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Trails of Sin #2

Janeiro/2020

Trails of Sin #2
é .
O rancho, minha família, nossos segredos enterrados.
Nada me impedirá de reconstriuir o que deu terrivelmente errado em nossa vida.
Nem a lei.
Nem nossos inimigos.
Nem mesmo Maybe Quinn.

A jornalista linda e teimosa que não deveria ter se intrometido.


Eu não deveria tê-la deixado ficar.
Mas ela esconde algo naqueles mentirosos olhos azuis.
Algo mais profundo que sua sede por notícia.
Faço um acordo com ela para ganhar tempo.
Para desvendar suas mentiras. Para brincar com ela. Para satisfazer meus desejos mais
sombrios.

Quando ela forçar demais, vou mandá-la embora.


A menos que eu desista primeiro.

Se você não leu o primeiro livro, PARE!


Cada livro da série TRAILS OF SIN é um casal diferente, mas eles devem ser lidos em ordem.

Trails of Sin #2
Prólogo

SEIS MESES ATRÁS…

Alguns podem dizer que sou antiético. Talvez até


depravado. Mas as coisas que eu testemunhei e os crimes
cometidos contra aqueles que eu amo me corromperam. Me
provocaram. Deu à luz a raiva e a força que ardiam em minhas
veias.

Eu não me desculpo por isso.

Encostado na parede do corredor do lado de fora do escritório


do meu pai, olho para a porta fechada. Papai está lá agora,
completamente alheio ao seu destino.

A maioria dos homens olha para os pais e se sentem


protetores. Fiel. Quando olho para o meu, vejo uma criatura
indigna, de ossos frágeis e ganância. Uma abominação que quero
destruir.

Não quero apenas ferir John Holsten. Eu quero jogá-lo na


ravina e despejar caminhões de terra em cima do seu corpo até que
sua maldita boca transborde de sujeira. Eu quero ouvir seus gritos
de dor enquanto pedregulhos caem e esmagam seus órgãos. Eu
quero ver a vida drenar de seus olhos traidores enquanto a ravina
o engole inteiro.

Este é o método exato que meu irmão e eu usamos na


semana passada para assassinar Rogan Schroeder.

O agiota era a maior ameaça contra a vida de Conor


Cassidy. Sua rede de credores do mercado negro emprestou

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dinheiro a nossos pais e exigiu o pagamento com taxas de juros
impossíveis.

Rogan Schroeder não queria apenas ser reembolsado. Ele


queria um pedaço do Julep Ranch. Especificamente, a terra rica
em petróleo. Meu pai cedeu a suas exigências, trabalhando com ele
para manter os donos da terra, Conor e Lorne Cassidy, fora de cena
enquanto as plataformas de petróleo mastigavam a propriedade.

Os Cassidys retornarão eventualmente. Conor, para honrar


nosso juramento de sangue. Lorne, quando for libertado da
prisão. Rogan pretendia matá-los no momento em que pisassem no
rancho.

Então, Jake e eu o eliminamos.

Ao fazer isso, não haverá mais assassinos contratados. Não


há mais dívidas. Sem mais ameaças contra a garota que eu amo
como uma irmã.

Depois que Jake e eu lidarmos com papai, Conor finalmente


poderá viver em segurança no rancho. Lorne ainda tem alguns
anos para cumprir na prisão, mas quando estiver livre, poderemos
recebê-lo em casa de braços abertos.

Eu tamborilo meus dedos contra a coxa, ouvindo os passos


do meu irmão, pronto para colocar essa merda no nosso passado.

Alguns minutos depois, ele contorna o canto do corredor e


avança em minha direção com um laptop debaixo do braço.

Apesar de estarmos tão perto de trazer Conor de volta, seu


humor não melhorou com a desagradável e miserável depressão
em que ele está imerso nos últimos cinco anos.

Porque Conor tem um namorado. Um homem com quem ela


mora agora no campus da faculdade. Essa revelação está
dilacerando Jake dia após dia.

“Pronto?” Seu sussurro é quase inaudível, sua mandíbula


tão flexionada que é impossível falar.

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Com um aceno de cabeça, eu dou um passo em direção à
porta do escritório.

Fomos criados sob um estrito código de conduta, para


honrar nosso pai, suas regras e sua privacidade. Isso inclui bater
antes de entrarmos em seus aposentos.

Ele perdeu toda a honra no momento em que colocou Conor


e Lorne em perigo. Ainda assim, vai contra a corrente abrir essa
porta sem permissão.

Jake me lança um olhar irritado e abre a porta.

“O que...” Atrás da mesa, o pai empurra a cadeira para trás


e faz com que algo caia a seus pés. Suas mãos voam para o colo,
seus olhos homicidas. “Saia!”

Eu sigo Jake e nós paramos ao ver a mulher se levantando


do chão atrás da mesa.

Longos cabelos negros e belas características dos nativos


americanos, a namorada de papai, Raina, abraça seu peito nu.

Muito bem. Eu compartilho um olhar de nojo com Jake.

“Eu disse, saia!” Papai fecha a calça, o rosto vermelho de


raiva e descrença total.

Interromper um boquete é uma coisa, mas estamos


descaradamente ignorando sua ordem explosiva. Ele não tem ideia
de quanto de influência nós temos sobre ele.

“Raina.” Jake se aproxima da mesa sem olhar para a mulher.


“Deixe-nos.”

Eu avisto a blusa dela no chão e jogo nela.

Ela pega, mantendo seus seios cobertos com o manto de seu


cabelo. Ela veste sem sutiã e olha para o pai pedindo permissão
para sair.

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Eu não sei qual é o interesse dela nele. Ela é uma mulher
deslumbrante. Aos vinte e dois anos, ela é um ano mais nova que
Jake e eu. Muito jovem para um homem de sessenta anos.

Se ela acha que ele é rico, está muito enganada. Ele está sem
dinheiro e depois dessa reunião, ele ficará sem casa. Ou morto.

“Espere no meu quarto enquanto eu lido com isso.” Papai


acena para ela.

Ela se vira e sai do escritório, com determinação e expressão


ilegível. Ela está hospedada no rancho há um mês e nem sequer
encontrou meus olhos, muito menos falou comigo. Mesmo agora,
enquanto Jake e eu olhamos furiosamente na direção dela, ela não
olha para nós.

Algo não parece certo com ela. Nada indica que ela está aqui
contra sua vontade, mas ela não é exatamente calorosa perto do
meu pai também. Seja o que for isso atiça meu instinto protetor.

“Vocês garotos podem ser adultos.” Papai empurra para cima


o Stetson branco em sua testa irritada. “Mas estou me preparando
para chutar suas bundas. É melhor vocês terem uma boa razão
para invadir e desobedecer a mim.”

“Nós temos.” Jake coloca o laptop na mesa.

Enquanto ele liga, eu sigo Raina para o corredor.

“Espera.” Fora da vista do escritório, eu pego seu cotovelo.


“Você está em apuros?”

Ela se solta e recua, cruzando os braços sobre o peito.


“Problemas com quem?”

“Você me diz.” Eu inclino minha cabeça. “Você sabe que o


velho está falido, certo?”

“Você está enfiando o nariz onde não foi chamado.” Ela gira
na direção do quarto do papai e se afasta. “Fique longe de mim.”

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Bem, eu tentei. Talvez ela só tenha uma queda por homens
mais velhos.

Com um encolher de ombros, volto ao escritório e fecho a


porta atrás de mim.

“Que porra é essa?” Papai olha para a tela do laptop, seu


rosto vermelho pela fúria empalidece imediatamente quando
percebe o que está acontecendo.

A tela está longe de mim, mas eu ouço os trechos do


vídeo. Capturados com câmeras escondidas nos últimos dois anos,
as gravações servem como evidência contra as atividades
criminosas de papai. Suas discussões sobre os ataques a Conor e
Lorne, reuniões com Rogan Schroeder e outros agiotas perigosos,
negociações ilegais com o xerife Fletcher – tudo isso o prenderia
por muito tempo.

“Como você conseguiu isso?” Os olhos escuros do papai


saltam entre os meus e os de Jake.

“Você nos subestima.” Jake remove uma pequena câmera da


estante próxima e desconecta os fios.

Eu não sou um cara da tecnologia. Nem meu irmão é. Mas


Jake encontrou o que precisávamos online e instalou uma conexão
amadora. Foi fácil o suficiente, vendo como papai ainda olha para
nós como se fôssemos crianças. Como se fôssemos ingênuos e
simplórios com aspirações que não se desviam da criação de gado.

Pelo menos, ele nos olhava assim. Ele não está fazendo da
mesma maneira agora.

Seus olhos esbugalhados são excessivamente brilhantes, as


mãos apertam os braços da cadeira. “Você não tem ideia do que
fez.”

“Sabemos que Conor e Lorne são donos da terra.” Eu sento


na cadeira do outro lado da mesa. “Sabemos que se eles vivessem
aqui, eles poderiam revogar a procuração que permite que você
perfure a terra que não é sua.” Eu me inclino para frente. “Nós

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sabemos que seus credores estão mortos, seus inimigos foram
embora.”

“Que diabos você está falando?”

“Nós sabemos que foi você!” Jake bate o punho na mesa,


fazendo o pai pular. “Você contratou os homens que estupraram e
brutalizaram Conor. Você colocou o alvo nela e em Lorne.” Seu
rosto se contorce com cinco anos de dor profunda. “Como você
pôde, pai? Eles são da família! E Conor...” Sua voz rouca queima o
ar. “Ela é o meu mundo e você a tirou de mim!”

“Acalme-se, filho.” A respiração do pai acelera quando ele


discretamente alcança a gaveta da mesa que guarda sua pistola.
“Apenas escute um...”

“Você vai atirar em nós?” Dirijo meus olhos para sua mão em
movimento. “Você iria tão longe?”

“Vocês são meus filhos.” Um músculo contrai em sua


mandíbula e ele abandona a gaveta para olhar em mim como se eu
tivesse perdido a cabeça. “Eu colocaria uma bala na minha cabeça
antes de apontar uma arma em você.”

Talvez sim, mas por via das dúvidas, tirei as armas desta
sala esta manhã.

“O que aconteceu com Conor...” papai olha para Jake e


franze a testa. “Era para ser rápido. Uma morte rápida e indolor...”

Jake se lança sobre a mesa, rugindo e pegando o pescoço de


papai.

Eu pego meu irmão pela cintura, puxando-o para trás e o


levando para a cadeira. “Controle-se.”

Sede de sangue também me atinge, mas matar nosso pai é o


último recurso. Jake e eu discutimos isso interminavelmente. Por
mais que o queremos morto e tantos homens quanto já enterramos,
assassinar o homem que nos criou nos afetaria
irreparavelmente. Isso nos tornaria tão fodidos quanto ele.

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“Olha, me desculpe por Conor e Lorne.” Papai endireita sua
postura, sua voz profunda e calma, aparentemente tentando
moderar o confronto. “Tomei algumas decisões ruins que
colocaram todo mundo em perigo e, no final, tudo se resumiu a
suas vidas ou aos Cassidys. Eu não tive escolha. Eu faria qualquer
coisa para proteger vocês.”

Eliminar Conor e Lorne pode ter apaziguado seus inimigos e


impedido de machucar Jake e eu, mas nunca foi uma solução. Se
o velho não vê isso agora, ele nunca verá.

“Eles são nossos amigos mais próximos.” Eu encontro seus


olhos. “Mais próximo do que sangue. Você não tinha o direito.”

“Você sabe que Dalton bateu nela em Chicago?” Jake olha


para seu colo, as mãos apertando. “Ele descontou sua raiva nela
por dois anos.”

Os lábios do papai estão apertados e sua cabeça balança


levemente. “Sinto muito, filho.”

“Eu não dou a mínima se você se arrepende. Eu não quero


ouvir isso.” Jake se levanta da cadeira e caminha ao meu lado.
“Você deveria ter nos contado sobre o problema em que estava.
Poderíamos ter resolvido juntos.” Sua voz explode. “Antes de você
tentar matar minha garota!”

“Nós poderíamos ter ajudado.” Eu toco o braço de Jake


quando ele passa, um lembrete para ele se controlar, e volto a olhar
meu pai. “Nós respeitamos você naquela época. Amamos você. Nós
teríamos trabalhado muito mais no rancho, descoberto uma
maneira de ganhar mais dinheiro. Mas em vez de vir até nós, você
afastou as duas pessoas que mais significam para essa família. Em
uma noite, você nos transformou nos homens vingativos e amargos
que somos hoje, e não vamos parar até que isso termine. Espero
que você esteja orgulhoso.”

“O que quer dizer com vocês não vão parar?” Papai olha para
o laptop, para Jake, e de volta para mim, seus olhos se arregalam
com compreensão. “Vocês estão por trás dos desaparecimentos?”

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Ele engole em seco. “Vocês são a razão que meus parceiros de
negócios estão desaparecidos?” Ele esfrega a mão pelo rosto pálido,
sua voz um sussurro. “O que é que vocês fizeram?”

“Nós cuidamos de suas dívidas.” Volto para a cadeira e


descanso uma mão sob o queixo, observando-o. “Rogan Schroeder
não vai ameaçar essa família novamente.”

Papai remove seu Stetson branco e coloca-o cuidadosamente


na mesa. “É por isso que ele não apareceu para o nosso encontro
na semana passada.”

Oh, ele apareceu. Jake e eu o interceptamos a alguns


quilômetros antes. O arrogante estava sozinho quando atiramos
em seus pneus e o forçamos a sair da estrada de terra. Seu corpo
e caminhonete estão na ravina, enterrados sob a terra que ele
escavava no pasto ao sul.

Papai não precisa dos detalhes. Ele compreende o


suficiente. Queima em seus olhos avermelhados. “Vocês não
sabem quem é Rogan Schroeder, não é?”

“Um agiota criminoso com intenção de tomar esta terra.”

Um riso oco irrompe do peito dele. “Eu suponho que devo a


vocês um agradecimento?”

“Você nos deve mais do que isso.” Jake olha para o relógio
na parede. “Nosso advogado estará aqui a qualquer momento.”

“Um advogado para quê?” Papai espia a gaveta da mesa


novamente, olhos selvagens. “Vocês, meninos, acham que vão me
entregar?”

“Não, você é um pedaço de merda sem valor.” Eu inclino para


frente e deixo minha expressão transmitir a convicção letal de
minhas palavras. “Você vai assinar a transferência da operação de
gado e todos os bens da propriedade para nós. Então você vai pegar
sua prostituta e desaparecer. Silenciosamente. Permanentemente.”

“Ou o que?”

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“Ou você para de respirar.” Eu encolho os ombros.

“Vocês estão me ameaçando?” Ele se levanta com uma


postura ampla e passa a mão pela mesa, derrubando
equipamentos de informática no chão. “Eu sou o pai de vocês!”

“Essa é a única razão pela qual estamos dando a você a


opção de viver.” Eu permaneço sentado, indiferente à sua postura.

Uma batida soa na porta da frente, e Jake sai do escritório


para cumprimentar o advogado.

“Eu não vou concordar com isso.” Papai resmunga para


mim. “O negócio do gado é tudo o que me resta.”

Um negócio que ele adquiriu da minha mãe e destruiu depois


de sua morte. Ele nunca mereceu Julep Ranch.

“Se você não assinar os papéis e deixar a cidade, eu vou te


matar.” Meu tom não vacila, meu contato visual firme e
brutalmente honesto. “Eu vou estripar você só para ver quanto
tempo você vive sem suas entranhas tóxicas. A verdade é que,
papai, eu gostaria disso. E por que? Eu herdei essa doença de
você?”

“Não.” Suor brilha na testa dele, e ele cai na cadeira,


estudando minha expressão enquanto o horror pressiona a dele.
“Eu nunca matei ninguém.”

“Está certo. Você contrata para o trabalho sujo. Porque você


não tem estômago para isso. Porque você é um homem fraco e
patético.”

Sua mandíbula tensiona e seus olhos ficam frios.

Eu estou provocando-o. Principalmente, quero ver se ele tem


o que é preciso para alcançar a arma que não está mais naquela
gaveta. Mas eu já sei que ele não vai. Ele não teve coragem de
matar Conor e Lorne, e certamente não tem para matar seus
próprios filhos.

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Jake retorna com o advogado de negócios, e a sala se enche
com uma tensão silenciosa. Enquanto os papéis são apresentados
com locais de assinatura marcadas com abas, papai encara os
documentos, seus olhos cheios de ressentimento e conflito.

Eu deslizo uma caneta sobre a mesa. “O que estamos


oferecendo é mais do que você merece. Assine os papéis do
caralho.”

“O negócio está mergulhado em dívidas. Não vai te deixar


rico, garoto.”

“Isso não é sobre dinheiro. É sobre pegar o que por direito


nos pertence e garantir que você perca tudo que nossa mãe
construiu. No que diz respeito à vingança, isso é trivial.”

“Se eu assinar”, diz ele, baixando a voz com uma resistência


minguante, “Vocês vão esquecer isso?”

“Sim. Nós vamos deixar você ir. Com prazer.”

Ele pega a caneta e rabisca sua assinatura, uma página após


a outra sem ler os termos. “Eu não quero perder vocês, garotos.”

“Você já perdeu.” Jake recolhe a papelada assinada e entrega


para o advogado quieto de meia-idade. “Eu vou acompanhar você
até a saída.”

Ele me deixa sozinho com o pai novamente, colocando muita


confiança em mim que eu não vou matá-lo. Ou talvez ele esteja
esperando que eu faça exatamente isso.

“Eu quero que você e Raina tenham ido embora ao


anoitecer.” Eu olho para a posição do sol além da janela do
escritório. “Você tem três horas para reunir suas coisas.”

Parece estranho estar do lado oposto de um confronto com


ele. Dar ordens em vez de recebê-las. É empoderador.

“Não tem que ser assim.” Papai examina o escritório, seu


habitual comportamento dominante se enfraquecendo a cada

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segundo. “Deixe-me ficar. Vou trabalhar no rancho e recompensar
vocês.”

Ele parece cansado, um velho derrotado que há muito tempo


esgotou seus sessenta anos. Ele ainda tem o cabelo grosso e
escuro, salpicado de branco. Ele ainda está fisicamente apto,
membros fortes e uma estrutura robusta. Exceto por sua barriga,
que se estende além da fivela do cinto de anos de preguiça e
autoindulgência. Talvez a aparência dele não tenha mudado muito,
mas eu o vejo diferente agora. Ele não tem mais poder sobre mim
e sabe disso.

“Já passaram cinco anos da anistia.” Eu me levanto e vou


em direção à porta, demorando-me no limiar. “Se você nos entregar
por crimes que acredita que cometemos, nós vamos matá-lo. Se
você arrancar um fio de cabelo da cabeça de Conor, vamos matá-
lo. Se você nos matar, a evidência que temos contra você será
entregue às pessoas em quem confiamos. Pessoas do lado direito
da lei que adorariam colocar você e o xerife Fletcher atrás das
grades pelo resto de suas vidas miseráveis.”

Lorne tem acesso a todas as evidências que possuímos e


pode causar uma enorme quantidade de dano com ele da prisão.

“Tenho pena de você.” Papai se levanta da cadeira e circula


a mesa, sua postura relaxada e não ameaçadora. “Você acha que é
mais esperto que eu? Um homem melhor? No entanto, você está
disposto a matar sua própria carne e sangue. Isso faz de você um
verdadeiro demônio.”

O fato de eu deixá-lo viver prova que ele está errado. Mas há


um pingo de verdade em sua declaração. Um homem não pode ser
bom a menos que ele possua a capacidade de ser mau. A decência
é uma escolha. Ser tentado pelo ódio e seguir um caminho
diferente, não importa o quão difícil. É olhar para dentro com uma
lupa e reconhecer as falhas e fraquezas do personagem.

É sentir a dor terrível para buscar vingança e escolher


esquecer.

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“Estamos mostrando misericórdia.” Eu aperto a moldura da
porta, dando-lhe as costas. “Não desperdice isso. Você tem três
horas para desaparecer.”

Eu o deixo lá para lamentar suas consequências. Ou para


cometer mais erros. O que acontecer a seguir depende dele.

Andando de um lado da nossa casa de oito mil metros


quadrados para o outro, entro na ala Cassidy. Jake renovou
completamente esse espaço com as próprias mãos. Ele o
reconstruiu para ele e Conor, sabendo muito bem que pode tê-la
perdido para sempre.

Eu o encontro na suíte principal, olhando para o mural que


representa as pinturas impressionistas de cavalo que Conor
colecionou quando criança.

“Ele vai nos dar problemas?” Jake pergunta, sem mover os


olhos da parede.

“Não tenho certeza.” Eu sento na cama atrás dele. “Ele sabe


que fizemos um favor a ele ao apagar suas dívidas e não ganhará
nada indo atrás de nós.”

“Exceto vingança.”

“Talvez. Mas acho que ele está cansado demais para nos
matar. Ele não é o mesmo homem que nos criou.”

“Nós não somos os mesmos, também.” Ele estende a mão e


traça uma pincelada ao longo de um dos garanhões pintados. “Eu
costumava ser digno de Conor. Era um homem orgulhoso e
confiável com muito a oferecer a ela. Mas não mais. Mesmo que ela
volte...”

“Você ainda é esse homem, Jake. E ela vai voltar.”

“Pelo juramento de sangue. Ela não vai voltar para mim. Não
que eu a culpe. Eu a afastei, o mais efetivamente possível. E
agora... Se ela está feliz com essa porra de professor...” Seus
ombros ficam tensos e ele segura a testa como se estivesse com

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dor. “Se ela é verdadeiramente feliz, não vou interferir. Eu causei a
ela bastante desgosto.”

“Você vai dizer a ela sobre aquela noite no celeiro?”

“Vou contar tudo a ela. Ela merece saber.”

Meu irmão apaixonado esperou anos para fazer sexo, só para


poder dar a ela sua virgindade. Desde que foi anônimo, na
escuridão de um celeiro abandonado, Conor não sabe que foi
ele. Ele se entregou a ela, e ela acha que fez sexo com um
estranho. Ele não vai admitir, mas sei que isso o machuca mais do
que tudo.

Ele abaixa os braços, flexionando as mãos ao lado do


corpo. Então ele desliza pela parede até o chão e puxa os joelhos
para a testa.

Cada centímetro dele irradia tristeza e solidão. Ele tem


observado Conor de longe nos últimos anos. No momento em que
ela começou a namorar Miles York, Jake perdeu partes de si
mesmo que ele nunca vai conseguir de volta.

Ele começou a foder muitas mulheres, noite após noite,


tratando-as de uma forma que eu não achava que ele fosse
capaz. Ele as usou para canalizar sua raiva. Sua dor. Mas isso só
aumentou sua culpa pelos erros que foram cometidos a Conor.

No mês passado, ele voltou ao celibato e, francamente, isso


o torna insuportável de estar por perto.

“Você precisa sair e transar.” Eu me levanto da cama e me


aproximo dele devagar.

“Eu não posso.” Ele remove o chapéu e inclina a cabeça


contra a parede, revelando a umidade em seus olhos. “Eu sinto
muita falta dela, ela é tudo que eu vejo.”

“Sinto falta dela também.” Sento-me ao lado dele e olho para


a pulseira de couro em seu pulso. Ele não a removeu desde que
Conor a deixou para ele no aniversário de dezoitos anos dela.

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Eu não tenho uma irmã, mas ela preenche esse espaço. O
rancho é monótono e sem sentido sem ela.

Agora que lidamos com papai e Rogan Schroeder, Jake


poderia trazê-la para casa. Ele poderia dirigir até OSU neste exato
minuto e forçá-la a voltar para o rancho. Gritando e chutando, se
necessário. Mas ele não vai. Ele nunca iria atrapalhar a vida que
ela construiu para si mesma. Não se ela está feliz.

“Eu pedi ao investigador particular para seguir o namorado


dela.” Jake esfrega o polegar sobre a pulseira de couro. “Se ele
encontrar algo que Conor não aprovaria...”

“Todas as apostas estão encerradas.”

“Com certeza.”

Nós entramos em uma série de minutos silenciosos, perdidos


em nossos pensamentos. Eu me pergunto se papai está fazendo as
malas. Eu me pergunto se ele era um homem melhor quando nossa
mãe se casou com ele. Eu me pergunto o que ela pensaria sobre as
escolhas que Jake e eu fizemos.

Jake olha para mim. “Quando você vai destruir seu coração
por uma mulher? Você está perdendo uma vida inteira de dor.”

“Bem, quando você coloca assim...”

“A felicidade que vem antes da dor é a melhor sensação do


mundo.” Ele fecha os olhos, seu sussurro em uma respiração
tremula. “Vale a pena.”

“Eu sou a favor da autodestruição. Só não encontrei a minha


Conor para arriscar tudo.”

“Ela é a mulher certa para mim.” Seus lábios formam um


sorriso triste. “Eu era um sortudo filho da puta. Ainda sou. Eu a
tive por dezesseis anos.”

Durante esses anos, tive um lugar na primeira fila para o


relacionamento em evolução entre ele e Conor. Eu assisti com
admiração e inveja como o amor deles foi forjado em algo

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lendário. Algo tão brilhante e poderoso que eclipsou tudo ao redor
deles.

Jake é um cara legal, mas Conor Cassidy define o padrão.


Eu estive com inúmeras mulheres, e ninguém chega perto da
paixão contagiante e força comovente que Conor possui. Suspeito
que ninguém nunca vai.

Foda-se tudo se eu encontrar essa pessoa. Vou me agarrar


com tanta força que ela não terá chance.

Eu moverei montanhas.

Mostrarei meu desejo.

Marcarei meu território.

Reordenarei toda a minha existência até que possamos nos


unir abaixo da intensidade.

Quero o que Jake teve com Conor. Anseio por isso.

Ele e eu podemos ser diferentes em muitos aspectos, mas


compartilhamos uma coisa em comum.

Nós não apenas amamos.

Nós amamos muito, com todos os ossos, nervos e respiração


em nossos corpos.

Trails of Sin #2
O Big Sugar é o maior bar em Sandbank, Oklahoma. Na
verdade, é o único bar nesta cidade esquecida por Deus. Eu não
me encaixo neste lugar, e todo caipira que usa camisa xadrez nessa
espelunca sabe disso.

Essas pessoas têm uma maneira ensurdecedora de julgar e


acusar sem abrir a boca. Eles me observam sem olhar. Evitam-me
sem sair do caminho. Insultam-me sem emitir um som de seus
lábios fechados.

Dizer que não sou bem-vinda aqui é um eufemismo.

Eles dão a todos os visitantes o mesmo tratamento? Ou


apenas os que usam saltos altos inadequados para um bar cheio
de cascas de amendoim?

Eu caminho pelo chão sujo, certa de que vou quebrar o


tornozelo. Quando sento no primeiro banquinho disponível no
balcão, dou um suspiro de alívio.

O garçom me ignora. Tudo bem. Eu não bebo quando estou


trabalhando.

Eu chamo isso de trabalho. Esta tarefa é oficialmente não


oficial.

Em Chicago, escrevo para algumas colunas de beleza e moda


sob diferentes pseudônimos. Horrivelmente chato e sem
complicações, mas paga as contas. Ou melhor, pagavam.

Trails of Sin #2
Eu perdi esses empregos. Nos últimos seis meses, perdi
tudo. É por isso que estou aqui. Tentando recuperar minha vida.

Jake e Jarret Holsten vão me ajudar com isso. Mas primeiro


preciso encontrá-los. Fazer com que pareça um encontro por
acaso. Eles estariam mais propensos a divulgar informações
pessoais durante uma conversa casual do que se eu batesse à porta
deles e exigisse respostas.

“Desculpe-me.” Eu bato no ombro da morena de trinta e


poucos anos ao meu lado. Quando ela se vira, uso meu sorriso
mais caloroso. “Olá.”

Ela estreita os olhos para minha blusa de seda, calça preta


engomada e sapato vermelho. “Você não é daqui.”

“Eu tenho a sensação de que isso é uma maldição nesta


cidade, como se eu estivesse trazendo uma doença infecciosa ou
algo assim. Juro que estou com todas as minhas vacinas em dia.”

Sorrio. Ela não.

Onde está a hospitalidade do sul que sempre ouvi


falar? Talvez eu precise viajar mais para o sul por isso.

“Eu estava pensando...” Acaricio os cachos indisciplinados


ao redor dos meus ombros. “Por acaso você conhece a família
Holsten? Existem dois filhos...”

“Os gêmeos?” Rímel aglomera nas fendas de seus olhos.


“Qual deles?”

A única foto que encontrei deles foi uma em preto-e-branco


embaçada no jornal. Eu precisei visitar a biblioteca local para
desenterra-la, e eu ainda não tenho uma ideia clara de como eles
são.

“Você sabe onde eles frequentam?” O que realmente quero


perguntar é se eles estão aqui no bar hoje, mas eu não quero
parecer estúpida.

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“Eu não sei quem você é ou de onde vem, mas seu interesse
por esses garotos é uma perda de tempo. Eles não são amigáveis
com pessoas de fora.”

“Eu só preciso de alguns minutos...”

“Nenhuma garota só quer apenas alguns minutos com eles.”


Ela faz uma careta para a minha mão esquerda sem anel e levanta
o queixo. “Ouvi dizer que Jake está fora do mercado, mas não fique
esperando por Jarret. Ele vai se estabelecer com uma das nossas
antes de se casar com gente como você.”

“Casamento?”

“Ele não vai gostar muito de você perguntando sobre eles,


também.”

Eu não posso nem focar nessa conversa.

Os olhos dela disparam para a entrada da frente e um


suspiro corta sua respiração.

Eu sigo sua linha de visão e sufoco meu próprio suspiro.

Bom Deus Todo Poderoso. Cowboys não provocam nada em


mim, mas os dois homens que acabaram de entrar redefiniram
minhas noções preconcebidas de rancheiros.

Talvez eu tenha visto muitos velhos oestes, mas esperava


anéis de sujeira encharcados de suor ao redor do colarinho, cabelo
sujo e comprido, bigodes velhos e dentes podres. A maioria dos
caras neste bar se encaixam nessa descrição. Mas não esses dois.

Eles são definitivamente gêmeos, mas não idênticos. Um tem


um rosto mais estreito, olhos mais claros e uma linha de cabelo
mais escura sob a aba larga de seu chapéu. Seu quase sorriso é
muito mais apresentável do que a quase carranca que o outro
usa. Ele emana carisma, o que faz dele o mais atraente dos dois.

E o mais perigoso.

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Cachos perfeitamente aparados balançam enquanto se
movem pelo bar. Bíceps e peitorais esculpidos, abdômen definidos
e coxas poderosas – eles possuem a mesma estrutura, como se
fossem esculpidos em um único pedaço de pedra infundida em
testosterona.

Pele clara bronzeada. Um metro e oitenta e vários


centímetros de altura intimidante. Rostos barbeados. Mandíbulas
quadradas. Ombros largos e inclinados. O jeans bem gasto protege
volumes bem-dotados que chamam a atenção. Há muito para
absorver.

Santo inferno, estou encarando e não consigo parar.

Não é apenas a área de superfície mais quente que me


atrai. Há um ar sobre eles, uma confiança, uma intensidade
autoritária que agarra uma mulher pelos ovários e a reduz ao seu
núcleo mais primitivo. É o mesmo instinto que leva as fêmeas de
qualquer espécie a acasalar com o macho mais forte, para dar à luz
a prole mais forte e mais viável.

Jesus. Eu nem estou interessada nisso. Eu cansei dos


homens, especialmente os de boa aparência. No entanto, aqui
estou eu, engolindo a saliva quando vaza da minha boca
escancarada.

Estou aqui pelos gêmeos Holsten, para aprender sobre eles


e, espero, obter respostas. Se eu já não estivesse certa de que os
encontrei, a pequena ruiva entre eles seria um sinal obvio.

Conor Cassidy.

Não é preciso ser jornalista para conhecer sua história. Uma


simples pesquisa online sobre Sandbank traz dezenas de
resultados relacionados ao ataque brutal contra ela seis anos
atrás. O que os artigos não mencionam é o envolvimento da família
Holsten naquela noite.

Eu não esperava que ela estivesse na cidade. A última vez


que verifiquei, ela ainda estava na OSU. Eu certamente não

Trails of Sin #2
esperava vê-la toda confortável com a família que lhe causou tanta
dor.

Aquele com os olhos mais escuros e o braço nos ombros dela


deve ser Jake. Há rumores de que eles eram os queridinhos de
Sandbank, até o ataque.

Seu irmão, Lorne Cassidy, foi preso por matar o homem


errado e seu pai a levou para Chicago. Para minha cidade natal. Ela
não tem a menor ideia de quem eu sou ou de como estamos
conectadas, e espero que nunca precise ser a pessoa para contar a
ela.

Eu arrasto meus olhos para longe do trio magnético


enquanto eles se acomodam em uma mesa alta. É quando percebo
que todas as mulheres no bar são apanhadas no feitiço deles.

Conor se destaca com sua beleza escandalosa e braços


coloridos de tatuagens, mas é os Holstens que seduzem os olhares
distantes sob os cílios femininos ao meu redor. Sem mencionar as
irritadas carrancas dos companheiros masculinos.

Jake e Conor compartilham algumas palavras


sussurradas. Então ele vai até o bar e pede bebidas.

Eu olho de volta para a mesa e encontro o outro irmão,


Jarret, olhando diretamente para mim.

Merda. Eu olho para longe e me xingo por hesitar. Eu não


vou ficar nervosa perto dele, não importa o quão sexy ele é.

Eu forço meu olhar de volta para o dele.

Ele ainda está olhando e o efeito que tem em mim é


bizarro. Parece uma vitória, como se eu tivesse acabado de ganhar
uma competição contra todas as mulheres no bar. Há trinta ou
quarenta mulheres que ele pode olhar, mas ele está olhando para
mim. Um olhar inabalável e marcante do homem mais potente que
já vi.

Trails of Sin #2
Posso não estar acostumada a esse tipo de exame, mas se eu
não conseguir controlar minha consciência – e outras partes com
fome dentro de mim – ele vai me comer viva antes que eu consiga
emitir duas palavras.

Conor fala com ele e ele toca a mão dela em seu colo,
mantendo os olhos em mim.

Esse olhar... Foda-me, é demais. Eu volto meu foco para


Jake no balcão. Ele seria mais fácil de se aproximar. Ele não olhou
para mim ou para qualquer outra mulher desde que entrou aqui.

Eu deslizo a mão sobre o meu cabelo, arrumando o desastre


loiro. A umidade é um pesadelo para cachos naturais. Eu odeio o
frizz quando está longo. Eu odeio mais quando está curto. Eu
realmente odeio não conseguir parar de tocar os emaranhados
quando estou ansiosa.

O garçom se vira para Jake com suas cervejas, e eu ouso


outra espiada em Jarret.

Ele ainda está me observando.

Droga. Não há nada de discreto nele, e agora que ele me


pegou olhando várias vezes, eu poderia muito bem continuar com
isso.

Levanto-me do banquinho e ele arrasta a língua ao longo do


lábio, falando com Conor. Ele ri de algo que ela diz e se recupera
quando percebe que estou indo em sua direção.

Isso mesmo, Jarret Holsten. Eu não sou tão tímida quanto


pareço.

Ele pode ser intimidante como o inferno, mas eu não vou


deixar a cidade até que eu consiga o que pretendo aqui.

Enquanto atravesso o bar, as malditas cascas de amendoim


dificultam caminhar com saltos. A primeira coisa amanhã, será
encontrar uma loja de roupas de segunda mão e substituir meus
sapatos por algo prático.

Trails of Sin #2
Quando chego à mesa, Jake passa por mim e se acomoda ao
lado de Conor.

“Um... Oi.” Oh Deus, eu pareço uma idiota. Eu coloco um


polegar sob a alça da bolsa no meu ombro e reforço minha voz.
“Vocês são os gêmeos Holsten, certo?”

“Sim.” Jarret bebe de sua cerveja e rudemente olha para o


meu peito.

Conor o chuta embaixo da mesa. “As mulheres não gostam


de ser ridicularizadas.”

Ela saberia. Sua beleza é realmente algo para se


contemplar. Eu aposto que ela é cobiçada e assediada em todos os
lugares que vai.

Eu inclino minha cabeça para ela em agradecimento. “Você


deve ser Conor Cassidy.”

Jake faz contato visual diretamente comigo pela primeira


vez. “E você é?”

“Maybe.”

“Maybe?” Jarret levanta uma sobrancelha. “Esse é o seu


nome?”

Não é um nome, mas ninguém se incomodou em dizer isso à


minha mãe.

“Sim.” Eu tento sorrir, como se não tivesse ouvido todas as


piadas com Maybe1 existentes.

Eu vou interpretar isso como um Talvez.

Ligue-me... Talvez.

Talvez ela tenha nascido com isso.

Talvez sim, Talvez não?

1
Maybe na tradução significa talvez, no português é um advérbio e não um nome próprio.

Trails of Sin #2
“Maybe Quinn.” Eu endireito minha postura. “Importa-se se
eu me sentar?”

Com um aceno de cabeça, ele abaixa sua cerveja, mostrando


uma linha vermelha grossa na palma da mão. Eu me acomodo no
banquinho, tentando não olhar para a cicatriz.

“Então, Maybe...” Jarret se aproxima, seus olhos dourados


fazendo buracos em minha ousadia. “Para qual rede de notícias
você trabalha?”

Meu pulso acelera. É quase verdade, mas não é bem


assim. Eu vim aqui vestida de repórter, esperando que isso
distraísse minhas verdadeiras intenções. Evidentemente, estou
fazendo algo certo. Mas não quero parecer muito ansiosa.

“Oh, isso não é...” Eu mantenho minha expressão. “Estou


apenas passando.”

Isso faz com que eu ganhe um olhar furioso de Jake, que


calmamente diz, “As únicas pessoas que passam por essa cidade
são jornalistas investigativos.”

Esse título está acima do meu salário, mas ele pode pensar
o que quiser.

Eu olho para baixo e vejo um corte cicatrizado na palma da


sua mão. Esquisito. Eles têm a mesma cicatriz?

Sem ser óbvia demais, dou uma espiada na mão de Conor


enquanto ela afasta uma mecha de cabelo do rosto. Com certeza,
outra cicatriz. Eles devem ter se cortado de propósito? Como em
um daqueles jogos de verdade ou desafio que os adolescentes
brincam?

“Para quem você trabalha, Maybe Quinn?” Jarret pega sua


cerveja e um gole desliza pela forte coluna de sua garganta.

Com um suspiro fingido, dou-lhe uma resposta que poderia


ser verdade. “Freelance. Eu escrevo a história e vendo-a pelo maior
lance.”

Trails of Sin #2
Eu tenho as credenciais para escrever e vender a roupa suja
deles. Se eles são tão corruptos quanto fui levada a acreditar, vou
vendê-los em um piscar de olhos.

“Qual é a história?” Conor estreita os olhos com


desconfiança.

“Levi Tibbs vai ser liberado amanhã.” Eu puxo a mão do meu


cabelo, percebendo muito tarde que estou inquieta. “O que vocês
três planejam fazer sobre isso?”

“O que estamos planejando? Bem, vamos beber nossas


cervejas.” Jarret toma um caloroso gole da sua. “Nós
provavelmente vamos aquecer a pista de dança. Então eu vou
gastar um pouco de energia em um corpo quente e atrevido.” Ele
me examina novamente, uma viagem lenta de cima a baixo. “Você
está convidada a participar da festa. Particularmente a última
parte.”

Em outro dia, em outra vida, eu poderia considerar sua


oferta. O estrondo profundo de sua voz me faz sentir alegremente
quente e zonza. Tenho certeza de que o resto dele me daria a transa
da minha vida.

Mas minha situação não permite


indulgência. Especialmente não indulgência com este homem.

“Eu acho que não.” Sou breve, não tolerando espaço para
discussão.

“Então eu espero que você encontre o caminho para fora da


cidade e volte para onde você veio.”

“Eu vou dançar com a minha garota.” Jake se levanta e


inclina a aba do chapéu na minha direção. “Senhora.”

Ele e Conor deixam a mesa, deixando-me sozinha com


Jarret.

Trails of Sin #2
“Eu não vou a lugar nenhum.” Meu estômago revira com o
nervoso, e eu pressiono as mãos contra o meu colo para manter os
dedos longe do meu cabelo.

O espaço silencioso entre nós torna-se o ponto focal,


pairando como um intruso desajeitado. Jarret não me parece o tipo
quieto. Ele está me ignorando descaradamente.

“Você estava lá na noite em que Conor foi atacada.” Eu


respiro fundo. “Ainda assim você ficou ileso. Você era cumplice de
Levi Tibbs?”

Ele move seus olhos devagar, intencionalmente, fixando nos


meus com letal aviso.

“Olhe para ela.” Ele inclina a cabeça em direção a Conor, sem


desviar o olhar de mim.

Meu pulso falha quando encontro seus cabelos ruivos na


multidão de chapéus. Com os dedos enrolados no pescoço de Jake,
ela se levanta na ponta dos pés e sussurra para ele. Enquanto ele
ouve, as mãos dele percorrem seu corpo minúsculo com
familiaridade íntima.

Eles estão definitivamente juntos novamente.

“Você pode não ver o que eu vejo.” A voz de Jarret puxa


minha atenção de volta para ele. “Mas você a vê e sabe que há algo
extraordinário lá. Algo raro e inestimável e que vale a pena
proteger.” Sua mandíbula flexiona. “Aqui está uma dica gratuita
para sua história idiota. Eu amo essa garota mais do que a própria
vida. Eu não posso sequer imaginar desempenhar um papel na
brutalidade infligida a ela naquela noite.”

A sinceridade cristalina aguça seu tom, seus olhos brilhando


com devastação. Eu acredito nele, mas sei que ele está envolvido
em alguma coisa. Algo ilegal. Eu só não sei o quão profundo
vai. Ainda.

Em um piscar de olhos, ele está fora da cadeira, violando


meu espaço pessoal com os braços ao meu redor.

Trails of Sin #2
“Ela tem passado por mais do que você pode compreender
em sua existência privilegiada.” Ele ameaça no meu ouvido. “Se
você explorar o sofrimento dela, eu vou arruinar você.”

“Não se atreva a me ameaçar.” Meu sangue fica quente,


queimando minhas bochechas. “Afaste-se.”

Suas pupilas engolem os tons dourados de seus olhos e seus


lábios se esticam em um sorriso lúgubre e sem humor.

“Você tem fogo debaixo dessas roupas certinhas.” Ele volta


para sua cadeira.

Eu pensei que minhas roupas me faziam parecer


profissional. Eu sou ridiculamente transparente ou ele é muito
bom em ler pessoas. Infelizmente, não tenho nenhuma roupa
casual entre as poucas coisas que sobraram para minha
reputação.

“Você acabou de me conhecer.” Endireito minha coluna e


encontro seu olhar de frente. “Ainda assim, você me condenou no
momento em que me aproximei. Você não sabe nada sobre minha
existência, privilegiada ou não.”

“Justo.” Ele esfrega o polegar sobre seu lábio inferior,


procurando meus olhos. “Esclareça-me.”

“O que você quer saber?” Eu olho para Jake e Conor, onde


eles aquecem a pista de dança com movimentos repugnantemente
apaixonados.

“De que lado da cama você dorme?” Ele pergunta.

“O quê?” Eu viro minha cabeça em direção a ele, esperando


um sorriso provocador.

“Você me ouviu.” Ele olha para mim com firmeza, sério.

A última vez que tive uma cama, dormia à direita,


aconcheguei-me ao homem que amava. Mas essa é uma história
feia, não apropriada para a companhia atual.

Trails of Sin #2
“Eu não tenho um lado”, digo honestamente. “Você?”

“O mesmo. Onde está a sua cama?”

“Chicago.”

Seu olhar se dirige a Conor, as sobrancelhas se juntando.

“Eu sei que ela viveu lá há alguns anos, mas é uma cidade
grande.” Eu mordo meu lábio e falo a verdade para ele. “Nenhum
de vocês estava no meu radar até recentemente.”

“Como você ficou sabendo sobre nós?”

Desde que ele vê através de mim, não vou mentir


novamente. Então eu respondo com uma não resposta. “Eu tenho
minhas maneiras.”

Ele continua a observar Conor dançar com seu irmão, e uma


pontada de inveja lateja em meu interior. Ela é uma mulher
sortuda por ser cuidada tão profundamente por dois homens
protetores e insanamente atraentes.

“Você está apaixonada por ela?” Eu pergunto.

Seus olhos deslizam para os meus, a única parte dele que se


move. “Você não é muito boa em seu trabalho.”

“O que isso deveria significar?”

“Isso significa que eu fui direto e você ainda não entendeu.”


Sua expressão dura me arrepia até os ossos. “Eu a considero
minha irmã e protejo o que é meu. É hora de você ir embora.”

“Você não possui este estabelecimento.” Eu o encaro com a


imprudência de uma mulher que não tem mais nada a perder. “Boa
sorte em me chutar para fora.”

Seu olhar silencioso confirma o que eu já assumi. Ele não


gosta de mim. Isso me incomoda, mas não o culpo.

Eu sou uma ameaça

Trails of Sin #2
Ele se levanta e sai. Sem falar ou me lançar um olhar, ele
efetivamente me afasta.

Ansiedade toma conta de mim. A decepção se agrava quando


ele se junta a uma mesa de moças sorridentes.

Permaneço sentada, facilmente esquecida e substituída


pelas risadas de suas amigas. Ou potenciais parceiras de
cama. Ou o que essas mulheres são para ele.

Isso machuca. Não deveria, mas sou hipersensível a ser


rejeitada pelos homens. É como se eu estivesse usando uma placa
na minha testa que diz, Não vale o esforço.

Nem vale um adeus.

Tanto quanto eu quero fugir, o orgulho me mantém no lugar


através de várias músicas. A música não é ruim. Um pouco
estridente. Eu gosto de todos os tipos de gêneros, especialmente
country pop. As pessoas nesta cidade provavelmente revirariam os
olhos para isso.

Ou então eu pensei.

Lengends da cantora country pop Kelsea Ballerini inicia nos


alto-falantes, e a sala gira em direção à pista de dança. No centro,
Jake e Conor movimentam pelo salão de dança inteiro do bar.

Não é apenas a maneira sedutora como eles dançam


juntos. É a paixão que brilha entre eles, como se o resto do mundo
não existe, e tudo o que eles veem é o outro.

Eu pensei que tinha isso com alguém uma vez, e foi bem
legal. Até que acabou.

No final da música, Conor sai da pista de dança e vai para o


banheiro. Alguns minutos depois, Jake contorna a fila do lado de
fora da porta e fecha os dois lá dentro.

Do outro lado do bar, a mulher ao lado de Jarret passa a


mão por sua coxa.

Trails of Sin #2
Eu vi o suficiente.

Eu saio do Big Sugar. Se Jarret está ciente da minha saída,


ele não demonstra. Ele não olha na minha direção nem uma vez.

Não importa. Ele vai me ver de novo.

Quando chego ao meu velho e feio sedã, eu o movo para uma


esquina sem iluminação do estacionamento e espero.

Jarret disse que planejava gastar um pouco de energia com


um corpo quente e atrevido. Se for esse o caso, ele sairá com uma
mulher.

Ele tem uma amante regular? Ou ele curte a vida? Se ele tem
uma confidente, alguém com quem ele passa muito tempo, posso
ter mais sorte em conseguir informações dela.

Trinta minutos depois, Jake leva Conor para fora do bar. O


sorriso dela grita recém fodida, e seguindo eles está Jarret.

Ele está sozinho?

Os três se amontoam em uma caminhonete grande, com


Jake no banco do motorista.

São apenas dez da noite. O trânsito na rua principal permite


que eu os acompanhe à distância sem ser notada.

Até chegarem a uma estrada de terra na periferia da cidade.

Eles entram na estrada de terra, levantando poeira e


deixando o tráfego de Sandbank para trás. Se eu seguir, eles vão
me ver.

Desacelero carro, seguindo no acostamento da estrada até a


caminhonete de Jake desaparecer sobre uma colina. Então eu viro
para a estrada de terra.

Não querendo alcançá-los, mantenho uma velocidade lenta


até chegar a uma estrada privada a cerca de um quilômetro e meio.

Trails of Sin #2
Eu investiguei a rota para o rancho deles hoje cedo e achei
um lugar para me alojar durante a noite. Há um hotel na cidade,
mas não me incomodei em verificar se havia vagas. Eu não posso
me dar ao luxo de ficar lá.

Ervas daninhas crescidas consomem a estrada particular,


cercada pelo isolamento de árvores grossas. As marcas de pneus
são do meu sedan. Além de mim, ninguém passa por aqui há muito
tempo.

Estaciono o carro de ré e fora da vista da estrada de terra e


desligo o motor. Quando eu estiver pronta para dormir, vou seguir
mais fundo na propriedade isolada. Há um lago lá atrás que eu
posso usar para tomar banho.

Por enquanto, estou contente em sentar aqui e observar a


estrada em busca de atividade. Desde que Jarret foi ao bar com
Jake, é possível que ele fosse para casa para pegar sua própria
caminhonete antes de sair novamente.

Se isso acontecer, vou segui-lo. Não tenho mais nada para


fazer e nenhum lugar para ir. Tudo o que possuo está neste
carro. Como é isso para privilegiados? Jarret engasgaria com suas
palavras se soubesse o quanto eu trabalhei por cada centavo que
ganhei. E perdi.

O grande envelope no banco do passageiro contém a solução


para minha falta de moradia. Quando os documentos estiverem
finalizados, recuperarei um pedaço da minha vida.

Mas o dinheiro não é o que me trouxe a Sandbank. Eu


preciso entender o que aconteceu. Eu preciso de respostas.

Por enquanto, deslizo o envelope por baixo do tapete. Do


banco de trás, pego um pote de beterraba e uma garrafa de
água. Então eu abaixo a janela e janto sob o chilrear de criaturas
noturnas.

Trails of Sin #2
Está quieto aqui, tão diferente do barulho constante de uma
cidade grande. Eu poderia viver em um lugar como este, longe da
agitação e julgamento das pessoas.

Não há mais nada para mim em Chicago e não voltarei. Eu


posso escrever artigos de qualquer lugar. Inferno, eu posso servir
mesas e bebidas em um bar e ser feliz.

Felicidade. Eu preciso olhar para frente. Começar de novo


não será fácil, mas desta vez estou mais forte. Menos ingênua.

Mas primeiro preciso corrigir os erros que foram cometidos


contra mim.

Terminado o jantar, eu descarto as embalagens em um saco


de lixo e me acomodo em uma inclinação do banco mais confortável
atrás do volante.

Assim que meus olhos ficam pesados com o sono, o som de


um veículo se aproximando me faz despertar.

Eu estico meu pescoço até os faróis aparecerem na colina na


direção do Julep Ranch. Agarrando a chave na ignição, espero que
o motorista passe.

Os pneus esmagam o chão, seguido pelo som de uma música


country desconhecida. Então uma caminhonete semelhante à de
Jake passa.

Um cotovelo acomodado no batente da janela. Ombros


largos. Chapéu de abas largas. Perfil esculpido.

Jarret Holsten.

Segui-lo será complicado até chegarmos à cidade. Eu me


forço a esperar um minuto antes de ligar o motor e sair correndo
atrás dele.

Quando chego à rua principal, ele não está à vista. Eu


examino as caminhonetes que passam. Para qual caminho ele foi?

Trails of Sin #2
Eu viro para o centro da cidade, esperando que seja a direção
certa.

Alguns quarteirões depois, vejo sua caminhonete em um


posto de gasolina. Minha frequência cardíaca dobra quando
estaciono nas sombras de um terreno adjacente e vejo-o
perambular dentro da loja de conveniência.

Não demora muito para voltar a sua caminhonete com uma


pequena sacola na mão. Aposto a caixa de ostras enlatadas no meu
banco de trás que ele acabou de comprar uma caixa de
preservativos.

Oh Deus, estou observando um homem comprar


preservativos. De todas as coisas que fiz nos últimos dois meses,
esta é a primeira vez que me sinto como um perseguidora genuína.

O que estou fazendo? Eu realmente vou seguir esse cara


para onde ele vai transar? E se ele me ver? E se eu vir algo
perturbador? Como sexo bizarro? Algumas coisas não podem ser
despercebidas.

Considerando os crimes que eu acho que ele está envolvido,


isso pode não acabar bem para mim. Ele não é exatamente o tipo
de homem que quero irritar.

Eu preferiria me concentrar em Jake, mas ele parece estar


preso ao quadril de Conor. Preciso manter distância dela.

Quando tudo isso for dito e feito, talvez eu tenha minha


consciência examinada. Até lá, preciso parar de me questionar.

Eu preciso terminar isso. Se eu não fizer, o mistério em torno


da minha ruína total sempre me assombrará. Preciso de uma
explicação.

Eu preciso de encerramento.

Com um aperto firme no volante, pressiono o acelerador e


sigo Jarret Holsten.

Trails of Sin #2
Estou a três carros atrás da caminhonete de Jarret, meus
ombros tensos e mãos presas a esquerda e direita do volante, assim
como minha mãe na hora do rush de Chicago. Que Deus a tenha.

Eu relaxo meu domínio no volante enquanto ele me leva pela


cidade. Ele entra em uma rua residencial ladeada por enormes
árvores e pequenas casas, na direção oposta do Big Sugar.

Depois de várias voltas, ele entra em uma garagem e desliga


o motor. Eu viro para uma rua lateral e estaciono à beira do meio-
fio, fora de vista. Então eu me esgueiro em direção à casa a pé.

Desde que sou nova neste negócio de perseguição, minha


tentativa de andar na ponta dos pés é tudo menos quieta. Porque
esqueci de trocar meus malditos sapatos.

Eu volto para o carro e considero minhas opções. Sapatos ou


sapatilhas? Nenhum permitiria uma fuga rápida. Opto por
nenhum sapato e, depois de um momento de reflexão, pego a
pequena faca de caça que guardo sob o banco do motorista.

Puxando minha camisa de dentro da calça, coloco a lâmina


embainhada entre o cós e minhas costas e sigo descalço pela rua
sombria e escura.

Um cachorro late à distância e meu coração acelera. A


umidade se agarra à minha pele, e eu tremo com tanta violência
que meus pulmões contraem, tornando impossível respirar sem
soar asmática.

Trails of Sin #2
Sua caminhonete aparece e a escuridão encobre a frente da
casa de um andar. Nada se move. Sem som. Ele já deve estar
dentro.

Cortinas escondem os cômodos, mas um resplendor de luz


cobre o pátio lateral.

Eu me dirijo para lá e encontro uma janela iluminada e sem


cortina perto da parte dos fundos da casa. Um quarto?

A indecisão me mantém no lugar.

Posso supor que ele está lá com uma mulher? Para que mais
ele estaria aqui? Sua única família em Sandbank é seu irmão. Ele
está visitando um amigo? Em um quarto dos fundos? Talvez ele
esteja chantageando ou assassinando alguém.

Se ele puxar um tapete enrolado, eu saio daqui.

Mantendo-me nas sombras, deslizo entre as casas, abaixo-


me sob a janela e, lentamente, espio por cima do peitoril. A posição
estratégica me dá uma visão direta através da vidraça, para dentro
do quarto, e...

Oh meu Deus, isso se intensificou rapidamente.

Uma morena magra sobe o corpo de Jarret, todas as pernas


e mãos e beijos frenéticos.

Ele apenas fica ali, deixando-a acaricia-lo e lambê-lo


vorazmente. Ela empurra a camiseta dele, e ele levanta os braços
para que ela possa retirá-la. Então ela está novamente dando
atenção a ele, arranhando seu peito e comendo sua boca, como se
ele fosse a primeira refeição que ela teve em dias.

Ele está retornando seus beijos? Eu não posso dizer. O perfil


dele é muito confuso através do vidro sujo. Eu gostaria de poder
ver sua expressão completa.

Eu gostaria de saber qual gosto ele tem.

Trails of Sin #2
Ugh. O que há de errado comigo? Sim, ele é incrivelmente
lindo, e a definição em seu torso parece melhor do que qualquer
revista que usa programas para manipular a imagem. Eu teria que
estar em coma para estar imune a toda essa sensualidade
masculina. Mas aprendi da maneira mais difícil que a beleza
masculina é superficial.

Eu devo ir. Ele obviamente conhece essa garota. Eu posso


voltar mais tarde e tentar falar com ela.

Vai.

Coloque seus pés em movimento.

Afaste-se da janela.

Em vez de fazer a coisa lógica, eu permaneço, em silêncio,


querendo que ele abaixe sua calça jeans. Eu só quero um
vislumbre. Uma visão proibida cheia de Jarret Holsten nu. Aposto
que ele é tão grande quanto um garanhão.

Eu sei que é errado. Estou invadindo sua privacidade, mas


ele pediu por isso depois de ser um idiota comigo. Eu poderia fazer
muito pior do que dar uma olhada no pacote dele.

Depois de mais alguns segundos, ele agarra o cabelo dela na


altura dos ombros e puxa suas costas.

Minha respiração falha e minha pele aquece. Cristo, ele é


bruto.

