazendo?” Gabs grita atrás de mim.

“Uh.” Viro-me, oferecendo um sorriso de desculpas. “Espiando


sua gaveta de roupas íntimas?”

“Isso é doentio, mesmo para você, Lex.” Ela caminha na minha


direção e puxa meu braço em direção à porta. “Saia!”

“O que significa isso, mesmo para mim?”

“Você é um puto completo!” Ela revira os olhos. “Sério? Estou


surpresa que você ainda não tenha morrido de uma doença
sexualmente transmissível.”
“Injusto.” Eu seguro meu terreno, plantando meus pés contra o
chão de madeira. “Eu nem sequer dormi com alguém nas últimas
duas semanas!”

Ela engasga. “Oh, sinto muito, isso deve ser um recorde


pessoal? Anotou isso, não é? Bom trabalho, Lex, você conseguiu
manter seu pau dentro das calças durante catorze dias. Seu sacrifício
foi notado. Ei, talvez a Igreja Católica acabe te santificando!”

Meus olhos se estreitam quando ela desconfortavelmente morde


o lábio e olha para as cestas no canto e então de volta para mim.

“Eu já vi aquilo, pare de se remexer.”

Ela olha através de mim. “O que você sabe?”

“O que eu não sei?”

“Lex.”

“Gabs.”

Outra batida de pé. “Você me deixa louca!”

“E estar com você é um piquenique?” Eu gaguejo. “Você discute


sobre tudo! Porque você não pode simplesmente deixar as coisas pra
lá?”

“Por que?”, ela grita, seu tom subindo enquanto cerra os


punhos. “E por que você está no meu quarto?”

“Onde está toda a comida?” Eu solto. “Eu vejo as cestas, mas


sua despensa está vazia, e eu sei com certeza que havia duas caixas
de mistura para brownie quando ela foi... deixada.”

“Você!” Ela espeta meu peito com o dedo. “É você? Você é o


Homem Aranha?”

“Nós já passamos por isso antes, Gabs. Eu sou o vilão, tente


manter seu foco.” Eu dou uma tossida na minha mão e desvio o
olhar, precisando de um tempo para inventar uma mentira. “Eu, hã,
estava correndo hoje de manhã, porque eu corro todos os dias, e eu vi
a cesta. Isso é tudo.”
Estamos peito a peito, e ela olha para mim por debaixo de suas
pestanas pretas espessas. “Agora, quem está mentindo?”

“Chamando meu blefe?” Um sorriso irrompe antes que eu possa


detê-lo. Ela é tão pequena, e ainda assim eu sinto um pouco de terror
sempre que ela fica brava, e sempre que a raiva é dirigida para mim –
o que acontece diariamente.

“Lex.” Ela recua, e meu corpo anseia estar pressionado contra o


dela novamente. “Somente... sem brigas, não... o que quer que seja
isso.” Ela olha para o chão. “É você quem está deixando a comida?”

Lambo meus lábios.

Uma de suas sobrancelhas se arqueia.

Droga. “Sim.”

Seu rosto se suaviza, e ela consegue parecer tão chateada e um


pouco envergonhada ao mesmo tempo.

“Oh, não, não!” Eu levanto minhas mãos. “Não me dê esse


olhar! Prefiro que você ameace me atropelar com seu carro, Gabs. Eu
não sou aquele cara, então não.” Fecho os olhos e me viro justo
quando ela coloca os pequenos bracinhos em volta da minha cintura
e me aperta.

“Você encontrou seu coração!” Seu tom de provocação está de


volta quando ela evita a questão gigante a nossa frente – para onde
diabos a comida está indo – e me ataca.

“Oh! Meu Deus, isso é o inferno, não é?” Eu me solto dos


braços dela e virando-me, agarro seus pulsos. “Gabs, não interprete
dessa forma. Isso não é uma oferta de paz ou qualquer outra porcaria
de amizade que você tem na sua cabecinha.” Solto seus pulsos. “Eu
só...” A última coisa que eu quero é ser seu amigo, para ela pensar
que está tudo bem entrar nesse território, enquanto ignora
completamente para onde eu quero dar um passo, ou mentir, ou
apenas... foder. “Ian disse algo sobre você estar sem dinheiro, você
pegou esse trabalho extra e me pareceu que poderia ajudar. Além
disso, Ian tem estado ocupado com Blake e ele não percebe mais as
merdas, o que significa que tudo isso amontoa na minha frente e me
estressa. Portanto, as cestas. Apenas fazendo o que ele não fez, isso é
tudo.”

Não, isso soou bem.

O rosto de Gabs fica triste. “Sim, ele tem estado muito ocupado
ultimamente.”

“Sim, vamos falar sobre Ian. Como você se sente sobre seu
recém-descoberto romance?”

“Estou feliz que você tenha perguntado. Honestamente, eu não


acho que...”

“Pare com isso!” Eu grito. “Isso foi um teste! Você falhou! Eu


não tenho peitos, esta não é uma festa do pijama, e se você gritar
‘guerra de travesseiros', com certeza é melhor que você estar nua!”
Dou um passo para trás, minhas pernas colidindo com sua cama.
“Isso não muda nada.”

“Isso não muda nada”, repete Gabs.

A sala fica em silêncio.

Se as cestas são nosso elefante branco...

A tensão sexual entre nós é um maldito dinossauro.

O toque irritante do telefone de Gabi dispara. Graças a Deus.

Ela pega o telefone e atende . “Sim? Ok, eu posso fazer isso.


Claro... Não, não, está tudo bem. Estarei lá em quinze minutos.”

“Quem era?”

“Oh, desculpe-me, você ficou com a impressão de que somos


amigos?” Gabs inclina a cabeça.

“Eu apenas quis esclarecer que não sou uma garota com quem
você pode fofocar, isso é tudo.”

“Exatamente.” Ela sorri. “Agora, eu preciso me trocar.”


“Eu sou realmente bom em conseguir que as mulheres tirem
suas roupas. Provavelmente seria mais rápido se você me deixasse
ajudar.”

“Ahh, o idiota está de volta.” Ela faz uma cara tristonha. “Senti
sua falta.”

Faço uma forma do coração com as mãos e as estendo para ela,


em seguida, viro e saio de seu quarto. Um travesseiro bate na minha
cabeça quando estou prestes a descer as escadas.

“Sério?” Eu resmungo.

“Não seja mão de vaca e pare de comprar os sacos pequenos de


Pirate’s Booty. Uma menina tem que comer, Lex. Só pra você saber...”

“Pare de reclamar,” digo com um sorriso que não desaparece


pelo resto da noite, nem mesmo quando acordo às duas da manhã e
faço uma rápida lista de compras.

Droga.

Ela havia entrado.

E não há maneira de eu ser capaz de tirá-la dali.

Coração estúpido.

Estúpido, estúpido, estúpido, Lex.

Minha oração naquela noite foi para que Ian, pelo menos deixe
eu explicar antes que de me dar um tiro no rosto.
Capítulo dezoito
Gabi

“Sua atenção aos detalhes precisa melhorar bastante.” Lex


fecha a pasta que contém todos os meus relatórios de progresso. “Que
tal uma troca?”

“Estou ouvindo.” Eu me inclino para frente, apoiando os


cotovelos sobre a mesa da cozinha.

Lex desliza uma uva para mim. “Você me dá relatórios de


progresso melhores sobre os clientes, com respostas de mais de uma
só palavra, ou seja, você separa os negócios e o pessoal, e eu te dou
comida.”

Fico olhando para a uva. “Hmm, você vai traçar um gráfico de


recompensas também? Com adesivos?”

Seu olhar vazio não é reconfortante. “Depende. Você tem seis


anos?”

Eu mastigo uma uva na boca. “Estou brincando, Lex. E de que


tipo de comida estamos falando aqui?”

“Cestas de comida.” Já são duas semanas de cestas. Duas


semanas gloriosas. Estou tão grata que poderia chorar, mas por
alguma razão ele parecia ficar irritado quando eu agradecia. Então, ao
invés disso, finjo que as mereço e ele continua enviando-as.

Os bilhetes estão ficando mais e mais hilariantes: ‘Do vilão que


vive debaixo de sua cama’.
Sexta-feira foi ‘Do anti-herói fodão que chutou a bunda do
Super Homem, que infelizmente não ficou gravado na história dos
quadrinhos’.

“Eu vou deixar você escolher o que quer receber em sua cesta,”
Lex resmunga enquanto eu danço na minha cadeira. “Mas!” Ele ergue
a mão. “Seja realista. Não vá pedir cachorrinhos e outras merdas.”

“Eu nunca pediria merda.” Levanto minha mão, como se


estivesse fazendo um juramento.

“Gabs...”

“Ou cachorrinhos.” Eu pulo na minha cadeira. “E para o Natal,


pode?”

“Sinto muito, mas você está sob a impressão de que vou


continuar dando cestas até o Natal? E você não vai me dizer onde
toda a comida está indo? Você não ganhou trinta gramas nas últimas
duas semanas. Portanto, você está dividindo sua comida.”

“Uma garota tem seus segredos.” Dou de ombros, de repente


desconfortável com toda a situação. A culpa me apunhala no peito.
Eu estou agradecida, claro, mas ele está gastando seu próprio
dinheiro, porque eu estou dando o meu.

É para a minha família, mas ainda assim.

“Então.” Lex abre seu laptop. “As coisas com Steve parecem
estar indo bem. Você já deixou Stella com ciúmes, basicamente, ao
persegui-lo. Bom trabalho.”

Pego outra uva. “Tudo em um dia de trabalho.”

“Quando é o seu objetivo final com ele? Este fim de semana?”

Ansiedade se espalha por todo meu corpo. “Bem, eu peguei um


turno duplo no clube neste fim de semana, então... Eu posso fazer
isso, talvez, no domingo?”

Um músculo pulsa na mandíbula de Lex. “Gabs, eu não estou


tentando ser um idiota, mas uma parte fundamental da Wingmen Inc.
é que nós prometemos fazer o trabalho rapidamente, então preciso de
você focada nisso e não pegando turnos dobrados no clube. Eu sei
que a grana está apertada, mas uma vez que você terminar seu
trabalho com Steve podemos falar sobre lhe dar mais clientes.”

Eu odeio que ele esteja certo. Vergonha faz ficar mais difícil eu
continuar respirando. Assim como o fato de que meu pai ainda não
havia conseguido encontrar um emprego e o trabalho da minha mãe
só dava o suficiente para cobrir o essencial. Na última visita ela
chorou quando eu deixei com eles o meu cheque.

Aparentemente, eles não haviam sido capazes de comprar


mantimentos e, pela primeira vez em sua vida, ela precisou solicitar
auxílio do governo, apenas para descobrir que eles ainda ganhavam
muito.

E essa é a parte nauseante sobre o nosso sistema. Eles não tem


nenhuma dívida além da hipoteca e um carro, mas vivem do outro
lado do lago Washington! Ali é ainda mais caro do que Seattle. Sua
prestação da casa é quase três mil por mês. Some a isso o pagamento
de carro, comida e tudo o mais, e as coisas estão apertadas, mesmo
sem eu estar morando com eles.

Ela contou que perdeu a qualificação para a ajuda por apenas


cem dólares.

“Hum, Gabs?” Lex joga um lápis para mim. “Você está


prestando atenção?”

“Sim, desculpe, apenas cansada.” Eu deixo escapar um bocejo.


Realmente estou exausta. Entre trabalhar para Lex, tentar encontrar
uma nova companheira de quarto, estar atrasada no último
pagamento do aluguel e pegar turnos dobrados, eu estou acabada.

Minhas aulas são ridiculamente difíceis, e eu reprovei no meu


último teste de Anatomia Humana.

As coisas não estão exatamente correndo bem. Eu até pensei


brevemente sobre parar a faculdade por um semestre apenas para
trabalhar em tempo integral, mas meus pais me matariam.
“Só acabe as coisas com Steve neste domingo e deixe-me saber
se você está pensando em pegar qualquer outro turno duplo no clube,
está bem?” Pergunta Lex, seu tom mais suave desta vez.

Eu preciso respeitar o seu senso para os negócios.

Só porque sou amiga de Ian e... funcionária dele, não significa


que tenho um tratamento especial. Ele diria a qualquer um de seus
funcionários a mesma coisa. Chegue na hora, comece o trabalho na
hora, e não perca tempo.

“Entendi.” Eu balanço a cabeça na hora que o meu telefone


toca novamente. Eu solto outro gemido. Eles iam me pedir para
trabalhar.

“Eu tenho que atender isso.” Eu deslizo o telefone do meu


bolso. “Sim?”

“Você está atrasada.”

“O quê?” Faço uma careta e olho para o relógio da casa. “Não,


eu não estou na escala de hoje.”

“Bell diz que você vai fazer o turno dela.”

Droga Bell! Essa é a segunda vez em uma semana.

“Você precisa estar aqui em quinze minutos ou eu vou ter que


dispensá-la.”

“O quê?” Eu grito ao telefone. “Mas eu nunca me atraso, eu...”

“Esteja aqui, Gabrielle.” O telefone fica mudo.

Lágrimas turvam minha visão. “Tenho que ir, Lex.” Eu pego


minhas coisas e corro para fora da casa.

Meu carro está me dando problemas. Rezo para que ele pegue.

Ele pega.

Felizmente tenho trabalhado tanto que o meu uniforme já está


no banco de trás. Estaciono na frente do clube dez minutos depois,
agarro meu uniforme, entro correndo pelas portas duplas. Minhas
desculpas caem em ouvidos surdos – elas caem, porque mesmo que
eu faça tudo certo...

Eu sou odiada.

Porque sou a única garçonete na história do clube que recusou


uma promoção para o palco.

As meninas me chamam de boazinha.

Os homens acham que sou puritana.

E meu chefe pensa que sou ingrata.

Eu realmente preciso encontrar outro emprego, mas nada paga


tão bem como este.

As duas horas seguintes são um inferno, e eu ainda tenho mais


duas para trabalhar.

“Seu vestido não está tão apertado quanto costumava ser.” A


voz familiar de Lex é como um bálsamo para a minha alma – palavras
que eu pensei nunca dizer em voz alta.

“Isso é provavelmente uma coisa boa.” Pego um guardanapo e o


coloco sobre a mesa. “O que vai ser?”

“Uma cerveja e uma água.”

“Alguma preferência?”

“Qualquer coisa que faça seu chefe idiota permitir que eu fique
aqui como um cliente pagante. Mantenha as bebidas vindo.”

Sua bondade me desconcerta. Por que ele está ali mesmo?

“Você está, hã, esperando por alguém?” Eu pergunto quando


volto com a sua bebida e água.

Lex começa a rir. “Estou sozinho... A menos que você esteja se


oferecendo para se juntar a mim?”

“Ha-ha.” Minha risada é estranha, desconfortável. “Eu só tenho


uma pausa, e ia tirá-la...”
“Agora.” Ele puxa uma cadeira e desliza a água para mim.

Lex não é necessariamente mandão; comandar é mais parecido


com isso. Então, quando ele diz coisas, ou eu argumento, tentando
não ficar caída por ele, ou eu escuto, porque ele geralmente está
certo.

E ele está.

Certo, nisso.

Meus pés estão doendo.

Estremeço quando acomodo minha bunda e tiro meus saltos.

Sem qualquer tipo de aviso, Lex agarra meus dois tornozelos,


puxa minha cadeira para mais perto dele com um rangido alto, e
depois coloca meus pés em seu colo.

“O que você está...?”

Mãos fortes começam a massagear meu pé direito, acertando


todos os pontos certos de pressão. Com um estremecimento, flexiono
os dedos dos pés, então me inclino para trás conforme um gemido
escapa dos meus lábios.

“Puta merda!” Lex começa a rir. “Será que eu encontrei sua


kryptonita, Supergirl?”

Faz tempo que ele não me chama assim.

Abro um olho para encará-lo, e provavelmente devo parecer um


Ciclope exausto, assustando o super-vilão. “Hmm?”

Nenhuma palavra sai. Isso está bom demais, e meus pés doem
tanto.

Seus polegares massageiam meus pés, pressionando em torno


de meu calcanhar. “Eu nunca soube que você tinha um botão de
desligar. Parece que acabei de descobrir um novo mundo ou algo
assim.”

“Simmm.” Digo a palavra quando ele pressiona mais o arco,


fazendo-me quase sair da cadeira.
A massagem para.

Abro os olhos.

E a fome está de volta.

O peito de Lex está palpitante.

Ele lentamente deixa cair um dos meus pés no chão e se muda


para o outro, agarrando meu pé esquerdo duramente e, em seguida,
pressionando os polegares no meio, enquanto delicadamente acaricia
para baixo nos lados.

Com um sorriso malicioso, ele torce o seu polegar no meio do


meu pé.

Eu arqueio para fora da cadeira, meu pé pousando em sua


virilha.

Tento puxar para longe, envergonhada por basicamente ter


acabado de chutar sua virilha, mas ele o mantém lá.

Meus olhos se arregalam quando eu percebo o porquê.

Perigo! Perigo!

Minha mente grita para puxar para trás enquanto meu corpo
permanece perfeitamente imóvel.

A parte lógica do meu cérebro se recusa a ouvir todas as


bandeiras vermelhas que estão aparecendo em todos os lugares, em
vez disso, se foca na excitação dele.

E o fato de eu ter sido a responsável por ela.

Novamente.

Sou eu?

Ou todos os caras são assim?

Eu não tenho experiência suficiente para saber.


Tudo o que eu sei é que quero Lex me olhando assim para
sempre. Seus lábios se separam quando ele molha o lábio inferior e,
em seguida, puxa uma inspiração curta.

Movo meu pé.

Seus olhos se fecham.

Movimento meu pé novamente quando suas mãos vão


suavizando.

“Gabi!” Meu chefe grita acima da música. “O tempo do intervalo


acabou! Você pode flertar com seu namorado quando não estiver
trabalhando!”

“Ele não é...”

“Agora!” Ele grita.

“Desculpe.” Eu me atrapalho com os meus sapatos enquanto


Lex olha para mim. Eu posso jurar que seus olhos estão queimando
buracos através de meu corpo.

“Obrigada pela, hum...” Eu não posso olhar para ele. “Por isso.”

“Gabi.” Lex diz meu nome, meu nome real. “Estarei aqui.”

É isso.

Nenhum comentário sarcástico.

Nenhum comentário rude.

Meus ombros relaxam e, com um aceno de cabeça na direção


dele, pego minha bandeja e vou embora.
Capítulo dezenove
Lex

Eu segui trabalhando com Gabs nos próximos três dias


consecutivos. E quando eu digo que eu segui trabalhando com ela...

Eu literalmente a segui para o trabalho como o perdedor


patético que sou, e ainda trouxe alguns dos meus trabalhos junto.
Provavelmente devo parecer uma aberração, instalado com um laptop
em um clube de strip.

O chefe veio duas vezes se certificar de que eu não estava


tirando fotos. Como se eu fosse gravar qualquer dança que estivesse
acontecendo em seu palco? Aquilo é deprimente demais para que eu
sequer tome conhecimento.

A atitude de Gabi mudou drasticamente: é quase como se ela


me enxergasse e fosse capaz de entregar qualquer peso que carregava
e apenas... trabalhar, sem ter medo.

Estou pensando em me encontrar com Ian para um jantar de


negócios, então não poderei ficar durante o turno inteiro dela.

E eu odeio admitir que estou um pouco... relutante em partir.


Desde o ocorrido quando massageei os seus os pés, não sou capaz de
tirar seu rosto da minha mente. Fechar os olhos apenas faz o sonho
erótico ainda mais real.

Ela não havia se esquivado. Se qualquer coisa, ela precisou


apenas de um pouco de incentivo. Droga, não podíamos continuar a
jogar deste jeito; isso está destruindo minha sanidade.

Aceno para Gabs.

Ela salta em minha direção. “Mais cerveja?”


“Nah.” Eu começo a arrumar minhas coisas, sabendo que
provavelmente é melhor, nos dar algum espaço. “Eu tenho que me
encontrar com Ian.”

“Oh.” Seu rosto despenca, mas ela se recupera rapidamente.


“Você pode conversar com ele sobre eu assumir mais clientes?” Ela
faz uma careta. “Eu meio que odeio isso aqui.”

“Já está na nossa pauta.” Eu pego um dos meus livros e dou-


lhe um aceno rápido. “Tente não cair em nenhum poste durante
minha ausência.”

Algumas meninas começam a dançar no palco.

Os ombros de Gabs se abaixam.

“Hey.” Eu cutuco seu braço. “Você sabe que pode largar isso,
certo? Não é como se Ian e eu fossemos despedi-la ou qualquer coisa.
Quer dizer, o quanto você realmente ganha aqui?”

Ela engole em seco. “Setecentos dólares por semana.”

“O quê?” Eu solto um rugido. “Mas a sua conta bancária...”

Seus olhos se estreitam. “Eu sabia! Pare de invadir minha vida


privada, seu idiota!”

Ofendido, eu explodo de volta “Quem mais vai cuidar de você?”

“Pessoas normais!” Ela joga as mãos no ar, quase acertando


meu rosto. “Do tipo que não hackeiam minha conta bancária para
ficar me controlando!”

Dou um passo protetor na direção dela. “Eu estou preocupado!”

“Preocupado, que nada! Você está apenas curioso!” Ela cospe.


“Ugh, basta ir, eu não quero brigar. Eu sabia que esses três dias de
paz não iriam durar muito.”

Ok, isso me deixa puto. “E a culpa é minha?” Eu sorrio com


raiva pingando de cada palavra. “Certo? Como tudo o mais entre nós?
Tudo minha culpa.” Maldito, Ian!
“Sim!” Ela empurra meu peito, e eu tento segurar suas mãos,
mas ela é muito rápida ao se afastar. “Simplesmente pare...” Lágrimas
se acumulam em seus olhos, dando-lhes um brilho cintilante. “Pare
de ser legal, pare de vir aqui. Eu não posso lidar com isso! É como
achar que você está a salvo, só para ter a rede arrancada debaixo de
si. A rede sempre vai se rasgar quando se trata de você!”

“É realmente assim que você nos enxerga?”

“Não há nenhum nós.”

Quatro palavras. Uma frase. Incrível como algo tão pequeno


pode conter tanto poder. Sinto cada uma daquelas palavras batendo
em mim, roubando a respiração direto para fora de mim e inflamando
minha raiva ainda mais.

“Estou muito feliz por termos esta conversa,” digo com uma
borda amarga na minha voz. “Você sabe, a última coisa que você
precisa se preocupar é com alguém como eu, se apaixonando por
alguém como você.” Dou de ombros. “Vê? Nenhum dano, a rede de
segurança se foi.”

“Lex...”

“Tanto faz.” Por que diabos está doendo para respirar? “Vou me
atrasar.”

Eu caminho para fora com Gabs chamando meu nome.

O lado lógico do meu cérebro diz que ela tem certa razão, que
posso ser tão quente quanto posso ser frio, mas sempre há uma
razão! Não é como se eu quisesse ser um idiota! Eu não tenho
escolha, absolutamente nenhuma! E agora que finalmente decido
pular com os dois pés, encontro com nada além de ar.

Rede de segurança, minha bunda!

Ela não faz ideia de que foi a única a arrancar a rede debaixo
de mim.

Não fui eu.


Eu bato a porta do carro, aciono o motor, e tento me impedir de
arrebentar o volante para fora do painel. Meu telefone começa a tocar.
Eu atendo no bluethooth.

“O que?”

“Eu, uh...” É Gabs; posso ouvir a música do clube em segundo


plano.

“Cuspa, Gabs, eu não tenho a noite toda.”

“Você sabe o que? Deixa pra lá, eu vou ligar para Ian...”

“O inferno que você vai!” Dou um tapa sobre o volante. “O que


você precisa?”

“Uma carona”, ela resmunga. “Uma das garçonetes veio logo


depois que você saiu e disse que meu pneu traseiro do lado esquerdo
está no chão, e eu não tenho estepe, então não posso trocá-lo depois
do trabalho, e...”

“Respire”, eu ordeno. “Cuidarei disso. Que horas você cai sair,


mesmo?” Eu sei exatamente quando seu turno acaba. Só não quero
que ela saiba que tenho cada hora de seu dia memorizada.

“Às dez.” Ela suspira. “Hum, você pode simplesmente trazer


uma bicicleta ou algo assim.”

“Sério?” Eu luto para me conter, mas perco quando um sorriso


se espalha pelo meu rosto. “E você vai fazer exatamente o que com
uma bicicleta, Gabs?”

“Montá-la, seu idiota!”

“Gabs, a última vez que você andou de bicicleta, havia fitas


coloridas e rodinhas nela.”

Ela solta um suspiro alto. “Eu vou matar Ian.”

“Está tudo bem, Gabs, muitos jovens de vinte e um anos não


sabem andar de bicicleta. Quer dizer, eu não consigo lembrar
ninguém de cabeça, e a maioria deles provavelmente não são capazes
de linha reta também, ou, então, veja, pelo menos você tem isso a seu
favor!”

Outro gemido e, em seguida, “Preciso ir antes que seja


realmente demitida.”

“Bitch better have my money13,” canto, em seguida, aumentando


o volume de Rihanna que está tocando no meu carro enquanto Gabs
murmura uma maldição e desliga.

E apenas assim.

Voltamos ao nosso normal.

*****

Os olhos de Ian se estreitam em mim quando a garçonete retira


toda a nossa comida e traz o café. “Você está escondendo alguma
coisa.”

Eu quase cuspo meu café sobre a mesa. “O que? Por que você
acha isso?” Puta merda, ele é capaz de ler mentes também?

Ian esfrega o queixo com a mão, ainda se recusando a desviar o


olhar. “Quem é ela?”

“Quem?”

“A menina com quem você está dormindo.”

Começo a rir. “Não quer dizer aS meninaS?”

“Você não esteve com meninaS em semanas. Eu saberia,


porque cada maldita vez que você chega em casa com o cheiro de
alguma vadia, Blake usa Lysol nos balcões.”

“Uma vez.” Reviro os olhos e olho para longe. “Uma vez eu


transei em cima do balcão, e isso foi há meses. Ela estava ansiosa, o
que eu podia fazer?”

13 Tradução do trecho da música: Cadela, é melhor você ter meu dinheiro.


Inclinando-se para trás, Ian pega o café, depois para. “Não
mude de assunto, mas...”

“O que?”

Ele mexe com a alça de cerâmica de sua caneca. “Você, hum...


Deu uma olhada nas finanças de... Gabi?”

“O que você acha?”

“Eu acho que você não conseguiria se controlar, isso é o que eu


penso.”

“Então você estaria correto em sua suposição.” Eu não tenho


certeza do quanto dizer. Gabs tem razão: é pessoal, não é da nossa
conta. “Não se preocupe com Gabs. Ela é como um gato, sempre
acaba caindo de pé.”

“O aluguel é caro, ela está trabalhando pra caramba, e Blake


me contou que Gabs acabou deixando escapar que foi mal em seu
último teste de anatomia.”

“Ela não pode reprovar!” Eu solto.

Ian ri. “Desde quando você se importa?”

“Se ela falhar...” Merda. “Se ela falhar, então nós vamos ficar
presos com ela para sempre, como um daqueles malditos mexilhões
ou moluscos que se anexa a um poste de madeira e nunca mais
solta!”

“Você é o poste de madeira neste cenário ou sou eu?”

“Esse não é o ponto.” Em pânico, pego meu telefone para não


parecer irritado e distraído. “O ponto é que ela tem que se formar.
Caso contrário, vamos estar presos com ela para sempre!”

“Ou então, o que? Ela se forma e nós finalmente teremos o


ninho vazio?” Ian sorri. “Sério, eu nunca te vi assim. Você está...” Ele
se inclina para frente. “Você está transpirando?”

“Está mais quente que o inferno aqui!” Digo entrecortado. “E eu


comi Jalapeños na minha... merda.”
“Jalapeños.” Ian assente. “Em sua merda? Hmm? Acho que
nunca ouvi você falar de forma tão eloquente.”

“Então...” Eu tamborilo os dedos contra a mesa e verifico meu


Rolex. Já são quinze para as dez. Eu preciso pegar Gabs. “Precisamos
encontrar uma maneira dela trabalhar menos, ganhar mais, e parar
de falhar em suas aulas.” E uma nota de rodapé, eu preciso descobrir
por que nunca há dinheiro em sua conta bancária e por que ela
sempre está faminta como se eu nunca a alimentasse.

“Concordo.” Ian franze o cenho. “Na verdade, eu tenho uma


ideia. Eu não tinha certeza se você concordaria, mas uma vez que
vocês parecem estar, sabe, ambos vivos depois de trabalharem juntos
por algumas semanas...”

“Guarde esse pensamento.” Olho para o relógio novamente. “Na


verdade, eu tenho que ir... Consertar um pneu.”

Ian apenas olha para mim como se eu tivesse dito a ele que iria
exibir meu pau para as pessoas de oitenta anos que estão sentadas
na mesa ao lado.

“Você?”

“O quê?” Eu levanto. “Eu posso trocar pneus.”

“Você pode?”

“Pare de duvidar de mim.”

“Ok, pós-graduando de informática, enlouqueça.”

“Eu me ressinto disso.”

“Eu me ressinto do fato de que você acabou de dizer alguma


desculpa de merda sobre sair para trocar um pneu, a fim de fugir de
responder minha perguntas sobre...”

Seus olhos fazem aquela coisa de ficarem largos e claros.


Merda, ele vai ver dentro de mim e Gabs quando estivermos juntos.

“Olha...” Eu tento uma meia-verdade. “Gabs sabia que você


estava ocupado, então ela me ligou a contragosto e perguntou se eu
poderia trocar seu pneu depois do trabalho. Eu disse que sim, mas só
se depois ela fizesse um boquete.”

Ian não parece se perturbar.

“Ela gritou comigo.”

Ele continua me encarando.

“Eu gritei de volta.” Solto um longo suspiro de sofrimento. “Ela


acabou me convencendo.”

Ian dá de ombros. “Como ela normalmente faz.”

“E eu a deixei ganhar uma rodada, porque estou tentando não


ir para a prisão antes de me formar na faculdade, e se eu continuar
brigando com ela, bem...”

“Este será seu futuro”, Ian concorda.

“Certo.” Eu solto uma expiração aliviada. “Então, podemos


continuar isso outra hora?”

“Claro.” Ele assente. “Mas acho que já tenho a minha resposta


sobre a ideia, se você não se importar que eu tome uma decisão por
nós dois.”

Ele fez isso muitas vezes, e ele é dono de metade da empresa.


Eu confio em seu julgamento, então por que me importaria? “Claro,
qualquer coisa.”

“Não a mate.” Ian me avisa.

“Eu, matá-la?” Minhas sobrancelhas se arqueiam. “E quanto a


mim?”

“Você sempre termina por cima.”

Minhas calças jeans ficam dolorosamente apertadas. “Sim, eu


gostaria disso.”

Ian sorri.

O cara não faz ideia do que está dizendo.


Mas meu corpo faz.

O que eu não daria para ficar por cima – o que realmente quer
dizer alguma coisa, já que pela primeira vez na minha vida, eu estaria
malhando dentro do quarto. Não necessariamente de um jeito ruim,
mais como uma aventura suada na qual eu não poderia esperar para
embarcar.
Capítulo vinte
Gabi

Lex está atrasado – apenas um minuto, mas ficar do lado de


fora no estacionamento me dá arrepios. O clube ainda está selvagem
com dançarinas jogando-se em torno dos postes e frequentadores
ficando bêbados, mas do lado de fora está escuro, e o estacionamento
não é exatamente bem iluminado. Embora o clube salte a vista com
todas as luzes brilhantes como uma versão adulta de Candy Land ou
algo assim.

Faróis piscam em minha direção, e no começo eu acho que é


Lex. O carro é vermelho como o dele, mas ao se aproximar noto que é
um Mercedes mais velho. O de Lex é basicamente novo e em estado
impecável.

O carro estaciona a alguns passos de mim. Eu dou alguns


passos para trás na direção do clube, tentando fazer de conta que não
estou sentindo medo de estar do lado de fora sozinha.

Um homem alto, com um gorro preto e cavanhaque grisalho,


desce do carro. Seus sapatos pretos estão brilhantes, e sua calça
jeans parece apertada e desconfortável. A camiseta preta pendurada
livremente em seu corpo, e ele cheira como se tivesse acabado de
tomar um banho de loção pós-barba. Eu quase preciso prender
minha respiração.

Ele dá um passo em minha direção. “Quanto?”

“Hum.” Eu aponto para trás no clube. “Não há uma taxa de


entrada.”
Ele sorri, passando a mão ao redor da boca. “Não para o clube.
Para você.”

Ah! Não. Engulo o pânico crescendo lentamente quando a


adrenalina atinge meu sistema. “Eu sou uma garçonete. Não,
prostituta.”

“É a mesma coisa.” Ele responde.

“Não.” Eu dou um passo para trás; apenas dois centímetros e


estaria na porta. Nunca na minha vida pensei que me sentiria mais
segura em um clube de cavalheiros do que em um estacionamento,
mas aqui estou eu. “Na verdade, não é.”

Ele se move rápido demais em minha direção para que eu possa


reagir.

Num minuto eu estou de pé.

No seguinte, ele está me empurrando contra a parede de tijolos.


“Eu perguntei quanto, cadela, e eu sempre consigo o que quero.”

Seu hálito cheira azedo. Tento virar a cabeça para longe, mas
ele segura meu queixo com muita força.

“Quanto?” Ele repete, seus olhos enlouquecidos.

“Você não pode pagar o preço dela”, diz uma voz familiar.

Eu fico aliviada quando o cara solta meu queixo e vira o rosto


para Lex, que tem pelo menos trinta quilos a mais do que ele.

O homem faz uma careta. “Vá embora. Isto é entre nos dois
aqui.”

“Você quer dizer, entre você e minha namorada?” Lex cruza os


braços, e eu completamente ignoro a curta emoção que percorre meu
corpo ao ouvi-lo dizer ‘namorada’. É como se meu corpo tivesse
esquecido de sentir medo, porque Lex está ali. “Eu vou dizer isto só
uma vez. Deixe-a em paz, vá ao clube, compre uma bebida. Há muitas
meninas lá.”
O homem olha para Lex como se o estivesse avaliando, então,
finalmente, dá um aceno firme e começa a caminhar em direção à
porta.

“Você está bem?” Lex se move em direção a mim.

O homem volta.

“Lex, cuidado!” Eu grito, mas o homem já está em cima de Lex,


batendo-o contra a parede.

Lex ri. O bastardo ri quando empurra o homem de cima dele e


lhe dá um soco no rosto, com força. Como tanta força que meu rosto
dói.

O homem cambaleia para trás.

Lex parece entediado.

O homem investe contra ele novamente. Desta vez Lex consegue


um gancho alto no queixo do cara, em seguida, acerta um soco no
estômago. Quando o cara se dobra, Lex dá um tapinha nas costas
dele e sussurra: “Provavelmente está na hora de encerrar a noite.”

O homem geme e cai no chão.

Na hora em que a polícia aparece.

Sério?

Lex e eu trocamos um olhar de descrença.

“Bem, Sunshine.” Lex sorri. “Parece que vou fazer outra viagem
para a cadeia... Seria a segunda vez, agora?”

“Você não vai para a cadeia por autodefesa.” Reviro os olhos.

O policial sai de seu carro. “Tudo bem aqui?”

“Agora está.” Lex estende a mão, apertando a mão do policial, e


aponta para mim. “Minha namorada foi atacada por este merda.”

“Isso é verdade, senhora?” O oficial me pergunta.


Dou-lhe um aceno de cabeça vacilante. “Ele perguntou quanto
eu cobrava.”

A expressão de Lex é de puro ódio. “Claramente não bati com


força suficiente, então.”

“Você trabalha aqui?” O oficial dirige sua pergunta para mim.

“Acabei de sair.”

“Tudo bem, eu vou ter de fazer um relatório, mas desde que foi
em legítima defesa e ele a estava atacando...” Sua voz some. “Se eu
fosse você talvez investisse em um spray de pimenta se planeja
manter este trabalho, ou pelo menos teria o seu namorado a
encontrando à noite.”

Eu balanço a cabeça.

Depois de dar outra explicação do que aconteceu, finalmente


vamos para o carro de Lex. É quase meia-noite. Eu ainda não jantei.

E na manhã seguinte, tenho uma aula e mais trabalho pela


frente.

Turno duplo.

Além disso, Steve.

Adicione a isso que estou com os nervos à flor da pele devido ao


ataque, e apenas... Estou me sentindo acabada.

Lex aumenta o aquecimento, mesmo que não esteja frio. Fico


grata por ele não dizer nada. Eu preciso pensar; descomprimir.

Nada aconteceu.

Mas poderia ter acontecido.

“Sinto muito”, finalmente sussurro quando estamos chegando a


minha casa.

Com um empurrão, Lex joga o carro para o acostamento, coloca


em ponto morto, e me encara. “Você está falando sério agora?”
Eu balanço a cabeça enquanto meus olhos se enchem de
lágrimas, e quando abro minha boca, a única coisa que sai é um
coaxar lamentável.