Usando seu domínio, ele a força de joelhos e olha para


ela. Sua boca se move, formando palavras que não consigo ouvir,
e ela pisca para ele, olhos cheios de fome.

Ele se desloca um pouco, colocando as costas para a janela


e bloqueando minha visão dela e do que quer que ele esteja
guardando em sua calça.

Eu agarro minha garganta enquanto suas mãos se movem


para as proximidades de seu zíper. Então a calça jeans desliza para
baixo, apenas o suficiente para revelar duas covinhas de cada lado

Trails of Sin #2
do cóccix, a parte superior e elevada onde suas nádegas esculpidas
se dividem.

Ela se aproxima mais e os músculos das costas dele se


flexionam. Ele tira o chapéu, revelando o cabelo grosso e escuro
que é curto o suficiente para mantê-lo fresco no calor, mas longo
suficiente para se enrolar com os dedos.

Com o rosto dela escondido por seu corpo, não consigo ver
seu pau deslizando em sua boca, mas ele definitivamente está
oferecendo isso a ela, balançando seus quadris com as mãos firmes
na cabeça dela.

Há uma superioridade na maneira como ele se move. Um


senso de dominação e poder tentador. Isso me prende em
fascinação e desejo profundo até o ponto em que eu sinto inveja
dela. Talvez até ciúme.

Eu anseio por esse tipo de relacionamento, onde posso


colocar confiança absoluta em um amante para me foder do jeito
que ele quiser, para me machucar com prazer ou dor e cuidar de
mim depois.

Mas esse tipo de confiança nunca deu certo para mim. Quem
disse que há glória no amor obviamente não sabe como essa
fantasia termina.

Foda elas e as esqueça. Agora, esse é um lema que soa


verdadeiro, um que pretendo adotar quando estiver pronta para
seguir em frente.

Assistir Jarret foder a boca dessa garota me faz sentir a falta


de sexo. Eu já senti falta, mas isso me mergulha em um novo
inferno de anseio solitário.

Demora cerca de cinco minutos de foder a boca dela antes


que ele goze. Sua cabeça cai para trás e seus quadris se movem
irregularmente, impiedosamente, enquanto ele segura o rosto dela
contra ele.

Trails of Sin #2
Eu aperto minhas coxas juntas, imaginando ser tomada
assim por um homem que me quer com uma paixão sem sentido.

Cristo, eu realmente preciso transar.

Ele a solta e ela cai sentada, sorrindo. Surpreende-me


quando ele puxa sua calça jeans e a fecha. Ele terminou?

Ele retira o cinto de sua cintura e dobra ao meio enquanto


fala com ela.

Não, não terminou.

Ela pula de pé e tira a roupa, revelando pele morena, curvas


voluptuosas e peitos enormes. Ela é linda. Absolutamente
deslumbrante. E cara, me sinto inadequada.

Eu sempre quis um corpo assim. Em vez disso, eu fiquei com


os mesmos membros desengonçados e seios pequenos que tenho
desde o ensino médio.

A sacola que ele trouxe do posto de gasolina está no


colchão. Ela rasteja para o lado disso e se deita de costas, me
dando uma visão completa de sua depilação brasileira.

Ele anda ao redor da cama, arrastando uma mão ao longo


de sua perna, quadril, a curva completa de seu peito. Quando ele
alcança a cabeceira da cama, ele enrola o cinto nos seus pulsos e
a prende à armação de metal.

Claro que ele a prende. Por que ele não iria completar todas
as minhas fantasias enquanto eu fico na janela como uma
pervertida?

Minha capacidade de sair veio e se foi. Eu nunca


experimentei o tipo de sexo bruto e pervertido que sei que esse
homem é capaz. Assistir pode ser o mais perto que chegarei de
participar de algo assim.

Ele diz algo para ela, belisca seu mamilo e entra no banheiro
adjacente.

Trails of Sin #2
Minutos passam e eu fico ansiosa. O que ele está fazendo?
Vai esperar seu pau endurecer de novo? Escovar os dentes? Talvez
ela mantenha uma sacola de brinquedos sexuais lá dentro, e ele
está debatendo entre um plugue anal do bebê Jesus ou uma pinça
de terapia de choque?

Ela não tenta se libertar do cinto. Olhando para o teto, ela


move suas pernas como um grilo chamando por seu companheiro.

Ótimo. Agora eu vou ficar com esse visual enquanto


adormeço ao chilrear dos grilos esta noite.

Volto minha atenção para a porta do banheiro, procurando


por sinais de movimento. Onde diabos ele está? Algo não parece
certo.

Quando me afasto da janela, uma mão cobre minha


boca. Outra envolve minha garganta, pressionando contra a minha
traqueia.

Um arrepio percorre minhas costas. Meus olhos arregalam e


meu grito abafado vibra em meus ouvidos.

Eu agarro os dedos nas minhas vias aéreas, coçando o


colarinho imóvel de músculos e ossos enquanto meu coração bate
fora de controle.

“Não percebi que você gosta de assistir.” O sotaque sulista


de Jarret acaricia minha orelha por trás.

Minhas unhas afundam em sua pele enquanto o oxigênio


entra e sai de meus pulmões. Ele não está me estrangulando, mas
parece que sim. Meu estômago se contrai com câimbras e o medo
rapidamente esgota meu corpo.

“É mais confortável lá dentro.” Ele morde minha orelha, sua


respiração quente e terrivelmente calma. “McKenna não vai se
importar com uma audiência.” Um traço de irritação prende sua
voz. “Ela fica mais empolgada com atenção.”

Trails of Sin #2
Seu peito sem camisa pressiona contra minhas costas como
uma laje de concreto quente. Eu forço minhas mãos a soltar seu
braço e torço meus quadris, alcançando a faca na minha cintura.

Ele solta.

Eu giro para longe, tropeçando para trás e ofegando por ar.


“Toque-me assim novamente, e eu vou cortar seus dedos e
empurrá-los na sua bunda.”

“Como você faria isso? Vai morde-los com seus dentes de


gatinho?”

“Muito trabalho.” Eu puxo a faca de sua bainha e aponto


para ele.

“Não brinca.” Ele esfrega o queixo. “Onde você conseguiu


isso?”

“Na loja de facas.”

Ele avança até a lâmina tocar seu peito. Eu demonstro


minha raiva, mas ele se aproxima mais.

“Como você saiu do banheiro?” Eu seguro a arma firme,


afundando seu peitoral com a ponta.

“Como você não sabia que o banheiro se conecta ao


corredor? É uma planta padrão.” Ele empurra contra a faca,
fazendo com que o sangue fique bem embaixo do aço.

Ele é insano. Maluco.

“Você ouve vozes em sua cabeça?” Eu levanto uma


sobrancelha.

Ele dá um sorriso sombrio. “Você também as ouve?”

Agora ele está simplesmente brincando comigo.

“Como você sabia que eu estava aqui fora?” Eu me afasto,


apenas um passo.

Trails of Sin #2
Ele me acompanha. “Como você soube me encontrar no
posto de gasolina?”

Ele sabia que eu estava lá?

Merda! Sou péssima nisso. “Eu percebi que você é o tipo de


cara que compra preservativos no caminho de uma reunião de
família.”

Seu sorriso desaparece. “Você tem um corpo incrível, mas


precisa de uma rotina de exercícios melhor para essa boca. Eu
tenho algo que vai ajudar com isso.”

“O que? Um pau grande? Pena que sua idiotice é bem maior


do que isso em sua calça.”

“Você não acredita nisso.”

Seu olhar desce para a minha camisa e olho para


baixo. Vários botões se soltaram durante o tumulto, e o tecido ficou
aberto e para o lado, com meu sutiã transparente à vista. E lá está
meu mamilo, duro e inchado e bem ali fora para o mundo ver.

“Droga.” Eu puxo as abas da camisa para fechar,


mortificada.

“É lamentável.”

“O que?”

“Como você é linda, toda fogosa, excitada e hostil, e mamilos


implorando para serem machucados. Não me lembro da última vez
em que estive tão duro.”

Eu mantenho meus olhos nos dele, recusando-me a conferi-


lo com um olhar em sua virilha. A morena lá dentro não teve
nenhum problema em deixa-lo duro. Não me faz exatamente sentir
como um floco de neve especial.

“Não importa o que meu pau pensa.” Ele cruza os braços e o


movimento flexiona seus bíceps. “Eu não transo com repórteres.”

Trails of Sin #2
“Oh bem, bom, porque eu não transo com idiotas.”

Ele sorri. Eu espero uma resposta vulgar depois disso, mas


ele deixa isso em paz.

“Certeza que você não quer entrar?” Ele acena para a janela.
“Se sua história incluir detalhes sobre meu pau, você precisa saber
o tamanho certo.”

“Hmmm.” Eu bato o lado plano da lâmina contra o meu


queixo. “Acabei de me lembrar. Eu tenho que estar em algum lugar
ou eu prefiro arrancar meus olhos com uma colher enferrujada.”

Passo por ele e sigo para a rua com tanta dignidade quanto
posso reunir com uma camisa aberta, sem sapatos e com uma faca
pendurada na minha mão.

“Maybe Quinn.”

Eu paro ao ouvir a voz dele e olho por cima do meu ombro.

“Se você está pensando em assediar McKenna para obter


informações sobre a minha família, não se incomode.” Ele segue
para a varanda da frente e descansa a mão na maçaneta da porta.
“Caso você não tenha notado, eu não venho aqui para conversar.”

Meu coração parece estar encolhendo.

“Dá o fora. Esse é o meu último aviso.” Ele entra na casa e


fecha a porta atrás de si.

Um ponto agudo de dor me penetra por dentro e eu engulo


ar como se tivesse acabado de ser chutada na barriga.
Pensamentos autodepreciativos saltam pelo meu cérebro,
nebulosos e irracionais. Não posso engolir, porque um caroço se
instalou na minha garganta.

É assim que a rejeição se parece. Não é nada novo, mas desta


vez é deslocado e maníaco. Eu não conheço esse cara. Não tenho
direito sobre ele. No entanto, estou segurando a faca como se
estivesse a segundos de entrar naquela casa e estragar a sua
diversão.

Trails of Sin #2
O pensamento dele transando com mulher faz meu peito
doer.

Ele está me irritando e preciso esquecer isso. Agora


mesmo. Isso não é quem eu sou. Não fico obcecada por
homens. Eu não desmaio ou curvo na presença de abdomens
definidos e sorrisos encantadores. Eu nem sou tentada a olhar.

Até ele.

Uma sombra passa pelo brilho da luz no pátio lateral e, um


segundo depois, uma sombra cobre a janela inteira do quarto, me
deixando de fora.

Eu devolvo a faca à sua bainha e endireito minha coluna.


Engulo com força e o nó na minha garganta desaloja, e uma boa
surra mental força meus pés para o carro.

Ele fez a coisa certa saindo e me confrontando. Eu não


deveria ter espiado seu momento íntimo.

Eu estraguei tudo, mas isso não significa que vou desistir.

No carro, eu ligo o motor e coloco uma música motivacional


no meu celular.

Quando Hell In Heels de Pistol Annies bate nos alto-falantes


antigos, eu abro a janela e piso no acelerador.

Amanhã será um novo dia e há força nisso.

Amanhã, eu vou estar com minha cabeça no lugar quando


aparecer no Julep Ranch.

Amanhã, ele não será capaz de me afastar.

Trails of Sin #2
Depois de um banho quente, recosto-me na varanda dos
fundos com Jake e Conor e deslizo os dedos pelas mechas úmidas
do meu cabelo. Tem sido um dia longo e o silêncio entre nós está
tão pesado quanto as sombras sobre o campo.

Inquietação penetra minhas veias em ataques crescentes e a


massa do jantar se torna desconfortável no meu estômago. Tenho
certeza de que as sobras estavam bem, mas tudo que eu provei foi
o clima tenso no ar.

Nós matamos Levi Tibbs hoje à noite.

Essa é uma ótima razão para comemorar, mas nenhum de


nós está se sentindo vitorioso. Conor parece perdida em
pensamentos, sem dúvida lamentando a noite em que o bastardo
a estuprou.

Eu suspeito que Jake está melancólico pela mesma razão


que estou.

Por seis anos, nós sonhamos em matar Levi e tomar banho


em seu sangue. Ele merecia um final mais prolongado e horrível do
que o que lhe demos.

Decidimos contra isso pelo bem de Conor. Não que ela não
seja forte o suficiente para lidar com violência e sangue. Cristo, as
coisas que ela sobreviveu faria um psicopata chorar.

Trails of Sin #2
No entanto, Jake e eu nos recusamos a expô-la a mais
depravação insensata. Ela queria testemunhar a morte de Levi,
então fizemos isso rápido e eficiente. Eu acho que os velhos hábitos
são difíceis, porque não podemos desistir da nossa necessidade de
protegê-la.

Ela se acomoda no sofá ao ar livre com Jake, enterrada


contra o seu lado sob o manto de seu braço. Eles ficam bem
juntos. Sempre ficaram. Mas eles parecem mais fortes do que
nunca agora, sua conexão mais equilibrada e imutável.

Apesar das recaídas que ela ainda tem de seu trauma, sei
que eles estão felizes. O pensamento afrouxa um pouco a tensão
no meu peito, mas não vamos conhecer a verdadeira felicidade até
termos Lorne de volta.

Sem interromper a sua reflexão silenciosa, eu recolho os


pratos do jantar e entro na casa.

Depois de carregar a lava-louças, vou até a porta da frente


para passar o resto da noite mexendo no estábulo. Minha lista de
projetos é interminável e, embora a maioria das tarefas sejam
rotineiras, adoro trabalhar com minhas mãos.

O trabalho duro é curativo. Não de uma maneira


mágica. Não apaga feridas. Mas isso me devolve à pessoa que eu
era antes – saudável e descomplicado, focado e não cansado.

Lá fora, deixo a varanda da frente e caminho em direção ao


estábulo no escuro. E paro.

Que porra é essa?

Maybe Quinn sai de um sedã velho e caminha na minha


direção apressada como uma mulher em uma missão.

Oh, não. Esta mulher tem a audácia de invadir o rancho


depois que eu disse a ela para desaparecer? Sua bunda ficará
incandescente quando eu terminar com ela.

Trails of Sin #2
Eu planto meus pés em uma posição larga e uno minhas
mãos nas costas enquanto ela diminui a distância.

Um vestido florido e rodado pendurado por pequenas alças


nos ombros estreitos, e as sapatilhas brancas cobrem os pés. Ela
parece que se preparou para uma festa de chá com a rainha. É
meio fofo, de uma maneira louca de Alice no País das Maravilhas.

“Antes que você fique todo ranzinza e insensível...” Ela


aponta o dedo para mim e faz uma pausa a alguns metros de
distância. “Você quer ouvir o que eu tenho a dizer.”

“Garanto a você, eu não quero.” Eu giro em direção ao


estábulo e começo a andar, esperando que ela siga.

“Nenhum chapéu de cowboy hoje à noite?”

“O sol não está fora.” Eu meço meus passos, superando os


passos atrás de mim.

“Trevor Pierson”, diz ela do nada. “Grady Clark, Rogan


Schroeder, Mike Zarda e Levi Tibbs.”

Um punho aperta meu coração. Ainda bem que estou de


costas para ela, porque não posso evitar que a raiva enrugue meu
lábio. Minhas pernas continuam se movendo sem vacilar, mas é
preciso muito esforço para não lhe dar uma reação.

Como ela sabe os nomes dos filhos da puta apodrecendo na


ravina?

Um calafrio percorre meu couro cabeludo. Quais são as


chances de que ela apareça na noite de uma nova matança? E se
ela chegou apenas algumas horas antes, enquanto Jake
estrangulava Levi? E se ela nos seguiu da cabana onde o
prendemos?

Se ela soubesse que éramos assassinos, ela não teria vindo


aqui sozinha. Ela não estaria correndo atrás de mim no escuro.

Trails of Sin #2
O que ela sabe exatamente? Que esses homens estão
desaparecidos? Que eles eram criminosos, agiotas, matadores de
aluguel e seres humanos sem valor?

Eu não posso perguntar. Não sem reconhecer que eu os


conheço. Levi Tibbs é a exceção. Mas o resto deles? Tudo o que
posso fazer é fingir ignorá-la, como se não tivesse ideia do que ela
estava tagarelando.

“Eu me encontrei com seu pai.”

Isso me para. Meu pulso bate em meus ouvidos quando eu


viro lentamente para encará-la.

“Por quê?” Eu quero rugir para ela e dizer o quão perigoso


ele é. “Fique longe dele.”

Ela cruza os braços delicados e suspira. “Você não vai me


perguntar o que ele disse?”

“Não.” Eu me afasto, esfrego a mão no rosto e giro de volta.


“Onde ele está?”

“Ele mora com uma jovem a duas horas daqui. Escondido no


norte do Texas.”

Porra, isso não é longe.

Um milhão de perguntas correm em um circuito na minha


cabeça enquanto eu a encaro com desagrado visível. Ela está
prestes a provocar um ninho de vespas. Eu não posso deixá-la ir
até descobrir o que ela sabe.

Como ela não responde a advertências verbais, terei que


tentar uma abordagem mais tátil.

Aproximando-me dela, dobro meus joelhos e coloco minha


carranca nivelada ao seu rosto bonito. Ela não recua, nem sequer
pisca. Ela é estúpida ou incrivelmente corajosa.

Trails of Sin #2
Eu agarro um emaranhado de cachos na parte de trás de sua
cabeça e puxo com força, forçando seu pescoço em um ângulo
desconfortável.

“Não!” Ela arranha meu braço, seus olhos brilhando com


chamas azuis. “Solte-me!”

“Você está escondendo uma faca debaixo deste vestido?” Eu


afasto seus braços balançando. “Se você não responder, eu mesmo
vou procurar.”

“Não. Sem faca.” Ela levanta um joelho, apontando para


minha virilha. Muito devagar.

Eu giro ela por seus cabelos, redirecionando cada chute,


tapa e soco que ela tenta.

Ela é tão leve que requer pouco esforço para manobrá-la


onde eu a quero. Ela pode ser mais alta que Conor por alguns
centímetros, mas elas possuem a mesma forma. Baixa, magra,
seios pequenos, fofa. Tamanho divertido.

Eu amo todas as formas e dimensões do corpo feminino, mas


eu prefiro o físico de Maybe. Enquanto ela é do tamanho certo para
pegar e puxar para qualquer lugar que eu tenha vontade, ela
também é forte o suficiente para sustentar uma foda intensa e
selvagem contra uma porta do celeiro.

O que se esconde em sua cabeça, no entanto, a torna


estritamente proibida.

“Solte-me, seu animal fodido!” Suas mãos retornam a minha,


inutilmente tentando soltar meus dedos de seu cabelo. “Estou
falando sério! Solte!”

Eu deslizo uma bota sob seus pés e a solto em um único


movimento que a faz cair sentada na terra.

Um gemido escapa de seus lábios, seguido por um ofegante


“Idiota.”

Trails of Sin #2
Ela empurra o vestido sobre as coxas antes de eu pegar um
vislumbre sedutor. Quando ela começa a levantar, eu monto em
seus quadris e a forço de costas com uma mão ao redor de sua
garganta. Então eu aperto, apenas o suficiente para assustá-la
sem causar dor ou restringir o fluxo de ar.

Uma mulher normal cairia em histeria agora mesmo. O


instinto está ali, acelerando o fôlego e iluminando seus olhos
excessivamente brilhantes. Mas algo mais eclipsa sua resposta de
luta ou fuga.

No instante em que sinto, minha pele estremece, como se


uma nuvem de eletricidade se movesse e estalasse o ar. É isso que
Conor quis dizer quando falou sobre faíscas e fogos de artifício?

De jeito nenhum. Eu não acredito nessa merda. Mas algo


estranho se instala no rosto corado de Maybe, e isso me afeta
também.

Sensação de formigamento inflama meu peito e se espalha


pelos meus membros. Um suspiro escapa de seus lábios e seus
olhos brilham sob os cílios. Eu estou interrompendo suas vias
aéreas?

Não, ela está respirando bem, embora superficial e


rápido. Seus dedos descansam contra os meus em volta do
pescoço, mas ela não tenta me afastar. É como se eu estivesse
encantando-a, como se estivéssemos nos aprisionando.

Ela se contorce embaixo de mim. Na verdade, movimenta


seus quadris para esfregar contra as costas das minhas coxas. Eu
deixo meu peso descansar contra sua pélvis e aproximo meu rosto
do dela, puxado por uma corda invisível, atraído por ela em um
nível que não entendo.

O cheiro do cabelo dela chega ao meu nariz. Um aroma


natural, puro e fresco como musgo de terra e ar livre com notas de
menta. Seja o que for, eu estou viciado.

Trails of Sin #2
Sua cabeleira indomável balança ao redor dela como um halo
dourado. Enormes olhos azuis brilham ao luar, o resto de suas
feições são delicadas e parecidas com duendes. Ela pode ser tão
feroz quanto uma leoa, mas parece muito suave e gentil. Tudo
dentro de mim aperta para protegê-la.

O que diabos está acontecendo? Tem atração. Existe desejo


sexual. Então tem isso. É curiosidade e gravidade e algum tipo de
magnetismo ilógico que faz meu coração bater com o impulso de
reivindicar e possuir.

O pensamento me irrita e eu aperto minha mão ao redor de


sua garganta.

Seus lábios se separam. Seus olhos vibram e ela se derrete


sob meu peso. Então ela pisca. Sua expressão se fecha e cada
centímetro dela fica tenso.

É quando faz sentido.

Ela é diferente. Tão notavelmente diferente das outras


mulheres.

Garotas da cidade pequena querem casamento, filhos, o


pacote completo. Jogue isso na enorme propriedade de quatro mil
hectares, e eu sou o solteiro mais elegível em Sandbank. Quando
elas estão comigo, respondem ao jogo áspero com gritos, suspiros
barulhentos e costas arqueadas.

É tudo falso. Elas se ajoelham, chupam, gemem e me dão as


reações que acham que eu quero, tudo por uma chance de ganhar
um anel e um compromisso.

Elas não se levantam contra mim. Eles nunca dizem não. É


sem inspiração. A performance exagerada que McKenna me deu na
noite passada foi apenas mais do mesmo.

Ao contrário das outras, entretanto, Maybe Quinn é


positivamente pervertida. Sem fingimento sobre isso. Na verdade,
ela está tentando esconder isso de mim.

Trails of Sin #2
Seu pulso martela sob a palma da minha mão, mas ela está
silenciando seus suspiros e cerrando os dentes. Ela me despreza e
me quer, e maldição, eu estou fodido.

Ela é a mulher que eu estava esperando.

Talvez eu esteja errado.

Deus, espero estar sofrendo de insanidade temporária.

Eu pairo meu rosto a centímetros do dela, saboreando o


movimento do peito dela. “Se eu levantar o seu vestido, aposto que
vou encontrar a buceta mais molhada em Oklahoma.”

Ela recua a mão e me bate com força suficiente para


empurrar minha cabeça para o lado.

Momentaneamente atordoado, eu perco meu controle em


sua garganta, e ela sai rapidamente debaixo de mim.

Eu preciso admitir. Ela sabe como bater. Minha bochecha


lateja como uma cadela, e eu não consigo decidir se estou
queimando de raiva ou descontroladamente excitado. Ambos, eu
acho.

Rastejando fora do alcance do braço, ela salta de pé, perde


os sapatos ao longo do caminho e recua.

“Você deveria correr.” Eu me levanto e avanço na direção


dela.

“Você não me assusta.” Ela ajeita os ombros e mantem a


posição.

Tão ousada e linda. Descansar meus olhos nela é


profundamente satisfatório, estou dominado por um súbito senso
de necessidade. Uma urgência para mantê-la em minha
presença. É um sentimento irracional, mas não posso deixar
passar. Já está encharcado em meus ossos e se torna parte de
mim.

Eu a quero. Desesperadamente.

Trails of Sin #2
Mas não deveria.

Eu não posso.

Talvez isso explique minha obsessão. Ela é o fruto


proibido. Um inimigo para minha família e tudo o que estou
tentando reconstruir.

Essa é mais uma razão para mantê-la perto.

Até ter certeza de que ela não é mais uma ameaça, vou ter
que vigiá-la como um falcão e impedi-la de fazer qualquer coisa
estúpida. A melhor maneira de fazer isso é trazê-la para o meu
círculo íntimo e construir uma base de confiança.

Atraí-la para minha cama não seria apenas esfregar essa


irritante coceira. Isso formaria um laço de união entre nós. E
vamos ser realistas. Eu tenho um longo histórico de ficar entediado
com uma mulher depois de uma noite.

Eu não vou me apegar.

“Você deveria estar com medo.” Dou um passo ameaçador


para perto. “Eu conheço sua fraqueza.”

“Que fraqueza?” Em vez de recuar, ela fica comigo,


circulando com os meus passos e me mantendo na frente dela.

“Um toque e eu sei tudo o que há para saber sobre o que te


excita.”

“Como isso é uma fraqueza? Ao contrário de você, sou


seletiva sobre com quem vou pra cama.”

Essa é uma resposta muito boa. Se ela não estivesse


tentando desenterrar meus segredos, eu definitivamente a
manteria.

Eu me concentro no desafio em seus olhos. “Diga-me o que


você esperava ganhar aparecendo na minha porta.”

“Quero oferecer-lhe um acordo.”

Trails of Sin #2
“Explique.”

“Você precisa saber o que eu sei e vice-versa. Eu dou um


pouco. Você dá um pouco. De um lado para o outro, até que ambos
tenhamos o que queremos.”

Quero dizer que ela não tem nada que eu precise, mas isso
seria uma mentira. Preciso saber o que ela descobriu sobre os
homens que matamos. Preciso saber todos os detalhes sobre o
encontro dela com meu pai. Preciso ouvir seus apelos ofegantes
quando eu açoita-la com um chicote, sentir o sabor de suas
lágrimas quando ela me implorar por liberação, sentir o quão
apertada é sua buceta quando ela comprimir o meu pau.

“Você está sugerindo para usarmos um ao outro.” Meu olhar


mergulha em sua boca.

“Não da maneira que você está implicando.” Ela estreita os


olhos. “Nós precisamos conversar. Você sabe, conversa adulta. Já
teve uma dessas com uma mulher? Sem conseguir uma ereção?”

Eu sorrio. “Minhas palavras tendem a ser mais ofensivas do


que minhas ereções.”

“Isso é bom. É ótimo, na verdade. Se você é verbalmente


ofensivo, significa que você está realmente pensando e
transmitindo esses pensamentos. É um sintoma de comunicação
real.” Ela fixa as mãos nos quadris e olha para a paisagem escura.
“Queremos coisas diferentes e vamos entrar nisso em lados
opostos. Estou disposta a discutir com você, fazer afirmações
desrespeitosas e ofendê-lo na busca da verdade.”

Sua busca da verdade é o que me assusta. Mas essa não é a


única coisa.

Tudo o que ela disse é obvio, mas nunca pensei nisso de


maneira tão sucinta e inteligente. Ela é mais esperta que eu, e isso
me assusta mais.

“Eu vim aqui preparada para a reação de sua raiva.” Ela


desloca os olhos de volta para os meus. “Não sou alguém fraco

Trails of Sin #2
emocionalmente ou uma pessoa piedosa.” Ao arquear minhas
sobrancelhas, ela esclarece. “Eu não sou ofendida facilmente. Já
sei que você é confiante o suficiente para ameaçar com a mesma
medida que é ameaçado. Você não vai ferir meus sentimentos.”

“Você preparou esse discurso?”

“Estou meio que improvisando enquanto falo.”

Eu gosto dela ainda mais. Ela é autêntica, expressiva e


estimulante, não tem nada a ver com sua beleza física. Eu poderia
escolher sua mente brilhante por horas e me sentir mais do que
realizado em uma noite sem sexo.

Quando foi a última vez que uma mulher me ocupou sem


tentar me prender em um casamento?

Conor não conta.

“O que você diz?” Ela levanta o queixo. “Vamos conversar.


Trocar informações. Então eu vou embora. Você nunca mais me
verá. Nós temos um acordo?”

Estou focado o suficiente para garantir que ela não saia com
nada que possa ameaçar minha família. Mas ela é inteligente.
Inteligente o suficiente para me enganar.

O que ela não pode fazer é me dominar fisicamente.

“Você acha que tem tudo planejado.” Eu me aproximo,


invadindo seu espaço.

“Eu não disse isso.” Uma cabeça mais baixa, ela precisa
inclinar o pescoço para trás para encontrar meus olhos.

“Você considerou a possibilidade de eu ser um psicopata de


sangue frio? Ou que sou maior que você? Mais forte e mais
agressivo?” Eu agarro sua mandíbula. “Você deveria ter corrido
quando teve a chance.”

“Eu não vou correr.” Ao engolir, confessa sua incerteza. “Mas


vou gritar.”

Trails of Sin #2
Eu me lanço para ela, seguro-a em torno de suas coxas e a
puxo por cima do meu ombro.

“Coloque-me no chão!” Ela afunda as unhas nas minhas


costas e chuta inutilmente na constrição dos meus braços.
“Socorro! Ajude-me!”

Eu moro em quatro mil hectares. As duas únicas pessoas


dentro do alcance da audição provavelmente foram para a
cama. Mesmo que Jake e Conor captem o som de seus gritos, eles
não interferirão.

Ela luta contra mim, desgastando os músculos em seu


pequeno corpo.

“Para com isso.” Eu bato uma palma contra sua


bunda. Forte.

Ela engasga com um grito e acotovela a parte de trás da


minha cabeça. “O que você está fazendo?”

“Demonstrando como eu me comunico.”

“Mantenha suas mãos longe da minha...”

Eu a espanco novamente, e ela realmente começa a se


debater.

“Isso é ilegal.” Ela bate os punhos nas minhas costas e pula


para cima e para baixo como um cavalo selvagem. “Eu vou
denunciar você por isso.”

“Em Oklahoma, tenho o direito de usar força defensiva


contra invasores na minha propriedade.” Eu a carrego ao longo da
trilha de terra que leva ao estábulo. “Você deveria aprender as leis
se você for escrever sobre um caso criminal.”

Embora eu não lhe dê nada concreto para usar contra a


minha família, pretendo oferecer-lhe um acordo que ela não pode
recusar.

Se ela quer fofoca suculenta, ela terá que se esforçar por isso.

Trails of Sin #2
Exceto que vou fazer a maior parte do trabalho. O tipo de
trabalho bem determinado e bem planejado que a desfaça, camada
por camada, até eu penetrar cada centímetro de seu núcleo.

É um jogo perigoso, mas tenho que explorar isso. Não


apenas os segredos que ela pode ou não ter contra mim. Preciso
desvendar o que ela tem que me faz sentir como se estivesse
flutuando na maldita luz do sol.

Ela empurra suas mãos contra minhas costas,


provavelmente observando seu carro desaparecer na escuridão
atrás de nós. “Para onde você está me levando?”

“Para o meu escritório.”

“Eu posso andar até lá sozinha. Coloque-me no chão.”

“Não posso, querida.”

“Isso é besteira.”

“O que você está cheirando é merda de cavalo. Os touros


estão no pasto oeste.”

Ela solta um som frustrado. “Como diabos você é o


espermatozoide que ganhou?”

“Eu posso explicar isso para você, mas não posso entender
isso para você.”

“Eu realmente gostaria de ter mais dedos do meio agora.”


Seus braços batem com raiva nas minhas costas, sem dúvida, me
apontando o dedo do meio. “O que acontece quando chegarmos ao
seu escritório?”

“Vou definir os termos do nosso acordo.”

Eu não negocio. Vou pegar o que quero e dar o que ela


precisa, não o que ela acha que precisa.

Então eu vou mandar sua bunda teimosa de volta para


Chicago.

Trails of Sin #2
No estábulo, acendo as luzes do teto e pego um monte de
corda da parede. A megera infernal loira em meus braços recupera
a energia, mas suas garras e contorções só conseguem estimular
meu batimento cardíaco.

“Há apenas um hotel na cidade e você não pegou um quarto


lá.” Eu conheço o dono, que confirmou isso para mim esta manhã.
“Onde você está ficando?”

“Onde eu quiser.”

“Esta é a sua ideia de conversa de adulto?” Eu a levo para a


viga de suporte no centro do prédio.

“Não há nada de adulto sobre esta situação.” Ela empurra e


balança contra mim. “O que você vai fazer com a corda?”

“Eu não confio em você.”

Seus músculos ficam tensos. “Eu não fiz nada para


justificar...”

“Você me perseguiu. Ficou excitada enquanto me assistia


foder...”

“Eu não fiquei!”

Trails of Sin #2
“...Outra mulher. Você apontou uma faca para mim. Bateu
no meu rosto. Invadiu minha propriedade. E isso tudo aconteceu
nas últimas vinte e quatro horas.”

“Bem, você... você me espancou!”

Haverá muito mais disso. Eu deslizo a mão ao longo da viga


vertical, procurando por pregos, madeira lascada ou qualquer coisa
que possa machucá-la.

Um relincho suave deriva de uma das baias, seguida pelo


barulho de cascos. Os cavalos não gostam da comoção.

“Eu pesquisei sobre você.” Eu amarro a corda em torno de


sua cintura se contorcendo. “Não há jornalistas investigativos sob
o nome de Maybe Quinn.”

“Eu escrevo com pseudônimos.” Ela empurra a restrição


trançada. “Tire isso de mim.”

“Diga-me os nomes que você usa.”

“Eu não vou dizer nada até você...” Ela torce em meus
braços. “Retirar...” Ela se esforça para respirar e seu corpo se
contorce com o esforço para se libertar. “Isso de mim!”

Eu a coloco no chão de terra e aperto a corda quando ela


encontra o equilíbrio. Ela puxa a amarra e eu puxo mais forte,
forçando o comprimento de seu corpo contra o poste.

“Não faça isso.” Ela diz irritada. “Eu lhe disse que não vou
correr.”

“Eu te disse que não confio em você.” Eu rapidamente a


empurro contra a viga de madeira, lutando por seus braços e
amarrando-os contra o apoio com várias voltas da corda em torno
de seu torso. “Como eu sei que seu nome é realmente Maybe
Quinn?”

“Se tivesse um nome falso, você acha que eu escolheria


Maybe?”

Trails of Sin #2
“Eu gosto desse nome. É diminutivo para algo?”

“Maybelline. Minha mãe realmente amava sua maquiagem.”


Um estremecimento enruga seu rosto livre de maquiagem.

Amava. Ela deve ter perdido a mãe.

“Se você não acredita em mim, verifique minha identidade.”


A raiva retorna à sua expressão. “Minha bolsa está no carro.”

“O que mais eu encontrarei no seu


carro? Câmeras? Binóculos? Aparelhos de escuta?”

Seus molares se unem e ela desvia o olhar.

“Eu não posso deixar você vagando pelo meu estábulo,


plantando escutas e invadindo minha privacidade.” Eu verifico as
amarras, certificando-me de que sua circulação não seja impedida.
“Isso me permite focar na conversa em vez de onde você está
colocando as mãos.”

“Eu não tenho nada em mim. Prometo.”

“Sua promessa não significa nada. Se eu te soltar, vou ter


que te revistar por contrabando. Ou você pode permanecer onde
está e salvar a humilhação.”

Durante a luta para prendê-la ao poste, seu vestido ficou


preso na corda. A metade inferior torce e se agarra ao redor de suas
coxas, mal cobrindo sua calcinha.

Um brilho de transpiração ilumina suas bochechas


coradas. As alças do vestido pendem de seus ombros e seus seios
parecem incríveis sob o tecido fino e sem sutiã.

Sujeira mancha o padrão de flor branca do nosso tombo lá


fora e pedaços de grama saem de seu cabelo emaranhado. Ela é
um desastre sexy de beleza indomável.

“Tudo bem”, ela murmura baixinho. “Eu vou aceitar a corda


ao invés de suas mãos curiosas.”

Trails of Sin #2
No final disso, ela vai implorar por ambos.

Ela alarga as narinas, como se estivesse lendo minha mente.


“Isso significa que você aceita o meu acordo?”

“Nos meus termos.” Eu levanto um dedo. “Sem mentiras. Eu


prefiro o silêncio do que a desonestidade.”

“O mesmo vale para você.”

“Concordo.” Eu estendo um segundo dedo. “Você vai passar


as noites comigo, fazendo o que eu digo, quando eu digo.”

Um suspiro separa seus lábios. “Você acha que eu dormiria


com você para conseguir uma história?” Ela bate contra as
restrições. “Eu não sou uma prostituta!”

“Não, querida.” Eu me inclino para ela, tão perto que sinto o


gosto das possibilidades em sua respiração. “Você vai dormir
comigo porque não será capaz de se impedir.”

“Deve ser exaustivo.”

“O que?”

“Fugir de mulheres excitadas todo dia e noite. Aposto que


você tem que usar esse seu taco grande para vencê-las.”

Enquanto meu interior de doze anos aprecia o visual, o


homem crescido em mim não toca naquele comentário sarcástico.

“Como uma demonstração de boa fé...” Eu me endireito,


dando-lhe espaço para respirar. “Vou permitir a você a primeira
pergunta.”

“Puxa, obrigada.” Ela faz uma careta para a corda ao redor


dela e dirige essa carranca para mim. “Por que seu pai deixou o
rancho?”

“Jake e eu o obrigamos a sair. Ele herdou o negócio de nossa


mãe e o levou quase a falência.” Com seu rosto franzido, paro. “O
que?”

Trails of Sin #2
“Eu não sei. Acho que esperava uma resposta diferente.”

Como o fato de que ele tentou matar Conor e Lorne? Se ela


sabe disso, temos um problema sério.

Ela franze os lábios, examinando minha expressão


cuidadosamente reservada. “Então você está sem dinheiro.”

“Meu pai está sem dinheiro. Jake tem uma mente boa para
os negócios, e eu substituí os funcionários por uma equipe
confiável. Estamos fora do vermelho e só iremos melhorar daqui
em diante.”

Nada do que eu disse a ela é informação pública, mas não


vai doer se ela vazar. A pecuária é um negócio difícil e uma vida
árdua. Muito poucos ganham dinheiro com isso. Somos os
proprietários mais ricos de Sandbank, mas herdamos patrimônio.
Nossa fortuna está no óleo que corre sob os pastos.

“Minha vez.” Eu inclino minha cabeça, notando a tensão em


seus ombros. “Você disse que não estávamos no seu radar até
recentemente. Explique como isso aconteceu.”

“Eu estava seguindo uma pista em um projeto diferente e


isso me levou ao seu pai.”

“Qual foi a pista?”

“Alguém que você conhece.”

“Quem?”

Ela olha diretamente para mim e fecha seus lábios.

Ela seguiu a trilha de um dos comparsas mortos do meu


pai? A resposta pode significar tudo ou nada.

É a vez dela novamente. Desde que sua primeira pergunta


foi fácil, aposto que ela apontará a próxima na minha garganta.

Isso pode esperar.

Trails of Sin #2
“Nós estabelecemos como o pergunta e respostas acontece.”
Eu caminho em direção ao depósito e entro, levantando a minha
voz. “Agora vou apresentar a segunda parte do nosso acordo.”

“Eu não concordei com uma segunda parte”, ela grita de


volta.

“Você vai.” Deslizo meus dedos ao longo de tiras de fivelas e


pedaços de metal e seleciono um chicote de couro.

Quando volto à sua linha de visão, ela vê o implemento na


minha mão e achata suas costas contra o poste.

“Nem pense nisso.” Ela flexiona os dedos contra as


restrições.

“Você sabe para que isso é usado?” Eu me aproximo dela,


batendo a língua de couro contra a minha perna.

“Nem mais um passo, Jarret.” Ela chuta um pé e grunhe


contra a corda. “Eu não estou brincando.”

“O chicote de equitação tem muitos usos. Sherlock Holmes


carregava um como arma. No rancho, nós os usamos para
disciplinar os cavalos. Mas quando você está comigo...” Faço uma
pausa a pouca distância. “Este chicote será a libertação da sua
buceta.”

“Oh meu Deus.” Ela balança a cabeça em descrença. “Minha


buceta não precisa ser liberada.”

“Sério? Quando foi a última vez que você fez sexo?”

Uma mecha cacheada loira está pendurada sobre o rosto


dela e ela a afugenta com um sopro.

“Quando?” Eu pressiono mais perto. “Quando foi a última


vez que Maybe Quinn abriu as pernas para um pau duro?”

O silêncio de olhos arregalados nunca pareceu tão


emocionante. Eu bato o chicote contra sua coxa nua.

Trails of Sin #2
Uma respiração intensa passa por seus dentes cerrados.
“Não...”

Eu golpeio ela novamente, mais forte desta vez, pousando


uma picada gostosa em sua parte interna da coxa.

“Você vai se arrepender disso, seu doente, pervertido,


doente... depravado!” Ela enlouquece, sacudindo e se debatendo e
enlouquecida.

Tudo o que faz é juntar ambas as extremidades do seu


vestido na cintura. Se ela se contorcer mais, terei uma visão
desimpedida de seus mamilos. Não que eu me importe. Exceto que
não estamos mais sozinhos.

O barulho da sola de botas me alerta da presença de Jake


antes que ele entre na minha linha de visão.

“Isso é consensual?” Seus olhos se movem entre mim e a


bola fervendo de fúria no poste.

Eu golpeio sua coxa novamente, retornando seu foco para


mim. “Eu não sei.” Aproximando-me dela, eu agarro o poste acima
de sua cabeça. “É consensual, Maybe? Nós temos um acordo?”

“Isso não é o que eu tinha em mente.” Seu seios balançam


sob o deslizamento precário de seu vestido.

“Sim ou não.” Eu aperto o queixo dela. “Meu irmão não vai


embora até que saiba que você está disposta. Você quer a história
ou não?”

Seus olhos seguem para Jake. “Você pode ir. Eu vou lidar
com o seu irmão.”

Eu não sei como ela acha que vai lidar comigo, mas ela
ganha uma medalha de ouro por capturar minha atenção
total. Seu espírito de luta é uma lufada de ar fresco.

Jake encontra meus olhos e arqueia uma sobrancelha. “Você


pode querer amarrar suas...”

Trails of Sin #2
Um choque de dor profana atinge minhas bolas e engole
minhas entranhas no fogo.

“... pernas.”

Eu me inclino, ofegando pelo chute na minha virilha. “Eu


cuido disso.”

“Eu vi.” Ele recua. “Boa sorte.”

Colocando minhas mãos em meus joelhos, eu levo alguns


momentos para respirar através do pulsar entre as minhas pernas.

Quando a dor diminui, endireito minha postura e olho


diretamente nos olhos de Maybe.

Trails of Sin #2
A expressão que encontro no rosto de Maybe me atinge mais
forte do que o pé que ela bateu contra minhas bolas.

Tensão em torno de sua boca, bochechas sem sangue e


pálidas, cílios piscando rapidamente – ela está em pânico total,
tremendo e aterrorizada como se estivesse estrangulada pelo ar ao
seu redor.

O impulso de alcançá-la, confortá-la, me empurra para ela


com o braço estendido.

Ela recua, soltando um chiado ofegante. “Não me


machuque.”

Eu afasto minha mão antes de fazer contato. Ela acha que


eu iria retaliar por causa daquele chute? Foi minha culpa que
baixei minha guarda.

Porra, eu não sou um agressor. Meu peito se contrai.

Mas eu sou um assassino.

Ela sabe disso? É por isso que ela teme a minha reação?

Não ajuda que eu a amarrei contra sua vontade. Tenho


certeza de que ela gosta desse tipo de brincadeira, mas é cedo
demais. Eu pressionei muito forte, muito rápido, sem uma base de
confiança.

Trails of Sin #2
Estraguei tudo.

“Ouça-me.” Aproximo o meu rosto do dela. “Eu nunca


machucaria você por raiva.”

“Eu não sei disso.”

“Você está certa.” Eu agarro o nó na corda e afrouxo suas


restrições. “Vamos voltar e desacelerar.”

Quando a corda cai, a respiração dela desacelera.

Eu verifico sua pele pelas marcas de fricção e ajudo-a a


arrumar o vestido. “Quanto tempo você vai ficar na cidade?”

“Até que eu tenha a história.”

Minha mandíbula aperta. “Onde você está ficando?”

Ela passa as mãos pelo caos de cachos ao redor dos ombros.


“Não lhe diz respeito.”

Por que ela está sendo tão reservada sobre isso?

Eu acredito nela sobre os dispositivos de escuta, não que


isso importe. Jake e eu não discutimos nada de incriminatório no
estábulo, onde nossa equipe poderia ouvir.

Eu enrolo a corda e a devolvo na parede, observando-a


enquanto ela vagueia pelas baias.

Ela para na frente do garanhão de Jake e seus olhos se


conectam com os meus por cima do ombro. “Algum desses é seu?”

“Aquele.” Eu gesticulo para o cavalo preto atrás dela.

Ela se vira e suas bochechas se levantam. “Ele é lindo.”

Não tão bonito quanto o sorriso dela. Ela deveria fazer isso
com mais frequência.

“Qual é o nome dele?” Ela se aproxima da porta de grade


deslizante na baia dele.

Trails of Sin #2
“Ginny.”

“Oh.” Ela estica o pescoço, tentando olhar por baixo das


pernas dele. “Eu pensei...”

“Ele é capão.” Eu me junto a ela e penduro um braço pelas


barras verticais.

“Capão?”

“Ele é castrado.”

Vincos se formam em sua testa. “Por que você faria isso?”

“Quando ele me derrubou e quase me pisou até a morte, meu


pai o considerou perigoso demais para um garoto de treze anos.”
Eu chego mais longe através das barras e deslizo a mão pelo
pescoço de Ginny. “Eu lutei para mantê-lo, então meu pai
concordou se ele fosse castrado. O procedimento os acalma.”

“Por que ele tem nome de menina?”

“Isso foi Conor. Ela nomeou todos os nossos quatro cavalos.”


Eu me movo ao longo das baias, apontando para as criaturas que
pertencem a Jake e Conor. “Esse é Barnabe e Ketchup. E esse...”
Faço uma pausa na frente do garanhão palomino manchado de
branco e marrom, que sente falta de Lorne tanto quanto eu. “Esse
é o Captain Undies.”

Seus lábios se contraem e ela cai na gargalhada. É um som


musical, dançando ao longo da minha pele e me penetrando de
maneiras que não deveria.

“Puta merda, isso é ótimo.” Ela se recompõe, mas não perde


aquele sorriso. “Como ela inventou esse nome?”

“Seu irmão tinha uma queda por roupas íntimas de super-


heróis. Ela costumava provocá-lo por isso.” Minha garganta fica
espessa na memória. “Todos nós provocamos.”

Trails of Sin #2
“Por que ele concordou com o nome? E você, a
propósito? Quero dizer, você a deixou nomear seu cavalo macho de
Ginny?”

Eu encolho os ombros. “Nós amamos satisfazê-la.”

Antes e agora. Depois de abandoná-la por seis anos, não há


nada que eu não faria para compensar isso. Se eu pudesse apenas
acelerar o retorno do seu irmão para casa...

Captain abaixa a cabeça e cutuca o portão com o nariz. De


bom grado respondo seu pedido de atenção com uma massagem
vigorosa nas orelhas.

Cada cavalo tem diferentes limites e preferências por


afeição. Eu tento lidar com o Captain da mesma forma que Lorne,
mas o cavalo sabe que não é o mesmo. Fico tenso com a
tristeza. Nada é o mesmo sem Lorne.

Maybe descansa seus braços no portão, me estudando.


“Você sente falta do irmão de Conor.”

“Sim.”

“Podemos falar sobre a prisão dele?”

“Não.” Dou um tapinha no ombro do Captain e me viro para


a intrusa de olhos azuis ao meu lado. “E quanto a você?”

“E quanto a mim?”

“Eu compartilhei algo pessoal. Meus funcionários nem


mesmo conhecem a história por trás do nome de Ginny.”

“Obrigada por me contar.” Seu olhar se afasta e leva seu


tempo voltando para o meu. “Eu realmente não tenho nada para
compartilhar.”

“O que gosta? O que não gosta? Eu não sei nada sobre você.”

“Eu amo animais.”

Trails of Sin #2
“Isso não é uma resposta.” Eu resmungo. “Qualquer um com
um coração ama animais.”

“Ok, bem, deixe-me explicar.” Ela troca o peso do corpo de


um pé para outro. “Às vezes, quando passo por uma fazenda de
galinhas, sonho em atravessar o portão com um caminhão.
Quando o dono sair correndo, atiro com uma espingarda. Não é um
tiro fatal. Apenas um chumbo na perna, o suficiente para lhe dar
uma dor insuportável e terrível pelo resto de sua vida. Então eu
pego todas as galinhas e as coloco no caminhão. Há ninhos macios,
comida e música suave para tornar a viagem delas confortável. Eu
as levo para um santuário. Você sabe, como a versão de um resort
para galinhas tudo incluso, onde seus pequenos corações de
galinha transbordam de felicidade. Elas estão cercadas por
pessoas que as amam e as tratam com carinho e oh meu Deus, é o
melhor lugar na terra.” Ela pisca e olha para mim com expectativa.

“Você está falando sério?”

“Quero dizer, sim. É um sonho, mas pode acontecer. Você


nunca quis fazer algo assim?”

“Não.” Eu olho para ela, incrédulo. “Eu como


frangos. Empanados e fritos, espetados e grelhados...”

“Suficiente.”

Eu faço careta quando percebo. “Você não come carne.”

“O que há de errado com isso?”

“Você percebe que eu crio gado para ser abatido, certo?”

“Sim.” Ela olha para mim séria.

“Nunca me peça para ir a uma fazenda de galinhas com


você.”

“Tudo bem.”

“E eu vou esconder todas as minhas espingardas.”

Trails of Sin #2
“Nossa. Agora você está simplesmente me fazendo sentir
como uma pessoa louca.”

“Você é vegetariana. Já diz o suficiente.”

Ela olha para os pés descalços e sorri para si mesma.

A emoção em seu rosto angelical não é fácil de


decifrar. Mistério se esconde nesse sorriso. Algo profundo e
contraditório. Como a dor. É isso aí, eu acho. Há uma tristeza
sobre ela que só agora estou percebendo. Um olhar solitário e
perdido em seus olhos.

É aí que a alma dela brilha mais forte, naqueles vastos


oceanos de azul inquieto. Toda a beleza do universo não pode
competir com o fascínio em seus olhos. Camadas vívidas de
complexidade queimam como fogo e quando ela levanta esse olhar
para o meu, eu sofro para ser incinerado por ele.

Eu permaneço imóvel, não querendo mexer no pedaço de


calma entre nós. “Diga-me o que você está pensando.”

“Eu gosto disso... Conversar com você.”

“Se você confiasse em mim, você também gostaria disso.” Eu


aceno com a cabeça no poste que eu a amarrei.

Ela segue meu olhar para o poste, respira fundo e libera


lentamente. “Eu devo ir.”

“Não até que eu saiba em que ponto estamos.”

“Você está me pedindo para deixar você me usar, em termos


incertos, para resolver seus problemas pervertidos ou qualquer
coisa que você...”

“Não. Estou oferecendo uma troca que beneficia a nós


dois. Estou atraído por você. Eu quero te conhecer em todos os
sentidos. E você quer saber sobre mim e minha família. Não é por
isso que você está aqui? Para procurar a verdade?” Eu endureço
meu tom. “Passe suas noites comigo.”

Trails of Sin #2
Eu vou abrir os olhos dela para todos os tipos de
verdades. Ela pode escrever uma história sobre minhas inclinações
sexuais, por tudo que eu me importo. Meu sustento depende do
preço do gado. O que eu faço no quarto não tem impacto nisso.

Por outro lado, se outro de nós for preso por homicídio,


esmagaria nossa família.

Ela morde o lábio. “Eu preciso ver um contrato.”

“Não é assim que eu trabalho. Nenhum contrato ou palavras


seguras ou qualquer dessas porcarias. Talvez eu não coloque a
mão em você. Ou talvez nós exploremos todas as fantasias que você
já conjurou. Mas isso sou eu quem decide. Eu lidero e você segue.”

“Isso soa seguro”, ela diz inexpressiva.

“Não é.” Eu descanso uma junta sob o queixo dela e levanto


seu olhar para o meu. “Há um tipo delicioso de emoção em assumir
riscos. Eu vejo o entusiasmo em seus olhos.”

“Isso pode ser verdade.” Ela se afasta do meu toque. “Não


significa que eu pulo em cada emoção que aparece.”

Ela se dirige para a porta, e sigo atrás dela, admirando a


massa abundante de cachos que pendem perto de sua cintura.

“Eu preciso pensar sobre isso.” Ela sai do lado de fora, com
o rosto brilhando ao luar. “Vou te dar uma resposta amanhã.”

Não sou um homem paciente como meu irmão, mas acho


que estou disposto a esperar por essa mulher. “Vou levá-la ao seu
carro.”

A caminhada até o estacionamento passa em silêncio. É o


tipo de silêncio de quando eu procurava uma mulher e acariciava
sua pele macia. Quando uma mulher se aproximava do meu lado,
buscando um beijo que levaria a uma noite não tão silenciosa.

Mas nada disso acontece. Maybe Quinn não é fácil. Não


quando se trata de sexo ou qualquer outra coisa. Isso só me faz
deseja-la ainda mais.

Trails of Sin #2
Nós passamos pelo local onde eu a derrubei, e mudo de
curso, procurando no chão.

“O que você está fazendo?” Ela fica onde eu a deixei, me


observando através da grama alta.

“Você perdeu...” avisto seus sapatos e os pego. “Estes.”

“Oh, certo.” Ela suspira. “Obrigada.”

Eu a sigo até o carro e abro a porta traseira para jogar seus


sapatos dentro. A luz da cúpula se acende, iluminando caixas de
comida enlatada empilhadas no banco de trás.

Eu olho para os rótulos. “Isso é...?”

“Você gostaria de uma lata de ostras?”

“Isso é um monte de ostras.”

“Eu começo todos os dias com três latas.”

“Sério?”

“Não.” Ela abre a porta do motorista e se inclina para entrar.

“Eu pensei que você fosse vegetariana.”

“Eu sou.” Ela se inclina para trás, de frente para mim.


“Ostras não têm olhos.”

Essa mulher é uma viagem.

“Deixe-me ver se entendi.” Eu descanso meu quadril contra


o carro e cruzo os braços. “Se uma galinha nasce sem olhos, não
há problema em comê-la?”

“Não! Isso não é...” Ela olha para as latas e morde o lábio
inferior. “Estamos falando de ostras, não de galinhas.”

“Parece discriminatório. E quanto a direitos iguais? As


ostras têm famílias, sentimentos, razões para viver...”

Trails of Sin #2
“Tudo certo. Você está certo.” Ela agarra as têmporas. “Eu
nunca mais vou comer outra ostra.”

Rindo, volto minha atenção para o carro. Mais comida


reveste o assoalho – caixas de feijão enlatado, espaguete sem carne,
beterraba, barras de granola e água mineral. Cobertores, fósforos
e produtos de higiene aleatórios enchem o banco de trás.

Sem bagagem. Talvez esteja no porta-malas ou no hotel? Se


for esse o caso, por que seus artigos de higiene estão espalhados
pelo carro?

“O que você está fazendo com tudo isso?” Eu abro a tampa


de um frasco de xampu de menta e cheiro. Cheira como o cabelo
dela. “Esperando um apocalipse?”

“Ou sobrevivendo a um.”

Meu olhar encontra o dela. “O que isso significa?”

“Nada.” Ela empurra a porta traseira, me fazendo recuar.


“Chega de bisbilhotar.”

“Este carro não é de aluguel.”

“É meu. Eu dirigi de Chicago.”

Tão velho como é, ela provavelmente pagou cinquenta


dólares por isso. Não acredito que tenha feito a viagem de
novecentos quilômetros.

Eu fecho a porta. “Abra o porta-malas.”

“Por quê?”

Eu dou-lhe meu olhar mais intenso e ela o corresponde.

O mugido suave de um rebanho próximo ecoa no


escuro. Vagalumes piscam sobre a grama e Maybe Quinn range os
dentes, percebendo que não vou recuar.

Com um suspiro, ela alcança sob o painel para puxar a


alavanca. A trava clica atrás de mim.

Trails of Sin #2
Indo para trás do carro, levanto a tampa e encontro o que
esperava. Em vez de bagagem, algumas caixas alinham o espaço
de carga. Eu espio através delas. Todas as roupas.

Ela está morando em seu carro.

“Tenha cuidado.” Seus passos param ao meu lado. “Você vai


ter a minha existência privilegiada em cima de você.”

“Isso é tudo o que você possui?”

Ela olha para o carro e os escassos suprimentos internos.


“Basicamente.”

“Há quanto tempo você está vivendo assim?”

“Um tempo.” Ela levanta o queixo, nenhum traço de


vergonha em seu rosto.

Eu já sei a resposta depois do comentário do apocalipse, mas


eu pergunto mesmo assim. “Isso é uma escolha de estilo de vida ou
uma necessidade financeira?”

“É uma consequência do mau julgamento e da sorte podre.”

“Explique isso.”

“Estou sem lar até que eu consiga essa história. É tudo o que
vou dizer.”

Uma notícia não a tirará da pobreza. Há mais que ela não


está me dizendo e ela não vai sair até que confie em mim.

Eu tomo uma decisão. Ela vai lutar comigo, mas eu não vou
conseguir dormir sabendo que ela está dormindo, sozinha em seu
carro, onde alguém poderia se aproximar dela e machucá-la.

Vasculhando suas roupas, procuro algo casual, como jeans,


camisetas, tênis... Não há nada de prático aqui. É tudo calça social,
vestidos e absurdos.

“Onde estão suas roupas normais?” Eu pergunto.

Trails of Sin #2
“Eu vendi tudo, exceto...” Ela gesticula para as caixas. “Eu
mantive as coisas boas que me ajudariam a encontrar trabalho.”
Ela cruza os braços. “Percebi que era estúpido e tentei encontrar
uma loja de segunda mão hoje para comprar jeans.”

“Nós não temos nada assim na cidade.” Eu viro uma das


caixas e despejo o conteúdo no porta-malas do carro.

Ela suspira. “O que você está fazendo?”

“Pegue o que você precisa hoje à noite.” Eu carrego a caixa


para o banco de trás e coloco o frasco de xampu nela. “Eu tenho
um quarto de hospedes.”

“Não quero sua caridade.”

“Isso não é caridade. Eu trabalho longos dias. Há infinitas


coisas para fazer. Você pode me ajudar com a carga de trabalho,
ganhar seu sustento e nos conheceremos no processo.”

Ela morde o lábio inferior. “Tem espaço no alojamento?”

Esse seria o lugar ideal para colocá-la, mas... “Ninguém


mora lá. Nós desligamos os serviços públicos para aquele prédio
para economizar dinheiro.”

“Eu não preciso de...”

“Você precisa de um banho e um ar condicionado neste


calor. Você ficará na casa principal.”

Seu olhar se desloca para a propriedade, expressão


pensativa.

Estou oferecendo a ela o sonho de um jornalista. Ela quer a


verdade sobre Julep Ranch. Aqui está a chance dela de dar uma
olhada em nossa casa.

O que ela não sabe é que não encontrará nada para usar
contra nós. Nós destruímos todos os documentos e evidências
depois que digitalizamos e fizemos o upload para um local seguro.

Trails of Sin #2
Mas ela poderia plantar escutas em nosso espaço de vida, o
que significa que Jake e eu teremos que cuidar com o que dizemos.

“Não me faça esperar.” Eu empurro a caixa em suas mãos.

“Não concordei com a segunda parte do acordo.”

“Tudo o que vamos fazer esta noite é dormir.”

“Eu sinto que há uma pegadinha.”

“Nenhuma pegadinha. Vou colocá-la para trabalhar. Lá


fora.” Eu aponto para os campos.

“Não tenho as roupas certas.”

“Vou cuidar disso.” Eu alcanço no banco da frente e pego


sua bolsa. “Você precisa disso?”

Com seu aceno de cabeça, eu vasculho a bolsa, procurando


por armas e ofensas eletrônicas. Seus lábios apertam, mas em vez
de reclamar, ela embala as coisas que precisa para a noite.

Eu abro a carteira e olho para sua carteira de motorista. O


nome dela, o endereço de Chicago, tudo é verificado.

Feito isso, eu pego a caixa dela e a levo para dentro de casa


e através do corredor escuro.

“Essa ala pertence a Jake e Conor.” Eu inclino minha cabeça


na porta que fecha seus aposentos. Girando na direção oposta, eu
encaro a ala Holsten. “Meu quarto é naquele corredor. É a maior
das duas alas, mas eu o reformei em duas suítes principais. O
segundo será o de Lorne.”

“Onde vou ficar?”

“Na suíte de Lorne.”

Eu a conduzo através de uma turnê rápida das áreas


comuns – sala de jantar formal, sala de estar e uma área de jogos
que nunca foi usada.

Trails of Sin #2
Quando chegamos na cozinha, dou ao seu corpo esbelto uma
olhada. “Está com fome?”

Ela balança a cabeça, olhando ao redor do ambiente. “É tudo


muito masculino.”

Nossos pais instalaram a madeira restaurada e detalhes


rústicos e encheram os quartos espaçosos com móveis escuros e
atemporais.

“Eu estive pensando em atualizá-la.” Quando eu tiver


dinheiro suficiente.

“Não, eu gosto disso. Isso combina com você.” Ela procura


meus olhos. “Quem é mais velho, você ou Jake?”

“Eu ganhei dele por quinze minutos. Você tem irmãos?”

“Não. Apenas eu.”

“Pais vivos?”

Outra sacudida de cabeça. “Mamãe morreu no ano passado.”

“Sinto muito.” Meus dedos se contraem para tocá-la. “Vocês


eram próximas?”

“Sim. Ela... Ela tinha câncer. Eu estava com ela no final e...”
Dor estraga suas feições bonitas. “Vamos mudar de assunto.”

“Vou te mostrar o seu quarto.”

Eu a guio através da casa e na ala Holsten.

“Meus quartos são por ali.” Eu movimento no final do


corredor. Virando-me para trás, abro a porta da suíte vazia e
acendo as luzes. “Não está mobiliado. Apenas uma cama e...”

“Uau.” Ela entra, observando as paredes brancas e a enorme


extensão de salas interconectadas. “É enorme.”

Trails of Sin #2
Dei-lhe a maior das duas suítes porque ele é o mais velho e,
por algum motivo, sempre imaginei que ele se casasse antes de
mim.

“O banheiro fica no corredor, e você encontrará um armário


cheio de toalhas e roupas de cama.” Coloco a caixa de produtos de
higiene no colchão, olhando para a escassez de seu conteúdo.
“Você não tem muito aqui. Precisa de alguma coisa?”

“Não, eu só vou tomar um banho e ir dormir.”

Dou-lhe um aceno de cabeça e caminho em direção à porta.

“Jarret?”

“Sim?” Eu paro no limiar e olho para trás, afundando-me em


seus profundos olhos azuis.

“Obrigada.”

Eu duvido que ela esteja me agradecendo amanhã. Com


outro aceno, fecho a porta e vou até a ala do lado oposto da
propriedade.

No momento em que eu bato na porta de Jake, eu me


preparo para cada argumento que ele vai me atacar.

A porta se abre e ele enfia a cabeça para fora, com os cabelos


despenteados e olhos pesados de sono. “O que?”

“Nós precisamos conversar.”

Ele abre mais a porta e se move para sair.

Eu paro ele com uma mão em seu peito nu. “No seu quarto.”

Seu corpo inteiro fica rígido, sua voz um silêncio irado. “Você
a trouxe para a nossa casa?”

Eu não respondo a ele. Ele vê a falta de firmeza nos meus


olhos.

Trails of Sin #2
“Droga.” Ele olha para trás na cama e aperta os olhos. Então
ele abre a porta por completo.

Eu o sigo pela escuridão e me sento no sofá perto da


lareira. Sua silhueta se move para a cama, onde ele ajusta as
cobertas sobre a forma imóvel de Conor e a beija na cabeça.

Um momento depois, ele se junta a mim, sentando no sofá,


vestindo apenas cueca. “Que porra você está fazendo?”

Apesar da ausência de luz, sinto seu olhar irritado e o


conheço bem.

Com uma respiração profunda, eu recapitulo minha noite


com Maybe Quinn, detalhando os nomes que ela listou, a reunião
que ela alega que teve com nosso pai, sua situação financeira, cada
palavra que trocamos. Então eu esclareço meu plano para mantê-
la perto e ganhar sua confiança.

Ele se recosta com um grunhido. “Você está pensando com


o seu pau.”

“Não, eu...”

“Então você não quer transar com ela?”

“Eu não disse isso.”

“Livre-se dela.”

“Eu sei o que estou fazendo. Só preciso de você para...”

“Eu não vou participar dessa loucura.”

“Cale a boca, Jake.” A voz sonolenta de Conor vem do outro


lado do quarto. “Pare de ser tão idiota e deixe-o falar.”

Um sorriso move meus lábios. “Sinto muito por ter te


acordado, Conor.”

“Está tudo bem.” Sua sombra se agita na cama, subindo


para uma posição sentada. “O ronco do seu irmão estava me
mantendo acordada de qualquer maneira.”

Trails of Sin #2
“Ela está inventando”, Jake murmura.

Ela se vira, pegando alguma coisa e a luz da lua clareia suas


costas nuas.

Eu evito meu olhar. “Até eu saber mais sobre essa mulher,


tenho que ficar de olho nela. Que melhor maneira do que tê-la
trabalhando comigo o dia todo e passando tempo comigo à noite?”

“Na sua cama.”

“Isso importa?”

“Não, não importa.” Conor se aproxima, vestida com uma


camiseta três vezes maior que a dela. “Mantenha seus inimigos
perto. Não é isso que dizem?”

Jake estende um braço para ela.

Ela desliza em seu abraço e no colo dele. “Ela é astuciosa o


suficiente para esconder câmeras por aí?”

“Eu não sei.” Esfrego a mão pelo meu cabelo. “Ela é


esperta. Nós vamos ter que monitorar nossas conversas, mas
deveríamos estar fazendo isso de qualquer maneira. Isso nos
impedirá de nos tornarmos complacentes.”

Jake solta um suspiro lento, expondo uma falha em sua


resistência. “Você precisa falar com Lorne.”

“Vou mandar um e-mail para ele hoje à noite.”

Mesmo que ele esteja na prisão, nós dividimos todas as


decisões com ele como se ainda estivesse aqui.

“Não seja um idiota com ela.” Conor se inclina para frente,


olhos verdes brilhando no escuro. “Ela está sozinha, fazendo seu
trabalho e se o que ela disse é verdade, ela não tem família. Ela não
tem o que temos. Não a castigue por um crime que ela ainda não
cometeu.”

O silêncio de Jake me diz que ele concorda com ela.

Trails of Sin #2
“Eu não vou.” Vou brincar com ela, mas não vou tratá-la
injustamente.

“Bom.” Ela relaxa. “Agora, como ela vai ajudar no rancho?”

“Eu tenho algumas ideias.” Sorrio. “Vou mantê-la longe da


ravina, enquanto o bloco de concreto é derramado amanhã. Mas
há um pequeno problema.”

“Qual?”

“Ela precisa de roupas de trabalho.”

Trails of Sin #2
Uma luz brilhante e uma perda repentina de calor me
despertam da melhor noite de sono que tive em meses. Eu alcanço
o cobertor, mas ele está em movimento, deslizando pelas minhas
pernas nuas e saindo da cama.

“O que...?”

“Vista-se.” Jarret está sobre mim com a roupa de cama na


mão. “Você vai em uma aventura.”

Não gosto do som disso. Não com seus olhos brilhando e seu
corpo poderoso todo enfeitado para um dia duro de trabalho.

Chapéu de cowboy marrom desbotado, camiseta azul justa,


jeans de cintura baixa, cinto largo de couro, e paro por aí. É muito
cedo para checar sua protuberância.

Que horas são mesmo?

As luzes do teto são o que me acordou. Eu rolo, e a escuridão


me cumprimenta além da janela.

“Mexa-se.” Seus passos recuam. “Estamos perdendo tempo.”

Com um gemido, eu sento e empurro o ninho de rato crespo


para fora do meu rosto. “O sol nem está alto.”

“Exatamente.” Ele anda em direção à porta. “Eu trouxe


algumas roupas de Conor para você. Você é mais alta, então o
jeans não vai cobrir seus tornozelos. Mas as botas vão cuidar
disso. O café da manhã é servido em cinco.”

Trails of Sin #2
“Cinco...?”

“Minutos. Ah, e...” Ele se vira na porta e seus olhos seguem


para o meu peito. “Use um sutiã.”

Eu me cubro com minhas mãos, percebendo tarde demais


que ele provavelmente pode ver através da minha blusa fina. Pelo
menos eu tive a ideia certa de dormir com shorts de algodão.

“Eu não estou tentando envergonhá-la.” Ele engancha um


polegar sob a fivela do cinto. “Desde que você vai estar em uma sela
hoje, Conor me pediu para passar o conselho.”

“Ok. Obrigada.”

Ele fecha a porta e eu saio da cama. Nunca estive em um


cavalo. Há muitos saltos envolvidos com isso, eu acho. Portanto, o
apoio do peito faz sentido, mesmo se for sutiã comum.

Eu não sei nada sobre equitação ou pecuária, mas concordei


em ficar aqui e ganhar meu sustento. No que diz respeito à sua
outra oferta, no entanto, ainda estou inclinada fortemente na
direção do de jeito nenhum.

Mas também não posso sair. Se o que John Holsten me disse


é verdade, seus filhos sabem exatamente onde encontrarei o que
estou procurando.

O que estou disposta a desistir em troca de respostas?

Eu me viro para a pilha de roupas e botas na cadeira.

Orgulho. Isso é o que estou sacrificando. No instante em que


colocar roupas emprestadas e sair, estarei no território deles, no
mundo deles, completamente fora do meu alcance.

Vou fazer papel de boba.

“Vamos continuar com isso então.”

Lavo meu rosto e escovo os dentes e prendo meu cabelo em


tranças de Laura Ingalls Wilder. Então eu visto o jeans de Conor.

Trails of Sin #2
Ele se encaixa um pouco solto nos quadris e acabam logo
acima dos tornozelos, mas funcionam. Eu coloco um sutiã e opto
por usar a blusa rosa que dormi.

As botas não se parecem com o tipo que Conor usaria. Estas


têm um salto mais baixo e mais largo, e o desenho gravado tem
uma ideia masculina. Elas são definitivamente usadas, devido aos
riscos e manchas profundas.

Eu deslizo um pé e mexo os dedos. Um pouco espaçosa, mas


surpreendentemente confortável.

Quando meus cinco minutos terminam, respiro fundo e vou


até a cozinha.

O aroma de gordura de porco e café satura o ar. Eu não me


importo com o cheiro de carne cozida, desde que não pense muito
sobre isso.

Jake está no fogão, fritando ovos enquanto Conor carrega


uma frigideira de bacon frito ao redor da pequena mesa de café da
manhã perto da janela. Lá fora, um sussurro de luz toca o pasto,
acenando para o nascer do sol.

“Bom dia, Maybe.” Conor acena um braço tatuado e faz uma


pausa ao lado de Jarret para colocar um pouco de carne no prato
dele.

“Bom dia.” Eu permaneço no perímetro, sentindo-me


desajeitada e fora do lugar.

“Sente-se.” Jarret puxa a cadeira ao lado dele e enche os


copos com água gelada de um jarro.

Seu chapéu repousa sobre a mesa, seu cabelo castanho


escuro está todo despenteado e lustroso em torno de suas
orelhas. Ele me observa com os olhos da cor dos campos de trigo,
seu rosto forte e suave, como se tivesse sido esculpido em
granito. Seus lábios perfeitos são sua característica mais
suave. Não que eu os tenha sentido, mas meu Deus, eles parecem
prontos para beijar.

Trails of Sin #2
Ele levanta uma mão forte, a pele calejada por um trabalho
robusto e me convoca com a dobra de um dedo.

Apesar do rubor formigando minhas bochechas, não me


importo que ele me pegou olhando para ele novamente. Tão
ridiculamente bonito como ele é, deve estar acostumado com a
atenção.

Conor acaba de servir os pratos com bacon. Sento-me à


mesa e olho para os pedaços de carne no prato à minha frente.

Jarret se inclina e sua boca toca minha orelha. “Você parece


boa o suficiente para comer.”

Um nó se forma na minha garganta.

Conor se senta na cadeira à minha frente. “Parece que meu


jeans é grande demais para você.”

“Não, ele ficou bom.” Eu esfrego uma palma ao longo do


jeans desgastado. “Obrigada por emprestá-lo para mim.”

“De nada.”

Ela sorri muito. Considerando tudo o que ela passou, eu não


esperava isso. Ela está obviamente aqui de bom grado. Talvez
Jarret e Jake não sejam os caras maus. Ou talvez Conor esteja
envolvida na corrupção.

“Como ficou as botas?” Jarret inclina o pescoço para ver


meus pés sob a mesa.

“Muito bem. Elas são de quem?”

“Jarret.” Conor sorri para ele. “Você as usou quando tinha o


que? Doze? Treze?”

Jake caminha até a mesa com uma frigideira de ovos. “Ele


usou-as durante sua fase de Britney Spears. Ela é a razão pela qual
ele começou a brincar com seu pau. Um hábito que mais tarde
seria conhecido como Oops!… I Did It Again.”

Trails of Sin #2
Eu não posso impedir a diversão de torcer meus lábios.

“Você sabe, Jake, é por isso que todo mundo fala sobre você
assim que sai do ambiente.” Jarret estende a mão e pega o bacon
do meu prato.

“Não roube a comida dela.” Conor avança sobre a mesa para


bater em sua mão.

Ele se esquiva dela, segurando as tiras crocantes fora de seu


alcance. “Ela é uma comedora de cenoura.”

“Oh.” Conor cai de volta na cadeira e olha para mim como se


eu tivesse uma doença terminal. “Sinto muito.”

Minhas sobrancelhas levantam. “Você sente muito que sou


vegetariana?”

“Bem, sim.”

Jake paira a frigideira na minha frente. “Sem ovos, então?”

Eu balanço a cabeça.

“Vou aceitar os filhotes de galinha dela.” Jarret coloca o


bacon na boca e levanta o prato. “Sobrevivência do mais forte e
tudo isso. Meu estômago é um cemitério para os fracos e
indefesos.”

Se ele está tentando me perturbar, ele terá que fazer melhor


que isso.

Jake divide os ovos entre os três e coloca a frigideira de lado.


“O que ela come?”

“Ostras.” Jarret sorri.

Eu morro um pouco por dentro.

“O que ela tem contra ostras?” Conor apunhala os ovos com


um garfo.

Trails of Sin #2
“Talvez ela tenha sido injustiçada por uma em uma vida
anterior.” Jake se senta e se preocupa com sua comida. “Não posso
culpá-la por isso. Eu gosto de segurar meus inimigos com as duas
mãos antes de comê-los. Especialmente se eles são frango frito
Kentucky.”

“Assassino de Frango frito Kentucky.” Conor ri.

Eu pego meu copo e bebo a água para abafar uma série de


retaliações deselegantes.

“Uma pessoa não pode viver de ostras e comida de coelho.”


Jake prepara outra garfada. “Não admira que ela seja tão magra.”

Eu mordo o interior da minha bochecha. As pessoas em


Chicago não se importam com vegetarianos ou veganos. Eu nem
sou uma extremista ou uma fanática por comida
saudável. Simplesmente escolhi não comer animais que foram
torcidos e esmagados com crueldade.”

O micro-ondas apita e Jarret sai da mesa. Eu imploro


silenciosamente que ele volte logo e me salve dessa intolerância.

Conor acena com uma tira de bacon e a morde. “Ela não


percebe que porcos a comeriam se pudessem?”

Meu rosto aquece. “Você sabe, estou sentada bem aqui.”

“Hitler não era vegetariano?” Pergunta Jake.

Ele era?

“Sim.” Jarret retorna à mesa. “E lésbicas. Elas não comem


carne.”

“Homens heterossexuais não comem carne também”,


murmuro. “Sua lógica é falha.”

Ele coloca uma tigela de aveia na minha frente, e isso quase


me faz querer perdoá-lo por deixar essa conversa continuar.

Trails of Sin #2
“Ela nunca poderia ser um esquimó.” Conor leva seu prato
para a pia. “Quero dizer, como ela cultivaria sua comida?”

“Aqui está o que eu quero saber.” Jake engole sua última


mordida e olha para Jarret. “Se você começar a come-la
regularmente, isso significa que você estará em uma dieta
vegetariana?”

Minha mandíbula flexiona. Provocar é uma coisa. Isso está


cruzando a linha.

“Chega.” Eu coloco as mãos na mesa e controlo minha voz.


“Eu sei que sou uma convidada na casa de vocês, mas essa
discussão é tão estimulante quanto um grande saco de paus
minúsculos.”

O silêncio domina a sala.

Eu giro na cadeira, encontrando cada par de olhos. “Vocês


acham que comer carne faz com que vocês sejam durões? Bom pra
vocês. Vocês querem colocar partes de animais separadas
mecanicamente em seus corpos? Depois de terem sido moídos e
esmagados através de uma peneira – ossos, bicos, olhos, vísceras
e tudo mais – e sair parecendo o seu empanado frito
Kentucky? Fiquem à vontade. Eu não vou impedir vocês. Mas
quando vocês me assediam pelas minhas decisões dietéticas e
visões éticas sobre o assassinato, eu vou me defender. Sou magra
por causa da minha genética. Mas estou saudável, não que seja da
conta de vocês. Quanto à decisão de vocês de comer carne, deveria
ser do seu próprio interesse lógico salvar as galinhas fofas do
mundo. Não é só uma responsabilidade moral, o consumo em
massa de animais está destruindo o meio ambiente com seu
desmatamento, poluição, esgotamento de água e extinção de
espécies. Ao apoiar isso, vocês basicamente confessam a
inutilidade de sua própria mortalidade medíocre.”

Eu tenho muito mais a dizer sobre isso, mas não vou. A


criação de gado é o sustento deles e o sermão não é meu.

Eu volto para o meu prato e espero o tiro pela culatra.

Trails of Sin #2
Conor caminha ao meu lado, atraindo meu olhar para o dela.

“Bem-vinda ao Julep Ranch.” Um sorriso se espalha em seu


rosto. “Você vai se sair muito bem aqui.”

Ela sai da cozinha, me deixando atordoada e olhando para


ela.

Enquanto Jake a segue, ele bate a mão no ombro de Jarret.


“Eu gosto dela.”

Quando ele desaparece, eu ouso uma espiada em Jarret. “O


que acabou de acontecer?”

“Ninguém aqui se importa com o que você come.” Ele cruza


os braços sobre a mesa. “Eles estavam apenas sentindo
você. Vendo do que você é feita.”

“Isso é fodido.” Minhas sobrancelhas arqueiam quando


surge a curiosidade. “Do que você acha que eu sou feita?”

“Determinação.” Ele estende a mão e puxa uma das minhas


tranças. “E agora eles sabem disso também.”

“Por que isso importa?” Eu endireito minha coluna.

“Eles estavam preocupados que eu poderia tirar vantagem


de você.”

“Isso é um hábito seu?”

“Só com repórteres intrometidas.” Ele empurra a aveia para


mais perto. “Coma.”

“Obrigada pelo café da manhã.” Eu pego uma colher e


começo a comer. “Você não precisa cozinhar refeições especiais
para mim. Eu tenho comida no meu carro.”

“Ostras?” Ele sorri e acena para a tigela. “É aveia de micro-


ondas. Nada chique. Desde que nossas mães morreram quando
éramos jovens, nenhum de nós aprendeu a cozinhar.”

Trails of Sin #2
“Tanto quanto você trabalha, estou surpresa que você não
tenha uma cozinheira pessoal.”

“Estamos administrando o rancho com uma equipe básica


para cortar custos. Vamos contratar mais funcionários para o
campo antes de investirmos em uma equipe pessoal.” Ele se
levanta, coloca o chapéu e começa a limpar a mesa.

Ele já terminou?

Eu como mais rápido, raspando o fundo da tigela. “Como


vocês comeram tudo tão rapidamente? Você chegou a provar sua
comida?”

“Fomos criados para comer de forma eficiente. É um modo


de vida aqui. As refeições são combustível e nada mais. Depois de
alguns dias, você vai se acostumar com isso.”

Quando termino a aveia, eu o ajudo com os pratos e tento


não pensar em como tudo isso é doméstico. Mover-me ao redor dele
no espaço apertado perto da pia, bater nos braços, encostar as
mãos, compartilhar o ar – é mais íntimo do que as relações de
convivência que tive.

Jarret liga a lava-louças e pega um chapéu do balcão dos


fundos.

“Este é um Stetson.” Ele coloca na minha cabeça e ajusta a


borda da aba. “O feltro é feito do pelo de várias criaturas e antes
de você se tornar toda moralista...”

“Eu não disse nada.”

“Bom, porque usamos muito couro e pele por aqui. É


resistente e dura muito tempo. Eu usei esse chapéu durante a
maior parte da minha adolescência.” Ele levanta meu queixo com
um dedo, inspecionando meu rosto. “Você queima facilmente?”

“Às vezes.”

“Conor!” Sua voz estrondosa me faz pular. “Onde está o seu


protetor solar?”

Trails of Sin #2
“No corredor de entrada”, ela grita de algum lugar da casa.

O dedo embaixo do meu queixo se torna um aperto forte e


algo brilha em seus olhos dourados. “Vamos começar essa
aventura.”

Borboletas entram em erupção no meu estômago enquanto


eu o sigo para o corredor de entrada.

Trails of Sin #2
“Você quer que eu coloque minha mão onde?” Eu curvo meus
dedos na luva de manga comprida que Jarret lubrificou até o meu
ombro.

“No reto.” Ele dá um tapinha no flanco traseiro da vaca na


nossa frente e ela retorna um bufo insolente.

Depois que passei o protetor solar, ele me trouxe a este


estábulo a pé. Durante a caminhada de cinco minutos, ele poderia
ter me preparado. Ele poderia ter dito, ‘Ei, então sabe aquela
aventura que eu mencionei? É uma viagem por um túnel escuro de
merda. Literalmente.’

Mas não. Ele andou na minha frente, tão rápido quanto


aquelas pernas longas podiam carregá-lo, sem dizer uma palavra.

Fecho os olhos e respiro profundamente, mas não muito


profundamente, porque o ar cheira a estrume.

Quando abro os olhos, encontro os seus a centímetros dos


meus, esperando.

“Não sou qualificada para fazer isso.” Eu franzo a testa para


o rabo da vaca. “E se eu a machucar?”

“Não vou deixar você machuca-la.”

“Você ainda não me contou o que a IA do gado significa.”

“Inseminação artificial. Explicar por que fazemos isso é mais


complicado do que explicar como fazer isso.”

Trails of Sin #2
Eu faço um som relutante e solto o ar. “Ok, apenas me diga
o que fazer.”

“Isso é parte do curso.” A insinuação em sua voz profunda


vibra através de mim. “Qual é a sua experiência com anal?”

“Jarret, eu juro por Deus, se você tornar isso sexual, vou


acreditar em tudo que ouvi sobre caipiras e seus animais da
fazenda.”

“Vamos definir uma coisa.” Ele aproxima seu rosto no


meu. “Se eu cuspir sem abrir a boca, cortar a grama e encontrar
um eletrodoméstico, bronzear-me enquanto assisto NASCAR,
nomear um filho em homenagem a um general da Guerra Civil do
Sul ou arrumar uma noiva de dezessete anos quando tiver
cinquenta anos, então você pode me chamar de caipira.”

Ele está tão sério e intenso que é difícil não rir.

Eu estreito meus olhos. “E se a sua varanda desmoronar e


matar cinco cachorros?”

“Desde que eu não tenho cães, não incluí esse.”

“Tudo bem, mas se eu encontrar um gambá empalhado em


seu quarto, você vai usar esse rótulo com orgulho.”

“Cale a boca e coloque a mão lubrificada para trabalhar.”

“Ugh.” Eu viro na direção da parte traseira da vaca e fortifico


a minha determinação. Farei isso porque ele me deu farinha de
aveia e um lugar para dormir, mas não é por isso que estou aqui.
“Conte-me sobre aqueles homens que citei ontem à noite.”

“Levi Tibbs nos atacou há seis anos. Você já sabe o que ele
fez com Conor.”

“Onde ele está agora?”

“Você vai ter que perguntar ao oficial de liberdade


condicional dele.” Ele se posiciona atrás de mim e guia meu braço
enluvado. “Quando você entrar, sentirá o trato reprodutivo através

Trails of Sin #2
do revestimento retal. Você está procurando pelo colo do
útero. Parece um pescoço de peru.”

Não é exatamente útil, já que nunca toquei em um pescoço


de peru. “E os outros homens? Como você os conhece?”

“Eu não disse que os conhecia.”

“Você está se protegendo.”

“Você está enrolando.” Sua respiração acaricia minha orelha,


seu peito largo é como um ferro em brasa nas minhas costas.

Eu o deixo mover minha mão para perto do traseiro da vaca


e minha mente toma um desvio perturbador. “Por favor, me diga
que você não gosta de usar o punho.”

“Não tentei, mas se você gosta, podemos discutir isso.”

“Não. Esqueça que eu perguntei.” Eu olho em volta do


celeiro, não encontrando nada relacionado a injetar algo em uma
vaca. “Não precisamos de uma seringa de inseminação ou algo
assim?”

“Usamos uma pistola de sêmen e não estamos prontos para


isso. Você precisa praticar.”

Por que tenho a sensação de que este é outro teste para ver
do que sou feita?

Eu levanto o rabo com a minha mão livre e estremeço. “E se


ela fizer cocô enquanto eu estiver lá dentro?”

“Acontece.”

“Oh Deus.” Com um gemido, estendo minha mão os últimos


centímetros.

“Pare!” Conor grita da porta.

Eu puxo meu braço para trás, pulso acelerado. Fiz algo de


errado? Eu nem sequer fiz contato ainda.

Trails of Sin #2
Ela se aproxima de nós, tira o chapéu e o usa para bater na
cabeça de Jarret, derrubando seu Stetson no chão. “Que diabos
está errado com você?”

Ele recua, as mãos no ar e rindo descontrolavelmente.

“Essa é uma novilha de primeira cria.” Conor aponta para a


vaca, olhando entre nós.

“Eu não sei o que isso significa.” Eu olho para Jarret.

“Isso significa que ela já está grávida.” Ela dá-lhe outro golpe
com o chapéu.

“Eu ia impedi-la.” Ele esfrega a mão sobre a boca sorrindo.


“Só queria ver o quão longe ela iria.”

Acho que a piada é comigo. Eu falei sério, no entanto. Não


sou uma pessoa sensível. O que ele não sabe é que eu acredito
firmemente em vingança.

Enquanto Conor lhe dá uma boa bronca, eu calmamente me


afasto e analiso o chão de terra. Quando vejo um monte de estrume
de vaca fresco e molhado, pego um pouco com a mão enluvada,
seguro-o atrás de mim e, casualmente, caminho até ele.

Seu olhar desliza de Conor para mim. Um sorriso estica


minhas bochechas e seus olhos se estreitam. Ele começa a olhar
para baixo, mas eu já estou levantando minha mão.

O estrume salpica seu peito, seguido pela minha palma. Eu


esfrego do pescoço ao abdômen dele, sentindo todos aqueles sulcos
duros através da camisa.

Ele olha para a sujeira com um meio gemido, meio sorriso.


“Merda.”

“Sim.” Eu dou em sua mandíbula um tapinha desleixado,


deixando para trás uma mancha.

Conor pressiona as costas da mão contra a boca, os olhos


verdes brilhando de divertimento.

Trails of Sin #2
Ao som de sua risada, eu vou para a pia, descartando a luva
no lixo ao longo do caminho.

“Há um bezerro...” Jake invade o estábulo e para,


observando a cena. “O que eu perdi?”

Eu passo por ele. “Quando sua mãe foi ao banheiro, ela


esqueceu de dar descarga no seu gêmeo.”

“Eu sinto que isso me insulta tanto quanto ele.”

“Ela é uma defensora da ofensa verbal”, diz Jarret, juntando-


se a mim na pia.

Eu lavo minhas mãos, não olhando para ele.

Até ele tirar a camisa.

Ele molha uma toalha e a desliza sobre o peito e o pescoço,


os bíceps se contraindo e pulsando com o movimento. Nenhum
homem deveria ter um corpo assim. É criminoso.

Pilhas de músculos formam um terraço ondulante para a


água viajar enquanto ele aperta a toalha contra o peitoral. Sua pele
bronzeada pelo sol é a perfeição sem pelos, seu físico é um tesouro
de força e masculinidade. Eu nunca vi nada assim.

“Se você queria que eu tirasse a minha camisa, tudo que


tinha a fazer era pedir.” Ele joga a toalha na pia e olha para mim
com as mãos descansando em quadris estreitos.

“É assim?” Eu sigo um dedo ao longo da parede ondulada do


seu abdômen, testando-o sem intenção de seguir em frente. “Tire a
calça.”

Ele agarra meu pulso, parando minha jornada para a fivela


do cinto. “Esta noite.”

Calor sobe pelo meu pescoço.

“Enquanto você está brincando aqui”, diz Jake atrás de mim,


“outro bezerro caiu no riacho.”

Trails of Sin #2
“Eu sabia.” Jarret me libera para pegar seu chapéu do chão
a poucos metros de distância. “Randy está trabalhando na cerca
hoje?”

“Sim. Eu deveria busca-lo?”

“Não.” Limpando o Stetson, Jarret o coloca em sua cabeça.


“Precisamos daqueles postes consertados. Eu vou ajudar com o
bezerro. O mesmo lugar da última vez?”

“Sim.” Jake olha para Conor.

“Vá em frente.” Ela vasculha uma unidade de estantes de


ferramentas. “Vou começar a limpar os currais.”

“Encontro você lá”, diz Jake ao seu irmão e deixa o celeiro.

Jarret se vira para mim e examina meu rosto. “Eu esperava


um chilique após o incidente da novilha.”

“Desculpe desapontar.”

“Você não é realmente louca.” Ele parece surpreso.

“Nem mesmo um pouco.” Eu percorro meu olhar por seu


peito sem camisa. “Eu tenho uma boa visão disso.”

“Você vai ser punida por isso.”

“Pelo quê?”

“Por ser uma provocadora.” Ele caminha até a saída,


gesticulando para eu seguir. “Você me prometeu uma resposta
hoje.”

Uma resposta para a segunda parte do seu contrato.

Você vai passar as noites comigo, fazendo o que eu digo,


quando digo.

Isso não vai acontecer.

Corro atrás dele e alcanço seus longos passos do lado de


fora. “Minha resposta é...”

Trails of Sin #2
“Não diga não.”

Ele deve ler no meu rosto ou talvez ele saiba que o que está
exigindo é completamente insano.

“Submeta-se a um beijo.” Ele avança em mim, forçando-me


a recuar até minhas costas baterem na parede externa do estábulo.
“Um beijo sem resistência. Se você não for afetada, vou desistir e
dizer o que você quer saber.”

É tentador. Meu Deus, apenas experimentar a sensação


daquela linda boca contra a minha. Mas eu vou perder. Não há
como não ser afetada.

“Você não tem um bezerro para puxar de um riacho?” Eu


empurro contra seu peito imóvel.

Ele aperta os lábios, os olhos marcados pela frustração. Ou


talvez seja determinação. Eu não o conheço bem o suficiente para
decifrar as nuances de sua expressão.

Ele se afasta e caminha em direção ao estábulo para selar


seu cavalo. Enquanto estou atrás dele, ele me dá um curso
intensivo sobre equitação.

Eu absorvo sua instrução, mas meus pensamentos


continuam retornando à conversa que deixamos inacabada. Ele vai
me expulsar esta noite sem me dar respostas. Eu preciso encontrar
uma maneira de o comprometer.

Dez minutos depois, ele senta na sela e estende a mão na


minha direção, onde eu estou com os braços cruzados.

Ele já explicou onde vou cavalgar, como minhas pernas vão


pressionar contra as dele e a necessidade de manter meus braços
em volta dele. É o melhor e o pior lugar para eu estar agora.

“Vamos.” Ele gesticula para eu me aproximar. “Ginny não vai


morder.”

“Não estou preocupada com Ginny.”

Trails of Sin #2
O sorriso que ele mostra tem o poder de derreter calcinhas
dentro de um raio de dezesseis quilômetros. “Eu sei que você está
tão atraída por mim quanto estou por você. Por que você está
lutando contra isso?”

“Você quer dizer, por que eu não simplesmente deito de


costas e deixo você empurrar entre minhas pernas?”

Ele se inclina para a frente sobre o cavalo e coloca um braço


sobre o chifre da sela, olhando para mim.

Lembro-me de que ele provavelmente passa uma hora no


máximo com uma mulher antes de tê-la de costas ou amarrada nos
joelhos ou o que quer que ele faça com elas. Eu suspeito que esta
seja a maior parte do tempo que ele passa com alguém que quer
foder, sem realmente transar com ela.

Se ele soubesse a verdadeira razão pela qual estou aqui, ele


não iria querer me foder ou falar comigo ou ter algo a ver comigo.

“Eu tenho uma contraproposta.” Estendo a mão em direção


a ele.

Ele agarra e me coloca na sela atrás dele, como se eu não


pesasse nada. Então ele pega as rédeas e guia Ginny para fora do
estábulo.

Arruinar sua camisa foi uma ideia terrível. Não importa onde
coloque minhas mãos, eu toco a pele quente, rígida e nua. Seus
abdominais são obscenos, todos esculpidos, sulcos flexionados e
zero de gordura corporal. Percebo que estava errada sobre ele ser
sem pelos quando meus dedos esfregam levemente a parte mais
baixa do seu abdômen e sinto os pelos que começam ali e
continuam sob o cinto.

Seus músculos das costas se contraem tão perto do meu


rosto que vejo sardas. Não muitas. Apenas um ponto fraco aqui e
ali em seus ombros definidos. E o cheiro dele... Eu não sei se é o
xampu ou o sabonete que ele usa, mas a pele dele emite um aroma
viril intenso, ar livre, que me implora para enterrar meu nariz nele.

Trails of Sin #2
“Sua contraproposta?” Ele cutuca Ginny em um ritmo mais
rápido através do campo.

Eu aperto minhas coxas em torno das suas laterais para


permanecer posicionada. “Desde que eu tenho uma alta tolerância
à dor, estou disposta a deixar você me conter e me golpear com seu
chicote. Estou dizendo que vou tentar, mas se você forçar meus
limites...”

“Eu vou força-los.”

“Ok, quando você forçar meus limites e eu disser para parar,


preciso saber que você vai. Se você não pode fazer isso, não há
acordo.”

“Você quer uma palavra segura.”

“Eu quero poder igual nisso.”

Ele conduz Ginny passando pelo alojamento silencioso, por


uma colina e por outro prado. Eu suponho que seu silêncio
significa que ele está pensando sobre a minha oferta. Ou talvez ele
só goste de me fazer suar.

Cerca de cinquenta metros à frente, seu irmão está ao lado


de um garanhão marrom e olha por cima de uma saliência.

Jarret desacelera Ginny e encontra meus olhos por cima do


ombro dele. “Se você disser parar, acabou. Não termina apenas a
cena. Isso, nós, sua busca da verdade – tudo isso acaba. Você
entrará no seu carro e irá embora.”

“Combinado.”

Ele se contorce para me encarar, inclinando-se ligeiramente


para fora do cavalo com apenas a força em suas pernas para
segurá-lo. Então ele agarra a parte de trás do meu pescoço e puxa
minha boca para a dele.

Uma corrente de fome cintila em seus lábios enquanto eles


esfregam contra os meus. Eu estendo a mão contra o ombro dele,
com a intenção de afastá-lo, mas em vez disso deixo ali. Querido

Trails of Sin #2
Deus, eu não posso nem lutar contra os pensamentos que me
dominam. Seu cheiro, seu sabor mentolado, tudo sobre ele está me
consumindo. Persuadindo. Ele inunda meus sentidos.

Sua língua desliza ao longo da junção dos meus lábios,


exigindo a entrada e eu concedo. Meu coração palpita. Sua
respiração acelera e nós começamos um beijo que me arruína para
todos os outros.

Eu me aproximo, rastejando até o meio do colo dele, me


agarrando a ele enquanto ele devora minha boca suavemente,
profundamente, tão deliciosamente sem pressa e nada como eu
esperava.

Meu chapéu emprestado bate no dele e sua posição


distorcida na sela parece precária, mas não quero que ele pare.

Sua mão descansa abaixo da minha orelha, seu polegar


acariciando minha bochecha. Sua língua explora a minha,
comunicando uma história digna de mais. Uma história que nunca
escreverei, mas sempre lembrarei.

Porque eu amo isso – o gosto faminto de sua boca, a maneira


hábil como ele controla a minha, o conjunto de seus músculos ao
meu redor, o encaixe perfeito de nossos lábios, a facilidade em que
eu amoleço quando ele envolve minha trança ao redor de seu
punho, puxando mais apertado, mais forte.

Então ele se inclina para trás e abre os olhos.

“Maybe.” Ele prolonga cada sílaba e lambe os lábios.

Não sei se ele está dizendo meu nome ou respondendo a uma


pergunta que não fiz. Estou malditamente tonta. Emaranhada em
sensações. Completamente seduzida.

Ele se segura na sela e guia meus braços flácidos pela sua


cintura. Como se ele não tivesse me deixado sem folego com o beijo,
ele coloca Ginny em um trote rápido e nos leva para onde Jake
espera.

Trails of Sin #2
É quando percebo o meu erro. Ele me deu o poder que eu
pedi, mas é tudo ou nada. Se eu parar seu jogo desonesto, vou
perder o acesso a ele. Eu não farei isso a menos que seja
absolutamente necessário.

Se uma palavra segura termina um relacionamento, não é


uma palavra segura. Significa que vou permitir mais do que
normalmente faria para prolongar isso. É duvidoso e ele sabe disso.

Mas ele já disse que isso não será seguro.

Não tenho ninguém para culpar, exceto eu.

Trails of Sin #2
Quando chegamos ao riacho, Jarret me ajuda a desmontar
do cavalo e me acompanha. Seu comportamento é sério, e isso me
excita. Vai ser legal sentir um dilema da vida real em um rancho
em funcionamento.

Eu sigo o som de gotejamento agitado e gutural à beira de


um banco de areia de cinco metros. Lá embaixo, um bezerro branco
pula ao lado do leito do riacho, com água subindo até as pernas
enquanto ele procura uma saída.

Não há costa ou praia. Apenas paredes íngremes de lama e


raízes de ambos os lados em qualquer direção. O coitado deve ter
caído lá embaixo.

“Quantos anos?” Eu pergunto.

“Seis dias.” Jarret desamarra um feixe de corda da sela.

Ele é apenas um bebê. Cada centímetro dele é branco, exceto


por aquelas grandes orelhas pretas e adorável nariz e boca negros
e oh meu Deus, aqueles cílios negros? Ele parece um cordeirinho.

Estou instantaneamente e totalmente apaixonada.

“Como você vai tirá-lo?” Eu pressiono a mão contra o meu


peito, angustiada com cada berro de medo que ele dá para nós.

“Nós vamos amarrá-lo e arrastá-lo através da água para onde


a margem se estabiliza.” Jake aponta rio abaixo.

Trails of Sin #2
Jarret amarra a ponta da corda como um laço. Eu saio do
caminho enquanto ele joga. O laço pousa ao redor do pescoço do
bezerro, mas no instante em que Jarret puxa, o bezerro enlouquece
e se liberta.

Jake ri. “Otário escorregadio.”

“Quantas vezes você já tentou?” Jarret olha para o irmão.

“Cerca de uma dúzia de vezes.”

“Ele está muito assustado.” Eu me agacho na borda,


procurando por um caminho que eu possa descer. “Deve haver um
caminho mais fácil.”

“Eles ficam sempre frenéticos nessa situação.” Jarret pega a


corda para preparar outro lançamento. “É como tentar pegar um
cachorro selvagem que está atacando com tudo o que tem.”

Porque ele não quer ser amarrado. Ele está lá sozinho e


traumatizado e só quer encontrar sua mãe.

Eu me levanto e ando atrás dos caras. Eles pretendem


arrastar este bebê aterrorizado chutando e gritando no riacho,
apenas para vendê-lo e transformá-lo em hambúrguer.

Meu peito se contrai. “Se eu o amarrar, posso ficar com ele?”

“Jarret ou o bezerro?” Jake arqueia uma sobrancelha


questionadora.

Eu reviro meus olhos e aponto para o bezerro.

“Primeiro,” Jarret diz. “Ele é ela. Em segundo, você não sabe


como laçar gado.”

Eu estendo minha mão para a corda. “Desafio aceito.”

Ele ri e me joga a corda. “Isso vai ser divertido.”

Jake recua e cruza os braços sobre o peito, com uma


expressão entediada.

Trails of Sin #2
Eu enrolo a corda em um grande círculo e penduro no meu
ombro. Uma árvore morta se agarra à borda a poucos metros de
distância, com suas raízes grossas pendendo no meio da muralha
do riacho. Eu vou até lá e piso em um galho baixo. Parece forte o
suficiente.

“Maybe...” Jarret balança a cabeça.

“Vai aguentar o peso dela”, diz Jake, como se minha morte


de repente tornasse isso mais interessante.

“Você vai ficar coberta de lama.” Jarret caminha na minha


direção.

“As botas são à prova d'água?” Eu avanço sobre o tronco e


desço alguns metros, segurando raízes pegajosas e enroscando em
teias de aranha.

“Eu não me importo com as botas. Aquele bezerro pesa mais


do que você, e há cobras...”

Minha mão desliza e faço um mergulho desajeitado na


parede lamacenta, aterrissando no riacho com um esguicho.

O bezerro recua, berrando de medo. Merda.

“Que tipo de cobras?” Eu fico de pé e olho freneticamente na


água.

“O tipo que morde.” Jarret se agacha na borda de cinco


metros acima de mim. “Você está bem?”

Minha bunda lateja onde eu caí em uma rocha. Estou


encharcada da cabeça aos pés e em pé na água marrom infestada
de cobras. “Sim, simplesmente elegante. Estamos falando de
cobras venenosas? Eu realmente não quero morrer hoje.”

“Eu fui mordido por uma cascavel e sobrevivi.” Jake sorri da


segurança de seu lugar.

“Isso me faz sentir muito melhor.” Eu me viro para o frenesi


de salpicos atrás de mim.

Trails of Sin #2
O bezerro entra e sai da água contra o aterro oposto,
determinado a escalar a parede.

“Está tudo bem, baby.” Eu faço pouco barulho e lentamente


atravesso a água. “Estou aqui para ajudá-lo.”

O bezerro fica imóvel, e aqueles enormes olhos castanhos me


possuem instantaneamente, completamente. Sim, sou um caso
perdido.

Com movimentos cuidadosos, levanto a corda por cima da


cabeça e seguro a ponta do nó como um aro.

Isso será como o jogo de arremessos que joguei quando


criança. Exceto que o alvo é uma bola de fofura girando.

Um movimento soa acima de mim, seguido pela voz de


Jarret. “Você não precisa fazer isso, Maybe.”

Minhas botas estão tão cheias de água que uma cobra pode
entrar. Eu vou enlouquecer se isso acontecer. Mas eu preciso
salvá-la. Ela e eu só precisamos superar nossos medos e trabalhar
juntas.

A alguns metros de distância, atiro a corda e faço um laço


no pescoço dela. Meu suspiro de alívio é de curta duração quando
ela se solta e bufa para mim.

“Não seja tão chata.” Eu me aproximo. “Eu não vou te


machucar.”

Ela arqueia as costas com a bunda no ar, parecendo toda


feroz e corajosa, como se ela fosse me atacar.

Eu jogo a corda, pego-a em volta das orelhas e ela a sacode.

O riso soa da borda, alimentando mais minha determinação.

Mais cinco tentativas e finalmente consigo uma laçada firme.


Eu me movo rapidamente, lutando em direção a ela enquanto puxo
com força a corda. A luta que se segue submerge-nos aos nossos

Trails of Sin #2
pescoços em água imunda, mas eu a seguro em meus braços, nós
duas gritando como loucas.

Eu consigo colocar a corda em torno de seus ombros como


um cinto. Então eu caio contra o penhasco lamacento, sem fôlego
e cansada.

“Muito bem.” Jarret está na borda e sorri para mim.

“Obrigada.” Eu sorrio de volta com orgulho e me levanto,


juntando a corda. “O que faço agora?”

“Você pode subir de volta por essas raízes?”

“De jeito nenhum. Eu não posso nem alcançá-las.”

“Você vai ter que caminhar com ela.” Ele se move para a
direita. “O riacho nivela a cerca de um quilômetro e meio. Jogue-
me a corda.”

“Desculpe-me? Você disse um quilometro e meio?

“Sim.”

Foda-me agora.

O jeans encharcado desliza pelos meus quadris, e eu o puxo


de volta.

“Parece que vocês dois têm isso sob controle. Vou deixar
vocês terminarem.” Jake monta seu cavalo e se afasta.

“Tudo bem, Chicken.” Eu ajusto a corda em torno de seu


corpo se contorcendo. “Nós podemos fazer isso.”

“Você acabou de chamá-la de Chicken?” Jarret olha para


mim.

“Esse é o nome dela.” Eu jogo a corda molhada para ele.

Ele pega e remove a folga. “Regra número um no


rancho. Nunca nomeie gado que você planeja vender para abate.”

O pânico agarra meus pulmões. “Você não pode vendê-la!”

Trails of Sin #2
Sei que estou sendo irracional. Não é como se eu pudesse
ficar com ela. Eu nem tenho um lugar para morar.

Criar gado para ser abatido é o que ele faz. Eu não vim aqui
esperando mudar isso, mas droga, dói. Talvez eu seja uma pessoa
sensível afinal de contas.

Ele ata a ponta da corda no chifre da sela e sobe no cavalo.


“Pronta?”

“Sim.” Eu cutuco Chicken para frente, ajudando-a a


caminhar pelas rochas.

Jarret lidera o caminho, guiando Ginny pela borda com a


corda conectada à sela.

Alguns minutos depois de caminhar na água, ele se inclina


e levanta o chapéu. “Por que Chicken? Se você vai nomeá-la,
deveria ser Big Mac ou Tenderloin ou Angus.”

Atiro-lhe um olhar irritado. “Ela representa todas as


galinhas que precisam ser salvas.”

Com um grunhido, ele se endireita e se concentra no


caminho à sua frente.

É uma longa caminhada. Não porque eu estou vestindo


jeans molhado que não vai parar de cair da minha cintura. Ou
porque o sol bate nos meus ombros como uma fornalha. Ou porque
Chicken para a cada poucos metros para lutar contra a corda que
a puxa para frente.

É longo porque toda vez que eu passo a mão sobre a pequena


vaca branca e alcanço sua cabeça, meu coração sangra. Eu não
posso suportar o pensamento de que ela acabe em uma caixa de
papelão jogada por uma janela de drive-thru.

Quando as paredes do riacho dão lugar a margens em


declive, Chicken sobe a rampa de terra e salta pela grama alta em
volta dos cascos de Ginny.

Trails of Sin #2
“Isso foi mais do que um quilometro e meio.” Eu saio do
riacho e caio de costas no chão, de olhos fechados.

“Foi mais perto de três quilômetros.” A sombra de Jarret


cobre meu rosto. “Eu posso te levar de volta para casa, se você
precisar descansar.”

Eu abro apenas um olho. “Há mais trabalho a fazer?”

Ele ri e cruza os braços sobre o peito nu. “O dia acabou de


começar.”

Eu posso não ter sua resistência física, mas não vou desistir
até que ele também desista. “Qual é o próximo?”

“Consertar cerca.”

“Pensei que vocês tinham um cara nisso?” Eu me sento e


luto contra uma tontura.

“Você precisa de água.” Ele pega uma garrafa térmica da sela


e oferece para mim. “Com quatro mil hectares para cercar, há mais
reparos do que podemos acompanhar. É o segundo pior trabalho
no rancho.”

Eu bebo bastante, saboreando a água fresca. “Qual é o pior?”

“Papelada.”

Eu tento sorrir, mas não tenho energia para fazer minhas


bochechas se moverem.

Ele olha de volta para o bezerro brincando. “Eu preciso levar


Chicken para a mãe dela.”

Fico feliz neste momento. “Você a chamou pelo nome dela.”

“Você gosta dela.” Suas sobrancelhas se unem.

“Foi uma jornada angustiante de união e amizade. Eu a


amo.”

“Você está falando sério.”

Trails of Sin #2
“Olhe aquele nariz preto bonito. Não pode ser ignorado.”

“Ela não será desmamada até o inverno.” Ele troca o peso do


corpo de um pé para outro. “Podemos trabalhar em algo depois
disso.”

Eu suspiro. “Você não vai vendê-la?”

Ele balança a cabeça, franzindo a testa.

“Não brinca!” Eu pulo e o agarro em um abraço. “Obrigada!”

“Só essa aqui.” Ele emoldura meu rosto com as mãos e me


dá um olhar severo. “Você não pode salvar todos.”

“Eu sei.”

“Fique longe dos outros bezerros.”

“Ok.”

“Nem olhe para eles.”

Eu aceno em acordo.

“Você está um desastre.” Ele passa o polegar na minha


bochecha. “Um desastre lindo.”

“Obrigada.”

Seu olhar segue para minha boca e tenho certeza de que ele
vai me beijar. Meu corpo anseia por isso, pulsando em lugares que
não foram tocados por muito tempo. Eu esqueci como é se perder
em outra pessoa.

“Esta é a primeira vez que eu considero perder um dia de


trabalho.” Suas mãos se afastam do meu rosto.

“Você ama isso tanto assim?”

Ele concorda. “Não tanto quanto eu amo o olhar em seus


olhos.”

Trails of Sin #2
Eu olho para longe. “Estou pronta para ganhar o meu
sustento e...” aceno uma mão para Chicken. “Tudo o que custará
para mantê-la feliz indefinidamente.”

Sua risada desliza pela minha pele como veludo. “Você tem
um monte de alicates e estiradores no seu futuro.”

“Eu realmente espero que sejam ferramentas para conserto


de cercas.”

Ele me dá uma piscadela perversa e me coloca na sela.

Trails of Sin #2
Agachado ao lado de uma parte danificada da cerca, enxugo
o suor da testa e me sento nos calcanhares. Nós estamos
consertando arame farpado por horas no calor, e Maybe ainda não
está cansada.

Ela não é apenas uma aprendiz rápida, ela não preenche o


silêncio com conversas vazias. Enquanto eu prefiro trabalhar
sozinho, acho que realmente gosto da companhia dela.

A alguns metros de distância, ela se levanta da seção que


está consertando e observa a cerca que se estende por quilômetros.

“Não há luz do dia suficiente para tudo o que precisa ser


feito.” Ela puxa a aba do chapéu para sombrear seus olhos. “Não
admira que você inale a sua comida.”

Quando paramos para o almoço, ela ficou irritada comigo por


devorar meu sanduíche. Enquanto isso, ela mordiscou queijo e
alface entre fatias de pão, como se fosse uma coisa normal para
comer.

“Faça uma pausa.” Eu inclino meu queixo para a sombra


debaixo de uma árvore próxima.

“Não até que você faça.”

Mulher teimosa. Estou acostumado a trabalhar duro. Ela


não está.

Trails of Sin #2
Todos os dias, uso arame, luvas de couro, prendedores de
vedação, grampos, alicates e bobinas. Eu sorrio para os estiradores
de cerca na minha mão, amando onde sua mente estava quando
eu os mencionei.

“Nevascas destruíram muito durante o inverno.” Eu


gesticulo para a cerca. “Alguns dos arames são mais velhos do que
eu e...”

“Você é dois anos mais novo que eu.”

Eu olho para ela. “Você tem vinte e seis?”

“Isso surpreende você?”

“Um pouco.”

Eu não tinha pensado nisso, mas com o cabelo preso em


tranças, sujeira em seu rosto e aquela blusa minúscula pendurada
em seus ombros, ela parece que acabou de fazer dezoito anos.

“O que você estava dizendo sobre a cerca?” Ela apoia uma


mão no quadril.

Eu volto para o arame em minha mão. “Veja como isso é


farpado? É tão industrialmente bem feito que a maioria não
precisou de reparos até agora.”

“Por que você está consertando isso em vez de substituí-lo?”

“O fio não é mais feito assim. É perigoso trabalhar, mas o


gado não chega perto dele.”

“Deve haver quilômetros dele na propriedade.” Ela examina


o horizonte, absorvendo tudo. “Eu notei que algumas das cercas
são feitas com grades de madeira, também. Você tem alguém que
administra o perímetro todos os dias, verificando quebras e
buracos?”

“Não há como fazer isso quando a terra nunca tem fim. Nós
checamos as áreas problemáticas regularmente e confiamos no
gado para nos avisar quando a cerca está danificada. Porque eles

Trails of Sin #2
encontrarão uma saída. Mesmo com as crianças. Quando nós
quatro éramos pequenos, desaparecíamos o tempo todo. Nossos
pais precisavam mandar grupos de busca.”

“Eu aposto.”

Ela retorna ao seu setor do arame, com as mãos protegidas


por luvas pesadas de couro enquanto trabalha. Ela parece focada,
mas com a menção do meu pai e Dalton, algo mudou em seu
humor. Eu antecipo o que vem antes dela abrir a boca.

“John Holsten e Dalton Cassidy pegaram emprestado


dinheiro de pessoas de fora dos reguladores financeiros. Você sabe
quem são essas pessoas.”

Eu sei quem eram essas pessoas. Mas ela usou o tempo


presente.

“Onde está Rogan Schroeder?” Ela pergunta, confirmando


que ela não sabe que ele está enterrado na ravina com sua
caminhonete.

“Por que você acha que eu saberia?” Eu observo seu perfil


com o canto do meu olho.

“Seu pai me disse que você e seu irmão sabem onde


encontrar todos os homens da minha lista.”