“Merda.” Lex fecha os olhos, então solta meu cinto de


segurança e de alguma forma consegue me puxar sobre o console e
para cima de seu colo. Meus pés pendem no meu assento enquanto
meu corpo descansa em seu colo. Ele me segura perto de si e beija
minha testa.

E eu desabo completamente e tremores assolam meu corpo.

“Você está segura, Gabi,” ele sussurra. “Eu juro.”

“Sabe,” eu soluço, “esta noite você foi muito mais super-herói


do que vilão.”

A risada de Lex sacode meu corpo, aquecendo-o, preenchendo-


me com sua perfeição. “Sim, bem, não conte a ninguém. Eu odiaria
arruinar uma coisa boa, sabe?”

Eu balanço a cabeça.

“E eu juro, que se você se desculpar novamente por ser


atacada, eu vou bater na sua bunda.” Seus olhos estão semicerrados,
enquanto olha para mim. “Não foi culpa sua. Estou feliz por ter
estado lá. Você não fez nada de errado.”

“Bem...” Eu quebro o contato visual. “Estou trabalhando em um


clube, então esta é provavelmente a primeira escolha ruim. Pra
completar, ainda fui esperar do lado fora...”

“Não” Lex sacode a cabeça. “Não importa. Não foi culpa sua.”

“Ok.” Eu bufo.

“Tudo bem?” Ele segura meu queixo e, em seguida, dá um beijo


na minha bochecha. Seus lábios pairam perto da minha orelha, sua
respiração irregular. Combina com a minha.

“Ok”, eu digo de novo.

Seus olhos encontram os meus. “Ok.”


E então nossas bocas se tocam.
Capítulo vinte e um
Lex

O contato é breve, quase como um sussurro conforme meus


lábios roçam os dela, e então eu recuo. Eu não vou ficar com ela logo
depois dela ter sido atacada. Vulnerabilidade não fica bem em Gabi.
Eu odeio isso. Ela é forte. E quando essa armadura racha, eu fico
ferido, provavelmente, tanto quanto ela.

“Você já comeu?” Eu solto a primeira coisa que vem à minha


mente, porque se eu não disser algo, vou beijá-la novamente e não
vou parar por aí. Eu sei que não tenho autocontrole quando se trata
de Gabs.

Porque naquele momento...

Quando ela estava sendo atacada...

Tudo o que eu conseguia pensar era... Eu estive esperando essa


garota por quatro anos. Com certeza não vou deixar que ninguém
toque no que é meu.

Quatro anos.

Eu estou cansado de esperar.

Os grandes olhos verdes de Gabi piscam para mim. Maldição,


ela é tão bonita que dói olhar para ela. “Na verdade não.”

“Ótimo.” Eu gentilmente a coloco de volta no banco do


passageiro. “Aperte os cintos, Sunshine, estou a ponto de abalar o
seu mundo.”
“Hmm ... Fico me perguntando a quantas meninas você já disse
isso...”

“Isso? Extravagante demais. Guardei para você.”

“Estou emocionada.” Ela sorri, em seguida, pega minha mão. “E


Lex?”

“Sim?” Estou tremendo, mas aperto a mão dela de volta.

“Essa noite.” Ela lambe os lábios rosados. “Você foi meu herói.”

Eu nunca tinha percebido o quanto eu queria que ela me visse


sob essa perspectiva, até aquele momento.

“Eu provavelmente deveria arranjar uma capa agora.” Eu


balanço a cabeça seriamente. “Você sabe, apenas para o caso de
precisar.”

“Vermelha.”

Ela não solta minha mão, então eu engato o carro com a mão
esquerda e arranco. “Você não acha que preta seria melhor?”

“Preta é muito foda.”

“Você está dizendo que eu não sou durão o suficiente?”

“Eh.” Ela faz um movimento de desprezo com a mão livre. “O


problema é sua graduação...”

“Por que todo mundo está odiando meu curso hoje?” Eu


pergunto em voz alta. “Será que eu chutei ou não o traseiro de um
cara?”

“Ele provavelmente tinha um coração fraco e um quadril meia


boca”, Gabs diz séria.

Eu quase saio da estrada. “O inferno que tinha! Ele tinha no


máximo uns cinquenta anos!”

Ela levanta as mãos no ar. “O que você disser, Rocky.”

“Você sabia que o script de Rocky foi escrito em três dias?” Eu


sigo para minha casa, deixando a de Gabs completamente para trás.
“Hum?” Ela aponta.

“E” – eu desço minha rua – “sabe, a infame cena da corrida?


Mais de oitocentas crianças em idade escolar foram usadas como
figurantes.” Eu paro na frente da minha casa e desligo o carro.

“Fascinante”, Gabs diz em um tom seco. “Além disso, estamos


em sua casa?”

“Sim.” Eu solto meu cinto de segurança e depois o dela, e


quando ela abre a boca de novo, eu a silencio com meus lábios.

“Ce-e-erto”, ela gagueja quando a solto.

“Ok”, sussurro de volta, deixando escapar um suspiro pesado


enquanto ela lentamente abre a porta do carro.

Eu a sigo de perto, minhas mãos, escovando os seus quadris a


cada poucos segundos, incapaz de me manter afastado. Droga, eu
deveria ficar longe, não trazê-la para perto.

Gabs de repente para e eu bato contra a bunda dela, quase a


enviando de cara na calçada.

“Você precisa de um sinal de aviso ou algo assim,” resmungo,


colocando minhas mãos em seus ombros. “De repente, com medo de
entrar em casa, ou o quê?”

“Sim.” Seu corpo fica tenso. “É mais como se eu tivesse medo


do que isso pode significar.”

“Nada. Isso não tem que significar qualquer coisa.” Eu piso ao


lado dela e agarro sua mão, puxando-a em direção à porta. “Ou
poderia significar tudo.” Assustador o quanto eu anseio que isso
signifique tudo.

Os lábios de Gabi estão inchados de meus beijos, embora eu


achasse que tinha sido gentil; talvez fosse uma combinação de seu
choro e a pressão de minha boca contra a sua. Independentemente
disso, ela está linda ali, coberta de luar.

“Vamos.” Estendo minha mão. “É apenas comida.”


“Na sua casa.” Gabs arqueia uma sobrancelha enquanto o
canto de sua boca se contorce. “Vocês não têm uma regra 'Nenhuma
menina é permitida à noite’?”

“Sim, temos.” Eu sorrio largamente. “Mas da última vez que


verifiquei, você era um cara, então...”

“Idiota.” Gabs me dá um tapa no ombro, empurrando-me de


lado, e entrando, com um olhar de soslaio antes de tirar os sapatos e
deixa-los perto da pequena cesta desarrumada que sempre fica perto
da porta. Fico surpreso e um pouco atordoado com minha própria
reação crua ao ver seus pés, como se tivesse acabado de vislumbrar
um seio.

“Vê? Fácil”, eu digo atrás dela.

“Trapaça”, ela resmunga, em seguida, vai até a cozinha e senta


em uma banqueta. “Bem, dê-me comida.”

Eu levanto um dedo e abro a geladeira. “Ok, então eu tenho...


merda.”

“Oh, eu vou aceitar isso, com maionese, obrigada.” Ela ri.

“Você está tirando sarro de mim?”

“Eu nunca faria isso.”

Reviro os olhos. “Isso sempre vai ser assim, não é?”

“O que?”

“Discutir. Você não consegue se conter.”

“Eu gosto de ter a última palavra.”

“Acredite em mim.” Eu fecho a porta da geladeira. “Eu sei.” Eu


olho em torno da cozinha vazia. “Então, pizza?”

Gabs ergue a mão para um high-five.

Bato, em seguida, envio uma mensagem de texto para a


pizzaria Dominó. Quem comanda sua mídia social merece pizza grátis
eternamente.
Em quinze minutos recebemos três pizzas extragrandes com
abacaxi suficiente para fazer um luau.

Gabs está de bruços no sofá, gemendo, enquanto eu guardo as


sobras e procuro um vinho.

Ela havia comido dois pedaços.

Eu contei.

Quando gritei com ela para comer mais, ela jogou um abacaxi
no meu rosto e disse que seu estômago ainda estava fraco.

Orei para que não fosse por minha causa.

Mas por causa do que aconteceu no estacionamento.

Tanto faz. Eu preciso superar.

“Eu tenho que ir”, Gabs geme do sofá, imóvel. “Mas, por algum
motivo minha cabeça está apaixonada por esta posição.”

Eu resmungo. “Você provavelmente fez o ano desta almofada.”

Ela levanta a mão acima do sofá e me mostra o dedo médio.

Rindo, finalmente localizo dois copos e o vinho que vinha


caçando, servindo-lhe uma taça generosa.

Ela senta quando eu desligo as luzes e dou a volta no sofá. “O


que é isso?”

“Tratado de Paz?” Entrego-lhe o copo, então tilinto o meu


contra o dela. “Nenhum insulto até amanhã de manhã, e então nos
ajustamos de novo.”

“Cubra suas partes de homem.” Gabs toma um longo gole, e


sua garganta se movimenta quando o líquido desce por ela.. Por
alguma razão eu acho aquele momento muito erótico.

“Ah, mas eu pensei que você gostasse quando minhas partes de


homem ficam todas.... expostas.”

“Ew.” Gabs toma outro gole e abaixa o copo. “Não diga


'expostas' nunca mais. Não sozinho, não em uma frase, nem nunca.”
Reviro os olhos e pego o controle remoto, mas Gabs de repente
me empurra para fora do caminho, quase derramando o vinho todo
no chão em uma tentativa de me bater.

“Merda!” Eu grito. “Você tem quatro anos?”

“Não!” Gabs grita. “Nada de canal ID – Investigation Discovery!”

“Gabs” – eu abaixo meu vinho e calmamente tento tirar o


controle remoto de sua mão “é educativo.”

“É horrível!”

“Só se você dormir com ele.”

“Duas vezes! Duas vezes eu pensei que estava sendo


assassinada.”

Eu puxo o controle remoto com mais força. “Não é minha culpa


se você tem uma imaginação fértil.”

Ela olha, então libera o controle remoto e se levanta. “Eu


deveria ir para casa de qualquer maneira.”

Eu sorri e encostei-me ao sofá. “Certo.”

“Lex?”

“Sunshine?”

“Você não vai me levar para casa?”

“Eu tenho uma bicicleta lá atrás.” Eu bato meus dedos. “Oh


espere...”

Seus olhos se estreitam. “Golpe baixo.”

“Mmmm.” Eu coloco minhas mãos atrás da minha cabeça e


fecho os olhos. “Diga 'golpe' de novo.”

“Juro sobre a vida de Ian que vou enfiar este controle remoto
até o seu nariz e causar mais estragos no seu cérebro do que você já
tem.”
“Isso soa muito erótico. Curiosidade: você sabia que o nariz têm
mais terminações nervosas do que...”

Com um grito Gabs se joga em mim, abraçamdo meu corpo


com suas curtas perninhas e empurrando um travesseiro contra meu
rosto.

Riso explode em mim. Será que ela realmente acha que


conseguiria me sufocar? Ela tem um quarto do meu peso corporal...
Ok, não exatamente, mas bem perto disso.

“Um pouco à esquerda,” instruí quando ela continuou me


sufocando. “Ah, aí, sim, sim, sim.”

O travesseiro de repente cai, e Gabs bufa. “Desisto. Você é


impossível de se assassinar.”

Eu balanço minha cabeça. “Se eu tivesse um centavo...”

Gabs olha para suas mãos, as mãos que estão apoiadas no meu
peito. Eu estou com medo de me mover.

Eu acho que ela também está.

Nós tínhamos cruzado uma linha, mas desta vez, estávamos


muito bem cientes de que não havia rede de proteção, nenhuma
maneira de voltar, nada.

E o nada é assustador.

Mesmo para vadios como eu.

Possivelmente mais assustador, porque é um território


desconhecido.

“Lex”, ela exala meu nome, enviando arrepios pela minha


espinha. “Eu...”

“Fique”, sussurro.

“O quê?” Ela pisca como se não tivesse me ouvido


corretamente. “Você acabou de me pedir para...”
Eu pressiono um dedo contra sua boca. “Acho que acabei de
dizer 'fique', o mesmo comando que você dá a um cachorro – não que
eu esteja fazendo essa comparação, apenas estou lhe dando a palavra
em uma frase, uma espécie de 'Spot, fique.' Não significa que o dono
de Spot vai tirar proveito dele ou que Spot deva desempenhar funções
sexuais para permanecer na casinha de cachorro. Às vezes, Gabs,
uma palavra é apenas uma palavra.”

Com um suspiro áspero, ela se arrasta de cima de mim. “Só


você poderia fazer algo tão estúpido soar como algo meio doce. Bem,
mostre-me onde fica a Fortaleza da Solidão, e eu vou tentar não
deixar estrogênio em todos os lugares.”

“Andar de cima. E Gabs, eu realmente quero dizer isso quando


eu digo... Se você alguma vez deixar um absorvente no meu quarto,
eu serei obrigado a cortar você.”

“Aw...” Gabs coloca as mãos sobre o coração. “Isso é tão” – ela


enxugou uma lágrima falsa – “cuidadoso.”

“Eu sou um cara cuidadoso.”

“Quarto?”

“Acima.”

“Não...” Sua palavra pinga sarcasmo.

“Gabs, minha paciência? Está meio no limite agora, mesmo


porque você foi atacada, mas eu já experimentei você antes – três
vezes. Eu quero fazer isso novamente. Na verdade, quero jogá-la
contra o objeto resistente mais próximo e fazer você gritar. Ou seja,
leve seu traseiro bonito ao andar de cima ou leve a minha oferta a
sério e comece a se despir.”

Ela corre.

Garota esperta.

Eu, no entanto, peço desculpas para a metade inferior do meu


corpo... porque teria uma longa, fria e dolorida noite..
Capítulo vinte e dois
Gabi

Quase volto para baixo para perguntar em que quarto Lex fica,
mas depois lembro que Ian tem uma máquina de etiquetadora e em
uma noite de bebedeira ele havia rotulado tudo o que podia, incluindo
seus quartos.

Efetivamente, uma vez que chego ao topo da escada, sou capaz


de localizar o quarto de Lex em um segundo. Ele também tem um L
gigante nele enquanto Ian tem um símbolo do Super Homem,
provando mais uma vez que aqueles garotos nunca realmente
deixaram seus lençóis do Homem-Aranha para trás.

Abro a porta e suspiro.

Que raio de tecnologia psicopata ele tem?

Equipamentos de informática enchem toda a metade direita do


quarto. Três telas formam uma pequena caverna em torno de um
teclado gigante. Adesivos cobrem a maior parte da mesa. Sua cadeira
de couro é mais um trono do que qualquer outra coisa, e eu me
pergunto, se é aqui que Lex se sentaria quando finalmente derrubasse
o governo?

Um banheiro fica anexado ao seu quarto. Eu vou até lá


rapidamente e jogo um pouco de água no meu rosto, analisando meu
reflexo.

Minha pele normalmente na cor mel parece pálida e sem vida,


enquanto meus lábios estão inchados e rosa. A lembrança de seu
beijo é o suficiente para me fazer agarrar a pia como uma tábua de
salvação.
O que diabos eu estou fazendo?

Eu estou no santuário dele!

E eu sei quão nerd isso soa, mas estou em seu lugar secreto
mais privado, e ele havia me convidado para ficar aqui em cima. O
que isso significa?

Eu preciso de Ian.

Eu preciso do meu melhor amigo.

Hah, tenho certeza que a conversa seria simplesmente ótima:


“Hum, Ian, eu estou no quarto do Lex, ele me beijou duas vezes! Eeek!
Eu sei, certo? Então eu deveria rastejar nua em sua cama? Prendê-lo
nos lençóis da cama e dizer ‘te peguei’? Você sabe, começar com uma
brincadeira?” Ian iria dar risada, e então eu ouviria um tiro, e não
teríamos mais Lex.

“Controle-se.” Eu aponto o dedo para mim. “Pare de ser uma


menininha.”

“Droga”, diz Lex de algum lugar no quarto. “Será que a


transformação já ocorreu? Estou atrasado?”

Bato a porta do banheiro em sua risada.

Enquanto ao mesmo tempo aprecio o fato de que ele está me


tratando como sempre.

O que significa...

Meus ombros despencam. Nada. Isso não significa nada. Isso


significa que ele está balançando uma bandeira branca.

Isso significa que ele está com pena de mim.

E ele está compartilhando sua cama.

Com sua amiga.

Meu substituto para Ian. Isso é o que Lex está se


transformando, e eu o odeio por isso. Eu prefiro que ele me trate
como lixo novamente.
Do que me dar esperança de que compartilhar seu quarto, na
verdade, quer dizer alguma outra coisa.

“Ga-a-absssss.” Lex espalha meu nome. “Se apresse. Estou


exausto, e quero fazer uma revista corporal antes de você ir para a
cama. Eu não quero ser esfaqueado.”

Reviro os olhos e abro a porta apenas a tempo de Lex lançar


uma grande camiseta preta na minha direção. “Cubra-se.”

Normalmente eu argumentaria, mas estou sentindo-me suja e


sinto desejo de queimar meu uniforme. Quanto mais olho para o
vestido preto curto com as iniciais do clube bordadas, pior eu me
sinto, pensei até que fosse vomitar.

Com movimentos bruscos puxo o vestido por cima da minha


cabeça e o jogo no chão, em seguida, em um acesso de raiva, piso
nele. Insatisfeita, começo a saltar em cima dele, até que braços
quentes me seguram no ar e me levam para a cama.

“Eu acho que ele está morto, Gabs.”

Eu não percebo que estou chorando até que Lex enxuga as


lágrimas que escorrem pelo meu rosto. Ele ainda está vestido.

Enquanto isso, eu estou em nada além do meu sutiã e calcinha


boxer.

Mas ele não está olhando para meus peitos ou qualquer outra
coisa; ele está olhando para o meu rosto – o que imagino que tenha
exigido extrema concentração de sua parte. Eu sempre imaginei que
Lex seria um cara de peitos. Danado, ele chegou a dar uma conferida
em uma avó de sessenta anos de idade, uma vez.

Repetindo suas palavras: peitos são peitos.

“Você não está olhando para meus peitos.”

“Não.” Os olhos de Lex não me deixam.

“Por quê?”
Com os olhos enrugados, ele responde: “Gabs, se você quiser
que eu olhe para os seus peitos, eu vou... Mas eu não sou um
daqueles caras. Nunca fui.”

“Hã?”

Ele se inclina para baixo até que nossas bocas quase se


encontram, em seguida, puxa para trás. “Eu realmente pareço ser
capaz de olhar e não tocar?”

“Não”, eu ofego. “Você gosta de tocar.”

“Não há nada de errado com uma mão firme...” Ele se afasta


lentamente, em seguida, levanta, desligando a luz, e se vira. Ele
mantém o olhar fixo no meu conforme volta para a cama.

Eu me apoio em meus cotovelos e observo enquanto ele tira sua


camisa de algodão e puxa para baixo seu jeans, ficando com nada,
além de cueca boxer Nike, bem justa.

Meus olhos se arregalam.

Ele sorri, voltando para a cama. E ainda me olhando, ele agarra


cada cobertor que tem e começa a empilhá-los em cima de mim.

“Lex!” Eu grito, já superaquecida quando cobertor número dois


é lançado em minha direção. “O que você está fazendo?”

Sua resposta?

“Bancando o herói.”

Mais cobertores são empilhados até que ele fica apenas com um
lençol e eu estou encapsulada. Ele começa a construir uma espécie de
forte de travesseiros entre nós, então boceja e murmura “Boa noite.”

“Lex” Eu assobio. “Você está bêbado?”

“Não.” Outro bocejo. “Shh, Gabs, é hora de dormir.”

“Eu. Não. Posso. Respirar.”

Ele puxa um cobertor para cima. “Está. Melhor?”

“Você acha que me sufocar é um ato heroico?”


“Estou salvando sua inocência e ao mesmo tempo protegendo
minha própria vida. Ian entra, vê você toda coberta e não me mata.
Você acorda, inocente, e não me espeta com um dos seus saltos
pontiagudos.”

“Nós não estamos na prisão. Não existe isso de ser espetado na


cama.”

“Eu poderia fazer um espeto quente.”

“Você diria isso.”

“Gabs?”

“O que?”

O silêncio tenso crepita com consciência, como se nós dois


soubéssemos que um centímetro de movimento é o único incentivo
qualquer um de nós precisa.

“Obrigado por ficar.”

“Lex?”

“Sim?”

“Obrigada por não me chamar de cara outra vez.”

Ele se espicha, sua mão entrando em contato com meus peitos


e mais cerca de cinco camadas de cobertores. Com um sorriso
arrogante, ele sussurra, “Eu sempre soube que você era um tamanho
C.”

Eu o empurro para fora e finjo estar ofendida.

Quando realmente... Adormeço com um sorriso no rosto.

Na cama do meu inimigo.


Capítulo vinte e três
Gabi

Tap, tap, tap. balanço a cabeça em uma tentativa de aliviar o


som irritante. Tap, tap, tap. Com um grunhido, eu me viro de bruços e
coloco um travesseiro sobre meu rosto.

Silêncio.

E então: Tap, tap, tap. Uma longa pausa, e depois outro tap,
tap.

Eu levanto e olho para o lugar vazio ao meu lado, então franzo


a testa enquanto observo o local vazio até o computador. Lex está
sentado em seu trono, provavelmente hackeando Deus-sabe-quem.

“Você é um animal”, digo asperamente.

“Gabs.” Ele não desvia o olhar da tela. “Eu quero dizer isso da
maneira mais agradável possível, mas você parece péssima.”

Dou um rosnado.

“Gatinha você sabe morder?”

“A gatinha vai arranhar seus olhos se você disser 'gatinha' mais


uma vez.”

Tap, tap, tap. A cadeira de Lex gira, revelando-o em nada além


de cueca boxer, maldito por ser tão sexy. “Filhotinha14?”

Eu jogo um travesseiro, errando por pouco uma de suas telas


de computador.

14 No original: pussycat? – que também pode significar uma garota sexy, quente.
Seus olhos se aquecem.

“Whoops?”

“Lex?” Ian chama do corredor.

Meus olhos se arregalam de horror, enquanto Lex fica de pé.


“Só um minuto.”

“Cara, eu já vi você pelado. Eu só tenho uma pergunta


rápida...” A maçaneta gira.

Lex joga o edredom sobre minha cabeça, pula na cama comigo


e me empurra para debaixo dele.

Engulo em seco para que o ar não seja sufocante.

Não ajuda que o corpo firme de Lex esteja grudado contra o


meu, seus joelhos estão dobrados para cima – então Ian não pode ver
o contorno de seu melhor amigo.

Por que eu estou escondida na cama de Lex?

Será que Ian realmente assumiria o pior?

Eu lembro o histórico de Lex.

Sim, Lex teria de ser alimentado através de um canudo pelo


resto de sua vida.

Eu coloco de lado a ideia de aparecer como um boneco saindo


de repente de dentro de uma caixa e gritando ‘surpresa!’. Quer dizer,
houve momentos em que odiei Lex, mas não quero sua morte
pesando em minha consciência.

“E aí... homem?” Lex pergunta, mexendo as perna, então as


suas coxas quase colidem com a minha cabeça. Belisco sua bunda.
Ele tosse.

“Uh...” Preciso me esforçar para ouvir o que vem a seguir, mas,


aparentemente, Ian não está dizendo nada. Eu gostaria de poder ver o
que ele está fazendo. “Tem certeza de que está se sentindo bem?”
“Ótimo,” Lex diz um pouco animado. O idiota parece tão
culpado, que eu tenho dificuldade em não gemer em voz alta. “Você
disse que tinha uma pergunta rápida?”

“Sim.” Ian parece suspeito. “Eu só queria falar com você sobre
Gabs por um minuto.”

“Ou” – Lex começa a tossir descontroladamente – “poderíamos


apenas –” Outras duas tosses. “Desculpe, cara, não estou me
sentindo bem.” Ele bate no seu peito. Enquanto isso, eu reviro os
olhos e levanto seu joelho.

“Na noite passada você disse para eu tomar uma decisão, e eu


fiz isso.”

Meus ouvidos se animam. O que será?

“Eu quitei os últimos dias do aluguel proporcional de Gabs, e


em exatamente uma hora vai ter um caminhão em seu apartamento.”

“B-b-bem.” Lex fala isso lentamente. “Você encontrou algum


lugar mais perto do campus para ela?”

“Sim.” É a vez de Ian soar culpado. “Cerca de um quilômetro e


meio mais perto, e mais seguro, e... mais barato.”

“Se é mais barato, como no inferno pode ser mais seguro?”

“Guarda-costas”, Ian diz simplesmente.

“E isso é mais barato?”

“Tecnicamente, é grátis.”

“Hã?”

“De qualquer forma, apenas pensei que deveria avisá-lo. Bem,


vejo você mais tarde!”

“Espere!” Lex grita depois que ele sai. “Volte aqui... Qual é o
endereço deste glorioso lugar grátis?”

Ian não responde.

Eu tenho um pressentimento ruim.


Eu cutuco Lex no que pensei ser sua perna, mas que acabou
sendo algo completamente diferente, e ele solta uma maldição baixa
que Ian deve ter pensado ter sido dirigida a ele, porque imediatamente
começa a se desculpar.

“Olha, é só pelos próximos quatro meses! Nós só temos mais


algumas aulas, e então podemos ajudá-la a arranjar alguma coisa.”

Meu cérebro não está funcionando tão rapidamente quanto o de


Lex, porque no momento em que todo o meu corpo fica rígido em
alerta, Lex grita.

“AQUI?”

Eu o agarro com força na coxa.

“Você quer que ela venha morar aqui?”

“Faz sentido!” Ian grita. “E já está feito!”

“Que diabos faz você pensar que podemos manter a paz se


vivermos na mesma casa?”

“Vocês têm feito isso muito bem,” Ian diz defensivamente. “Você
até mesmo disse que estava preocupado com ela.”

“Sim, do jeito que você se preocupa com um guaxinim morto


quando você o atropela!” Lex está suando; suas pernas estão
realmente suando. “Você não salva o guaxinim, Ian! Você o deixa ir ao
céu dos guaxinins, onde há brinquedos brilhantes e... comida!”

“Você me preocupa, cara.” Ian baixa a voz. “Olha, se você


estiver usando algo, podemos conseguir ajuda.”

“Querido Deus,” Lex resmunga. “Isso não é... Bem, se você


quiser que o Francês e o Inglês se divirtam no mesmo território
maldito, esse sangue vai ficar sobre você. Tudo sobre você.”

Fez-se, silêncio. O que Ian está fazendo agora? Se ele tivesse


saído? Uma tosse vem da porta, de modo que, aparentemente, não.
“Eu escondi as facas, então...”
“Oh! grande, Ian,” estala Lex. “Bom. Você guardou as facas.
Você está ouvindo o que está dizendo?”

“Ela vai ficar. Isso é definitivo. Mesmo você, admitiu que algo
estava acontecendo, mas aparentemente você se preocupa mais com
seu maldito teclado do computador do que com Gabs.”

“Isso é injusto!” Ele grita. “Você sabe que eu me importo com


ela!”

“Besteira!”

Esfrego minha mão na perna de Lex. Ele congela, e então eu a


mexo mais para cima, fazendo pequenos movimentos com as pontas
dos meus dedos. A curiosidade matou o gato... Ugh, vê? Mau
presságio. Ele me chamou de gatinha, e lá estou eu... explorando.

Meus dedos roçam nele.

Todo o seu corpo fica frouxo.

“Cara, você acabou de ter um AVC?” A voz de Ian está coberta


com preocupação. “Eu nunca vi o rosto de uma pessoa fazer isso
antes.”

“Que inferno é isso?” Lex expressa em voz alta, em seguida,


começou a balançar contra meus dedos. Eu rapidamente descubro
que isso é gostoso e agarro com mais força. “Mer-r-r-da, eu vou
queimar.”

“Oh, escondi os fósforos também”, Ian diz tranquilo.

“Muito. Legal,” Lex diz entre dentes cerrados. “Isso é apenas...”

“Você está... estranho.”

“Vá!” Lex grita. “Apenas... Preciso de tempo para...” Ele exala


uma maldição. “Pensar.”

A porta bate. Eu não tenho certeza se deveria parar. Minha


resposta vem quando Lex pressiona a mão contra a minha,
encorajando-me a seguir adiante.

O que estou fazendo?


E por que isso é tão bom, mesmo que ele não esteja sequer
tocando em mim?

Todo o corpo de Lex fica tenso quando seus quadris empurram


para fora da cama. Ele rapidamente pega o lençol e o afastou de suas
pernas, em seguida, puxa o cobertor e me encara, com o rosto
completamente corado. Seus ombros sobem visivelmente a cada
respiração.

“Eu...” Ele fecha a boca e, em seguida, franze a testa. “Eu...”

“Então...” Eu rapidamente mudo de assunto. “Colegas, hein?”

Ele solta um gemido e cai para trás contra os travesseiros.


Capítulo vinte e quatro
Lex

Vinte e quatro horas atrás, eu era um cara normal, saudável –


embora oscilando à beira da loucura. Agora? Agora, estou de cabeça
na doidolândia quando Gabs fica com o quarto em frente ao meu.

E, já na primeira hora em nossa casa, ela colou alguns


absorventes na minha porta.

Eu respondi com preservativos.

E assim começou a primeira guerra.

Se eu tivesse um canhão maldito, eu o preencheria com


brinquedos sexuais, miraria e atiraria só para ver o quanto eu
conseguiria irritá-la.

Nós não falamos sobre a cama.

Nós não falamos sobre aquela noite.

Mas precisamos falar.

Porque cada vez que passamos um pelo outro, o que já


aconteceu cerca de um milhão de vezes desde que ela se mudou
naquela manhã, está sendo uma tortura. Agora eu não sei apenas o
gosto que ela tem.

Ela me acariciou.

Até que eu visse unicórnios.


E, feito um idiota, acenei para um leprechaun enquanto saltava
para o pote de ouro no final do arco-íris, apenas para ser jogado de
volta à realidade.

Uma realidade onde Gabs e eu ainda fingimos que nos odiamos,


ainda... o que? Beijo? Carícia?

Sim. A resposta para sua pergunta é sim. Estou sendo


transformado em um frangote, e se de repente eu acordasse sem pau?
Sim, vamos apenas dizer que eu não ficaria surpreso. Bocejo, olho
para o céu, e digo: “Siga em frente.”

O único lado bom ter se mudado pra cá foi que ela pode largar
aquele trabalho terrível, uma vez que não precisa mais pagar aluguel.

Seu carro seria devolvido no final da semana. Ian e eu nos


certificamos que o mecânico fizesse uma checagem completa, embora
eu nunca fosse confessar a Gabs que tive qualquer envolvimento
nisso. Eu não quero que ela olhe para mim como se fôssemos BFFs.

Eu prefiro ter o seu ódio.

Com o ódio eu sei lidar.

A amizade pode se ferrar.

“Lex!” Gabs bate na porta do meu quarto com tanta força que
estou surpreso que ela continue intacta.

Revirando os olhos para tela do meu computador, eu levanto o


mais lentamente possível e caminho até a porta, com cuidado para
abri-la somente alguns centímetros, apenas no caso dela estar com
uma arma.

“Sim?” Eu olho pela fresta da porta.

Ela empurra sua passagem.

“Claro, entre.” Eu abro meus braços. “O que posso fazer por


você? Chá? Arsênico? Sexo? Todos os três?”

Gabs abre sua jaqueta de couro, revelando uma regata branca


decotada. “Vagabunda demais para Steve?”
Pisco... então pisco de novo, mais lentamente. Eu sempre soube
que ela tinha peitos. Por que diabos ela só estava me mostrando isso
agora? “Gabs, você está perguntando como minha amiga? Porque eu
acho que você entrou no quarto errado.”

Ela faz beicinho. “Por favor? Basta dizer sim ou não.”

“Eu vou dizer isso mais uma vez...” Ando em direção a ela,
apoiando-a contra a parede mais próxima. “Você pergunta a Ian sobre
essa merda. Ele é basicamente assexuado agora que está com Blake.
Você me pergunta, e bem... Pode ser que eu não jogue limpo.”

“Oh, Lex, quando foi que você e eu já jogamos limpo? Você sabe
ao menos o que essa palavra significa?”

Inspiro profundamente e com calma, então abaixo a cabeça. Ela


engasga enquanto lambo entre seus seios e, em seguida, coloquei as
mãos em seus quadris e deslizando-as para baixo de sua camisa,
cobrindo os seus seios, massageando-os, provocando-os,
tranquilamente.

Sua boca se abre e, em seguida, sua cabeça tomba para trás.

“A minha opinião”, digo, beijando o canto da sua boca “é que


você pode matar o jovem Steve... Mas este é o último encontro de
vocês, certo? Aquele em que você finge um rompimento em frente ao
objeto de afeição dele, só para fazer com que ela parece uma super
heroína, enquanto o defende?”

“Huh?” Gabs estende a mão para mim.

Eu me afasto. “Então com certeza, sim, isso vai ser suficiente.”


Eu bato em sua bunda e pisco.

“Eu te odeio.” Seu peito arfa.

“Não, você não me odeia.” Sorrio e deixo meus olhos fazerem


um passeio lento pelo seu corpo, para baixo, em seguida, de volta.
Meu corpo inteiro formiga com a consciência da proximidade. Doce
tortura. “Mas vou estar aqui. Quando você decidir o que realmente
sente...”
“Eu nunca virei para você.” Ela cruza os braços.

“Meio caminho... Estou sempre disposto a encontrar você no


meio do caminho.” Estendo a mão para ela, em seguida, empurro de
volta sem a tocar. “Divirta-se no seu encontro falso, Gabs, e
certifique-se de preencher o relatório de progresso com respostas
compostas por mais do que uma palavra. Você não gostaria que seu
chefe ficasse... quente e incomodado.”

Ela dá um passo em minha direção.

Dou um passo ameaçador em direção a ela.

Ian pergunta do corredor. “Tem sangue?”

“Nah”, respondo. “Mas eu sinto uma guerra se formando.”

“Merda,” Ian murmura.

“Então, o que vai ser?” Sussurro para Gabs. “Encontro no meio


do caminho? Ou você está com muito medo?”

“Eu não estou.” Ela está, eu posso ver isso em seus olhos. Ela
está com medo de me deixar entrar, com medo que eu a magoe, medo
de tudo.

“Hoje à noite,” digo.

“Es-ssa noite.” Ela endireita os ombros.

“Ninguém gosta de frangotes, Gabs.”

Ela lambe os lábios e se inclina para frente. Hálito quente se


espalha no meu pescoço enquanto ela sussurra no ouvido: “Mas todo
mundo gosta de um pinto?” Dor aguda crava minha orelha enquanto
ela morde e depois recua.

Que Diabos? Ela mordeu com força suficiente para perfurar


minha orelha. Forço um sorriso, impedindo-me de esfregar o local..

Gabs se transformar em um vampiro teria me chocado menos.

Eu agarro o braço dela com toda a intenção do mundo de


trancá-la no meu quarto e nunca deixá-la sair da maldita casa, mas
Ian está ali, esperando no corredor, digitando mensagens de texto
para alguém em seu telefone.

“É melhor não deixar Steve esperando”, respiro, então


murmuro, “Mais tarde.”

Ela me dá um aceno fraco, evasivo e se afasta. Enquanto isso,


Ian me dá uma saudação com o dedo do meio e sai com Gabs,
enquanto meu corpo cede com a decepção.
Capítulo vinte e cinco
Gabi

“Eu ainda não vi você em ação. Isso deve ser divertido,” Ian
comenta quando me leva para o bar, onde Steve e eu teríamos nosso
encontro final. “Lembre-se, o último encontro é o que solidifica os
sentimentos da menina por ele. Você tem que romper com ele,
enquanto o faz parecer a melhor pessoa, ok?”

Eu balanço a cabeça. “Certo.”

“Então, tudo bem entre você e Lex?”

Minha cabeça vira tão drasticamente para a esquerda que sou a


minha própria versão de O Exorcista. “Claro. Por quê?”

“Ele colou uma caixa grande cheia de preservativos abertos na


porta do seu quarto, então me desculpe por querer ter certeza que
você não está chateada.”

Aceno para ele. “Não se preocupe, escondi absorventes em cada


canto e recanto que eu pude encontrar do quarto dele. Ele vai ficar
procurando por anos. Quando ele tiver oitenta anos e ainda viver no
mesmo quarto e estiver comandando todo o universo a partir do seu
computador, ele ainda vai encontrar tampões.”

Ian ri. “Lex odeia as merdas femininas. Odeia. Parte de mim se


pergunta se é por isso que ele nunca realmente ficou sério com
alguém. Eu acho que qualquer coisa que o faz pensar em conviver
com mulheres, o assusta.”