Meu estômago revira. Eu deveria estar feliz, papai não disse


a ela que eles estão mortos. Mas em vez disso, ele enviou uma
repórter suspeita para nós, armada com informações
potencialmente incriminatórias.

“Por que você acreditaria em qualquer coisa que John


Holsten disse a você?” Eu uso meu tom de tédio.

“Em vez de negar as alegações dele, você responde minhas


perguntas com perguntas. É assim que se fala, Jarret.”

Nós concordamos em falar honestamente ou permanecer em


silêncio. Meu silêncio teria sido mais revelador. Eu não posso
impedi-la de fazer suposições sobre o que não estou dizendo. Mas

Trails of Sin #2
quando ela sair daqui, as suposições são tudo o que ela terá e isso
não faz uma notícia digna.

“Eu sei que Rogan Schroeder esteve aqui.” Ela mantém o


olhar em seu trabalho. “Quando foi a última vez que você o viu?”

De todos os homens que ela nomeou, Rogan é o único que


se encontrou com meu pai no rancho. Os outros trabalhavam para
Rogan como matadores de aluguel ou agiotas.

Eu não sei o quanto ela descobriu, mas entendo porque ela


não está me dizendo. Se ela revelar o que sabe, perde seu poder de
barganha. Talvez ela não saiba de nada, mas o fato de ter essa lista
de nomes me faz hesitar em desmenti-la. Ela sabe de alguma coisa.

“Meu pai explicou o relacionamento dele com Rogan


Schroeder?” Eu pergunto.

“Ele confirmou o que eu já sei.”

“E isso é…?”

“Você e Jake estão envolvidos em negócios ruins.”

Sorrio. “Defina ruim.”

“Ilegal.” Ela abaixa o queixo, evitando meus olhos.

“Você acredita nisso?”

Ela respira profundamente e solta um suspiro de incerteza.


“Eu seria ingênua por ignorar as provas.”

“Provas de quê?”

“Você me diz, Jerry.”

“Eu não vou responder a isso.”

“Você acabou de fazer.”

Estamos andando em círculos com essa conversa, e isso está


me dando uma dor de cabeça. O calor sufocante só aumenta minha
irritação.

Trails of Sin #2
“Olhe para mim.” Eu viro na direção dela e espero por seu
olhar. “Você tem um lugar para ficar e comida. Não há urgência em
conseguir sua história, certo? Nada pressionando?”

“Isso não é...” Suas sobrancelhas se unem. “Eu não


sei. Quero dizer...”

“Você tem um prazo ou não.”

“Não há prazo.”

“Então esqueça o interrogatório por enquanto.” Eu inclino


minha cabeça, estudando-a enquanto ela me analisa. “Trabalhe
comigo durante o dia. Relaxe comigo à noite. Com o tempo, vamos
nos conhecer e confiar um no outro o suficiente para ter essa
conversa.”

Ela puxa o lábio inferior entre os dentes, me examinando


com os olhos estreitos. “Se você não tem nada a esconder, por que
simplesmente não responde minhas perguntas?”

“Eu quero você. Eu fui claro nesse ponto.”

“Você está dizendo que está fingindo esconder informações


então pode me levar para a cama?”

“Em uma cama, na mesa da cozinha, contra uma parede...”


encolho os ombros. “Soa como um plano.”

Eu preferiria que ela acreditasse nisso do que suspeitar de


mim de assassinato.

“Há mais acontecendo aqui do que satisfazer um capricho.”


Ela bufa. “Você pode ter qualquer mulher que quiser.”

“Nenhuma tão desafiadora quanto você.” Eu volto para o


meu trabalho.

“Então é isso? Difícil de conseguir é o seu sabor da semana?”


No meu silêncio, ela murmura baixinho, “Eu deveria simplesmente
te foder e remover isso da equação.”

Trails of Sin #2
“Isso sou eu quem decide. Eu vou te foder. Você vai conseguir
o que precisa. Então vamos seguir nossos caminhos separados.”

Trails of Sin #2
À noite, eu me sento ao lado de Maybe na varanda dos
fundos. O sofá ao ar livre que compartilhamos parece o paraíso sob
meus músculos cansados. O chuvisco da chuva além do beiral
reduz o calor da noite. Jake e Conor se reclinam diante de nós,
quietos e contentes.

Noites como essa me acalmam. Se Lorne estivesse aqui, seria


perfeito.

Nós grelhamos bistecas e batatas para o jantar. Maybe fatiou


uma cabeça de couve-flor em filés, temperou com azeite e ervas, e
joguei na grelha como carne. Nós brincamos com ela sobre isso,
mas ela encolheu os ombros com um sorriso.

Eu amo isso nela. Ela pode ter vindo aqui para extrair
informações de nós, mas não correndo o risco de perder sua auto
identidade. Tão linda como ela é, poderia recorrer à sedução para
conseguir o que quer. Ela não fez assim, e eu a respeito por isso.

“Quero ouvir você tocar antes que eu desmaie.” Ela gesticula


para a gaita na minha mão.

Seu cabelo, ainda molhado do chuveiro, desce pelo peito e


ao redor de seus quadris. Suas bochechas estão rosadas – da
queimadura de sol, o calor da noite, ou qualquer outra coisa... Eu
não tenho certeza. Seus olhos azuis brilham na luz fraca da
varanda, seus densos cílios afundando cada vez mais a cada
piscada. Ela está desligando rapidamente.

Trails of Sin #2
Eu me inclino para trás, descansando meu ombro contra o
dela. “Eu cansei você hoje.”

“Você, Chicken, Ginny, todo o zoológico.” Ela boceja. “Eu não


sou preparada para ser funcionária de rancho.”

Conor e Jake ouviram tudo sobre Chicken durante o


jantar. O que eu não contei a eles é como estou impressionado com
a ética de trabalho de Maybe.

“Você foi muito bem lá fora.” Eu inclino em direção a ela.


“Não fui devagar com você, mas você pegou rapidamente e nunca
reclamou.”

Ela geme. “A bajulação não é necessária. Eu sei que atrasei


você.”

“Jarret pode ter um sorriso encantador.” Conor pega o violão


ao lado dela. “Mas ele não dá um elogio a menos que ele queira.”

“É bom saber.” Maybe curva os lábios em um sorriso


cansado. “Estou feliz por poder ajudar.”

Dei a ela uma das minhas camisetas para dormir e isso cobre
o short que ela usa por modéstia. Vendo-a em minhas coisas hoje
– minhas botas, meu chapéu, minha camisa... Isso mexe com algo
indescritível dentro de mim.

Eu nunca compartilhei minhas roupas com ninguém. Não


passo a noite. Nunca dormi ao lado de uma mulher. Mas antes que
ela volte a Chicago, pretendo fazer tudo isso e muito mais.

Porque ela é diferente. Ela não é desesperada ou pegajosa


como as mulheres que eu saio. Ela não se curva para todos os
meus comandos. Ela tem convicções e defende-as com fogo em
seus olhos.

Não ajuda que eu fique duro toda vez que olho para ela. Ela
é facilmente a mulher mais sexy que já encontrei. Aqueles peitos
perfeitos, pernas longas e foda-me, aquele sorriso... Ela é um
maldito nocaute.

Trails of Sin #2
“O que fez você decidir tocar a gaita?” Ela torce os dedos onde
eles descansam ao lado da minha perna.

“Conor e Lorne tocam violão. Jake canta. Eu queria tocar


com eles quando éramos crianças, mas não tenho um osso musical
no meu corpo. A gaita parecia ser a mais fácil de aprender.”

“Ele está sendo humilde.” Jake sustenta uma bota na mesa


de centro entre nós. “Toque algo dos The Wild Feathers.”

“Qual música?” Eu pergunto.

“Você tem que fazer a parte da harmônica no Wine &


Vinegar.” Conor dedilha as cordas, já entrando na introdução.

Eu coloco o instrumento contra meus lábios e direciono o ar


para dentro e para fora, vibrando as notas. Quando Jake começa
os vocais, o peito de Maybe sobe e desce com um suspiro feliz.

Conor nos leva através da música rock country, cantando


junto com Jake e batendo o pé dela. Fluímos juntos sem esforço, a
música correndo para dentro e ao redor da varanda dos fundos até
que meus músculos doloridos dão lugar a um confortável ronronar
no meu peito.

Não são as batidas que acalmam meu coração e bombeiam


energia líquida pelas minhas veias. Somos nós. Minha
família. Nossa união. Perco o sentido de tudo, exceto a minha
conexão com as pessoas que mais significam para mim.

E a mulher ao meu lado.

Talvez possa ser uma intrusa, mas não consigo me impedir


de absorver suas reações e saborear a movimentação de suas
bochechas. Ela sente isso – a elevação dos espíritos, a harmonia
entre nós e a retidão em simplesmente desfrutar da companhia um
do outro.

Quando a música termina, ela pressiona a mão contra seu


peito, seus olhos sonolentos piscando para mim. “Uau. Você é
muito bom. Você vai tocar outra?”

Trails of Sin #2
Eu descanso a mão em sua coxa nua. “Você deveria dormir
um pouco.”

“Não. Eu estou bem.” Ela se acomoda melhor no sofá, as


últimas gramas de força drenando de seu corpo.

“Esta vai acordá-la.” Conor mostra um sorriso travesso e


dedilha os acordes de Whips and Things de David Allan Coe.

Todos nós três atacamos as letras, porque é uma daquelas


músicas que devem ser cantadas o mais alto e desagradável
possível.

As palavras atrevidas fazem Maybe soltar uma gargalhada, e


quando terminamos, todos estamos rindo, assim como fizemos
quando Lorne nos apresentou essa música na nossa adolescência.

“Eu vou tocar essa música no nosso casamento.” Jake sorri.

“Faça isso.” Conor belisca o mamilo dele através da camisa.


“Porque quando eu tocar ela no seu funeral, vou estar com um
acompanhante.”

Ele agarra o pulso dela e puxa-a para perto. “Solte o violão.


Eu tenho outra coisa para você brincar.”

Com um olhar desafiador, ela libera o braço e dedilha os


acordes de outra música.

Eu coço a barba no meu queixo. “Você está perdendo o jeito,


Jake.”

“Vamos ver isso quando ela for para a cama implorando por
uma punição.”

“Então isso é coisa de família”, Maybe murmura ao meu lado.


“Chicotes e coisas...”

“Chicotes são superestimados.” Eu dou-lhe uma piscadela e


aproximo a gaita da minha boca.

Trails of Sin #2
Tocamos mais algumas músicas antes de sua cabeça pender
para o lado e sua boca se abrir em um ronco silencioso.

“Nós a perdemos.” Conor coloca o violão de lado e rasteja no


colo de Jake.

“Eu já volto.” Eu levanto o corpo frouxo de Maybe e a levo


para dentro de casa.

Ela se mexe durante a caminhada, mas não acorda


completamente. Olhos fechados, ela se aninha contra o meu peito
e satura minha inalação com o cheiro de menta de seu xampu.

Enquanto as sombras dançam ao longo das curvas suaves


de seus quadris e pernas, eu não posso deixar de examina-la. A
forma perfeita dela aquece meu sangue e desperta um desejo
primitivo de mantê-la perto apenas para evitar que outros homens
a toquem.

Eu gostaria de não estar atraído por ela. Isso seria menos


complicado se ela fosse mais adversária e menos fascinante. Mas
ela me seduz sem nem tentar. A sensação sedosa de sua pele, o
doce sabor de sua boca, a teimosia dela comigo a cada passo – ela
é um sonho misterioso envolvido na promessa de sexo. Nenhum
homem solteiro poderia afasta-la.

Eu não apenas exigi que ela ficasse. Dei-lhe um bezerro


britânico White Park bem-nascido e documentado, pelo amor de
Deus. O que eu estava pensando?

Eu não estava. Isso vai além do fascínio e da insanidade.

A porta da minha suíte surge no final do corredor, e eu a


considero por alguns segundos antes de forçar meus pés a entrar
no quarto de Lorne. Quando eu a coloco na cama, ela desperta.

“Adormeci.” Ela olha para mim com as pálpebras pesadas e


toca meu rosto. “Deus, você é bonito. Aposto que você ouve isso o
tempo todo.”

Trails of Sin #2
Eu costumo achar essas palavras banais e hipócritas, mas
em seus lábios, elas soam genuínas.

“Eu quase levei você para a minha cama.” Eu viro a cabeça


e beijo as pontas dos seus dedos. “Mas eu quero você lá por sua
própria vontade.”

“Eu não vou...”

“Você vai.” Eu rastejo sobre ela e abaixo meu corpo entre


suas pernas. “Vou esperar.”

“Isso é esperar?” Suas mãos caem para meus quadris e


apertam.

“Você não tem ideia.”

O impulso de pressionar contra ela é esmagador, mas se ela


disser para parar, isso acaba. Eu a perderei e não posso arriscar
isso.

Em vez disso, espero que ela me afaste.

Ela não faz isso.

Uma batalha interior mancha sua expressão, seu corpo duro


e resistente abaixo de mim. Então seu olhar abaixa e encontra
minha boca. Esse é todo o convite que preciso.

Eu me aproximo e puxo seu lábio inferior entre os


dentes. Ela engasga e eu mordo, proibindo-a de se afastar.

Um barulho assustado soa em sua garganta. Então um


segundo de hesitação. E outro.

Ela levanta a mão para o meu cabelo. A outra desliza ao


longo do meu queixo. Sua boca encontra meu lábio superior e ela
se aproxima, se inclinando, respirando rapidamente, os dedos se
curvando e puxando as raízes do meu cabelo.

Ela quer isso. Cristo, sinto a necessidade vibrar nela. Mas eu


fico imóvel, forçando-a a vir até mim.

Trails of Sin #2
Entregue-se, baby.

Com um gemido, ela chupa meu lábio superior, suavemente


a princípio, depois mais forte, mais faminta. Sua mandíbula
destrava. Sua língua aparece e ela se derrete embaixo de mim em
submissão irresistível.

Eu abaixo, assumindo o beijo e reivindicando-a com carícias


urgentes. Meu pau acorda e minha respiração escapa em sopros.
Eu agarro sua coxa ao redor do meu quadril e pressiono um pouco
mais, esfregando meu zíper contra o meio de suas pernas e
buscando alívio. Porra, eu a quero tanto que isso é tortura.

Suas mãos seguram meu rosto perto do dela enquanto eu


domino sua boca, impedindo-a de formar palavras. Cada
movimento da minha língua é uma ordem para aceitar, cada
mordida uma demanda para se render. Meu aperto em sua coxa
manda-a se soltar, se entregar ao meu desejo, juntar-se a mim na
urgência.

“Jarret.” Ela empurra meus ombros, ofegante. “Eu não


posso. Eu não sou...”

O sangue pulsa no meu pau, meus pensamentos uma


nuvem de necessidade. “Não o que?”

“Eu não sou como as mulheres com quem você dorme.”

“Eu sei.” É precisamente por isso que estou todo enrolado


nela.

Com grande esforço, eu saio de cima dela e sento na beirada


da cama, deixando os cotovelos sobre meus joelhos.

Ela puxa as cobertas até os ombros e se acomoda de lado,


me observando. “Se eu não estivesse aqui esta noite, você estaria
na cidade?”

“Sim.” Eu passo a mão pelo meu cabelo, irritado pelo fato de


que em algum momento nas últimas vinte e quatro horas, perdi
todo o interesse em outras mulheres.

Trails of Sin #2
“Eu não sei como você trabalha doze horas por dia e encontra
a energia para pegar garotas à noite.” Há um tom ácido em sua voz.
“Não me deixe impedi-lo de sair. Já faz dois dias desde que você
transou.”

Ela está com ciúmes, salientado pela carranca que ela tenta
esconder atrás da dobra da mão no travesseiro.

É fodido, sentimentos conflitantes pulsam dentro de


mim. Satisfação, porque eu a afeto. Culpa, porque a perturba
pensar em mim com outra pessoa. O último me faz querer arrastá-
la para o meu colo e garantir que ela é a única que eu quero.

Mas eu não estou em um relacionamento monogâmico com


essa mulher. Ela está em uma missão para expor minha família e
tenho certeza de que ela está abrigando seus próprios segredos. Eu
a respeito, mas não confio nela.

Preciso esquece-la, convencê-la de que não tenho nada a


esconder e mandá-la para casa. Pelo menos eu não tenho que me
preocupar com ela se apegar.

“Vou deixar você dormir.” Eu me levanto da cama e vou em


direção ao corredor, negando o desejo de dar-lhe um olhar de
despedida.

Até eu alcançar a porta.

Não posso evitar. Há algo tão marcante e viciante nela que


atrai meu olhar e me faz tremer para colocar minhas mãos por
todas aquelas curvas suaves de um jeito que nunca considerei
tocar uma mulher.

Eu quero segurá-la sem a antecipação do sexo. Quero


descobrir onde ela tem cócegas, o que faz seus dedos curvarem e
como provocar um sorriso com a carícia da minha mão. Mais do
que tudo, quero capturar a chama dentro dela e mantê-la acessa
entre nós.

Seus lábios cheios achatam e seus brilhantes olhos azuis se


estreitam sobre um nariz empinado enquanto permanecemos

Trails of Sin #2
presos em um olhar fixo. Eu não sei o que ela sabe sobre mim ou
as coisas que fiz, mas seja o que for, ela não tem medo. Talvez tudo
que ela tenha é essa lista de nomes e uma cabeça cheia de
suposições.

Isso é suficiente para obrigar uma jornalista sem-teto dirigir


mil e quinhentos quilômetros para investigar?

Seis anos atrás, Sandbank lotou com repórteres de todo o


país. Com o julgamento de Lorne e o repugnante ataque a Conor,
havia detalhes suficientes para preencher jornais. Mas isso está no
passado. O desfile de vans de notícias e câmeras sofisticadas
desapareceram tão rápido quanto eles chegaram.

Maybe Quinn pode se vestir como uma repórter, mas ela não
se comporta como uma. Ela é difícil, mas não do jeito agressivo e
insistente que eu esperava. Eu não a vi com um dispositivo de
gravação ou até mesmo um bloco de anotações. Ela tem um
telefone, mas não está conectada a ele ou ao mundo exterior. Os
jornalistas não são obsessivamente apaixonados pela agitação da
vida e capturam tudo para o consumo público?

Ela não se encaixa nessa personalidade afinal de contas.

Eu olho para ela com severidade. Por que você está aqui?

Ela olha de volta, e porra, se eu não quero beijar aqueles


lábios carnudos até consumir essa atitude que ela demonstra
agora. Em vez disso, apago a luz e fecho a porta.

No caminho para a varanda dos fundos, paro na lavanderia


e troco as roupas para a secadora. Antes do jantar, lavei as roupas
que ela usou hoje. Ela vai ter que usá-las novamente amanhã e no
dia seguinte e assim por diante até eu descobrir uma solução. Não
gosto de ir às compras.

Enquanto eu jogo suas roupas molhadas na secadora, meus


dedos deslizam contra um fino pedaço de cetim. Eu paro com a
mão na máquina, curvando-me para olhar a calcinha preta na
minha mão.

Trails of Sin #2
Eu olho de volta para a porta onde a deixei, imaginando o
olhar em seu rosto se ela sair e me pegar.

Não seja esse cara.

Muito tarde.

Levanto-a ao nariz por compulsão, não por escolha. O sabão


apagou qualquer cheiro dela, mas meu pau reage de qualquer
maneira, enquanto eu visualizo o tecido esfregando contra sua
buceta durante todo o dia.

“Você está cheirando a calcinha dela?” O sussurro de Conor


sai da entrada do corredor.

Em uma tentativa de envergonhá-la, eu a levanto,


pendurada em um dedo, e arqueio uma sobrancelha em sua
direção. “Se você acha que meu irmão não cheira as suas...”

“Eu sei que ele cheira.” Ela caminha em minha direção e pula
na secadora. “O que você está fazendo, Jarret?”

O silêncio carregado de sua voz me diz que ela não está


perguntando sobre a roupa.

“Eu não tenho ideia.” Eu atiro a calcinha na secadora,


empurro suas pernas para o lado para fechar a porta e alcanço
atrás dela para ligar a máquina. “O que você quer?”

“Você demorou voltar. Jake e eu fizemos apostas sobre se


você e a repórter estavam ocupados. Então ele se cansou de
esperar e foi para a cama.”

“Quem ganhou a aposta?”

“Eu ganhei.” Um sorriso suaviza seus olhos. “Ela não é uma


das suas Maria Betreiras.”

“Não, ela não é.” Eu me viro e vou em direção ao meu quarto.

“Se ela vai ficar, ela precisa de mais roupas de trabalho.” Os


passos de Conor seguem os meus, pelo corredor e na minha suíte.

Trails of Sin #2
“Eu estou trabalhando nisso.”

“Nós dois sabemos que você não faz compras.” Ela fecha a
porta atrás dela. “Quer que eu peça algumas roupas? Eu conheço
algumas lojas online que...”

“Sim.” Eu puxo um maço de dinheiro da minha carteira e


entrego a ela. “Isso seria realmente útil.”

“Considere isso feito.” Ela embolsa o dinheiro e sobe na


minha cama para mexer na gaveta da minha mesa de cabeceira.
“Você ainda tem o seu...?” Ela puxa a caixa de lata. “Sim!”

“Nem pense nisso.” Eu pego a caixa de maconha da mão dela


e a devolvo na gaveta.

Eu fumo para relaxar as dores do trabalho árduo. Quando


éramos mais novos, Conor costumava se esgueirar e ficar chapada
comigo. Até que Jake e Lorne descobriram.

Eles me falaram o que pensavam sobre isso ao bater no meu


rosto.

“Jake não é o meu chefe.” Ela cruza os braços.

“Tente dizer isso a ele.”

Ela resmunga e deita na cama. “Eu conversei com Lorne


sobre sua convidada.”

“Ele respondeu ao meu e-mail esta manhã.” Eu retiro


minhas botas e me deito de costas ao lado dela. “Ele quer conhecê-
la.”

“Você acha que isso é sensato?”

“Não é como se ele diria qualquer coisa incriminadora. A


prisão monitora tudo.”

“Shh!” Ela bate a mão sobre a minha boca e sussurra, “E se


ela plantou alguma coisa aqui? Ela poderia estar ouvindo agora.”

Trails of Sin #2
Eu empurro o braço dela para longe. “Ela não teve a
oportunidade.”

“Você não pode vigia-la a cada segundo de cada dia. Você


não está preocupado com ela espionando?”

“Não.”

“Jarret, isso é importante. Se eu perder outro de vocês para


a prisão...”

A preocupação em sua voz me leva a virar de lado e encará-


la. “A mente dela não funciona assim. Não consigo identificar, mas
sei que ela não é tão manipuladora ou conivente quanto ela quer
que eu acredite.”

“O que você quer dizer? Como se ela não fosse repórter?”

“Não. Sim. Porra, eu não sei. Algo a levou ao meu pai. Ela
disse que era uma pista sobre outra história. Isso é plausível,
mas...”

“Mas?”

“Isso parece pessoal. Ela está sem casa porquê... Como ela
disse? Julgamento ruim e sorte podre.”

Seus olhos verdes brilham. “Você acha que ela estava


envolvida com os agiotas? Ou alguém da família dela? E se um
desses homens fosse seu pai ou irmão...?” Ela engasga. “Oh Deus,
Jarret.”

“Calma, Watson. É um erro capital teorizar antes dos fatos.”

“Isso foi Sherlock Holmes?” Seu olhar se move rapidamente


para a estante de aço, onde residem meus livros de infância
favoritos.

“Sim, e os fatos são estes... Ela não tem irmãos ou pais


vivos.”

Trails of Sin #2
“Isso é, se ela disse a verdade. Você está ouvindo seu instinto
ou algo mais?”

“Tudo isso.”

Eu rolo de costas e entro em uma crítica incoerente sobre


meus sentimentos conflitantes em relação à mulher no outro
quarto.

Conor se acomoda de bruços. Descansando seu queixo sobre


as mãos cruzadas no meu peito, ela absorve cada palavra como ela
fazia sempre que eu desabafava sobre garotas no ensino médio.

Quando eu fico quieto, ela resmunga.

“O quê?” Eu olho para ela.

“Ela vai se apaixonar por você.”

Eu solto um grunhido assustado. “Isso não está nem mesmo


no reino das possibilidades.”

“Se você acredita nisso, sinto muito por você.”

“O que diabos isso quer dizer?”

“Você é um cara legal. Um ótimo cara. Eu sei que você fez


coisas das quais não se orgulha, mas não define quem você é.”

Meu estômago revira. “Abandonar você por seis anos me faz


o pior irmão...”

“Jarret.” Ela levanta a cabeça e agarra minha camiseta. “Não


é disso que estou falando. Eu te perdoei por isso. Esqueça isso.”

Eu não posso esquecer, mas bagunço o cabelo dela até que


ela relaxa no meu peito.

Se ela está se referindo aos corpos na ravina, não sinto um


pingo de remorso por isso. Aqueles homens a ameaçaram e fiz
exatamente o que Lorne teria feito. Eu a protegi a todo custo.

Trails of Sin #2
“Eu senti falta disso.” Ela vira de costas com a cabeça
apoiada no meu torso. “Nós costumávamos ter as melhores
conversas sobre garotas, não é?”

Sorrio. “Sim. Como você está?”

“Melhor. Jake age como um urso, mas eu preciso disso. Ele


me faz anotar cada sentimento, memória e...” Ela geme. “É
horrível. Mas então nós repetimos várias vezes até que não seja tão
horrível. Ele tem a paciência de um santo.”

“Eu preciso de um pouco da paciência dele para esfregar em


mim.”

“Você sabe, é bom ver você trabalhando por atenção de uma


mulher para variar. Você vai apreciá-la mais.”

Eu já a aprecio. Cada centímetro insaciável e irritante


dela. Esse é o problema.

Conor ri para si mesma. “Lembra da Stacy no ensino


médio? A garota que te deu um álbum da futura vida juntos de
vocês? Incluía seu casamento com ela e coisas aleatórias sobre
você, como sua comida favorita, cor, músicas e havia uma página
inteira dedicada à forma de seus lábios.”

Eu estremeço. “A conversa mais longa que tive com aquela


garota foi: o que foi? Nada.”

Conor destaca mais algumas perseguidoras do meu passado


e nós deslizamos para uma conversa tranquila sobre tudo e nada,
rindo e relembrando e perdendo a noção do tempo.

Até a porta se abrir.

Jake preenche o batente da porta, sem camisa e carrancudo.

“Você disse que ia pegar um copo de água.” Ele cruza os


braços sobre o peito.

Conor se senta e afasta os emaranhados ruivos de seu rosto.


“Jarret precisava de ajuda com seus problemas com garotas.”

Trails of Sin #2
“Ela veio aqui para fumar um baseado.” Dou-lhe um pontapé
na cama.

“Isso, também.” Ela levanta e se arrasta em direção à porta,


sorrindo de volta para mim. “Mesma hora amanhã?”

“Você estará cansada demais para conversar.”

A temporada de marcação começa amanhã, o que significa


que não há tempo de inatividade por uma semana.

“É verdade.” Ela faz uma pausa ao lado de Jake. “Me leva


nas costas?”

“Não.” Ele dá um tapa na bunda dela. “Vá para a cama.”

Sua risada a segue para fora do quarto e pelo corredor.

Ele se vira para mim e endurece os olhos. “Não a deixe


chapada.”

“Relaxa. Os pulmões dela estão seguros.”

Ele me estuda por um momento, medindo meu humor. “Se


você precisa falar sobre... o que está acontecendo...”

“É para isso que tenho Conor.”

Nós compartilhamos um sorriso. A comunicação entre nós


não exige palavras. Às vezes usamos nossos punhos, mas isso não
é necessário hoje à noite.

Com um aceno de cabeça, ele entra no corredor e fecha a


porta.

Eu afundo no colchão e considero me masturbar antes que


amanheça o dia. O estrado da cama range quando empurro o jeans
pelas minhas pernas e arranco a camiseta. Expirando, eu agarro a
base do meu pau através da cueca e fecho meus olhos.

A imagem de olhos azuis e cachos loiros cintila na parte de


trás das minhas pálpebras. Eu deslizo minha mão ao longo do meu

Trails of Sin #2
pau duro e o ar engrossa com um desejo que vai além de uma
liberação rápida.

Meu coração pulsa forte só de pensar nela. Eu sei que ela me


quer. Eu sinto isso toda vez que nossos olhos se conectam. Então,
por que eu estou deitado aqui sozinho quando ela está no final do
corredor?

Isso é loucura.

Eu jogo as pernas para fora da cama, coloco o jeans e


caminho com proposito para a porta. Não paro até chegar à suíte
de Lorne e entrar.

Meu corpo se arrepia quando me aproximo da cama e fico


dolorosamente consciente de minha respiração.

E dela.

Suave e feminina, o som do ar passando por seus lábios me


faz parar. A profundidade de seu sono é um testemunho de quanto
eu cansei ela hoje. Enquanto eu me sento na beira do colchão, ela
nem se mexe.

Por que eu vim aqui? Eu sabia que ela estaria dormindo e


não tenho intenção de acordá-la. Só precisava checar
ela. Precisava vê-la.

A luz do corredor atravessa a porta parcialmente aberta,


pintando um brilho suave em seu rosto. Ela dorme de lado, os
braços contra o peito e as mãos cruzadas no travesseiro. A posição
perfeita para se apoiar contra mim, lado a lado, no centro da minha
cama.

Os cachos dourados se espalham ao redor de seus ombros e


braços, engolfando seu pequeno corpo. Seus lábios cheios,
ligeiramente separados, emitem um pequeno sopro de som a cada
expiração.

O que mais me chama a atenção, no entanto, são os


cílios. Longos e grossos, eles não estão agrupados com a gosma

Trails of Sin #2
preta que a maioria das mulheres usa. Eu não acho que ela tenha
maquiagem.

O que eu não daria para deslizar um dedo ao longo desses


cílios. Aposto que eles são como penas contra as maçãs de suas
bochechas. Algum dia, logo, vou beijar cada uma de suas pálpebras
e deixar aquelas pestanas sensuais acariciarem meus lábios. Eu
nunca quero vê-los molhados. A menos que esteja à beira do
prazer.

Ela vai se apaixonar por você.

Esse não é o perigo aqui.

Sou eu. Estou escorregando e sei disso. Preciso recuar.

Eu nem sequer a conheço.

Exceto que cada respiração no meu corpo exige que eu faça


isso.

Estendendo a mão para o rosto dela, cuidadosamente afasto


os cachos suaves para longe de sua bochecha. O simples toque
vem com uma realização surpreendente.

Eu quero cuidar dela. Não é apenas um desejo. É


instinto. Se eu ganhei esse direito é insignificante. Ela é minha
responsabilidade.

Não sei o que isso significa exatamente, mas parece que eu


posso correr para sempre, procurar para sempre e acabar de volta
onde estou.

Estou destinado a isso, seja o que for.

Trails of Sin #2
A terceira semana de todo mês de junho é a data da nossa
marcação. Os próximos seis dias consistem em longas, miseráveis
e quentes horas de separação, marcação, vacinação e castração de
gado com pouco sono. É também uma desculpa para tocar música,
churrasco e falar um monte de lixo.

Temos que trazer pessoas extras e eles trazem seus cavalos


e trailers. Todo mundo tem seu próprio trabalho – um portão,
curral, rampa, gaiola, ferrão elétrico. Cada pessoa sabe ficar em
posição de manter as coisas funcionando sem problemas.

Exceto Maybe.

“Por que elas estão berrando assim?” Ela grita acima das
vacas berrando e me segue ao redor do curral.

“O gado é mais esperto do que parece. Eles sabem que vão


ser vacinados e ser separados de suas crias e estão brigando por
causa disso.” Eu escalo a grade de uma gaiola de aço e agarro seu
braço, impedindo-a de me seguir. “Onde você deveria estar?”

Ela faz uma careta, deixando feio seu rosto bonito e aponta
para a rampa atrás dela.

“Ali e ficar parada.” Eu me viro, focado na próxima tarefa,


mas sua pequena mão pega a parte de trás da minha camisa.

“Onde está Chicken?” Seus olhos arregalados vasculham as


gaiolas cheias de bezerros.

Trails of Sin #2
Um dos caras mais velhos passa perto e inclina o chapéu
para ela. “Senhora.”

Seu olhar se prende no ferro de marcar em sua mão, e ela


engasga. “Oh meu Deus, Jarret. Você não pode...”

“Eu coloquei Chicken no estábulo esta manhã. Não há razão


para marcá-la.”

“Por que você tem que marcar qualquer um deles?” Ela


pressiona a mão na testa e gira ao redor. “É bárbaro e cruel e...”

“É necessário.”

“Jarret!” Jake chama do outro lado da gaiola. “Você já fez a


contagem?”

Eu levanto um dedo e volto para Maybe. “Os inspetores da


marca nos celeiros de venda não nos deixam vender os animais
sem a nossa marca. É assim que é, querida. Se você não pode
tolerar, fica fora disso.”

A tristeza ilumina seus olhos enquanto ela examina os


bezerros inquietos e berrando. Eu meio que espero que ela faça
algo irracional, como abrir os portões e tentar libertar o rebanho.

Mas ela é uma mulher inteligente. E persistente. Se


consegue amarrar um bezerro de cem quilos em um riacho e se
controlar para enfiar o braço na bunda de uma novilha, ela
consegue suportar o fedor de pelo de vaca em chamas ou a visão
de um bezerro perdendo sua masculinidade para uma faca cega de
cortar couro.

“O que vai ser?” Eu cutuco meu Stetson e limpo o suor da


minha testa.

Uma decisão se instala em sua expressão e parece assumir


todo o seu comportamento. Meu Deus, é uma coisa linda de
assistir. Ela empurra os ombros para trás e levanta o queixo,
expondo as linhas graciosas de seu pescoço. Postura forte,

Trails of Sin #2
mandíbula forte e contato visual ainda mais forte, ela se move para
o meu espaço pessoal e agarra o corrimão entre nós.

“Pare de olhar boquiaberto e comece a trabalhar, cowboy.”


Seus lábios pairam a um beijo de distância.

“Jarret, droga!” Jake grita atrás de mim. “Apresse-se.”

As vacas estão mais barulhentas e, em algum lugar próximo,


uma caminhonete explode com Get Along de Kenny Chesney
através dos alto-falantes crepitantes.

O caos desaparece ao meu redor quando eu me inclino. Ou


talvez ela se incline. Não tenho certeza de quem se move primeiro,
mas a carícia de sua boca quente contra a minha incendeia meu
cérebro e espalha calor de meus lábios até minhas botas.

É um beijo longo, não em duração, mas na memória. Torna-


se minha salvação e meu tormento durante a próxima semana,
enquanto eu o reproduzo através do ciclo interminável de
vacinação, castrações e marcas.

Quando termina cada dia – oito, nove, dez horas da noite –


comemos em silêncio exaustos e dormimos como mortos, apenas
para acordar antes do amanhecer, tomar banho e repetir.

Desde que a fazenda se estende por trinta e dois quilômetros,


usamos os reboques para transportar o gado das pastagens. De
reunir o gado até o final, o trabalho é ininterrupto e fisicamente
desgastante. Por mais que eu queira continuar de onde parei com
Maybe, mal tenho energia para levá-la para a cama. O que eu faço,
toda noite, quando ela adormece durante o jantar.

No final da semana, eu acordo com um sobressalto e me


encontro esparramado no sofá da sala. Esfregando a mão pelo meu
rosto, encaro os olhos azuis de um anjo. Ela flutua acima de mim,
seu corpo magro submerso em uma das minhas camisetas.

Eu olho em volta, atordoado. “Quando eu...?”

Trails of Sin #2
“Você desmaiou há uma hora atrás. Eu gostaria de poder
levar você para a cama para variar.”

Ela cai na almofada ao meu lado, como se cada músculo


desistisse de lutar contra a gravidade. Os ombros dela caem
frouxos com fadiga, o cabelo recém-lavado cobrindo seus
braços. Com os olhos turvos e privados de sono, ela é tão linda que
é impressionante.

Não posso suportar a ideia de passar outra noite longe dela.

“Venha.” Eu arrasto meu corpo de cachorro cansado para


fora do sofá e seguro sua mão.

Ela não tenta se libertar enquanto eu a conduzo pela casa


escura e para a minha ala.

Jake e Conor já devem ter ido dormir faz tempo. É para onde
estou indo, só que desta vez não vou ficar sozinho.

“Jarret.” Ela tentar parar quando passamos pelo seu quarto.


“Onde você está...?”

Eu aperto sua mão e a puxo até chegar na minha suíte.

“Estou muito cansado para brigar com você.” Eu a solto do


lado de fora da minha porta e vou para a cama. “Estou cansado
demais para fazer qualquer coisa além de dormir. Mas quero você
ao meu lado.”

Ela permanece no limiar quando me sento no colchão e me


curvo para tirar minhas botas. Minhas mãos, minhas costas, cada
articulação do meu corpo dói tão profundamente que o menor
movimento me faz apertar os dentes.

Se eu puder sair dessas roupas, uma boa noite de sono vai


acabar com a dor. Eu puxo uma bota, grunhindo de frustração.

Sua silhueta movimenta na minha periferia e seus passos


suaves se aproximam. Ela está no rancho há oito dias e esta é a
primeira vez que ela entra na minha suíte.

Trails of Sin #2
“Eu vou fazer isso.” Ela se ajoelha diante de mim e remove
minhas botas e meias com uma gentileza que me faz gemer.

Eu caio de costas, pernas pendendo da cama, e luto para


manter meus olhos abertos. “Eu não posso me mover.”

“Gosto de você assim.” Ela fica entre meus joelhos e


descansa as mãos nos quadris. “Um bebê grande e inofensivo.”

Eu tento formular uma resposta, mas meu cérebro não está


funcionando. A próxima coisa que sei é que ela está se arrastando
sobre mim, tentando tirar minha camisa.

“Você adormeceu novamente. Incline-se.” Ela empurra o


tecido pelo meu peito e o tira da minha cabeça com pouca ajuda
da minha parte.

Seus olhos descem para a fivela do meu cinto e ela solta um


suspiro.

“Eu vou tirar seu jeans. Não tenha ideias.” Ela desfaz meu
cinto e o zíper. “Vamos apenas dormir.”

“Dormir parece ótimo”, murmuro.

Ela puxa o jeans pelos meus quadris, mantendo minha


cueca no lugar enquanto eu levanto e arqueio com a última das
minhas forças.

A calça jeans cai no chão, e ela recua, peito arfando, lábios


entreabertos e olhos gananciosos devorando meu corpo inútil, meio
nu.

Ela gosta do que vê. Pena que não tenho energia para fazer
algo sobre isso.

“Jesus, você é...” Sua respiração falha. “Muito duro.”

Eu olho para a protuberância em minha cueca e fecho os


olhos. “A única maneira de conseguir a ação é se você cair nele. Eu
não conseguiria mexer meus quadris mesmo se tentasse.”

Trails of Sin #2
“Não, quero dizer, você é duro em todos os
lugares. Desculpe, eu só... nunca vi um homem que parece com
você.”

Minhas narinas se abrem. Não quero pensar nos homens


que ela viu. “Venha para a cama.”

“Acho que vou apenas...” Seus passos recuando abrem meus


olhos. “Vou dormir no outro quarto.”

“Não, você não vai.” Eu arrasto minha bunda para o centro


da cama com movimentos desajeitados e puxo o lençol sobre mim.

“Eu não vou ser outro entalhe em sua cama.”

“Nunca dormi ao lado de ninguém.” Eu levanto as cobertas


em convite. “Por favor.”

“Nunca?” Suas sobrancelhas arqueiam.

“Nem uma vez.”

“Sou a primeira?”

“A única.”

Ela morde seu lábio inferior e depois o solta com uma


expressão severa. “Sem sexo.”

“Traga sua bunda teimosa aqui.”

“Diga por favor novamente.” Ela cruza os braços.

“Você vai ser a minha morte.” Eu solto as cobertas e afundo


no travesseiro. “Por favor.”

Tentando esconder o sorriso, ela fecha a porta, apaga a luz e


caminha pelo quarto na ponta dos pés.

“Você tem uma decoração urbana moderna por aqui.” Ela


desliza ao meu lado, mantendo vários centímetros entre nós.
“Muito monocromático com o esquema de cores cinza e preto e
móveis de aço.”

Trails of Sin #2
O que quer que isso signifique.

Eu coloco um braço em volta de sua cintura e a puxo para o


outro lado do colchão até que suas costas estejam contra meu
peito. Ela grita, endurece contra mim e depois relaxa.

“Você esperava gambás empalhados?” Eu esfrego meu nariz


pelo seu cabelo macio e úmido, saboreando a sensação dele contra
o meu rosto.

“Sim. E uma parede de espingardas, calças térmicas,


chicotes...”

“Calças térmicas estão no armário.”

“Só você poderia usá-las e ainda parecer sexy.”

“Fique por perto até o inverno e você pode ver por si mesma.”

Ela limpa a garganta, desaparecendo em um sussurro. “O


que está na agenda amanhã?”

“Nós vamos dormir até as seis.”

Ela solta um suspiro letárgico.

“Eu tenho trabalho para fazer de manhã.” Eu deslizo a mão


sobre seu quadril. “À tarde, vamos visitar Lorne.”

Tenho planos para ela durante a viagem de duas horas até a


prisão. Se ela ainda estiver por perto depois disso, vou usar um
pouco do chicote amanhã à noite.

Ela permanece quieta, seu corpo macio e relaxado contra


minha frente. O ritmo uniforme de sua respiração corta o ar, sua
pele não responde enquanto acaricio sua coxa nua.

Ela já está dormindo, envolta em sono exaustivo.

Eu começo a dormir junto com ela, lutando com tudo o que


tenho. Quero saborear isso – o calor de sua pele, o cheiro de seu
cabelo, o ritmo de seu batimento cardíaco. Ela é um sonho que eu

Trails of Sin #2
desejo continuar acordado, uma tela erótica a ser explorada e
apreciada.

Enquanto passo a mão ao longo da curva de sua coxa, a


inconsciência cai como um machado.

Antes do amanhecer, acordo abruptamente, minha mente


grogue se deleitando nos resquícios de um sonho, relutando em
deixá-lo ir.

Eu pisco contra a escuridão, percebendo que o sonho é


muito real, enrolada em meus braços, respirando contra o meu
pescoço, com uma perna jogada sobre a minha dolorosa ereção.

O relógio na mesa de cabeceira me diz que tenho vinte


minutos antes de precisar estar na sela. Vinte minutos para fazer
uma viagem pelas curvas e vales moldados ao meu lado.

Eu começo na parte de trás do joelho dela, mudando a perna


da minha virilha para o meu abdômen. Com dedos leves, percorro
um caminho ao longo de sua coxa até a bainha de seu short de
algodão.

Ela geme enquanto dorme e afunda o rosto mais


profundamente no meu pescoço. Minha respiração acelera, meu
corpo aquecendo e tenso contra ela.

Não me lembro da última vez que passei mais de uma


semana sem sexo, mas não é só isso. É ela.

Tudo nela parece certo, desde seu espírito argumentativo até


a inocência que irradia de seus poros. Sua mente aberta e
capacidade de ajustar é refrescante. Ela é vegetariana, mas não
empurra suas escolhas alimentares para os outros. Ela quer salvar
todas as galinhas, mas ela não está aqui para sabotar meus
negócios.

Ela não dorme com qualquer um, mas seus olhos iluminam
com tanta curiosidade sexual e interesse, que faz minhas bolas
pulsarem.

Trails of Sin #2
Eu quero conhecer suas fantasias, doma-las e transforma-
las em algo que ela só vai experimentar comigo. Mas por enquanto,
vou me contentar com uma amostra de vinte minutos.

Ela está acostumada a usar minhas camisetas na cama e


esta fica pendurada no ombro e na metade do braço, criando uma
visão sedutora de seu seio.

Eu aproximo minha boca ali, deslizando levemente meus


lábios através da pele macia. Colocando uma mão na parte de trás
de sua coxa, deslizo por baixo do short solto e seguro o músculo
firme de sua bunda. Sem calcinha.

Um alongamento estremece seu corpo e ela se contorce mais


perto, arqueando contra a minha boca com os dedos no meu
cabelo. Seu mamilo escondido aparece e eu me agarro a ele,
puxando-o entre os meus lábios com um gemido.

Ela fica tensa. “Jarret?”

“Eu só estou provando.” Deslizo minha língua sobre o


mamilo duro, mordiscando. “Você é tão sexy.”

Sua bunda flexiona sob a palma da minha mão, mas, em vez


de me afastar, ela se aproxima, se movendo incansavelmente com
respirações superficiais. “O que você está fazendo comigo?”

Arruinando-a para todos os outros homens.

“Você vai dormir aqui de agora em diante.” Eu seguro sua


nádega e deslizo meus dedos por sua fenda.

“Eu poderia ser mais receptiva...” Ela empurra o meu braço


e se contorce para escapar. “Se você fosse menos mandão e mais
educado.”

“Educado?” Eu aperto sua cintura e a arrasto em cima de


mim para montar meus quadris.

“Por favor e obrigado seria um bom começo.” Ela fica onde


eu a posicionei, olhando para mim no escuro.

Trails of Sin #2
A sombra do cabelo dela se enrola em volta do rosto e do
peito. Suave e despenteado, há tanto que eu poderia usá-lo como
corda para amarrar seus braços.

“Como você dormiu?” Eu levanto a mão para segurar seu


mamilo exposto.

“Surpreendentemente bem.” Ela bate na minha mão e ajusta


a camisa para se cobrir. “Obrigada por se comportar... até esta
manhã.”

Agora que estou descansado, o comportamento não é uma


opção. “Você já dormiu ao lado de um homem?”

“Eu tive alguns relacionamentos fracassados. Homens com


quem vivi.” Sua expressão escurece. “Erros que não pretendo
repetir novamente.” Ela se afasta de mim e sai da cama. “Preciso
me preparar.”

Uma pergunta e eu completamente azedei o humor.

Enquanto ela foge do quarto, anseio para persegui-la e exigir


respostas. Respostas sobre seus relacionamentos
passados. Respostas sobre seu conhecimento da corrupção e
assassinato em Julep Ranch. Essas são duas áreas que parecem
faze-la calar mais rápido.

Mas não vou chegar a lugar nenhum até ganhar sua


confiança. A melhor maneira de fazer isso é com minhas mãos e
boca, dor e prazer, rendição e dominação.

Se ela aprender a confiar em mim com um chicote na minha


mão, ela vai se abrir. Tenho certeza disso.

Trails of Sin #2
Mais tarde naquela manhã, coloquei Maybe na sela e saí
para o pasto para deixá-la visitar Chicken.

Seu rosto se ilumina tão magicamente com a visão do


bezerro que sinto uma pontada de ressentimento ciumento pelo
bicho. Mas desde que eu não posso negar essa felicidade, vou
trazê-la aqui todos os dias até que o bezerro seja desmamado.

Só que isso será daqui a seis meses. Maybe já terá ido


embora há muito tempo.

Meu peito se contrai e empurro o sentimento para longe.

“Volto para pegar você.” Eu me inclino na sela, encontrando


seus olhos onde ela está perto da cerca. “Pode ser uma hora ou
mais.”

“Não tenha pressa.” Ela olha para o bezerro do outro lado do


pasto e descansa a mão contra o coração. “Muito obrigada por
isso.”

“Por nada.”

Uma blusa franzida se agarra aos seus seios redondos. O


jeans molda os quadris esguios e a cintura baixa revela seu
abdômen liso. Conor gastou bem meu dinheiro e Maybe estava
humildemente grata quando as roupas chegaram.

Trails of Sin #2
Eu posso observá-la o dia todo, absorvendo suas expressões,
seus sons sensuais e sua beleza, enquanto guardo tudo na
memória. Se eu não afastar meu olhar agora, nunca vou sair.

Coloco Ginny em movimento e o conduzo na direção da


estrada principal. Há um ponto vulnerável ao longo da cerca que
requer monitoramento regular.

É uma viagem de dezesseis quilômetros em terra plana,


então deixo Ginny galopar. Seu trote suave e uniforme desliza
sobre a terra a uma velocidade que me tira dos estribos. Enquanto
seu peso se desloca das pernas de trás para as pernas da frente,
eu me inclino para frente e ajusto o ângulo dos meus quadris para
compensar o impulso e manter meu centro de gravidade.

Nada parece mais perto de voar do que andar a cavalo a essa


velocidade. Coração retumbando, vento passando pelos meus
ouvidos, as vibrações dos cascos através do meu corpo – é uma
indulgência tão quente, real e sensível como o sexo. E quase tão
prazeroso.

Quando chego à cerca, faço uma rápida inspeção, e tudo está


certo. Do outro lado, a estrada de terra se estende sobre a colina. À
distância, a casa principal e o estábulo parecem miragens
nebulosas no calor.

A urgência me afasta. Preciso limpar as baias antes de voltar


para pegar Maybe. Quando me viro nessa direção, o som de um
motor se aproximando me faz parar.

O único tráfego nesta estrada é empregados e visitantes da


fazenda. Nós não estamos esperando visitantes.

Um SUV preto emerge sobre a colina em uma nuvem de


poeira. A barra de luz no teto brilha ao sol.

Filho da puta.

Xerife Fletcher não aparece a menos que haja


problemas. Pode ser qualquer coisa, mas suspeito que a ausência

Trails of Sin #2
de Levi Tibbs em se reportar ao seu agente de liberdade condicional
está no topo da lista.

Respirando fundo, guio Ginny mais perto da cerca.

Fletcher desacelera ao meu lado em seu SUV pretensioso,


que o departamento de polícia de Sandbank nunca poderia
pagar. Sem dúvida, a perfuração no Julep Ranch ajudou a pagar
pelo pedaço de metal.

“Bom dia, Jarret.” Ele inclina o cotovelo pela janela e mexe


com o bigode branco. “Como está o trabalho com o gado?”

“Ocupado. O que posso fazer por você, xerife?”

“Oh, bem...” Ele inclina a cabeça para fora e cospe na terra.


“Eu espero que você não tenha ouvido falar sobre a caçada ao Levi
Tibbs?”

“Não, senhor.” Eu arregalo meus olhos um pouco, me


fazendo de desentendido.

“Ele desapareceu horas depois de sua liberação. Ouvi falar


da volta de Conor na cidade e não quero que nada aconteça com
ela.”

O mentiroso não dá a mínima para ela.

“Jake está sempre meio passo atrás dela”, digo. “Mas eu


aprecio o aviso.”

“Eu também ouvi que há uma repórter bonita ficando com


você.” Ele contrai o nariz bulboso. “A menos que ela tenha
desaparecido também.”

O bastardo olha para mim com olhos brilhantes, sabendo


muito bem que Levi Tibbs está morto e eu sou o motivo. Mas ao
sugerir que sou capaz de matar Maybe faz meu interior ferver.

“Maybe Quinn está trabalhando aqui por um tempo,


aprendendo o negócio. Tenho certeza de que você a verá pela cidade
em algum momento.”

Trails of Sin #2
“Ela está arrancando uma história de você?”

Essa é a verdadeira razão pela qual ele está aqui. Ele quer
ter certeza de que eu não a alimente com detalhes sobre suas
atividades ilegais. Enquanto ele não tem provas contra mim, tenho
muito para mandá-lo para a prisão.

“Nosso acordo não mudou, xerife. Você pode continuar a


preencher multas de estacionamento e não precisa se preocupar
com nada.”

“Bom ouvir isso, garoto.” Ele bate a mão contra a porta do


carro. “Bom ouvir.”

“Se cuida.”

“Você também.” Ele se afasta.

O xerife será sempre um empecilho, mas não perco o


sono. Quando muito, ele serve como um amortecedor entre o
rancho e outros funcionários da lei. É de seu interesse evitar que
alguém enfie o nariz em nossa terra. Incluindo repórteres.

O resto da manhã passa dolorosamente devagar enquanto a


expectativa aumenta em meu interior. Por mais de uma semana,
eu mantive minhas mãos para mim mesmo. Tenho sido um
cavalheiro digno e respeitável.

Isso me irrita.

Até o momento em que levo Maybe para minha caminhonete,


cada músculo do meu corpo está tenso e vibrando.

Ela usa o vestido que eu a instruí colocar, o branco


esvoaçante da noite em que ela chegou ao rancho. Seu cabelo solto,
sua pele corada e brilhante do chuveiro. O fato de que ela escolheu
usar minhas botas com o vestido apenas alimenta o desejo que
corre pelas minhas veias.

Eu me acomodo atrás do volante e estreito meus olhos no


amplo espaço entre nós. Se ela se sentar mais perto da porta do
passageiro, ela estará comendo a janela.

Trails of Sin #2
“Venha para o meio.” Eu aponto para o centro do banco.

“Por que estou usando um vestido enquanto você está de


jeans e camiseta?”

Eu me viro para ela e digo a verdade. “Eu quero acesso a sua


buceta.”

Sua boca se abre em um suspiro sem fôlego e ela gira em


direção à porta, atrapalhando-se com a maçaneta em sua tentativa
de escapar.

“Maybe.” Em um tom que eu nunca usei com ela, minha voz


atravessa a cabine, afiada e profunda. “Vire sua bunda e olhe para
mim.”

Ela se vira e me lança um olhar fulminante.

Eu a olho da mesma maneira. “Nós não confiamos um no


outro. Você acha que estou escondendo alguma coisa. Eu sei que
você está escondendo algo. Nós dois temos paredes e vou mudar
isso.”

“Colocando sua mão embaixo do meu vestido?”

“Sim.”

“Inacreditável.” Ela olha boquiaberta para mim. “Você é tão...


Eu não sei o que você é, mas aposto que é uma palavra de treze
sílabas em uma ala psiquiátrica! Eu não posso nem acreditar...”

“Cala a boca e escute.”

Seus dentes se juntam, seus olhos azuis furiosos.

“Seria tão fácil descobrir tudo o que quero saber sobre você.”
Eu suavizo meu tom. “Uma ligação para um investigador particular
e eu teria um relatório completo em minhas mãos pela manhã.”

Sua respiração falha. “Isso é invasão de...”

“Não vou fazer isso, Maybe.” Eu aperto o volante. “Quero


mais do que seus segredos. Eu também quero isso, mas não vou

Trails of Sin #2
toma-los. Quero que você me conte quando estiver pronta. Eu
quero ganhar a sua confiança.”

“Sexo não ganha confiança. Isso destrói.”

Uma sensação de tristeza me domina. “Quem machucou


você?”

Ela desvia os olhos para a janela e encosta as costas da mão


na boca.

Seus ombros estão tensos. “Quem?”

Ela balança a cabeça, me privando de seu olhar.

“Deixe-me ser franco com você.” Eu bato os dedos na minha


coxa. “Não sou bom nisso.”

Ela me lança um olhar questionador.

“Isso...” faço um gesto entre nós. “Eu não faço isso com
mulheres.”

“Você não faz o que? Conversar?”

“Sim. Eu falo com Conor, mas ela é... Conor.” Eu giro no


banco para encará-la. “Quando estou com uma mulher, comunico-
me com os meus olhos, o meu toque, o meu corpo.”

Ela faz uma cara de nojo. “Eu prefiro não ouvir sobre...”

“Estou falando. Não é isso que você quer?”

“Você está certo.” Ela se endireita. “Continue.”

“Eu passei a minha vida inteira nesses campos.” Eu aceno


para a paisagem além do para-brisa. “É um trabalho físico solitário
que envolve meu corpo. Não minha voz. Eu uso as mãos em minhas
tarefas ou quando me comunico com outras pessoas. Quando falo
com meu irmão, usamos nossos punhos. Quando estou
interessado em uma mulher, digo a ela com meus olhos. Quando
quero falar com ela, eu a amarro a uma viga de apoio e me expresso

Trails of Sin #2
com um chicote.” Dou a ela um olhar significativo. “Sexo é
comunicação no nível mais profundo.”

“Para um sujeito tátil, você explicou isso muito bem com as


palavras.”

“Eu posso me explicar muito melhor com as minhas mãos.”


Eu descanso a mão no assento entre nós, palma para cima.

“Isso soa como uma cantada.”

“Eu nunca usei uma cantada em minha vida.”

“Porque você não precisa”, ela murmura. “As mulheres se


jogam em você.”

“Estou disposto a trabalhar por isso. Eu quero. Mas preciso


que você trabalhe por isso também. Encontre-me no meio.”

Ela olha para a minha mão, onde espera entre nós. Depois
de um momento de hesitação, ela estende a mão e desliza os dedos
ao longo da cicatriz na palma da minha mão.

“Obrigado.” Eu seguro a mão dela. “Vou tocar em você pelas


próximas duas horas. Vou pressionar contra seus limites, mas vou
parar antes de você dizer a palavra.”

“Como você vai saber?”

“É no que eu sou bom, Maybe. Sei ler o corpo de uma


mulher.”

“Sério?” Ela solta uma risada. “O que o meu está dizendo a


você?”

Eu dou uma olhada nela. Olhar inquieto, pescoço tenso,


deglutição em excesso, palma úmida e um balanço sutil no pé.

“Você está irritada. Em conflito. Apreensiva.” Eu volto para


seus olhos e absorvo a dor que ela tenta tanto esconder. “Solitária
e perdida.”

Trails of Sin #2
Sua cabeça inclina abruptamente para trás e ela engole
novamente.

Eu puxo a mão dela, um comando silencioso para sentar


onde instruí.

Ela solta minha mão e endireita o vestido sobre os


joelhos. Seus dedos vão para o cabelo, remexendo os
emaranhados. Um hábito nervoso.

Então ela abaixa as mãos. “Darei a você o benefício da dúvida


sobre se seus métodos criam confiança. Mas não concordei porque
você rosnou uma ordem. Eu escolhi dar uma chance.”

Uma emoção percorre meu corpo. Ela é maravilhosa,


magnificamente e surpreendentemente perfeita. Teimosa como
uma mula, mas droga, eu não mudaria nada nela.

Ela chega mais perto de mim, ajustando e alisando o


vestido. Ajudo-a a colocar o cinto e ligo o motor. Então pego a
estrada.

Nós viajamos para a cidade em silêncio e eu paro no posto


de gasolina para encher o tanque. Agora seria um bom momento
para comprar preservativos, já que não guardo nenhum em
casa. Mas eu decido contra isso quando a vejo encarando a loja de
conveniência com fogo suficiente nos olhos dela para queimar o
lugar.

De volta a caminhonete, conecto meu telefone ao aparelho


de som e inicio minha playlist.

The Cowboy in Me, de Tim McGraw, começa a tocar. Os


pneus zumbem no asfalto e Maybe fica imóvel ao meu lado.

Espero até estarmos fora de Sandbank antes de dar toda a


minha atenção a ela. Seus joelhos estão colados um no outro. Suas
mãos estão apoiadas em seu colo e seus ombros se agrupam perto
das orelhas. Não é a linguagem corporal que eu esperava.

Trails of Sin #2
“Você está desconfortável.” Eu descanso a mão em seus
joelhos tensos.

“Eu estou, uh...” Ela suga um longo suspiro e libera-o. “Eu


fico enjoada quando estou nervosa.”

Nervosa é melhor que assustada.

“Vou devagar. Tão devagar que você me acusará de ser


cruel.” Aperto o joelho dela. “Coloque sua mão na minha perna.”

Desde que eu preciso observar a estrada, a contração e flexão


de seus dedos me ajudará a monitorar suas reações.

Ela não se move. Nenhuma surpresa. Estou preparado para


pressionar o máximo que puder até que sua relutância desmorone.

Eu aperto o joelho dela com força, mais forte, mais firme...

Ela geme e bate a mão na minha coxa.

Eu relaxo minha mão e a deslizo ao redor de seus joelhos


unidos, mantendo o tecido no lugar como uma barreira.

É onde eu fico pelos próximos trinta minutos. Acariciando,


massageando, eu a toquei através do vestido até que a mão dela
afrouxou no meu colo e seus joelhos relaxaram.

Eu subo o tecido, apenas o suficiente para desnudar suas


coxas. Seus dedos afundam na minha perna e fico imóvel.

Desde que ela teve namorados, sei que ela não é virgem. Isso
não tem nada a ver com prudência e tudo a ver com
desconfiança. Ela fica tensa como se eu fosse abrir suas pernas
com violência e empurrar meus dedos dentro dela com força.

Depois que eu a contive a uma viga de madeira, acho que


não posso culpá-la.

Eventualmente, ela solta algumas respirações e relaxa seus


dedos.

Trails of Sin #2
Durante a hora seguinte, concentrei-me nas coxas dela,
acariciando a pele aveludada, memorizando a forma esbelta e
persuadindo os músculos tonificados a se contraírem e a se
soltarem, tudo ao mesmo tempo em que se aproximavam
cuidadosamente, sutilmente mais perto de sua calcinha.

É uma hora de deliciosa descoberta.

Toques leves provocam cócegas nela. Uma massagem suave


faz ela relaxar contra o assento e transforma seu corpo em
manteiga. Mas é a pressão contundente dos dedos e meu aperto
restritivo em sua perna que acelera sua respiração e faz com que
sua mão pressione e relaxe na minha coxa, como se
inconscientemente implorasse por mais.

Ela gosta de ser adorada e venerada com carinho, mas ela se


excita com uma dominação rude e inflexível.

Contanto que seja com o homem certo. Um homem em quem


ela confia.

Se meu instinto está correto, ela nunca teve esse tipo de


relacionamento, o que significa que ela nunca experimentou a
submissão total e completa que ela anseia.

Ela já está bem flexível sob a minha mão – as pernas


parcialmente abertas, os músculos soltos, respirando profunda e
desenfreadamente. Eu poderia deslizar meus dedos por sua
calcinha e dentro de sua buceta antes que a palavra segura faça
sentido em sua mente.

Mas eu a quero à minha mercê durante a visita a Lorne. Eu


quero que ela pense sobre isso no caminho de volta para casa,
ansiando por mais, necessitando, e imaginando enquanto ela se
torce em uma criatura de fome voraz.

Então eu passo os trinta minutos restantes brincando com


ela. Arrastando os dedos ao longo da borda de sua calcinha,
roçando a fenda de sua buceta e acariciando o interior de suas
coxas, eu a coloco em um estado de tremor e desejo ofegante.

Trails of Sin #2
O clima se quebra no instante em que chegamos à
Penitenciária Estadual de Oklahoma.

Eu paro no estacionamento, cercado por cercas de metal de


dois andares, anti-corte, grama infértil e portões sufocantes. Eu
venho aqui há seis anos e ainda sucumbo à culpa que enrijece a
pele, queima a garganta e provoca dor no meu estomago cada vez
que a vejo.

Lorne matou um homem na noite em que Conor foi


estuprada e ele foi sentenciado a dez anos neste inferno.

Eu matei muitos. Premeditado. A sangue frio. Ainda não


cumpri um único dia atrás das grades. Se eu tenho algum
arrependimento, é que Lorne está trancado lá em vez de mim.

“Isso não é fácil, é?” Ela desliza a mão da minha perna e


empurra o vestido sobre os joelhos.

“Lorne é o cara mais forte que conheço. Se alguém puder


sobreviver a este lugar, é ele.”

Ela balança a cabeça lentamente, olhando para a torre de


guarda. “Eu sei que ele matou um homem inocente, mas não foi
intencional. Dez anos parece um castigo muito longo.”

Um dia teria sido muito longo, mas Dalton Cassidy e o xerife


Fletcher certificaram-se de que Lorne estivesse longe o tempo
suficiente para perfurar sua terra.

Ela olha para seu colo. “Acabamos de passar duas horas


juntos e não trocamos uma palavra.”

“Mas nos comunicamos mais durante esse tempo do que nos


últimos nove dias.”

Seus lábios apertam e relaxam, curvando-se em um sorriso.


“Talvez sim.”

“Eu sabia que iria encontrá-lo.”

“O que?”

Trails of Sin #2
“Um osso agradável em seu corpo.”

Ela solta uma risada. “Vamos ver seu irmão.”

Mesmo que Lorne não seja meu irmão, eu o considero


um. Isso não é algo que eu disse a ela, e ela não testemunhou
minhas interações com ele. No entanto, ela prestou bastante
atenção em mim para entender como me sinto. Isso gera uma
ternura por ela que nunca senti por ninguém fora da minha
família.

Durante a hora seguinte, ela se senta calmamente ao meu


lado enquanto eu converso com Lorne. Essas visitas nunca me dão
uma sensação de integridade ou reunião. Estamos separados por
uma mesa de metal. Nossas conversas são monitoradas e cercadas
por famílias tagarelas e muitas vezes chorosas. Mas eu posso ler
muito em seus olhos e hoje eles parecem mais sombrios do que
nunca.

O encarceramento não apenas empalideceu e endureceu sua


aparência. Está lentamente sugando seu espírito, deixando para
trás um fantasma do garoto com quem cresci.

Ele envelheceu mais rápido que Jake e eu. Apenas um ano


mais velho, ele enruga mais o rosto, fala menos e se move de uma
maneira cautelosa e protegida que me preocupa. Não importa
quantas vezes eu pergunte sobre sua vida dentro dessas paredes,
ele se recusa a discutir isso. Ele nem sequer insinua sua
tristeza. Mas eu sei. Sei que tudo o que está acontecendo com ele
aqui o enfadou, o reformulou e eu odeio isso.

“Você é bonita.” Ele olha para Maybe, sua expressão tão


ilegível quanto seu tom. “Muito bonita para esse cara.”

“Obrigada, mas por que você acha que...?” Sentada a


centímetros de distância, ela se vira para mim. “Você disse a ele
que estamos juntos?”

Olho para Lorne e anuncio, “Estamos juntos.”

“Não, não estamos.” Ela empurra os ombros para trás.

Trails of Sin #2
“Eu disse a ele sobre o nosso acordo.”

“Acordos de lado...” Lorne descansa um cotovelo na mesa. “A


tensão entre vocês dois é sufocante.”

Ela se desloca na cadeira e desvia os olhos. Aposto que sua


calcinha está molhada e sua mente está trabalhando com as
possibilidades que a esperam durante a viagem para casa.

Eu gostaria de ter uma sensação melhor nos pensamentos


de Lorne. Ele está aqui desde os dezoito anos, sem sua família, sem
o rancho, sem sexo. Do lado de fora, ele parece controlado. Se ele
está lidando com merda interna como eu suspeito que está, ele
nunca mostraria isso.

“Por que você está aqui?” Ele a nivela com um olhar que a
estimula a se sentar mais alto.

“Jarret me convidou.”

“Jarret não é o tipo de homem que é conduzido pelo seu


pau.”

Eu enrolo os dedos contra meus lábios, escondendo um


sorriso. Lorne tem a habilidade de empunhar um olhar como um
martelo e ele está usando aquele olhar agora para intimidá-la. Mas
ela já está nervosa, dada a torção dos dedos no seu cabelo.

“Eu sei.” Ela força as mãos em seu colo.

Ela também sabe que eu não sou o único que irá atrás dela
se ela foder com minha família. Lorne não era um cara de perdão
antes da prisão. Agora, ele é absolutamente assustador.

“Temos mais em comum do que você pensa.” Ela levanta o


queixo, seus suaves olhos azuis colidindo com o verde intenso de
Lorne.

Eu atiro para ela com um olhar curioso quando Lorne


resmunga, “Duvido seriamente disso.”

Eu estou com Lorne. Eles não são nada parecidos.

Trails of Sin #2
“O que você quer dizer com isso?” Eu pergunto.

Ela me dá um sorriso triste e olha para o outro lado. “Vou te


dizer um dia.”

Os malditos segredos dela.

Lorne encontra meus olhos, silenciosamente


repreendendo. Assuma o controle disso.

Eu olho para ele. Eu estou trabalhando nisso.

Entramos em conversas sobre o rancho e, muito cedo, a hora


acabou. Eu o abraço o mais forte possível e me forço a soltar. Eu
forço minhas botas para fora da sala, fora da prisão e para a
caminhonete com Maybe ao meu lado.

Ela se senta no meio sem precisar da ordem. “Há uma boa


criação em Julep Ranch e não estou me referindo aos cavalos.”

Eu saio do estacionamento e lanço-lhe um olhar inquisitivo.

“Vocês todos são insanamente bonitos”, diz ela. “Lorne não


é exceção. Ele também é intimidador. E meio assustador.”

“A prisão faz isso com uma pessoa.”

“Eu sinto muito.”

“Eu também.” Deslizo a mão em sua coxa por nenhuma


outra razão a não ser estar perto de sua suavidade quente.

“Eu não posso fazer isso.” Seus dedos se curvam ao redor


dos meus instintivamente, como se seu corpo estivesse em uma
trajetória diferente da sua mente.

Não pode fazer o que? Segurar as mãos? Me deixar ficar


entre as pernas dela? Estar em um relacionamento? Eu não
pergunto, porque quero todas essas coisas e me recuso a me
contentar com menos.

“Tudo bem.” Pego meu telefone e seleciono uma música.


“Vou convencê-la de que você pode.”

Trails of Sin #2
“Isso é o que eu tenho medo.” Ela inclina a cabeça, ouvindo
as letras de From The Ground Up por Dan + Shay. Então ela ri. “Eu
nunca teria imaginado você como um romântico.”

“Não sei como isso acabou na minha playlist.”

“Acabei de assistir você escolher essa música.”

“E?”

“Eu gosto disso.” Ela se acomoda melhor no banco e


descansa a mão no meu colo.

Desta vez, ela não impede que meus dedos deslizem ao longo
de suas coxas, acariciando, esfregando e levantando seu
vestido. Ela choraminga quando eu acaricio mais alto, mais fundo
na dobra de sua perna, provocando a borda de sua calcinha.

Seus joelhos abrem, apenas o suficiente para me


receber. Mas eu não preciso do encorajamento. Fico em um curso
para levar isso devagar, para saborear as palpitações nas suas
coxas e as respirações curtas. Com uma mão firme no volante, uso
a outra para cobrir o meio de suas pernas e acaricia-la sobre o
tecido até ela ficar úmida ao toque.

No meio do caminho, eu ainda não violei a barreira de sua


calcinha.

“Você é cruel.” Ela geme, mesmo quando seus músculos


tensionam, prontos para lutar comigo.

“Você não é a única a sofrer, querida.”

Estou tão dolorosamente duro contra o zíper que me distraio


com o desejo de me ajustar. Mas eu só tenho duas mãos.

“Nós devemos parar isso.” Ela balança contra o meu toque,


uma bela contradição.

Eu coloco um dedo dentro da virilha da calcinha dela. “Abra


mais.”

Trails of Sin #2
“Jarret.”

“Deixe-me entrar.”

“Se eu não deixar?”

Garanhões são mais fáceis de dominar do que sua


determinação, mas eu não me desanimo. “Você irá.”

Eu aperto sua coxa e a forço abrir mais. Ela aperta mais forte
e eu empurro, afundando meus dedos com um grunhido.

“Não resmungue para mim.” Ela se empurra contra minha


mão. “E mantenha seus olhos na estrada. Você vai causar um
acidente.”

Eu empurro o volante para o lado, entro no acostamento e


estaciono a caminhonete. Então eu solto o cinto de segurança e me
viro para ela.

Ela endurece, sem fôlego, tremendo. “O que você está...?”

Eu seguro seu cabelo e capturo sua boca, devastando seus


lábios com uma necessidade maior que a minha pele. Isso coça e
se expande dentro de mim, tentando sair, chegar até ela, devorá-la
inteira.

Puxando a perna dela sobre o meu colo, puxo o cetim


encharcado que me atormenta desde que saímos de
Sandbank. Removê-lo requer coordenação e paciência nesta
posição e não tenho nenhum dos dois no momento. Então deslizo
meus dedos pelo obstáculo e empurro um dentro dela.

Ela geme contra a minha língua e eu gemo com ela. O canal


quente e estreito em torno do meu dedo aperta com tanta força que
paro de respirar.

“Oh, Deus.” Ela passa as mãos pelo meu cabelo, derrubando


o chapéu. “Por favor, Jarret.”

Trails of Sin #2
Eu adiciono um segundo dedo e ela ofega. Empurro mais
fundo e ela persegue meu beijo como fogo, mordendo e chupando
com gananciosos puxões de seus lábios.

“Isso é o que você precisava.” Eu esfrego minha língua contra


a dela, controlando o ritmo e a pressão enquanto acaricio as
profundidades quentes de sua buceta. “Você precisava dos meus
dedos em sua buceta, destruindo-a, possuindo-a, sua menina
pervertida e imunda.”

“Não, eu... não posso.” Ela levanta a cabeça e respira fundo.

“Se eu ouvir não posso mais uma vez...”

Ela ataca minha boca, lambendo e sugando com desejo e


pressionando contra a minha mão.

Finalmente. Porra, finalmente, eu tenho ela. Selvagem e


incandescente, úmida e volátil, sua luta é linda, mas sua rendição
é extraordinária. Eu consumo isso com tudo dentro de mim,
alimentando-me e enchendo com um desejo que nunca pareceu
assim fora de controle.

O calor se acumula na base da minha coluna. O sangue


corre ao longo do meu pau. Minhas bolas apertam. Minha língua
toma conta e sinto a ascensão do orgasmo pela fricção contra a
perna em meu colo.

Estou esfregando nela como um maldito cachorro.

Eu preciso recuar, apenas o suficiente para nos levar para


casa. Mas não vou parar. Não tenho intenção de apagar esse
inferno agora que está acesso.

Segurando sua perna, eu interrompo o beijo, retiro meus


dedos de seu calor úmido e lentamente os puxo para a minha boca
enquanto ela assiste, ofegante e atordoada.

Ela tem gosto de doce inocência e beleza selvagem. Cachos


loiros se emaranham ao redor de suas bochechas coradas e peito
arfante, seu corpo solto e preparado, tremendo pela liberação.

Trails of Sin #2
Nós temos tempo.

Devolvo o chapéu à cabeça, endireito-me ao volante e volto


para a estrada.

“É isso?” Raiva e mágoa ardem em seus olhos.

“Nem mesmo perto.” Eu aperto firmemente a perna dela,


impedindo-a de se afastar. Então eu devolvo minha mão em sua
buceta.

A última hora da viagem é pura tortura. Com meus dedos


curvados dentro dela, eu a levo ao limite repetidamente. Ela
implora e se contorce. Meu corpo palpita e protesta a eterna
espera.

Nós dois precisamos de alívio, mas estou determinado a


chegar em casa, onde posso levar meu tempo, provocar seus
desejos mais ousados para a linha de frente e apresentá-la aos
cantos escuros do prazer.

Quando a noite terminar, não haverá distinções entre seus


desejos e minhas necessidades. Ela disse que queremos coisas
diferentes, mas ela está errada.

Nós queremos isso, nós, com intensidade igual, e hoje à


noite, vou provar para ela.

Limpo minha cabeça dos pensamentos imundos e


persistentes e me resta uma revelação devastadora.

Não me importo com os segredos dela. Eu nem me importo


com o sexo. Não da maneira que me importo com ela.

Ela não é uma mulher sem identidade, interesseira e


narcisista usando a sensualidade para chegar em minha cama. Ela
é tudo que eu estava esperando e nada como eu esperava.

Fiz um acordo com ela que não tenho intenção de honrar.

Porque não posso imaginar voltar a uma vida sem ela. A


noção é tão sombria e horrível que me enche de raiva e desespero.

Trails of Sin #2
Eu nunca vou deixá-la ir.

Trails of Sin #2
No momento em que Jarret estaciona a caminhonete no
Julep Ranch, estou ofegante, tremendo pelo frenesi de sim e não,
pare e continue, não posso e desejo e foda-se.

Ele não passou apenas quatro horas me tocando. Ele passou


quatro horas me dizendo apenas com as mãos que adora a textura
da minha pele, prefere o local onde minha parte interna da coxa
encontra a virilha e pretende controlar quando, onde e como eu
gozo.

Ele pode sentir meu orgasmo se aproximando mesmo


quando eu sufoco os sinais. Ele tem controle suficiente para
recuar, não importa o quanto aquela protuberância em seu jeans
empurra o zíper. O homem tem o poder de reduzir meu corpo à
fome voraz e me reconstruir no que ele quiser – tudo isso enquanto
está dirigindo um veículo em alta velocidade.

É aterrorizante.

Eu nunca me senti tão desesperada, vulnerável, imprudente


e viva.

Preciso me agarrar durante essa queda livre descontrolada e


irredutível. Ao mesmo tempo, eu anseio por isso. Anseio por tudo
que ele promete a ponto de me arruinar.

Como posso passar isso? Uma jornada na descoberta


sexual. Uma porta que se abre para um mundo de fantasia da vida
real. Um homem agressivo, atencioso e confiável que sabe o que

Trails of Sin #2
está fazendo. Ele oferece tudo isso com uma determinação que
treme o chão sob meus pés.

É só… o momento. Eu tive uma vida, uma boa vida, e ela


desapareceu antes que eu percebesse o que estava
acontecendo. Não posso seguir em frente até entender o porquê.

Jarret Holsten detém a chave para isso. Eu quero muito


explicar as minhas circunstâncias e contar-lhe tudo, mas se o fizer,
nunca encontrarei as respostas que procuro. Nunca saberei a
história completa.

Porque ele está envolvido, de um jeito ilegal e


arriscado. Todas as evidências levam à sua porta e meu encontro
com seu pai confirmou isso.

Pessoas estão desaparecidas. Não sei se eles desapareceram


para escapar de seus crimes, se foram ameaçados e forçados a fugir
do país ou se algo muito pior aconteceu a eles.

Não posso imaginar Jarret ou Jake participando de algo pior,


mas o pai deles iria. Eles são leais a John Holsten? O suficiente
para proteger seus crimes?

Pedi a Jarret para explicar seu relacionamento com o pai,


assim como os desaparecimentos dos parceiros de negócios do seu
pai, mas ele se recusa. Se eu disser a ele o que sei ou por que estou
aqui, ele não apenas se recusará a me dar respostas. Ele vai me
tirar da sua vida mais rápido do que ele me amarrou nela.

“Você está pensando demais.” Ele desliga o motor e libera


nossos cintos de segurança.

Os cliques ensurdecedores das travas de metal deveriam


incutir uma sensação de liberdade. Liberdade dos limites da
caminhonete, a pressão esmagadora de sua masculinidade e o
exame minucioso de seus olhos.

Exceto que uma noite inteira com ele me aguarda.

Trails of Sin #2
Sombras se alongam pelo campo, perseguindo o sol para
dormir abaixo do horizonte. Mas o sono não está na mente de
Jarret. Não com aquele olhar ardente em seu rosto.

Eu agarro a bagunça de cachos ao redor do meu peito,


inquietantemente torcendo os fios em nós. “Eu não me sinto bem.”

Não é mentira. Estou com o estômago cheio de medo, mas


não pelas razões que deveria estar. Eu deveria estar me
preocupando com os segredos que ele está escondendo e as coisas
que ele fez. Ele me faria desaparecer como os outros? E se ele me
considerar uma ameaça assim, ele vai quebrar meu pescoço e
enterrar meu corpo?

Ele não vai.

Eu confio nele para me proteger de si mesmo e de qualquer


outra pessoa envolvida em sua corrupção. Eu confio nele para não
me machucar de uma maneira irreparável e é isso que me assusta.

Em vez de fugir para a minha vida, sou obrigada a ficar,


agarrar a atração entre nós com as duas mãos e segurá-la bem
perto. Eu quero promovê-la e moldá-la em algo mais profundo,
mais forte e mais duradouro do que uma sessão de amassos em
uma caminhonete.

Eu quero esse homem em um nível que desconsidera a


lógica, a autopreservação e a saúde mental.

“Você precisa comer.” Ele abre a porta e retira seu corpo


poderoso da caminhonete. “E Maybe...” Ele aperta minha mão e me
ajuda a descer. “Silencie esse barulho na sua cabeça.”

“Tenho a sensação de que tudo que você faz é um plano para


me distrair.” Eu o sigo para dentro da casa, meus dedos presos na
corrente incessante dos dele.

Sem comentários, ele me leva até a cozinha e aponta para


uma cadeira à mesa.

Trails of Sin #2
Sento-me enquanto ele anda em direção à geladeira. O
ajuste apertado do jeans em sua bunda, os músculos tonificados
flexionando ao longo de ambos os lados de sua coluna, a camiseta
fina que se agarra ao seu torso enorme e revela cada sulco e
inclinação por baixo – tudo isso me mantém em transe.

Há algo tão primitivo e cativante na maneira como ele se


move. Eu posso ver sua força fluindo sob toda aquela pele
dourada. Até mesmo os músculos tensos em seu pescoço
aumentam seu apelo quando ele afunda a cabeça na geladeira e
retira um prato de hambúrgueres. Se ele apenas levantasse a
camisa então eu poderia apropriadamente cobiçar sua cintura
afunilada e seu abdômen esculpido.

Pensando nisso, dormi contra toda aquela virilidade de dar


água na boca na noite passada. Deus me ajude, eu quero
mais. Mais proximidade. Mais beijos. Mais noites.

Aqui estou eu de novo. Distraída.

Não estou mais perto de encontrar respostas do que há nove


dias. Ele está definitivamente me distraindo, provavelmente de
propósito e eu estou deixando. Porque ele está segurando esse
presente brilhante e raro na minha frente, essa oportunidade de
experimentar o lado mais corajoso do prazer nas mãos de alguém
que domina a arte de entregá-lo.

É arriscado. Eu já estou me perdendo neste homem lindo,


arrogante e misterioso. No entanto, sinto a motivação disso até o
âmago da minha alma. Se eu não explorar isso, a chance vai
desaparecer e nunca vou saber se é um risco que vale a pena
correr.

Quando o jantar está pronto, Jake e Conor se juntam a


nós. Enquanto os três atacam hambúrgueres e batatas fritas
assadas no forno, eu como a salada de espinafre que Jarret
preparou para mim com beterrabas e nozes.

Trails of Sin #2
Entre garfadas apressadas, eles conversam sobre a visita de
hoje na prisão e suas preocupações com o bem-estar mental de
Lorne.

Suspeito que Lorne seja a cola que os segura lado a lado,


tornando-os como um só. Ele não está fisicamente aqui, mas ele
está sempre em seus pensamentos. A profundidade em que eles
sentem sua falta obscurece suas vozes, marca seus rostos e
endurece o ar. Mas eles suportam essa dor juntos e parecem mais
fortes como resultado.

Como uma estranha, estou contente em ouvir sem falar. Dito


isso, sinto uma pontada de inveja pelo vínculo que eles
compartilham. Eles se conhecem tão bem que não precisam de
palavras. Em vez disso, eles confiam na familiaridade da linguagem
corporal e contato visual para transmitir as cores de seus
pensamentos.

Eu me vejo colecionando as nuances de suas expressões e


maneiras para juntar o que eles não estão dizendo. Na penumbra
da ausência de Lorne, seria de esperar que a tristeza se irradiasse
deles. Está lá, mas eles também projetam sentimentos de
esperança, antecipação e unidade inquebrável. A energia entre eles
é excitante.

Depois do jantar, limpei a mesa e recusei a oferta de Conor


para me ajudar. Ela e Jake já passaram um longo dia nos campos
e eu quero ganhar meu sustento, não roubar a generosidade deles.

Eles vão para o quarto e eu fico na pia, lavando a louça,


perdida em pensamentos.

Alguns minutos depois, sinto-o. Passos rangendo as tábuas


do assoalho, calor nas minhas costas, respiração no meu pescoço,
ele se aproxima e me prende entre a pia e a força de sua presença.

“Coloque as mãos no balcão.” A autoridade estrondosa em


sua voz estremece através de mim, estimulando-me a obedecer.

Trails of Sin #2
Quando eu faço, um som satisfeito reverbera através
dele. Ele abaixa a cabeça e coloca a boca contra o meu pescoço,
seus lábios deslizando ao longo da minha pele, aquecendo,
provocando, degustando. Meus joelhos tremem e ele agarra minha
cintura, guiando meu traseiro para sua virilha e me deixando
sentir o volume de sua fome.

Eu deixo cair a cabeça para trás com um suspiro enquanto


sua língua viaja ao longo da minha garganta. Cada lambida é uma
marca de intenção, cada gemido uma afirmação de sua
necessidade. Minha mente dá lugar ao instinto e à voracidade,
atiçando chamas que têm menos a ver com sexo e mais a ver com
meu anseio por uma conexão com ele.

As mãos na minha cintura se movem, acariciando meus


quadris através do vestido. Elas sobem, sobre meu abdômen,
minhas costelas e param para acariciar meus seios sem sutiã.

Meus seios mal enchem suas palmas. O resto de mim parece


muito pequeno e frágil no abraço enorme de seu corpo contra
minhas costas. Ele é facilmente o dobro do meu tamanho, uma
cabeça mais alta e cheio de dureza... em todos os lugares.

Ele continua mordiscando meu pescoço, beijando e


mordendo enquanto seus dedos acariciam meus mamilos
deixando-os excitados. Cada ponto de contato – sua boca, mãos,
peito, ereção – inflama profundas ondas de calor entre as minhas
pernas.

Eu nunca fui tão rápida em despertar. Com os amantes


anteriores, eu tinha uma configuração de pré-aquecimento que
exigia persuasão e toque antes que a sensação agitasse abaixo da
minha cintura. Mesmo assim, nunca me senti tão quente e sexual.

Jarret só precisa olhar para mim e todo o meu corpo pega


fogo.

Sua boca percorre meu pescoço com tanta paixão e


reverência que eu não ficaria em pé sem o apoio de seus
braços. Segurando um seio em uma mão, ele abaixa a outra entre

Trails of Sin #2
as minhas coxas, localizando meu clitóris infalivelmente com o
movimento de um dedo.

Não consigo recuperar o fôlego nem formar palavras, mas


não me importo. Enroscada em uma névoa de pele e energia
sensual, não quero que ele se afaste ou vá devagar.

Sua boca confiante se move ao longo do meu ombro nu, seus


dentes arranhando e mordicando. “Se eu te levar para o quarto,
vou transar com você.”

Eu fico tensa. Não quero dizer, mas meu cérebro é um


maldito obstáculo, soando alarmes e disparando protestos. Eu
tento relaxar, mas ele sente minha relutância e se afasta.

Decepção enruga meu rosto, o que é estúpido. Eu não


deveria estar flertando com esse homem ou mesmo com a ideia
dele, não importa o quanto eu justifique.

Estou mantendo um segredo dele e isso vai nos destruir.

“Maybe.” Ele me vira para encará-lo e levanta meu queixo


com um dedo. “Vou brincar com você hoje à noite e preciso que
você confie em mim.”

“Esse é o problema, não é? Nós não confiamos um no outro.”

“Você confia em mim com isso.” Ele se inclina e esfrega a


boca contra a minha. “E isso.” Ele abaixa a mão na minha coxa e
desliza para cima, debaixo do vestido e acaricia a virilha da minha
calcinha.

Meu coração palpita e eu afundo meus dentes no meu lábio,


atraindo seus olhos para ele. O espaço entre nós é tão vivo com a
eletricidade que me esforço para respirar através da estática. Isso
me preenche com possível arranhões, incerteza, excitação e culpa.

Minha culpa.

“Eu estou escondendo algo de você.” Meu peito oscila com


uma respiração irregular. “Algo pessoal.”

Trails of Sin #2
“Eu sei.” Ele tira o chapéu e coloca no balcão.

Minha garganta se fecha.

“Você está pronta para me dizer o que é?” Seu olhar encontra
minha boca.

“Não.”

“Então vamos nos concentrar nas coisas que você está


pronta.” Ele entrelaça nossos dedos e me guia para fora da cozinha,
da casa e para a escuridão.

Com a palma da mão pressionada contra a minha, a minha


atenção fica na cicatriz que ele compartilha com a família.

“Todos vocês têm o mesmo corte na mão.” Notei o de Lorne


durante a visita de hoje. “Você vai me dizer sobre isso?”

“É um juramento que fizemos quando crianças.” Olhando


para mim de soslaio, ele não diminui a marcha. “Algo pessoal.”

A mensagem em seu tom é clara. Ele não vai compartilhar


essa história até eu compartilhar a minha.

“Onde vamos?” Eu caminho pela grama alta em botas


emprestadas, tropeçando para acompanhar seus passos.

“Nós vamos cavalgar.” Sua voz profunda e melódica ressoa


com duplo sentido.

Minha parte inferior do corpo acelera com o desejo, em


desacordo com o pânico colidindo em minhas veias. Ele disse que
iria brincar comigo e eu posso adivinhar o que isso implica.

Eu também posso terminar se ele cruzar a linha.

A questão é onde eu desenho essa linha? Não tenho certeza


e é por isso que estou o seguindo, motivada pela curiosidade e pela
tolice.

Ele me leva até o estábulo e monta seu cavalo.

Trails of Sin #2
Vinte minutos depois, sento-me atrás dele, os braços
enganchados ao redor do abdômen duro como pedra enquanto ele
conduz Ginny pela noite adentro.

Vaga-lumes piscam no pasto, a única luz na paisagem sem


estrelas e sem lua. Está tão escuro e abafado que sinto como se
tivesse escorregado na emenda de um mundo desconhecido, com
um fora-da-lei robusto, de ombros largos e imprevisível, como meu
único companheiro.

Sangue bombeia da inquietação no meu coração quando a


segurança fica mais longe de mim. Eu olho para trás, a silhueta do
estábulo lentamente encolhendo em direção ao esquecimento.

Eu me viro para frente, onde reina a negritude e a incerteza,


além das respirações profundas e do perfume masculino do homem
que me leva a um futuro nebuloso, com apenas uma coisa em
minha mente.

Ele.

Da maneira mais íntima possível.

Trails of Sin #2
Uma tempestade de raios se acumula no meu estômago
quando Jarret me coloca no chão e amarra Ginny a um poste. Não
sei o que ele espera de mim ou até onde vou, mas é tarde demais
para voltar atrás. Não que eu queira.

Mas eu deveria querer. Deveria estar correndo rápido e para


longe.

O que estou fazendo?

O mugido do gado me alerta de sua proximidade, mas não


posso vê-los na escuridão. Sombras pairam sobre os campos em
todas as direções, criando um pano de fundo para a ópera noturna
de criaturas que coaxam e gorjeiam.

“Por que estamos aqui?” Eu me viro para a montanha escura


ao meu lado.

O anoitecer envolve seus olhos, mas eu os sinto


pressionando e sondando tão intensamente que o chão ameaça se
afastar dos meus pés.

“Eu quero você confortável.” Sua mão desliza para o meu


cabelo e puxa, inclinando minha cabeça para trás. “Mas não muito
confortável.”

Eu tremo.

“É escuro o suficiente para lhe dar uma sensação de


modéstia.” Ele me torce para a cerca de madeira e guia minhas

Trails of Sin #2
mãos para o corrimão. “A ausência de luz também serve como uma
venda nos olhos, forçando você a se concentrar no som e na
sensação. Não há portas aqui, nada para esconder atrás. Nenhum
lugar para correr. É só você e eu e...”

“As vacas.”

“...o som da minha voz.” Ele aperta minhas mãos contra o


trilho de madeira. “Não se mexa.”

Seus passos se aproximam de Ginny. Há um ranger de


couro, seguido pelo farfalhar de tudo o que ele tira do alforje.

Eu permaneço onde ele me colocou porque sou viciada nisso,


na maneira como ele faz meu pulso tremer e minha mente
dançar. É assustador e emocionante e tudo mais.

Não sou o tipo de mulher que recebe ordens, mas seja lá o


que for, acalma as partes mais profundas de mim, as partes que
anseiam por uma aventura romântica sem o peso da decisão.

Claro, foi a minha escolha vir aqui e é a minha escolha


continuar. Mas ele construiu uma ilusão em torno de mim, uma
que tem a capacidade de enganar o meu cérebro para acreditar que
estou confinada por sua vontade e não responsável por minhas
ações. É a ilusão que me arrebata. Ele me arrebatou.

Ele retorna à minha posição na cerca e coloca algumas


coisas no chão. Meu batimento cardíaco cai em uma agitação,
desconfiada e ansiosa, turbulenta e alegre.

“Braços para cima.” Ele agarra a bainha do vestido em meus


joelhos e recolhe o material, deslizando lentamente para as minhas
coxas.

Meus músculos tremem e meu estômago se contrai. Eu


sabia que minhas roupas sairiam, mas saber não é o mesmo que
estar na presença de um homem potente, sexualmente carregado,
que tem a intenção de me desnudar em todos os sentidos.

Trails of Sin #2
Eu anseio fazer isso. Por mim, não por ele. Mas não posso
conter meus nervos. “Se eu disser para você parar...”

“Vou parar e levá-la de volta para a casa.”

“E você vai me fazer sair do rancho.”

“Esse era o acordo.”

Desapontamento pressiona meu peito, mas concordei com


isso no primeiro dia. Eu joguei minha necessidade de respostas
sobre o resultado de um jogo pervertido.

Obter respostas, no entanto, não é a única coisa que está em


jogo agora. Se eu disser para ele parar, vou perder o acesso a ele e
essa coisa cativante entre nós.

Posso chamar isso de relacionamento? Existe até mesmo um


nome para os sentimentos que alimento por ele? Gosto dele, mas
não confio nele. Eu o quero, mas estou com medo dele. Ele me
frustra, me excita, me cativa e me enche de partes iguais de pavor
e alegria, vulnerabilidade e fogo, dúvida e pecado. Não há outra
pessoa no planeta que me afeta assim.

“Seria difícil para você me fazer ir embora?” Eu desprezo a


insegura falha na minha voz.

“Isso iria me destruir.” Ele levanta o vestido para as minhas


costelas, expondo minha parte inferior do corpo para o calor da
noite. “Não vou deixar ir tão longe.”

O alívio aumenta, me cingindo com coragem. Eu levanto


meus braços.

Ele puxa o vestido por cima da minha cabeça, deixando-me


sem sutiã e apenas de calcinha. Minhas costas estão para ele. Está
escuro como breu, mas eu me sinto mais nua do que nunca
enquanto suas mãos deslizam sobre mim. Eu não posso parar de
tremer como uma maldita virgem.

“Cristo, você é linda.” Sua expiração mexe meu cabelo e


provoca um arrepio na minha coluna.

Trails of Sin #2
“Você não pode me ver.”

“Eu sinto você.” Suas mãos seguem as linhas da minha


clavícula e ao redor das ondas externas dos meus seios. “Você é
primorosamente moldada. Cada curva.” Ele acaricia o sulco da
minha cintura. “Cada curva e linha tonificada.” Ele pressiona as
palmas nas minhas costas e engancha seus polegares sob o cós da
minha calcinha. “Cada centímetro macio e sexy seu implora para
ser devorado.”

Ele desliza o último pedaço de tecido pelas minhas pernas,


agachando-se para passar pelas botas. Então ele recua e geme.

Eu olho por cima do meu ombro. Ele está segurando minha


calcinha contra o nariz?

“Oh meu Deus.” Meu pulso acelera. Minhas bochechas


coram e uma onda de espirais de calor atinge entre as minhas
pernas.

Ele coloca o cetim no bolso e pega algo do chão. Então ele


pula por cima da cerca e se aproxima do outro lado.

O rolo de corda em sua mão acelera minha respiração, mas


ele não me dá tempo para pensar. Seu braço engancha em minhas
costas. Sua cabeça abaixa e sua boca quente prende meu mamilo.

Eu me contorço contra ele, dominada pela estimulação. Seu


braço me segura no lugar e seus dentes afundam, substituindo a
sucção de seus lábios com mordidas deliciosamente forte. Eu enfio
minhas mãos em seu cabelo, puxando os fios quando ele abusa do
meu peito com perícia selvagem.

Ele me arrasta para mais perto, chupando mais. Eu enrolo


meus dedos contra seu couro cabeludo, arranhando. O corrimão
de madeira esfrega contra o meu abdômen, nos separando,
impedindo-nos de subir um no outro.

Ele me solta e o sangue corre para o meu mamilo, latejando,


doendo. Deus, eu preciso de mais.

Trails of Sin #2
“Mãos na cerca.” A grosseria em sua voz evoca imagens de
uma foda forte e molhada.

Meu corpo pulsa por exatamente isso enquanto minha


mente entra em pânico. Eu não posso. Eu não deveria. Não faça
isso!

Eu agarro o corrimão, botas separadas, joelhos tensos e


mamilos duros. Eu nunca me senti tão devassa e imprudente.

Ele amarra meus pulsos com eficiência praticada, dando


laços e amarrações em movimentos rápidos.

“Você já fez muito isso.” Eu procuro as sombras de seu rosto


lindo.

Sem responder, ele solta o excesso de corda e pula a cerca


voltando para o meu lado.

“Quantas vezes?” Meu estômago endurece. “Quantas


mulheres?”

“Sou sexualmente ativo desde que eu tinha dezesseis anos.”


Ele cobre minhas costas e afunda os dedos na frente das minhas
coxas.

Minha pele se arrepia sob o toque dele. “Você tem amantes


regulares? Amigas com benefícios?”

Ele faz um som irritado. “Não.”

“Você sempre as amarra?”

“Sim.” Seus dedos beliscam minhas coxas.

Ele tem vinte e quatro anos, então é isso... eu fecho meus


olhos. Oito anos. Mulheres diferentes toda semana. Eu não preciso
fazer as contas para saber que ele é um mulherengo.

“Sou apenas um número.” Eu viro meu pescoço para encará-


lo. “Uma das centenas, estou supondo.”

Trails of Sin #2
Seu calor desaparece das minhas costas, o único aviso que
ele me dá antes de bater uma palma contra o meu traseiro nu. O
impacto me levanta nas pontas dos pés e engulo em seco quando
a ardência aumenta, espalhando fogo através de tecidos e
músculos.

“Você não vai me julgar por gostar de sexo com mulheres


dispostas.” Sua voz é de veludo sereno quando ele me atinge
novamente.

“Não, eu estou...”

Ele bate na minha outra nádega e acaricia sobre a dor. “Nem


vai depreciar o que está acontecendo aqui.”

Eu aperto meus dedos ao redor do corrimão, balançando


contra o prazer ardente na minha bunda. Cada golpe de sua palma
reacende o calor latejante. Eu o sinto em todos os lugares – na
rajada da minha respiração, o formigamento em meus músculos e
os espasmos entre as minhas pernas.

Eu quero que ele me bata de novo antes que a dor pulsante


desapareça. Ao mesmo tempo, não quero que ele pare de acariciar
minha pele quente e dolorida.

Estou enlouquecendo.

“O que está acontecendo aqui?” Espero que ele possa


explicar, porque estou perdida.

“Algo diferente.” Ele afasta a mão, privando-me de seu toque.

“Diferente?” Raiva vaza na minha voz. “Eu vi você com


McKenna. Você foi rude com ela. Você a conteve. Como isso é
diferente?”

Ele aperta minha mandíbula e torce meu pescoço ao redor,


aprisionando meu olhar na jaula preta do dele.

“Eu fodi elas.” Ele se move mais perto do meu lado, os dedos
pressionando contra o osso enquanto ele olha para a minha alma.

Trails of Sin #2
“Elas aproveitaram de mim. Eu me aproveitei delas. Quando
terminou, fui embora.”

Passei nove noites com ele e ele não me fodeu. Eu dormi ao


lado dele quando ninguém mais o fez. Ele me dá mais do que ele
leva e ainda não está entediado.

Meus pulmões se expandem. Isto é diferente.

“Eu não posso me afastar disso.” Seus dedos soltam,


deslizando através da minha bochecha e no meu cabelo. “Não
posso me afastar de você.”

“O mesmo comigo.” Um nó se forma na minha garganta.

Ele se abaixa sob meu braço contido e desliza pela frente do


meu corpo nu. O tamanho dele torna o espaço entre mim e a cerca
terrivelmente apertado. Mas ele se encaixa, seu peito pressionado
contra o meu, suas mãos deslizando ao longo de cada parte de mim
que ele pode alcançar, e sua boca...

No instante em que nossos lábios se encontram, minhas


costas se arqueiam e meu interior contrai. Seus dedos escorregam
entre as minhas pernas e meus joelhos se dobram. Um longo dedo
curva dentro de mim e minha respiração falha.

“Maldição, você está molhada.” Sua língua roça a minha e


ele levanta a mão. “As palmadas fizeram isso.” Ele arrasta um dedo
pegajoso pela minha boca.

“Você fez isso.” Eu prendo meus lábios em torno de seu dedo,


saboreando o sabor da minha excitação.

“Você é autêntica, Maybe. Tão verdadeira, pervertida e


deslumbrante de dentro para fora. Jesus, olhe para você.” Ele
agarra meus ombros e olha para o meu corpo nu. “Você é tudo que
eu nunca ousei esperar.”

Suas palavras têm o poder de me matar. O beijo que segue é


uma confirmação catastrófica, obscena e desequilibrada, de que

Trails of Sin #2
nunca poderei me afastar dele. Não se eu quiser permanecer
inteira.

O tempo para enquanto ele me esbanja com o prazer sedutor


de sua língua e suas mãos até que nenhum oxigênio permaneça na
atmosfera. Então ele me provoca com aquela boca hábil no meu
pescoço, meu peito, meu abdômen, cobrindo cada centímetro de
pele com lambidas, beijos e sucção, enquanto ele enfia um dedo
em minha buceta.

Eu tremo e gemo e desmorono sob sua atenção


agressiva. Meu cérebro frita. Meu sangue canta e torço meus
pulsos na corda, tentando alcançá-lo.

“Eu quero tocar em você.” Estremeço contra o golpe diabólico


dos dedos dentro de mim.

“Ainda não.” Sua voz é irritada e rouca.

“Tire sua camisa.”

“Pare de falar.” Ele chuta minhas botas, forçando-me em


uma postura ampla.

Eu mordo o lábio dele. “Não seja um idiota.”

“Se você não calar a boca, vou te amordaçar com o meu pau.”
Ele abaixa os joelhos no chão entre os meus pés e aperta meus
quadris.

“Se você vai me ameaçar, faça isso...”

Ele enterra o rosto na minha buceta, roubando minha voz e


apagando meus pensamentos.

Um gemido profundo vibra contra o meu clitóris e sua língua


se junta, girando e deslizando. Ele beija minha buceta do jeito que
ele beija minha boca – profundo e penetrante, quente e cruel,
queixo aberto, língua balançando, lábios ficando esfolados, sem se
segurar.

Trails of Sin #2
Ninguém nunca me comeu com um entusiasmo tão
obsessivo e enlouquecido, e foda-se se ele não conhece o ponto
certo, a pressão exata, o ritmo preciso. É uma tempestade perfeita
de talento e paixão, executada pelo homem mais sexy e dominante
que eu já conheci.

Faíscas de um orgasmo iminente brotam para a vida,


crescendo e fortalecendo no meio das minhas pernas. Minhas
terminações nervosas se multiplicam, se espalham e se esticam em
direção a sua boca, conectadas e gananciosas.

Assim que eu alcanço aquela crista feliz, ele se afasta.

“Não.” Eu descaradamente arqueio em direção ao seu rosto,


tremendo e desesperada.

Ele me bate novamente, não tão forte quanto antes, mas a


mordida que ele inflige sobre o osso do meu quadril provoca um
grito da minha garganta. Seus dentes afundam na pele e puta
merda, isso dói. Eu me afasto e olho para a ferida. Nenhum
sangue.

“Você deixou uma marca!” Eu fico boquiaberta para ele.

“Exatamente.” Ele desliza ao redor da minha perna e fica de


pé atrás de mim. “Até o final da noite, você estará coberta de
minhas marcas.”

“A menos que eu diga pare.”

“Você não vai.” Ele afunda seus dentes na parte macia do


meu ombro.

Meu gemido estremece na escuridão, entrelaçado de dor e


cheio de prazer.

“Por favor, Jarret.” Eu levanto meu pescoço, incapaz de


capturar seu olhar atrás de mim. “Eu estava a segundos de gozar.”

“Eu sei.”

Trails of Sin #2
Sua mão retorna ao meu calor encharcado, acariciando e
atormentando enquanto a outra alcança meu peito, beliscando
meus mamilos com apertos malignos.

Ele é uma torrente de força brutal e precisão sensual,


flutuando entre mordidas violentas e beijos suaves, mãos ásperas
e carícias de especialista. Sua paixão é explosiva, seus toques
metódicos. Nada nele é manso.

Enquanto eu não tenho certeza sobre minhas limitações, ele


parece estar totalmente ciente delas, nunca me pressionando
muito e sempre relaxando quando a dor anula o prazer. Mas há
uma selvageria sobre ele, um lobo feroz preso debaixo de sua pele,
rosnando e arranhando para escapar. Apenas quando penso que
ele não pode mais contê-lo, ele docemente enfia um cacho atrás da
minha orelha ou espalha um rastro de beijos ao longo do meu
queixo.

“Eu quero você”, ele murmura contra meus lábios. “Nunca


quis alguém ou algo assim. O que você está fazendo comigo?”

Meus suspiros se aprofundam, esticando minhas


costelas. Se ele empurrar seu pau dentro de mim agora, não vou
impedi-lo.

Isso me assusta pra caramba. Preciso desvendar meus


sentimentos, compartimentalizar e separar. Eu preciso lembrar
porque estou aqui.

Como faço isso quando não está mais claro o que


quero? Preciso da verdade sobre o meu passado. Preciso de Jarret
no meu futuro. Qual eu preciso mais?

Porque não posso ter os dois.

O céu se ilumina à distância, um raio branco rasgando a


escuridão total como papel. Um momento depois, o trovão soa.

Eu tremo contra a eletricidade no ar e os minúsculos pelos


dos meus braços se eriçam sob a estática.

Trails of Sin #2
“Você já assistiu a uma tempestade de verão rolar em um
campo?” Ele desliza a língua ao longo do meu pescoço, destruindo
meus pensamentos.

“Não.”

“Mantenha seus olhos no horizonte.”

Ele recua quando outro relâmpago interrompe a noite. O


trovão explode e um segundo depois, um estalo agudo bate contra
o meu traseiro.

Um grito gutural irrompe da minha garganta e me curvo sob


a queimadura.

Não é a mão dele.

Antes que eu possa olhar para trás, outro golpe vem. Então,
mais e mais, um em cima do outro em rápida sucessão.

Eu não o vi embalar o chicote, mas a ardência que desce


pelas minhas coxas só pode ser do chicote de uma língua de couro.

É uma dor aguda, farpada e impiedosa. Cada golpe deixa


para trás a sensação de marca, que me desperta emocionalmente,
mentalmente. O tormento é tão terrível e maravilhosamente
estranho que não sei se devo combatê-lo ou afundar nele.

Choques brilhantes em forma de garfo branco atravessam o


céu grafite e o estrondo do trovão chega mais cedo, mais perto,
anunciando a aproximação da tempestade. Ele parece estar
cronometrando seus golpes com o estalar de relâmpagos, açoitando
minha bunda e pernas em sincronia com os estalos irregulares de
luz.

Isso não pode ser seguro. Estamos no meio de um pasto,


como alvos implorando para serem atingidos. Mas o perigo
aumenta a emoção. Estou nua e contida em uma cerca, olhando
para uma tempestade iminente enquanto outra tempestade
violenta bate nas minhas costas.

Trails of Sin #2
Cada chicotada aumenta a dor da antecessora. Mas, sob as
chamas do desconforto, há uma percepção formigante e que tudo
consome.

Eu amo isto.

As restrições em meus pulsos, a futilidade da luta, a dor


aguda e a atenção inabalável de Jarret em meu corpo – tudo isso
me permite me conectar com o meu eu sexual de uma maneira que
nunca conectei durante o sexo.

É como se eu estivesse cruzando uma ponte entre o que


vivenciei e o que apenas ousei fantasiar.

Os desejos são perigosos e suprimi tantos na minha vida,


nunca me permitindo agir em tendências submissas. Eu temia que
meus desejos me fizessem carente e fraca e me transformasse em
um capacho. Como resultado, tornei-me sexualmente anoréxica e
perdi o apetite por prazer. Quando me envolvi em sexo, tudo o que
senti em meu corpo foi o pânico.

Eu nunca tive um orgasmo com um homem.

Mas eu esperava. Ainda tenho esperança. Com a pessoa


certa, sei que posso dar a ele total controle sobre meu corpo.

Como agora.

Jarret rompeu meus receios. Ele é o único que já me conteve,


me espancou e me deixou tão excitada que não consigo pensar
direito. Quando estou com ele, sinto-me como um ser sexual, sem
a hesitação e a desconexão que experimentei durante o sexo
convencional.

E o pau dele nem saiu de sua calça.

Um raio cai e quebra a noite escura, lembrando como seria


o sexo com ele. Tempestuoso e poderoso, inflamável e dramático,
ardente, perigoso e eletrizante, com flashes trovejantes de brilho
que queimam em minhas retinas. Só de pensar nisso, acelera meu
pulso e inunda minha buceta com umidade.

Trails of Sin #2
Atrás de mim, sua respiração acelera a cada giro cruel do
chicote, os golpes ficando mais rápido, com mais força, até que
uma iluminação estranha pisca no campo.

“Você viu isso?” Eu fico imóvel, estreitando meus olhos no


escuro.

“Fogo de St. Elmo.” Ele abaixa o chicote e seu peito úmido


de suor desliza contra minhas costas. “Continue assistindo.”

Alguns segundos depois, um brilho fantasmagórico percorre


o pasto, acompanhado pelo branco brilhante de zigues zagues
elétricos no alto. O relâmpago ilumina o prado e o rebanho de gado
com chifres parado na quietude.

“Fogo de St. Elmo?” Minha mente se arrasta pelas sensações


que disparam em meu corpo. Eu não posso me concentrar com ele
todo duro e quente contra mim.

“É a descarga de eletricidade da tempestade.”

Raios espetados se projetam infinitamente do céu,


espalhando uma incandescência de luz ao longo das silhuetas de
chifres.

“Por que está brilhando nas pontas dos chifres dos touros?”

“Eles são bois.” Ele acaricia meu pescoço. “Quando a força


do campo elétrico atinge um alto nível de volts, gravita em objetos
pontiagudos, como os longos chifres.”

“Isso os machuca?”

“Não.” Ele desliza dedos talentosos ao redor do meu peito.


“Eles provavelmente sentem a estática.”

“Eu nunca vi nada assim.”

“Eu também não.” Seus lábios pressionam de leve no meu


pescoço, me fazendo gemer. “Nada se compara a você.”

Trails of Sin #2
Ele empurra a mão entre as minhas pernas e afunda seus
dedos em minha buceta. O rugido do trovão se choca com os sons
ofegantes de seus gemidos. Eu me derreto contra ele, ofegando
quando suas roupas roçam contra a minha bunda dolorida.

Meu orgasmo vem crescendo desde a viagem até a


prisão. Com o impulso de seus dedos e a invasão de seus lábios no
meu pescoço, estou a segundos de gozar.

“Não goze.” Ele me morde levemente e segue com o toque


arrebatador de sua língua.

“Jarret.” Eu gemo. “Eu preciso. É muito.”

“Não até que chova. Quando você sentir a primeira gota,


pode gozar.”

Meu olhar se dirige para a tela escura do céu enquanto os


flashes de luz brilham como uma câmera. Ele continua a me foder
com a mão, curvando aqueles dedos pecaminosos ao longo dos
meus músculos internos enquanto eu tremo e gemo
incontrolavelmente.

Sua outra mão acaricia meu peito, massageando e cobrindo


meus seios. “Eu amo seus seios, porra.”

“Eu preciso gozar.” Eu tremo com o esforço para segurar,


mas estou perdendo o controle muito rápido. “Oh Deus,
Jarret. Estou quase lá.”

“Espere.” Ele desliza sua língua em volta do meu lóbulo da


orelha. “Apenas mais alguns segundos.” Seu polegar encontra meu
clitóris, vibrando e torturando. “Três... dois...”

“Jarret, eu preciso...” Tudo dentro de mim aperta e contrai.

“Um.”

O céu se abre para um dilúvio de chuva e eu gozo. Porra, eu


gozo violentamente, descontroladamente, gritando e contorcendo,
latejando e ofegando. Minha visão escurece. Minhas pernas cedem
e meu interior se quebra em um milhão de faíscas de fogo.

Trails of Sin #2
Ele me segura, esfregando sua ereção contra a minha pele
machucada quando eu engasgo e sorrio sob grandes lençóis de
chuva.

“Porra.” Eu inclino meu rosto para o céu, saboreando o


chuveiro frio nas minhas bochechas aquecidas.

“Pensei exatamente a mesma coisa.” Ele remove a mão,


lentamente esfregando os dedos sobre os pelos aparados na minha
virilha. “Você não pode ser real.”

“Desata-me e eu provarei que sou.”

Posso ser a única guerreando entre o certo e o errado, mas


neste momento, o errado está vencendo. Contra todo raciocínio,
preciso ver através disso.

Ele soltou algo dentro de mim, algo exigente e irresistível e


ele é o único que pode satisfazê-lo.

“Precisamos nos abrigar.” Ele se move para a corda e afrouxa


os nós, olhando através dos fios encharcados de cabelo escorrendo
em sua testa.

Bom Deus, ele é lindo. A escuridão se contorce ao redor dele,


agarrando-se a suas bordas ameaçadoras, fazendo-o parecer
maior, mais malvado, mais ameaçador. Ele é um pulso sombrio e
letal de energia e atração.

No instante em que as restrições caem, eu o ataco. Braços e


pernas em torno de sua estrutura formidável, eu me alimento em
seus lábios com fúria.

É exatamente o que McKenna fez na noite em que eu observei


pela janela, mas isso é diferente. Ele não fica ali parado. Ele rivaliza
com meu frenesi e compete com a minha urgência, lutando contra
meus dentes e unhas com presas e garras.

Levantando-me no peito, ele tropeça para trás através do


aguaceiro e domina o beijo com lábios firmes e agressivos. “Há um
celeiro.”

Trails of Sin #2
“Onde?” Eu alcanço entre nós, atacando a fivela do cinto.

“Meio quilometro.” Ele geme contra a minha boca, os dedos


afundando contra o meu traseiro, no meu cabelo, a língua
colidindo e lutando com a minha.