“Oh?” Eu engulo o caroço na minha garganta. “Você quer dizer


que não acha que ele poderia nunca... se comprometer?”
“Lex nunca sequer teve um animal de estimação. Não por falta
de tentativa. Ele matou o nosso último peixinho, simplesmente ao se
esquecer de alimentá-lo. Lembra-se daquela planta que tínhamos no
primeiro ano? Eu a coloquei em seu quarto, pensando 'Ei, ela está
viva, se pudermos confiar nele com uma planta, podemos pegar outro
peixe.'“

“E?” eu pergunto rapidamente.

“Uma semana depois, a planta morreu, e quando eu lhe pedi


para jogá-la fora, levou cinco semanas, porque ele não tinha tempo
para mexer com algo tão simples.”

“Mas ele não é realmente um cara de plantas,” digo


defensivamente.

“Meu ponto” – Ian vira para o estacionamento do Maybe, o bar


aonde vamos nos reunir com Steve – “é que Lex não se compromete.
Nunca. Seus pais são legítimos cientistas loucos que cultivam ópio
para o governo, e eles também são divorciados e ainda brigam muito.
Ele está sobrecarregado. Um gênio que fica com garotas o suficiente
para mantê-lo feliz. Lex irá provavelmente se converter ao catolicismo
e se transformar em um sacerdote antes que consiga fazer algo como
sossegar. A última coisa que ele quer é ser infeliz como seus pais.”

“Ouch. Meio áspero.”

Ian franze o cenho. “Você está defendendo o mesmo cara a


quem se referiu como o Anticristo?”

“Não!” Eu levanto minhas mãos. “Apenas fazendo perguntas.


Você sabe como eu fico quando estou nervosa,” minto por entre os
dentes. O que eu estou fazendo? Eu sei que Ian está certo. Mas,
aparentemente, sou uma menina estúpida porque ainda estou
brincando com a ideia de aceitar o desafio de Lex. Esta noite. A
promessa sussurrada queima através do meu cérebro, apenas para se
transformar em um neon com setas piscando apontando para ele.

Eu solto um gemido.
“Você vai ficar bem,” Ian me assegura como os melhores amigos
devem fazer. “Blake vai nos encontrar depois de seu treino, por isso
vamos estar em outra mesa, certo? Entrar, acabar com isso, sair.”

“Certo.” Eu pulo do carro, minha mente uma bagunça confusa


e não por causa do nerd Steve, mas por causa do estúpido Lex.

Estúpido. Estúpido. Lex.

“Steve!” Sorrio brilhantemente quando o vejo à minha espera no


bar. “Você está pronto para um show?”

“Sim.” Ele já está suando. “Ela tem me mandado mensagens de


texto quase todos os dias. Você acha que é um bom sinal?”

“Sim, de acordo com nossa pesquisa.”

“Sim.” Steve chama o barman. “Duas vodcas com soda.”

“Então!” Bato minha bolsa sobre a mesa. “Você vai puxar toda
essa merda de novo?”

“Uhhh.” Steve olha em volta. “Gabi, você está bem?”

“O que? Você acha que eu não sei?”

“Saber o quê?” Os caras são tão estúpidos. Eu chuto sua perna,


pedindo-lhe para jogar junto.

Franzindo a testa, ele esfrega sua canela.

“Eu sei que ela tem mandado mensagens de texto para você.
Quem é ela?” Stella está trabalhando no bar naquela noite. Ela troca
rapidamente de lugar com o outro barman e se aproxima de nós.

“Ela é... minha amiga,” Steve diz defensivamente. “E daí? Nós


conversamos.”

“Bom, Steve.” Eu digo o nome dele toda chorosa. “Vocês


conversam? E o que? Nós não conversamos?”

“Você não me entende,” Steve sussurra. “Sinto muito, mas você


apenas não...” Ele engole em seco. Eu sei que é difícil para ele ser
cruel. “Você não é como eu... você não é como ela.”
“O que isto quer dizer? Ela é o que você quer? É isso que você
está dizendo?”

A menina vai acabar conseguindo abrir um buraco no balcão,


de tanto que o está esfregando com força.

“Sim, ela é.”

“Eu acho que eu vou embora, então.” Levanto-me e viro. “Você


percebe que está dizendo não para o melhor sexo da sua vida, certo?”

“Eu duvido disso.” Ele ri enquanto suas orelhas ficam rosadas.

“Você que vai sair perdendo.” Dou de ombros.

A menina praticamente pula em defesa dele. “Não, eu acho que


ele vai sair ganhando.”

“Tanto faz.” Eu caminho na direção da mesa de Ian no canto.


Blake ainda está vestida com seu agasalho de treino e comendo uma
pilha de nachos. Está além de minha compreensão como ela consegue
comer como um cara e não ganhar nenhum peso.

O aplauso lento de Ian foi encorajador. “Outro cliente feliz?”

Viro-me a tempo de ver Steve chupando o rosto da garota de


seus sonhos. “Sim.” Eu rio. “Honestamente, é uma sensação boa,
ajudá-los.”

O sorriso de Ian fica sério. “Eu sei que Lex revisou todas as
regras com você, mas eu quero que você memorize as regras para
namoro e as dez melhores jogadas.”

“Jogadas?” Eu repito.

Blake bufa. “Como The Gentleman’s Kiss – O Beijo do


Cavalheiro.”

“Huh?” Eu começo procurando freneticamente no meio do


fichário. “O que é The Gentleman’s Kiss?”

“No seu caso, The Lady’s Kiss – O Beijo da Senhora.” Ian


recosta-se na cadeira. “Blake, você gostaria de explicar?”
“Chegue mais perto, mas não perto demais.” Blake mastiga seu
chip e engole. Então ela pega outro chip e o acena enquanto continua.
“E, em seguida, roce os lábios nos dela, mas não com força, e faça
com que ela se incline em sua direção. Os beijos mais quentes não
são os apaixonados, mas sim os lentos que permitem que um fogo se
inicie, aquecendo você de dentro para fora.” Crunch. Ela sorri quando
morde o petisco.

“Quem te machucou?” Isso digo a Ian enquanto ele revira os


olhos.

“É fácil.” Ian puxa um fichário gigante e aponta para alguns


gráficos. Eles tem gráficos! Por que eu nunca vi este manual mágico
antes? “Só memorize todas as principais jogadas, e se você não
souber o que fazer em uma situação, recorra ao manual. Sempre
recorra ao manual.”

“Droga Lex.” Fecho a capa do fichário. “O que? Ele esteve


jorrando todo esse treinamento idiota apenas para ver se conseguiria
me quebrar?”

Ian fica em silêncio.

Blake olha para longe.

“Gente!”

Ian levanta as mãos. “Ele queria ter certeza de que você poderia
lidar com o trabalho sem a nossa ajuda, o que você claramente fez.
Assim... Bem-vinda à equipe.” Ele estende sua mão.

“Por que sinto que estou apertando as mãos do diabo?”

“Não seja dramática,” Ian diz enquanto nossos dedos se


agarram. “Nós o deixamos em casa.”

“Hah.” Minha risada é fraca, meus joelhos instáveis enquanto


desmorono contra a cadeira.

Blake empurra o guacamole em minha direção. “Chip?”


“Não”, eu resmungo com o estômago, de repente, meio
revoltado. Estúpido Lex, eu vou matá-lo. Eu o beijei apenas para
provar que era capaz!

Eu o beijei.

Para provar.

Que era capaz.

E então passei meu tempo precioso seguindo-o por aí,


pendurada em cada palavra do treinamento, apavorada com a ideia
de fazer algo de errado, apenas para descobrir que poderia ter apenas
memorizado um manual estúpido ao invés de ser jogada na fornalha
ardente!

“De jeito nenhum!” Eu pulo de pé. “Aquele desgraçado! Ele me


beijou! Ele me pressionou!”

Ian abre um sorriso. “É o procedimento padrão com nossos


clientes.” Ele está claramente compreendendo sobre o que eu estou
chateada. “Nós testamos o seu conforto em situações físicas,
portanto, o beijo. Então Lex fez o mesmo com você como parte de seu
treinamento para que você pudesse experimentar em primeira mão.
Por favor, Lex fez isso para deixá-la louca. Ele provavelmente tomou
um banho de água sanitária depois.”

Blake e eu olhamos em sua direção.

“Não porque precisava!” Ian diz rapidamente. “Porque ele te


odeia.” Ele engole em seco. “E agora você me odeia?”

Blake revira os olhos e mastiga mais chips, ainda não dizendo


uma palavra.

“Nada de sexo esta noite, docinho?”

Ela joga um chip em seu rosto, e o que se segue é uma


conversa muito descritiva sobre como Ian tinha instruído Lex a me
treinar –incluindo o manual. Ele o fez prometer fazer os testes físicos
como fazem com todos os clientes, mas eu deveria receber o manual
para ajudar – assim eu teria informações para consultar, não me
debatendo em um esforço para provar a mim mesma para
entretenimento de Lex! Ele basicamente transformou algo semi fácil,
em algo extremamente difícil! Para sua própria diversão?

A cada confissão, estremeço ainda mais, até que finalmente


Blake coloca sua mão através da mesa e agarra a minha. “Acho que
isso não é como as coisas aconteceram?”

Deixo escapar um rosnado baixinho. “Vamos apenas dizer que


eu não memorizei o manual ainda.”

Os olhos de Ian se estreitam. “Mas Lex diz que você foi


treinada.”

“Certo.” Eu balanço a cabeça, então pego minha bolsa e as


chaves e corro para fora da porta, agradecendo minhas estrelas da
sorte por ser uma noite movimentada e a rua estar cheia de táxis.

Lex tem algumas explicações a dar. Pena que eu o mataria


antes que ele tivesse a chance.

Sorrio todo o caminho para casa.


Capítulo vinte e seis
Lex

A porta da frente bate.

Pisadas fortes soam pela casa até que param de repente. O


cabelo na parte de trás do meu pescoço se levanta lentamente com
atenção quando Gabi aparece no canto do meu olho.

A sala parece um pouco pequena demais para nós dois.

“Gabi.” Eu balanço a cabeça em sua direção, em seguida, olho


para a TV.

“Lex.” Ela cospe meu nome como se fosse a coisa mais maligna
que já tivesse atravessado aqueles seus lábios.

Oh! Inferno, vai haver um banho de sangue.

Ela se move para frente da TV, as mãos nos quadris, olhos


lançando estrelas ninja em minha direção. “Seu desgraçado.”

“Gabs...” Eu coço a cabeça. “Nós podemos não fazer isso agora?


Está passando Dateline.”

“Oh, você não quer fazer isso?” Sua voz sobe uma oitava. “Aqui?
Agora?”

Suspiro. “As calcinhas de vovó de alguém estão um pouco


torcidas na bunda, hmm?”

“Eu não uso,” ela cerra os punhos e marcha, parando em


minha frente. Franzindo o lábio em um grunhido, empurra meu peito
com tanta força que acabo batendo contra o encosto do sofá. “Você fez
eu pensar que precisava provar a mim mesma com apenas o
treinamento que você estava me fornecendo! Você mentiu!”

“Bem, você está na faculdade, e a vida não lhe dá um manual


para isso...”

“Eu vou estrangular você!”

Um sorriso se espalha no meu rosto. “Posso declinar?


Asfixiofilia não é realmente...”

“NÃO!” Ela grita, batendo as palmas das mãos contra meu


peito. “Você me fez te beijar! Você esteve basicamente esperando que
eu falhasse com Steve! Eu fiquei uma bola de stress e nervos por
causa de você! ‘Cartilha’ diz alguma coisa para você?”

Começo a rir. “É com isso que você está chateada? Gabs! Eu


treinaria qualquer funcionário dessa maneira; foi tudo um teste para
ver se você poderia tomar uma direção sem a ajuda do manual. Você
passou. Parabéns. Agora,” – agarro seus quadris e a coloco de lado –
“hora de assistir assassinatos em série.”

Ela rosna.

Dou de ombros e continuo assistindo.

E, em seguida, uma almofada do sofá aterrissa contra o meu


rosto, sufocando-me forte. Eu empurro de volta, mas ela está em cima
de mim, com os punhos batendo contra a almofada.

“Já chega!” Fico de pé, agarrando a almofada, suas pequenas


mãos tentando pegá-la de volta enquanto ela bate contra a mesa de
centro.

“Minha bunda!” Ela grita. “Está ferida!”

“Não está ferida!” Eu grito de volta. “Gabs, você caiu um


centímetro e meio.”

Ela se levanta, esfregando seu traseiro, encarando-me


enquanto lança punhais para mim. “Durma com um olho aberto,
Luthor.”
“Estou desapontado.” Jogo a almofada para o lado e mudo de
assunto. “Não vai aceitar a minha oferta? Muito... Receosa?”

“Receosa!” Ela gargalha “Ahá-há!” e, em seguida, vem


mancando em minha direção. Talvez ela realmente tenha machucado
alguma coisa. “Talvez eu apenas não esteja interessada.”

“Aw, Gabs.” Estendo a mão para o corpo dela e a puxo contra o


meu. “Todo mundo está interessado.”

“Eu prefiro socar sua boca a beijá-lo”, ela cospe.

“Eu vou deixar você fazer as duas coisas se você não tirar
sangue.”

Ela recua com sua mandíbula afrouxando, então balbucia,


“Você está doente.”

“Vai cuidar de mim?” Estou apenas meio brincando. Eu pensei


que ela fosse rir.

Em vez disso, seu rosto congela.

“Gabs?”

“Você cuidou de mim”, ela sussurra, como se ela estivesse


chateada com o fato.

“Hã?”

“Quando eu estava doente.”

“Lembro-me que tinha motivos egoístas. Estava realmente


apavorado que você estivesse se transformando em um zumbi, e eu
queria conquistar o direito de receber uma medalha presidencial de
Honra ao Mérito ao parar uma pandemia mundial.”

“Certo”, ela murmura, em seguida, acena no ar. “Eu vejo você


mais tarde, Lex.”

Eu faço uma careta. “Gabs espere.”


Seus passos desaceleram, mas ela não se vira. “Para que, Lex?”
Ela pergunta com uma voz pequena, apertada. “O que você quer de
mim?”

É a pergunta perfeita.

Eu tenho a resposta certa.

Eu só não sei como conseguir fazer com que as palavras saiam


da minha boca. Então eu a deixo ir embora.

Cada passo que ela dá para as escadas faz com que eu me sinta
como se estivesse sendo asfixiado, com alguma coisa pressionando
em volta do meu pescoço, como se ela fosse minha única fonte de ar e
eu tivesse fechado, desligado.

“Merda.” Eu tento voltar para o programa de TV que estava


assistindo, mas agora são apenas pessoas que se deslocam ao redor
da tela, e a garota que eu quero – a única que já quis – está lá em
cima, provavelmente confusa pra caramba por causa de minhas
tendências de esquentar e esfriar.

“Droga.” Eu pulo e subo as escadas de dois em dois conforme


caminho para o quarto dela. “Gabs?” Bato duas vezes. “Abra.”

Nada.

“Gabs!” Deixo escapar um gemido. “Por favor, é importante.”

“Quão importante?” Vem a voz diretamente atrás de mim.

Giro nos meus calcanhares, em seguida, caio para trás contra a


porta fechada, minha bunda beijando a maçaneta quando vejo sua
forma úmida pingando.

“Meu chuveiro não está funcionando, então eu usei o seu e


certifiquei-me que todas as minhas partes femininas ficassem sobre
suas paredes. Então, se você não tiver água sanitária...”

“Eu gosto das suas partes femininas”, digo enquanto caminho


lentamente até bem perto dela, invadindo seu espaço pessoal, ou
melhor, meu espaço – considerando que ela está no meu quarto.
Foi a coisa errada a dizer. Seus ombros despencam. “Lex, eu
acho que estou falando por toda a população feminina quando digo,
sim, nós sabemos.” Ela tenta me evitar.

Eu bloqueio seu caminho, pressionando as mãos contra a


moldura da porta que dá para o corredor.

“Por quê?” Foi tranquilo, uma oração desesperada quando ela


olha para mim por debaixo daqueles cílios escuros. Eu sempre fui
uma pessoa de olhar nos olhos, sempre amei o quanto eles revelam
sobre uma pessoa, e sou um idiota por não perceber quem ela era há
quatro anos.

E veja como a história continua a se repetir.

“Eu sou um idiota.” É bom dizer isso em voz alta.

Gabs estende a mão e toca minha testa, em seguida, sussurra:


“Ou os zumbis dominaram você ou você está usando drogas.”

Eu agarro a mão dela e a seguro junto à lateral do seu corpo,


em seguida, com a minha mão livre jogo sua toalha ao chão.

Ela não vacila.

Seus seios são perfeitos, sua cintura apenas feita para as mãos
de um homem – minhas mãos. Mas não é seu corpo que está fazendo
a mágica. São seus olhos, sua confiança, seu conhecimento que me
atraem lentamente e, em seguida, de uma só vez. Eu não tenho
escolha a não ser cair na essência que é Gabi.

Tremendo, estendo a mão para seu rosto e a puxo para mim,


cobrindo sua boca com a minha, selando nosso destino.

Eu silencio seu suspiro, levantando-a no ar conforme nossas


línguas lutam entre si pelo domínio. A menina não vai desistir e eu
não quero isso de outra maneira.

A energia entre nós explode quando ela agarra meus ombros,


cavando seus dedos em meus músculos como se estivesse se
preparando para uma batalha.
Com um grunhido, eu bato contra a lateral da porta, quase a
levando para fora de suas dobradiças.

Gabi está em toda parte.

Nua em meus braços, contorcendo-se, seu cheiro na minha


boca, cercando-me. Eu não posso beijá-la com força suficiente
enquanto luto para recuperar o controle da situação, para ganhar a
vantagem que vejo escapulindo enquanto seu corpo balança contra o
meu.

Seus quadris contra os meus.

“Droga”, respiro contra sua boca, meio esperando que ela me dê


uma cabeçada e pule fora. Eu não tenho ideia de que a violência, o
ódio, entre nós acabariam provocando uma chama que explodiria
tudo o que tocasse.

Ela desliza contra mim lentamente, e meu pau se estica contra


o meu jeans quando a pressão de seu corpo me provoca.

Uma vez que seus pés descalços tocam o chão, ela me empurra
para trás, dando-me a ideia de que precisava de espaço.

Inferno, ela não é a única.

O que diabos estamos fazendo?

“Eu te odeio”, ela finalmente diz, quebrando o silêncio.

Eu sorrio. “O sentimento é inteiramente mútuo.”

“Conversa foi boa?” Seu sorriso transforma seu rosto inteiro.


Maldição, ela é a perfeição.

“Sim, Gabs.” Estendo a mão para ela novamente, agarrando seu


pulso, esperando que ela volte para o meu clima para eu possa sentir
seu perfume. “Boa conversa.”

Balançando a cabeça, ela dá um passo, em seguida, dois em


minha direção. Ela apoia as mãos contra meu peito, enviando ondas
de calor através de meu organismo, então as desliza ao redor do meu
pescoço.
Nós estávamos nos abraçando.

Abraçando.

Toda a tensão deixa meu corpo naquele instante.

Toda aquela situação parece tão certa que me deixa sem


palavras sobre como um simples abraço está expondo toda
vulnerabilidade, quebrando todas as defesas que eu já coloquei de pé
quando se refere a Gabs. Ela poderia muito bem pegar uma faca e me
ferir, olhando para dentro.

Porque minha fraqueza sempre foi ela, sempre seria dela.

E agora? Parece que ela sabe disso.

Eu a seguro mais apertado contra mim, minhas mãos


lentamente dançando nas suas costas enquanto respiro fundo; o ar
está saturado com ela.

“Sua escolha”, eu sussurro com a voz rouca. “Você ainda quer


isso?”

Ainda quer isso. Por favor, Deus, faça com que ela queira isso.

Nenhuma resposta.

Rejeição toma conta de mim conforme freneticamente procuro


por cada maldita pedra do muro que ela havia acabado de destruir.
Eu preciso reconstruir, para fixar a armadura em volta de mim.

Eu engulo um caroço gigante na minha garganta quando ela


anda ao meu redor.

Indo para longe. Só que desta vez, quem está saindo é ela, não
eu, e eu sei que mereço cada momento da rejeição que ela está me
mostrando quando passa por mim, em seguida, puxa meu corpo
completamente para dentro do quarto e fecha a porta.

O som da minha porta sendo trancada pode muito bem ter sido
um meteoro atingindo a Terra.

Eu tenho medo de virar.


Pequenas mãos tocam meu corpo e, em seguida, envolvem
minha cintura quando Gabs planta o rosto contra minhas costas. “Eu
ainda quero isso.”

Baixo a cabeça. “Graças a Deus.”

Sem lhe dar outra chance de dizer não, eu a pego em meus


braços e a levo para a cama. “Você sabe que isso não muda nada,
certo?”

Gabi não perde tempo. Ela sorri – ainda nua – e estende a mão
para abaixar a minha cabeça para a dela. “Você ainda é um
bastardo.”

“E você ainda é um pé no saco.”

“Ok.”

Eu lambo seus lábios.

Ela devolve o favor.

“Ok.”
Capítulo vinte e sete
Gabi

A situação toda parece irreal, como se eu estivesse pairando


sobre meu próprio corpo, assistindo às coisas acontecerem, ofegante,
prendendo a respiração, esfregando os olhos, e perguntando-me se
estou sonhando.

Eu sempre o quis.

Há um cabo-de-guerra entre minha cabeça e meu coração.

Minha cabeça me lembra de todas as situações em que ele foi


um ser humano completamente horrível, enquanto meu coração
guarda as boas lembranças sagradas.

Quando éramos mais jovens e ele bateu nas crianças que


tiravam sarro de mim porque eu vestia roupas usadas.

Ou o momento em que ele me ensinou a dançar, para que eu


não parecesse estúpida no meu primeiro baile como caloura no
ensino médio. Então ele se mudou do nosso distrito escolar, e nós
perdemos o contato.

Ele e Ian ainda saiam juntos, mas ele havia desaparecido do


meu mundo.

Até meu último ano do ensino médio, quando vim para aquela
festa de Natal no campus.

Foi a nossa virada de jogo.

O jogo.
Seja a Cinderela no baile e o príncipe a levará para casa, certo?
Não é assim que a vida funciona? Em vez disso, o príncipe me beijou,
em seguida, insultou, rejeitou, e assim começou a guerra.

Eu acho vou gostar mais de fazer amor...

“Lex,” suspiro enquanto ele invade minha boca uma e outra


vez, como se não pudesse se fartar do jeito como nossos lábios
deslizam um contra o outro. A sensação crua de suas mãos ásperas
esfregando minhas costelas faz eu me arquear para fora da cama a
cada momento.

“Adoro que mesmo agora, quando você diz meu nome, eu ainda
fique um pouco aterrorizado que você vá me atacar.” Lex ri
sombriamente contra o meu pescoço.

Meu riso se transforma em um gemido. “Você... está ...”

Seus lábios encontram minha orelha, e então ele está fazendo


algo com sua língua, enquanto as pontas dos dedos deslizam pela
minha pélvis. “O que você ia dizer?”

“Não faço ideia.” Eu tinha ouvido rumores de que Lex é tão bom
na cama que foi capaz de dar a uma menina três orgasmos ao mesmo
tempo que estudava para um teste de Ciências Políticas. Algo sobre
estar com fichas de anotações sobre a fronha.

Meu ponto?

Os rumores.

Eles são verdadeiros.

Então... “Caramba, Lex, isso é muito.”

“Nenhuma frase, Sunshine.” Lex me coloca na posição sentada.

Confusa, olho em volta. Ele ainda está com suas roupas. Eu


estou nua, contorcendo-me debaixo dele como...

“Nenhuma dessas caras são permitidas no interior deste


santuário”, ele brinca, seus olhos escurecidos. “Venha aqui.”

Eu não me mexo.
“Tudo bem.” Ele tira a camisa, expondo-me a tanta beleza
masculina que encontro dificuldade em respirar. Ele se levanta
lentamente abrindo a calça, antes de deixá-la cair no chão e a chutar
para longe. “Vulnerabilidade encontra vulnerabilidade, certo?”

Eu concordo silenciosamente quando ele mergulha seus


polegares em sua cueca boxer e, em seguida, a remove também.

Meus olhos ficam colados ao espaço na minha frente, o espaço


que ele ocupa, enquanto muito corajosamente fica nu em minha
frente, com os músculos tensos.

“Você pode dizer que: minhas habilidades de stripper são


péssimas.”

“Certo,” resmungo. “Porque era isso que eu estava pensando.”

“Gabs...” Ele estende a mão, com a palma para cima. “Podemos


levar as coisas mais devagar.”

“Não.” Balanço a cabeça vigorosamente. “Não.” Oh, não. Eu vou


fazer isso. Eu vou chorar. Não, não, não, não.

“Ei, ei, ei.” Lex me puxa para seu colo. Agora nós dois estamos
nus, e eu estou sentindo muitas coisas em todos os lugares. Para não
mencionar o pânico que está crescendo no meu peito, imaginando ele
indo embora, que eu não sou boa o suficiente, que ele vai rir da
minha inexperiência.

Isso mudaria tudo.

Agora, se ele fizesse um comentário sexual sobre mim, ele me


destruiria, porque saberia a verdade.

“Prometa-me uma coisa,” sussurro.

“Ok, Sunshine”, ele diz gentilmente e me puxa mais para seu


colo. “Que tipo de promessa você precisa? É um daqueles juramentos
de sangue? Sempre tem que haver sangue?”

Eu sorrio. “Seja sério.”


“Oh.” Ele balança a cabeça e começa a se mover embaixo de
mim, a pressão ligeira faz com que eu perca minha linha de
pensamento. “O que é esta promessa que você precisa?”

“Isso fica aqui,” eu solto. “Seja o que for, permanece aqui. Não é
uma zona de jogo, certo? Quando sairmos por aquela porta e ainda
sentirmos a necessidade de gritar e empurrar e jogar facas...”

“Você tem facas?” Ele repete incrédulo.

Eu faço uma careta. “Bem, lá embaixo na cozinha. Estamos


desviando do tópico. Isto, entre nós, não podemos usar contra o
outro. Sem munição. Manter o interior do santuário...”

“Sagrado”, completa.

Eu relaxo contra seu peito, mesmo sem perceber o que está


acontecendo. Eu estou em seus braços, nua, compartilhando um
momento de vulnerabilidade completa e total como se fosse normal, e
Lex está respondendo como um ser humano.

“Concordo.” Ele beija meu pescoço. “E eu prometo.”

Meu gemido de aprovação deve ter sido encorajador o suficiente


para ele continuar conforme move a mão entre nossos corpos. “Shh,
não entre em pânico.”

“Estou em pânico”, eu digo estupidamente.

“Relaxe.” Sua boca é quente contra a minha orelha. “Isso é


natural. Normal... Você vai gostar.”

“Tem certeza? Talvez eu não goste e então acabe decepcionando


você e serei demitida!”

Lex começa a rir. “Isso não faz parte do teste, Gabs. Você não
vai falhar.”

Eu soluço em constrangimento. “Como você sabe?”

“Porque você é Gabi”, ele diz simplesmente. “Você conseguiu no


minuto que você entrou na minha vida e chutou minha bunda. O
fracasso não é realmente uma opção no que se refere a você. Além do
que”, ele balança contra mim “parece que você está falhando?”

“Não.” Eu me afasto para ver seus olhos. “Parece que você...


pode estar sentindo uma coisa por mim.”

“Grande coisa.”

“Eh, coisinha pequena.”

“Enorme.” Ele assente.

“Eu não sei se poderia exagerar este tanto, mas com certeza,
cada um na sua,” eu provoco.

“É isso aí.” Eu estou no ar, e então ele me joga de volta contra o


colchão e paira sobre mim. Sua cabeça desce, e, em seguida, tudo o
que eu tomo conhecimento são seus beijos.

Seu toque.

Seus murmúrios suaves.

A sua respiração quando seu ar torna-se o meu.


Capítulo vinte e oito
Lex

O orgulho vem antes da queda.

Eu sempre me orgulhei por ser capaz de catalogar cada tipo de


mulher em pequenas caixinhas com pequenos rótulos colados.

Gabi não tem uma caixa.

Não tem um rótulo.

E sempre que eu tentei empurrá-la para onde achava que era o


seu lugar, ela se rebelava e chocava-se contra mim.

Eu sei.

O sexo seria exatamente do mesmo jeito.

Eu não poderia ser o Lex que sempre costumava ser na cama,


porque ela é diferente, nossa situação é diferente.

E eu preciso rotular isso de forma diferente. Por mais sem


romantismo que isso possa soar, para mim é puro romance, porque
para um cara que pensa em códigos – um cara que tem um rótulo,
um lugar para tudo em sua vida?

Ela.

Não.

Encaixa.

Em nenhum deles.
“Apenas diga se isso for depressa demais”, sussurro contra
seus lábios inchados. “Diga-me se isso doer, grite quando for gostoso.
E eu não sou contra você dizer o meu nome de novo” – beijo o canto
direito da sua boca, onde os lábios se espalham em um grande sorriso
– “e de novo” – eu me mudo para o outro lado, não querendo que ele
sinta ciúmes – “e outra vez” pressiono minha boca contra a dela. A
sensação de seus lábios tocando os meus, o gosto de seu sabor único,
é tão assustadoramente excitante.

Então de novo.

Eu sei.

Eu sempre soube disso.

“Ok.” Gabs assente, e um arrepio a atravessa. “Por enquanto,


beijar é bom.”

“Gabs...” Eu me afasto, observando-a com o olhar mais sério


que consigo reunir. “O beijo precisa ser bom.”

“Oh.”

“Serei demitido?” Eu provoco.

Gabi começa a rir e, em seguida, segura a parte de trás da


minha cabeça, batendo nossas bocas juntas em um beijo tão quente
que eu quase desmaio.

Nossos lábios provocam e minha língua acena, deslizando


contra a dela, recuando, lutando pelo domínio, enquanto pressiono
minha palma contra seu peito, os dedos espalmados pela sua carne
cremosa.

Gemendo, ela se move contra mim quando eu roço minha mão


pelo seu lado, chegando entre nós, explorando, à espera que seu
corpo corresponda à minha exploração.

No minuto em que meus dedos roçam o centro do seu corpo,


ela para de me beijar. Levanto a cabeça, observando sua expressão.

E continuo pressionando ligeiramente, onde sei que ela precisa.


Seus olhos se prendem nos meus.

Observando meu rosto enquanto dou prazer a ela.

Ficando desesperado com o desejo de juntar nossos corpos,


para tornar isso mais do que sexo, mais do que um momento onde
escudos foram baixados e uma bandeira branca está sendo balançada
entre nós.

Seus olhos se fecham enquanto ela se move contra mim.

“É isso aí”, sussurro ao longo de seu pescoço, suor começando


a fazer nossos corpos deslizarem um contra o outro. “Confie em mim.”

Eu nunca pedi sua confiança.

Gabi abre os olhos e sussurra, “Eu confio.” Quando ela explode


diante dos meus olhos, seu corpo ficando tenso antes que ela desabe
contra minha mão.

“Isso foi...” Eu estou com ciúmes de cada parte do meu corpo


que teve a experiência do prazer dela, ciúmes por não estar dentro
dela quando isso aconteceu. “Lindo.”

Com olhos nebulosos, ela traz minha cabeça para baixo para
um beijo. Seus lábios estão sensíveis. Eu me afasto e enfio a mão no
criado-mudo.

Com os olhos arregalados, ela me observa, e meu corpo maldito


responde como se estivesse realizando acrobacias de ação,
merecedoras de louvor e adoração.

“Você tem certeza disso?” murmuro, jogando a embalagem no


chão, rezando para que ela não diga que não, quando anseio pelo seu
sim.

Gabi pega minhas mãos. Nossos dedos ligados entre si, e então
eu os prendo acima de sua cabeça, expondo seus seios à minha boca
enquanto afundo meu corpo dentro dela.

Ela arqueia para fora da cama.


“Relaxe.” Meus lábios percorrem uma trilha em seu pescoço
liso, lambo seus lábios, em seguida, chupo um seio quando começo a
balançar meus quadris em um ritmo lento.

O corpo de Gabi fica completamente tenso.

“Confie”, insisto, diminuindo o ritmo.

Ela assente com a cabeça, em seguida, corresponde ao meu


beijo com fome crua enquanto começa a se mover embaixo de mim
por si só.

Meu corpo quer participar da festa, mas sei que ela precisa se
acostumar comigo... E se eu me mover junto com ela, isso vai acabar
antes mesmo de realmente começar.

“Parece... diferente,” diz ela com a voz rouca, suas mãos


subindo pelos meus ombros enquanto ela se contorce embaixo de
mim. Eu assisto com um sorriso se espalhando por todo o meu rosto
enquanto ela me usa, mesmo sem realmente saber disso.

“Você é linda”, digo suavemente. “Assim.”

Ela abre os olhos. “Preenchida... Estou preenchida.”

“Pelo meu corpo.” Eu não posso esconder o orgulho da minha


voz. “Agora, você está pronta?”

“Pronta?” Ela franze a testa. “Mas... Eu pensei que...”

“Sem piedade,” rosno contra seu pescoço, penetrando cada vez


mais dentro dela, tão profundamente que a minha visão fica turva
com a sensação disso. Por que nunca me senti assim antes?

Movimentando-me lentamente conforme Gabs agarra meu


bíceps, seus dedos pressionando meu músculo, deixando marcas.

Acelero o ritmo enquanto ela agarra com mais força. O suor


escorre da minha têmpora e cai sobre seus seios.

Olho para a pequena gota de suor quando rola entre os peitos.


A união de nossos corpos é a coisa mais perfeita que eu já
testemunhei.
Ela se estica debaixo de mim.

“Gabi...” Eu empurro mais rápido, sussurrando o nome uma e


outra vez enquanto ela empurra minha cabeça para a dela e os
nossos dentes batem uns contra os outros conforme lutamos por um
e outro beijo.

Absorvo seu gemido quando seu corpo se aperta em torno de


mim, e com um último impulso libero dentro dela os quatro anos de
espera. Estou dividido entre me sentir completo – porque estou
finalmente com ela – e chateado por ter esperado tempo demais,
maldição. Cada pedacinho de nós dois juntos parece a coisa certa,
mesmo que eu saiba que é errado agir pelas costas de Ian. Este
momento com ela, isso não é apenas sexo. O que explodiu entre nós
é... magia. Inferno, uma experiência sexual com Gabs está me
transformando em um tolo.

Nossos olhos se unem, e uma vida inteira de conversas são


travadas naquele olhar que ela troca comigo. Não é confusão, apenas
puro querer, desejo.

Quando lentamente nos separamos, nossos narizes ainda se


tocando, e eu ainda a beijo, não a afasto, nem sequer puxo para fora.

Porque ela não é qualquer garota.

Ela não é um caso de uma noite.

Ela é a garota que eu quero desde que piscou seus grandes


olhos verdes de gato para mim em desafio.

Eu te amo, quero dizer.

Em vez disso eu acabo soltando um “Isso foi incrível.”

O que acaba com Gabi me dando tapinhas nas costas e


replicando um “Você é muito bom...”
Capítulo vinte e nove
Gabi

O que faz uma garota depois de experimentar a mais incrível


felicidade humanamente possível na mão de seu maior inimigo? Dá
uma festa? Pula de um penhasco? Faz tudo outra vez?

Lex toma a decisão por mim, quando se levanta da cama e


caminha até o banheiro. O som da água é minha única sugestão de
que as coisas chegaram ao fim. Ar frio bate no meu corpo, lembrando-
me que estou nua e que eu tinha estado nua sabe lá há quanto tempo
com as mãos de Lex tendo estado em cima de mim. Meu corpo ainda
está tremendo com a constatação de que eu não sou mais a mesma.

Será que eu quero ser?

Eu faria isso de novo?

Sim. Mesmo que ele tecnicamente estivesse me dispensando de


sua fortaleza. Com um suspiro, pego o lençol frio e me enrolo o
melhor que posso.

Lex coloca a cabeça para fora da porta do banheiro e estende a


mão. “Venha aqui.”

“Você vai me afogar, Lex?” Provoco, dentes batendo com


nervosismo quando adrenalina continua a se assentar por todo meu
corpo. Eu preciso da brincadeira para quebrar a tensão insana que
sinto depois do que tinha acontecido. Caramba, acabei de transar
com Lex Luthor. Ian vai nos matar. Eu já saí com outros caras antes,
mas sei que Lex é diferente; ele é um galinha certificado, e eu estou
em sua cama. Se Ian descobrir...
Se ele descobrisse.

Se.

“Se” é minha nova palavra favorita. Eu vou fazer uma placa em


letras grandes e colá-la à minha porta.

“Gabs, não me interprete mal, meu pau realmente aprecia esta


encarada que você está dando agora, mas como não tem possibilidade
de outra performance por pelo menos mais uma hora, você precisa
parar antes que eu fique deprimido.”

“O quê?” Percebendo que meu olhar tinha estado colado abaixo


da cintura de Lex, eu dou um tapa na minha cabeça e pego um
sorriso brincalhão se espalhando por seu rosto esculpido. “Caralho.
Desculpe, acho que tive um apagão.”

“Boa.” Lex balança a cabeça, caminhando em direção a mim.


“Isso diz muito para a minha masculinidade, ser capaz de causar um
apagão em você e tudo mais. Agora traga o seu doce traseiro até
aqui.”

Lentamente, eu me levanto da cama e caminho em direção a


ele, de tal modo consciente da minha própria nudez que quase
mergulho de volta sob as cobertas e pra me esconder. Talvez se eu
fechasse meus olhos eu seria capaz de desaparecer?

Rindo, ele pega minha mão e me puxa pelo resto do caminho


para o banheiro. Agora, normalmente, eu estaria enojada. O banheiro
dos meninos? Nem sempre o mais limpo. Mas ambos, Ian e Lex, são
doidos por limpeza, por isso o banheiro de Lex está brilhando. Ele
ainda tem uma banheira de imersão separada do box.

Estar no banheiro de Lex é quase como estar em um hotel de


luxo.

Isso faz de mim uma vadia, estar nua ali duas vezes em um só
dia?

“Entre”, ele insiste. Suas mãos grandes pressionam meus


ombros quando ele gentilmente me empurra em direção à banheira.
“Eu prometo que você não vai se afogar, mas vou pegar um colete
salva-vidas só por precaução.”

“Ha-ha,” rio falsamente. “Isso foi uma piada sobre pessoas


pequenas?”

“Nã-ão.” Lex ri. “Eu nunca faria isso. A última vez que fiz piada
sobre sua altura, você jogou um garfo no meu rosto.”

“Teve sorte que não fiz pior” mergulho meu dedo do pé na


banheira; a água está deliciosamente quente. De repente, com frio,
coloco meu pé direito e, em seguida, levantei o meu esquerdo.

“Ok.” Lex me levanta em seus braços e me arremessa para


dentro da banheira, enviando água para os lados.

“Ei!”

“Bem-vinda.” Ele abre um largo sorriso, as mãos nos quadris,


ainda gloriosamente nu e parecendo não se importar.

Meus olhos querem se afastar, mas ele está tão confortável com
seu corpo e eu ainda me sinto como uma virgem. Nudez foi concebida
para ser coberta, certo? Mas com Lex, era como se ele me quissesse
em plena exibição o tempo todo. É completamente irritante para
alguém que nunca tinha sequer tido relações sexuais antes. E ele é
absolutamente lindo e parece me encorajar a beber minha dose e
voltar para repetir outras vezes e, para mim, ele parece do mesmo
jeito. Lambo meus lábios. Ele é tão... viril.

Por toda parte.

“Gabs,” Lex geme, esfregando uma mão sobre o seu rosto. “O


que eu disse sobre me encarar?”

“Er...” Eu empurro minha cabeça para trás e olho para a água


que está saindo da torneira. “Não faça isso?”

Lex joga algum sal de banho que faz espuma em montanhas de


baforadas brancas, com aroma de alfazema. Quando as bolhas chega
até a borda da banheira, ele fecha a torneira. Achei que ele estivesse
se preparando para sair, mas ele fecha a porta do banheiro e se
arrasta para dentro, na minha frente.

“Lex.” Eu dou uma lambida nos meus lábios enquanto calafrios


irrompem em meus braços.

“Hmm?” Ele se inclina para trás e exala. “O que é?”

“Estamos na banheira.”

“Nós estamos.”

“Juntos”, explico.

Ele olha em volta com falsa descrença. “Não me diga?”

“Lex!” Assobio, batendo a mão contra a água, fazendo com que


gotas salpiquem pelo seu queixo. “Este não é um comportamento
típico!” Para nós... Mas eu deixo essa parte de fora. Não é o
comportamento típico para ele também. Nós estamos rindo,
brincando, e completamente nus em sua banheira. Em que universo
alternativo acabei tropeçando? Em primeiro lugar, nós não ficamos
juntos e brincamos um com o outro, especialmente nus. E eu sei o
tipo de cara que Lex é. Comer e conquistar, em seguida, dar alguma
desculpa esfarrapada sobre sua casa estar em chamas ou seu
cachorro ter sido atropelado por uma lambreta.

Conforme as gotas percorrem o caminho pelo seu rosto, eu me


pergunto como ele consegue deixar esse banho sexy?

“E você sabe disso... Como exatamente?”

“Ele pergunta como!” Começo a rir. “Ian é meu melhor amigo.


Eu sei tudo sobre seus estranhos desastres domésticos!”

“Hã?”

“Vamos ver...” Dou batidinhas no meu queixo. “Alguns meses


atrás, seu porão inundou.”

“Isso aconteceu.” O idiota joga a cabeça para trás e ri.

“E antes disso foi o que? Um vendaval fez uma árvore cair na


cozinha?”
“Eu fiquei tão chateado.” Lex olha para a água e curva os
ombros, dando a impressão de que ele está tentando rastejar para
dentro de si mesmo. “Você sabe quanto custa consertar as janelas?”

“E eu acho que um uma das minhas desculpas favoritas: uma


infestação de abelhas.”

“Acontece o tempo todo. Confie em mim, pesquisei no Google.”

“Por que não me surpreende que você use o Google para


encontrar fatos estúpidos que junto à oportunidade de dormir com
uma garota depois de fazerem sexo, possam ser apresentados como
desculpa legítima para você ir embora, ou pelo menos, que pareçam
legítimos?”

“Quer que eu dê uma desculpa para você para que se sinta


melhor?”

“O quê?” Eu solto. “Não. Espere...” Franzindo as sobrancelhas,


estreito os olhos. “Você seriamente tem um monte de merdas
aleatórias dentro da sua cabeça, para puxar a qualquer momento, a
fim de safar de uma situação complicada?”

O rosto de Lex cai. “Eu estava tão preocupado...”

“Preocupado?”

“Com Ian...”

“Hã? Do que você está falando?”

“Quando ele me ligou e disse que o fogo começou no quarto


dele, entrei em pânico. Quer dizer, fui eu que esqueci o ferro ligado;
eu sou o idiota que estava tentando passar uma camisa antes da
minha entrevista com a Microsoft.” Ele faz uma pausa. “E é minha
culpa que parte da nossa casa, a casa em que vivi desde o primeiro
ano, agora tenha desaparecido.”

Meu queixo cai.

“Perdemos o seu peixinho dourado, Kevin.”

“Você tem um peixinho dourado chamado Kevin?”


“Ele morreu”, explica Lex. “Tente acompanhar Gabs.”

“Deixe-me adivinhar, foi por causa da inalação de fumaça?”

Lex sorri. “Como você sabe?”

“Os peixes não respiram.”

“Certo, mas a maioria das meninas não sabe disso.


Especialmente aquelas que não comem carne porque querem proteger
os direitos de todos os animais igualmente.” Ele faz uma pausa. “Uma
menina chegou a chorar.”

“Por causa de Kevin?”

“Ele era Edgar naquela época.”

“O seu peixe muda de nomes,” digo em descrença completa.

“Bem, não posso simplesmente usar a mesma história com o


mesmo peixe, Gabs.” Lex pega um pouco de sabonete, verde e com
cheiro de Natal. “Às vezes é Kevin que morre depois que o fogo chega
até a cozinha, outras vezes é Edgar na sala de estar.”

“Você tem literalmente o seu próprio quebra-cabeças, não tem?”

“O peixe.” Lex concorda. “Na lavandaria... com o fogo.”

Começo a rir. “Eu não consigo me decidir se você é um gênio,


um ser humano horrível, ou um pouco dos dois.”

“Vire-se.” Ele agarra meus quadris e fazendo-me deslizar de


forma que minhas costas estejam contra seu peito. Seus lábios roçam
minha orelha. “Um pouco de ambos, suspeito.”

Eu não tenho que esconder meu sorriso uma vez que agora
estou olhando para a parede. “Então, eu sou a sortuda, hein?”

“Como você sabe?”

“Nenhuma história falsa?”

“Eu não posso fingir que a casa está pegando fogo se você vive
nela Gabs, e eu acho que nós dois sabemos que se eu tivesse um
peixe, a taxa de sobrevivência do pobre bastardo seria, algo como,
zero vírgula um por cento.”

Suas mãos se movem suavemente pelas minhas costas e depois


pelo lado do meu corpo antes de me abraçarem. “Você está
machucada?”

Congelo. “Eu uh, não, talvez. Não tenho certeza. Eu realmente


não consigo pensar no momento.”

“Eu sinto muito.” Sua boca paira em volta do meu pescoço.


“Você pode ficar um pouco dolorida ao longo dos próximos dias...”

“Eu vou me certificar de dizer a Ian que é porque eu fui passear


a cavalo”, eu brinco.

Lex morre de rir, a boca tocando meu pescoço, os lábios


deslizando pela minha pele molhada. “Eu acho que você montou mais
ou menos, mas da próxima vez eu vou te dar uma lição melhor.”

Meus ouvidos se animam. Espere menina. Dormindo com o


inimigo, dormindo com o inimigo! “Da próxima vez?”

“Eu não queimei a casa, Gabs.”

“Ce-erto.” Arrasto a palavra. “Porque eu vivo aqui.”

“Isso não é minha única desculpa. Tenho centenas, milhares,


mas com você a minha única desculpa é um amigo em comum que
pode cortar minhas bolas se descobrir que eu respirei em sua
direção.”

Deixo escapar um suspiro ofegante. “Segredo, então?”

“Por agora,” ele concorda, virando-me para que pudéssemos


nos enfrentar.

Não sei se eu me inclinei em primeiro lugar, ou se ele o fez, mas


de repente nós estamos nos beijando de novo, sua boca cobrindo a
minha enquanto suas mãos deslizam pelo meu corpo molhado.

“Lex!” Ian grita do lado de fora da porta do banheiro.


Empurro Lex para longe conforme a água espirra ao longo dos
lados da banheira. “Eu pensei que a porta estivesse trancada?”

“O bastardo forçou a porta. Ele já fez isso algumas vezes antes,


mas só quando está irritado.” Lex xinga uma maldição. “O que, Ian?”

“Você está com alguém?” Pergunta Ian.

“Sim”, responde Lex.

Eu bato no seu ombro.

Ele articula um “ai.” “Mas ela está... nua.”

Bato minha mão contra a testa. Idiota.

“E doente.”

“Doente?” Eu gesticulo com a boca sem fazer nenhum som.

“O que quer dizer com doente? E que diabos, homem? Você


conhece as regras sobre meninas em casa à noite!”

“Ela vomitou em todo o lugar.” Lex dá de ombros e, em seguida,


diz, “Está tudo bem, baby, deixe-me sair.”

“Credo,” resmungo, e depois faço um ruído choramingando,


fazendo com que Lex comece a rir e perca a compostura.

“Tipo uma gripe?” Ian parece horrorizado. Então, novamente,


Ian é uma daquelas pessoas que acreditam em quarentena se alguém
tivesse algo como um simples resfriado. Ele carrega lenços
umedecidos consigo para todos os lugares.

“Sim, talvez seja gripe suína. Ela não parece bem, homem, de
jeito nenhum. Eu não entraria... oh! merda!”

“O quê?” Ian grita. “O que aconteceu?”

“Você não tocou a maçaneta, não é?”

Ian começa a praguejar. “De que outra forma eu deveria


arrombar, seu idiota? Por que você não me contou antes?”

“Por que eu deveria? Foi você que veio arrombando e entrando!”


“Você não atendeu ao telefone, e é importante.”

Lex me empurra, murmurando a palavra “tosse.”

Eu começo a tossir descontroladamente e a gemer.

“Cara, seja o que for, isso vai ter que esperar. Na verdade, se eu
fosse você, iria até a loja e compraria um pouco de vitamina C para
misturar na sua água.”

“Eu não posso ficar doente.” Ian geme. “Eu estive doente há
algumas semanas. Eu quase morri com a peste, Lex. Que diabos?
Você conhece as regras sobre as meninas em nossa casa!”

“O que você quer que eu faça? Ela estava tremendo!”

“Não traga vadias!” Ian grita. “Merda, eu vou até o Walgreens.


Eu vou voltar e, em seguida, podemos conversar, mas vou comprar
uma máscara para você.”

“Tchau, Ian!”

“Filho da p...” Ian pode ser ouvido xingando até que uma porta
bate.

“Quer saber outro fato inútil?” Pergunta Lex.

“Estou ouvindo.” Corro minhas mãos sobre seu cabelo raspado.

Lex se inclina para mim e dá um beijo contra minha boca. “A


Walgreens mais próxima é a quatro quilômetros da nossa casa. Com o
tráfego, são uns bons quinze minutos na ida e na volta, e depois
adicione, possivelmente, dez minutos de Ian tentando localizar o que
precisa. Você sabe como ele se distrai facilmente.”

“Você está me dizendo que temos perto de quarenta minutos


até que ele esteja de volta?”

“Quarenta minutos, mais ou menos e alguns segundos.”

“Se tivéssemos algo para fazer,” eu provoco.

Lex sorri. “Aqui está uma ideia...”


Meu sorriso some enquanto suas mãos chegam aos meus
quadris e me levantam até seu colo. “Você sabe, assim de cabeça.”

“Você está certo.” Eu seguro seu rosto. “Você é um gênio.”

“Gênio do mal para você, Sunshine.”


Capítulo trinta
Lex

“Bastardo!” Gabi está fervendo.

Eu bocejo conforme balanço seu sutiã na minha frente. “Gabs,


é melhor se apressar e se vestir; quer dizer, temos apenas cerca de
dois minutos até que Ian chegue.”

Os olhos de Gabi brilham. “Lex. Sua mão sobre o sutiã. Que


diabos você fez? Vasculhou meu armário enquanto eu estava no
chuveiro?” Gabs está de jeans e se encontra no processo de colocar a
camiseta quando eu balanço um dos seus sutiãs no ar.

Claro que sim. Eu poderia morrer uma morte doce e lasciva


naquela gaveta de roupas íntimas. O que deveria ter tomado um
minuto levou cerca de quatro com tangas implorando para serem
apanhadas. Dando de ombros, eu dou dois passos cautelosos em
direção a ela, segurando o sutiã sobre a minha cabeça. “E se eu
escondê-lo aqui em custódia? Tipo como minha apólice de seguro que
você vai voltar rastejando do outro lado do corredor e saltar para a
cama comigo?”

“Você precisa do meu sutiã para conseguir me levar de volta na


cama?”

Seu rosto me encontra no meio do peito. Ela é tão pequena e


fica vermelha, isso é... Inebriante, adorável, foda-se. “Meio infantil?”

“Um pouco.” Ela aperta os lábios em um sorriso.

“Um minuto.” Baixo o sutiã até que fique ao nível dos olhos
dela. “Você realmente tem que contê-los?”
Gabi revira os olhos. “Agora você reconhece sua existência?”

“Eu sempre soube que existiam; eu sofria de esquecimento


forçado.”

“Esquecimento forçado?”

Sim, como se eu precisasse me forçar a esquecer como eles


parecem belos, como são gostosos. Eu me ajusto e limpo minha
garganta.

“Lex?” Gabi coloca os braços em volta da minha cintura. “Você


está excitado por segurar meu pequeno sutiã barato?”

“Não”, eu minto, com a voz rouca. “Eu estou apenas...”

“Lex!” A voz de Ian chama do andar de baixo.

Gabi me dá um tapa no peito quando eu corro para minha


cama e empurro seu sutiã debaixo do meu travesseiro.

“Sério?” Ela assobia.

“O que? Não é como eu tivesse uns dentes sobressalentes para


poder colocar debaixo do travesseiro, e dizem por aí que a fada F
visita somente um grupo bem seletos de pessoas.”

“A fada F?” Repete Gabi.

Enfio as mãos nos bolsos para me impedir de puxá-la em meus


braços. “A Fada da Fo...”

“Lex!” Ian empurra a porta aberta. Seu rosto está vermelho, e


ele parece pronto para atear fogo em Lex. “Que diabos? Pare de trazer
putas para casa!”

Eu balanço a cabeça. “Não vai acontecer de novo.”

“Malditamente certo que não vai acontecer novamente. Você


não pode simplesmente dormir com alguém, porque tem cara de
perdida! Ou triste! Ou com fome!”

“Certo.” Eu balanço a cabeça lentamente. “Ou doente.”


“Sim!” Ian concorda. “Ou isso.” Seu olhar cintila de mim para
Gabi. “Espere. O que está acontecendo?”

O quarto definitivamente cheira a sexo.

Os olhos de Ian se estreitam.

“Eu persegui a vagabunda para fora com meu spray de cabelo,”


Gabi mente perfeitamente. “Espirrei o produto no rosto dela e disse
que era gás lacrimogêneo. Ela chorou, caiu da escada, e correu para a
porta em fuga, por isso, a boa notícia é, você está livre da vadia. A má
notícia é...”

“Ela pode nos processar”, eu concluo.

“O QUÊ?” Ian grita.

“Relaxe.” Gabi esconde o sorriso por trás da mão e mal


consegue se desviar de Ian a tempo de rir.

“Você acha isso engraçado?” A voz de Ian fica mais alta. “E por
que diabos você está neste quarto? Se a vadia está desaparecida, o
seu trabalho aqui está acabado. Droga, Gabs, a última coisa que você
precisa é ficar exposta a...” Seu nariz se enruga, e então seus olhos se
estreitam para a cama. “Você ficou com o sutiã dela?”

Merda! Achei que tivesse escondido a peça completamente


debaixo do travesseiro. “Ela provavelmente ficou muito distraída com
os gritos de Gabi para agarrar toda sua roupa.”

“Obrigado, Gabi.” Ian suspira. “Pelo menos eu posso contar com


você para ser a companheira de casa madura.”

O sorriso de Gabi é doce. “Oh, Ian, é claro. A última coisa que


eu quero é que Lex morra com algum tipo de DST incurável.”

“Sério?” Ian e eu perguntamos ao mesmo tempo.

“E ter a doença roubando toda a minha glória?” Gabi começa a


andar em direção à porta. “Okay, certo. Se alguém matar Lex, serei
eu.”
Aqui vamos nós. Rolo os olhos, como costumo fazer, em
seguida, aceno em desprezo. Só que desta vez, o meu coração bate tão
rápido que sou capaz jurar que Ian está suspeitando.

“Então, algum osso quebrado?” Ian se vira para mim, assim que
Gabs caminha para fora, seu dedo médio orgulhosamente exposto no
ar antes que ela bata a porta atrás de si.

“Não que eu saiba.” Tusso na minha mão. “E desculpe cara,


isso não vai acontecer novamente.”

“Qual era o nome dela?”

“E quando foi que eu decorei seus nomes?” Retruco


rapidamente.

Ele ainda não está convencido. Merda, Gabi e eu vamos passar


pelo inferno na casa naquela noite, para colocar o foco de Ian na
única coisa verdadeira que ele sempre é capaz de contar.

Eu e Gabs brigando.

Depois que eu finalmente convenço Ian a sair, pego meu celular


e mando uma mensagem para Gabs.

Lex Luthor: Ele está suspeitando... e Blake não está aqui, então
ele vai bisbilhotar. Ele faz isso quando está entediado.

Gabs: Se pudéssemos simplesmente colocar um filme para ele


assistir ou algo assim.

Começo a rir, então mando uma mensagem de volta


imediatamente.

Lex Luthor: Poderíamos tentar Game of Thrones, mas da última


vez ele quis que todo mundo assistisse com ele...

Gabs: Bem, só há uma coisa a fazer.

Lex Luthor: ?

Gabs: Você está pronto para a Terceira Guerra Mundial?


Lex Luthor: Vá em frente, Gabs. Vamos ver quão convincente
você pode ser depois da minha boca ter estado em você.

Gabs: Bocejo... Eu já esqueci da sua boca. Tem certeza de que


você deu o melhor de si hoje à noite?

Lex Luthor: Você vai pagar por isso.

Gabs: Promete?

Eu hesito, meus dedos pairando sobre o telefone. O que diabos


estou fazendo? O que estamos fazendo? E por que eu estou agindo
como uma garota? Tentando ler nas entrelinhas? Droga.

Nós estamos flertando.

Cruzando território perigoso – não há mais tempo na terra essa


noite – mas passando para algo mais sério. Será que eu quero isso?
Meu coração quase explode com o pensamento, mas sim, eu acho que
quero. Porque não estou me sentindo em pânico. Talvez um pouco
confuso e frustrado porque Ian é meu melhor amigo, e você gostaria
de contar ao seu melhor amigo quando você está se apaixonando por
alguém. Mas eu não posso arriscar. Eu não posso correr o risco de
perder o cara que vem sendo como um irmão para mim desde sempre.
E se Gabi nem estivesse pensando do mesmo jeito que eu? Veja.
Menina. Estou virando uma garota. Eu escrevo algo provocante e
pressiono o “Enviar.” Mantenha-o simples, certo? Mantenha-o
divertido.

Lex Luthor: O perdedor será amarrado.

Gabs: Fechado.

Lex Luthor: Espero que você não se importe com a ardência da


corda.

Gabs: Diz o perdedor...

Eu nervosamente jogo meu telefone em cima da cama e cruzo


os braços. Ian entra no meu quarto novamente, desta vez parando na
porta. “Eu quero falar com você sobre algumas coisas de negócios, e
depois, você quer assistir a um filme?”
“Claro.” Eu não me viro, principalmente porque minha conversa
com Gabs havia causado um problema sério que eu não preciso que
Ian comente.

“Legal, eu vou ver se Gabs quer assistir também.”

“Grande.” Aceno com ele. “Vejo você lá embaixo em alguns


minutos.”
Capítulo trinta e um
Gabi

Eu ignoro os sinos de alerta tocando na minha cabeça, junto


com a euforia que sinto na hora em que me dirijo para a cozinha e
vejo Lex pegar uma cerveja.

Meu corpo ainda está cantarolando com prazer.

“Gabs,” Lex diz rispidamente. Ele me dá um tapa na bunda, em


seguida, a aperta antes de Ian entrar no cômodo.

Lex se afasta de mim e pisca sobre sua garrafa de cerveja


quando Ian começa a falar.

“Ação ou horror?”

Bem, aqui não há nada. “Desde que Lex já teve prostitutas


suficientes” – arrasto cada palavra – “por que não assistimos um de
ação?”

“Com ciúmes?” Lex dispara de volta, embora seus olhos estejam


brilhando, resplandecendo, como se ele estivesse gostando da luta.

“Oh, tanta inveja.” Eu assinto silenciosamente. “Se ao menos


eu não soubesse como contar até quatro! Então, talvez, apenas talvez,
o piedoso Lex Luthor dormisse comigo!”

“A última garota sabia contar até cinco.” Lex sorri


maliciosamente enquanto minha barriga se aquece. “Eu a deixei
contar os orgasmos.”

“Como você é caridoso.” Eu cerro os dentes. O bastardo! Foram


cinco? Ele levanta cinco dedos da mão livre, em seguida, desce todos,
menos um e murmurou “seis” quando Ian se vira para pegar uma
cerveja na geladeira.

“Isso é o que eu faço lá em cima, Gabs. Trabalho de caridade,


ajudando a salvar meninas de coitados que não conseguem encontrar
o ponto G delas, uma experiência sexual de cada vez.”

Meus olhos se arregalam enquanto meu corpo estremece por


atenção. “Nojento, Lex.”

“Nojento, Lex?” Ele desafia. “Isso é tudo que você tem


Sunshine? Que tal, por favor, Lex? Mais, Lex? Sim, Lex.” Ele começa
a moer contra o balcão, maldito. “Sim. Ali. Lex.”

“Cuidado, Lex, você vai engravidar o granito”, brinco, mesmo


que minha voz saia meio rouca. Eu sei que soei excitada, e eu iria
matá-lo.

“Uma vez uma menina disse que eu a engravidei só de olhar


para ela.” Lex pisca. “Outra me jogou seu sutiã porque estava
convencida de que eu era famoso... Eu o autografei.”

“Você é um Escoteiro,” eu digo com sarcasmo.

“Eu aprendi todo tipo de coisas nos Escoteiros,” Lex diz a sério.
“Quer que eu mostre?” Ele inclina a cabeça, em seguida, estende os
dedos e conta. “Eu tenho certeza que só me levaria três minutos, já
que você é tão... nova.”

“Nova?”

“Tipo sem experiência.” Noto que ele não diz “virgem”, e meu
rosto aquece ainda mais.

“Aw...” Dois podem jogar esse jogo. Bato em seu ombro. “Não
mais.”

Os olhos de Ian se alargam e, depois, ficam loucos quando água


jorra de sua boca. “Que diabos você quer dizer com 'não mais'?”

“Oh, eu tirei meu cinto de castidade. Estava ficando muito


desconfortável,” eu brinco.
“Inferno?” Ian se apoia no balcão. “Quem é ele? O bastardo!
Quem tocou você?”

A expressão de pânico de Lex ajuda a melhorar meu humor


imensamente.

“Foi um pequeno” – sorrio então Lex saberia que estou


brincando – “bem minúsculo, pequenininho momento. Eu mal me
lembro, Ian.”

“Bom.” Ian assente. “Isso é... Bom. Mas não mais.” Ele anda na
frente de nós dois. “Você não pode. Ou seja, você não pode transar
por aí e trabalhar para mim.”

Meus olhos se arregalam quando começo a rir. “Você está


falando sério agora? Lex transa por aí todo dia!”

“Lex é Lex! É como tentar controlar um gato com tesão!


Eventualmente ele vai sair da caixa de areia e arranjar alguma coisa.”

“Esse foi o pior exemplo que eu já ouvi.” Lex sacode a cabeça.


“Podemos voltar para o problema à mão?”

“Qual é?” Os olhos enlouquecidos de Ian alcançam Lex.

“Bem, eu achei que fosse óbvio.” Lex dá de ombros em minha


direção. Eu realmente gostaria de poder ler mentes. “Precisamos
prender Gabs em seu quarto, longe dos perigos do sexo oposto.”

“Sim.” Ian estala os dedos e começa a assentir. “Vamos deixar


pão e água na porta.”

“Vou pegar os turnos da noite.” Os lábios de Lex se contraem,


enquanto eu cubro minha boca com a mão e viro para que Ian não me
veja rir.

“O problema é o dia”, diz Ian em um tom sério.

“Gente!” Eu me viro para encará-los. “Será que podemos parar


de falar sobre minha vida sexual e assistir o filme?”
“Enquanto Gabi se senta no chão, você sabe, onde todos os
caninos pertencem, estou chateado com isso.” Lex empurra meu
ombro, então olho ao redor e belisco seu traseiro.

Ele solta um gritinho enquanto Ian olha os revestimentos de


cerâmica na parede.

“Cara!” Lex bate na cabeça dele. “Está tudo bem que ela
finalmente atingiu a puberdade. Quer dizer, pelo menos agora não
teremos que pagar alguém para namorar com ela, sabe? Essa lista
estava ficando muito curta.”

“Santo deus.” Empurro passando por ambos e arranjando um


lugar no sofá, então pisco para Lex. “Veja! Seu lugar.”

Eu posso jurar que seus olhos se contraem. “Mas aí é onde eu


sempre sento.”

“Hey, Lex, quem estava com você no seu quarto antes de Ian
chegar em casa?”

Lex grunhe e depois salta para o lugar ao meu lado, sua mão
alcançando debaixo do meu cobertor e segurando minha coxa quando
ele assobia, “Não brinque com fogo, Sunshine...”

“Eu sou feita de fogo.” Lambo meus lábios enquanto seus olhos
se estreitam. “Não se queime.” Eu estou fazendo referência ao apelido
de Sunshine, mas acho que o foco de Lex está em outra coisa quando
ele se inclina.

“Vocês podem parar de brigar? Durante dez minutos?” Ian


caminha para a sala com mais duas garrafas de água e, em seguida,
liga a TV.

“Eu vou apagar as luzes.” Lex se levanta e caminha até os


interruptores, em seguida, apagando as luzes.

Algo sobre estar na escuridão faz o ar crepitar com energia


elétrica, com consciência, especialmente quando Lex senta ao meu
lado, sua palma pressionando contra a minha coxa debaixo do
cobertor.
Eu me contorço sob sua mão grande, tentando ficar confortável,
odiando que meu corpo esteja respondendo a uma mão.

É isso.

A mão de Lex é mágica.

Ian decide assistir Scream – Pânico. Algo que nós todos já


havíamos visto e poderíamos citar e fazer piadas.

Mas eu não estou prestando atenção em nada a não ser no fato


de que, se a mão de Lex subisse alguns centímetros, ela estaria
exatamente onde eu queria.

Meu batimento cardíaco martela em meus ouvidos quando


deslizo minha mão por baixo do cobertor e a aperto contra a frente de
seu jeans, então cautelosamente mergulho meus dedos em sua
cintura.

Cada músculo de seu corpo fica tenso.

“Certo, Lex?” Ian lhe dá uma cotovelada.

Eu rapidamente puxo minha mão, envergonhada. O que estou


fazendo? Tento me afastar de Lex, mas o aperto na minha coxa torna
isso impossível.

“Certo,” Lex concorda, em seguida, vira-se para mim e


murmura, “Entre no jogo.”

“Hã?”

“Que DIABOS!” Lex dá um pulo. “Você está brincando comigo,


Gabs?”

“Qual é o seu problema, idiota?” Eu grito de volta.

“Você!” Ele grita. “Você é o meu problema, e eu estou cansado


de lidar com sua merda o tempo todo!”

“Chegamos tão perto.” Ian geme, inclinando a cabeça para trás


contra o sofá.
“Eu estava tentando ser legal, deixei você ficar com meu lugar e
o cobertor, e você me belisca o tempo todo? Fica me xingando? Sérios,
Gabs?”

“Oh, por favor! Como se você não estivesse fazendo pior!”

“É isso aí!” Lex aperta minha mão. “Quer brigar? Nós vamos
brigar, longe de Ian, cujo único crime é querer assistir a um filme com
seu melhor amigo.”

“Amigos!”

“Amigo”, diz Lex, mais alto. “Você é apenas um terceiro elo que
eu tenho que aturar porque Ian se sente culpado.”

Meus olhos se arregalam. “Seu desgraçado!”

“Gente!” Ian grita.

“Fique fora disso!” Dizemos.

Lex agarra a minha mão, arrasta-me para o quarto mais


próximo no andar de baixo, e bate a porta atrás de si. Então, ele me
levanta no ar e me empurra contra a porta.

“Sua sacana...” Ele beija minha boca avidamente. “Malvada...”


Outro beijo. “Menina.”

Eu anseio por ele, meu corpo espichando-se para encontrá-lo,


minhas mãos emaranhadas em sua camisa enquanto tento arrancá-la
de seu corpo.

Uma batida soa na porta. “Vocês estão vivos?” Pergunta Ian.

“Por pouco” choramingo quando Lex me apoia contra a porta,


seu joelho deslizando entre as minhas coxas. “Apenas... por pouco.”

“Sem sangue.” Ian parece entediado. “Querem que eu pause o


filme?”

“Não.” Os olhos de Lex perfuram os meus. “Isso vai demorar um


pouco.”
“Levem o tempo que for necessário.” Os passos de Ian ficam
mais fracos quando ele volta para a sala de estar.

“Oh, eu pretendo.” O sorriso de Lex parece ruim quando ele me


puxa para baixo em sua perna. A sensação de montar uma parte dele
é demais para o meu corpo manusear. Eu estou prestes a explodir
com seu toque, seus golpes.

“Cama”, ordeno.

“Não há tempo.” Ele empurra minhas calças para baixo quando


eu estendo a mão para o botão de seu jeans.

“O que aconteceu com levar o tempo necessário?”

“Não é possível”, ele ofega, pressionando outro beijo com fome


contra meu pescoço, seus lábios se movendo contra a minha pele
enquanto suas mãos agarram minha bunda nua. “Preciso de você.”

“Então me possua”, imploro, finalmente conseguindo puxar seu


jeans para baixo de seus quadris. Ele solta um gemido quando se
liberta e trava seu olhar com o meu. “Diga-me que você está tomando
pílula.”

“Desde os quatorze anos.”

“Estou limpo. Eu sei que você acha que é um risco, mas eu fiz o
teste, e eu preciso de você, toda você, cada parte de você. Eu preciso”
– suas mãos cavam em minha carne quando ele traz meu corpo para
perto de seu calor – “de você. Eu sempre precisei apenas de você.”

“Sempre?” Pergunto confusa.

Seus olhos claros parecem em pânico quando ele sussurra,


“Desde o Natal...” Ele suspira. “Há quatro anos.”

É exatamente o que eu preciso ouvir, o que eu desejava, e eu


me solto, jogando-me completamente e entregando meu coração para
ele. Mas a piada é sobre mim, porque Lex sempre me teve. Eu apenas
fui estúpida demais para perceber isso.

E agora, ele tem todo o poder.


E eu sei que, se ele me deixasse...

Não iria apenas me quebrar.

Eu ficaria arruinada para sempre.

“Gabi.” Ele empurra para dentro de mim, preenchendo-me tão


profundamente que eu deixo escapar um suspiro, agarrando seus
ombros em busca de equilíbrio. Mas não há equilíbrio com ele, não há
calma, apenas movimentos loucos, selvagens e frenéticos que fazem
gemidos estranhos escaparem dos meus lábios enquanto aperto
minhas coxas juntas, a fim de contê-lo, conter o que está acontecendo
entre nós.

“Lex...” Exalo quando meu corpo estremece contra o dele,


incapaz de acompanhar seu ritmo, sem ter certeza se quero que ele
assuma o controle completo com seus movimentos. Eu estou tonta
com sentimento, com saudade. “Eu preciso de você mais perto.”

“Querida, não posso ficar mais perto.”

“Experimente!” Soluço.

Ele ri e, em seguida, com um grunhido, puxa minha legging


para fora dos meus pés e ajuda a colocar minhas pernas mais
apertadas em torno dele. “Segure-se firme.”

“Deixe-me cair” – suspiro em êxtase – “e eu mato você.”

“Você já está me matando agora.” Nossas bocas se encontram


novamente, de uma forma, depois outra, cada novo ângulo fazendo-
me perder minha cabeça enquanto ele continua seu ritmo. Com uma
maldição, ele me pressiona contra a parede e coloca as mãos sobre
minha cabeça. Com um impulso final, gozo contra ele, meu corpo
exausto enquanto tenta recuperar o fôlego.

“Vocês já terminaram de brigar?” Ian bate novamente.

“Sim.” Minha voz está rouca. “Nós acabamos de assinar um


tratado de paz.”

“Graças a Deus”, ele murmura. “Eu vou fazer a pipoca.”


“Tratado de Paz, hmm?” A boca de Lex cobre a minha de novo,
e de novo, antes dele finalmente sair de dentro mim e ajudar a
recolher minhas roupas.

“Sim...” Sussurro timidamente.

“Eu tenho uma ideia.” Lex me entrega minha legging. “Vamos


guerrear todos os dias...”

“Assim, podemos fazer amor todas as noites?”

“E assinamos um tratado de paz de manhã?” Algo no sorriso de


Lex está diferente. Como se ele estivesse me permitindo vislumbrar o
Lex que sempre testemunhei estar bem guardado, como se ele
estivesse me deixando entrar.

É o momento perfeito para perguntar o que ele quis dizer


quando falou do Natal, há quatro anos, mas não tenho certeza de que
meu coração é capaz de lidar com isso se ele rir ou disser que trouxe
o assunto no calor do momento.

Quatro anos atrás, eu me apaixonei por Lex e entreguei a ele o


meu coração.

E eu estou começando a pensar que agora chegou a vez dele


fazer o mesmo.
Capítulo trinta e dois
Lex

“Novos clientes.” Eu me aproximo do banco perto do prédio da


união dos estudantes, onde Ian e eu sempre tínhamos nossa reunião
de negócios de manhã. Nesta manhã de segunda-feira, Ian não está
sozinho.

Gabi está segurando seu café no ar, seu sorriso habitual


substituído por uma carranca distraída enquanto ela manda uma
mensagem para alguém a partir de seu telefone. Eu também preciso
hackear seus contatos de telefone e descobrir quem é o idiota que a
está deixando triste?

Eu levanto minhas sobrancelhas para ela, mas no minuto em


que nos olhamos seu sorriso está de volta, e a mensagem foi
esquecida quando ela deixa seu telefone cair dentro da bolsa.

“Ian.” Eu bato meu telefone contra o dele. “Enviei-lhe as


informações a respeito de Caylin.”

Ian olha para o telefone, um sorriso se espalhando por todo seu


rosto. “Parece muito fácil: apaixonada pelo irmão de sua melhor
amiga desde os seis anos de idade e o seguiu para a faculdade.
Bonita, inteligente e uma atleta. Eu me dou bem com essas.”

“Nós sabemos.” Eu balanço minha cabeça. “Ela também está na


equipe de voleibol, então achei que poderíamos ter Blake nos
ajudando um pouco.”