Consigo soltar o cinto, depois o zíper dele. O jeans é duro,


encharcado e incontrolável, mas estou longe demais para deixar
que isso me pare. Eu enfio meus dedos sob o cós da cueca e deslizo
sobre o caminho de pelos curtos. Tão perto…

“Se você tocar meu pau”, ele geme “não vamos chegar a esse
celeiro.”

Estamos encharcados até os ossos, cercados por relâmpagos


e grama sem fim, abafados por trovoadas e não me preocupo com
nada disso.

Eu enfio a minha mão mais fundo e aperto o comprimento


grosso dele.

“Ahhhh, Maybe!” Sua cabeça cai para trás e ele empurra


seus quadris, acariciando-se no aperto dos meus dedos.

Sua boca volta para a minha, mais faminta, mais forte, todo
o controle desaparecido. O mundo gira e ergue-se e, na próxima
respiração, estou de costas numa cama de grama úmida, com um
pilar de músculos e testosterona gemendo entre minhas pernas.

“Eu preciso de você.” Ele empurra contra mim, esfregando o


zíper ao longo da minha carne inchada. “Porra, eu não tenho
camisinha.”

Eu tenho um DIU, mas não quero gritar sobre a chuva sobre


doenças e histórias sexuais. Em vez disso, eu empurro seu ombro,
rolando-o de costas.

Deitado abaixo de mim, ele segura um braço sobre os olhos


e olha através do aguaceiro. Não consigo distinguir sua expressão
no escuro, mas sinto sua necessidade. Ela vibra através dele,

Trails of Sin #2
balançando seus membros, apertando os dedos e sequestrando
sua respiração.

Eu puxo sua camiseta encharcada para cima e retiro e desço


por seu corpo, deslizando minhas mãos em seu peito magnífico. Eu
sofro para rastrear cada detalhe do seu abdômen, mas farei isso
mais tarde, quando puder levar meu tempo.

Quando chego ao seu jeans, eu puxo e resmungo até que seu


pau enorme e inchado se liberta. Doce mãe, ele é gloriosamente
dotado. A silhueta sozinha é intimidadora como o inferno.

Minhas mãos vão para ele instintivamente, os dedos


envolvendo a base e deslizando para cima com facilidade,
lubrificados pela chuva torrencial.

Seu corpo se curva e enrijece enquanto eu esfrego para cima


e para baixo em seu pau.

“Droga, Maybe.” Seus olhos se fecham e suas mãos afundam


na grama. “É bom pra caralho.”

A intensidade e o volume da tempestade aumentam, mas


não é páreo para a visão tumultuada de Jarret Holsten na
iminência do orgasmo. Seus quadris saltam e balançam. Suas
mãos agarram a terra. Contrações musculares movem suas pernas
e suas botas arrastam-se pela grama, como se ele estivesse lutando
para ficar parado, tentando se controlar.

Então ele se agarra. Seu punho aperta em torno do meu e


ele arqueia a parte inferior do corpo, movendo-se contra nossas
mãos. Três investidas mais tarde, ele ruge na chuva, tremendo,
bombeando e gozando sobre seu abdômen.

É a visão mais erótica que já testemunhei.

Eu pretendia chupa-lo até a conclusão, mas calculei mal o


quão perto ele estava. Eu abaixo minha cabeça de qualquer
maneira, tentando sentir o gosto dele antes que a chuva leve isso
embora.

Trails of Sin #2
A ponta do seu pau pulsa entre meus lábios enquanto eu o
chupo para limpa-lo. Então eu me movo para o terreno esculpido
de seu abdômen e passo minha língua ao longo dos sulcos
irregulares, lambendo a mistura salgada do orgasmo e da chuva.

“Você está me matando.” Ele geme e acaricia meu cabelo,


movendo-se inquieto abaixo de mim. “Venha aqui.”

Ele me puxa pelo peito e toma minha boca, mergulhando a


língua nos meus lábios e lambendo minhas profundezas.

Tendo acabado de encontrar a liberação, deveríamos estar


satisfeitos. Deveríamos ser lentos e racionais e pensar em sair da
chuva. Mas nós não somos. Quando muito, estamos ainda mais
agitados, grunhindo descontroladamente e pressionando um
contra o outro.

Seu pau salta e pressiona contra a minha buceta, cutucando


à força, com a intenção de entrar. Como ele ainda está duro?

Ele me rola para as minhas costas e paira sobre mim, os


lábios inchados, os olhos negros e o comprimento pesado e inchado
pendurado entre nós.

Não sinto mais a nuvem de chuva, ouço o trovão ou vejo a


violenta iluminação do céu. A tempestade passou de repente.

Mas algo mais agita o ar.

Antecipação.

Fome.

Inevitabilidade.

Ele agarra seu pau e esfrega a ponta sobre minha buceta.


“Deixe-me.”

“Nós não temos proteção.” Um caroço se forma na minha


garganta.

“Estou limpo.”

Trails of Sin #2
“Mas...”

“Eu quero filhos com você.”

“O que?” Meu coração para.

“Você me ouviu.”

“Crianças? Você perdeu a cabeça?” Eu saio de debaixo dele.

“Eu não quero dizer agora.” Ele se levanta e arruma seu


jeans. “Eu só... Com você, eu quero casamento e filhos e tudo
isso. Você é isso para mim. Hoje, amanhã e todos os amanhãs
depois.”

Eu sinto que meus olhos vão sair das órbitas.

“Pare de me olhar assim, caramba.” Ele aponta um dedo na


minha direção. “Estou falando sério. Se você não estiver pronta,
vou esperar. Quanto tempo for preciso.”

“Você vai esperar o que?” Eu abraço meu peito nu, tremendo


e encharcada.

“Por você aceitar isso.”

“Não posso acreditar que estamos tendo essa conversa.” Eu


abro meus braços, agitada e confusa. “Estou nua, no meio do nada
e você está discutindo casamento e filhos!”

Ele permanece imóvel, coberto de sombras, mas eu o sinto


olhando irritado para mim.

“Eu suponho que as mulheres te


propuseram? Aconchegadas ao seu lado na cama, bêbadas de sexo
e meditando sobre ter seus bebês? Aposto que você achou que elas
eram loucas.”

“Agora eu sei como elas se sentiram.”

“Quando você teve essa epifania? Antes ou depois que


masturbei você?”

Trails of Sin #2
“Não faça isso.” A escuridão sangra de sua expressão, sua
raiva palpável, estremecendo o ar ao seu redor. “Eu sei que você
também sente isso.”

Onde estão minhas roupas? Eu giro ao redor, procurando a


quietude, coberta da cabeça aos pés de grama, lama, chuva e
confusão.

“Você é minha.” Ele se aproxima. “Vou mijar ao seu redor se


for preciso. Eu moverei montanhas e reorganizarei minha
existência inteira. Eu não vou desistir de você.”

“Você nem me conhece.” Eu avisto a cerca atrás dele. Meu


vestido não estará longe de lá.

“Besteira!” Ele avança, me forçando para trás. “Eu sei como


sua mente funciona. Você é brilhante e genuína. Você é
apaixonada pelo que acredita e não tem medo de lutar. Eu conheço
suas expressões, seus sorrisos, as oitavas de sua risada, a solidão
por trás de sua carranca. Você armazena sua alma em seus
olhos. Você mexe com o cabelo quando está nervosa, deixa o gelo
derreter no seu refrigerante antes de bebê-lo e odeia ficar
sozinha. Você nunca teve um encontro de uma noite.”

“Como você...?”

“Eu sei, Maybe. Ouço quando você fala e ouço tudo o que
você não diz.” Ele se aproxima, seus passos longos e determinados.
“Eu sei que você usa salto alto para se sentir profissional, mas você
não é uma repórter de notícias.”

“O que?” Meu rosto gela e meu estômago revira.

“Eu sei que você não está aqui por um trabalho.”

Trails of Sin #2
Eu cambaleio para trás, minhas botas esmagando a cada
passo vacilante. Estou nua e exposta, desolada e perdida no brilho
consumidor dos olhos de Jarret. “Se você acredita que eu menti...”

“Eu não me importo com isso.”

Ele se move comigo, mudando de direção quando tento


passar por ele, me impedindo de correr em direção às minhas
roupas. Mas a nudez não é minha maior vulnerabilidade.

Ele sabe.

Não sei exatamente o que ele descobriu, mas sabe que não
estou aqui para escrever uma reportagem.

Por que ele está me cercando como se isso não


importasse? Por que ele não me expulsou? Por que ele está olhando
para mim como se ele quer...? Eu agarro meu cabelo nas
raízes. Casamento? Crianças? Nem sequer posso.

“Sou uma jornalista de moda.” Eu tropeço para longe dele,


mantendo vários centímetros entre nós. “Escrevo sobre roupas e
maquiagem.”

“Eu quero você, Maybelline.”

Minha respiração falha ao som do meu nome em seus


lábios. Isso é muito, muito grande. Preciso afastá-lo. “Eu não quero
filhos. Agora não. Talvez nunca.”

Trails of Sin #2
“Eu ainda quero você.” Suas botas esmagam a lama
enquanto ele me persegue, com os braços imóveis ao lado do corpo,
o peito brilhando com a chuva residual.

“Não posso casar com você.” Eu abraço minhas costelas,


tremendo em uma cortina de cabelo frio e gotejante.

“Eu vou mudar sua ideia.”

Minha ideia não é o problema. Casar com ele é uma


impossibilidade complicada e confusa. “Eu só te conheço há nove
dias.”

“Eu me apaixonei por você na primeira noite.”

Lá vai meu coração. Ele também poderia alcançar dentro do


meu peito e arrancar a coisa miserável. É dele agora e não sei como
proceder. Eu não posso respirar, não posso juntar palavras, não
posso fazer minhas pernas funcionarem.

Ele está dentro de mim, estendendo-se e reorganizando-se e


assumindo o controle. Eu sinto o gosto dele na minha garganta,
sinto ele queimando no meu peito e o escuto sussurrando na
minha cabeça. Ele está falando, conversa adulta de verdade, e sua
declaração me desaba.

Eu repito cada palavra, ansiando pela verdade em seu


olhar. Uma verdade que não tem nada a ver com o que me trouxe
aqui.

“Isso muda tudo.” Meu peito levanta sob meus braços


tensos.

“Da melhor maneira.”

“Não vai acabar bem.”

“É aí que você está errada.” Ele dá outro passo em minha


direção, parando a poucos centímetros de distância. “Não vai
acabar. Ponto final.”

“Pense no que você está dizendo.”

Trails of Sin #2
“Eu não preciso pensar.” Ele bate um punho contra o peito.
“Eu sinto.”

Eu me maravilho com sua convicção. Ouvi essas palavras ao


longo da minha vida, o eu te amo murmurado após o sexo, escrito
em cartões de aniversário, e jogado sobre os ombros no caminho
da porta. Mas nunca as senti transmitidas por alguém com
confiança tão profunda.

Ele nem sequer pronunciou o sentimento banal. Em vez


disso, ele o comunica com um olhar, deixa derramar de seus olhos,
seus poros, sua respiração, tão profunda e abertamente que me
extermina.

Lágrimas surgem, espontaneamente. Lágrimas de


medo. Lágrimas agradecidas. Lágrimas gananciosas, esperançosas
e ingênuas.

Eu me viro e corro como uma covarde, totalmente consciente


de que ele vai me pegar. Ele conhece a terra. Ele tem pernas mais
longas e está determinado. Muito persistente. Eu não tenho
chance.

Mas eu corro de qualquer maneira, roubando tempo para


organizar meus pensamentos. Posso lutar com ele, mas não vou
ganhar.

Porque eu não quero.

A pisada de botas soa atrás de mim, ganhando


velocidade. Minha pressão sanguínea explode. A adrenalina
inunda meu sistema e meu couro cabeludo arrepia com medo e
antecipação. Ele vai me capturar, me conter, forçar-me a ceder e
explodir minha maldita mente.

Eu acelero, mas é tarde demais. Seus braços enroscam na


minha cintura e me levantam do chão.

“Coloque-me no chão!” Com o coração batendo forte, chuto


minhas pernas e aperto meus dentes. “Você não entende...”

Trails of Sin #2
“Esqueça o passado.” Seu peito movimenta contra as minhas
costas, seus lábios esfregando de leve em minha orelha. “Siga em
frente.”

“Estou seguindo em frente.”

“Comigo. Eu estou bem aqui.” Ele me vira em seus braços


para encará-lo e segura uma mecha do meu cabelo firmemente.
“Nós vamos fazer isso juntos. Nada está nos impedindo.”

Eventualmente, meu passado irá alcançá-lo e nos impedirá.

Mas se eu sair agora, vai


doer. Profundamente. Permanentemente. Vai doer se eu sair daqui
a um ano. Vai doer não importa o quê. Não há como evitar a
inevitável devastação.

Meu coração já decidiu. Foi morar com ele, dormiu em seus


braços e se rendeu no meio de uma tempestade.

Meu maldito coração esqueceu que o amor é uma porcaria,


que machuca a alma, atropela a confiança e esvazia o corpo.

Raiva explode no meu peito. Se eu vou lutar com ele,


tremendo e nua enquanto considero minha morte, é justo que ele
faça o mesmo.

“Tire suas roupas.” Eu aproveito seu choque e me esquivo do


abraço dele.

Ele está escondido na escuridão enquanto dou um passo


para trás. Mas com o meu próximo passo, o rosto dele fica mais
claro, mais luminoso. Quando chego a alguns passos mais longe,
um brilho prateado ilumina seus traços lindos – cílios grossos,
nariz reto, queixo pontudo e lábios fortes que nem sorriem nem
provocam uma careta.

Eu inclino minha cabeça para trás e me mantenho sob a


brilhante lua branca, que agora está à vista ao lado de uma massa
minguante de nuvens escuras.

Trails of Sin #2
Voltando a Jarret, eu o vejo me observando. Ele não se
moveu.

Mãos ao lado do corpo, o zíper aberto, o peito nu subindo e


descendo ao luar, ele não se apressa em direção ao nosso momento
condenado. Ele prolonga, como se estivesse esperando para ver
quem vai ceder primeiro.

A lua ilumina seu olhar vigilante, expondo suas narinas


dilatadas, a tensão rígida em sua postura e a flexão das mãos ao
seu lado.

Estou feliz por poder vê-lo agora, mas significa que ele
também pode me ver. Todas as falhas nuas, membros finos e
defeitos sem atrativos.

Eu cubro meus pequenos seios com um braço e coloco uma


mão entre as minhas pernas.

“Não se esconda de mim.” Ele aproxima.

“Suas roupas.” Desvio dele, ficando fora de seu alcance.

“Eu prefiro fazer isso em uma cama.”

“Como você fez com McKenna?” Meu interior aperta. “Eu


pensei que você seria mais aventureiro do que isso.”

Sua mandíbula fica tensa.

“Nunca fiz sexo fora de um quarto.” Endireito minha postura,


coberta com meus braços. “Eu nunca fiz sexo sem amor.”

Algo ameaçador muda em seu rosto. “Quantos amantes?”

“Um no ensino médio. Um na faculdade.” Engulo em seco.


“Um depois.”

Eu me apaixonei três vezes. Fiz sexo com três


homens. Falhei com três relacionamentos. Jurei que não haveria
um quarto, e aqui estou eu, jogando tudo pelos ares.

Trails of Sin #2
Com um aceno de cabeça, ele arranca uma bota. Então a
outra, seguido por suas meias.

Suas mãos alcançam o zíper enquanto ele se endireita e


encontra meus olhos. “Tenha certeza, Maybe.”

Eu balanço minha cabeça. “Não estou dizendo sim.”

Ele analisa minha expressão, inspecionando e


avaliando. Quando seus olhos pousam nos meus, o canto de sua
boca se curva.

Ele sabe o que eu quero. A ilusão. A crença de que ele está


tomando e forçando, que eu não tenho escolha ou poder.

Na realidade, a palavra pare é o meu poder. É também o


único poder que importa e nós dois sabemos disso.

Em um movimento fluido, ele tira a última peça de roupa e


endireita sua postura, com os pés afastados, o queixo para baixo e
os olhos diretamente nos meus.

Esculpido e torneado do cabelo a seus pés, ele


descaradamente agarra a base de sua impressionante ereção e se
acaricia. “Deite de costas.”

“Não.” Não vou facilitar as coisas. “Se você quer chatice...”

Ele avança e eu desvio. Sua mão pega um punhado de


cachos e minha frequência cardíaca dispara. Eu não posso
desfazer seu aperto sem perder os fios, então faço a única coisa
que posso. Eu giro em direção a ele e agarro seu cabelo.

É grosso e molhado e tão sedoso, mas consigo segurar uma


boa parte e puxar com toda a minha força.

“Foda-se!” Ele solta uma risada de dor e libera meu cabelo.

Com um grito, eu afasto. Sangue bombeando, botas batendo


nas poças de água, corro pela noite com um lobo me seguindo.

Trails of Sin #2
Ele corre atrás de mim, gemendo alto. “Você deveria ver o
jeito que sua bunda se move.”

Minhas nádegas se flexionam instintivamente e eu me


encolho. E tropeço.

Ele agarra meu braço e me gira ao redor. Os cílios cobrem


parcialmente as chamas douradas em seus olhos quando eles se
acendem sobre mim. A beleza predatória e a crueldade naquele
olhar tomam meu fôlego e acelera meu pulso.

Eu pressiono a mão contra o peito dele, sua pele contraindo


sob a palma da minha mão. Eu sugo o ar, ofegando e enchendo
meus pulmões com seu cheiro. Ele cheira a chuva e eletricidade,
terra e grama, e outra coisa, uma dureza por excelência que é única
apenas para ele – suor, luxúria e vida excitante. Está tudo ali,
emanando de sua pele.

Ele é a criatura mais forte e mais potente que eu já encontrei,


uma usina de força e impulso que atrai tanto quanto ele aterroriza.

E ele me quer.

Eu empurro seu enorme peito. Ele não se move. Eu puxo


meu braço em suas mãos, ambos ainda escorregadios da
chuva. Eu escorrego livre, cambaleando de surpresa.

Então, estou correndo de novo, virando para a esquerda e


para a direita enquanto permaneço perto das nossas roupas.

Ele bate em mim e rosna, avança e grunhe, brincando


comigo, me deixando escapar o tempo suficiente para retomar a
perseguição.

Rodeado por um campo escuro de nada, com seu corpo


musculoso iluminado pela lua e seu pau orgulhoso, ele é selvagem
e feroz. Um animal lindo e majestoso na caça.

Seu cabelo está pendurado na testa, preso aos cílios


molhados. Barba escurece sua mandíbula. A tensão enrijece as

Trails of Sin #2
bordas nítidas de seu rosto enquanto ele me espreita como um
animal faria com seu parceiro.

Possessivo e faminto, ele agarra-me, perdendo a paciência.


“Quando eu te pegar...”

“Eu sei.”

Saliva cobre minha língua e minha buceta pulsa pela dura e


grossa pedra de carne entre suas pernas.

Qualquer pânico deixado no meu corpo é vencido pela


queimadura de seus olhos. Eu o transformei em um monstro
frenético, ofegante e voraz que não está mais interessado em jogar.

Músculos contraem em sua mandíbula rígida. Veias incham


ao longo de seus antebraços flexionados. Seus punhos apertam e
soltam ao seu lado. No entanto, de alguma forma, ele ainda
mantém firme o controle.

Eu nunca vi nada tão bonito ou assustador como este


homem à beira de perder o controle. Ele rouba o ar do meu peito e
o substitui pelo calor incandescente que se espalha para o sul,
pulsando e furioso entre as minhas pernas.

Um segundo depois, sua contenção acaba. Ele se move tão


rápido que eu o sinto antes de ver seus braços prenderem minha
cintura. Meus pés deixam o chão. Minhas pernas enroscam em
seus quadris e minhas mãos caem através dos fios macios de seu
cabelo escuro.

Ele me levanta mais alto, e seus lábios deslizam pelo meu


peito, espalhando beijos, mordidas e lambidas abrasadoras.

Eu arqueio contra ele, gemendo. “Você é um homem de


peito.”

“Eu sou um homem de Maybe.” Sua mão enfia no meu


cabelo, segurando a parte de trás da minha cabeça e prendendo-a
para saquear minha boca em um beijo dominador.

Trails of Sin #2
Juntos, parece que não conseguimos nos aproximar o
suficiente, seus quadris balançando, os dedos arranhando, os
lábios selados e sugando.

Eu coloco meus braços ao redor do seu pescoço, inclinando


minha cabeça para a esquerda e direita para aprofundar o ângulo,
esfregando minha língua contra a sua, mordendo, gemendo e me
desfazendo.

O desejo irrompe de todos os lugares enquanto nossa


conexão chia e fagulha, ficando mais quente, mais úmida. Cada
célula do meu corpo vibra e queima por ele.

Eu deslizo pelo seu peito sólido, passando minhas mãos por


todo ele, sua pele é como seda sobre aço. Com um gemido contra
seus lábios, eu me contorço ao longo de seu corpo, tentando nos
unir, esfregando sem parar.

Sua ereção cutuca contra minha buceta, seus dedos


afundando na minha bunda. Eu poderia montar nele e balançar
sobre seu pau enquanto ele está de pé. Eu nunca fiz assim, mas
ele é forte o suficiente para nos apoiar.

Com minhas pernas envolvendo sua cintura e um braço


preso em volta do seu pescoço, eu alcanço entre nós e o aperto.

“Gananciosa.” Ele geme e afasta minha mão. “Impaciente.”

“Faminta.” Eu balanço contra ele, agarrando-me a sua força.


“Vamos logo com isso.”

“Você quer que eu simplesmente empurre para dentro,


hein?” Ele sorri.

“É tudo o que você tem que fazer.” Eu o beijo, morrendo de


fome e frenética. “Acabe com meu sofrimento.”

“Eu quero ouvir você gritar.”

“Faça-me.” Eu mordo seus lábios.

“Vai doer.”

Trails of Sin #2
“Agora você está sendo arrogante.”

“Eu não sou gentil.”

“Pare de falar e coloque isso em mim.”

Ele cai de joelhos na grama e segura minhas pernas em volta


dele então estou montada no colo dele.

Segurando meu rosto em suas mãos, ele descansa sua testa


contra a minha. “Maybe.”

A ilusão desaparece e a realidade se infiltra. Isso é real. Ele,


eu e a última chance de dizer pare. Ele está me dando isso,
esperando minha reação com respirações profundas.

“Sem talvez.” Eu agarro seu rosto, espelhando suas mãos.


“Eu quero você.”

Ele me puxa com força para o peito e me beija até que eu


vejo estrelas. Então ele se inclina para trás e agarra meus quadris.
“Segure.”

Meus dedos tremem quando eu agarro os ombros largos do


seu corpo fortemente construído. Músculo sobre músculo,
formando pilhas no seu torso. Eu aperto minhas pernas em torno
de sua cintura estreita, meu olhar preso pelo brilho dourado dele.

Ele envolve uma mão em seu pau e é quando eu o sinto. Os


tremores ao longo de seu braço. O tremor em suas coxas abaixo
das minhas. O tremor nas respirações contra o meu pescoço.

“Solte”, eu sussurro.

Sua boca se abre. Os dedos do meu quadril se


contraem. Então ele empurra, preenchendo-me após um longo e
forte golpe brutal.

Nós gememos juntos, perdendo o contato visual por um


momento atordoado enquanto nos ajustamos e sentimos. A ponta
dele pressiona contra a parte mais profunda de mim, sua
circunferência alongando músculos e tecidos negligenciados.

Trails of Sin #2
Quando nossos olhares se reconectam, ele me aproxima
mais, fazendo estocadas firmes dentro de mim, impulsionando sem
sair.

“Você é muito apertada, Maybe.” Ele pressiona a mão contra


a parte de baixo das minhas costas, a outra segurando meu cabelo.
“Estou machucando você?”

“É uma dor boa.” A plenitude e pressão esmagadora me


impulsiona a empurrá-lo, buscando a liberdade desta necessidade
inegável.

“Quanto tempo passou?”

“Desde que eu fiz sexo? Quase um ano.” Eu toco meus lábios


nos dele. “Desde que isso parecia certo? Nunca.”

Isso é tudo que é preciso. Ele me levanta e empurra dentro


de mim. Mais e mais, ele dirige meu corpo para o dele, usando
minha buceta como um punho para acariciar-se.

Tudo o que posso fazer é segurar, rasgando minhas cordas


vocais enquanto grito. Eu grito seu nome. Eu grito por um
deus. Talvez eles sejam um e o mesmo.

Ele parece um deus guerreiro. Ele fode como um deus do


sexo. Eu vou adorá-lo alegremente e eu faço – com a minha boca
na dele, minhas mãos em seu corpo e minha buceta apertando-o
em direção ao orgasmo.

Ele empurra dentro de mim, abrindo mais as minhas pernas


e atormentando meu clitóris com dedos talentosos. Seus lábios só
deixam os meus para violentar meus seios, espalhando brilhantes
faíscas de necessidade através da minha pele.

Então ele me deita de costas e me fode no chão. Com meu


joelho curvado ao redor de seu quadril, ele golpeia
implacavelmente, esfregando e mergulhando. Seus gemidos
guturais infundem seus beijos, seu corpo é como um pistão de
flexão muscular e poder infinito quando ele empurra em um ritmo
frenético, mãos na minha bunda, contusões e arranhões.

Trails of Sin #2
Ele é uma tempestade cruel – bonita, violenta e
incontrolável. Colidindo em mim, ele grunhe e segura como se
forçando tudo em mim. Isso não é sexo. É algo mais. Algo que eu
nunca experimentei ou até fantasiei.

É a crueldade em sua forma mais primitiva, o amor em seu


estado mais profundo e apaixonado. É o acasalamento animalesco,
não vinculado e despido, uma conexão que desafia a civilidade.

A mordida de seus dentes não dói mais. A pressão impiedosa


de seus dedos não é dolorosa. Seus impulsos apenas arranham a
superfície do que ele desencadeou em mim. Eu quero todo desejo
brutal em seu corpo. Mais dor. Mais prazer. Mais ele.

Ele me fode noite adentro, empurrando com tanta violência


e selvageria que a batida de seus quadris nos movimenta pela
grama. Pedras raspam minhas costas. A lama mancha minha
pele. Meus lábios pulsam de beijar. O calor de seu corpo me
cozinha de dentro para fora e, ainda assim, lutamos para prolongar
isso.

Eu não persigo o meu orgasmo, mas ele surge, coletando e


pressionando contra o interior da minha pele em ondas
brilhantes. Eu não vou conseguir segurar por muito mais
tempo. Ele está bem ali comigo, olhando nos meus olhos,
mandíbula apertada, mãos caindo no chão e torcendo a grama até
a morte.

“Eu não consigo ter o suficiente.” Ele empurra em mim,


respirando com tanta força que sua voz grunhe.

“Nós temos amanhã à noite.” Eu arqueio contra ele. “E todos


os amanhãs depois.”

“Ouvir você dizer isso...” Ele olha para mim e sua mão
descansa contra o lado do meu rosto. “Você selou seu destino.”

“Qual é o meu destino?” Eu queimo com o desejo. Tremo com


esperança.

Trails of Sin #2
“Isso.” Ele entra e sai, diminuindo o ritmo. “Nós. Por uma
eternidade.”

Eu me permito acreditar nisso, só por enquanto, enquanto


ele desliza a mão para a minha garganta e aperta com uma pressão
ímpia.

Eu engasgo, respiro e tudo dentro de mim se submete. Seu


olhar dança sobre o meu, nunca desviando enquanto o medo
alimenta a excitação, a preocupação dá lugar ao prazer e a
resistência se transforma em aceitação.

Preso sob este homem perigoso, com o punho contra a minha


traqueia e os olhos brilhando com uma ferocidade assustadora, eu
me solto e dou a ele minha confiança.

Seus lábios se separam enquanto ele analisa meu rosto e


registra minha rendição. Suas respirações vêm mais rápido, mais
forte, competindo com o ritmo de seus quadris.

“Juntos.” Ele restringe meu olhar com tanta força quanto ele
segura minha garganta.

Inclinando-se sobre mim, ele abre suas pernas musculosas


entre as minhas e dá o golpe final. Então ele nos leva ao abismo.

Eu sempre quis gozar no pau de um homem e quando


desmorono ao redor dele, com ele, percebo que não é o seu pau que
está explodindo meu mundo em pedaços de êxtase. É a mão dele
na minha garganta. São os olhos dele, olhando para as
profundezas do meu ser. É seu grito enquanto ele goza no meu
corpo. É o seu domínio total sobre o meu prazer e a rendição do
dele.

É ele.

A masturbação sempre fez o trabalho, mas um orgasmo


induzido por Jarret é a base da minha existência.

Trails of Sin #2
Entramos em colapso em um campo de grama molhada,
respirando com dificuldade, com os membros líquidos e a
satisfação sussurrando.

Rolando de costas, ele me puxa para o peito e me beija


levemente. Sua língua gira ao redor da minha, suas mãos
acariciando com uma ternura que queima a parte de trás dos meus
olhos.

“Seu corpo está falando comigo.” Ele desliza gentilmente os


dedos pela minha coluna.

“O que está dizendo?” Eu aninho na cavidade em seu


pescoço.

“Você está feliz. Aliviada. E ansiosa.” Ele agarra minha mão,


onde ela torce nas pontas molhadas do meu cabelo e guia minha
palma para seu peito. “O que quer que você esteja preocupada,
esqueça. Eu vou lidar com qualquer coisa que nos ameace. Você
não está sozinha, Maybe.”

Eu desejo acreditar nele.

Emaranhados juntos sob a luz da lua, abraçados pela noite


aveludada, pele com pele, pernas entrelaçadas e respirando como
um só, fico em silencio e o beijo.

Eu me permiti acreditar nele. Só por um momento.

Trails of Sin #2
Um momento se estende por um longo tempo. Antes que eu
perceba, o verão se transforma em outono e três meses passam a
galope.

Conor voltou para a faculdade em agosto. Ela faz o longo


trajeto para o campus todos os dias, faz um grande número de
horas no laboratório e retorna ao rancho todas as noites para
cuidar de suas tarefas da faculdade.

Jake fica pensativo enquanto ela está fora, mas no momento


em que sua moto entra na propriedade, ele sai pela porta para
sufocá-la em afeto.

Na manhã em que suas aulas foram retomadas, ele a seguiu


até a moto, ajoelhou-se na calçada e segurou um anel. Ele não
propôs apenas com qualquer anel. O diamante pertencia à sua mãe
e a de Jarret. O anel de Julep. O que ela estava usando quando
morreu.

Quando Conor explodiu em lágrimas e acenou com a cabeça,


eu assisti da varanda, com a garganta contraindo e pânico em meu
interior. De pé ao meu lado, Jarret alcançou minha mão e
entrelaçou nossos dedos.

Ele quer o que eles têm, mas ele não mencionou casamento
desde aquela noite no campo.

Na ausência de Conor, me dediquei a fazer suas tarefas no


rancho. Aprendi muito sobre como consertar cercas, pastorear

Trails of Sin #2
gado de um pasto para outro, manter gramíneas sazonais e limpar
currais.

Jake me paga um salário regular. Eu estava relutante no


começo, mas ele gerencia a contabilidade e argumentou que isso
os pouparia em impostos se eu estivesse na folha de pagamento.

É bom ser independente novamente, ganhando a vida e


fazendo um trabalho que eu gosto. Minha pele brilha mais
intensamente. Meu cabelo adora tranças e meus pés preferem
botas resistentes do que saltos pouco práticos. Eu acho que
trabalhar ao ar livre me faz sorrir mais e respirar mais fácil. Eu me
sinto mais saudável, viva e feliz.

Claro, um certo cowboy com um desejo sexual insaciável tem


muito a ver com isso.

De pé no chuveiro em seu banheiro, deixo a água lavar a


sujeira do meu corpo e o zumbido da minha cabeça. Tornou-se
meu ritual noturno, meu tempo longe da sombra sempre presente
ao meu lado, para reavaliar e reorientar.

Penso no envelope embaixo do tapete do meu carro. Sobre os


segredos que estamos escondendo um do outro. Sobre a confiança
que construímos nas mentiras.

Eu sei que o que estamos fazendo não é saudável. Sei que é


apenas uma questão de tempo antes que tudo se desfaça.

Eu também sei que estou profundamente, loucamente,


insanamente apaixonada por ele.

Com o meu histórico, seria fácil me acusar de me apaixonar


por todo homem que me mostra atenção. Eu tentei comparar esse
amor com o que sentia pelos outros, mas não posso. Isso é muito
diferente. Muito recente. Proibido demais. O que sinto por Jarret é
torcido de forma tão intricada no certo e errado que não posso fazer
sentido lógico disso.

Desde quando o amor é lógico de qualquer maneira?

Trails of Sin #2
Não importa. Nenhum de nós expressou as palavras. Nós
não falamos sobre o futuro ou o passado. Nós nos agarramos ao
presente tão firme e desesperadamente quanto possível, porque
sabemos o que nos espera do lado de fora da nossa feliz bolha.

Tão próximos quanto ficamos e tão fortes como estamos


juntos, não é suficiente. A verdade vai nos separar.

Então eu ignoro o envelope no meu carro por mais uma


noite. Saio do chuveiro e fecho a porta em nossos segredos por um
pouco mais de tempo.

Enrolada em uma toalha, entro no quarto e esqueço como


respirar.

Jarret está sentado na beira da cama, usando cueca preta e


nada mais. No fundo, Hurricane, de Luke Combs vem dos alto-
falantes ocultos.

Ele gosta de tocar essa música para mim. Ele diz que lembra
a noite em que ficamos juntos em uma tempestade de eletricidade
e luz ofuscante.

Seu cabelo castanho escuro cobre sua testa. Suas mãos


descansam nas coxas abertas. Costas reta, queixo inclinado para
baixo, ele fixa os olhos marcantes nos meus.

Nos últimos três meses, eu explorei e memorizei cada


centímetro do seu lindo corpo. A dureza de seu peito, a espessura
de seus bíceps, as protuberâncias duras de seus mamilos quando
eu deslizo minha língua sobre eles. Nunca desejei um homem do
jeito que anseio por ele. Nunca fui tão obcecada com os prazeres
carnais do corpo e do pecado.

Mas, por mais que eu ame seu corpo, isso não é o que me
mantém cativa. É a energia estrondosa que vibra dentro dele.

Como agora.

“Retire a toalha.” O comando em sua voz é minha fraqueza e


minha tábua de salvação.

Trails of Sin #2
Um calafrio de desejo não adulterado atinge meu interior.

Eu apoio minhas mãos nos quadris e dou a ele a resposta


que o deixa mais duro que uma rocha. “Não.”

Seus olhos esquentam enquanto ele se levanta lentamente


da cama.

Ele sai da ilusão, assim como eu. A sensação de lutar


debaixo dele, o pulso rápido na minha garganta contra a sua mão,
a sensação de me forçar contra a minha vontade, o tempo todo
sabendo que ele me excita de uma maneira que ninguém nunca
fez.

Eu tenho vantagem enquanto ele me persegue através do


quarto, esbarrando em paredes, derrubando abajures, chutando,
mordendo e arranhando a pele. Termina comigo debruçada sobre
seu colo, meu rosto pressionado contra o colchão e a toalha há
muito desaparecida.

“Toda noite”, diz ele, acariciando minha bunda avermelhada,


“você sai do banheiro com uma tensão renovada. Você tenta se
desfazer disso antes de sair, mas ainda está ali.”

Como diabos ele percebe isso? Sua intuição é estranha e isso


realmente me assusta às vezes.

“Eu estou espancando você hoje como um lembrete.” Ele


continua a acariciar minha bunda nua, torcendo-me com
antecipação.

Eu me contorço contra sua mão, ganhando um beijo


deliciosamente intenso.

“Nada importa”, ele diz devagar, calmamente, fazendo-me


aguardar cada sílaba estrondosa, forçando-me a focar apenas nele
enquanto flutuo em suspense pelo prazer que ele vai entregar,
“exceto você, eu e o som da minha voz.”

Ele levanta a mão e cada vez que a palma encontra a minha


pele, a ardência apaga ansiedades sobre segredos e mentiras,

Trails of Sin #2
pessoas desaparecidas e negócios inacabados. Ele me reduz a uma
criatura física existente apenas no aqui e agora, sentindo a dor e o
prazer, até que tudo o que existe é ele, eu e essa coisa sagrada
entre nós.

Quando meu traseiro fica dormente dos golpes e meu corpo


flutua sobre uma nuvem de endorfinas, ele me joga na cama e se
levanta, retirando sua cueca.

Sua ereção se projeta de coxas definidas, seu olhar


fumegante sob o V de sobrancelhas escuras. Os músculos em seu
pescoço contraem contra sua pele, sua mandíbula prende com
força.

Ele nem sempre me fode como se estivesse lutando em uma


guerra, mas ele precisa disso hoje à noite. Tem sido um longo dia
de pastoreio e ele tem sua própria tensão para dissipar.

Eu viro de bruços e afasto para o outro lada da cama,


gritando quando a mão dele captura meu tornozelo. Ele sobe em
cima de mim e meu coração dispara.

Seus dedos escorregam entre as minhas pernas e ele geme.


“Foda-se, você está molhada.”

Eu tento sair debaixo dele, ofegante pelo esforço e ficando


mais molhada a cada segundo. Ele continua em cima de mim,
esfregando e grunhindo com um punho ao redor de seu pau.

Todo movimento é um esforço para se enterrar dentro de


mim. Ele luta comigo, agarra-me e eu me defendo, alimentando
sua urgência e me contorcendo.

Ele agarra minhas pernas e tenta subir nas minhas costas e


eu torço, ofegante e engasgando. O impulso e o recuo de seus
quadris o deixam mais quente e mais duro, seus gemidos se
transformam em grunhidos primitivos.

Eu adoro quando ele atinge esse nível de necessidade,


quando ele se perde completamente no impulso de saquear,
reivindicar e foder.

Trails of Sin #2
Ele finalmente me prende sobre a cama, com o peito contra
as minhas costas, me mantendo na inevitável gaiola de seu
corpo. Seus joelhos quase forçam minhas pernas a se separarem e
ele empurra em mim com tanta força que tira o ar dos meus
pulmões.

“Cristo, Maybe. Porra!” Com um grunhido de alívio, ele me


aproxima, me aprisionando com uma mão contra a minha garganta
e um braço em volta do meu abdômen. “Sempre tão molhada e
apertada. Tão perfeita pra caralho.”

Então ele vai à loucura, investindo e golpeando com a força


e a resistência de um garanhão.

A cabeceira bate contra a parede. O estrado da cama


range. Os lençóis se torcem e se desenrolam nas minhas mãos. Ele
geme no meu ouvido e eu grito contra o colchão.

Ele tem a energia para foder por horas e hoje à noite, ele faz
isso. Possessivo e indomável, ele me penetra com toda força.
Escravizada e possuída, eu lhe dou as boas-vindas. Quando seus
dentes afundam no meu ombro, quando o prazer estrangula sua
respiração, quando a necessidade em seu corpo se sobrepõe a sua
vontade de continuar, ele tensiona, pressiona o rosto contra o meu
pescoço e geme longa e profundamente.

Nós explodimos juntos, frenéticos, tremendo e esgotados.

Ele cai ao meu lado, sem fôlego e me agarrado com braços e


pernas. Eu inclino sobre seu peito e descanso meus lábios contra
os seus, quentes e úmidos. Nós nos beijamos devagar, lambendo e
saboreando, até que nossos batimentos cardíacos voltem ao
normal.

Eu preciso de outro banho. E doze horas de sono.

“Vou me limpar.” Eu escapo de nossos membros suados e


cansados e o deixo meio adormecido na cama.

“Volte depressa”, ele murmura no travesseiro. “E traga o


creme.”

Trails of Sin #2
O creme diminui a queimadura das marcas no meu corpo,
mas eu amo a dor da ardência. Eu também adoro os afagos depois.

Apresso-me no chuveiro, pego uma de suas camisetas e o


tubo de pomada. Quando abro a porta do quarto, o cheiro
característico de maconha atinge meu nariz.

Esticado na cama ao lado da janela aberta, ele está deitado


de costas, as mãos cruzadas atrás da cabeça, com um cigarro entre
os lábios.

Ele só fuma quando suas dores são mais do que ele pode
suportar. Eu não gosto do cheiro, mas meu Deus, ele é sexy
quando está todo esparramado e relaxado, como um leão
preguiçoso. O lençol está enrolado em seus quadris, o resto dele
nu e totalmente à vontade.

Eu coloco o creme na mesa de cabeceira e pego o telefone


dele. Percorrendo a lista de músicas, seleciono Might As Well Get
Stoned, de Chris Stapleton e balanço suavemente enquanto a
música flutua pelo quarto.

“Você exagerou hoje.” Eu me junto a ele na cama, colocando


minhas pernas sob sua cabeça para que ele possa usar meu colo
como travesseiro. “Então você exagerou com isso de novo esta
noite. Você deveria ter me dito que estava doendo.”

O cigarro fumegante se projeta do canto de sua boca


sexy. Ele abre um olho, me olhando através da fumaça.

“Por que você é tão bonita?” Ele murmura, balançando o


baseado.

“Eu não sei como responder isso.” Sorrio, passando meus


dedos pelo cabelo dele. “Por que você é tão grande?”

Ele olha para sua virilha.

“Oh, pelo amor.” Eu pego o cigarro de seus lábios e o


substituo com um beijo, saboreando o gosto de fumaça e rebelião
em sua boca. “Eu estava falando sobre sua personalidade.”

Trails of Sin #2
“Você acha que minha personalidade é... grande?”

“Uh, sim.” Eu devolvo o cigarro aos seus lábios, segurando-


o enquanto ele dá uma tragada. “Você sabe o que mais eu acho?”

Ele exala uma nuvem espessa em direção à janela e olha


para mim com expectativa.

“Eu acho que três meses com você não é o suficiente.” A


verdade aparece e eu me xingo por falar sem pensar.

Ele olha para mim, olha de verdade, com olhos dourados que
veem mais do que deveriam. Sua mão alcança meu rosto,
acariciando uma trilha de maravilha e calor.

“Guarde isso.” Ele direciona seu olhar para o cigarro na


minha mão.

Eu viro para o lado e coloco no cinzeiro no peitoril da janela.

Quando eu volto, seus braços se prendem ao meu redor e me


puxam com força, peito contra peito, pernas emaranhadas.

“Eu acho que uma vida inteira com você não é suficiente.”
Ele descansa sua testa contra a minha, respirando comigo.

Ele tem razão. Nenhuma quantidade de tempo é suficiente,


mas sinto que estamos nos aproximando cada vez mais da
expiração. Um movimento em falso, uma palavra escorregadia,
uma batida do passado e isso acaba.

O pensamento me deixa fria e vazia por dentro.

Eu passei os melhores três meses da minha vida com ele. Ele


me leva para dançar no Big Sugar. Leva-me a Tulsa para jantar em
restaurantes vegetarianos. Leva-me com ele todas as semanas
para visitar Lorne. Trabalha ao meu lado o dia inteiro, todo
dia. Dorme com os braços em volta de mim todas as noites. Prende-
me, me açoita, me estrangula, me agride e me dá mais prazer e
alegria do que eu esperava.

Trails of Sin #2
E ele nunca me pergunta sobre meus segredos. Nunca cede
aos seus. Esse é o nosso limite. A linha que silenciosamente
desenhamos e nunca cruzamos.

Ele pega o tubo da mesa de cabeceira e levanta a minha


camisa para esfregar o creme frio na minha bunda ardendo. Ele
beija meus lábios enquanto cuida de mim, murmura como eu sou
linda quando o sono me domina.

Ele algemou meu coração com o dele e gostaria que ele


perdesse a chave dessa fechadura. A batida constante do seu amor
contra o meu me empodera, me fortalece, me faz acreditar que
enquanto estamos juntos, é o suficiente.

Somos o suficiente.

Trails of Sin #2
TRÊS MESES DEPOIS…

Eu me arrasto através da neve em direção ao estábulo,


arrastando minhas botas para criar um caminho manejável para
os preguiçosos atrás de mim. O vento gelado sopra meu rosto e
sorrio, ajustando o Stetson na minha testa.

“Eu odeio que você esteja gostando disso.” Maybe pisa forte,
geme e solta um suspiro frustrado.

Sorrindo, eu me viro para ver como ela está. “Tudo o que


você precisa fazer é pedir ajuda.”

“De jeito nenhum. Você sempre consegue ser o alfa.” Ela


puxa a trança ligada ao cabresto de Chicken. “Estou determinada
a ser o alfa neste relacionamento.”

Ela afunda as botas, puxa a corda com toda a força e cai de


bunda.

Eu mordo meu lábio, mas meu sorriso se solta.

Ela insistiu que levássemos seu bezerro recém desmamado


de um metro de altura e quatrocentos quilos para uma caminhada,
apesar da quantidade enorme de neve que caiu sobre nós durante
a noite. Chicken decidiu no meio da caminhada que ela não quer
fazer parte disso e plantou seus cascos.

Trails of Sin #2
Gelo se agarra ao nariz preto. Suas orelhas negras se
contraem inquietamente, o resto dela é tão branco que não consigo
ver onde ela termina e a neve começa.

“Você a mimou mantendo-a no estábulo.” Eu descanso


minhas mãos enluvadas nos quadris.

“Eu prefiro que ela durma com a gente.” Ela se levanta,


tirando a neve da calça jeans.

“Isso é um não bem grande.”

“Aww, mas olha como ela é fofa.” Ela se abaixa e pressiona


um beijo entre os olhos castanhos teimosos de Chicken.

Eu não sei sobre o bezerro, mas há uma tonelada de fofura


acontecendo com Maybe curvando assim. Flocos de neve grudam
em suas tranças loiras sob o Stetson. Nuvens brancas saem de
seus lábios rosados e seu casaco grosso ergue atrás, revelando
uma bunda redonda, firme e linda em jeans justo.

Um gemido soa na minha garganta e ela se endireita,


arqueando uma sobrancelha para mim.

“Aqui.” Eu retiro um guardanapo amassado do bolso do meu


casaco, revelando um doce e atiro para ela.

“Um bolinho de maçã frito?” Ela inspeciona a massa frita na


mão enluvada. “Ela pode comer isso?”

“Pergunte a ela.” Eu tenho escondido bolinhos para o maldito


bezerro desde a semana passada.

Ela se vira e segura o doce. “Olha o que eu tenho,


Chicken. Você pode comer...?”

Chicken avança para o doce e Maybe salta para trás com um


grito, segurando o doce contra o peito.

“Oh meu Deus.” Ela solta um som musical de surpresa


quando tropeça para trás para fugir do bezerro. “Devagar, sua
garota gananciosa.”

Trails of Sin #2
Ela gira e começa a andar em direção ao estábulo, rindo e
correndo pela neve, com Chicken pulando atrás dela.

Eu as alcanço lá dentro e encontro Chicken em sua baia,


engolindo pedaços do doce frito nas palmas abertas de Maybe.

“Ela adora isso.” Ela pisca para mim, seus olhos azuis tão
luminosos quanto seu sorriso.

Eu sorrio de volta, oprimido pelas ondas de calor que


circulam pelo meu sangue.

Afundar em seu corpo desde a primeira vez completamente


redefiniu minha existência. Mas nada se compara a momentos
como este, quando a felicidade dela é tão deslumbrante que estala
as moléculas no ar.

Quando o doce acaba, ela abraça o bezerro, afofa a cama de


palha e verifica o alimentador automático.

Não é um resort para galinhas com tudo incluído, mas


permite-lhe mimar o seu próprio bicho resgatado. Isso a faz sorrir
e isso significa mais para mim do que qualquer outra coisa no
mundo.

Ela morou aqui por seis meses. Ela trabalha para o rancho
e passou os feriados com minha família – Ação de Graças, Natal,
Ano Novo. Ela se tornou uma de nós, entrando direto para a família
sem sequer tentar. Eles a adoram.

Eu a adoro. Aprecio-a. Adoro o chão em que ela anda. Eu a


amo com tudo dentro de mim e estou cansado de segurar as
palavras, a promessa que eu quero fazer para ela e os segredos que
desejo contar.

Eu confio nela para manter meus esqueletos


enterrados. Minha família confia nela. O que quer que ela esteja
escondendo de mim, o que quer que a tenha trazido aqui há seis
meses, não importa mais.

Eu esperei tempo suficiente.

Trails of Sin #2
Ela se despede de Chicken e me segue até a porta. Quando
saio e sigo em direção à casa, não ouço o ruído de suas botas atrás
de mim. Eu paro e olho para trás.

De pé na porta do estábulo, ela se enterra em seu casaco,


braços em volta dela e pernas unidas. Sua respiração sopra como
fumaça branca por baixo do chapéu e todo o seu corpo treme.

Está muito frio hoje, mas ela está trabalhando em


temperaturas de inverno por mais de um mês. Eu lanço uma careta
impaciente.

“O quê?” Ela olha para a neve. “Chicken não gosta disso


também.”

“Este é o primeiro inverno dela, então ela tem uma


desculpa. Mas você...”

“Sim. Estou com frio. Eu sei que não é tão frio aqui como é
em Chicago, mas eu ainda estou com frio. Não me julgue.”

“Eu definitivamente estou julgando.” Eu giro de volta para a


casa e começo a andar.

Dois passos depois, uma bola de neve bate na parte de trás


do meu pescoço e desmorona sob o colarinho da minha jaqueta.

Eu me viro e ela passa correndo por mim, arremessando


mais bolas de neve de uma pilha pré-fabricada em seus braços.

A sorrateira...

Uma bola branca passa pelo meu rosto, tão perto que
encosta levemente na minha bochecha.

Ela grita de tanto rir e corre para o estacionamento, pegando


um monte de bolas de neve já formadas ao longo do caminho.

Não sei quando ela fez isso, mas meu interior explode de
adrenalina com a perspectiva de brincar com ela.

Trails of Sin #2
Ficando de joelhos, eu reúno neve e moldo enquanto a neve
cai sobre a minha cabeça. Eu não faço isso desde que eu era
criança e, caramba, eu não consigo impedir que as bolas de neve
caiam. “Como você sabe fazer isso tão bem?”

“Eu cresci em Chicago, baby.” Ela fica a três metros de


distância, munição firme em cada mão e pisca. “Eu sei brincar na
neve.”

Eu finalmente descobri como fazer pequenas bolas


encaroçadas e passo os próximos vinte minutos atrás dela ao redor
dos carros, esquivando-se, correndo e lançando granadas de gelo
de um lado para o outro.

Eu não ri tanto assim há anos. Ela é tão revigorante e


viciante, uma onda de energia e bochechas rosadas, juventude e
beleza angelical. Seu amor pela vida é magnético, seu espírito é
inspirador. Quero passar o resto dos meus dias perseguindo seu
fogo e me aquecendo em seu calor.

Quando o granizo de neve para, eu examino o


estacionamento, procurando por seu sorriso travesso. Ela usou
seu arsenal ou está planejando um ataque.

“Maybe?” Minhas botas esmagam a neve enquanto eu


contorno os carros, coração batendo em antecipação.

Algo se move atrás de mim. Eu giro e seu peito colide com o


meu. Seus braços cercam minhas costas e eu a levanto. Ela
envolve as pernas em meus quadris e nos afundamos em um beijo
que dispersa pássaros e derrete a neve.

Seus lábios estão frios, sua boca molhada e quente enquanto


eu mergulho minha língua com movimentos lentos. Não há
mordida. Sem contusões ou urgência. Não há jogos ou
guerras. Somos apenas nós, sentindo, saboreando e aproveitando
a realidade em nossa união.

“Eu te amo.” Eu fecho meus olhos, assustado pelo som das


palavras que eu disse a ela tantas vezes na minha cabeça.

Trails of Sin #2
Ela abaixa seus pés no chão e descansa uma mão enluvada
na minha bochecha, me fazendo olhar para ela.

“Eu também te amo.” Seu olhar desliza pelo meu rosto e


retorna aos meus olhos. “Tanto que dói.”

Agulhas atravessam minha pele e meu coração bate na


minha caixa torácica. Calafrios, calor e a vibração de sua
declaração – é o melhor sentimento.

É a hora certa.

A pedra no meu bolso queima para ser removida. Estive


carregando isso por tanto tempo, esperando, temendo, desejando.

Eu sei que o que eu fizer a seguir vai perturbar o equilíbrio


que mantivemos com tanto cuidado e diligência. Mas eu só estive
atrasando o inevitável. Nós compartilhamos o mesmo destino e eu
quero que o mundo saiba disso.

Minha boca seca quando retiro minhas luvas e fico apenas


sobre um joelho.

“Jarret?” Confusão soa da voz dela.

Minha mão treme quando empurro no bolso e pego o


anel. Eu fiz isso há alguns meses. Um diamante de dois quilates
em um anel dourado com um delicado padrão de folhas dos dois
lados. Isso me lembra de um prado encantado, direto do Alice no
País das Maravilhas.

Vou pagar as prestações pelo resto da minha vida, mas não


me importo. Eu só a quero feliz.

Eu levanto meus olhos para os dela e levanto o anel. “Case


comigo.”

Ela olha para o diamante e sua boca se abre. Ela fecha, abre
e seus olhos se enchem de lágrimas horrorizadas.

“Jarret...” Ela cambaleia para trás, balançando a cabeça.


“Eu não posso.”

Trails of Sin #2
Meu coração cai do meu peito e sangra na neve. Meus
pulmões batem juntos e eu mordo tanto na minha língua que sinto
gosto de ferro.

Mas eu sabia que isso não seria fácil. Maybe Quinn não faz
nada sem uma briga. Então eu afasto a rejeição e recomponho
minhas entranhas. Meus músculos ficam tensos. Meu sangue
esquenta e a determinação surge sob a minha pele.

“Você pode.” Eu me levanto e aperto o anel no meu punho.

“Você não entende.” O queixo dela treme e lágrimas descem


pelas suas bochechas pálidas.

“Você me ama. Eu te amo.” Minha voz se eleva para um tom


gutural. “Não há mais nada para entender!”

“Oh, Deus.” Seus ombros se encolhem e suas mãos


enluvadas cobrem sua boca enquanto ela se afasta, cambaleando
na direção oposta da casa.

“O que você está fazendo?” Eu a acompanho através do


estacionamento com um nó dolorido no estômago. “Fale comigo.”

“Eu vou.” Ela aumenta o ritmo e vai em direção ao seu carro.


“Eu preciso...” Um soluço escapa. “Preciso te mostrar.”

Ela para na porta do lado do motorista, agarra a maçaneta e


faz uma pausa. Agonia e conflito agitam através de seu pequeno
corpo e faço tudo que posso para não rugir. Eu não suporto vê-la
chateada.

“Seja o que for...” devolvo o anel ao meu bolso e a puxo com


força contra o meu peito. “Nós vamos passar por isso. Eu não vou
desistir. Compreende?”

Ela olha para mim, seus olhos vívidos, radiantes, azuis


contra o pano de fundo da neve. Ela pisca e uma lágrima solitária
se agarra à franja inferior de seus cílios.

Trails of Sin #2
“Eu nunca quis ver seus cílios molhados.” Pego a gota com o
meu dedo e aperto-a em minha mão. “Eu sinto muito por ter feito
você chorar.”

“Não é você.” Seus olhos se fecham e sua expressão se


contrai.

“Você é deslumbrante, mesmo quando está chorando.”


Segurando a parte de trás de sua cabeça, eu guio seu rosto para
os meus lábios e beijo cada pálpebra. Os cílios úmidos vibram
contra a minha pele e eu os beijo também. “O que eu posso fazer?”

“Você está fazendo tudo certo.” Ela se vira para a porta do


carro e a abre. “Nós deveríamos ter tido essa conversa meses
atrás.”

Ela se inclina para o assoalho e reaparece com um grande


envelope preso ao peito.

É onde ela guardou seus segredos? Todo esse tempo, eu


poderia ter olhado em seu carro, mas nunca considerei isso. Eu lhe
disse que esperaria até que ela estivesse pronta para me dar a
verdade e ela deixou o envelope no carro, confiando em mim para
não pega-lo.

“Eu te amo, Maybelline Quinn.” Estendo a mão para ela.

Com um aceno brusco, ela agarra meus dedos. Então me


segue até a casa, pelo corredor e em nosso quarto.

Nós removemos nossa roupa em silêncio, observando um ao


outro sem desviar o olhar. Ela se senta na cama para tirar as
botas. As botas da minha infância. Ela poderia ter substituído elas
com o dinheiro que está ganhando. Em vez disso, ela as usa todos
os dias e, mesmo agora, ela as coloca no chão com carinhoso
cuidado.

Levantando o envelope da pilha de casacos e chapéus, ela


encontra meus olhos do outro lado do quarto. “Eu teria dito sim.”

Trails of Sin #2
“Mas...” Minha garganta se fecha e um enxame de abelhas
invadem meu estômago.

Ela agarra seu pescoço, sua expressão totalmente triste. “Eu


já sou casada.”

Trails of Sin #2
Uma faca torce dentro de mim com essa simples palavra.

Casada.

Como isso é possível? Maybe é minha. Ela tem sido


minha. Meus punhos apertam quando a negação prende meus
pulmões.