“Sim.” Ian empurra o seu telefone no bolso. “E o cliente do sexo


masculino desta semana?”
Puxo sua inscrição no meu telefone e bato o canto contra o
telefone de Gabi. Temos um aplicativo de compartilhamento de
arquivos que faz o negócio tão fácil que chega a ser ridículo.

Seus olhos se arregalam.

Em choque?

Horror?

Um pouco de ambos?

“Algo errado, Gabs?” Sorrio, tentando lembrar a mim mesmo


que não sou namorado dela, que não tenho nada com ela e que se Ian
descobrisse sobre nós ele me afogaria naquela fonte. “Perdendo a
coragem?”

“Não, é só...” Gabi estende o telefone para Ian. “Você sabia


sobre isso?”

“Inferno! Sem chance!” Ian fica de pé e me encara. “Como é que


ele passou no processo de seleção?”

“Fácil, o programa o escolheu e suas estatísticas pareciam


boas. De que outra forma você acha que os candidatos passam? Eu
não vejo qual é o problema.”

Ian revira os olhos. “O problema é que ele conhece Gab...”

“Não tem problema!” Gabi interrompe e se levanta. “Vou fazer


contato e designar o local do encontro. Não se preocupem caras, eu
posso lidar com isso.”

Ela sai sem dizer mais nada. Eu não quero nada além de
empurrar Ian na sujeira e correr atrás dela, mas ele ficaria
desconfiado e Gabs e eu já tínhamos combinado nossas próprias
regras para este relacionamento na última noite antes de sairmos do
quarto para assistirmos ao resto do filme com Ian.

“Tudo é válido neste jogo, mas não trazemos nossos momentos


privados em público.” Gabi assentiu como se eu precisasse lembrar
novamente. “Ok, sua vez.”
“Eu não posso acreditar que estamos estabelecendo regras como
se tivéssemos cinco anos.”

“A maioria das regras aos cinco anos gira em torno de não bater
no amigo e sobre a hora do lanche”, Gabs apontou.

“Eu poderia fazer um lanche.”

“Você já teve três hoje.” Ela colocou a mão no meu peito. “Agora,
qual é a sua regra?”

Engoli o choque com o que eu estava prestes a dizer, então cocei


a cabeça com espanto quando me sentei na cama e olhei para ela.
“Exclusividade.”

Você poderia pensar que acabei de dizer a Gabs que eu prefiro


homens.

“Exclusividade?” Ela repetiu. “Entre nós?”

Eu me irritei. “Por que isso seria tão estranho?”

“Você é Lex.”

“Eu sei o meu nome. Ajuda que você o gritou alguns minutos
atrás, enquanto eu lhe dava prazer, mas obrigado pelo lembrete.” Eu
me mexi, de repente desconfortável, e desviei o olhar. Eu era tão ruim
assim? Mesmo?

“Tudo bem,” ela concordou rapidamente. “O que acontece entre


nós é privado, e somos exclusivos.”

Eu balancei a cabeça.

“Devemos colocar um limite de tempo para... isto?”

“Não”, eu disse rapidamente. “Mas quando isso precisar acabar,


isso termina. Sem perguntar por que, sem brigas sobre isso, sem
discussão. Nós apenas deixamos a outra pessoa ir, e tudo volta ao
normal.”

“Quando você acha que isso vai acontecer?” Gabs sentou ao meu
lado, e a cama mergulhou sob a pressão de duas pessoas sentadas na
beira do colchão.
Nunca. Porque eu nunca teria o suficiente dela. Eu não poderia
imaginar aquele dia acontecendo, mas eu não poderia dizer isso a ela,
e eu com certeza não poderia fazer as coisas oficiais entre nós, sem
primeiro falar com o Ian. E como eu tenho muito valor com minha vida...

“Parece fácil o suficiente,” ela finalmente diz. “Discutimos em


público e...”

Comecei a rir.

“O quê?” Ela me empurrou no braço.

“Isso!” Eu apontei para a mão dela. “Você só me empurrou,


Gabs. Quando é que nós não brigamos? Mesmo na cama? Eu beijo você
com força e você tenta me superar! Sempre vamos estar lutando.”

Ela caiu contra mim. “Isso é verdade.”

“Ei, não pareça tão derrotada.” Eu levanto seu queixo em direção


a mim. “Eu prefiro lutar a ficar aborrecido ao extremo indo para o
mesmo restaurante para um encontro e sabendo o que esperar todos os
dias. Inferno, amanhã você pode acordar e decidir me atropelar com
seu carro ou jogar o meu peixe dourado no fogo. O mundo está cheio de
possibilidades.”

“Você não tem um peixinho dourado”, ela resmungou.

“Se eu tivesse, ou ele iria morrer de fome ou você iria matá-lo, ou


melhor, ainda, roubá-lo e mantê-lo refém, exigindo que eu fosse
bonzinho com você antes de devolvê-lo. Mas conhecendo voc... Você se
apegaria ao peixe e acabaria ficando com ele de qualquer maneira.”

Gabi começou a rir. “Você me conhece muito bem.”

“Você não tem ideia”, eu sussurrei baixinho.

“O que?”

“Nada.” Levantei-me e ofereci a mão. “Vamos antes que Ian


chame a polícia...”

“Mais uma vez,” Gabs concluiu.


“Como é que eles se conhecem?” Aborrecido, massageio a parte
de trás do meu pescoço.

“Fácil.” Ian enfia seu Ray-Ban no rosto e encolhe os ombros.


“Eles namoraram por dois anos.”

*****

Eu me orgulho de ser um indivíduo relativamente calmo, capaz


de processar os fatos antes de agir, mas duas horas depois, enquanto
estou na aula de Física Avançada, ainda tento processar o que diabos
vou fazer sobre Gabi assumindo um ex-namorado como cliente. Eu
quase perco a cabeça quando todas as possibilidades se alinham para
uma catástrofe gigantesca.

E se ela ainda gostasse dele?

Que tipo de idiota a teria deixado, em primeiro lugar?

Será que ele de alguma forma sabe que ela trabalha para nós?

Será que foi uma manobra para tê-la de volta?

“Ei, Lex.” Ruby, uma menina com quem eu tinha ficado uma
vez, esfrega os lábios, em seguida, empina seu peito. Sua camiseta
branca fica repuxada contra seus seios tamanho C. “Quer estudar?”

O código para Quer me ver nua?

Abro a boca e, em seguida, franzo a testa enquanto a ideia de


voltar até seu dormitório passa pela minha mente. Ela gemeria, eu
tiraria a roupa, ela diria algo brega enquanto suas unhas compridas
estivessem arranhando minhas costas. Nós nos beijaríamos, eu
gostaria de acrescentar um pouco de preliminares para seu benefício,
e depois? Sexo? Sexo chato-como o-inferno, ela tentaria me manter na
cama e, em seguida, faria uma tentativa inútil para conseguir o meu
telefone, então beicinho.

“Não”, eu digo rispidamente. “Desculpe.”


O olhar chocado em seu rosto teria sido alarmante o suficiente,
mas suas duas amigas me olham como se eu tivesse acabado de
golpear com as costas da mão a raça feminina inteira.

Eu tinha dito desculpe, certo? Além disso, estou exclusivo com


Gabi. Puta merda, eu tenho uma namorada. É assim? Dizer não para
meninas com quem eu não quero dormir, em primeiro lugar? Não foi
tão ruim, e não foi como eu imaginava. Então, novamente, em meus
sonhos sempre era Cameron Diaz me pedindo em casamento e eu
xingando a namorada que estava me esperando em casa vestindo uns
jeans de mamãe e com cabelos despenteados.

“Mas ...” Ruby pega meu braço. Dou um passo para longe.

Inferno, nunca matei aula, sendo um nerd e tudo, mas iria


cabular uma agora, especialmente porque eu não consigo me
concentrar em nada, exceto Gabi.

Merda.

Saio da sala e mando uma mensagem para Gabi.

Lex Luthor: Mate aula comigo.

Gabs: Alguns de nós precisam passar nas matérias sem dormir


com o professor.

Lex Luthor: Uma aula.

Gabs: Espero que ela lhe dê um A.

Lex Luthor: A -, aparentemente ela não fez isso... bem não


importa, não vamos ter esta conversa. venha depois da aula.

Gabs: E o que vamos fazer? assar biscoitos?

Lex Luthor: Sim. É exatamente isso que vamos fazer, e quando


nós terminarmos com os biscoitos, vamos fazer brownies de maconha
e ver quantos podemos dar a Ian antes que ele perceba.

Gabs: REALMENTE?

Uma folha de maconha com um sorriso pateta pisca para mim


na tela.
Lex Luthor: Fico preocupado com o fato de que existe um emoji
de maconha, mas o que é mais preocupante é que você o encontrou
em menos de dois segundos.

Gabs: Oops, tenho que ir, a aula começou.

Lex Luthor: Viva um pouco! Quebre as regras.

Gabs: Eu fiz isso. Ontem à noite e novamente esta manhã.

Eu sorrio e escrevo de volta a minha resposta.

Lex Luthor: Diga se você não amou o tempo extralongo no


chuveiro.

Gabs: Não era eu que estava gemendo...

Lex Luthor: Se você não parar de me mandar mensagens de


texto as pessoas vão pensar que eu estou olhando fotos de sacanagem
no meu telefone.

Gabs: Por quê?

Lex Luthor: Eu tiraria uma foto, mas seria como mandar pornô
para você durante a aula, e uma vez que você não gosta de quebrar as
regras... te vejo em breve, Gabs!

Gabs: Não tem graça.

O que não seria divertido é eu enviar-lhe uma foto da minha


excitação suprimida e Ian a encontrar em seu telefone.

Duas horas. Eu tenho duas horas para matar antes que ela vá
para casa, e meu foco está disperso – na melhor das hipóteses.

Puxo informações do idiota no meu celular, e depois tudo fica


certo no meu mundo quando bolo um plano maligno de chocar
minúsculos ovos de dinossauros que um dia comeriam o rato
bastardo e cuspiriam seus ossos.

Eu chutaria a bunda dele.

Eu estalo meu pescoço e sorrio o caminho todo para casa.


Capítulo trinta e três
Gabi

Essa foi a aula mais longa da minha vida, agravada pelo fato de
que eu não parava de olhar para o relógio a cada poucos segundos
apenas para descobrir que o ponteiro havia se movido um quarto de
centímetro.

Quando a aula finalmente termina, pulo da minha cadeira tão


rápido que minhas pernas quase se embaralham debaixo de mim.

No momento em que chego à porta, uma forte dose de lógica já


havia vazado de meu cérebro de outra forma frenética e
excessivamente emocional.

Lex. É Lex. Eu quase esfolo os joelhos e causo um efeito dominó


de alunos que também correm para fora da porta.

Lex pode esperar. Eu posso ser uma adulta madura e caminhar


até meu carro, em seguida, dirigir os poucos quilômetros para sua
casa sem quebrar todas as leis de trânsito do estado.

Eu poderia.

Mas eu quero?

Meu alerta de mensagens dispara.

Lex Idiota: Bocejo... você está andando de costas até nossa


casa? Realmente, Gabs?

Eu realmente preciso alterar seu nome no meu telefone... Ou –


sorrio largamente – mantê-lo, uma vez que ainda me faz rir.
Gabi: Você sabe com quem você está falando, certo? As minhas
pernas são meio curtas.

Lex Idiota: Não as achei curtas enroladas em mim na noite


passada...

Estremeço e deslizo meu telefone dentro do bolso. De jeito


nenhum eu continuaria mandando mensagens de texto para ele,
apenas para dirigir direto contra uma árvore, causando danos
permanentes ao meu nariz e todos os quatro dentes da frente.

Meu carro não está estacionado longe do edifício. Eu metade


corro, metade pulo durante o trajeto, rezando para que ele pegue.

Ele pega. Graças a Deus.

E assim começa a viagem de cinco quilômetros para casa.


Cinco quilômetros que deveriam levar talvez sete minutos, no
máximo, com o trânsito.

Demora oito.

Chego em casa, abro a porta do carro, percebo que o motor


ainda está funcionando, viro a chave e desligo. Em seguida, agarro
minha bolsa e saio. Depois que fecho a porta, viro e corro pela
calçada.

Quando chego no meio do caminho, a porta da frente se abre.


Lex está ali, sem a camiseta, e com calça de agasalho pendurada
baixo em seus quadris.

Seu sorriso é tão ofuscante, tão perfeito, que eu tenho que me


segurar para não fazer um pequeno giro no ar antes de me jogar em
seus braços.

“Sentiu a minha falta?” Ele me pega ar e me puxa com força


contra seu peito quente.

“Sim.” Eu suspiro contra seu pescoço. “Uma quantidade


perfeitamente saudável, idiota.”

Sua risada sombria causa arrepios todo o caminho até os dedos


dos meus pés. “Bom. Além disso, estamos sem farinha, então...”
“Hã?” Eu me afasto, meus pés ainda balançando no ar. “O que
você quer dizer com estamos sem farinha?”

“Oh, quando digo que estamos sem farinha, o que eu quero


dizer é que joguei fora todos os ingredientes para que não tivéssemos
escolha senão ir para o meu quarto e... estudar.”

Eu balanço a cabeça. “Você não tem que chegar a esses


extremos.”

“Eu não queria correr nenhum risco de que você realmente


preferisse fazer cookies.”

“Parece que eu prefiro fazer cookies?”

“Gabs...” Ele me coloca no chão e beija o topo da minha cabeça.


“Você está praticamente morrendo de fome cada vez que você come
alguma coisa, então sim, eu pensei que havia uma chance de
cinquenta por cento.”

Culpa corrói o meio do meu peito como um parasita estúpido.


Devo contar a ele sobre os meus pais; diabos, eu deveria contar a Ian
também, mas... Bem, não é só orgulho. É o fato de que ambos estão
sobrecarregados, e eles se sentiriam culpados e talvez até um pouco
magoados que eu não tivesse compartilhado isso com eles antes.

“Eu provavelmente estou morrendo de fome porque dormir com


você é como me juntar a uma equipe esportiva. Eu quase nunca
tenho Gatorade, e você raramente me dá descanso.”

“Eu estava com a impressão que você não gostava de


intervalos.”

“O que foi que lhe deu essa ideia?”

“Você beliscou minha bunda quando eu disse que precisava de


ar e, em seguida, falou: 'Você vai ficar bem. Seja corajoso e me beije.'“

Dou de ombros. “Você está... reclamando?”

“O capitão da equipe reclamando? Claro que não!” Lex me pega


em seus braços e leva até as escadas.
“Espere!” Rio quando ele fez malabarismos comigo em torno de
seus braços musculosos. “Isso faz de mim uma vice-capitã?”

“Desculpe.” Lex estremece. “A equipe já votou. Você é a menina


das toalhas.”

“É uma equipe de duas pessoas,” eu aponto.

Ele me ignora. “Seu único propósito é servir à vontade do


capitão.”

“Sério?”

“Sim, está no livro de regras.”

“Que livro de regras é este?”

“Livro de Regras do Lex para Esportes na Hora de Dormir,


Seção Um, Parte A.”

Eu balanço a cabeça lentamente quando ele me coloca de pé em


seu quarto. “Você limpou aqui?” Está com cheiro de água sanitária e
Lysol, o que é estranho, já que seu quarto sempre está impecável. Eu
ainda não vi nem mesmo uma meia no chão. Esse comportamento é
estranho, até mesmo para Lex – limpar o que não precisa de limpeza.

“Eu limpo quando estou chateado.”

“E joga fora a farinha também?” Eu faço uma careta, olhando


ao redor do quarto impecável, e meus olhos se detém em seus
computadores.

Os olhos de Lex se arregalam. “Não!”

“Lex!” Eu assobio seu nome como uma maldição e caminho até


a tela principal. “Você o esteve hackeando?”

Mark Dawson está impresso na parte superior da tela. Abaixo


disso, seu número de registro social, pontuação de crédito, e seus
últimos três endereços listados. Lentamente, eu me viro para Lex,
esperando que ele esteja parecendo culpado. Nada além de orgulho
está estampado em seu rosto.

“Credo, Lex.” Reviro os olhos. “Você é um homem doente.”


“Você sabe, hackear é um vício...” Ele balança a cabeça
lentamente, e seus olhos enrugaram quando os lábios cheios são
pressionados juntos em um sorriso de curvar os dedos dos pés.
“Assim como você.”

“Bom.” Eu agarro o braço dele. “Você não pode simplesmente


bisbilhotar na vida privada das pessoas!”

“Ele fez um alargamento peniano”, diz Lex, em voz baixa.

“De jeito nenhum!” Engulo em seco.

Lex sacode a cabeça. “Sim, estou mentindo, mas é este tipo de


coisa que precisamos saber Gabs! Ele é seu ex. Eu não vou mandar
você para o campo de batalha com Deus-sabe-quem! Quero dizer, ele
pode ser um sociopata!”

“Para o campo de batalha”, repito. “Sinto muito, nós


trabalhamos para a CIA agora?”

“Eu vou ignorar seu sarcasmo, que, por sinal, é mais duro do
que parece. Apenas deixe-me fazer minhas pesquisas . Assim saberei
que você está segura.”

“Segura, fora de perigo, ilesa.” Bato no meu queixo. “Pergunto o


que Ian pensaria sobre a minha segurança agora, hmm?” Caminho
até Lex e agarro uma de suas mãos. “Estou segura agora? No seu
quarto?”

“Você está perguntando se estar comigo é perigoso?”

“Parece ser um risco para mim.”

Ele engole em seco, seus olhos revezando entre mim e o chão.


“Um risco que vale a pena?”

“Eu acho que já valeu a pena... algumas vezes “, brinco.

“Deixe-me verificar a cabeceira da minha cama. Eu venho


trabalhando em seu entalhe.”

“Bundão!” Eu lhe dou um tapa no braço e faço um sinal de


volta para o computador. “Você pode apenas... confiar em mim para
fazer meu trabalho? Lembre-se, você e eu somos exclusivos, e meu
trabalho oficial na Wingmen Inc. é ajudá-lo a conseguir a menina dos
sonhos dele – que é uma garota que está em sua classe de
administração. Dê-me uma semana e, em seguida, ele irá embora.”

“Eu amo uma garota que é confiante em suas habilidades de


sedução.”

“Essa sou eu: Sedutora.” Meu telefone começa a vibrar. Faço


uma careta e o empurro de volta no meu bolso, pensando em ignorar.

Em vez disso, Lex põe a mão no meu bolso e o puxa para fora.
“Atenda. Eu ainda estarei aqui quando você tiver terminado.”

“É meu pai. Posso ligar para ele mais tarde.”

“Exatamente.” Lex pressiona o telefone na minha mão. “É o seu


pai. Fale com ele. Eu sei quão próximos vocês são.”

Com isso, ele beija minha têmpora, caminha de volta para seu
computador, e fecha todas as janelas abertas.

Deixando-me sem palavras.

Porque o Lex que eu conhecia, teria escolhido sexo sobre


qualquer outra coisa.

E, se eu não interpretei errado, acho que foi pra isso que ele me
mandou a mensagem. Eu entendi que se tratava de uma chamada
para sexo.

Em vez disso, ele abre o software da Wingmen Inc. enquanto eu


seguro meu telefone na mão.

“Gabs...” Lex canta, sem olhar para mim. “Ligue para o seu
pai.”

Então eu faço isso.

E quando meu pai atende e quer saber como eu estou na


escola, ignoro a pontada de culpa. E quanto ele mais uma vez
agradece pelo dinheiro, mas expressa sua preocupação sobre eu estar
trabalhando demais, deixei isso de lado – como tenho deixado de lado
tudo recentemente.

Lex é educado o suficiente para colocar seus fones de ouvido


enquanto trabalha, e isso me faz ficar ainda mais encantada – o fato
que ele me proporcionou privacidade e que, sem perceber, sabia
exatamente o que eu precisava.

Eu preciso contar, não apenas porque eles são meus amigos,


mas porque estou começando a aperceber que isso é algo que eu
quero – eu quero me abrir para Lex, e se Lex descobrisse e Ian não...

Ele nos mataria.

Meus nervos estão completamente abalados – eu nunca estive


neste tipo de situação antes, mentindo não só para os meus melhores
amigos, mas para toda minha família. Mas, quanto a mentiras,
sempre há coisas piores sobre o que mentir, certo? Pelo menos é isso
que eu digo a mim mesma..
Capítulo trinta e quatro
Lex

“Então.” Gabs caminha de volta para o meu quarto e coloca o


telefone na mesa de cabeceira. É estranho ela estar constantemente
no único lugar sagrado que eu tenho. Sabe o que é mais estranho? Se
ela anunciasse que iria redecorar meu quarto com corações, flores e
um pôster do Ryan Gosling com cabeça de unicórnio, eu
provavelmente permitiria.

Que. Diabos?

“Então?” Eu coloco meu computador em espera e giro minha


cadeira, entrelaçando os dedos atrás da cabeça.

O olhar de Gabi desce para meu peito nu.

“Gabs, aqui em cima.”

“Shh, a menina da toalha está procurando suor.”

Começo a rir. “Encontrou algum?”

“Ainda não. Dê-me uns dez minutos, talvez quinze.”

“Se você começar a respirar pesado eu terei que cortá-la da


equipe.”

Ela me dá um aceno de desprezo e se aproxima lentamente.


Com um olhar de pura concentração em seu rosto, ela se arrasta no
meu colo e monta em mim. Suas pernas ficam sob cada um dos
braços da minha cadeira, o que é estupidamente adorável e eu luto
para me impedir de abraçá-la.

Certo, abraçá-la.
Como um bastardo triste que não sabe beijar e está com medo
de dar o primeiro passo.

“O aniversário de casamento dos meus pais é este fim de


semana, e eles especificamente perguntaram se você e Ian poderiam
vir para o jantar de domingo.”

“Hmm, isso depende... Sua mãe fará seus famosos tamales com
molho caseiro?”

“Eu tenho certeza que posso convencê-la a fazer.”

“Claro, eu posso ir como seu... amigo.”

Ela solta um suspiro profundo – de que? Alivio? – quando sua


testa toca meu queixo. Eu beijo sua cabeça, esperando que ela diga
alguma coisa.

“Isto é...”

“Eu sei.” Aumento meu aperto em seus braços. “Eu sei.”

Talvez nós nos conhecêssemos bem demais e este fosse o


problema. Nós zarpamos nosso pequeno navio inimigo em um terreno
totalmente desconhecido, e nenhum de nós sabe bem o que fazer.

“Eu não quero que você o beije,” admito suavemente.

Gabs se afasta, seus olhos se estreitando. “Eu não vou, ou pelo


menos, se puder ser evitado, vou evitar isso.”

“Não de língua.”

“Você está meio mandão para um amigo.” Ela enfatiza a palavra


maldita.

Seguro sua bunda e a puxo contra mim. “Nós nunca fomos


amigos.”

Gabs solta um pequeno gemido. “E agora?”

“Nós somos muito mais.” Minha boca encontra a dela em um


beijo quente enquanto ela serpenteia seus braços ao redor do meu
pescoço.
Beijo-a até que minha boca esteja doendo, até que minha
bunda esteja dormente, até que a necessidade de possuí-la é tão
intensa que consome meus pensamentos.

“Lex...” Gabi se afasta, os olhos verdes presos nos meus. “Há


quatro anos...”

“Há quatro anos” – eu olho para longe, quebrando o contato dos


nossos olhos “Eu era um idiota.”

“Sim.”

“Inferno! Há quatro semanas, até...”

“Sim”, ela concorda.

“Eu...” Maldição, dou-lhe um pequeno puxão de cabelo com a


mão direita, em seguida, deixo seus cabelos escuros escaparem por
entre os meus dedos. “Eu já disse como você é bonita?”

Os olhos de Gabi se enchem de lágrimas.

E eu percebo naquele momento o quão idiota eu realmente


tinha sido com ela, que por trás de toda a provocação, ela nunca
realmente percebeu o quão maravilhosa ela é.

“Eu queria você naquela época.” Seguro seu rosto. “Agora quero
você mais ainda, apenas porque agora eu conheço você. E todos os
dias desde que conheço você, eu fico um pouco mais encantado, um
pouco profundamente, um pouco mais...” eu não digo ‘apaixonado’.
Mas eu gostaria de dizer.

Gabi pisca para conter as lágrimas. “Eu não entendo. Então por
que você não falou alguma coisa?”

“Um motivo,” eu confesso. “Ian.”

“Certo, ele ficaria chateado, mas...” Seus olhos se estreitam.


“Será que ele falou alguma coisa sobre nós?”

“Além de me dizer que eu nunca seria bom o suficiente para


ficar com sua melhor amiga? Alguém de dizer que considera você
como uma irmã? Ele me disse que se eu tocasse em você ele cortaria
minha mão, ou o que é pior... se eu fosse atrás de você, nossa
amizade estaria terminada.”

“O QUÊ?” Gabi ruge. “Você está falando sério?”

“Sim”, resmungo. “Olha, não estou orgulhoso pela maneira


como tratei você, mas eu mantenho minhas promessas, e a ideia de
que ele iria simplesmente me colocar para fora de sua vida, fez eu me
sentir como se tivesse que escolher entre vocês dois.”

“Mas isso não tem que ser assim!”

“Não?” Eu disparo de volta. “Você conhece Ian?”

“Ele vai superar isso!”

“Gabs, você é a única família que ele tem além de sua irmã.
Você e ele estão mais próximos do que nunca. Você estava lá quando
seus pais morreram, você estava lá em todos os aniversários que eles
perderam, e quando eu me afastei, você ainda estava lá para ele. Você
é tudo para ele, e por mais estúpido que pareça, ele é como um irmão
para mim. Machucá-lo...” Suspirei.

“O que nós vamos fazer?”

“Sexo.” Eu balanço a cabeça, confiante. “Resolve tudo, é como


óleo de coco.”

“Hã?”

“Óleo de coco. Curso preparatório para Medicina, né? E você


não conhece os vários usos do óleo de coco?”

“Pessoal!” A voz de Ian viaja do andar de baixo.

Gabi entra em pânico enquanto eu tento levantá-la apenas para


perceber que suas pernas estão presas debaixo dos braços da cadeira.

“Socorro!”, Ela chia.

“Pare de se contorcer!” Eu assobio quando empurro uma perna


para fora de um dos lados e quase caio em cima dela. “Flexione o
joelho!”
“Se eu dobrá-lo mais, vai quebrar!” Ela grita.

“Gabi! Se alguma vez houve uma hora para me impressionar


com a sua flexibilidade, esta hora é agora!” Eu tento aliviar para a
direita ao mesmo tempo em que ela vai para a esquerda.

“Ai!” Gabi me dá um tapa na perna. “Isso machuca!”

“Oh, eu sinto muito, você quer que o nosso melhor amigo nos
encontre enroscados no meu quarto?”

Os olhos de Gabi se arregalam quando ouvimos Ian subir as


escadas. “Talvez se você empurrar meu pé esquerdo, vou puxar para a
direita...”

“Merda!” Estou prestes a desistir quando sua perna se solta,


fazendo-a cair no chão comigo em cima dela enquanto a cadeira rola
para trás contra a cama.

“Uau!” Ian entra no meu quarto. “Já passamos dos insultos


verbais? Vocês estão nas agressões físicas agora?”

“Sim!” Gabi grita quando começa a bater no meu peito com


seus punhos minúsculos. “Agora saia, idiota!”

“VOCÊ AMA ISSO!” Eu grito de volta, incapaz de pensar em


alguma outra coisa para dizer, enquanto meu corpo responde tão
primorosamente ao seu balanço. Tento enviar-lhe um pedido
silencioso para que pare de se mover, mas seus quadris rebolam.

Droga!

“Cara, saia, ela tem um quarto do seu tamanho. Temos sorte se


não acabarmos com uma panqueca do tamanho de Gabi no chão.”

“Hah,” eu rio em falsa diversão e me afasto de Gabi, tentando


ficar curvado no chão para que Ian não possa ver o quanto eu
desfrutei do nosso pouco tempo de luta.

“Nossa.” Ian estende a mão para ela. “Você está bem, Gabs?”

Ela aceita a mão e fica de pé. “Claro!”


“Você parece...” Os olhos de Ian se estreitam. “Você está vendo
o cara de novo, não é? Aquele que roubou seu tesouro!”

“Ela não é uma pirata,” eu comento quando Gabi bate no peito


de Ian.

“Meu tesouro?”

“O seu espólio.” Eu rio.

“Isso não foi útil, Lex!” Gabi olha e, em seguida, vira-se para
Ian. “E por que você se importa? Eu sou uma mulher. Eu tenho
necessidades!”

“Oh, inferno, não!” Ian ergue a voz. “Você pode resolver suas...
necessidades de outras maneiras!”

“Como é isso?” Amo irritar Ian. Ele normalmente não faz


sentido, e é hilário pra caramba assistir.

“Há...” Ele engole em seco e olha para mim. “Eu não vou sentar
aqui e conversar com você sobre brinquedos sexuais.”

“Ah, então você quer que eu use brinquedos sexuais? É sobre


isso essa conversa?” Gabs cruza os braços.

“NÃO!” Ian berra. “Apenas...” Seu olhar impotente encontra o


meu. “Nada de caras, nada de brinquedos, nada de sexo. Você não é
católica? Não temos mais freiras suficientes no mundo, Gabs.”

“Vou me tornar uma freira no dia em que Lex se tornar um


padre.”

Eu me levanto e estendo minha mão para Ian. “Abençoa-o,


Pai...”

“Você não é engraçado”, diz Ian com os dentes cerrados.

“Você parece meu... pai!” Gabi desabafa.

Ian respira. “É isso aí! Vá para o seu quarto!”

“Mas...”

“Vá!”
Gabi pisa para longe de nós e bate a porta de seu quarto.

“Queixo para cima, é quase como praticar para o futuro.” Eu


rio. “Quer que eu vá falar com ela?”

Os ombros de Ian despencam. “Você faria isso? Quero dizer,


vocês já estavam lutando antes de eu entrar.”

“Eh, ela está exausta, a maior parte de sua energia se foi


tentando me tirar de cima e brigando verbalmente com você.” Eu dou
de ombros. “Vou usar um protetor de testículos, apenas como
precaução.”

“Obrigado, eu só...” Ian enxuga o rosto com as mãos. “Eu não


posso perdê-la.”

“Eu sei.” Nem eu, Ian. Nem eu. “Eu vou, hã, apenas vou até lá.”

Ian assiste enquanto eu bato na porta duas vezes. Gabi abre e


deixa eu entrar. Eu me viro e aceno para Ian enquanto ele lentamente
desce as escadas.

No minuto em que a porta bate atrás de mim, olho para Gabi.


“Ele está apenas com medo.”

“Eu conheço o sentimento.”

“Sim, eu acho que nós todos conhecemos,” sussurro quando


nos aproximamos e continuamos exatamente de onde paramos.
Capítulo trinta e cinco
Gabi

Eu me preparo para o que sei que vai ser muito provavelmente


uma das minhas experiências menos favoritas de todas. Lex havia
tentado me preparar na noite anterior, mas não há preparo que possa
deixar uma garota totalmente confortável em ajudar um ex a
conseguir a menina que ele pensa merecer. Eu honestamente senti
pena da garota que ele gosta. Então, novamente, talvez ela seja tão
má quanto ele é? Lex diz que o programa deles julgou que os dois
seriam uma boa combinação, então quem sou eu para discutir com a
ciência?

Minhas unhas se enterram nas palmas das mãos. Eu não só


desprezo Mark; eu o odeio. Cada menina tem um. O Cara que Altera o
Jogo. O cara em sua vida que, quando você olha para trás, faz você
querer voltar e refazer tudo. Mark é o meu, porque na minha
imaturidade eu permiti que ele desbastasse minha confiança de tal
forma, que acabei consumida pela necessidade de fazê-lo feliz.

Minha vida era a vida de Mark.

De uma forma completamente insalubre.

Estava tão preocupada em não chateá-lo que até mesmo parei


de atender as ligações de Ian, e durou um dia apenas, até que Ian
viesse até minha casa e soltasse os cachorros pra cima de mim. Mark
conseguiu um olho roxo e naquele dia mais tarde, ele me disse que
provavelmente eu não valia a pena.

Certo. Eu não valia a pena o olho roxo que ele ganhou.


Desesperada para ficar com ele, eu ofereci a única coisa que
sempre mantive guardada para mim: minha virgindade, a minha
inocência.

Ainda consigo lembrar do seu sorriso cruel.

E o fato de que mais tarde naquela noite – a noite que eu havia


prometido voltar para a casa dos seus pais enquanto eles estivessem
fora – eu, por engano, peguei seu telefone pensando que era o meu, e
vi uma foto de uma das líderes de torcida da equipe, nua.

O texto que acompanhava a imagem dizia: “Ontem à noite foi


ótimo. Vamos repetir?”

Ugh.

Assim, o fato de que estou responsável por Mark – um cara que,


ainda, de alguma forma, consegue me revirar por dentro apenas de
olhar para ele – sim, vamos apenas dizer que Lex vai ficar me devendo
depois dessa. Então, novamente, quem precisa de Mark quando está
com Lex? Esse único pensamento me dá confiança suficiente para
endireitar um pouco os ombros e marchar para o restaurante.

Mark está sentado no canto de trás da cafeteria mal iluminada,


debruçado sobre um livro, seus olhos piscam como se ele estivesse
tentando resolver um quebra-cabeça complicado. Anos atrás, esse
olhar costumava me deixar excitada. Eu achava aquilo adorável, a
maneira como ele franzia o nariz enquanto se concentrava.

Em seguida, ele acabou gozando e me chamou de Sara. O nome


da outra menina. A garota com quem ele estava me traindo, e bem,
tudo sobre ele acabou me deixando com vontade de estrangular
alguém – ele, principalmente. Eu acho que foi um golpe de sorte ter
encontrado aquela foto e aquele texto alguns minutos antes, o que
provou que ele estava me traindo. Pelo menos eu não fui estúpida o
suficiente para acreditar que foi um lapso freudiano.

Eu peço um bolinho e então caminho para a sua mesa. “Este


lugar está ocupado?”

“Sim.” Ele não olha para cima. “Eu estou realmente esperando
alguém.”
“Hmm.” Sento-me de qualquer maneira. Ontem à noite, depois
que Lex tinha saído do meu quarto de má vontade, eu me debrucei
sobre o arquivo de Mark. Um monte de coisas eu já sabia, exceto o
que ele esteve fazendo durante os últimos quatro anos. As lacunas
não foram difíceis de preencher, e depois de duas horas , já sabia
exatamente como eu poderia ajudá-lo a ficar com a garota.

Então, novamente, ter acesso ao manual dos rapazes foi


realmente útil no que diz respeito aos passos que alguém deve dar, a
fim de ganhar a confiança e o carinho de uma menina.

“Ei, eu disse...” os olhos de Mark se encontram com os meus.


“Gabi?”

“Mark.” Foi errado que, dizer seu nome em voz alta – fez eu
estremecer um pouco? O que foi que eu via nele? Seu cabelo loiro
areia está muito longo, seus olhos azuis estão um pouco sem luz.
Mesmo seu rosto é muito redondo.

Ele é o oposto de Lex.

Huh, imagine isso.

“Gabi.” O espaço entre os dois dentes da frente parece mais


pronunciado. “Eu não posso acreditar que você está aqui. Quer dizer,
nós deveríamos recuperar o atraso em algum momento.” Ele engole
em seco e nervosamente olha ao redor da loja de café. “Mas,
realmente, estou esperando alguém e...”

Deslizo o cartão da Wingmen sobre a mesa de vidro, em


seguida, dou uma grande mordida no meu bolinho. “Você estava
dizendo?”

“Você?” Ele dispara. “Você trabalha na Wingmen? Eu duvido


que você seja o cérebro.” Suspiro. Estávamos tendo um começo tão
promissor.

“Sou um músculo, na verdade,” corrijo, meio tentada a


flexionar meu braço. “E o meu melhor amigo é o dono da empresa.
Agora, por que não falamos sobre o objeto de sua afeição?”
As orelhas de Mark ficam vermelhas brilhante quando ele
rapidamente desvia os olhos e tamborila com os dedos sobre a mesa.
“Eu, uh, wow.” Ele tosse em sua mão. “Isto é estranho.”

Você está me dizendo isto. Mas ofereço um sorriso profissional.


“Só será estranho se você deixar que seja estranho, e eu estou aqui
para ajudar.”

Eu não confio nele. Mas isso não significa que eu poderia ir


embora também. Se ele foi avaliado pela Wingmen Inc., e se as
estatísticas diziam que a probabilidade dos dois eram boas, então eu
preciso seguir adiante.

Além disso, eu preciso do salário.

Especialmente depois da mensagem de meu pai naquela


manhã. Afasto isso e tento uma abordagem diferente. “Charlie é
bonita.”

Mark bufa. “Ela é maravilhosa.”

“Inteligente também.”

Ele começa a brincar com o canudo na sua frente, torcendo-o


várias vezes antes de finalmente deixá-lo cair sobre a mesa. “Olha,
Gabi, como exatamente você vai me ajudar, se...” Ele aponta para
mim. Olho para baixo. Será que eu tenho algo em minha camisa?

“Se... ?” Pergunto.

“Bem, eu não estou tentando ser rude, mas como é alguém tipo
nota sete seria capaz de conseguir para mim alguém nota dez?”

Eu quase engasgo em voz alta. O rato bastardo! Ele está me


insultando? Na minha cara? Seguro a parte inferior da minha cadeira
para não agarrar seu canudo e esfaquear sua garganta com ele
algumas centenas de vezes.

Há quatro anos o comentário teria me destruído.

Talvez até algumas semanas atrás.


Mas... uma coisa engraçada. Apesar de esta relação com Lex ter
me deixado confusa por dentro, principalmente por causa da mentira
– sei pela maneira como Lex olha para mim que eu não sou um
maldito sete.

Eu sou um onze.

Hah!

“Por que você está rindo?” Pergunta Mark. “Eu não estou
brincando.”

Eu tenho pena da mulher que vai acabar ficando com ele. Sim,
ele sempre foi muito literal, seco, inteligente – quase inteligente
demais – e, se eu fosse completamente honesta, um dos indivíduos
mais narcisistas que eu já conheci.

“Olha.” Eu olho para a porta justamente quando Charlie entra,


seus olhos concentrados em nossa mesa e, em seguida, olhando para
longe. Dez? Se ela é um dez, eu odiaria ver o que viria a ser um
número um.

O amor é cego, pessoal. O amor é cego.

E, de repente, não me sinto mais insultada, nem um pouco.

Charlie é adorável, bonita mesmo. Algo pareceu entrar no lugar


certo, porque não importa se eu acho que ela é um, zero, seis, cinco...
Quem se importa? O que importa é que para Mark ela é um número
dez, a melhor das melhores, e ele a quer para si.

“Você gosta dela, não é?” Pergunto enquanto fico de pé.

“'Gostar' é uma palavra tão fraca para o que eu sinto aqui


dentro.” Ele bate em seu peito, arregalando os olhos como se estivesse
tentando me mostrar quão grande é seu amor. “Eu morreria por ela.
Ela é simplesmente... Ela ainda não sabe.”

“Oh, eu aposto que ela sabe.” Estendo minha mão. “Agora, faça
exatamente o que eu disser.”

O manual especificamente diz que o ciúme misturado com


confusão é a maneira mais fácil para conseguir que o sexo oposto
note você, porque isso obriga a outra pessoa a olhar para você através
de uma lente diferente. Se eu o achasse incrível, mesmo que aquele
pensamento nunca tenha passado pela sua cabeça, você também
olharia duas vezes, confusa sobre está acontecendo. E as camadas de
sua personalidade seriam descartadas, aumentando a curiosidade de
saber o que você está perdendo.

Camadas!

Ah-hah! Lex tinha dito algo sobre camadas, e Ian tinha


imediatamente se referido a Shrek, mas eu parei de ouvi-lo logo
depois disso.

“Eu vou me inclinar, certo? Não enrijeça.”

Eu apenas me inclino por cima do seu ombro enquanto meus


olhos se fixam em Charlie. Ela não desvia o olhar, mas seu rosto fica
rígido apenas o suficiente para saber que minhas ações estão
funcionando.

“Hmm...” Eu passo meus braços em torno dele, odiando o fato


de basicamente estar servindo como cupido para meu ex-namorado.
Ele devolve o abraço, em seguida, levanta-se para me abraçar.

Charlie lentamente vem caminhando até nós. “Oi, Mark.”

“Oh! Oi, Charlie.” Mark fica vermelho. “Eu não tinha visto
você.”

Os lábios dela se apertam em uma linha firme. “Quem é sua


amiga?”

“Eu sou uma ex.” Estendo minha mão. Minha resposta é


perfeita; ela quer saber sobre a nossa história. “Nós namoramos por
dois anos.”

Mark engole em seco quando olha entre nós duas.

“Estou surpresa por ele nunca ter tocado falado de mim para
você.” Eu rio. “Você sabe, uma vez que já conversamos sobre
casamentos.”
“C-casamento?” Ela repete, cruzando os braços sobre o peito.
“Uau, vocês devem ter sido sérios.”

Canalizando Legalmente Loira mais do que a própria cartilha da


Wingmen Inc., dou de ombros e deixo escapar um longo suspiro.
“Sim, os dois melhores anos da minha vida. Quero dizer... talvez isso
seja inapropriado, mas comparo os beijos de cada indivíduo com os
de Mark, o toque de cada homem.” Outro suspiro. “Bem...” Eu tento
parecer desanimada. “Você é, hum... a namorada dele?”

“Não.” Os lábios de Mark viram num sorriso. “Ela não é.”

“Mas” – o sorriso forçado de Charlie vacila um pouco – “estamos


muito perto disso.”

“Hmm, você disse que seu nome é?”

“Charlie”, ela murmura.

“Desculpe, Charlie.” Sorrio. “Então, Mark, talvez possamos nos


encontrar amanhã à noite? Há um lugar de sushi perto do campus, e
é incrível!” Mark odeia sushi, por isso, essa seria uma forma eu me
vingar. “Talvez possamos andar de bicicleta depois?” Mark também
odeia exercício e qualquer coisa que bagunce seu cabelo emo. “Já que
você é alérgico a chocolate, não podemos ter esse tipo de sobremesa,
mas eu tenho outra coisa em mente.” Dou uma mordida no lábio.

Charlie parece pronta para me dar um soco na cara, enquanto


Mark balança para trás em seus calcanhares, silenciosamente, como
se contemplando a minha ideia.

“Aqui.” Enfio o cartão da Wingmen em sua mão. “Se você quiser


aceitar minha oferta, é só me enviar um texto ou e-mail. Legal?”

“Sim”, ele revela. “Quero dizer, eu quero. Eu só tenho que dar


uma olhada se não terei nenhum outro compromisso amanhã à
noite.”

“Grande.” Eu realmente preciso me forçar a parecer feliz com a


perspectiva de sacrificar uma das minhas noites livres para que Mark
pudesse ficar com a garota dos seus sonhos, a garota que ele já tinha
me dito que é mais bonita do que eu. Obrigada por isso, Mark. “Vejo
vocês por aí.”

Saio rapidamente antes que ele possa pensar duas vezes e abro
um grande sorriso para o meu telefone quando ele apita dois minutos
depois, com o número de Mark e uma mensagem entusiasmada:

Você está contratada.

“Vendo pornografia? Menina safada.” Lex caminha ao meu lado.

Recuo de lado e paro quando percebo que estou caminhando de


nariz empinado diretamente para uma árvore larga. “Lex!” Engulo em
seco, enquanto meu coração luta para bater livremente em meu peito.
“Você não pode simplesmente... espreitar!”

“Gabs, eu tenho mais de um metro e noventa. Eu não posso


nem tentar espreitar.”

Eu ainda tenho dificuldade em respirar quando ele pega minha


mão. “Então, como foi o encontro com idiota?”

“Lex me diga que você não estava espionando pela janela.”

“Tudo bem.” Ele é tão bonito. Adoro a forma como seu sorriso
se espalha para os olhos, e eu odeio que tivéssemos perdido tanto
tempo lutando e que só agora eu estivesse percebendo a forma como
seu rosto se ilumina. “Eu não estava espiando pela janela.”

Eu dou um suspiro de alívio.

“Eu estava espionando por trás da cozinha.”

“Lex!” Solto sua mão. “Vamos! Eu sou uma menina grande.


Você precisa cortar esse cordão umbilical.”

Ele para de andar e coloca os braços sobre meus ombros. “Se


eu cortar o cordão umbilical, posso substituí-lo por uma corda? Eu
poderia fazer muitas coisas com uma corda.”
“Você não vai me amarrar também.”

Seu rosto parece triste.

“Fala sério.” Eu o golpeio no peito. “Estou feliz por anunciar que


não matei o meu segundo cliente do sexo masculino, embora ele
tenha me dado um sete.”

Lex cruza os braços. “Um sete? Então você estava recitando


números, a fim de deixá-lo excitado? Garota estranha, mas tudo bem,
desde que funcione.”

“Não.” Eu enrolo minha mão no seu braço enquanto


continuamos andando. “Ele disse, e cito exatamente suas palavras,
‘como é alguém tipo nota sete seria capaz de conseguir para mim
alguém nota dez?’”

Lex para de uma vez e eu tropeço, quase caindo de cabeça para


baixo sobre a grama.

“Diga isso de novo?” Ele sussurra com voz rouca.

“Lex”, eu gemo. “Está tudo bem. Ele sempre foi um idiota. Eu


fiquei ofendida por talvez um minuto.”

“Estou ofendido por você”, Lex rosna, jogando as mãos para o


ar como se estivesse pronto para carregar uma das árvores próximas
e parti-la ao meio apenas com seu peso corporal e vontade. “Que tipo
de pessoa diz isso? Será que ele percebe como você é linda? Que
cretino!” Quanto mais ele fala, mais furioso fica, e então se vira e
começa a marchar de volta para cafeteria.

“Lex!” Eu grito. “Cliente! Ele é um cliente!”

“O filho da puta vai precisar de alguém que possa mastigar sua


comida por ele em menos de cinco minutos.” Os punhos de Lex se
apertam ao seu lado quando ele caminha intencionalmente de volta
em direção ao prédio.

“Não!” Eu pulo em suas costas. “Lex seja razoável!”

“Este sou eu sendo razoável”, ele diz com uma voz mortalmente
calma. “Vou perguntar a ele se é verdade, ele vai dizer que sim. Vou
conceder uns sessenta segundos para ele se defender, e então vou
chutar seu traseiro até o próximo ano e acenar enquanto sua cabeça
se separa do seu corpo.”

Eu ainda estou batendo em suas costas musculosas quando a


porta do café se abre e Ian sai.

Com um suspiro, ele olha para mim e então para Lex. “Estamos
em público, pessoal, mostrem um pouco de decoro.”

“Ele, hã” – deslizo lentamente para baixo das costas de Lex


“estava sendo cruel.”

Reviro os olhos e cubro o rosto. Mesmo? Isso é tudo que eu


tenho? Ele estava sendo cruel e me empurrou para fora do balanço?
Boa, Gabs, realmente boa.

“O medroso lá” – Lex aponta o dedo para a porta da cafeteria –


“chamou Gabs de um maldito sete.”

As sobrancelhas de Ian se juntam como se estivesse tentando


processar o que Lex estava dizendo. “E você está chateado porque o
único que pode insultar Gabi é você?”

“Ele é um idiota completo!” Lex grita quando a porta se abre e


um cliente passa para fora.

Ian começa a rir. “Sim, tudo bem. Olhe na janela, Lex. O que
você vê?”

“Hã?”

“É o seu reflexo... e ainda assim é outro idiota. Desculpe dizer


isso para você, mas você é uma espécie de idiota.”

“Mas...”

“Gabs.” Ian ergue a mão para um high-five. “Eu estava aqui


perto quando recebi um e-mail de Mark – parece que ele está super
impressionado com a forma como as coisas aconteceram, então: bom
trabalho. Agora...” Ele coloca os óculos escuros. “Vocês querem
pizza?”
“Claro!” Forço um sorriso gigante, porque não sei mais o que
fazer, mas Lex não se mexe. É como se alguém tivesse colocado cola
na parte inferior de seus sapatos e dito para que ficasse parado
enquanto esperava secar. “Lex?”

“Ian” – as narinas de Lex se incendeiam – “nós vamos


encontrar você lá. Eu preciso falar com Gabs rapidamente.”

Ian olha entre nós. “Você percebe que ela estava batendo em
você agora a pouco, né? Com suas mãos?”

“Eu posso lidar com uma fichinha.” Lex cerra os punhos.

“Tudo bem,” Ian diz, pegando suas chaves. “Eu vou pegar uma
pizza e os vejo em casa, certo?”

“Sim”, dissemos em uníssono.

Assim que Ian parte, Lex pega minha mão e me puxa em


direção ao seu carro. Quando estamos lá dentro, ele não fala nada,
mas eu posso dizer que ele ainda está chateado – pelo jeito como sua
mandíbula continuava clicando. A qualquer minuto, eu espero que ele
realmente comece a cuspir os dentes.

Nós dirigimos por três quilômetros em silêncio.

Ele para no caminho de casa em um dos parques do bairro.

E desliga o carro.

“Lex.” Espicho a mão para ele.

“Não”, ele assobia. “Apenas – preciso de um minuto.”

Minha ansiedade triplica porque eu não tenho ideia do porquê


ele ainda continua tão chateado, mas estou com um pouco de medo
que isso seja culpa minha.
Capítulo trinta e seis
Lex

Eu não vou socar meu melhor amigo, não vou socar meu melhor
amigo. Estava falando sério como o inferno, repetindo esse mesmo
mantra uma e outra vez dentro da minha cabeça enquanto meus
punhos continuavamm cerrados e Ian seguia insultando não só a
mim, mas toda a maldita situação!

Se um cara chama sua melhor amiga de sete, você com certeza


faz algo sobre isso, certo?

Ele desconsiderou o assunto.

Da maneira que Ian desconsidera tudo o que tem a ver com


Gabi e eu. Eu estou de saco cheio, cansado de ter que fingir na frente
dele.

“Você” – encontro a minha voz, solto o cinto de segurança, e


me viro para Gabi – “é absolutamente linda.”

Um rubor vermelho colore suas bochechas. “Lex, está tudo


bem. Quero dizer...”

Eu levanto minha mão. “Deixe-me terminar.”

Ela engole em seco, seus olhos encarando o console central,


enquanto retorce as mãos.

“Você tem o sorriso mais incrível que eu já vi. É como olhar


para o sol...” Suspiro. “Eu me perco em seus olhos cada vez que
olham para mim, e tenho vergonha de admitir que algumas das
razões para eu ter te empurrado para longe se encontra no fato de
que seus olhos muito confiantes eram capazes de enxergar muito.
Droga, eles ainda veem muito, mas eu cansei.” Outro suspiro escapa.
“Gabs estou tão cansado disso, o que quer que seja.”

Gabi parece horrorizada, como se eu tivesse acabado de chutar


seu animal de estimação. Seus olhos ficam tão grandes que é difícil
me concentrar. Maldição, ela é linda.

Sua respiração fica rápida e dura quando ela procura meus


olhos. Com um murmúrio, ela diz “Ok, então.”

Eu amaldiçoo e corro minhas mãos sobre minha cabeça. “Eu


gosto de você. Muito. E se Ian não pode lidar com isso, então foda-se
ele! Eu estou... simplesmente...” Dou de ombros. “Estou fazendo de
mim um total idiota agora... Mas recuso-me a deixar mais um minuto
se passar com você acreditando que é um sete, ou mesmo um dez,
quando você é um doze, ou inferno, um quinze. Quando cada vez que
você olha para mim, é como ver o nascer do sol sobre as montanhas,
seus raios iluminando tudo em torno de si, por isso, mesmo que
alguém queira ficar na escuridão, isso não é possível, não por muito
tempo, não quando você está por perto.”

Eu paro de olhar para ela – provavelmente não teria tido a


coragem de dizer nada disso se eu estivesse olhando em seu olhos –
então encaro o volante. Algo molhado cai na minha mão. Olho para
cima e descubro que ela está chorando.

“É por isso que você me chama de Sunshine?”

Eu sorrio. “Mesmo quando eu a insulto, é um elogio, Gabs.”

Ela me dá um soco no ombro.

“Eu mereço isso.”

“Você realmente quer dizer... todas essas coisas?”

“Sim.” Minha voz falha. “Eu realmente quero.”

“Você sabe que eu odeio você, certo?” Ela estende a mão para
mim, agarrando a frente da minha camiseta e puxando meu corpo o
mais próximo possível.
“Oh, eu sei.” Eu concordo presunçosamente. “Eu também odeio
você.”

“Bom.”

“Ótimo.”

Seus lábios tremem. “Ok.”

“Ok.” Minha boca encontra a dela em um beijo ardente.

As mãos de Gabi pressionam contra o meu peito, depois se


espalham ao redor dos meus ombros e engancham por trás do meu
pescoço. “Você tem um gosto bom.”

“Como a luz do sol?” Eu brinco.

“Sim.” Ela ri contra a minha boca. “Como a luz do sol.”

Eu não posso puxá-la para o meu colo, apesar de ser isso o que
eu quero, e a ideia de pular para o banco traseiro até tem seu mérito,
exceto que ela é Gabi, e ela é mais do que um enrosco rápido na parte
de trás de um carro.

Nossas línguas são entrelaçadas quando nossas bocas


sincronizam beijo após beijo, sempre estonteantes.

“Ian vai pensar que você me matou”, Gabi respira com a boca
inchada. Ela se separa e, em seguida, encosta o queixo no meu
ombro, correndo as mãos no pescoço.

Tremendo, volto seu abraço e fecho os olhos, inspirando o


cheiro de baunilha e flores silvestres. “Sim, Provavelmente.”

“Pizza?”

“Não posso simplesmente comer você?”

“Por que você tem que arruinar este momento?” Ela ri contra
mim.

“De acordo com Ian eu sou um idiota, então... de agora em


diante, vamos apenas supor o pior, não é?”
“Você não é...”Gabi ri, em seguida, faz uma careta. “Só às
vezes... como em algumas horas do dia.”

“É bom saber que você tem uma opinião tão elevada de mim.”

Ela pisca. “Sempre.” Depois de afivelar o cinto de segurança, ela


abre os braços e sorri. “Ok, vamos para casa antes que ele chame a
polícia.”

Eu bufo e ligo o carro. “Não seria a primeira vez.”

“Não vai ser a última.”

“Não.”

Ela pega minha mão. “Lex?”

“Sim?” A última coisa que eu quero é dividi-la com Ian. “O


quê?”

“Nós vamos contar a ele juntos... Mas vamos esperar até depois
do jantar com a minha família neste fim de semana, certo? Ele não
vai aceitar bem, e eu não sei, só acho que devemos esperar. Vou
contar a Blake primeiro. Dessa forma, quando ele souber, ela pode
conversar com ele sobre isso.”

“O que você quiser, Gabs, você sabe que eu vou concordar com
qualquer coisa.”

“Qualquer coisa?”

“Gabs,” aviso.

“Meu carro está ruim. Você provavelmente deveria ver o que há


de errado com ele... sem camisa...” Ela balança a cabeça. “Talvez
esfregar um pouco de graxa em seu rosto... Não.” Ela bate palmas,
assustando-me pra caramba. “Graxa em sua barriga... Oooo, eu posso
passar?”

“Como é que nós passamos de contar a Ian sobre nós, para, de


repente, eu bancando o mecânico pornô no jardim da frente?”

“Você disse 'qualquer coisa'. É sua culpa.”


Beijo sua mão e então infelizmente a solto, pois estamos de
volta a casa.

Como esperado, Ian está de pé no degrau da frente, com olhos


preocupados.

“Ele vai ser uma grande mãe algum dia,” Gabi brinca enquanto
lentamente solta o cinto de segurança e desce do carro.

Merda.

Eu não iria tão longe a ponto de dizer que Ian já sabe, mas no
minuto em que puxou Gabi para um abraço, ele trava seus olhos
comigo.

É um aviso.

Eu já tinha visto aquele olhar em seu rosto antes.

E eu com certeza não queria vê-lo novamente, mas desta vez?


Eu não vou recuar; eu não posso.

Eu só espero que nossa amizade consiga sobreviver ao que está


prestes a acontecer.

Não por minha causa.

Por causa dela.

*****

O sono não é possível, não com Gabi no outro lado do corredor.


Inferno, é como viver na casa dos meus pais outra vez, só que agora
Ian é o pai, e eu sei que ele não apenas vai ficar desapontado se me
encontrar na cama com ela.

Não, ele iria guardar a parte da decepção para depois que


tivesse me empurrado para fora da janela, perseguindo-me pela rua
com seu carro.

Deixo escapar um suspiro e olho para o teto.


Gabi teria seu encontro com Mark amanhã à noite, o que me
deixa puto. Toda a situação me faz querer mutilá-lo fisicamente.

Eu até tinha ido longe demais e feito uma verificação de


antecedentes sobre o cara, e não foi o tipo de verificação legal.

Ele está bem. Ela está segura com ele, mas o bastardo tem
alguns fetiches estranhos.

E para mim, um fetiche estranho por bibliotecas antigas,


basicamente, significa que ele está a apenas um passo de fazer uma
escolha ruim antes de surtar de vez e precisar de internação.

Eu realmente espero que Gabi faça um bom trabalho para que


possa acabar com ele e dar o fora.

Seria assim com cada cliente?

Meus dedos coçam para causar algum dano à pontuação de


crédito do idiota, assim como coçam para verificar as contas
bancárias de Gabi e descobrir para onde todo o seu dinheiro está
indo.

E comida.

Ela tinha comido sua pizza como um puma faminto, devorando


três pedaços antes de fazer uma pausa para respirar e travar os olhos
nos meus.

Quando perguntei a ela quando ela havia comido pela última


vez, ela deu de ombros e começou a perguntar a Ian sobre o próximo
jogo de Blake.

Uma batida leve na minha porta me assusta, antes que ela se


abra. Gabi fecha a porta tranquilamente, trancando-a, em seguida, na
ponta dos pés caminha até minha cama. “Tem lugar para mais um?”

Eu afasto o edredom. “Graças a Deus que você consegue ler


mentes.”

“Você não é o único super-herói nesta casa.”

“Super-vilão,” eu corrijo.
“Nah.” Gabs suspira contra o meu peito, sua respiração suave
aquecendo minha pele. “Esta tarde... quando disse que eu era um
doze...” Ela boceja. “E contou o motivo de me chamar de Sunshine...”
Suas unhas dançam ao longo do meu peito. “Herói.”

“Eu salvei um sapo uma vez.”

“Nós provavelmente devemos notificar a câmara de comércio,


apenas no caso deles quererem fazer um desfile ou algo assim.”

“Foi há muito tempo.”

“Heróis nunca morrem.”

“Verdade ou desafio?”

“Jogos na cama? E sem corda? Você está perdendo seu toque,


Sr. Luthor... e eu escolho verdade.”

“Quantas vezes você já pensou em mim no chuveiro?”

Ela belisca meu mamilo. Solto um gritinho. “Duas vezes hoje,


enquanto me esfregava com a bucha.”

“Diga esfregava, outra vez.”

“Não.”

“Droga! Outra oportunidade perdida!”

“Verdade ou desafio?”

“Desafio.”

“Ele quer um desafio, hmm?” Gabi se inclina sobre os cotovelos.


“Eu desafio você a ... bater na porta de Ian nu e perguntar se ele tem
toalhas.”

“Essa é uma ocorrência diária. Eu sempre fico sem toalhas,


sempre nu. Próxima?”

Os olhos de Gabi se estreitam. “Deixe-me envolvê-lo em um


cobertor por cinco minutos, com os braços presos.”

Eu estremeço. “De jeito nenhum.”


“Ah, você escolheu desafio. É assim, sem voltar atrás!”

“Oh! Olhe, você ganhou o jogo, provavelmente é melhor irmos


dormir ou fazer sexo. Eu aceito qualquer um.”

“Perdedor.”

“A última pessoa que me chamou de perdedor foi Ian.


Estávamos na quinta série. Eu encerro meu caso.”

Gabi fez o sinal de L – loser/perdedor – com os dedos contra a


testa dela e começa a rir.

“Você está falando sério agora?”

“Lex...” Ela se mexe para me escarranchar, e todo o meu corpo


salta por atenção. “Por favor?”

“Pare com isso” assobio enquanto ela balança contra mim.


“Jogue Limpo!”

Gabi se inclina, seu cabelo beijando meu peito, enquanto os


quadris moem contra mim. “Ainda é não?”

“Hmm...” Eu entrelaço os dedos atrás da minha cabeça. “Tire os


seus shorts e se mova um pouco para a esquerda, depois para a
direita, para cima e para baixo um pouco, e vamos ver.”

“Você realmente precisa queimar todos esses manuais.”

“Ei! Algumas pessoas precisam de indicações!”

“Eu?”

“Claro que não!” Agarro sua bunda com as minhas mãos.


“Honestamente, mesmo se você acidentalmente caísse sobre meu pau,
ainda seria o melhor sexo da minha vida.”

“Eu estou tentando encontrar algum romance nisso.”

“Você não vai.” Eu digo. “Então eu pararia de tentar.”

Ela move os quadris novamente enquanto eu solto uma


maldição.
“Ainda não?”

“Tudo bem,” resmungo. “Eu vou deixar você me prender


debaixo do cobertor por três minutos, e depois o meu desafio terá sido
cumprido, combinado?”

Ela concorda com a cabeça.

“E então eu começarei sexo como recompensa, muito sexo, e


você não poderá reclamar quando eu lhe pedir para incorporar sua
ginasta interior.”

“Sério, você é tão romântico que eu mal consigo evitar arrancar


minhas roupas”, ela diz com uma voz seca.

Dou um tapa na bunda dela e fecho os olhos. “Ok, eu estou


pronto, mas para registro você está fazendo isso contra minha
vontade. Eu tenho um medo totalmente legítimo de ser preso sob
coisas. É chamado de claustrofobia, não deve ser confundido com
Itilafobia, que eu claramente não tenho.” Eu não teria claustrofobia
tampouco, se não fosse Ian ter contribuído para meu medo irracional
ao me prender em sacos de dormir durante nossas viagens de
acampamento na infância.

“O medo de pênis eretos?” Ela enrola o cobertor em torno da


frente do meu corpo, em seguida, sentou-se em mim enquanto meus
braços ficaram presos ao meu lado. “Como eu poderia confundir estas
duas fobias?”

Eu olho para o rosto dela. “Como você sabe disso?”

Gabi se contorce, e depois seu rosto fica vermelho. “Nós


estávamos falando sobre fobias em minha classe de psicologia, e bem,
vamos apenas dizer que certo ex-namorado disse que tinha um amigo
que sofria desse mal.”

“Mentira!” Começo a rir. “Por favor, diga-me que Mark tem


medo de seu próprio pau. Faria minha vida muito feliz.”

“Nós nunca fizemos sexo, então eu não sei dizer.” Gabi se


inclina sobre mim, usando seu peso corporal para me prender.
“Talvez ele estivesse apenas com medo de repente...” Suas bochechas
se avermelharam mais.

“Oh! não, você não vai parar.” Eu me contorço debaixo dela. “De
repente, o quê?”

“Er, repentina... mente.” Ela balança a cabeça. “Você sabe,


como, oh olhar, tudo está totalmente bem no mundo, e em seguida,
boom. Ereção.”

Eu luto como o inferno para conter minha risada. “Sim, não é


assim que funciona.”

“Não é?”

“Talvez se você estiver em sob o efeito de Viagra. É mais lento...


subir, você sabe, quando você faz o juramento à bandeira e a
bandeira vai...”

Gabi cobre minha boca com a mão. “Se você continuar falando,
eu nunca mais serei capaz de dizer O Juramento à Bandeira sem
pensar em partes masculinas.” Ela retira a mão.

“Minha teoria é essa.” Eu tento me concentrar nela, em vez de


no terror de estar preso. “O velho e bom Mark estava fazendo uma
apresentação na frente da classe quando seu professor muito sexy, e
muito solteiro olhou para ele... e isso bastou para – usando suas
palavras: boom, ereção – traumatizá-lo para a vida toda quando as
crianças apontaram e riram.”

“Huh.” Gabi assente. “Boa teoria.”

“Eu sou um gênio, então...”

“Um gênio que costumava chorar quando Ian o prendia em


sacos de dormir.”

“O bastardo fechava o zíper inteiro, Gabs!”

“Ok.” Ela se afasta de mim. “Acabou, viu? Você não está feliz
por não ter pulado fora?”
“Sim. Obrigado.” Reviro os olhos enquanto minhas mãos são
liberadas. “Pague, mulher.”

Ela corre para fora da cama, rindo. Eu a persigo e puxo contra


meu corpo. “Nós podemos fazer isso da maneira fácil ou da maneira
mais dura.”

“Eu gosto de duro.”

“Bem, sorte sua” – eu beijo o lado de seu pescoço – “Eu já estou


lá.”

Ela se vira em meus braços e sussurra, “Verdade.”

Está na ponta da minha língua lhe perguntar sobre a comida, o


dinheiro, tudo, mas... Parte de mim se sente culpado, e eu não quero
acabar com o clima, então a agarro pela bunda e a levanto no ar.
“Quão bom é quando eu faço isso?”

Eu puxo seus shorts para longe do seu corpo e a beijo.

“Então”, ela bate a boca contra a minha em um beijo breve


“bom.”

“Verdade ou Desafio?” Ela se afasta, um sorriso tímido nos


lábios.

“Verdade.”

“Quantas garotas estiveram no seu quarto?”

“Uma,” sussurro. “Apenas uma.”

“Boa resposta.”

“É heroico?”

“Não force a barra.” Ela ri quando caímos contra a cama,


emaranhados um no outro.
Capítulo trinta e sete
Gabi

Lex Idiota: Verdade ou desafio?

Gabi: Verdade.

Lex Idiota: Você está usando roupa íntima?

Gabi: Aw, essas são suas horas de trabalho? Vou responde isso
quando elas tiverem acabado.

Lex Idiota: Das sete às dez todas as noites, não espere nenhum
cavalheiro... só o idiota completo, que está determinado a ofender
suas delicadas sensibilidades femininas, tanto quanto for possível.

Gabi: Anotado. Agora, pare de mandar mensagens durante o


encontro.

Lex Idiota: Verdade ou desafio.

Gabi: Sério?

Lex Idiota: Só mais um...

Gabi: Desafio.

Lex Idiota: É bom saber que podemos nos comunicar


telepaticamente agora. Eu estava cantando desafio na minha
cabeça... Fale a palavra ereção durante sua conversa no jantar e veja
o que Mark faz. Além disso, grave. Dê ao público o que o público
deseja, é o que eu sempre digo.

Gabi: Não!
Lex Idiota: Eu fiquei preso em um cobertor por você na noite
passada. Diga ereção e você será minha heroína.

Gabi: Eu te odeio.

Lex Idiota: Aguardo o vídeo. Não deixe que o povo bom da terra
fique triste, Gabi. Pense nas crianças.

Gabi: Longe demais.

Lex Idiota: Desculpe, acabei me empolgando.

Começo a rir.

Mark faz uma careta. “Está tudo bem com sua mãe?” Eu posso
ter mentido e dito que minha mãe estava doente, por isso, enviando-
me mensagens.

Limpo a garganta e empurro meu telefone de volta na bolsa.


“Bem. Como está o sushi?”

Ele olha para o prato, onde os rolos de salmão repousam


“Está... frio.”

“Sushi é frio,” aponto quando espeto um sushi de atum e vejo


o nariz de Mark se retorcer. “Então, suponho que Charlie não
quisesse que você viesse jantar comigo esta noite?”

Ele larga o garfo, se recosta na cadeira, e sua camiseta preta


fica pendurada em seu corpo tonificado. Eu posso perceber que ele
tem uma boa forma física, mas ele não é nada em comparação com
Lex, nem chega perto.

“Ela ficou chateada.”

“Bom.” Assinto. “Então, agora que você é um cliente oficial,


vamos falar sobre os próximos dias. Ela vai nos ver juntos algumas
vezes, estrategicamente, e provavelmente vai começar a mandar mais
mensagens de texto para você, além de aparecer aleatoriamente, e
ligar. Esteja sempre ocupado nessas ocasiões. Não é preciso
necessariamente dispensá-la, basta dizer que você tem muita coisa
acontecendo, certo? Quando ela pressionar você para sair, diga que
você pode fazer isso na próxima semana, que está ocupado agora,
mas na próxima semana você estará livre. Você não tem vida social
esta semana, entendeu?”

Mark suspira. “Olha, eu sei que vocês têm uma taxa de sucesso
insana, é só... Eu não consigo ver como isso vai dar certo. Ela tem
que estar legitimamente com ciúmes de você.”

Meu estômago se aperta enquanto tento manter meu rosto uma


máscara de profissionalismo. “Isso funcionou no outro dia.”

“É verdade,” ele finalmente admite.

“Eu sou a melhor.” Ok, então isso é uma mentira, mas ainda
assim, preciso que ele confie em mim “Você não tem nada a perder.
Prometo que até o final da semana ela estará pronta para perder a
cabeça por você.”

Sua postura endurece, e quando ele olha para cima um


pequeno sorriso brinca nos lábios. “Você acha?”

“Eu sei que sim”, eu digo confiante. “Agora, sobre a... parte
física da Wingmen Inc., uma situação pode aparecer.” Eu ia matar
Lex, porque toda essa frase só me faz lembrar da nossa conversa:
ereção, boom! Nããão! Dou uma tossida. “A situação pode surgir.” Não,
só fica pior. “A situação pode aparecer magicamente.” Melhor agora.
“Onde eu talvez precise tocar em você.” E de volta a parte ruim. “Ou
te beijar.” O pensamento faz com que eu queira vomitar. “Você não
pode fugir, se isso acontecer, certo?”

Ele encolhe os ombros.

“Mark?”

“Certo.”

“Bom.” Eu exalo um suspiro de alívio. Ele realmente é um asno.


Muito pior do que Lex já tinha sido. Você não pode nem mesmo
comparar os dois! “Então, qualquer questão... estranha que eu
precise saber? Em referência a um relacionamento sexual?”

Ele congela em seu assento.


E, em seguida, Mark começa a tremer quando pega o garfo e
ataca seu sushi como se não tivesse comido em meses.

“Qualquer coisa?” Cutuco.

“Não”, ele diz com a boca cheia de peixe.

“Oh, bom! Você não tem ideia de como nos deparamos com
coisas estranhas neste trabalho. Sabe, como pessoas que não sabem
como beijar, gente com aversão a pés...” Eu limpo minha garganta.
“Fobia de excitação ou... ereções.”

Mark engasga com um pedaço de peixe e pega sua água quando


o molho de soja explode por todo o seu prato.

“Mas bom saber que você não lida com qualquer uma dessas
coisas, hmm, Mark?”

Seus olhos se estreitam. “Eu não escrevi nada disso no meu


formulário.”

“Wingmen Inc....” Eu ofereço um sorriso falso. “Mesmo que você


não escreva as coisas, o nosso trabalho é saber de tudo.”

Ele desvia o olhar.

“E o seu pequeno” – meus lábios se contraem quando enfatizo


'pequeno' - “problema vai ser um... problema?”

“Não”, ele diz um pouco rápido demais. “Não será. Eu juro que
não é nem mesmo o que você está pensando.”

“Eu não penso sobre seu pênis, então você está certo, não é.”

“Podemos apenas deixar pra lá?” Ele implora com uma ponta de
desespero em sua voz que nunca tinha ouvido antes. Também, nunca
soube que a palavra “ereção” fosse uma palavra ambígua, mas você
pode aprender algo novo todos os dias!

“Tudo bem.” Eu limpo as mãos no meu guardanapo. “Então,


amanhã eu vou passar na sua primeira aula, para que ela nos veja
juntos e vamos continuar a partir daí dependendo da reação dela,
ok?”
Ele hesita, suas bochechas cheias de sushi. “Tudo bem.” Sua
boca está cheia, e eu tenho uma visão repentina dele beijando Charlie
e quase vomito. Repulsa surge em seu rosto quando ele luta contra
uma ânsia, e depois engole tudo. “Mas, se isso não funcionar, eu
recebo meu dinheiro de volta, certo? É assim que isso funciona?”

Suspiro alto e fico de pé. “Olha, Mark, ou você precisa de nossa


ajuda ou não. Você assinou um contrato que nos une por, pelo
menos, sete dias. No final dos sete dias, se você não estiver feliz, você
vai receber seu depósito de volta, mas é isso.”

Ele bufa.

O que eu via neste cara?

“Então?” Eu cruzo os braços.

“Tudo bem.” Ele limpa a boca com o guardanapo e se levanta.


“Vejo você amanhã de manhã.”

No minuto em que ele se levanta, meus olhos se arregalam


incapaz de olhar para longe da frente de suas calças.

“Er, você tem uma” – eu engulo em seco – “situação.”

“É chamado de priapismo”, ele resmunga, se esgueirando de


volta para a cadeira. “Não é por sua causa.” Suas palavras soam como
veneno.

“Então...” Eu mal consigo conter meu sorriso. “Esse é outro


motivo pelo qual você precisa de nossa... ajuda?” Oh! meu Deus,
ainda está lá! Escondido! Debaixo da mesa! Eu não consigo desviar o
olhar. Rosto, ele tem um rosto. Eu empurro minha cabeça para fazer
contato com os seus olhos.

“É um simples problema de fluxo sanguíneo.”

“Entendo”, sussurro.

“Acontece quando estou triste ou nervoso”, ele resmunga. “Ou


excitado. Eu só... É preciso de um esforço para controlar, certo?
Especialmente em torno de Charlie.”
“Hey!” Eu levanto minhas mãos. “Talvez ela vá gostar? Você
sabe, dane-se o jogo de adivinhação e tudo isso.”