Casada.

Repito na minha cabeça, pesando a declaração contra suas


ações nos últimos seis meses.

Ela resistiu desde o primeiro dia, fisicamente e


emocionalmente contra ter um relacionamento comigo. Mas há
tantas explicações para isso – seu medo da intimidade sexual, suas
suspeitas sobre meu passado e sua conexão com a lista de homens
mortos.

Meu peito aperta meu coração enquanto meus pensamentos


me levam mais e mais para um caminho horrível.

No fundo da minha mente, eu suspeitava que ela tivesse


algum tipo de vínculo familiar com os parceiros de negócios do meu
pai. Sua mãe morreu de câncer. Seu pai, no entanto, ela nunca
mencionou.

Mas marido?

Eu considerei essa possibilidade? Talvez no fundo eu sempre


soubesse e me recusasse a admitir isso.

Trails of Sin #2
“Ele te mandou aqui?” Eu pergunto com mais calma do que
sinto. “Ele está usando você em algum tipo de plano contra mim?”

“O quê?” Ela balança a cabeça rapidamente. “Não!”

“Quem é ele?”

“Eu não sei mais.” Ela paira perto da porta fechada do


quarto, me observando com cautela.

“O que isso significa?” Eu tremo incontrolavelmente


enquanto uma enxurrada de perguntas sobe na minha garganta.

Eu o conheço? Ela está procurando por ele? Ela o ama?

Por que ela não me contou?

Sua identidade é a principal das minhas preocupações. Levi


Tibbs era o mais jovem das minhas vítimas e a primeira pessoa que
ela mencionou quando a conheci no bar. Mas não consigo entender
que ela se casou com um estuprador e assassino contratado.

Exceto que ela se apaixonou por mim.

Um assassino em série.

Ela me ama.

Essa é a única razão pela qual eu não perdi completamente


a cabeça.

Ela se apaixonou por mim enquanto ainda era casada. Ele


pode estar procurando por ela. Ela pode estar procurando por
ele. Mas ela está comigo.

Se ela é casada com um homem morto, ela é viúva. Se ele


ainda estiver vivo, ela pode se divorciar dele. Nós vamos lidar com
isso. Recuso-me a considerar qualquer outra opção.

“Eu o conheci em um site de namoro há dois anos.” Ela


abaixa o envelope, olhando para ele através de uma cobertura de
lágrimas. “Foi um romance turbulento. Ele invadiu minha vida, me
fez apaixonar e acabou tudo dentro de um ano.”

Trails of Sin #2
“Ele é um dos nomes da sua lista?”

“Eu... eu preciso te contar algumas coisas primeiro. Coisas


que vão te irritar e eu não quero que você o machuque.” Ela
estremece com um choro abafado, derrubando mais lágrimas. “Eu
o amava.”

O tormento em sua voz é mil facas afundando em meu peito.

“Eu pensei que ele me amava.” Ela se arrasta para a cama e


se empoleira na borda. “Até que ele saiu para o trabalho uma
manhã e nunca mais voltou.”

Então ele está desaparecido.

Ela teve três amantes. Três relacionamentos. Um no ensino


médio, um na faculdade e outro depois. Nem uma vez ela insinuou
que ela era casada.

Não pode ser Levi Tibbs, porque ele não desapareceu até
depois que eu a conheci. Quem quer que seja, eu quero matá-lo
por machucá-la.

Quão mórbido e irônico é que ele já tenha morrido em


minhas mãos.

Mas como pode ser isso? Minha mente penetra através dos
nomes e rostos dos corpos mortos na ravina. Todos eles viviam
sozinhos em diferentes partes do país. Nenhum era de
Chicago. Nenhum era casado. Nenhum compartilhou seu
sobrenome. Embora, Jake e eu não pesquisamos muito fundo em
suas vidas pessoais. Não tínhamos nem tempo nem dinheiro para
investigar. Nós apenas os queríamos mortos, removidos como uma
ameaça e estávamos preparados para pais, irmãos, amantes,
qualquer um que se importasse com suas miseráveis existências
para vir procurá-los.

Exceto que ninguém veio.

Até seis meses atrás.

Trails of Sin #2
O marido dela a deixou e ela fez o que? Vendeu seus
pertences e veio até Sandbank encontrá-lo? Como ela sabia que
precisava vir aqui? O que ela acha que aconteceu com ele?

Uma nevasca de impaciência se enfurece dentro de mim,


mas me forço a permanecer imóvel e sereno. “Eu preciso do nome
dele.”

Ela fecha os olhos e faz um som angustiado em sua garganta.


“Eu estou...” Ela agarra o envelope no colo, dobrando as bordas.
“Estou com medo.”

Com medo da minha reação? Com medo de confirmar o que


ela já suspeita?

“Diga-me, Maybe.” Eu dou um passo em direção a ela.

Ela vacila e cobre a boca com a mão, segurando um soluço.

Porra, isso não é bom. O que diabos ela está com medo de
me dizer?

“Vamos começar com o dia em que ele saiu.” Eu sento na


cama ao lado dela, descanso um braço em volta dela e beijo seu
ombro.

Ela suaviza sob o meu toque e respira profundamente.

“Ele disse que estava saindo da cidade. Apenas uma viagem


de um dia para Oklahoma para se encontrar com um
investidor. Ele nunca voltou para casa.” Ela olha para o envelope
no colo, sem piscar. “Ele nunca ligou. Nunca atendeu seu telefone
ou mensagens. Ele apenas... desapareceu.”

O silêncio assombrado em sua voz restringe minha garganta.

Quantos telefones eu destruí e joguei na ravina com os


corpos? A maioria deles era de celulares descartáveis, todos com
senhas. Eu nem tentei invadir eles. Eu não me importei.

O marido dela está morto. Eu aposto minha vida nisso. E


vou precisar contar a ela.

Trails of Sin #2
“Você chamou a polícia?” Eu esfrego a mão ao longo de sua
coluna.

“Não. Primeiro, eu verifiquei o nosso cartão de crédito e


contas bancárias, na esperança de encontrar uma atividade que
identificasse sua localização.” Ela enrijece sob meus dedos. “Foi
quando a vida como eu a conhecia desmoronou.”

Ela se curva e aperta as mãos contra o rosto. Eu me inclino


com ela, abraçando-a com um peso no estômago.

“Eu era tão ingênua.” Ela solta um gemido interrompido por


um soluço. “Eu me casei com ele algumas semanas depois de
conhecê-lo e entreguei todas as minhas finanças para ele. Assinei
documentos e transferi contas para que ele pudesse acessar
tudo. Cada dólar que ganhei e investi desde a faculdade. Ele disse
que sabia como aumentar meu dinheiro, nosso dinheiro. Ele era
dono de uma pequena empresa de investimentos.” Ela se endireita,
cheia de raiva. “Ele mentiu.”

O assassino dentro de mim aguça suas garras e distorce


minha voz. “O que você quer dizer?”

Ela estremece com o meu tom. “Ele me limpou. Pegou cada


centavo que eu tinha. Como ele estava lidando com as contas,
entreguei todos os meus adiantamentos e lucros para ele. Eu não
sabia que ele havia parado de pagar a hipoteca do nosso
condomínio. Eu também perdi isso. Ele me deixou sem
nada. Nenhum carro. Sem poupança. Tudo o que eu tinha eram as
poucas roupas e o diamante no meu dedo, que acabou sendo um
pedaço de vidro de vinte dólares. Além de tudo isso, minha mãe
tinha acabado de morrer. Quando me encontrei com o advogado,
soube que meu marido trabalhava com minha mãe nas minhas
costas para administrar suas finanças e...”

“Ele também a limpou.”

Ela acena com a cabeça e enxuga o rio de lágrimas em suas


bochechas. “Ela possuía uma fortuna de dinheiro antigo, uma

Trails of Sin #2
herança passada através de gerações na minha família. Ela confiou
nele porque eu confiava nele. Tudo se foi.”

O filho da puta deixou-a sem lar, faliu e roubou sua mãe


moribunda. Quem diabos faria isso?

Qualquer um dos homens egoístas e implacáveis enterrados


na ravina.

A batida do meu coração atinge meus ouvidos.

Seu dinheiro acabou nas mãos do meu pai? Ela pagou as


dívidas dele e financiou a perfuração no Julep Ranch? Minha
mente trabalha para conectar os pontos, mas as respostas podem
esperar.

“Eu sinto muito, Maybe.” Eu a puxo para meus braços e


descanso minha testa contra a dela. “Eu faria qualquer coisa para
tirar sua dor.”

“Você tem sido...” Ela se agarra aos meus ombros, sua


respiração entrecortada entre as lágrimas. “Você tem sido tão bom
para mim, Jarret.”

Ela olha para seu colo e eu sigo seu olhar para o envelope. O
que quer que contenha, parece ser seu maior tormento. Não sei se
é uma prova contra o marido ou a minha família ou algo totalmente
diferente. Meus dedos se contorcem para arrancá-lo, mas não vou
pressiona-la. Ela é tão corajosa e forte que eu me recuso a tirar
isso dela.

“Quando eu descobri o estado de nossas finanças, fiquei com


medo por ele.” Ela me solta e vira para frente, sua voz equilibrada.
“Eu assumi que ele estava com problemas e precisava do
dinheiro. Ele deixou para trás suas roupas, seus pertences
pessoais e seu computador. Eu ia chamar a polícia, mas depois...”
Ela range os dentes. “Eu descobri suas senhas do computador e
investiguei sua vida. E-mails trocados com seu pai. Documentos
no disco rígido. Havia tanta coisa que eu não sabia sobre o meu
marido.”

Trails of Sin #2
Meus pensamentos voltam para uma das primeiras
conversas que tive com ela, quando perguntei como acabamos no
radar dela. “Você disse que estava seguindo uma pista em um
projeto diferente e isso levou você ao meu pai.”

“O projeto era meu marido desaparecido. A pista era Dalton


Cassidy.”

“O pai de Conor e Lorne?” Minha cabeça inclina para trás.


“Ele está morto por...”

“Quatro anos. Eu ouvi falar dele, mas nunca o conheci.”

Eu engulo em torno de uma brasa quente. “Como seu marido


conhecia Dalton?”

Ela levanta o envelope e o estende para mim enquanto uma


nova onda de lágrimas encharca suas bochechas. “Por favor, não
me odeie.”

Eu aceito o envelope e toco meus lábios na testa sulcada


dela. “Eu nunca poderia te odiar.”

“Abra-o.” Ela agarra as pontas de suas tranças, torcendo os


fios ao redor de seus dedos.

Guio as mãos dela para seu colo e volto minha atenção para
os documentos. Quando eu os retiro do envelope não lacrado,
meus olhos se prendem no cabeçalho, focando em três palavras.

Petição para Divórcio

Quando eu leio os nomes, meu coração para e os papéis se


enrugam nas minhas mãos apertadas.

Requerente: Maybelline Cassidy

Requerido: Rogan Cassidy

O quarto se inclina e o ar evapora dos meus pulmões.


“Cassidy?”

Trails of Sin #2
“Quinn é meu nome de solteira. Quando Rogan me deixou,
eu voltei a usar meu sobrenome.” Ela abraça seu torso e olha para
o chão. “Eu preciso encontrá-lo, Jarret. Se eu puder entregar os
papeis do divórcio e falar com ele...”

“Vá devagar!” Minha voz sai mais alta do que pretendia,


fazendo-a se encolher. “Ainda estou tentando entender os nomes.”

Ela fecha os olhos e suspira de forma entrecortada. Então


ela arrasta seu olhar para o meu. “Rogan Schroeder. Esse é o nome
que ele usou em seus e-mails com seu pai.”

“Mas o sobrenome dele é Cassidy?”

“Sim.” Ela recua alguns centímetros.

Eu a arrasto de volta pelo braço dela. “Como...? Olhe para


mim, Maybe.” Espero a conexão de seus olhos e pergunto em um
tom mais suave, “Como ele é um Cassidy?”

“Ele é filho de Dalton.”

Meu interior gela e minha cabeça gira com tontura.

É possível? Uma investigação superficial sobre Rogan


Schroeder mostrou que ele morava sozinho no Texas. O documento
em sua carteira confirmou seu endereço no Texas. Mas, dada a sua
linha de trabalho, faz sentido que ele usasse uma identidade falsa
e uma carteira de motorista falsa.

“Rogan é mais velho”, diz ela em voz trêmula. “Quase


quarenta. Dalton engravidou a mãe de Rogan depois do ensino
médio e ficou por perto tempo suficiente para dar a Rogan seu
sobrenome. Então ele fugiu e se casou com Ava O'Conor. Durante
o ano em que estive com Rogan, ele fez alguns comentários
maliciosos sobre como seu pai começou uma nova família e
possuía toda essa terra rica, enquanto ele e sua mãe lutavam para
sobreviver.”

“Eu não sabia.” Coloco os papéis de lado e apoio meus


cotovelos nos joelhos, esfregando meu rosto. “Conor e Lorne...”

Trails of Sin #2
“Rogan sabe sobre eles, mas eles não sabem que ele
existe. Dalton queria assim. Ele pagou a pensão necessária e
manteve contato com Rogan, mas ele não ficou por perto.”

Rogan Schroeder era um Cassidy.

Eu fecho meus olhos, lembrando do seu cabelo escuro, olhos


escuros, comportamento excessivamente confiante e
carismático. Ele era um homem bonito e, apesar da diferença de
idade de quatorze anos, posso ver as semelhanças entre ele e
Lorne.

Eu matei o irmão de Lorne e Conor. Marido de Maybe.

A bile sobe, mas eu engulo com a lembrança de que Rogan


era uma merda desprezível e uma ameaça à vida de Conor.

“Ele era motivado por vingança?” Pergunto. “Um filho


desprezado com problemas paternais?”

“Eu não sei. Além de alguns comentários, ele não falava


sobre sua família. Eu sei que isso o incomodava, mas não o
suficiente para...”

“Para fazer o que?”

“Eu não juntei tudo. A primeira coisa que encontrei no


computador dele foi um contrato de aluguel. Ele pagou o aluguel
do apartamento em que Dalton e Conor ficaram em Chicago, e
achei estranho. Rogan não é um cara de caridade, especialmente
não com o homem que o abandonou. A única razão pela qual ele
ajudaria Dalton era se ele estava recebendo algo em troca. Ou ele
colocou Dalton e Conor lá para mantê-los perto ou mantê-los longe
do rancho. Eu acredito que Dalton ofereceu um pedaço da terra em
troca de ajuda.”

Minhas mãos flexionam e soltam.

“Eu pesquisei mais fundo e...” Ela se levanta e anda pelo


quarto. “Encontrei copias do testamento de Ava O'Conor e descobri
sobre as estipulações da procuração e dos legítimos proprietários

Trails of Sin #2
da terra. Eu sabia que ela era a mãe de Lorne e Conor, mas não
entendia por que ele teria esses documentos. Quando entrei na
internet e pesquisei os Cassidys, as coisas começaram a fazer
sentido.”

“Você descobriu o que aconteceu aqui. Com Conor e Levi


Tibbs...”

Ela balança a cabeça, sua expressão escurecendo. “Passei


dias averiguando o e-mail de Rogan. Foi assim que encontrei seu
pai.”

Eu passo a mão pelo meu cabelo. “O que os e-mails diziam?”

“Eles eram vagos. Nada sobre o ataque a Conor ou um plano


para mantê-la longe do rancho, mas havia uma tendência entre as
palavras que me deixavam desconfortável. Discussões sobre os
horários das reuniões. A perfuração na terra. Atualizações sobre o
paradeiro de Lorne e Conor. Conversas sobre parceiros de negócios
desaparecidos. Foi assim que consegui a lista de nomes. Eu supus
por conhecer Rogan que ele e seu pai elaborou um acordo. Dalton
estava morto, mas Rogan já estava envolvido. Ele estava ajudando
seu pai com suas dívidas em troca de uma parte da terra. E foi o
meu dinheiro que financiou a parceria.”

Meu estômago endurece e minha voz sai como um rosnado.


“O que você fez, Maybe?”

“Eu enviei um email para o seu pai da conta de Rogan e exigi


me encontrar com ele.”

Eu surto da cama. “Você poderia ter se matado!”

Ela tropeça para trás, os olhos arregalados. “De tudo que eu


te disse, isso é...” Ela balança a cabeça em descrença. “Isso é o que
você está chateado? Você não entende? Meu marido desempenhou
um papel em manter Conor e Lorne fora de suas terras para que
ele pudesse lucrar com isso.” Ela estreita os olhos. “Ou talvez você
fazia parte disso?”

Trails of Sin #2
“Eu não tive nada a ver com isso ou com o dinheiro que foi
tirado de você.”

Ela respira profundamente, seus olhos enormes me


procurando. “Eu acredito em você.”

Meu pulso acelera. Nem uma vez ela mencionou assassinato


– a intenção de Rogan de matar ou minha história encharcada de
sangue. Ela não sabe.

Sua inocência é tão linda e devastadora que me tira o fôlego.

“Por que você não me disse que era casada?” Eu ando em


sua direção.

“Nas primeiras semanas em que estive aqui, tive muitas


razões. Você possuía um negócio que foi retirado da dívida com
dinheiro roubado. Você vivia em uma propriedade extravagante
enquanto eu morava no meu carro. Você estava prosperando
enquanto eu mal sobrevivia. Seu pai não está presente e meu
marido está desaparecido. Todas as evidências apontam para o seu
envolvimento. Eu não confiei em você.”

Tudo isso é verdade e me destrói que a poupança dela foi


usada contra ela. Não é de admirar que ela tenha lutado contra
mim da maneira que fez.

“E agora?” Eu me aproximo, deixando alguns centímetros


entre nós. “Você disse que estava com medo.”

“Eu confio em você para não me machucar, mas nos últimos


seis meses, ficou cada vez mais difícil te dizer. Eu me apaixonei por
você enquanto sou casada com o irmão de Conor. Nós estamos tão
felizes e satisfeitos que eu caí em um sonho que não queria
acordar. Ignorância é felicidade, certo? Mas os sonhos acabam e
agora estamos no momento da verdade.” Ela engole em seco e me
dá um contato visual constante. “Eu sei que você teve algo a ver
com o desaparecimento de Rogan. Você o ameaçou? Forçou-o a se
esconder? Seu pai disse que você sabe onde ele está.”

Trails of Sin #2
“Eu vou te dizer.” Pavor toma conta de mim enquanto
caminho ao redor dela. “Eu preciso saber sobre sua reunião com
meu pai. Você mandou um email para ele e...”

“Eu disse a ele que era repórter e ameacei vender uma


história incriminadora se ele não se encontrasse comigo. Ele me
deu seu endereço e eu embalei o pouco que tinha sobrado, comprei
um carro barato e dirigi para o Texas.”

“Você disse a ele que era a esposa de Rogan?”

“Não, mas ele sabia. Quando cheguei, ele sabia meu nome e
tudo sobre mim. Rogan deve ter dito a ele.”

Uma onda esmagadora de proteção me atravessa e eu não


consigo me impedir de segurar seu rosto e levantar sua testa para
a minha. “Você é uma mulher bonita e ingênua. Você atravessou o
país sozinha, encontrou um homem perigoso que não conhecia e
nem uma vez ligou para a polícia. Eu deveria espancá-la por isso.”

Suas bochechas esquentam debaixo das minhas mãos.


“Deixe-me perguntar isso. Se eu roubasse seu dinheiro e
desaparecesse, você chamaria a polícia?”

“Não.” Estou tão certo disso que nem sequer penso. “Eu iria
te caçar e punir você.”

“Foi o que eu fiz, embora a punição que tinha em mente não


seja a mesma que a sua.” Ela suspira. “Eu estava determinada a
encontrá-lo, obter respostas e arrastá-lo através de uma batalha
legal miserável. Isto é, até que eu te conheci.”

“Suas prioridades mudaram.” Eu acaricio um polegar em


sua bochecha.

“Você deve pensar que sou terrivelmente esquisita e


incompetente.”

“Porque você escolheu ficar comigo em vez de perseguir seu


marido ladrão, enganador e manipulador?”

Trails of Sin #2
Ela sorri tristemente. “Eu preciso que você saiba que eu não
vim aqui para criar drama familiar para Conor. Sou casada com o
irmão dela, um irmão que ela não sabe que tem e eu não queria
que ela descobrisse sobre ele por causa de uma esposa
desprezada. Eu acho que queria que ela pensasse o melhor dele,
que o conhecesse do jeito que conheci no começo. Uma pequena
parte de mim ainda mantém a esperança de que ele tenha
problemas financeiros e não esteja envolvido no ataque a ela.”

Enquanto seu otimismo nunca deixa de me surpreender,


também é trágico. Rogan ajudou a afastar Conor e Lorne no
momento em que descobriu o óleo em suas terras. Ele roubou de
sua esposa e contratou assassinos com a intenção de matar.

“O que meu pai lhe disse?” Eu me inclino para trás,


observando sua expressão.

“Ele disse que seus filhos se voltaram contra ele e que está
fora do circuito. Disse que ele não sabe o que está acontecendo com
o rancho ou meu dinheiro, mas você e Jake sabem. Que você sabe
onde encontrar Rogan. Ele me enviou para você com um aviso. Ele
disse que o que você está fazendo é ilegal e eu deveria me proteger.”

“Um aviso que você ignorou.”

“Você também me avisou.” Ela levanta um ombro.

Lembro-me bem disso. Na noite em que eu disse a ela que


poderia ser um psicopata de sangue frio, disse que ela deveria
fugir. Ela não fugiu.

Se eu lhe disser que matei o marido, ela fugirá.

“Você conheceu a namorada do seu pai?” Ela me olha com


desconfiança.

“Raina? Sim, ela morou aqui algumas semanas. Por quê?”

“Ela é deslumbrante. E jovem. Eu não conheço seu pai bem


o suficiente para fazer suposições, mas não entendo por que ela

Trails of Sin #2
está com ele. Não é apenas uma coisa da idade. Ele é um
idiota. Quero dizer, ele fala com ela e não de maneira atraente.”

“O que você está dizendo?”

“Eu não sei. Chame isso de intuição feminina, mas senti algo
maligno entre eles. Como se ela não quisesse estar lá.”

“Eu senti o mesmo e perguntei se ela estava com


problemas. Ela foi rude comigo.”

“Ok.” Ela suspira. “Bem, ela tem o meu número de telefone


e não tentou entrar em contato comigo.”

“O que? Como?”

“Quando estava saindo, eu disse ao seu pai para me ligar se


ele tivesse mais alguma coisa para compartilhar. Eu fiz isso para o
benefício dela. Insisti para que ele anotasse e, ao fazê-lo, encontrei
os olhos dela e disse os números. Ela entendeu a mensagem.”

“Ela não vai ligar.”

“Eu sei.” Ela endireita a coluna e encontra o meu olhar com


força reforçada. “Onde está Rogan, Jarret?”

Enterrado no fundo da ravina com sua caminhonete e


telefone.

No meu silêncio, ela agarra meu braço. “Se meu dinheiro foi
absorvido pelo rancho, eu esquecerei isso. E não estou em uma
missão para ganhar Rogan de volta. Eu só quero o divórcio, e eu...
preciso de um momento com ele, para olhá-lo nos olhos e dizer a
ele que sei o que fez. Eu preciso desse encerramento.” Ela abaixa
a mão e se afasta. “Se você ainda me quiser depois disso, se você
puder me perdoar por te enganar, eu quero ficar.” Uma lágrima
desliza por sua bochecha. “Quero dizer sim à sua proposta.”

Suas palavras me aniquilam e o olhar autodepreciativo em


seus olhos me arrepia. Ela está pedindo perdão quando nenhum é
necessário. Eu sou o único manchado em pecados. Não posso dar

Trails of Sin #2
a ela o divórcio que ela quer ou o encerramento que precisa. Eu
roubei isso dela.

Eu flutuo no precipício entre o certo e o errado, bom e ruim,


tudo dentro de mim se inclina para fazer algo desonroso. A coisa
que limpa tudo isso e me deixa em pé em um pedestal de
integridade.

Está na ponta da minha língua colocar toda a culpa no meu


pai. Ele abriu o caminho do pecado através do Julep Ranch. Ele
envolveu o marido dela e gastou seu dinheiro. Eu quero dizer a ela
que Rogan morreu em suas mãos e convencê-la a esquecer. Eu
poderia fazer isso tão facilmente. Ela me ama. Ela vai me deixar
curá-la e protegê-la, com o tempo ela seguirá em frente. Comigo.

A verdade é impossível. É feia, implacável e isso abala o


centro da minha alma.

Ela perdeu seu amor por Rogan porque acredita que ele
roubou dela e a deixou. Mas ele fez isso?

Ele deixou seus pertences para trás. Ele disse a ela que
investiria o dinheiro dela. No fundo, eu sei que há uma
possibilidade de que ele pretendia voltar para ela com um lucro em
seus investimentos. Quero dizer, como ele poderia deixá-la? Ela é
beleza, inocência, compaixão e tudo perfeito no mundo. Nenhum
homem se separaria disso.

Se eu lhe contar a verdade, ela saberá que sou o motivo pelo


qual o marido dela nunca retornou.

Se eu não contar a ela, terei que viver com essa mentira pelo
resto da minha vida.

O que eu faço?

Que tipo de homem eu sou?

Acho que sou o homem errado. Sou o filho de John


Holsten. O mentiroso egoísta. Assassino de sangue frio. Amante
implacável.

Trails of Sin #2
Mas ela me faz querer ser o homem
certo. Altruísta. Vulnerável. Fiquei de joelhos sob a confiança em
seus enormes olhos azuis. Ela me faz querer ser o homem que
merece essa preciosa confiança.

Minha mão treme quando eu a alcanço e aperto seus


dedos. Com um puxão forte, eu a levo para a cama e faço sinal para
ela se sentar.

Ela senta, seu olhar alerta e preso no meu.

Ajoelho-me a seus pés e descanso minha mão em seu colo,


palma para cima. “Fizemos um juramento de sangue na noite em
que Conor foi estuprada. Nós quatro deslizamos a lâmina enquanto
Levi Tibbs estava inconsciente aos nossos pés.”

Sua expressão suaviza quando ela desliza os dedos sobre


minha cicatriz.

“Nós juramos um ao outro...” O piso de madeira mói contra


os meus joelhos, equilibrando a inundação de dor da minha
memória daquela noite. “Nós juramos matá-lo quando ele fosse
libertado da prisão.”

Um suspiro suave passa por seus lábios. “Ele foi libertado.”


Seus dedos se contraem contra a palma da minha mão. “Ele
está...?”

“Morto? Sim. Nós o matamos algumas horas antes de você


aparecer no rancho.”

Ela puxa a mão para longe, curvando-se para trás. “Não,


Jarret...”

“Eu não terminei.” Eu aperto seus quadris e enfio meu peito


entre suas pernas, segurando-a contra mim. “Seu marido era um
agiota que extorquiu dinheiro, emprestou a pessoas desesperadas
e cobrava taxas de juros exorbitantes. Ele pagou as dívidas do meu
pai e esperava uma parte do petróleo em troca. Ele não estava
envolvido no ataque inicial a Conor e Lorne, mas passou os cinco
anos seguintes garantindo que não voltariam ao rancho.”

Trails of Sin #2
Ela agarra meus ombros, seu peito subindo e descendo com
a respiração rápida.

“Ele contratou assassinos.” Eu solto meus dedos em seus


quadris, acariciando-a através da camisa em uma tentativa de
confortá-la. “Ele ordenou que matassem Conor se ela pisasse no
rancho.”

“Ela é irmã dele. Ele não faria isso. Como ele pode?”

“Eu tenho provas, Maybe. Gravações de vídeo das conversas


do meu pai com ele.”

“Oh Deus.” Seus olhos se enchem de lágrimas. “Onde ele


está, Jarret?”

“Ele está morto.” Meus dedos afundam em sua cintura.

Ela se arrasta para trás, desesperada por espaço. Eu a solto,


dando a ela o que precisa.

“Como você sabe?” Ela sobe do outro lado da cama,


tremendo violentamente. “Você viu isso... acontecer?”

“Eu estava lá.” Eu permaneço de joelhos com meu coração


em minhas mãos e forço as palavras. “Eu o matei.”

Trails of Sin #2
Minhas mãos tremem. Meus pulmões arfam por ar e o
quarto se estreita para o tique-taque da bomba-relógio no meu
peito.

Rogan está morto.

Assassinado.

Se foi.

O horror que sinto faz uma guerra contra o amor em meu


coração.

Jarret matou meu marido e eu ainda o amo. Jarret. Eu amo


Jarret.

Sou uma traidora.

Não apenas qualquer traidora. Eu traí meu marido com o


assassino dele.

Eu coloco meus braços ao redor da cavidade oca e fria das


minhas costelas e persigo meus pensamentos mais profundamente
no inferno.

E se Rogan não me deixou? E se ele planejasse voltar para


casa?

Ele está morto e nunca relatei o desaparecimento dele. Que


tipo de pessoa sem valor e fodida eu sou?

Trails of Sin #2
E posso até mesmo acusá-lo de roubar? Eu dei a ele plena
autoridade para investir meu dinheiro. Tecnicamente, nosso
dinheiro, desde que nos casamos. Ele deixou nossas finanças no
vermelho porque estava apostando o dinheiro com a esperança de
nos tornar ricos? Ele estava realmente disposto a matar Conor e
Lorne para garantir que seu investimento gerasse lucro?

Eu não tolero os métodos de investimento de Rogan ou seu


comportamento. Isso me deixa violentamente enjoada. Mas nunca
me preocupei em perguntar ou investigar o que ele estava fazendo
com o meu dinheiro. Eu estava sobrecarregada com prazos da
revista. Ele disse que iria lidar com as contas e nossa
aposentadoria e eu confiei nele para fazer isso.

Ainda assim, isso não me dá um passe livre. Eu fui


negligente. Ingênua. Cega pelo amor. Isso é minha culpa.

Mas se ele não estava propositadamente roubando de mim,


se ele não tinha intenção de me deixar, isso muda toda a minha
perspectiva. Ele poderia ter voltado para casa naquela mesma noite
para me dizer o que estava fazendo.

Ou ele poderia ter realmente pegado meu dinheiro e ido


embora.

Eu nunca vou poder perguntar a ele.

Nunca saberei.

Jarret se ergue, sua expressão predatória enquanto ele anda


ao redor da cama. Um olhar selvagem, mas seus movimentos são
cautelosos, contidos, incertos.

Eu levanto a mão, engolindo respirações e segurando um


grito. “Não chegue mais perto.”

Ele para ao pé do colchão e uma sombra de dor cruza seu


rosto antes que ele esconda isso.

“Como?” Eu recuo, mantendo o canto da cama entre nós,


minha voz estridente. “Como ele morreu?”

Trails of Sin #2
“Não, Maybe.” Sua cabeça inclina para longe, sua mandíbula
rígida em um traço sombrio de aviso. “Pergunte-me qualquer coisa,
menos isso.”

Minha mente corre solta. Rogan foi


esfaqueado? Baleado? Estrangulado? Morreu de
fome? Desmembrado? Decapitado? Afogado? Queimado?
Atropelado por um caminhão? Pisado por um cavalo? Esfolado
vivo?

Quanto mais penso nisso, mais as lágrimas caem.

“Eu não posso fazer isso.” Eu agarro minha cabeça e fecho


os olhos com força quando um barulho terrível escapa do meu
peito. “Estou imaginando coisas horríveis e as imagens estão
ficando cada vez piores. Isso vai me consumir, Jarret. Isso vai me
assombrar na loucura.” Eu encontro seus olhos a alguns metros
de distância. “Por favor. Preciso saber.”

Ele caminha na minha direção e eu recuo mais.

Suas feições endurecem. “Eu o empurrei na ravina antes de


preenchê-la.”

Um choro se esconde atrás do nó na minha garganta. “Ele


morreu no impacto?”

“Não”, ele diz baixinho. “Eu acho que ele quebrou as


costas. Ele estava consciente e incapaz de se mover.”

Vivo. Paralisado. Indefeso. Quais foram seus pensamentos


finais? Ele pensou em mim enquanto estava deitado no chão e
confrontou sua morte?

A dor e a tristeza escorrem dos meus olhos e nariz,


quebrando meu corpo com tremores incontroláveis. “O que você
fez?”

“Eu tinha caminhões basculantes de prontidão, já


carregados de terra.”

Trails of Sin #2
Eu bato a mão na minha boca enquanto a saliva aumenta,
seguida de bile, náusea, a súbita vontade de vomitar.

Ele fecha os olhos e os abre. “Eu enterrei ele vivo.”

Saio correndo, empurrando-o e tropeçando no banheiro. Eu


mal consigo ir ao vaso sanitário enquanto o conteúdo do meu
estômago entra em erupção. Eu vomito repetidamente,
brutalmente, soluçando em uma convulsão de muco e cuspe.

Ele se ajoelha ao meu lado e acaricia minhas costas, seus


olhos firmes na lateral do meu rosto.

Minutos passam. Meu estômago se acalma. Minha mente se


dissolve em choque entorpecido. Ele me entrega uma toalha e um
copo de água.

Sua ternura me enche de sentimentos difíceis. Ele está


muito próximo, muito esmagador. Fisicamente e
emocionalmente. Eu preciso de distância.

Preciso de respostas.

Limpo meu rosto com a toalha, bebo a água e limpo minha


voz. “Quando ele morreu?”

“Seis meses antes de te conhecer.”

A linha do tempo corresponde ao seu desaparecimento.

Ele está morto há um ano, a mesma quantidade de tempo


que eu me casei com ele. E eu tenho dormido com seu assassino
seis desses meses.

“Onde?” Pergunto.

“Ele estava em Sandbank, a caminho de uma reunião com


meu pai.”

“Ele disse alguma coisa? Obviamente, ele não mencionou a


mim. Mas ele se defendeu ou disse que precisava ir para casa?”

“Nós não lhe demos a oportunidade.”

Trails of Sin #2
“O que você quer dizer?”

“Nós o amordaçamos imediatamente para mantê-lo


quieto. Desculpe-me, Maybe. Se eu soubesse que ele era casado...”

“Você teria matado ele de qualquer maneira.”

“Sim.”

“Se você soubesse que ele era irmão de Conor?”

“Ela fará a mesma pergunta e darei a mesma resposta. Sim,


eu teria o matado. Eu a machuquei profundamente nos últimos
seis anos. Eu me odeio por isso, mas ela está viva. Nunca vou me
arrepender disso.”

Admiro sua honra e devoção, mesmo que seus métodos


sejam cruéis e ilegais.

“E as outras pessoas desaparecidas?” Eu sento em meus


calcanhares, apertando a trança do meu cabelo.

“Assassinos. Agiotas. Levi Tibbs. Todos eles ameaçaram a


vida de Conor e estão todos na ravina.”

Outra onda de náusea atinge meu estômago, mas estou


vazia. Drenada. Esvaziada. Eu tenho muita análise interior para
fazer e isso não vai acontecer no chão do banheiro.

Eu me movo para ficar em pé e ele me ajuda, me abraçando,


respirando contra o meu pescoço.

“Jarret.”

“Maybe.”

Nós nos observamos, imóveis, unidos, mesmo agora, de uma


maneira que nunca senti com outra pessoa.

Eu fico quieta, apertada por todos os lados pela


realidade. Segredos e traição. Coberta de sangue. Sufocada pelo
amor. Em meio a isso escapa um soluço agonizante, seguido por

Trails of Sin #2
seu silêncio calmante. Então seus braços, seu calor, seus lábios no
meu cabelo.

Ele me arruinou. Não haverá mais tentativas para


sempre. Não para mim. Ele pode não ser o primeiro homem que
amei, mas ele é o único que deixou uma marca. Se eu me afastar
disso, eu me afasto do amor indefinidamente. Essa é minha
penitência.

“Não posso começar a imaginar o quão difícil isso é para


você.” Ele me cerca com seu perfume, seu calor, sua presença
enlouquecedora. “Diga-me o que você precisa.”

“Espaço.” Eu me contorço e passo por ele, saindo do


banheiro e em direção à pilha de casacos no chão do quarto.

“Quanto espaço?” Ele segue atrás de mim.

“Hectares. Quilômetros. Meses. Anos. Para sempre. Eu não


sei.” Enfio meus pés nas botas.

“Sei que você está chateada. Fale comigo.” Ele toca meu
queixo, levantando-o. “Qual parte disso é a mais difícil?”

“Tudo. Tudo isso.” Eu visto o casaco e coloco o Stetson na


minha cabeça. “Eu nem sei por onde começar, Jarret.”

“Experimente.”

Olho para a porta, desejando escapar enquanto analiso sua


pergunta em voz alta.

“Olhando para o meu casamento, sinto-me tão afastada que


confunde as minhas memórias privadas com as que coloquei fora
de mim quando ele desapareceu. Eu coloco uma frente corajosa e
me deixo tornar aquela máscara insensível.” Eu deslizo as luvas,
fria e molhada da neve derretida. “Eu o desprezei por me
deixar. Mas agora eu não sei se ele realmente fez isso. O que sei é
que, quando estávamos juntos, a vida era boa. Eu estava feliz com
ele. Nós não tínhamos a paixão e o fogo que você e eu temos, mas
senti algo por ele. Não posso simplesmente varrer isso embaixo do

Trails of Sin #2
tapete e limpar minhas mãos. Eu preciso entender esses
sentimentos.”

“Entenda aqui.” Ele se aproxima. “Comigo.”

“Não.” Eu recuo para a porta. “Estou tão envolvida com você


que deixei passar seis meses antes de lhe dizer que sou
casada. Nada mais existe quando você está no meu espaço. Dê-me
um pouco de espaço para respirar.”

Sua mandíbula flexiona. Então ele une as sobrancelhas e


acena com a cabeça.

Corro pela casa, saio pela porta da frente e vou direto para o
estábulo. Dentro do prédio, é quente e silencioso e cheio de
suspiros acolhedores e calorosos de Chicken.

Sento-me ao lado dela em sua baia, acariciando as franjas


brancas na cabeça dela.

E eu choro.

Soluços trêmulos, choro barulhento poluem o estábulo e


perturbam os cavalos.

Eu me repreendo por ser tão fraca e emocional e seco meus


olhos.

Então eu choro mais um pouco.

Por que isso é tão difícil? Ou eu fico ou vou embora. Simples


assim.

Se olhar bem no fundo, a resposta está escrita em todo o


meu coração pisoteado. Eu amei muito em vinte e seis anos e
nunca foi o suficiente.

Eu amava meu pai quando era pequena e ele me deixou sem


oferecer uma razão.

Eu amava Chris no ensino médio e ele me deixou para


procurar um emprego em Nova York.

Trails of Sin #2
Eu amava Scott na faculdade e ele me deixou por outra
mulher.

Eu amava Rogan, e ele... Ele provavelmente me deixou


também.

Nenhum deles queria ficar comigo. Nenhum lutou por mim


de qualquer maneira. Talvez eles nunca tenham me amado. Talvez
o que eu sentia por eles não fosse amor. Talvez eu não seja
suficiente.

Rogan estava mesmo comigo por mim? Ele sabia que eu


tinha dinheiro e sua visão estava no Julep Ranch antes dele me
conhecer. Ele contratou assassinos, pelo amor de Deus. Se ele
estivesse disposto a matar sua própria família para satisfazer seu
objetivo, ele poderia ter se casado comigo por dinheiro.

Jarret é o primeiro e único homem que já me deu um


sentimento de apego mútuo. Ele me ama com a mesma
profundidade e intensidade que eu o amo. Pelo menos, acho que
ele ama. E se eu estiver errada? Ele lutaria por mim? Eu quero que
ele faça isso?

Ele assassinou pessoas. Homens maus por boas razões. Mas


ele ainda é um assassino. E eu o amo independentemente
disso. Não estou bem com isso.

Isso não é sobre quem é um homem melhor, quem eu amo


mais, ou quem me ama em troca.

É sobre aceitação.

Posso aceitar o caminho em que estou, as escolhas que fiz e


a mulher em que me tornei? Posso ficar do lado de Jarret daqui a
vinte anos e aceitar os crimes, enganos e mortes que me levaram
até lá?

Posso perdoá-lo, mas não sei como me perdoar.

Se eu ficar, deve ser com uma consciência livre de


culpa. Nenhum ressentimento profundo, confusão ou

Trails of Sin #2
desconfiança. Se eu voltar para seus braços com qualquer dúvida,
elas vão se multiplicar e envenenar tudo de bom em nós.

Eu me perdi nele por seis meses sem contar a ele sobre


Rogan. Porque eu estava com medo. O que me impede de cair
nessa armadilha de novo? Não quero acordar daqui a cinquenta
anos e perceber que tenho vivido em um relacionamento tóxico
baseado em um ótimo sexo e...

Medo.

Essa é a única e maior razão pela qual não corri no momento


em que ele me disse que matou Rogan.

Receio não ser forte o suficiente para ir embora. Tenho medo


da reação dele se eu tentar. Tenho medo que ele vai me perseguir
e ele vai. Ele vai rosnar e se enfurecer e mostrar a sua autoridade.

Mais do que isso, tenho medo de machucá-lo. Se ele


realmente me ama, o nível da angústia do que poderia ter sido, mas
nunca poderá ser, o prejudicará.

Estou com tanto medo, mas o medo não é o motivo para


ficar.

As horas passam. A luz do sol desaparece do lado de fora da


porta do estábulo. O chão de terra pressiona contra a minha
bunda. Chicken entra e sai do sono.

Eu tenho respostas para algumas das perguntas que me


trouxeram a Sandbank, mas não tenho encerramento. Quando
muito, estou mais perdida agora do que quando Rogan
desapareceu.

Estou perdida.

Todas as ilusões do mundo não podem remover essa


realidade.

Meu relacionamento com Jarret está muito enredado em


meus negócios inacabados com Rogan. Eu preciso me desenterrar

Trails of Sin #2
dessa bagunça antes que eu esteja tão longe que não saberei quem
sou.

Nunca me afastei de nada e talvez seja esse o problema.

Preciso ir embora.

Agora.

Levante-se.

Meu olhar se dirige para a porta. Ele virá me procurar a


qualquer momento. Ele vai pousar aqueles lindos olhos em mim e
me persuadir a ficar.

Vá agora.

É preciso um mar de coragem e uma montanha de


determinação para fazer minhas pernas se moverem. Abraçar
Chicken em despedida me reduz a uma gota encharcada de
lágrimas, de membros vacilantes e respirações estranguladas.

Com passos angustiantes, chego à porta, atravesso o campo


de neve e paro na varanda da frente, onde Jarret espera.

Jake e Conor sentam ao lado dele na escada e a primeira


coisa que noto são os olhos dela inchados e avermelhados.

Jarret disse a eles.

Ela sabe que tinha um irmão. Um irmão que a queria


morta. Ela sabe que eu era casada com ele e não disse a ela.

Sua dor e minha culpa estão entre nós e é eterna.

“Sinto muito”, sussurro no ar frio da noite. “Estou indo


embora.”

“Você não vai a lugar nenhum!” Jarret se levanta, olhos


selvagens e respiração fumegante.

Trails of Sin #2
Agonia rasga meu peito e treme em minha voz. “Vou levar
seus segredos para o túmulo.” Eu deslizo as mãos nos meus
bolsos. Procurando por... Merda. “Eu preciso das minhas chaves.”

E minha bolsa, telefone, dinheiro. Meus salários são


depositados em minha conta bancária, mas preciso da minha
carteira. Eu não pensei nisso.

Não há como voltar para aquela casa. Se eu fizer, não vou


sair.

“Vou pega-las.” Conor se levanta e desaparece lá dentro.

Jarret avança na minha direção e eu me viro correndo para


o carro sem olhar para ele. Estou indefesa contra seu olhar,
fraturando e sangrando sob o som de seus passos de perseguição.

Eu acelero o meu passo, seguindo os rastros na neve da


nossa luta de bolas de neve. Cada passo me atormenta com o
implacável desejo de seus braços em volta de mim, a pressão de
seu corpo quente e a autoridade em sua voz.

A dor é muito grande, abrindo minhas entranhas e fazendo


com que meus passos vacilem. Ficar longe de Jarret Holsten é a
coisa mais difícil que já fiz.

“Você ainda o ama?” Ele agarra meu braço e me gira. “Se ele
estivesse vivo, você o aceitaria de volta?”

“Não e não.” Eu puxo meu braço livre do seu aperto.

“Então, o que é? Por que você está fugindo?”

“Você sabe o porquê.” Eu giro de volta para o carro e alcanço


a maçaneta da porta.

“Porque eu o matei?”

“Você matou. Eu traí. Nós construímos nosso


relacionamento em uma cama de segredos e desconfiança. Eu não
posso fazer as pazes com isso e você também não deveria poder.”

Trails of Sin #2
“Ele estava morto. Você não traiu. Quanto ao nosso
relacionamento, foi construído sobre o amor, Maybe.”

“Amor.” Eu faço uma careta. “Quantas vezes o amor me


encontrou e me largou? No final, estou perdida.”

“Não vou te deixar. Eu venderia minha alma se isso


significasse nunca te perder.”

Eu rolo em um mundo de emoção e sentimento, me afogando


no tormento do se apenas. É uma tragédia sentir isso por outra
pessoa. Um fardo e uma maldição.

“Eu não sei o que fazer ou onde devo estar ou como processar
o que estou sentindo. Estou perdida, Jarret.” Solto uma respiração
trêmula. “Você precisa me deixar ir.”

“Por quanto tempo?”

“Para sempre.”

“Não.” Sua mandíbula se transforma em pedra. “Nunca.”

É a reação que eu temia. Aquela que não tenho armadura


contra. Estou me quebrando por dentro tão dolorosamente que
tenho que me separar para lidar com isso.

Eu preciso nos convencer da verdade feia. “Estávamos


jogando um jogo distorcido. O único movimento vencedor é ir
embora. Você provavelmente sabia que isso acabaria
eventualmente.”

“Você está errada.” Ele agarra minha nuca, seus dedos


gelados contra a minha pele. “Nós dois vencemos no segundo que
você apareceu no rancho.”

“Mas eu vim aqui procurando por respostas. Eu tenho


procurado por tanto tempo e sinto que estou em todos os lugares
e em nenhum lugar.”

“Você está onde deveria estar, onde é o seu lugar.”

Trails of Sin #2
“Não tenho nada.”

“Você me possui.”

Meus pulmões perdem o ar e lágrimas descem pelo meu


rosto. O impulso de cair a seus pés rouba a força das minhas
pernas. Eu giro e abro a porta do carro, apoiando-me nela.

“Estamos em diferentes estações de nossas vidas.” Eu


examino as nevascas brilhantes, cobrindo a noite com poeira
branca como gelo. “Seu coração está na primavera, flutuando no
encanto do primeiro amor. Você ainda está esperançoso, ainda
plantando sementes e ansioso para vê-las crescer. Mas eu estou no
outono da minha vida. Eu amei. Eu perdi e agora é tarde. Estou
cansada, Jarret. Não posso te dar o que você merece.”

“Você está desistindo.”

“Estou desistindo de você. Liberando você para seguir em


frente. Você acha que me ama, mas quando encontrar a próxima,
vai me agradecer.”

“É isso que sou para você? Apenas outro homem para amar
e perder?”

Não. É por isso que dói tanto. Eu já passei por separações,


abandonos e rompimentos. Eu chorei. Eu segui em frente.

Jarret Holsten não é um homem do qual eu possa seguir em


frente. Ele é o homem que eu nunca saberei tão profundamente o
quanto eu o quero, mesmo que ele sempre possua meu
coração. Isso não é um rompimento. É uma separação de almas.

Tão forte é o arame farpado que nos une que o processo de


me separar dele deixa para trás pedaços esfolados e sangrentos.

Mas eu não digo isso a ele. Ele vai se apegar a isso com uma
determinação que vai esmagar a minha.

Em vez disso, recolho os restos da minha determinação e


digo, “Sinto muito.”

Trails of Sin #2
Eu sempre sinto muito. Sempre me
arrependendo. Desculpas não significam nada se eu continuar
fazendo coisas que precise me ressentir. Mas é diferente desta
vez. Sou eu quem vai embora, não o contrário. Isso significa que
estou finalmente fazendo a coisa certa? Ou eu finalmente encontrei
o homem certo?

Estou desmoronando. Estou desabafando comigo mesma.


Perdendo minha força de vontade. Eu deslizo atrás do volante e
alcanço a maçaneta da porta.

“Eu vou mudar sua opinião.” Ele segura a porta, impedindo-


me de fechá-la.

“Não dessa vez. Solte-me.”

“Eu vou curar o dano que causei. Vou carregar você através
disso.”

“Você tem um pouco de confiança em mim? Você acha que


eu não posso me curar sozinha? Que preciso ser carregada?”

“Não.” Um sussurro de dor. “Você está certa.” Um brilho de


umidade dilui seus olhos dourados e ele recua, curvando-se no
calor do seu casaco. “Você não precisa de mim.”

Tudo dentro de mim desmorona e quebra, como se ele


atingiu um martelo no meu peito. “Jarret, isso não é...”

“Eu vou esperar.” Ele se endireita, ombros para trás, e adota


a postura confiante tão intrínseca a quem ele é. “Pegue seu espaço,
seu tempo, o que você precisar. Mas eu não vou deixar você levar
uma eternidade. Isso pertence a mim. O seu para sempre é meu.”

Ele não me dá a chance de discutir. Forte e rápido, seus


passos o levam através do estacionamento e para as sombras na
varanda da frente.

Ele está me deixando ir com uma estipulação. É temporário.

Trails of Sin #2
Se eu não puder desistir e ele não puder soltar, chegaremos
a um impasse. Ele vai ficar entediado. Perder o interesse. Ele tem
tantas opções melhores.

Opções que não consigo pensar. Mulheres que me recuso a


imaginar aquecendo sua cama.

Eu não posso fazer isso. Não é tarde demais para mudar de


opinião.

Eu agarro o volante, me forçando a ficar no carro enquanto


um soluço se solta, seguido por lágrimas, sufocantes respirações,
ossos trêmulos. Estou caindo aos pedaços.

Conor emerge da varanda com uma sacola e minha bolsa e


corre para o estacionamento coberto de neve, num emaranhado de
cabelos ruivos.

Limpo meu rosto quando ela se aproxima do carro, meu


olhar vagando para o estábulo.

Ela se inclina e olha através do para-brisa. “Chicken sempre


terá uma casa aqui.”

“Obrigada.” Eu inspiro e expiro.

“Eu liguei para o meu telefone do seu, então você tem o meu
número. Aqui.” Ela coloca minha bolsa no meu colo. “Não diga que
eu nunca te dei nada.”

“Conor...”

“Eu arrumei o máximo de suas coisas que pude.” Ela joga a


bolsa no banco do passageiro. “Quando você parar, onde quer que
seja, envie-me seu endereço. Se você não o fizer, ele vai contratar
um investigador particular com dinheiro que ele não tem e ele vai
te encontrar. Se você me disser onde está, poderei lhe dar
atualizações e mantê-lo longe o máximo que puder. Ok?”

Eu olho para trás, para a silhueta ao lado de Jake nas


sombras da varanda.

Trails of Sin #2
Ela segue meu olhar e retorna para mim. “Ele ficará
bem. Nós estamos com ele. É com você que estou preocupada. Sei
o quanto isso dói. Eu estive aí.”

Ela é muito mais forte do que eu.

Eu removo as chaves da bolsa com uma mão trêmula. “Estou


fazendo a coisa certa.”

“Você está fazendo a coisa corajosa. Ele vai esperar. Por


quanto tempo for preciso.”

“Eu não quero que ele espere.”

“Isso não é com você.” Ela dá um passo para trás e enfia as


mãos nos bolsos do casaco. “Mande-me mensagens. Você não vai
querer, mas vai fazer. Não importa o que aconteça com Jarret,
Lorne e eu somos sua família.”

Seu sorriso suave bate forte, mas suas palavras me


centram. Eu não sei se vou me aproximar dela. Eu não sou tão
corajosa. Mas é bom saber que ela quer que eu faça.

Ela fecha a porta e volta para a varanda. Eu não a vejo


recuar ou deixo meus olhos vagarem para a sombra escura sob a
varanda.

Eu coloco o carro em movimento e manobro através da neve


e para a estrada de terra. Meu peito está tão apertado que não
consigo respirar, mas me controlo até o rancho desaparecer no
espelho retrovisor.

Quando a tristeza chega, é uma avalanche. Garras de


incerteza do meu peito. A determinação segura meu pé no
acelerador. Batimentos cardíacos enchem o carro com o ruído
terrível.

Eu ligo o rádio e choro mais forte quando Just a Fool, de


Christina Aguilera e Blake Shelton, me tortura com letras cruéis.

Trails of Sin #2
Está tudo bem. Eu ficarei bem. Posso estar desmoronando,
mas é uma oportunidade de me reconstruir. Estou perdida, mas
vou me encontrar. Estou fazendo isso por mim.

Exceto que eu sei que é uma mentira. Estou fazendo isso por
ele.

Ele merece uma mulher que não se ressente dele, que não
tem medo dele, que nem sequer consideraria se afastar dele.

Eu não sou boa o suficiente.

Quando chego à periferia da cidade, deixo os poderia ter sido,


deveria ter sido e nunca será e sigo para o sul.

Destino desconhecido.

Trails of Sin #2
“Você precisa ser paciente.” Conor olha para mim, seus olhos
tão verdes quanto seu suéter.

Duas tranças ruivas passam por seus ombros no mesmo


estilo que Maybe usava e isso me irrita.

Eu bato a porta da geladeira, balançando o conteúdo. “Já faz


dois meses.”

Dois meses e Maybe não ligou. Sem mensagens. Sem


atualizações. Nada. Estou confinado em uma névoa persistente de
raiva e desamparo. Minha paciência voou para longe no momento
em que ela foi embora.

Jake se inclina contra o balcão de trás, o rosto uma tapeçaria


de contusões azuis e amarelas. O meu parece pior. Nós
conversamos com nossos punhos e temos conversado muito
ultimamente.

“Eu vou chamar o investigador particular.” Abro uma cerveja


e me movo para passar por Conor.

Ela bloqueia meu caminho, prende seus punhos nos quadris


e levanta uma sobrancelha.

Eu conheço esse olhar. Julga e repreende com um terrível


lembrete. Não muito tempo atrás, nós a excluímos de nossas
vidas. Nós a deixamos acreditar que a abandonamos por seis anos
e aqui estou, furioso por ter sido ignorado por dois meses.

Trails of Sin #2
“Tudo bem.” Eu cerro os dentes. “Vou dar a ela mais tempo.”

“Obrigada.” Ela suaviza sua expressão. “E tente ser um


pouco mais tolerável.”

Eu não posso prometer isso. A raiva é minha companheira


de confiança. Isso me alimenta e me mantém respirando.

Com um longo gole da cerveja, saio da cozinha e entro no


meu quarto.

O elástico de cabelo da Maybe está na mesa de cabeceira ao


lado do creme que usei em seus vergões. Há um frasco de xampu
de menta no chuveiro, pequenos shorts de algodão embaixo do meu
travesseiro e coisas aleatórias no armário. Seu perfume doce e
feminino persiste em todos os cantos e fico apavorado que isso
desapareça antes que eu a veja novamente.

Estou angustiado, sentindo falta dela, amaldiçoando-a,


odiando-a e desejando-a. Se ela me visse nesse estado, ficaria
horrorizada.

Eu me contorço na minha cama à noite, fodendo meu punho


como um demônio viciado em sexo. Eu maltrato todo mundo que
olha para mim. Meu melhor amigo se tornou uma bezerra branca
chamada Chicken e eu não posso comer carne sem me sentir
mal. Estou retorcido, fodido, tão desesperado por ela que não
consigo me suportar.

Ela acha que é a única que está sofrendo? Eu quero açoitar


sua bunda por me deixar. Quero me punir por deixá-la ir embora.

Ela está segura? Ela pensa em mim? Ela está chegando a


um acordo com o que aconteceu? Ou ela seguiu em frente com
outra pessoa?

Minha visão fica vermelha e eu caminho pelo quarto,


vibrando de fúria e precisando de um escape. As paredes se fecham
ao meu redor, grandes seções demolidas de colisões repetidas com
minhas mãos.

Trails of Sin #2
Meus punhos flexionam.

Do meu bolso, eu removo o celular e coloco Fuck You Bitch


por Wheeler Walker Jr. para tocar.

Enquanto a música zombeteira atravessa os alto-falantes, eu


me movo para uma parede imaculada e avanço nela.

Batendo os punhos, eu rompo o gesso e provoco uma nuvem


de poeira.

Foda-se ela. Eu deixo meus braços voarem, saboreando a


dor.

Eu a odeio. Eu soco mais forte. Mão direita, mão


esquerda. Meus dedos palpitam.

Eu a amo. Eu aperto minha cabeça e grito.

Trails of Sin #2
QUATRO MESES DEPOIS...

Eu acordo. O quarto está vazio. As paredes estão vazias, o ar


estático.

Jarret não está aqui. Ele não está perto.

“Eu não me importo.” Saio da cama e me movo em direção à


janela, abrindo-a amplamente.