Mark me dá um olhar derrotado.

“Ou,” eu digo, tentando mais uma vez, “vamos nos certificar


que seu primeiro encontro com ela ocorra em um restaurante com
toalhas de mesa bem longas? Ambiente escuro? Estou pensando em
quase nenhuma luz?”

Ele exala alto. “Gabi? Sem ofensa, mas a última coisa que
quero conversar com você sobre a minha incapacidade de controlar...
as coisas.” Ele amaldiçoa. “Especialmente com alguém como você.”

“Alguém como eu?”

“Sim.” Ele cerra os dentes. “Exatamente. Como. Você.” Um


olhar aquecido atravessa seu rosto. “Uma provocadora. Qual é? Você
só abre as pernas para atletas? Deus sabe que você nunca fez isso
para mim.”

Sem pensar, pego meu copo de água na mesa e jogo todo o


conteúdo no seu rosto.

“Que diabos!” Ele grita, saltando de pé.

“Você sabe o quê?” Eu agarro a água dele e repito o movimento.


“Há dois segundos, seu contrato está oficialmente dissolvido. Nós não
precisamos de você como cliente, nem agora, nem nunca!”

“Que inferno!” Ele grita. “Eu paguei um bom dinheiro! Vou


processar vocês!”

“Experimente!” Eu grito de volta e saio do restaurante, com


lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Estou muito zangada.

Muito ferida.

Muito qualquer coisa para sequer reagir além das lágrimas.

Não é que eu goste dele. É que seus comentários atingiram o


alvo. São exatamente os mesmos comentários que eu recebi durante
todo o ensino médio das meninas ciumentas que sempre assumiram
que Ian e eu éramos mais do que apenas amigos. Quando não dormi
com Mark, ele se afastou e depois me traiu, então culpou-me pela
traição, alegando que eu provavelmente já estava dormindo com Ian
de qualquer maneira.

O que foi ainda pior: o único momento de fraqueza que eu tive,


onde eu só quis fazer sexo, foi com Lex. Lex que apareceu na hora da
minha carência.

Apenas para fazer um corte na superfície, uma ferida


infeccionada, quando ele também, passou por mim e encontrou outra
garota disposta.

Cada insegurança que eu tenho, volta, completamente à


superfície, com força total quando caminho para o meu carro e giro a
chave. Logicamente, sei que sou uma pessoa diferente agora. Eu sei,
mas as palavras ainda tem o poder de ferir, e o que ele disse só fez eu
me lembrar do quão estúpida eu tinha sido e como facilmente me
deixei levar pelas palavras de um cara em vez de observar suas ações.
O que é muito louco, uma vez que as ações de Lex sempre
importaram mais do que suas palavras. Suas palavras sempre foram
cruéis, mas suas ações?

Quando fiquei doente, ele cuidou de mim.

Quando precisei dele, ele estava lá.

Ele sempre esteve lá, talvez não emocionalmente, mas


fisicamente. Cada vez que precisei dele, ele me ajudou e agora eu
estou mentindo para ele.

Viro a chave novamente.

Nada acontece.

“Vamos lá!” Eu tento outra vez. Nada. Agora, não! “Vamos lá,
baby, você pode fazer isso.”

Mas não é possível.

Meu carro está morto.


Sem luzes.

Nada.

Como meu carro pode estar pior depois de ter voltado do


mecânico?

Estou prestes a ligar para Lex quando alguém bate na minha


porta.

Com uma maldição, olho pela janela e vejo Lex com as mãos
nos bolsos, olhando para mim.

E as pequenas lágrimas que escorriam pelo meu rosto de


repente se transformam em um dilúvio quando os soluços começam.
Capítulo trinta e oito
Lex

Não é perseguição se você só está passeando pelo mesmo


restaurante, passeando com o seu cão imaginário, ou, quem sabe,
experimentando um novo bar no bairro exatamente no mesmo
momento em que sua namorada também está lá.

Certo?

“Idiota.” Eu nunca fui um destes caras. Inferno, sempre


ridicularizei abertamente esse tipo de cara. Claramente, Gabi está me
amarrando em nós. Eu nem estava espionando para ver se ela faria
um bom trabalho.

De alguma forma, fazer com que ela não desse certo na


Wingmen Inc. transformou-se em eu querer que ela seja um sucesso
tão ofuscante que mesmo Ian ficaria impressionado com suas
habilidades.

Eu tinha dado a ela todo o treinamento que podia.

E agora ela está sentada com o idiota enquanto ele se inclina


muito perto e pressiona os dedos contra a mesa, quase roçando os
dela.

Se eu tivesse uma faca, eu a jogaria.

Bem na sua cara de merda.

Em vez disso, eu estou preso, observando-os juntos.

O único bônus foi fazê-la rir com minhas mensagens e, em


seguida, ser capaz de ver o que acontece com ele de fato, enquanto ele
encontra problemas em fazer seu corpo prestar atenção aos sinais
mentais.

“Desça rapaz.” Rio, em seguida meu riso morre quando ele se


levanta e saúda todo o maldito restaurante. Essa merda deveria estar
na TV.

Gabi parece estar tentando não rir, e então parece que os dois
começam brigar depois que ele se senta. O que quer que ele tenha
dito, irritou-a o suficiente para que ela jogasse água no seu rosto.

Duas vezes.

Ela sai do restaurante sem olhar para a esquerda ou para a


direita e caminha direto para o carro.

Que não está pegando.

Se eu pudesse lhe comprar um carro sem deixá-la chateada


comigo, eu o faria. Mas aonde eu encontraria uma cesta com
tamanho suficiente pra que coubesse um carro? E o que eu faria? O
colocaria ao lado do saco de Pirate´s Booty como se, oh, apenas vi isso
no supermercado pensei que você pudesse precisar de um?

Não só Ian me pegaria pelas bolas, como sei que o orgulho dela
também não permitiria aceitar um presente tão grande.

E caras não compram os carros de suas namoradas.

Certo?

Puta merda. Ela é minha namorada. Namorada. Quando isso


aconteceu? E por que isso não está me enlouquecendo? Em vez disso,
minha reação é exatamente o oposto. Eu estou exultante, pronto para
botar as pequenas asas de Red Bull e voar. Bem, merda.

O carro se recusa a pegar. Com um sorriso, corro até ela e bato


em sua janela, só então percebendo que ela está com lágrimas
escorrendo pelo rosto.

“Gabs?”
A janela abre. Abro a porta do lado do passageiro e entro,
apenas para vê-la soluçar quando se lança de seu assento em meus
braços.

“Aaa, Sunshine”, eu me agarro a ela tão apertado quanto posso


enquanto o aroma de seu sabonete corporal de morango flutua no ar.
“Ele deve ter um pau assustador.”

Isso só a faz chorar mais.

“Muito cedo para piadas?” Murmuro contra seu cabelo


enquanto o calor de seu corpo começa a fazer com que eu transpire.
“Sunshine, olhe para mim.”

Finalmente, ela se afasta com os olhos inchados. “Eu só ... Ele


é um idiota completo.”

“Eu conheço bem esse tipo”, digo suavemente enquanto


enxugo as lágrimas que ainda vertem em seu rosto macio. “Tenho
certeza que ele costumava ser o presidente dos idiotas.”

“Costumava ser?” Brinca ela, soluçando novamente.

“Sim, bem, a regra dos idiotas é assim.” Eu a trago contra o


meu peito, puxando seus pés através do console para que ela fique
totalmente no meu colo. “Você tem que ser um idiota, pelo menos,
três vezes por dia. Não vou te aborrecer com mais números, mas há
gráficos e um código de computador muito avançado
tecnologicamente que nos classifica um contra o outro. Parece que
Mark acabou de fazer muitos pontos e vai chegar ao topo, hmm?”

“Sim”, ela assobia. “Ele apenas... Pegou-me com a guarda


baixa, sem minha armadura, entende? Se você está preparado para o
soco, você o bloqueia. Mas ele acertou meu queixo e, em seguida,
entrou com alguns bons ganchos de esquerda.”

“Será que você...?” Eu me afasto e olho para ela. “Você acabou


de fazer uma referência de boxe para explicar a vida?”

Gabi franze a testa. “Estranho, mas sim, acho que eu fiz isso.”
“Muito sexy.” Eu afasto o cabelo do seu rosto. “E que tipo de
socos e ganchos estamos falando? O insulto típico na autoestima de
uma menina, ou golpes baixos?”

“Golpes baixos”, ela bufa. “Um para qual eu não estava


preparada, aquele sobre não transar no ensino médio e como
provavelmente abro minhas pernas para todo mundo, mas você sabe,
especialmente para atletas. Ele sempre teve ciúmes da minha relação
com Ian, mas foi tão maldoso sobre isso.” Ela cai contra mim, suas
mãos enrolando em volta do meu pescoço quando começam a fazer
círculos preguiçosos em meu peito. “Eu joguei água no rosto dele e,
em seguida, basicamente disse que nosso contrato estava sendo
rompido.” Ela suspira mais alto. “Ele ameaçou nos processar.”

Eu sufoco uma risada. “Eu gostaria de vê-lo tentar isso.


Tivemos um advogado muito caro elaborando nossa papelada. Ele é
um idiota, se acha que pode nos processar.”

“Isso é o que eu disse, mas e se ele expuser a sua identidade e a


de Ian? Ou pior, expuser a minha? O que nós faremos? A razão pela
qual a Wingmen Inc. funciona é porque é um segredo.”

“Embora você tenha um ponto,” eu digo lentamente, com


cuidado escolhendo minhas palavras para não assustá-la, “o que é a
pior coisa que poderia acontecer? Nós ainda temos o aplicativo, e
tínhamos acabado de parar de oferecer os serviços da Wingmen.”

“Mas!” Gabi se afasta. “Você e Ian amam o trabalho que vocês


fazem!”

“Ian está ocupado fazendo bebês com Blake,” aponto enquanto


ela fez uma careta. “E caso você não tenha notado, eu não aprecio
mais beijar outras meninas.”

“Não?” Seus lábios se curvam em um pequeno sorriso. “Por que


isso?”

Eu ofereço um encolher de ombros casual. “Descobri que sou


gay.”

“Lex!”
Rindo, eu a abraço mais apertado. “Há uma menina realmente
quente que se vestiu como uma elfa sexy um dia... Ela meio que me
conquistou com um simples olá.”

“Será que eu disse olá?”

“Você realmente acha que eu me lembro dessa merda? Eu


estava vendo peitos, que não é exatamente a história mais romântica
se você olhar para isso do meu jeito, Gabs. Eu queria ter relações
sexuais com você, não compartilhar nossos segredos e pintar as
unhas dos pés um do outro.”

“Ah, muito ruim. Gostaria muito de pintar suas unhas dos seus
pés. É minha fantasia sexual.”

“Oooo...” Eu lambo o lado de seu rosto, fazendo com que ela


comece a rir e se contorça em meu colo. “Fale mais sobre isso.”

“Lex!” Ela empurra meu peito. “Você é um merda.”

“Não se esqueça disso.” Eu beijo o topo de sua cabeça. “Além


disso, seu carro é um pedaço de merda. Você vai dirigir o meu a partir
de agora, e eu vou andar sobre duas rodas.”

“Você vai andar de bicicleta?”

“Quando eu digo duas rodas, quero dizer a Ducati.”

“Oh.” Ela cora. “Eu não sabia que você tinha uma moto.”

“Ela fica na garagem porque... Vamos apenas dizer que já vi


muitos acidentes de moto. Além disso, que vilão dirige uma moto?”

Ela aperta os olhos. “The Riddler?”

“Não.”

“Estou pensando.”

“Diga-me quando você tiver a resposta.” Eu suspiro. “Até lá,


recolha suas coisas. Vou levá-la para casa e preparar um banho.”

“Sério?” Ela se anima.


“Desculpe, eu não posso mentir para você com essa cara.” Eu
abro a porta e a ajudo a sair. “Eu não tenho nenhuma intenção de
deixá-la no banho até estar dentro de você, apagando todas as
memórias de Mark que você ainda possa ter.”

Suas bochechas se avermelham.

Olho para cima, bem na hora que Mark anda para fora do
restaurante.

“Mas em primeiro lugar.” Afasto-me de Gabi e vou em direção a


Mark. Tenho pelo menos dez centímetros a mais que o cara e
provavelmente poderia chutar sua bunda mesmo que eu estivesse
bêbado. “Hey, Mark.”

Ele olha para cima, e seus olhos se estreitam. “Eu conheço


você?”

Eu sorrio. “Bem, você está prestes a conhecer.”

“O que...”

Eu soco o rosto dele com tanta força que meus dedos ficam
feridos. Ele cai num montão gigante, enquanto o sangue escorre pelo
seu nariz.

Com um suspiro, eu me debruço sobre ele. “Se você


desrespeitar minha menina mais alguma vez , vou deixar você sendo
obrigado a fazer xixi através de um saco pelo resto de sua vida.
Estamos entendidos, abóbora?”

Os olhos de Mark se arregalam, mas ele não diz nada.

“Vamos, Gabi, ele não vale a pena. Ah, e Mark? Ereção!” Eu


grito para ele tão alto quanto posso e estendo a mão para Gabi.
“Agora, espero que cada vez que ele tenha uma ereção, seu rosto se
lembre da dor de ter sido socado. Só podemos esperar que essa
experiência traumática seja o suficiente para condicionar sua psique.”

Puxo Gabi em meus braços e beijo sua cabeça. Ela sorri para
mim e sussurra “Meu herói.”
“Duas vezes em uma semana. Isso significa que vou receber
horas bônus para sexo? Devemos iniciar um gráfico? Apenas no caso?
Você sabe, assim não perdemos o controle.”

Ela me dá um soco no estômago.

Engraçado como algumas coisas mudam, mas outras


continuam exatamente iguais.

Graças a Deus por isso.


Capítulo trinta e nove
Gabi

Lex diz que sua mão não está doendo, mas as contusões não
mentem. Quando Ian pergunta, Lex conta em detalhes gráficos o que
aconteceu com Mark e também informa a Ian que vai ser necessário
reescrever todo o programa que foi desenvolvido para os clientes do
sexo masculino. Ele não quer correr o risco que um cara como Mark
possa usar os serviços da Wingmen para tentar conseguir uma
garota que ele não merecia.

Ele trabalha nisso durante toda a semana. Eu mal o vejo.

A menos que eu estivesse lhe trazendo comida – que ele come


sem sequer olhar.

Finalmente chega o fim de semana, e ele está dando um tempo


na escrita do código para que todos nós possamos ir ao jantar de
minha família em Bellevue.

Ian dirige, o que me deixa no banco da frente e Lex no de trás.


Teria sido bom, exceto que eu o pego olhando para mim através do
espelho retrovisor.

Felizmente, Ian está de mau humor porque Blake foi participar


de um jogo em algum lugar distante e por isso parece que a única
coisa em que ele é capaz de se concentrar é em ouvir o jogo no rádio e
em quantos dias ainda faltam até que ela esteja em casa para que
eles possam ficar juntos.

Ele se transformou em um cara que eu nem sequer reconheço.


Naquela manhã, ele me perguntou sobre anéis de casamento, fazendo
com que Lex engasgasse com seus flocos de milho e quase tivéssemos
que apelar para a manobra de Heimlich.

“Então,” Ian diz quando vira na rua dos meus pais. “Como está
indo o novo programa, Lex?”

“Bem.”

Eu me viro no banco para poder enfrentar Lex. Ele parece


exausto. Eu odeio o quanto eu perdi de estar em sua cama, mas ele
precisava de concentração, e minha ausência foi boa – boa porque Ian
ia checar Lex durante toda a noite.

“Eu precisei acertar algumas dificuldades, mas vai ficar bom.” A


voz de Lex é profunda e rouca como sempre fica quando ele está
cansado, mas o homem, mesmo exausto ainda é lindo. “Dê-me mais
dois dias, no máximo.”

“Certo.” Ian solta um suspiro. “Gabs?”

“Hmm?” Eu puxo meu corpo de volta para o banco da frente,


mas fico meio virada para que possa ver Lex com o canto do olhos.

“Você vai ficar feliz em saber que Mark não tentou nada.”

Dou uma risada. “Provavelmente ajuda o fato de Lex quase o


matar.”

Ian agarra minha mão. “Se eu estivesse lá, teria feito pior.”

Será que Lex acabou de rosnar do banco de trás? Eu do uma


olhada em sua direção. Seus punhos estão cerrados ao lado do corpo,
um estalar lento começando em sua mandíbula.

“Hum, bem.” Eu puxo minha mão de Ian. “Lex cuidou de tudo.


Você sabe como super-vilões são...” É minha tentativa de matar um
pouco da tensão no carro. Não funciona. Se qualquer coisa, acaba
piorando as coisas quando Ian aperta o volante com mais força e Lex,
de repente, encontra grande interesse nas árvores do lado de fora.
Aconteceu algo entre eles? De repente fico nervosa, pensando que Lex
pudesse ter voltado atrás em sua promessa e mencionado algo para
Ian. Meu estômago se agita. “Então,” tento novamente. “Meus pais
vão ficar felizes de ver todo mundo.”

“Mal posso esperar pela comida de verdade. Melhor ter tamales


ou vou dar o fora,” diz Lex com a voz tensa.

“A mãe dela só faz tamales nos feriados”, Ian corrige. “Confie


em mim, eu tentei convencê-la a fazer alguns para mim na última vez,
e ela disse que são apenas para ocasiões especiais.”

“O aniversário de casamento é especial,” eu indico, percebendo


que isso é mais um jogo do que qualquer outra coisa. Ian está com
ciúmes da minha relação com Lex? Ele está finalmente vendo que não
estamos mais brigando? Ah, não!

“Tamales ou então não poderei entrar. Desculpe Gabs!”

Reviro os olhos. “Lex, pare de ser uma criança. Eu já pedi a ela


para fazê-los.”

“O quê?” Ian para em frente da casa deles. “Para Lex? Você


pediu um favor relacionado a comida... para Lex?”

“É porque Lex é incrível”, diz Lex, seu enorme sorriso, marca


registrada, firmemente no lugar. “Vamos, Ian, digo todos os dias o
quão impressionante eu sou, agora alguém finalmente reconhece isso
e você fica com raiva?”

Ian bate a porta e olha para ele. “Você está me irritando mais
do que o habitual.”

“Você sempre diz isso quando estou tentando meu melhor


comportamento. É confuso.”

“Isso é realmente verdade”, concordo.

“Pare!” Ian estende as mãos entre nós. “O que diabos é isso?


Você disse que havia um maldito tratado de paz, mas para ser
honesto, eu estou ficando assustado pra caramba! Parem... de sorrir
um para o outro!”

“Nós não estamos sorrindo!” Eu digo defensivamente.


“Ela ainda é, er... estúpida,” Lex diz desajeitadamente enquanto
tenta não gemer em voz alta, dando-lhe um olha do tipo ‘que-diabos’.

“E Lex é um burro, ele é sempre um idiota.”

“Eu realmente sou.” Lex concorda. “Ela me disse isso esta


manhã.”

Quando me pegou no corredor e agarrou minha bunda, mas é


esse o ponto!

“Inferno”, Lex diz quando começa a andar atrás de nós, sempre


como uma terceira roda. Como nunca havia notado isso antes? “Ela
gritou o meu nome nas últimas três semanas mais do que... bem,
nunca.”

Eu tento não corar.

Felizmente, minha mãe já está abrindo a porta e saltando para


puxar Ian para um abraço. “Oh, mijo! Você cresceu!”

Ian a abraça de volta. Ela sempre foi como uma mãe para ele, a
única mãe que ele realmente conhece. “Ha-ha, você disse isso da
última vez!”

Ela se afasta e belisca sua bochecha. “É verdade também, meu


belo rapaz. Onde está Blake?”

Ian baixa a cabeça. “Em um estúpido jogo de voleibol.”

“Oh.” Os longos cabelos negros da minha mãe estão presos em


uma trança. Ela joga o cabelo por cima do ombro e segura a porta
aberta. “Você precisa de comida. Alimento vai fazer você se sentir
melhor.”

Ian se afasta em direção da cozinha, deixando Lex e eu na


varanda.

Minha mãe levanta a mão, parando nós dois. “O que está


acontecendo aqui?”

Com os olhos arregalados, Lex olha para minha mãe, depois


para mim. “Uhhhh...”
“Gabrielle Francesca Sava!”

Eu me escondo atrás de Lex.

“Covarde!” Ele sussurra, tentando sair da frente.

“Você.” Ela enfia um dedo em Lex. “Você está...” Ela se inclina e


cheira o ar acima de nós.

“Mãe!” Choramingo.

“Você...” Os olhos de minha mãe se estreitam. “Você está com a


minha filha.”

Lex engole em seco. Eu sinto. Ele está tremendo? “Sim,


senhora, mas ninguém sabe... e nós não contamos a Ian ainda. Eu
quis contar a ele. Mas sua filha pediu um tempo. Eu me preocupo
com ela. Muito. E me preocupo com ele também. Eu quero fazer isso
direito, então por favor não diga nada até que estejamos prontos.”

Ela se inclina para trás e sorri. “Estou feliz que você esteja
fazendo a coisa certa, para ambos: Gabi e Ian. Os meus lábios estão
selados. Agora corra até a cozinha, jovem, e vá encontrar seus
tamales.”

Lex foge para longe de mim antes que eu possa impedi-lo,


deixando minha mãe e eu olhando uma para a outra na varanda.

“Gabrielle.” Ela suspira, então abre os braços. “Você não está


simplesmente ‘gostando dele’, não é?”

Eu não havia percebido o quanto estava me segurando até


desmanchar contra ela. Lágrimas fluem livremente. “Eu realmente
gosto dele. Eu gosto muito dele desde...”

“Oh, mija. Ainda me lembro de quando você invadiu a casa, há


quatro anos, gritando sobre ele. Eu sei.” Ela bate na cabeça mais
algumas vezes, depois para. “Ian. Ele não vai gostar disso.”

Eu enrijeço novamente. “Eu sei, mãe.”

“Ok, você precisa ter cuidado.” Ela se afasta de mim. “E por Lex
vale a pena perder seu melhor amigo?”
Eu não respondo.

Como poderia responder isso?

Não é uma situação justa. Parte de mim está com tanta raiva
pelo fato de Ian ter tanto poder sobre meus relacionamentos, mas
outra parte sabe que aquilo faz muito sentido. Ele é, em toda sua
essência, meu irmão. Ninguém seria bom o suficiente, e ele sabe em
primeira mão, o quanto Lex já aprontou por aí com outras meninas.

“Mija.” Minha mãe ri. “Não se martirize, tudo será resolvido.


Vamos comer.”

A resposta para tudo. Um estômago cheio.

Eu esfrego o meu enquanto caminho para a cozinha.

“Mãe?” Há alimentos em todos os lugares. Como eles


conseguiram pagar por tudo aquilo? Todo o dinheiro que ganhavam ia
para mantimentos, mas isso é demais. Eu não ganho o suficiente
para forrar tantas mesas com comida mexicana quente e fumegante.

“Oh, Gabi...” Minha mãe dá de ombros. “Foi a coisa mais


maravilhosa. Ian se ofereceu para fazer compras de supermercado
ontem. Eu disse que estava indo sozinha, mas ele quis que este fosse
o seu presente para nós – no nosso aniversário de casamento!”

Meus olhos se enchem de lágrimas.

Droga, Ian! Ele tinha que fazer algo de bom apenas para me
lembrar mais uma vez por que eu o amo tanto, por que ele é como um
irmão para mim.

Por isso eu não posso perdê-lo. Não importa o que aconteça.


Capítulo quarenta
Lex

“Eu nunca conheci um Tamale que eu não devoraria.” Eu pego


uma quarta porção, em seguida, equilibro uma Corona com minha
outra mão, enquanto me junto ao pai de Gabi, Earl, na sala de estar.

“Você está dormindo com minha filha?” Ele pergunta sem olhar
para cima.

Felizmente, eu não tenho comida ou bebida na minha boca,


apesar de morrer asfixiado parecer muito melhor do que ter essa
conversa. “Senhor, eu não sei o que Gabi contou, mas...”

“Foi minha esposa. Ela tem suspeitado por um tempo e disse


que hoje teria a prova, quando pudesse ver como você olharia para
Gabi.”

Abaixo minha cerveja e olho para o chão, em seguida, de volta


para ele. Ele tem um bigode escuro, com fios grisalhos que se enrolam
em torno de seus lábios. O cabelo branco é cortado rente à cabeça e
sua estatura é volumosa, bem alimentada. “Senhor, eu gosto de sua
filha, mas...”

“Marie me disse.” Ele faz um gesto para que eu me incline mais


para perto. “Eu acho que não preciso matá-lo; Ian fará o trabalho por
mim. Dessa forma, não tenho que sujar as mãos.”

“Jogando seu próprio filho debaixo do ônibus?”

“Ele vai se dar melhor na prisão.”

“Ele é mais bonito, seria destruído rapidamente. Considerando


que você está velho e senil.” Eu sorrio enquanto o pai de Gabs me
dispensa com uma risada. Pelo menos eu consegui quebrar o
constrangimento. “Dou-lhe dois dias, no máximo.”

“O menino não duraria vinte e quatro horas.”

“Talvez devêssemos apenas atirar Ian lá, e fazer apostas sobre a


sua vida?”

“Atirar-me aonde?” Ian entra, seus olhos correndo entre nós.

“Na prisão”, dizemos em uníssono.

“Por matar quem?”

“Ninguém.” Earl me encara. “Ainda.”

“Você sabe” – eu me levanto e bato no meu estômago “Eu só


vou encontrar o banheiro.”

Corro para fora da sala de estar e quase bato em Gabs na


minha fuga desesperada.

“Whoa!” Ela inclina a cabeça para mim. “Por que seus olhos
estão tão grandes?”

“Momento honesto, Gabs, seu pai alguma vez esteve envolvido


com a máfia mexicana?”

“Meu pai votou pelo controle de armas.” Sua pequena e bonita


testa franze.

“Sim, ele pode estar assobiando outra música agora.” Eu tento


evita-la. “Eu tive que fazer uma fuga rápida. Toda a conversa à
respeito de prisão e apostas me deixou nervoso.”

“Prisão?” Ela ri. “Ele ameaçou mandar você para a prisão?”

“Não.” Eu sorrio. “Foi mais sobre matar. Morte. Tenho certeza


de que havia algo sobre desmembramento.”

Ela cobre a boca com as mãos e sufoca uma risada


estrangulada.

“Oh, você acha que isso é engraçado?”


Ela concorda com a cabeça, enquanto eu a carrego e levo pelo
corredor. “Onde é o seu quarto?”

“O primeiro à direita!” Ela grita. Eu a deposito de pé no quarto


de sua infância.

“Gabs...” Eu estalo. “Fácil acesso? Primeiro andar? Eu poderia


apenas caminhar até aqui sem uma escada? Cara, queria ter ficado
em Bellevue e frequentado a escola com você. As coisas teriam sido
muito mais fáceis.”

“Você escalou um monte de casas, não é?” Ela se encosta no


batente da porta, seu sorriso largo, seus olhos felizes. Deus, eu
simplesmente amo vê-la assim.

“Você não tem ideia.” Eu caio na sua cama e deixo escapar um


suspiro alto. “Eu tenho as cicatrizes para provar isso. Escalar paredes
não é para os fracos, Gabs.”

“Bom saber.” Ondas de sua risada me acertam no peito


enquanto ela se move casualmente para a cama. Uma vez que ela
senta, eu me viro de lado e pairo sobre ela, sentindo necessidade de
tocar seus lábios tão desesperadamente que esqueço completamente
que a porta está aberta.

“Gabi.” Sua mãe limpa a garganta da porta. “Um minuto?”

Eu me afasto de Gabi como se tivéssemos sido pegos fazendo


sexo, enquanto os lábios de sua mãe se contraem em diversão. Pelo
menos eu tenho uma fã.

Recuso-me a levar em conta seu cachorro, uma vez que ele


cheirou minha bunda e depois se afastou como se eu fosse um
humano inferior.

“Volto já.” Gabi puxa sua camiseta sobre o corpo magro e com
as pernas bambas vai até a porta. Muito fofo. Isso faz alguma coisa
em mim, alguma coisa... poderosa, saber que a afeto daquela
maneira.

Eu fico no quarto dela por alguns minutos, em seguida, percebo


que eu realmente preciso usar o banheiro. Com um suspiro, saio e
cegamente caminho pelo corredor, esperando descobrir onde fica o
banheiro.

Mais duas portas do lado direito, e eu encontro o que estou


procurando.

Cinco minutos mais tarde, estou me preparando para voltar ao


quarto dela quando ouço sussurros.

“Mãe, eu amo vocês! Deixa eu ajudar!”

“É muito, mija,” a mãe de Gabi diz suavemente. “Você não pode


continuar nos dando todo o seu dinheiro. Você não está comendo.
Você está pele e osso! Você está até trazendo comida! Nós parecemos
como alguém que precisa de comida?”

“Sim!” Gabi levanta a voz. “Vocês parecem! Você tem que cuidar
do meu pai, e eu sei que você está cansada. E é só até que ele
encontre alguma coisa!”

“Gabi, ele vai encontrar alguma coisa, entretanto, você precisa


cuidar de si mesma. Não é que nós não apreciamos. Nós o fazemos.
Agradecemos que você se sacrifique tanto por nós, mas eu estou
preocupada com você.” Sua mãe suspira profundamente. “Seu pai
encontrou um pequeno trabalho na construção da nova Victoria’s
Secret no shopping. O salário não é grande, mas ele vai ficar bem.”

“Construção?” Repete Gabi. “Mãe, ele é muito melhor do que


isso!”

“Eu sei. Mas nós fazemos o que for preciso. Agora, pegue de
volta o seu envelope cheio de dinheiro e encha sua despensa com
alimentos. Compre um vestido novo.”

“Mas...”

“Mija.” Sua voz é mais severa desta vez. “Faça o que eu digo ou
vou contar a Ian.”

Toda a conversa para, e depois, “Eu te amo, mãe.”

“Amo você também, mija.”


Eu rapidamente recuo alguns passos e, em seguida, corro pelo
corredor para não ser descoberto.

Minha cabeça lateja com a súbita compreensão. A comida que


eu estava dando a ela, ela vinha entregando aos pais.

O dinheiro que ela ganhava no clube.

O dinheiro que ela recebia na Wingmen.

Tudo estava sendo entregue para seus pais.

“Hey.” Ian me dá um tapa nas costas. “Parece que você está


prestes a passar mal.”

“Eu?” Minha voz soa oca. Por que diabos eu estou tão
chateado? Deveria sentir pena dela, certo? Eu deveria me sentir mal,
puxá-la para um abraço, dizer a ela ajudaria como fosse possível.

Mas não é isso.

Parece algo mais intenso.

Eu sinto como se tivesse sido traído.

Como se ela tivesse... mentido para mim.

Eu possuí seu corpo.

Será que eu tinha alguma coisa além disso?

Porque percebo, naquele momento, que não estou feliz com


apenas partes dela. Eu a quero por inteiro, até a última peça.

E ela propositadamente retém partes de si mesma. É algum


último truque cruel da vida? Eu finalmente me acomodo com alguém
– encontro a pessoa que mais me interessa no mundo – apenas para
descobrir que ela está compartilhando apenas certo nível do seu
coração e não está permitindo quer eu abrace o resto.

Isso machuca.

Dói.

Mais do que deveria.


Mas eu não sou aquele cara, aquele que fica chateado e foge.
Eu mereço respostas e vou exigi-las – antes que eu tenha um maldito
colapso nervoso.
Capítulo quarenta e um
Gabi

Enxugo as lágrimas do meu rosto e depois espirro mais água


nele. Isso teria que servir.

Eu ainda pareço um pouco inchada, mas conhecendo os caras,


eles provavelmente estariam muito focados na comida para notar.

Lex não está no meu quarto quando volto. Então, ele


provavelmente não quer ser pego saindo da minha cama, onde Ian ou
o meu pai poderiam encontrá-lo. Seria algo muito suspeito.

Meu estômago se aperta.

Eu estou mantendo segredos de Ian, segredos de Lex, e isso é


um saco. Sinto como se estivesse prestes a explodir.

“Hey.” Ian me puxa para um abraço, assim que volto para a


sala de estar. “Você está bem?”

Agora ele percebe? Uau. De onde veio isso? Eu estou pronta


para atacar meu melhor amigo. Por que razão? Dou um passo para
trás.

Ele tinha estado tão preocupado ultimamente.

E eu propositadamente me afastei por causa de Lex.

“Gabs?” Lex dobra a esquina. “Posso falar com você por um


minuto?”

“Você removeu todos os objetos pontudos da cozinha?” Ian


brinca.
A mandíbula de Lex se contrai. “Lavanderia. É mais seguro lá.”

Ele não parece estar se divertindo.

Eu tento ler sua expressão, mas ele se vira e começa a ir


embora antes que eu possa fazer mais do que olhar para suas costas.

“Melhor ir ver o que ele precisa. Só não tente matá-lo.” Ian me


empurra para ir atrás de Lex.

A lavandaria é pequena. Só há espaço suficiente para uma


máquina de lavar e secar roupas e um tanque pequeno. Cheira a
sabão em pó.

“Você mentiu.” Os olhos de Lex encontram os meus, parecendo


que vão cravar-me à parede, tornando impossível respirar e se mover.
Ele parece magoado e triste. “Você mentiu para mim.”

Quebro a cabeça tentando descobrir sobre qualquer coisa que


eu pudesse ter mentido. Eu nunca iria machucaria Lex e eu não
tenho segredos, exceto...

“Seus pais.” Ele esclarece.

“Não.” Eu balanço a cabeça, desesperada para encontrar a


minha voz. “Não, você não entende, eu nunca mentiria para você.”

“Mas”, Lex suspira. “Isso parece com uma mentira. Como


traição, Gabs. Isso com certeza é uma omissão muito grande de sua
parte. Primeiro sobre a comida, junto com os seus pais. Droga, Gabs.
Por que você não me contou?”

“Eu estava muito envergonhada, e vocês já tinham feito tanto


por mim!” Cerro os punhos. “E eu não queria ajuda! Eu tinha tudo
sob controle!”

“Sob o controle?” Lex ruge de volta. “Sob controle?”

“Sim!”

“Você quer dizer que tinha tudo sob controle quando era
diariamente pressionada a dançar no clube? Ou quando você quase
foi estuprada no estacionamento! Isso é ter as coisas sob controle?”
“Eu não pedi para você me salvar!” Grito.

“Você não tinha que pedir!” Ele combina o meu tom quando
caminha em minha direção. “Porque eu sempre vou fazer isso!” Sua
voz está cheia de mágoa. “Porque é isso que os amigos fazem, Gabs!
Eles salvam uns aos outros. Eles mantêm sua cabeça acima da água
quando você está se afogando. Eles lhe dão o colete salva-vidas e
prometem que tudo vai ficar bem! Somos pelo menos isso, Gabs?”

Lágrimas nublam minha visão. “Você disse que nós nunca


fomos amigos.”

“Gabs...” a voz de Lex fica entrecortada. “Nós somos muito


mais e você sabe disso.”

Eu balanço a cabeça, incapaz de confiar na minha voz.

“Eu não quero continuar com isso se não puder ter você
inteira.”

“O quê?” Eu empurro minha cabeça para cima. “O que você


quer dizer?”

“Isso.” Ele aponta entre nós. “Eu preciso de você inteira... Eu


preciso de você inteira, Gabs. Não apenas pedaços que você acha que
eu quero.”

Eu estou aterrorizada com as palavras que saem de sua boca,


porque sei o que significa para mim, para ele. Esta não é apenas uma
aventura, não é apenas uma coisa de uma única vez, um exercício de
treinamento do seu manual.

Isso é Lex e eu.

Eu só posso olhar para ele. Ele tem certeza que quer isso?
“Mas...”

“Eu quero a doença.” Os lábios de Lex se contraem quando um


sorriso devastador atravessa seu rosto, deixando-me tonta. “Eu quero
trazer-lhe sopa quando você não estiver se sentindo bem. Eu quero
dar-lhe potes de bolinhos.”
Começo a rir, enquanto as lágrimas caem em cascata pelo meu
rosto.

“Eu quero seu corpo, Gabs. Acredite em mim, é provavelmente


insalubre o número de vezes que eu penso em você nua. Mas, Gabs,
eu preciso disso também.” Ele aperta a mão contra meu peito. “Eu
quero tudo isso. Ou estou fora.”

“Você faz perguntas demais para um vilão.”

“Hey, ontem eu era um herói. Eu não posso ser os dois?”

“Você já é”, sussurro.

“Gabi.” Lex me puxa em seus braços. “Eu te amo.”

Meu coração cai para os joelhos, em seguida, volta voando para


o meu peito, decolando em uma cadência louca quando as palavras
ficam presas na minha garganta. Finalmente, eu encontro a minha
voz. “Eu também te amo.”

Tontura passa por mim quando meu estômago irrompe com


borboletas, como se eu tivesse mantido este segredo gigante, talvez de
mim e claramente de Lex e Ian. Eu o amo. Eu o amo há muito tempo.
É tão bom dizer isso em voz alta. É como se as peças que eu venho
segurando tão perto de meu peito finalmente possam se soltar e
encontrar seus lugares.

Em seus braços.

Seus lábios se torcem em um meio sorriso. “Claro que você me


ama. Eu sou incrível.”

“Você arruinou o nosso momento.” Rio quando ele me pega em


seus braços e me coloca em cima da máquina de lavar.

“Acho que vou ter de criar outro.” Ele morde meus lábios uma
vez, duas vezes, em seguida, beija-me com força na boca. Sua língua
brinca com meu lábio inferior até que solto um gemido de frustração.

Suas mãos agarram minha bunda conforme ele me desliza para


mais perto de seu corpo. “Você é minha, Gabi. Sempre foi. Sempre
será.”
“Sim”, concordo, balançando a cabeça quando ele deposita
beijos no meu pescoço. “Sim.”

“Que DIABOS é isso!” A voz de Ian cresce a partir da porta.

A boca de Lex congela na minha.

Nossos olhos se encontram.

E pela primeira vez na minha vida, eu vejo medo legítimo nos


olhos de Lex enquanto ele lentamente vira sua cabeça para Ian. “Cara
ouça...”

“Ouça!” Repete Ian. “Você quer que eu ouça?”

Em um borrão de gritos e obscenidades, Ian está em cima de


Lex, batendo a merda fora dele enquanto Lex aceita, sem revidar.

“Ian, pare com isso!” Eu imploro. “Pare!”

“Seu desgraçado! Eu avisei!” Outro soco no queixo, enquanto


Lex ainda se recusa a se defender. “Você prometeu!”

“Ian, pare!” Tento ergue-lo, mas ele me sacode.

O sangue jorra do nariz de Lex e talvez de sua boca. É


impossível dizer.

Estalos, baques. Ian faz um movimento dobrado. Hematomas já


estão se formando no rosto de Lex, e um corte acima do olho direito
espalha um rastro de sangue por sua têmpora. Estalo. Outro soco
pulveriza sangue na parte superior da secadora.

Meus gritos e apelos não perturbam e o meu melhor amigo


continua batendo em Lex até que estou convencida de que o homem
que finalmente declarou seu amor a mim, acabaria desmaiando de
tanto perder sangue.

Finalmente, meu pai vem correndo e puxa Ian de cima de um


Lex golpeado.

Corro para o lado de Lex, lágrimas borrando minha visão. “Você


está bem?”
“Não sinto meu rosto,” Lex murmura através de um lábio
inferior inchado. “Isso não é uma canção?”

“Pra mim chega, Lex!” Ian grita. “Você me ouviu? Acabou.


Tudo!”

Ele sai da lavanderia.

A porta da frente bate.

E Lex Luthor, super-vilão, meu herói, namorado, e o cara mais


forte que já conheci, está amassado em meus braços e eu não o deixo
sair.

*****

Uma vez que quem nos levou foi Ian, minha mãe precisou nos
deixar em casa. Nós só podíamos esperar que Ian não a tivesse
queimado até então.

Lex não consegue enxergar com um olho, e seu rosto está


ficando mais roxo a cada minuto. Uma bochecha está tão inchada que
eu me preocupo que possa estar quebrada. Certamente alguns desses
socos quebraram alguns ossos. Ele não disse uma palavra para mim
desde a briga.

É minha culpa.

Fui eu que o pressionei para esperar.

E agora seu rosto está quebrado. E muito possivelmente seu


coração.

Eu seguro as lágrimas – um enorme esforço da minha parte,


uma vez que me sinto como se alguém da minha família tivesse
acabado de morrer e eu não tivesse tido tempo suficiente para
lamentações.

“Mija,” minha mãe diz do banco da frente. “Basta dar a Ian


algum tempo.”
“Sim”, eu resmungo. “Eu vou fazer isso.”

“E Lex.” Ela pega de volta uma de suas mãos. Ele a aperta.


“Cuide de minha menina.”

“Sempre.” Ele responde rapidamente, embora suas palavras


sejam grossas e um pouco arrastadas.

Depois que ela vai embora, nós dois olhamos para a casa.

Inseguros sobre o que nos saudaria, uma vez que estivéssemos


no seu interior.

Lex pega minha mão assim que eu a estendo para a dele.

“Ele não vai superar isso.” Lágrimas nublam minha visão


quando olho para Lex. “Ele vai?”

Os olhos de Lex estão tristes quando ele olha para mim, sem
responder, mas escolhe beijar o topo da minha cabeça em vez disso.

Nós andamos de mãos dadas para a casa.

Pelo silêncio mortal lá dentro, fica claro que ninguém está em


casa. A casa está completamente vazia, mas o carro de Ian está ali.

Um bilhete foi deixado no balcão debaixo do bloco de nogueira


que acomoda as facas. Pelo menos todas as facas descansam em seus
devidos lugares.

“Fui para Yakima. Peguei um táxi para o aeroporto. Não me


liguem,” leio, cada palavra soando como uma explosão na cozinha
silenciosa.

“Merda.” Lex enxuga o rosto. “A irmã dele não mora em


Yakima?”

Eu balanço a cabeça em silêncio. “Eles realmente não se dão


muito bem. A última vez que ele esteva lá foi...”

“Depois que Ian se feriu no futebol”, Lex termina.

Eu olho para o balcão, para o bilhete. “O que vamos fazer?”


“Bem ...” Lex passa um braço em volta de mim. “Eu acho que a
única opção que temos é dar-lhe espaço e, é claro, tomar um monte
de ibuprofeno. Seja honesta, o inchaço diminuiu?”

Eu estremeço e depois enrugo meu nariz.

“Ainda bem que não estava usando meus óculos.”

“Sim.” Eu passo meus braços em volta do pescoço de Lex.


“Estou triste, Lex.”

Ele suspira, sua testa tocando a minha. “Eu também.”

“É minha culpa”, dizemos em uníssono.

“De jeito nenhum!” Eu bato em seu peito. “Eu fui a única que
quis esperar.”

“Certo, mas eu sou o único que, em um momento de pura


insanidade, decidi que iria atrás da menina que havia escapado...
mesmo sabendo que poderia perder meu melhor amigo no processo.”

“Eu não mereço isso”, admito, balançando a cabeça. “Eu não


mereço sua amizade.”

“E você acha que eu valho a pena se o preço for você perder um


membro de sua família?” Lex dispara de volta. “Ian é um cabeça
quente. Você sabe como ele fica. Vamos apenas esperar.”

“Eu acho que seria bom se ele soubesse...”

“Soubesse?”

“Que eu te amo.” Eu dou de ombros.

O rosto de Lex se entristece quando ele me puxa para seus


braços. Sua boca acaricia a minha com um beijo suave. “E a donzela
se apaixona pelo vilão. Anota aí, Disney.”

Reviro os olhos, em seguida, acabo isso com um bocejo.

“Cama.” Lex me dá um tapa no bumbum e recua. “Vamos.”


Ele está falando sério? Ele não pode estar falando sério. “Lex,
por mais que eu te ame, eu não posso fazer sexo com você agora. Eu
não acho que teria foco para prestar atenção ao manual.”

“Manual,” Lex diz rispidamente. “Quando foi que eu fiz você


usar o manual?”

“Verdade.” O que eu preciso é nossa provocação, nossas


brincadeiras. Eu preciso saber que mesmo depois de tudo, ainda
éramos nós, Lex e Gabi.

“E que tipo de cara dorme com sua namorada depois que ela
esteve chorando sobre a perda de seu melhor amigo? Eu sou essa
pessoa tão ruim?”

“Você realmente quer que eu responda isso?” Provoco, virando


as costas para que ele não veja as lágrimas se formando. “Você é Lex.”
Eu tremo quando ele passa os braços em volta de mim por trás. “O
mundo pode desabar ao seu redor, e se eu estiver exibindo meus
seios...”

“Shh.” Lex morde meu pescoço. “Meus ouvidos sensíveis


enviam sinais ruins para o meu corpo quando ouço palavras chave.”

“Alguma outra palavra que eu deva saber?”

“Gabi, não me faça dizer palavras sujas.”

Eu me contorço enquanto ele continua beijando meu pescoço e


depois me desembaraço de seus braços. Eu lentamente o levo para as
escadas e até sua cama. Deito-me, esperando que ele também venha.

Lex me observa, um sorriso brincalhão cruzando suas feições


enquanto ele tira meus sapatos, calças e camisa, em seguida, me
cobre, puxando as cobertas até meu queixo.

Quando ele não se junta a mim, eu faço uma careta. “Aonde


você vai?”

Ele suspira e aponta para o seu computador. “O crime se


combate sozinho, Sunshine.”

Adormeço com um sorriso no meu rosto.


Mesmo que meu coração esteja doendo.
Capítulo quarenta e dois
Lex

Ian finalmente apareceu três dias depois. Passei a maior parte


da noite terminando a nova codificação e depois desci para ligar a
máquina de café quando os meus passos vacilaram.

Ian estava sentado no bar, lendo o maldito jornal e bebendo


café, como se não tivesse acabado de, basicamente, chutar tanto
Gabi quanto eu para fora de sua vida.

“Ian”, murmuro enquanto me dirijo para a cafeteira e sirvo


uma quantidade generosa em minha caneca favorita do Yoda.

“Há quanto tempo?” Ele diz por trás do jornal. Eu não posso ver
seu rosto, não preciso vê-lo para saber que ainda está chateado. “Há
quanto tempo você tem dormido com ela?”

Eu estou me virando com três horas de sono.

Não é a conversa que quero ter, especialmente antes do meu


primeiro gole de café.

“Será que isso realmente importa, Ian?”

“Sim.” Ele bate o jornal na mesa. “Importa. Há. Quanto.


Tempo.”

Eu faço os cálculos mentais. “Um mês.”

“Um mês!” Ele grita, saltando de pé.

Eu calmamente abaixo minha caneca. “Ian, eu tive uma coisa


por ela desde o primeiro ano.”
Puta merda, ele parou de respirar?

Inferno. Eu matei meu melhor amigo.

O olho esquerdo de Ian começa um tique lento enquanto recuo


para colocar algum espaço entre nós – apenas no caso dele decidir me
bater contra o forno.

“Quatro anos”, ele repete. “E daí? Você esteve praticando com


todas aquelas mulheres desde então?” Com a voz alterada, ele cobre o
rosto com as mãos. “Lex, que diabos você espera que eu faça com
isso?”

“Não me mate, para começar,” eu resmungo. “Eu gostaria de


viver para ter filhos algum dia.”

Não foi a coisa certa a dizer, de jeito nenhum.

“ELA ESTÁ GRÁVIDA?”

Maldito seja. “Não, bastardo, ela não está grávida.” Embora eu


estivesse mentindo se dissesse que a ideia não faz meu coração
balançar um pouco. Qualquer criança nossa seria... um completo e
total capeta.

“Pare de sorrir”, Ian late.

Eu estou sorrindo?

“Lex, você enfiou seu pau em algumas situações muito ruins. E


agora você está me dizendo que gosta da minha irmã? Você esteve
escondendo isso de mim, e o que é pior, você inevitavelmente vai
quebrar o coração dela. E espera que eu fique de braços cruzados e
não faça nada? Ela sempre esteve fora dos limites, por isso mesmo!
Você não sabe o que é compromisso nem se isso merder sua bunda!”

“Cuidado, chaleira,” Eu aviso quando a raiva rasga através de


mim. “Você percebe que há dois meses você estava fodendo qualquer
coisa que olhasse para você mesmo que fosse vesga, certo?”

“Isso é diferente!” Ian diz defensivamente.

“Como?”
“Blake não é sua irmã!”

“E se fosse?”

Ele abre a boca e fecha.

“Você teria parado?”

Mais uma vez, o silêncio. E ele não está me olhando nos olhos.

Estamos em um impasse. Eu não vou recuar, e ele se recusa a


me dar um centímetro ou qualquer reconhecimento ligeiro de que eu
possa estar certo.

Passos soam atrás de mim e, em seguida, Gabi aparece à


minha direita, e sua mão agarra a minha. É difícil como o inferno não
dar a Ian um sorriso presunçoso seguido pelo dedo do meio. Ei, eu
nunca disse que eu sou uma pessoa muito madura!

Isso seria botar muita pressão sobre ele, que está ali, tão pronto
para me afastar de sua vida.

“Ian.” A voz de Gabi está rouca. Em um instante ela solta


minha mão e pula em seus braços. Ele a abraça com força.

E eu assisto.

Como eu sempre fiz quando eles tem um momento, mas desta


vez é diferente. Antes, era como assistir do lado de fora.

Agora? Mesmo que ela estivesse em seus braços...

Ela é minha.

Eu posso senti-la mesmo quando ela está a poucos passos de


distância.

Eu conheço seu gosto.

Seu cheiro.

O que a faz rir.

O que a faz chorar.


E eu não vou deixá-la ir, não importa o que Ian possa pensar.
Ela é minha.

Quando ele a coloca em seus pés e beija sua testa, seu olhar se
lança entre nós dois conforme Gabi caminha para meus braços.

“Mas” Ele balança a cabeça. “Vocês se odeiam.”

“Nós ainda nos odiamos,” Gabi solta. “Como ontem à noite,


quando ele estava trabalhando em seu programa de computador...
Você sabe qual, né? O que você pediu para ele corrigir? Ele tem
estado acordado três noites seguidas e só foi dormir depois que eu
despejei melatonina em seu café.”

“Hey!” Eu brado. “Sabia que havia alguma coisa errada com


minha visão!”

“Você está bem.” Gabi me ignora. “Vê? Eu ainda o drogo, ele


ainda grita comigo e quando eu como um donut, sinto os olhos dele
em cima de mim, acusadoramente.”

Eu sufoco uma risada. “Besteira! Eu só queria o donut, e você


prometeu dividir comigo!”

“Está vendo?” Gabi abre os braços. “Ainda muito disfuncional.


Mas funciona para nós.”

“Claro que funciona.” Eu a puxo mais contra mim, jurando


nunca deixá-la ir.

“Ok.” Ian suspira e se encosta no balcão. “Que Deus me ajude,


se você quebrar o coração dela. Vou fazer a sua morte parecer um
acidente, Lex.”

“Ainda amigos?” Pergunto.

“Isso depende.” Ian cruza os braços. “Você a ama?”

“Claro que sim,” eu digo rapidamente. “Eu não colocaria nossa


amizade em risco se não a amasse.”

Ian parece prestes a engolir sua língua. “Ee... pensei que seria
mais difícil arrancar isso de você.”
“Ele me disse que me amava antes que você batesse nele na
casa dos meus pais”, Gabi diz docemente.

“Fale sobre um humor assassino.” Esfrego meu queixo ainda


dolorido.

“Você estava...” Ian engole. “Você estava... afagando-a!”

“Eu nem sei o que isso significa.” Começo a rir. “Sério, homem?
Afagar é o que você faz no colegial, quando não sabe se está tocando
os seios de uma menina ou sua barriga.”

Ian olha.

“Sem carícias.” Eu levanto minhas mãos.

“Ian.” Gabi se afasta de mim. “Lex já descobriu, mas acho que


eu devo contar a você, hum, sobre meus pais.”

“Eu cuidei de tudo.” Ian a dispensa com um movimento rápido


de cabeça.

“O que exatamente você fez?”

Ian dá de ombros. “Não fui eu. Foi minha irmã. Eu fui visitá-la
no inferno, e ela pôs algum bom senso na minha cabeça, acabou
dando-me uma ideia, e eu arrastei meu traseiro de volta a Seattle
para ver se poderia funcionar.”

“Para ver se o quê funcionaria?” Pergunto confusa.

“Nós estamos crescendo. Gabi não vai querer lidar com clientes
aleatórios, e não podemos mais trabalhar de casa. Estamos quase
prontos para nossa formatura. Apenas, parecia fazer sentido.”

“O que fazia sentido?” Eu tenho um mau pressentimento.

Ian sorri. “Prontos para uma viagem de campo?”


Capítulo quarenta e três
Gabi

Ian diz para nos apressarmos, o que me deixa sem escolha,


além calçar as botas Uggs e espero que Lex e eu não tenhamos uma
repetição da luta de 2014, quando ele quase as jogou no fogo.

No minuto em que saio do meu quarto, Lex sai do seu.

Um sorriso lento se espalha pelo seu rosto quando ele olha meu
traje. “Calças de ioga, Uggs, e uma camiseta. Você está se
comprometendo hoje ou o quê?”

“Muito engraçado,” Empurro passando por ele; ele me empurra


de volta. “Lex, eu digo isso da melhor maneira possível, mas se você
me empurrar de novo eu vou literalmente colocar meu pé no chão
para que você tropece e quebre seus dois dentes da frente.”

“Eu tenho dentes de aço.”

“Eu me pergunto se é por isso que minha boca dói. Aprenda a


beijar.” Eu pisco e depois saio correndo quando ele me persegue pelo
corredor.

“Você pode correr! Mas você está vestindo Uggs... Isso vai
atrasá-la!”

Ian está esperando na porta quando Lex e eu fazemos uma


parada, quase tropeçando um no outro. Claramente, Lex está em um
bom estado de espírito, porque aproveita a oportunidade para beliscar
minha bunda.

“Pare com isso!” Eu bato no seu peito. “Vou te machucar!”


Volto-me para Ian.
Ele parece confuso. “Então a luta...” Ele balança sua cabeça.
“É... Ainda continua?”

“Sempre.” Lex sacode a cabeça. “Além disso, homem, por favor,


você pode resolver a situação dos sapatos dela? Ela parece uma sem-
teto.”

“Eu sou uma sem-teto!” Grito.

“Não, você vive aqui.” Ian sorri. “Do outro lado do corredor, na
frente de seu namorado.”

Eu sorrio. Não tenho como ajuda-la.

Ian revira os olhos. “Bem, pare de parecer tão feliz.”

Nós saímos juntos.

“Uma limusine?” Lex franze a testa. “Espere, isso estava aqui o


tempo todo?”

Ian começa a rir. “Sinceramente, pensei que levaria horas para


levá-lo a admitir que a amava. Horas! E então você vai e lida com tudo
isso como um homem, arruinando tudo. Você deveria estar lutando
com seus sentimentos, não planejando seu casamento! Eu pensei que
iria sair ou, finalmente, admitir que você a amava, não que fosse me
ameaçar.” Ian revira os olhos. “Não me interpretem mal, eu ainda
estou louco como o inferno, mas... se é uma combinação, é uma
combinação, certo?”

“Certo.” Lex solta um suspiro pesado quando sua mão encontra


a minha. “Agora, por que há uma limusine? Você se casou?”

Ian dá de ombros. “Agora não. Além disso, tenho notícias sobre


o pai de Gabs.”

O motorista abre a porta. Blake já está sentada na limusine. Eu


aprecio o fato de que, como uma moleca total ela está usando
basicamente a mesma coisa que eu, menos a Uggs. Embora ela esteja
usando uns chinelos bem feios, que já vi antes. Aparentemente Ian
sempre os esconde, mas ela os encontra toda vez. Ele finalmente
desistiu.
“Hey!” Blake me entrega uma taça de champanhe. É bom vê-la.
Durante a temporada de vôlei parece que estamos apenas nos
cruzando. “Isso não demorou muito.”

“Sim, bem...” Eu deslizo ao lado dela e bebo um gole do meu


copo. “Aparentemente, Ian pensou que teria que convencer Lex a
cerca de seus sentimentos.”

“Mas” – Lex rola para dentro do carro, sentando-se ao meu lado


– “Eu sou um aprendiz rápido, gênio e tudo isso, então já sabia que a
amava.”

Ian salta e bate a porta. “Vocês estão prontos?”

“Prontos para o que? E o que isso tem a ver com meu pai?”
Pergunto.

“Lex e eu seremos responsáveis pela contratação dele.”

“Contratação?” As sobrancelhas de Lex se levantam. “Ok, nós o


estamos contratando exatamente para o que?”

Ian sorri. “Você verá.”

Nós dirigimos alguns quilômetros até chegarmos ao centro de


Seattle. Paramos perto do campus da Amazon e caminhamos uma
quadra até ficarmos cara a cara com um arranha-céu negro gigante.

Uma placa na frente diz: “Espaço disponível para escritórios.” E


uma placa atravessada sobre essa que dizia: “Vendido.”

“Ian?”, diz Lex. “Ajude-me.”

“O Facebook ofereceu dez.” Ian suspira. “Match.com ofereceu


doze.”

“Pelo prédio?” Tento adivinhar.

Ian se vira. “Não. Pela Wingmen Inc..”

“Sério?” Os olhos de Lex se estreitam. “E como seu sócio você


não me contou?”
“Não precisei.” Ian fica sério. “Hackear é sua droga. Trabalhar
para algum homem é a última coisa que você quer para sua vida,
especialmente desde que você tem uma coisa boa acontecendo. A
Microsoft pode chupar meu rabo.”

Eles fazem um high-five.

Homens.

“Então, nós estamos mudando nosso negócio para este


escritório?” Pergunto. “Isso não é realmente muito caro?”

Ambos Lex e Ian sorriem.

“O que? O que estou deixando escapar?”

“Sunshine...” Lex agarra minha mão. “Nosso aplicativo por si só


vale mais de oito milhões de dólares, ser incluir a Wingmen Inc. e
nosso software, se nós expandirmos.”

“Oito”, eu repito, “milhões?”

“Nós vamos precisar contratar uma equipe. O pai de Gabi não


leva desaforo de ninguém.” Ian olha entre nós. “E já que Lex ainda
está vivo, os dois claramente se dão bem. Eu já mandei uma
mensagem para ele sobre seu salário inicial e bônus contratual.” Ian
engole. “Sua mãe ligou cinco minutos depois, gritando em espanhol, e
então ela chorou.”

Lágrimas enchem meus olhos. “Isso parece mesmo minha mãe.”

“Assim...” Ian agarra a mão de Blake, levando-a aos lábios para


beijar os nós dos dedos. “O que as meninas dizem? Vão trabalhar
para nós quando se formarem?”

Nós duas rimos.

“O quê?” Ian franze o cenho.

“O meu bônus de assinatura será Pirate´s Booty?” Pergunto.

“Oooo, essa é uma boa ideia!” Blake concorda com uma risada
maldosa.
Ian revira os olhos. “Você vai ter que negociar com o RH.”

“Droga de RH, maldita fita amarela!” Argumento com uma


risada enquanto Lex me puxa para um abraço. “O que você acha?”

“Eu?” A boca de Lex encontra a minha. “Eu acho que eu quero


comprar um carro para você, destes que possa andar mais de um
quilômetro sem morrer. Eu acho que quero estar ao seu lado até que
você me chute no meio-fio por ser pegajoso demais. Eu te amo há
tanto tempo... Eu vou continuar a te amar por ainda mais tempo.”

Meus olhos se enchem de lágrimas quando Blake suspira ao


meu lado.

Mas, então, os combates recomeçam, quando Blake bate em


Ian. “Você precisa aprender a dizer frases como essa!”

“Eu sou romântico!” Ian argumenta. “Na semana passada eu


comprei flores para você!”

“E fui picada por uma abelha que veio com as ditas flores!”

“Você a assustou!”

Lex sorri contra minha boca. “Faça amor e guerra?”

“É sempre mais interessante dessa forma.”

“Vamos entrar.” Ian sorri, levando-nos através das portas de


vidro duplas. Ele pega alguns passes na cabine de segurança no hall
de entrada, e depois nós podemos entrar no elevador.

Para os escritórios deles.

“Eu não posso acreditar que você fez isso,” Lex murmura. “Quer
dizer, eu posso, mas não posso.”

“Sim, bem.” Ian troca um olhar com todos nós. “Vocês podem
agradecer a minha irmã... Ela é a única que disse que eu precisava
colocar a cabeça pra fora da minha bunda e parar de sentir pena de
mim mesmo e estar animado com o fato de que meus melhores
amigos tinham sentimentos um pelo outro. Isso realmente faz as
férias muito mais fáceis.”
Reviro os olhos. Típico de Ian.

Blake enrola o braço no dele e ri quando ele a beija no nariz.


Ela é super alta e o gesto é muito bonito de se ver, ao passo que se
Lex tentasse beijar meu nariz eu teria que estar em uma bancada ou
em seus braços.

Blake e Ian não são a combinação perfeita também, mas juntos,


eles dão muito certo. Talvez não no papel, mas na vida real, não há
nenhuma menina mais adequada para ele.

E Lex? Bem, Lex é igual.

Os elevadores se abrem no décimo segundo andar. Um pequeno


corredor leva a um grande lobby revestido de vidro, escritórios
cercados e alinhados e, em seguida, um conjunto de cubículos no
meio.

“Uau.” Lex aperta minha mão, em seguida, a solta e começa a


andar. “É perfeito.”

“Ambos os escritórios de canto são nossos,” Ian grita quando


Lex e eu corremos pelo corredor para o primeiro escritório de canto.

Um sofá de couro já está lá dentro, junto com uma cadeira


qualquer e um pedaço de papel no chão.

“O que você acha?” Lex pergunta sem olhar para trás para mim.

“Eu acho” – eu aponto para o sofá – “que o sofá marrom já viu


dias melhores, mas você pode querer ficar com ele.”

“O quê?” Lex se vira. “Por quê?”

“Memórias.” Eu sorrio, pegando sua mão e puxando-o para o


sofá, só parando para que pudesse empurrá-lo de costas e montar
sobre ele. “É o primeiro sofá no seu primeiro escritório... o primeira
sofá em que você vai ter relações sexuais durante um dia de
trabalho!”

“Respire.” Lex ri. “Eu devo ser um total e completo homem


puta.”
“Oh, você é. Todas as senhoras pensam assim, mesmo a
secretária pessoal muito velha que você contratará.”

“Estou perdido.”

“Repita comigo: todas as minhas secretárias serão avós com


sorrisos encantadores e dez netos.”

Lex começa a rir, em seguida, puxa minha boca contra a dele


em um beijo ardente antes de me soltar. “Sunshine, eu poderia ter
supermodelos da Victoria´s Secret trabalhando para mim; inferno, eu
tenho certeza que estava com uma quando...”

Eu olho.

“O ponto”, ele me beija novamente, sorrindo “é que elas não são


você. E sempre foi você.”

“Promete?” Minha voz está rouca quando dou pequenos beijos


em seu pescoço.

“Sim, agora se mova um pouco para a esquerda. Você sabe o


que diz o manual. Eu tenho igualdade de oportunidades no seu
pescoço; preciso amar ambos os lados, você sabe?”

Eu bato nele.

Ele balança sua cabeça. “A página cinco afirma especificamente


que, se você me bater durante as preliminares, pelo menos umas das
cinco palavras sujas devem ser ditas.”

“Eu não vou chamar seu pau de 'invasor de útero.'“

“Desmancha-prazeres.”

“Eu não posso acreditar que você realmente deu um manual


para as meninas antes de dormir com elas.”

Lex faz cócegas em mim e me vira de costas para que ele fique
pairando sobre mim. Seu sorriso lindo é iluminado pela luz que vem
das janelas atrás dele. “Se você não vai fazer direito, por que
desperdiçar meu tempo?”
“Desesperado,” eu disparo de volta. “Ainda bem que nunca
precisei do manual.”

“Não.” Lex dá de ombros. “Porque você sempre esteve certo. O


par perfeito.”

“Ah,” Ian diz da porta. “Vocês vão invadir as canções da


Disney? Porque se forem, podemos esperar. Blake gosta de musicais.”

“Deixe-os ter o seu momento!” Blake golpeia Ian no estômago.

Ele tosse uma maldição e olha. “Você deveria ser uma atleta?”

“Eu ando malhando,” ela diz com orgulho.

“Não, merda.” Ele tosse novamente. “Dispense os esteroides.”

Ela levanta o braço novamente.

“Brincadeira! Nossa!” Ele ainda é o dobro do tamanho dela, mas


ela é uma menina forte, que Ian precisa. “Tudo bem pombinhos,
prontos para ir?”

“Não.” Lex puxa meu corpo mais apertado contra o seu. “Por
que falar quando podemos fazer? Você não tem um escritório para
onde ir?”

Ian franze o cenho. “Sim, mas estamos na luz do dia.”

Nós ficamos calados.

“Certo.” Ian ri. “Certo, Blake.” Ele a leva para longe do


escritório. “Eu já lhe contei da muito vívida fantasia que eu tenho
sobre uma jogadora de voleibol realmente sexy nua na minha mesa?”

“Vocês têm sérios problemas.” Eu rio contra a boca de Lex


enquanto ele me beija mais profundo, mais duro, suas mãos já
puxando para baixo minha legging, minhas botas a aprisionando no
lugar.

“Veja!” Lex aponta. “O diabo fez essas botas!”

Reviro os olhos. “Lex, eu vou tirá-las... mas primeiro ... conta


uma coisa pra mim.”
“Qualquer coisa.”

“Na cartilha, a última página, diz que 'E eles viveram...' O que
isso deveria significar?”

“Sunshine, isso significa que o casal precisa terminar sua


própria história. Eles decidem o final.”

“E a nossa?”

“Felizes.” Ele beija o lado da minha boca. “Para.” Ele beija


ambas as pálpebras. “Sempre.” Ele beija meu nariz. “Agora, tire estas
malditas botas.”
Epílogo
Lex
10 meses depois

“Caramba, eu adoraria tocar isso “, digo em voz alta quando


Gabi tece seu caminho através da multidão. Ela está usando um
vestido vermelho justo e saltos que se prolongam por quilômetros, e
eu já estou imaginando-a nua – com o sapato de saltos, é claro – na
minha cama. Dou um aceno de aprovação na direção dela enquanto
sorrio para um membro do conselho e finalmente para em minha
frente.

“Pare de flertar com Stan”, eu digo, rouquidão entrelaçando


minha voz.

“Stan joga golfe com meu pai. Ele tem setenta anos. Ele está no
conselho de administração porque sua esposa diz que ele fica
deprimido sentado em sua casa grande.”

“Que difícil para Stan, viver em uma mansão.”

“Olha quem está falando,” Gabi brinca, puxando o lábio inferior


em sua boca, seus dentes brancos mordendo o batom vermelho.

“Droga, não me olhe assim se você quiser que eu me comporte.”

“Quando você já se comportou?”

Ela me conhece tão bem.

“É Natal, você sabe,” Gabi aponta. “Eu posso ter uma


pequena... surpresa para você quando voltarmos para a casa.”

“Aw, Sunshine, você assou?”


Ela me golpeia no ombro. “Não, Sr. Vice-Presidente.”

“Eu adoro quando você fala sujo. Na noite passada quando você
me chamou de 'senhor' na cama, eu quase goz...”

“Ian!” Gabi sufoca, interrompendo-me. “Como está... a vida?”

Ele franze a testa. “Você andou bebendo?”

“Muito”, respondo por ela, em seguida, passo meu braço em


volta dos seus ombros. “É melhor eu levar minha noiva para casa.
Você sabe... como ela ... se cansa.”

Gabi me fuzila. Eu a ignoro. Como de costume.

Ian balança a cabeça. “Eu não quero nem saber qual é o


maldito joguinho sexual que vocês estão jogando agora. Você já viu
Blake?”

“Comendo.” Gabi ri. “Ela não está fazendo nada além de comer
desde que chegou aqui.”

“Ela está comendo por dois!” Ian diz defensivamente quando


Blake caminha para nós. Aos seis meses de gravidez, ela parece mais
uma estrela do rock do que o habitual. Quase como se a gravidez
fosse seu super poder. Sua pele está linda, e seu sorriso, elétrico. Ian
faz bem a Blake.

“Desculpe.” Blake sorri timidamente. “É que, eles têm esses


incríveis pequenos picles embrulhados em bacon.”

Faço um ruído de engasgo.

“É só esperar!” Ela ri, apontando o dedo para Gabi.

Eu endureço enquanto Ian empalidece e me lança um olhar


acusador.

“Calma.” Gabi revira os olhos. “Eu não estou grávida. Alguns de


nós ainda tem alguns créditos sobrando!”

O pai de Gabi vem em direção ao nosso pequeno grupo. “Ian,


Lex, está na hora.”
Beijo Gabi na cabeça para dar boa sorte e sigo Ian conforme
vamos até o palco.

Os aplausos são ensurdecedores quando tomamos a frente e o


centro. Meus olhos se fecham sobre Gabi quando eu murmuro, “eu te
amo.”

Lágrimas enchem seus olhos enquanto ela articula a mesma


frase de volta.

“Tem sido um grande ano”, Ian começa. “Nós já triplicamos a


nossa clientela e começamos a vender o aplicativo no exterior.”

Mais aplausos.

“Graças a Lex, nosso guru de tecnologia, The Villain Bracelet


1.0 foi vendido para a Apple por cinquenta milhões de dólares.” Eu
sorrio. É difícil não sorrir. Depois que eu conquistei Gabi, pensei:
porque não ter uma espécie de bat sinal que as meninas poderiam
enviar, sempre que estivessem em situações ruins, para pedir ajuda?
A pulseira tinha configurações diferentes para encontro às cegas,
encontros ruins, situações assustadoras, estar voltando para casa por
conta própria. Sempre que uma menina está fazendo qualquer uma
dessas coisas, ela pode mudar as configurações e pressionar um
alerta simples caso esteja em apuros. A pulseira envia uma
notificação à polícia, informando dados de sua localização e envia
uma mensagem para seu melhor amigo ou membro da família. “Lex?
Algumas palavras.”

Dou um passo para frente, os meus olhos passando sobre a


grande multidão que se reuniu para a nossa celebração.

Anos atrás, eu teria vivido para este tipo de atenção e


reconhecimento.

Mas naquele momento, tudo o que me importa é compartilhar


isso com Gabi.

“Estou muito orgulhoso de compartilhar este momento com


minha melhor amiga e minha noiva.” Ela é os dois ao mesmo tempo.
“Ela é meu tudo. A minha parceira no crime, minha amante, a pessoa
para quem eu ligo para ambos os negócios...” Eu mal consigo me
impedir de dizer ‘prazer’ em voz alta, especialmente com seu pai
olhando para mim do outro lado da sala. “Eu acho que o que estou
tentando dizer é: ela é meu porto seguro, minha família, meu mundo,
e eu estou tão feliz que ela disse sim ao meu pedido.”

As pessoas batem palmas, mas eu só tenho olhos para ela,


apenas ela.

Engraçado como nós tínhamos começado como inimigos.

Nos transformamos em amantes.

Terminamos como melhores amigos. E muito mais.

“Obrigado... e Ian?”, eu continuo, “Mandamos bem, cara.


Mandamos muito bem.”

Ian e eu apertamos as mãos enquanto as câmeras pipocam


seus flashes, e vou em busca de Gabi. Quando não consigo encontrá-
la no meio da multidão, entro em pânico, até que alguém belisca
minha bunda.

Eu me viro e olho.

Gabi acena seus dedos para mim. “Pronto para explodir esta
festa, Lex Luthor?”

“Eu vou preparar o veículo de fuga.”

“Oooo...” Ela me puxa para um beijo. “Eu adoro quando você é


mau.”

“Eu sou tão malvado que eu vou deixar você comer Pirate´s
Booty na cama.” Ela estremece. “Enquanto assisto.” Minha língua
acaricia sua orelha quando ela começa a rir.

“Então, qual é a fraqueza de Lex Luthor? Você nunca me


contou.”

“Eu que é muito óbvio.” Eu dou de ombros, levando-a para fora


da porta. “São as garotas baixinhas, que usam Uggs feias como o
inferno e gritam o meu nome.”

“Eu grito muito o seu nome.”


“Eu sei.”

“Lex! Lave os pratos!” Ela grita.

“Lex!” Entro com o meu melhor falsete. “Aí! Oh, isso é tão bom,
um pouco para a esquerda.”

As pessoas olham com curiosidade em nossa direção.

Gabi me dá um tapa no estômago. “Será que uma prostituta


nunca muda?”

“Vamos esperar que não!” Eu a pego e jogo sobre meu ombro, e


dou um tapa na sua bunda. “Vamos, futura senhora Luthor.”

“Hey!” Ela grita. “Isso significa que eu poderei adotar meu


próprio nome de vilã?”

“Vamos conversar sobre isso.”

“Lex!”

“Como em, ‘oh! Olhe, eu trouxe isso para a mesa de discussão e


o conselho votou não’. Desculpe Sunshine.”

“Lex!”

“Você pode dirigir o carrinho que fica acoplado... E pode buscar


minha roupa. E quando eu estiver me sentindo muito generoso, vou
deixar você tocar minha arma de congelamento.”

“Lex Luthor não tem uma arma de congelamento.”

Eu rio sugestivamente. “Mas ele tem uma grande arma. Você


sabe disso.”

“Você é nojento.”

“Você me ama!”

“Eu amo.” Ela ri. “Claramente fui corrompida pelo lado negro.”

“É melhor aqui. Confie em mim.”

“Eu confio”, ela sussurra. “Eu confio.”

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