A brisa matinal de verão atinge a solidão do meu rosto e agita


as pontas dos cabelos. Não é a mesma brisa do Julep Ranch. Não
acaricia minha pele nem limpa meus pulmões. Não carrega o calor
das respirações dele.

É insubstancial. Sem significado. Eu não posso me


relacionar com isso.

Estou verdadeiramente perdida.

Fechando a janela, deixo meus dedos no peitoril. Há tráfego


de motores na rua estreita três andares abaixo. As pessoas
caminham, andam com cães e carregam copos de café. Propósito
impulsiona seus passos. Eles têm lugares para ir. Entes queridos
para ver.

Desde que moro aqui, fiquei sozinha e evito todas as formas


de relacionamento. Eu não posso arriscar que alguém descubra
que sou casada. Rogan nunca foi dado como desaparecido e se

Trails of Sin #2
alguém começar a bisbilhotar e refazer meus passos, podem
descobrir os crimes em Julep Ranch.

Deixei Jarret porque quero que ele esteja livre da minha


tristeza. Eu quero que ele seja feliz, livre do seu passado e nunca
confinado aos muros da prisão.

Onde você está?

Você está sozinho?

Você sente a minha falta?

Você está feliz?

Pensamentos perigosos. Eles possuem minha mente como


demônios, sufocados pela força de vontade, mas sempre lutando
pelo domínio, sibilando tentações sob a respiração aquecida e
facilmente convocados em momentos de fraqueza.

Já faz seis meses desde que fugi do rancho. Naquela noite,


eu dirigi para o sul e acabei em uma pequena cidade no meio do
Texas que me lembra Sandbank.

Peguei um quarto em um hotel e comi em um restaurante do


outro lado da rua. A dona estava esgotada e não conteve suas
queixas sobre a garçonete que havia se demitido.

Eu pedi o trabalho. Não sei porque. Acho que parecia um


presságio. Em uma semana, eu estava ganhando gorjetas e me
mudando para um apartamento descendo a rua.

Conor começou a me mandar mensagens um mês


depois. Ela faz verificações regularmente, sempre perguntando
sobre mim, me dando informações sobre Chicken e nunca
mencionando Jarret. Minhas respostas são vagas.

Estou bem.

Estou segura.

Não estou pronta para lhe dizer onde estou.

Trails of Sin #2
Até a noite passada.

Ela não pediu meu endereço. Ela exigiu. Eu sabia que meu
tempo de fuga havia acabado, então enviei para ela.

É uma viagem de quatro horas do rancho. Eu esperava que


ele estivesse aqui esta manhã, mas estou feliz que ele não
esteja. Não sou forte o suficiente para lutar contra ele. Eu sou
muito egoísta e frágil agora para mandá-lo de volta à sua vida sem
mim.

Eu penso nele constantemente. Quando estou correndo para


o trabalho, imagino a língua dele no meu pescoço e minha pele
estremece. Quando estou correndo no parque atrás do meu
apartamento, ouço sua voz na minha cabeça e meu corpo
aquece. Quando estou servindo as mesas durante o alvoroço do
almoço, sinto as cócegas de seus dedos entre as minhas pernas e
minhas coxas apertam.

Sinto mais a falta dele durante o dia quando estou ocupada


do que à noite quando estou sozinha.

Sinto falta dele com uma agonia excruciante e essas dores


são permanentes.

Recuando da janela, pego meu telefone e coloco Furnace


Room Lullaby de Neko Case na repetição.

A assombrosa canção country faz uma serenata enquanto


tomo banho e me preparo para o trabalho. Eu termino de prender
meu cabelo em um coque e inclino minha cabeça ao som de
buzinas na rua.

Não apenas uma buzina. Múltiplos carros tocam


repetidamente, o que é estranho para essa cidadezinha pacata.

Eu ando até a janela e congelo.

A caminhonete de Jarret está na frente com um reboque


atrelado na traseira. A plataforma ocupa mais da metade da rua
estreita, impedindo o tráfego de se mover em qualquer direção.

Trails of Sin #2
De pé no gramado da frente, três andares abaixo, ele olha
para mim debaixo de seu chapéu, uma corda na mão e Chicken ao
lado dele.

Meu batimento cardíaco explode de medo e euforia, e os


pelos da minha nuca se arrepiam.

Ele está aqui.

Ele trouxe Chicken.

Não consigo respirar.

Deus, ele é lindo. Calça jeans apertada, camiseta justa, pele


bronzeada, músculos flexionados de cima a baixo. Seu rosto se
esconde na sombra do seu chapéu, mas eu sinto a queimadura de
seus olhos predatórios ao longo da minha pele.

Ele veio por mim.

Isso significa que ele não seguiu em frente.

Mas ele precisa. Ele não pode estar aqui. Como faço para que
ele entenda isso sem machucá-lo? Até onde vou torcer e quebrá-lo
para que ele possa se libertar de mim?

Eu não sou uma pessoa cruel, mas não podemos ficar


juntos. Estou muito confusa em culpa e desconfiança. Ele
assassinou meu marido e eu não disse a ele que era casada. Ele é
um assassino e eu sou traidora. O sangue se infiltrou muito fundo,
as feridas estão muito infectadas. Somos uma combinação tóxica.

Eu preciso ficar longe, mesmo que isso signifique me


envolver no inferno da minha própria ruína.

Nós olhamos um para o outro através do vidro, através da


distância. Ele não se move. Não tenta falar ou gesticular para eu
sair. Ele apenas observa, ignorando a buzina ao seu redor,
desconsiderando o mundo inteiro, como se eu fosse a única coisa
que existe.

Trails of Sin #2
Estamos em nosso próprio universo e quase posso ouvir o
coração dele na magia do momento.

Ele está esperando por mim. Esperando que eu vá até


ele. Esperando que eu aceite ele de volta. Ele não percebe o quanto
mais feliz ele ficará se me deixar ir?

Com uma respiração profunda, eu fecho meus olhos. Então


saio da vista da janela. Deslizando pela parede, caio em meus
calcanhares e abraço meus joelhos contra o peito.

A música gira mais três vezes. Lágrimas molham meu rosto,


quentes e implacáveis, derramando-se de rachaduras
estilhaçadas.

Então a buzina para. Eu espio pela janela.

Ele se foi.

Uma semana se passa antes que eu o vejo novamente. Ele


traz Chicken e fica embaixo da minha janela. Nada mais. Apenas
sua postura inabalável, seu silêncio, seu contato visual direto. Ele
está enviando uma mensagem inconfundível.

Eu vou esperar.

Quando o verão começa a dar lugar ao outono, suas visitas


continuam. Uma vez por semana. Duas vezes por semana. Os dias
são irregulares. Às vezes ele vem sozinho e me observa correndo no
parque. Muitas vezes, ele chega à noite e senta-se debaixo da
minha janela.

Como eu lido com isso? Resistência indireta à sua presença,


evito conversa, procrastinação – essas são as únicas táticas que eu
tenho. Claro, isso não é eficaz.

Enquanto isso, fico atormentada pelo fato dele passar oito


horas em sua caminhonete nos dias em que ele me visita. Ele está
perdendo o trabalho que ele não pode se dar ao luxo de ignorar. Ele
está me perseguindo, o que é o completo oposto de seguir em
frente. E ele está me deixando louca.

Trails of Sin #2
Eu me vejo procurando por ele, verificando as ruas, nervosa
por sua próxima visita.

Então o inverno traz as temperaturas abaixo de zero e sua


rotina muda.

Ele aparece no restaurante onde eu trabalho.

No meu horário de almoço, eu me sento no bar, observando


o gelo derreter no meu refrigerante. Ele se senta no banquinho ao
meu lado e pede café para o garçom.

Nós nos sentamos juntos em silêncio enquanto rajadas de


neve assobiam pelas janelas. Se alguém está nos observando, eles
não sabem que temos história. Eles não percebem o quão fora do
lugar e perdidos nós estamos. Uma viúva e um assassino, presos
em uma história de amor quebrada.

Então ele olha para mim e uma faísca elétrica vibra do meu
couro cabeludo até os dedos dos pés e profundamente dentro dos
meus ossos. Naquele momento, nunca me senti tão sozinha.

Eu gostaria de nunca ter conhecido ele. Eu me ressinto do


amor inabalável que sinto por ele. Eu silenciosamente quero que
ele vá embora.

Ele termina seu café e sai pela porta sem uma palavra ou um
olhar.

E é assim que passamos o inverno. Sentados no bar durante


a minha pausa para o almoço. Compartilhando um momento de
saudade, arrependimento e incerteza. Esses são meus
sentimentos. Ele transmite algo totalmente diferente.

Não há conversa verbal, mas ele se comunica. Com os olhos


descansando no lado do meu rosto. Com a respiração dele
compassada com a minha irregular. Com sua companhia
invadindo minha vida e invadindo todos os meus pensamentos.

Ele ainda me ama. Ele me quer de volta e não vai desistir.

Trails of Sin #2
Tenho plena consciência de que caí em um padrão passivo-
agressivo com ele e, com o passar dos meses, Jarret permanece
silenciosamente agressivo, esperando por mim no meu espaço
pessoal.

Então, em uma noite, um ano depois de deixá-lo, sua


agressividade atinge novos níveis.

Eu estive perseguindo o jornal local desde que cheguei nesta


cidade, quase implorando por uma oportunidade de escrever para
eles. Moda, entretenimento, notícias da comunidade... Eu me
ofereci para cobrir qualquer coluna, em período integral ou parcial.

O proprietário, Keegan Mitchell, finalmente concordou em se


encontrar comigo em uma churrascaria chique na cidade. É um
lugar estranho para uma entrevista e não porque sou
vegetariana. Eu preferia conversar em seu escritório, mas ele
insistiu em jantar.

Durante um percurso de vinho e salada, Keegan pergunta


sobre minha educação e experiência. Ele tem meu currículo, então
as perguntas parecem um pouco redundantes. Talvez ele não
tivesse tempo para dar uma olhada?

Eu respondo entusiasticamente e ele sorri e balança a


cabeça.

Ele é um homem bonito. Cabelo preto, olhos enérgicos, mais


baixo que a média, um pouco magro demais e alguns anos mais
velho – ele me lembra Tom Cruise com aquele sorriso esticado.

“Eu notei que não há anel.” Ele inclina o queixo para a minha
mão. “Solteira?”

“Solteira.”

“Nenhum namorado?”

Eu luto contra o impulso de me contorcer. Não tenho certeza


de como essa linha de questionamento se aplica ao trabalho, mas
empurro meus ombros para trás e mantenho meu rosto

Trails of Sin #2
profissional no lugar. “Garanto que minha vida pessoal não vai
interferir no trabalho.”

“Muito bom.” Ele balança a cabeça e seu olhar encontra meu


peito antes que ele se controla. “Por que você quer este trabalho?”

Minha testa franze.

Eu fui para a faculdade para ser jornalista. Escrever sobre


moda foi o único trabalho que eu consegui depois da
faculdade. Dado o amor da minha mãe por maquiagem e glitter, eu
possuía uma sólida formação sobre o assunto. Mas depois de
trabalhar no rancho e mergulhar ao ar livre, perdi minha paixão
pelo trabalho de escritório.

Eu quero este trabalho porque quero seguir em frente com a


minha vida. Servir mesas não é seguir em frente. Parece mais que
eu estou apenas... Esperando.

Desde que eu não posso dizer nada disso, abro minha boca
para entregar uma resposta conveniente.

“Levante-se.” A voz baixa e profunda reverbera contra as


minhas costas, provocando arrepio nas minhas costas.

Eu giro na cadeira, meu coração no estômago e encontro os


olhos ferozes e selvagens de um homem que me assusta mais do
que qualquer outro. “O que você está fazendo aqui?”

Ele caminha para o meu lado e vira aquele olhar ameaçador


para Keegan. “Quem diabos é você?”

“Jarret”, eu sussurro duramente.

“Eu sou Keegan Mitchell, e você está deixando a moça


desconfortável. Vou pedir para você ir embora.”

É a coisa absolutamente errada a se dizer. Os músculos no


pescoço de Jarret tensionam e suas mãos apertam e soltam ao lado
do corpo.

Trails of Sin #2
“A senhora”, ele fala irritado, “pertence a mim. E se você
olhar para o peito dela mais uma vez, eu vou te despedaçar,
começando com o seu pau.”

Meu rosto aquece. Minha visão escurece e cada centímetro


meu endurece.

Qualquer chance que eu tinha nesse trabalho se foi.

Eu volto minha atenção para Keegan e tento manter a fúria


longe da minha voz. “Eu sinto muito. Se você nos der licença por
um minuto...”

“Não se preocupe, querida. Eu posso lidar com isso.” Ele se


levanta da cadeira e fica cara a cara com Jarret.

Quinze centímetros mais baixo e uma fração da massa


muscular, Keegan deve estar sofrendo da síndrome de
Napoleão. Ou estupidez.

“É hora de você ir embora.” Ele faz uma careta para Jarret e


estende a mão para mim.

Seus dedos seguram meu pulso e ele tenta me puxar por


alguma linha imaginária, como se ele tivesse direito sobre mim.

Eu puxo meu braço livre enquanto Jarret agarra a gola e o


pescoço de Keegan com as duas mãos, levanta-o e joga sobre uma
mesa livre.

Talheres e arranjos de flores caem no chão. Murmúrios de


surpresa vem dos clientes e dois garçons vestidos de terno correm
em nossa direção e param.

Meus olhos ardem. Minha garganta contrai, meu batimento


cardíaco está lento e alto em meus ouvidos.

Keegan se levanta e tropeça para trás, atordoado e inseguro.

“Fique longe dela.” Jarret coloca seu corpo enorme na minha


frente, enfrentando Keegan com as mãos cruzadas atrás dele.

Trails of Sin #2
A parte de trás do Stetson inclina para cima com o
movimento do queixo. Os músculos se contraem nas omoplatas e
nos bíceps, o pescoço, uma coluna de pele dourada e força. Seja
qual for o olhar que ele dá a Keegan faz com que o homem dê outro
passo para trás.

“Eu não quero brigar com você.” Keegan levanta as mãos e


colide em uma mesa. Então ele se atrapalha com o casaco e me
lança um olhar preocupado.

“É melhor você ir.” Eu coloco meu casaco e pego a bolsa,


humilhada e muito irritada. “Vou resolver as coisas com o
restaurante.”

Eu só quero dar o fora daqui. Passei o último ano evitando a


atenção e tentando não me tornar alvo de fofocas de cidade
pequena.

Keegan empurra a porta sem olhar para trás e eu pego a


carteira da minha bolsa. Eu não tenho muito dinheiro, mal o
suficiente para pagar o aluguel do meu apartamento. Mas há
pratos quebrados e vasos de flores e a conta do jantar. Eu tenho o
dinheiro para cobrir isso?

Jarret joga algumas notas grandes na mesa, mais do que


suficiente para pagar as despesas.

Seus dedos descansam possessivamente na parte inferior


das minhas costas, sua boca se aproxima da minha orelha.
“Vamos.”

Um tremor voraz enfraquece meus joelhos e mentalmente me


bato. “Eu não vou a lugar nenhum com você.”

“Tudo bem.” Ele coloca as mãos nos quadris. “Nós vamos


fazer isso aqui.”

Calor se espalha pelo meu pescoço. “Não vamos fazer nada,


em qualquer lugar.”

Trails of Sin #2
Eu passo por ele e vou direto para a porta. Ele me persegue
e atravessa o estacionamento. O ar frio da noite atinge minha pele,
mas meu sangue, meus músculos, tudo dentro de mim cozinha
com raiva.

A poucos metros do meu carro, ele me pega pela cintura e


me gira para encará-lo. “Você ia foder aquele filho da puta
covarde?”

“O quê?” Meus olhos arregalam. “Eu estava em uma


entrevista de emprego!”

Sua expressão empalidece por um segundo fugaz antes que


seu olhar estreita implacavelmente. “Ele pretendia entrar em sua
buceta antes que a noite acabasse.”

“Você está doente e maluco.” Eu empurro seu peito, fazendo


com que seus braços fiquem mais dominadores. “Nem tudo é sobre
sexo.”

“Um homem não te leva para jantar sem acabar em sexo. Ele
não conseguia tirar os olhos de você. Cada segundo que ele sentou
naquela mesa, ele imaginou sua buceta apertada em torno de seu
pau.” Sua voz se eleva. “O guardanapo em seu colo não podia
esconder a porra do pau duro!”

Estou pasma. Aperto meus dentes e empurro com mais força


contra ele, me libertando de seus braços. “Foda-se!”

“Você sabe que estou certo, Maybe.”

É difícil argumentar quando percebi essas vibrações


perturbadoras durante o jantar.

Eu giro em direção ao meu carro, deslizando no chão gelado


com meus saltos. Ele fica do meu lado, pronto para me pegar antes
de cair, mas não me toca quando eu corro para a porta do lado do
motorista.

“Mesmo que seja verdade...” pego minhas chaves e destranco


o carro. “Você não tinha o direito de intervir.”

Trails of Sin #2
“Você é minha.” Ele me encosta contra a porta, a força de
sua respiração formando nuvens densas entre nós. “Eu protejo o
que é meu.”

Meu coração palpita. Deus, como eu desejo ser dele.

Mas eu não sou.

Independentemente disso, não vou deixá-lo ou qualquer


outro homem me fazer sentir como se eu não pudesse cuidar de
mim mesma.

“Por invadir lá e arruinar minha reunião, você basicamente


me disse que acha que sou fraca e incapaz de sobreviver sem a sua
interferência viril. Você pensa tão pouco de mim que precisa me
salvar de uma entrevista de emprego, porque meu julgamento é tão
ruim e minha força de vontade é tão patética que não sei como me
afastar de uma situação ruim.”

“Eu não acho nada disso.” Sua expressão muda. “Você se


afastou de mim.”

Uma pontada aguda corta meu peito. “Você não me ama,


Jarret. Se amasse, deixaria que eu lutasse, deixaria eu passar por
minhas provações e iria intervir apenas para me guiar em direção
à independência, em vez da insegurança.”

“Eu não sou esse tipo de pessoa. Não suporto ver você
lutando e você já é tão poderosamente independente que eu nunca
poderia tirar isso de você.” Seus olhos endurecem no brilho da luz
da rua. “Eu te amo tanto que não posso funcionar sem você. Não
consigo dormir. Não consigo trabalhar. Eu não posso respirar
quando você está a quatro horas de distância.”

Eu também o amo. Mais do que ele pode imaginar.

Preciso deixá-lo ir.

Se eu tivesse alguma dúvida antes desta noite, não tenho


agora. Somos um vórtice combustível de ácido e corrosão, pólvora
e faíscas. Um fosforo aceso e vamos pegar fogo.

Trails of Sin #2
“Vá para casa.” Eu abro a porta do carro.

Ele a fecha. “Você vai para casa comigo.”

“Não.” Eu avanço sobre ele e aponto um dedo contra seu


peito. “Acabamos. Chega de ficar parado embaixo da minha janela,
me perseguindo no parque ou espreitando ao redor da minha
lanchonete. Vá para casa e não volte.” Eu engulo a dor na garganta
e volto para o carro. “Se eu te ver de novo, vou pedir uma ordem de
restrição.”

“Ameace-me com tudo o que você quer.” Ele segura um


mecha do meu cabelo e arrasta meu rosto para o dele. “Eu nunca
vou deixar você ir.”

“Pare.” A palavra escapa dos meus lábios e paira entre nós.

Seus olhos arregalam e sua mão afrouxa mas não me libera.

“Pare”, digo mais alto, mais firme.

No ano e meio que eu o conheço, nunca usei essa palavra.

Sua mão se afasta do meu cabelo e ele abaixa os braços, o


queixo, a voz. “Você sempre segurou todo o poder. Você nem
percebe o quanto de controle tem.”

Ele segura a parte de trás da minha cabeça e toca seus lábios


na minha testa.

Quando ele se afasta, o arame farpado ao nosso redor se


desfaz e se rompe. Enquanto ele atravessa o estacionamento e a
rua, minha garganta queima e minhas mãos tremem para alcançá-
lo.

Eu fico lá muito tempo depois que ele desapareceu na


escuridão.

Eu espero que ele volte.

Eu espero por meses.

Desta vez, ele se foi para sempre.

Trails of Sin #2
O amor machuca.

É um agressor emocional, insidioso e manipulador,


encantando-se em corações desavisados antes de destruir
entranhas indefesas.

O amor é tão invisível quanto as feridas que inflige e tão letal


quanto uma faca. Quando é tirado, tudo o que resta é dor.

Esquecer essa dor é impossível. É uma estrada sem rampas


de saída ou desvios. Uma vez que esculpir o caminho através da
alma, não há escolha a não ser segurá-la e conduzi-la ao final
sombrio, amargo e solitário.

Trails of Sin #2
O amor cura.

É um bálsamo universal que repara as fraturas, acalma a


dor e faz o coração voltar à plenitude.

O amor serve para forçar a pessoa mais forte e feroz. É


exatamente o que a alma clama. Recuar disso é rejeitar o remédio
mais poderoso, a maior cura para a solidão.

Com amor, até mesmo a estação mais escura de culpa e


traição pode ser derrotada.

Trails of Sin #2
SEIS MESES DEPOIS…

Hoje é o mesmo que todos os outros dias. Acordo. Sirvo


mesas. Eu corro no parque. Vou para casa.

À noite, escrevo artigos de moda chatos para uma pequena


revista impressa em Dallas. Não paga muito, mas utiliza meu
diploma.

Isso mantém minha mente ocupada.

Embora minha rotina trivial não mudou, hoje é um marco


de seis meses em uma série de marcos que sinalizam as mudanças
relacionadas a Jarret em minha vida.

Eu o conheci seis meses depois que Rogan desapareceu.

Eu vivi com ele por seis meses.

Eu não o vi por seis meses, até que ele apareceu embaixo da


minha janela.

Ele me perseguiu por seis meses, até que eu disse a ele para
parar.

Hoje marca seis meses desde a última vez que o vi.

Algo deveria ter acontecido. Verifiquei meus arredores do


amanhecer ao anoitecer, tentando encontrá-lo no meio da
multidão, examinando as ruas em busca de sua caminhonete,

Trails of Sin #2
esperando que ele aparecesse, como se ele soubesse o significado
da data.

Mas ele não está aqui. São onze da noite e estou tão sozinha
quanto estava ontem.

Conheço Jarret há dois anos, excedendo o relacionamento


mais longo que já tive com alguém além da minha mãe. Não que
eu esteja em um relacionamento com ele. Mas meu coração
está. Deixei a coisa machucada e ensanguentada no Julep Ranch
um ano e meio atrás, sabendo que nunca conseguiria recuperá-lo.

Conor e eu paramos de trocar mensagens pouco depois que


Jarret se afastou. Foi muito doloroso responder às perguntas dela
com garantias que não sentia.

A boa notícia é que finalmente compreendi a mim mesma. As


más notícias?

Eu sou uma desgraçada miserável.

Pensei muito sobre a culpa que tenho carregado. Eu não


deveria ter casado com Rogan sem conhecê-lo primeiro. Eu deveria
ter relatado o desaparecimento dele. Não deveria ter me
apaixonado por um homem enquanto estava casada com
outro. Agarrar-me a todos aqueles deveria ter sido e não deveria ter
sido era apenas uma maneira de eu sentir pena de mim mesma.

Em vez de continuar esse caminho autodestrutivo, decidi


tratá-lo como um presente. Levou dezoito meses para chegar a uma
conclusão crucial.

Não posso e não vou me arrepender do que aconteceu.

Se eu não tivesse cometido todos esses erros, não teria


conhecido Jarret. Não teria experimentado o que é
verdadeiramente amar alguém e sentir esse amor correspondido.
Os melhores seis meses da minha vida foram naquele rancho,
trabalhando lado a lado com um homem que se recusava a se
afastar de mim.

Trails of Sin #2
Essa é a parte prejudicial. No final, forcei-o a ir embora. Usei
minha palavra segura como uma arma, cortei suas pernas e removi
seu poder. Ele foi embora porque eu não lhe dei escolha.

Ele me amava e arriscou esse amor ao me contar que matou


Rogan. Ele poderia ter mentido facilmente e me impedido de
fugir. Mas ele não fez isso. Ele fez a coisa honrosa e me contou a
verdade. Em troca, eu o machuquei.

Depois de dezoito meses de pesquisa, autoanálise e


introspecção, agora percebo que o que experimentei em meus
relacionamentos antes de Jarret não era amor. Eu substituí cada
amante com um novo amante, mas o amor verdadeiro não pode ser
substituído.

O verdadeiro amor é encontrar minha alma gêmea quando


não estava procurando por ele. Era a profundidade do meu sorriso
quando trabalhei ao lado dele. Era colocar a felicidade dele sobre a
minha.

O amor verdadeiro não é sobre ser inseparável. É estar


separado há mais de um ano e sentir o amor mais profundo e mais
forte.

Eu o amo.

A distância não apagou. O tempo não extinguiu. Perder ele


não fez esse sentimento ir embora.

Eu o amo. Sinto falta dele, e sou uma desordem miserável e


nojenta sem ele. Fico enjoada imaginando como ele está, o que ele
está pensando e se está feliz. Mas eu não posso voltar. Não depois
do jeito que terminei as coisas.

Ele é forte o suficiente para ter se curado agora. Já se


passaram seis meses desde que o vi. Seis meses é tempo de sobra
para ele seguir em frente e encontrar outra pessoa. Eu não
sabotarei sua felicidade de nenhuma maneira.

Mas e se ele não estiver feliz?

Trails of Sin #2
Se ele ainda está sozinho, se está sofrendo até mesmo uma
fração da tristeza que eu sinto, quero saber.

Eu preciso saber.

Qualquer um pode dizer, eu te amo. Mas se ele não seguiu


em frente, se esperou todo esse tempo, isso é mais uma prova do
que as palavras podem expressar.

Deitada no colchão em um apartamento que nunca mobilhei,


rolo de lado e pego meu telefone no chão.

Sem o contato com Conor significa que estou no escuro em


relação a toda a família. Ela já deve ter terminado a faculdade, e
Lorne está alcançando oito anos de prisão. Ele pode estar em
liberdade condicional a qualquer momento.

Eu agarro o telefone com força e olho para a tela. Sinto muito


a falta deles e quero saber tudo o que está acontecendo com eles.

Vou mandar uma mensagem para Conor, uma saudação


amigável e começar daí.

Quando abro a tela de mensagens, o telefone vibra com uma


chamada recebida, me fazendo pular.

Número Privado

Quem estaria ligando tão tarde? Provavelmente uma


tentativa errada ou bêbada de ligar para outra pessoa.

Eu aceito a chamada. “Alô?”

“Maybe Quinn?” Uma mulher sussurra.

“Quem está falando?”

“É Raina Benally. Eu sou...” Sua voz sai rouca através do


telefone. “Nós nos conhecemos na casa de John Holsten.”

“Sim, eu me lembro.” Meu pulso acelera. “Eu te dei meu


número. Está tudo bem?”

Trails of Sin #2
Silêncio.

Dura tanto tempo que olho a tela. Ainda estamos


conectadas.

“Raina? Você está aí?”

“Eu preciso de ajuda.” Suas palavras são tensas, como se ela


estivesse forçando-as sair.

“O que aconteceu?”

“Eu... eu preciso ir.” Um som farfalhante vem pela linha.


“Vou ligar de volta.”

“Espere. Estou a cerca de três horas de distância. Você


ainda está na casa de John?”

“Você não pode vir aqui. Prometa-me.”

Um arrepio percorre meu couro cabeludo. “Se você está em


apuros, eu vou chamar a polícia.”

“Não!” Um grito sufoca sua voz. “Sem policiais. Por favor. Eu


vou ligar de volta.”

A linha fica muda.

Merda do caralho, o que diabos foi isso?

Ela está ferida? Em perigo? Por que ela precisa me ligar de


volta? Ela estava sussurrando e soou com medo.

Minha respiração acelera. Eu não sei o que fazer.

Eu visto jeans, uma camiseta e enfio os pés nas botas de


Jarret. Então eu espero.

Trinta minutos depois, ela não ligou de volta.

Eu tento rediscar o número privado. Está bloqueado.

Agarro minhas chaves e bolsa, corro para o meu carro e


começo a dirigir em direção ao norte do Texas. Ainda tenho o

Trails of Sin #2
endereço de John e ainda carrego a pequena faca sob o banco do
motorista. Não que eu pretenda usar a última, mas ela disse, sem
policiais.

Isso significa que ela está envolvida em algo criminoso? Toda


a porra da família está coberta de sangue. Eu deveria me virar e
ficar fora disso.

Exceto que eu dei a ela meu número com a oferta não falada
de ajuda. Deus, isso foi há dois anos. E se ele estiver machucando-
a ou segurando-a contra sua vontade esse tempo todo?

Eu acelero mais e dirijo pela noite. Com os olhos ardendo e


a cabeça pesada, chego à sua estrada rural depois das três da
manhã.

Ele vive em um pequeno terreno, cercado por campos e


bosques. Sem vizinhos. Nenhum lugar para esconder meu carro.

Eu estaciono no acostamento a uns quatrocentos metros da


casa. Coloco meu celular para vibrar, enfio ele e a faca no meu
bolso. Então eu ando o resto do caminho.

O calor de junho esfriou sob a sombra do anoitecer, deixando


uma sensação pegajosa que os mosquitos gostam. Eu golpeio os
sanguessugas em meus braços e silencio meus passos na estrada
mal pavimentada.

Na entrada de cascalho, permaneço escondida nas sombras


de arbustos crescidos. A escuridão envolve sua casa. Lá fora,
dentro, nada de movimento.

Raina me disse para não vir, então não planejo ir até a porta
da frente. Ainda.

Eu verifico meu telefone para ter certeza de que não perdi


uma ligação e espero por mais dez minutos, certa de que eles estão
dormindo. Não há nada que eu possa fazer hoje à noite.

Trails of Sin #2
Exaustão pesa minhas pálpebras enquanto eu volto para o
carro. O hotel na cidade parecia vago quando passei por ele mais
cedo. Eu ficarei lá esta noite então quando ela ligar, estarei perto.

Vinte minutos depois, eu pago o recepcionista, entro em um


quarto mofado e caio em um sono inquieto.

Cedo na manhã seguinte, eu acordo em uma cama irregular


e imediatamente verifico meu telefone. Nenhuma chamada
perdida.

O nó no meu estômago aperta. Algo está errado.

Quanto tempo devo esperar? E se ela nunca me contatar?

Eu dispenso a lanchonete, tomo banho e pego o café da


manhã na padaria ao lado. Então eu volto para o quarto e começo
a caminhar impaciente.

Preciso do Jarret. Se eu pedisse ajuda, ele viria. Ele está a


apenas duas horas de distância. Mas e se ele rejeitar minha
ligação? E se uma mulher atender seu telefone?

Meu peito aperta. Eu não posso lidar com isso agora. Além
disso, as últimas palavras que eu disse a ele foram mais ou menos
sobre me deixar resolver meus próprios problemas.

Outra hora de impaciência e espera me deixa em pânico. É


quase meio-dia antes que eu decido sobre um plano. Ou o começo
de um. É o suficiente para me empurrar até o carro, armada com
perguntas para John Holsten.

Estaciono em sua entrada de carros, tremendo e suando. Eu


mordi minha bochecha no caminho até aqui, deixando uma ferida
contra a minha língua. Eu não posso fazer isso.

Sim eu posso. Não é como se ele fosse me matar.

Ele iria?

Com a faca e o celular no bolso, vou até a porta e bato.

Trails of Sin #2
Passos se aproximam de dentro, me deixando ansiosa. A
porta se abre e John Holsten está na soleira, com um sorriso
nojento.

Uma camiseta por fora da calça preta. Seu cabelo preto e


prateado cobre as orelhas, há muito tempo sem um corte. Ele
também está em desesperada necessidade de fazer a barba. E um
banho.

“Maybe Quinn.” Seus olhos castanhos me verificam e param


nas botas. “Não achei que veria você de novo. Ainda procurando
pelo seu marido?”

“Não exatamente.”

Ele estreita os olhos nas minhas botas novamente. “Meu


garoto tinha um par dessas. Parecia igual a essas.”

“Jarret deu para mim.” Meus dedos flexionam contra as


solas. “Posso entrar?”

“Por favor.” Ele se afasta, seu olhar sobre a minha pele


enquanto eu passo por ele. “Algo para beber?”

“Não, obrigada.” Eu rapidamente inspeciono a sala de estar


cheia de móveis de madeira pesada.

Nada parece fora do lugar. A cozinha fica na parte de


trás. Vazia. A porta ao lado leva a um pequeno banheiro. O
corredor à esquerda dá lugar a mais duas portas. Uma se abre para
um quarto. A outra está fechada.

“Onde está Raina hoje?” Eu me sento na poltrona com uma


visão direta daquela porta fechada.

“Ela não está se sentindo bem. De muito uísque ontem à


noite, eu imagino.” Ele pisca e se serve um copo de uísque do
armário de bebidas na sala de estar.

“Sinto muito por ouvir isso.” Medo começa a subir pela


minha garganta. “Espero que ela se sinta melhor.”

Trails of Sin #2
“Então você encontrou Rogan Cassidy?” Ele se senta na
poltrona em frente a mim, cobrindo seu cinto com a barriga.

Presumo que ele saiba que Rogan está morto, mas não vou
admitir nada que incrimine Jarret e Jake. “Sim, mas ele não está
falando comigo.”

Ele ri. “Eu suponho que ele não está.”

“Pensei que você poderia me ajudar a preencher algumas


lacunas.”

Ele levanta o copo até os lábios, me estudando sobre a borda.


“Faça suas perguntas.”

Eu começo com as fáceis. Por quanto tempo ele conheceu


Rogan? Quando eles se conheceram? Quantas vezes eles
conversaram? Eu sei as respostas, mas estou aqui para mantê-lo
falando com a esperança de que Raina saia daquele quarto.

Eu falo alto o suficiente para ela ouvir minha voz. Se ela abrir
a porta, vai me ver.

Depois de dez minutos de espera, não houve um movimento


do corredor, e fiquei sem perguntas fáceis.

“Rogan...?” Eu respiro fundo e solto. “Ele deliberadamente


roubou de mim sem intenção de voltar?”

John se recosta na cadeira e equilibra o copo de uísque no


joelho. “Ele levou você a falência, querida. Você foi uma de
muitas. Apenas outro golpe em uma longa lista de trapaças.”

“O que?” Minha voz sai forçada enquanto o gelo arrepia


minhas bochechas.

“Ele se casou com você por sua herança. O mesmo com as


outras antes de você.” Ele inclina a cabeça. “Você não sabia que ele
foi casado seis vezes?”

“Não.” Meus dedos afundam os braços da poltrona e meu


estômago revira com desgosto.

Trails of Sin #2
“O homem era um trapaceiro. Muito bom nisso também. Até
ele ficar ganancioso. Meus garotos nunca teriam desistido dessa
terra. Havia muito apego a ela.”

A sala gira ao meu redor, distorcendo sua voz.

Eu era apenas o alvo de um golpe. Toda essa culpa e auto


aversão por um homem que não me amava era uma piada. Eu
realmente sou ingênua.

“Como estão meus garotos?” Seus olhos seguem para


minhas botas novamente.

“Eu não sei.”

“O que aconteceu?”

“Eu trabalhei no rancho por um tempo. Eles não confiavam


em mim. Eu não confiei neles. Isso foi perda de tempo.”

Foi a melhor época da minha vida. Quando terminar aqui,


vou ligar para Conor e implorar por uma atualização sobre suas
vidas.

“Eu sinto falta disso.” Ele começa, esparramado na poltrona.


“Nada é melhor do que pastorear gado em um dia quente como
este.”

Enquanto ele fala sobre sua vida no rancho, eu espreito a


porta do corredor. Ela está no quarto? Ela está ferida? Eu preciso
ver ela.

Meu plano me colocou na casa. Tudo o que vem depois está


contando com a sorte.

“Posso usar o seu banheiro?” Eu preciso de tempo para


pensar, sem seus olhos perambulando e tagarelice ininterrupta.

“Atrás de você.” Ele aponta para a porta.

“Obrigada.” Eu me fecho dentro do pequeno ambiente e


aperto a ponta do meu nariz.

Trails of Sin #2
Preciso de uma desculpa para entrar naquele quarto, mas
não tenho uma. Eu poderia exigir vê-la. Minhas ameaças
funcionaram com ele antes e eu tenho provas suficientes contra ele
para fazê-lo suar.

O problema é que eu nunca iria seguir adiante. Se eu


denunciasse John Holsten às autoridades, ele levaria Jarret e Jake
com ele.

Eu não tenho nada.

Dando descarga, saio e entro em uma sala vazia. Uma


sombra passa pela janela e vejo John do lado de fora. De pé na
varanda, ele segura um telefone na orelha, de cabeça baixa e de
costas para mim.

Eu me coloco em movimento.

Fecho a porta do banheiro e sigo pelo corredor. Se ele olhar


para dentro, vai pensar que eu ainda estou no banheiro.

A adrenalina aumenta quando me apresso em direção ao


quarto fechado. Eu agarro a maçaneta, empurro e não cede.

O que...?

Ali! Na borda superior da porta, uma trava extra a mantém


no lugar. Eu abro e empurro, tropeçando e...

“Oh meu Deus.” O cheiro forte de sangue atinge meu nariz e


eu engasgo.

O quarto não é mobiliado, o assoalho de madeira sujo de


manchas vermelhas escuras. Um cobertor pesado paira sobre a
única janela, deixando entrar uma fenda de luz. Eu sigo aquele
brilho fraco para o canto, onde a forma machucada e
ensanguentada do corpo de uma mulher está curvado.

Algemas de aço envolvem seus pulsos, conectadas a


correntes que se prendem à parede. Seu rosto está irreconhecível,
inchado e dilacerado, preto e azul e coberto de sangue seco.

Trails of Sin #2
Meu corpo inteiro treme e fico paralisada enquanto olho para
o corredor vazio. No momento em que ele terminar seu telefonema,
estará dentro de casa, esperando que eu saia do banheiro.

Se ele souber que encontrei Raina, ele vai me matar. Depois


de ver o dano que ele fez a ela, não tenho dúvidas. Eu preciso ser
rápida.

Meu estômago se solidifica em um bloco de gelo enquanto eu


corro em direção a ela e caio de joelhos.

Cadeados seguram as algemas, as correntes são inflexíveis


quando eu as puxo.

“Raina?” Eu sacudo o ombro machucado, despertando um


gemido de sua garganta. “Onde está a chave?”

Ela pisca para mim com um olho bom, o outro fechado.

“A chave.” Eu agarro as algemas em seus pulsos, meus


batimentos cardíacos aumentando para níveis vertiginosos.
“Onde?”

“Cozinha.” Sua língua vem para fora, molhando os lábios


machucados. “Gancho.”

“Gancho onde?” Eu foco minha audição para qualquer


rangido da porta da frente.

Se ele vier, preciso de um plano de fuga.

A janela.

Eu me apresso naquela direção e afasto um pouco o


cobertor. Sem barras. Encaro a floresta nos fundos e um galpão
que fica perto das árvores.

Duas fechaduras da janela cedem depois de um pouco de


força, mas ela não abre. Eu coloco toda a minha força nisso,
grunhindo e perdendo preciosos segundos.

“Amarrada”, ela sussurra do chão.

Trails of Sin #2
“Você pode andar?” Eu removo a lâmina do meu bolso e corto
as amarras.

“Não sei.”

A janela se levanta e a respiração presa no meu peito se


liberta.

“O gancho?” Fecho a janela, deixo-a destrancada e corro


para a porta.

“Parede. Ao lado da geladeira.”

“Tente ficar de pé. Eu voltarei.”

“Sem policiais.” Seu apelo rouco segue-me para fora da


porta.

Fecho atrás de mim, coloco a trava no lugar e escuto.

Sua voz vem abafada através das paredes finas,


imperceptível, mas definitivamente do lado de fora. Eu caminho em
direção à cozinha, localizo o gancho, a chave. Ah, obrigada Deus.

Quando viro no corredor que leva para a sala de estar, ele


ainda está de pé do lado de fora perto da janela e abaixa o telefone
da orelha.

Eu tenho dois segundos antes que ele se vire e eu os uso


para abrir a porta do banheiro e posicionar meu corpo para parecer
que estou saindo.

Ele encontra meu olhar através do vidro e eu prendo minha


respiração. Depois de um momento sufocante de contato visual,
ele se vira para a porta da frente.

Eu exalo alto e ofegante, tremendo e queimando com


calafrios. A chave vai no meu bolso. Um sorriso suave se instala no
meu rosto e eu calmamente me sento na poltrona.

Se eu fugir, isso fará ele suspeitar de algo. Então me preparo


para uma conversa horripilante com um monstro enquanto finjo

Trails of Sin #2
que uma mulher não está machucada e acorrentada em um quarto
no final do corredor.

“Desculpe por isso.” Ele entra e fecha a porta. “Tive uma


pequena emergência recentemente. Não podia ignorar essa
ligação.”

“Tudo certo?”

“Muito melhor.” Ele me analisa por um momento. Então um


sorriso curva seus lábios. “Agora, onde estávamos?”

“O garanhão que você tentou domar...”

“Ah sim. Que possuía um ótimo reprodutor.”

Ele volta para a poltrona e começa a me contar tudo sobre


seus cavalos, tratores John Deere e o inverno que não acabava.

Minha mente se agita através da conversa angustiante,


atormentando-me com cenários que terminam comigo algemada
naquele quarto manchado de sangue ao lado de Raina. Eu preciso
sair daqui. Cada segundo que eu atraso é um segundo que ele pode
olhar nos meus olhos e ver meu medo.

Eu espero por uma pausa em sua narrativa e quando


finalmente chega, eu aproveito.

“Eu preciso ir.” Eu alcanço minhas chaves. “Eu tenho uma


longa viagem de volta.”

“Para onde?”

“Eu prefiro não dizer.” Eu me levanto e ofereço minha mão.


“Obrigada por responder às minhas perguntas.”

“Foi um prazer.” Ele agarra meus dedos e seu polegar desliza


sobre o meu pulso, espalhando um arrepio revoltado pelo meu
corpo.

Trails of Sin #2
Ele me leva para fora e fica na varanda enquanto eu me movo
em um nevoeiro petrificado para o carro. Ele continua a me
observar enquanto eu saio da entrada da garagem.

Eu me viro na direção em que vim e no momento em que ele


está fora de vista, eu entro em colapso.

Meus pulmões explodem, forçando a passagem do ar pela


minha garganta seca. Minhas mãos tremem violentamente contra
o volante e lágrimas escorrem dos meus olhos.

Estou com medo de voltar, mas não tenho escolha. Ele


notará a falta dessa chave e quando isso acontecer, a chance de
sobrevivência de Raina se desintegra.

Entro em uma estrada de terra escondida entre as árvores,


estaciono o carro fora da vista da estrada principal. Então eu digito
uma mensagem para Jarret. Eu descrevo a situação e forneço o
endereço da casa de seu pai.

Mas eu não envio a mensagem. É meu plano de emergência.

O lugar onde estacionei é uma caminhada de cinco minutos


da casa, através de um campo. Espero que Raina possa fazer essa
caminhada. Ela deve pesar o mesmo que eu e não vou conseguir
carregá-la.

Da minha mochila eu removo um vestido casual. Eu não


tenho sapatos extras, mas pelo menos ela vai ter algo para vestir.

O caminho de volta é um teste angustiante de bravura. Eu


não sou uma pessoa corajosa, mas sou teimosa. Essa teimosia me
mantém em movimento. O telefone no meu bolso me dá força.

Se algo acontecer, vou mandar uma mensagem e Jarret virá.

Quando chego à casa, me aproximo pelos fundos, ficando


entre as árvores. Meu coração bate tão violentamente que sinto
como se minhas costelas estivessem quebrando.

Eu corro para o quarto onde ela está presa e chego à


janela. Ela range quando levanto e eu congelo. Cada órgão do meu

Trails of Sin #2
corpo se transforma em pedra, esperando por uma lâmina ou uma
bala passando por mim.

Nada acontece.

Eu enfio a cabeça embaixo da vidraça e encontro Raina


oscilando no meio do quarto, as correntes estendidas até onde elas
podem ir.

Ela estende as mãos, sacudindo os elos de metal. Eu atiro a


chave e ela pega.

Ela se abaixa e destranca as fechaduras. Demora uma


eternidade. Minutos. Horas. O espaço entre meus ombros contrai
e coça e a saliva engrossa na minha boca.

Depressa. Mais rápido. Vamos.

Eu deveria entrar e ajudá-la, mas é aí que minha bravura


termina. Eu entrei na casa dos horrores uma vez. Eu não farei isso
de novo.

Finalmente, ela se levanta, braços livres, e foca seu olho bom


em mim.

Eu estico um braço pela janela, mantendo minha atenção no


espaço aberto atrás de mim.

Ela cambaleia para mim e cai contra o peitoril. Nós vamos


devagar e em silencio. Ela sobe. Eu puxo. Seu corpo está tão
machucado e desnutrido que suas contusões têm hematomas,
seus ossos pressionam sob sua pele e algumas das lacerações se
abrem quando ela cai pela janela com um grito silencioso.

Eu solto um suspiro e coloco seu braço sobre meus ombros.


“Agora corremos.”

O trajeto de doze metros até a linha das árvores é a parte que


mais temo. Ela pode correr? Ele vai nos ver? Será que as balas irão
impedir nossa fuga?

Trails of Sin #2
Meu sangue incendeia, meus membros funcionam por conta
própria. Estou desconectada de tudo, menos da sempre presente
batida intensa do meu pulso.

Seus pés se movem no mesmo ritmo dos meus, seu corpo nu


emana a última das suas forças. Quando chegamos à cobertura de
folhagens e cardos, ela quer entrar em colapso.

Eu a levanto e enfio o vestido sobre a cabeça dela. “Isso não


acaba até chegarmos ao carro. Cinco minutos. Você consegue fazer
isso.”

“Sim.” Ela faz uma careta enquanto arrasta o vestido sobre


os cortes e feridas em seu torso e quadris. “Pronto.”

Quando chegamos ao carro, estou arrastando-a. Meus


músculos queimam. Ondas de calor apagam minha visão, e minha
mandíbula dói de apertar.

Quando acomodo seu corpo abusado no banco de trás, ela


murmura, “Sem policiais.”

Um pensamento assustador me ocorre. “Ele sabe onde eu


moro?”

“Não.” Ela solta um gemido de dor e desmaia.

Eu agarro o teto do carro para me impedir de segui-la. Horas


de estresse extremo cobraram seu preço. Mas não vou poder
relaxar até estarmos no meu apartamento.

Minhas pernas protestam na caminhada até o banco do


motorista. Minhas costas doem quando me sento atrás do volante.

Eu tenho uma viagem de três horas ainda. Três horas para


descobrir o que fazer com Raina Benally.

Três horas para decidir se devo ligar para Jarret.

Trails of Sin #2
Raina dorme durante toda a viagem. Com uma pressão
esmagadora em volta do peito, mantenho o limite de velocidade e
observo o espelho retrovisor em busca de sinais de John Holsten.

É uma corrida mentalmente agonizante e fisicamente


exaustiva para o meu apartamento. Ainda mais difícil é subir três
lances de escada sem olhares desconfiados dos meus vizinhos.

Meu Stetson e óculos de sol escondem seu rosto, mas sua


dor é palpável, sacudindo sua pequena estrutura a cada passo.

Lá dentro, eu dou banho, alimento-a com uma sopa, cuido


de suas feridas e levo-a para a cama, durante a qual pressiono por
respostas. Há quanto tempo ele está machucando-a? Por que não
posso ligar para a polícia ou levá-la a um hospital? O que ela não
está me contando?

Ela se recusa a falar. Pode ser a dor, um colapso mental ou


outra coisa, mas ela não falou desde que saímos da casa de John.

Eu deixo-a dormir e me arrasto para a janela. Uma


tempestade começa a cair e eu sou atraída pela chuva batendo
contra o vidro.

O estrondo do trovão eletrifica minha pele e me enche de


uma nostalgia que abraça minha alma. A cintilação elétrica do
relâmpago ilumina minha mente com imagens e sensações de uma
noite selvagem com um homem perfeito. Raios incandescentes

Trails of Sin #2
riscam em direção à terra, agitando desejos traiçoeiros por alguém
que deixei ir.

Passei fome por tanto tempo que não sei como escapar da
jaula em que me prendi. Vivo nos confins da minha própria
destruição, correndo uma maratona torturante com joelhos
ensanguentados. Mas as tempestades de raios me liberam daquele
inferno, mesmo que por pouco tempo.

Sinto-o no ar carregado, vejo seus olhos arderem nos


violentos clarões do céu e ouço seu rugido no estrondo do
trovão. Tempestades me conectam a ele, mas sempre que passam
eu fico fria por dentro, minha alma incompleta, minhas emoções
entorpecidas.

Chuva bate na janela a centímetros do meu rosto. Chama


por mim, meus olhos fixos no céu furioso, meu corpo gravitando
em direção às nuvens pesadas que se dissolvem na paisagem
negra.

Um clarão surge e desaparece rapidamente, e naquela


explosão de luz, eu o vejo debaixo da janela.

Meu coração para e eu caio contra o vidro, me aproximando


e implorando aos meus olhos para se ajustarem à escuridão.

Ele não pode ser real. Estou enlouquecendo.

Outro clarão acende o céu, desaparecendo e voltando através


de uma série de ramificações irregulares de luz. No intervalo dessa
iluminação, ele olha para mim na chuva, encontrando e segurando
meu olhar.

Minha respiração acelera, levantando meu peito.

Ele está aqui.

Ele está aqui de verdade.

Seus olhos arregalam, piscando contra o aguaceiro. Ele


parece surpreso, como se não esperasse que eu estivesse aqui
também.

Trails of Sin #2
A chuva escorre da aba do chapéu e bate contra a sólida
silhueta de sua postura grande. Ele não se move, não desvia o
olhar.

Ele espera.

Eu me afasto da janela e pressiono minhas costas contra a


parede, lutando para recuperar o fôlego.

Ele ainda me ama.

Na cama do outro lado do quarto, Raina não se agita,


profundamente adormecida, escapando do tormento de sua dor.

Chega de espera.

Corro para a porta silenciosamente, desço as escadas e entro


na chuva grossa.

Seus ombros se contraem quando ele me vê, suas mãos


escorregam nos bolsos da frente, todo o corpo ensopado e
pingando.

Eu paro a trinta centímetros de distância, minha voz está


presa na garganta, meu olhar colado no dele.

“Onde você foi?” Os músculos se contraem ao longo da sua


mandíbula, seus olhos inabaláveis. “Eu pensei que você foi embora
e eu não vi.”

Minha mente gira e balanço minha cabeça em confusão.


“Como você...?”

“Eu moro no hotel.” Ele aponta um dedo em direção ao


centro da cidade. “Seu carro estava desaparecido desde ontem.”

“O que?” Eu engulo com dificuldade. Pisco. Engulo


novamente. “Você vive aqui? Por quanto tempo?”

“Seis meses.” Ele estreita os olhos para mim, desafiando-me


a discutir com ele. “Eu vou para casa algumas vezes por semana
para acompanhar o trabalho. Caso contrário, estou aqui.”

Trails of Sin #2
Eu agarro meu pescoço, tremendo, encharcada, mas de
alguma forma ainda de pé quando dezoito meses de dor se soltam
do meu corpo.

Ele nunca foi embora. Nunca se afastou.

Ele nunca me abandonou.

“Eu comprei uma caminhonete que você não reconheceria,


então eu poderia seguir você. Observar você. Eu não pude...” Suas
mãos se levantam para o rosto e seus ombros inclinam para frente,
sua enorme estrutura estremecendo sob o dilúvio de chuva. “Eu
não posso deixar você ir.”

“Jarret...” coloco a mão na minha boca, abafando um grito.

“Viver sem você é uma forma de morte. Uma morte que eu


me recuso a aceitar.” Ele abaixa os braços. Então cai de joelhos, a
cabeça baixa, curvada aos meus pés. “Você não pode esconder sua
dor de mim. Seu isolamento, as olheiras, a tristeza permanente em
seus lábios...” Seu olhar se ergue contra o clarão do relâmpago.
“Eu vejo você. Eu vejo sua tristeza, desgosto, saudade. Isso mora
nos seus olhos desde que você foi embora, presa nesse
tumulto. Mas também vejo amor. Ainda está aí, Maybe e eu juro
por Deus, se você simplesmente aceitar, se você me der uma
chance, eu vou te libertar. Deixe-me pegar parte da sua dor, andar
com você, sentar com você, cuidar de você, alguma coisa, qualquer
coisa... Apenas... deixe-me acompanhá-la na dor.” Sua garganta
oscila. “Venha para casa.”

A chuva forte se transforma em um leve chuvisco, as gotas


pingando nas partes duras do seu rosto inclinado. Eu permaneço
acima dele, me afogando na chuva, carinho, amor e aceitação.

Eu alcanço em sua mandíbula, deslizo os dedos trêmulos


sobre sua barba e pressiono seu queixo para cima. “Levante-se.”

Suas sobrancelhas se juntam e ele se levanta


lentamente. Eu mantenho minha mão em seu rosto, cobrindo sua
feição marcante e tremendo com uma onda de emoção.

Trails of Sin #2
“Sim.” Eu coloco todas as respostas nessa única palavra.

“Sim?” Sua respiração falha, os olhos curiosos.

“Você está certo, sobre tudo isso.” Eu me aproximo,


deslizando minhas botas no espaço entre as dele. “Eu estraguei
tudo e cheguei a um acordo com isso. Eu aceito os erros, os
segredos, a culpa, as escolhas erradas e as estradas escuras. Eu
aceito tudo o que aconteceu que nos trouxe até aqui, e noventa
anos a partir de agora, eu vou me lembrar de você em pé na chuva,
me implorando para voltar para casa. E nunca me arrependerei
disso.”

Pingos de chuva se agarram aos seus cílios e, em meio à


umidade, poços de algo mais profundo, mais forte.

Felicidade.

“Noventa anos?” Ele toca minha bochecha.

“Mais ou menos. Sem arrependimentos.”

“Então eu posso finalmente dar isso de volta para você.” Ele


enfia a mão no bolso e puxa o anel de noivado. “Maybe, você
aceita...?”

“Sim.” Eu levanto minha mão, os dedos estendidos e


tremendo. “Você está carregando isso todo esse tempo?”

“Todos os dias.” Ele desliza o anel de diamante na minha


mão, encaixando-o firmemente no lugar.

Eu o aproximo para dar uma olhada mais de perto, mas os


dedos dele apertam, segurando firme nos meus. Ele olha para mim
e eu olho para ele, mergulhada em um marco de aceitação.

Nós nos movemos ao mesmo tempo, colidindo quando damos


um passo descoordenado para um beijo. Nossas testas se
chocam. Ele cambaleia para trás e nossos lábios se tocam e
afastam, desajeitados e atrapalhados, sem a conexão que
desejamos.

Trails of Sin #2
Eu endireito minha postura e esfrego a testa, me
contorcendo de nervosismo. “Eu deveria ter avançado de forma
diferente? Eu sinto como se me aproximei com muita força.”

“Forte é bom.” Ele agarra a parte de trás do meu pescoço e


me arrasta contra ele, peito a peito.

“Eu estava muito ansiosa, no entanto.” Agarro seus ombros


largos e me sinto ansiosa. “Nós nos inclinamos na mesma direção
e nossos dentes bateram. Talvez eu me aproximei muito rápido
quando você também avançou? E também tem a chuva. Estamos
escorregadios e...”

“Não vamos pensar demais.” Seu olhar encontra minha boca.

“Ok. Sim, meio que perde a magia.” Eu inalo profundamente,


saboreando o calor de sua respiração. “Podemos tentar de novo?”

“Qual parte?”

“Tudo isso.”

Seus olhos brilham. “Eu te amo.”

“Eu amo...”

Ele devora minhas palavras, me beijando como se não


houvesse escolha. Sua língua passa pelos meus lábios, saboreando
e mergulhando enquanto o banho de luz cobre nossos rostos até
onde nossas bocas se encontram.

Gotas frias, ar abafado e o distante trovão – há algo de


celestial em beijar esse homem na chuva. É um momento frenético
que se recusa a esperar. Um derramamento de amor desesperado
por conexão, indiferente a roupas encharcadas ou pele gelada. É
uma rebelião contra ventos ameaçadores e condições
deprimentes. A natureza traz a chuva, mas enfrentamos ela,
unidos em necessidade mútua.

Ele pressiona seus lábios firmemente contra os meus,


controlando a profundidade e afirmando o ritmo. O calor de sua
boca é minha casa, a pressão de seus dedos é meu santuário. Ele

Trails of Sin #2
é meu maior tormento e constante salvação, meu começo, meu fim
e todos os caminhos entre eles. Todo o maldito mundo deve parar
em seu eixo e tomar nota, porque nenhum homem vivo sabe amar
uma mulher como ele.

Ele me levanta contra seu corpo e eu seguro seu rosto,


derrubando seu chapéu e afundando nos olhos famintos que me
deixam louca.

“Deus, eu senti sua falta.” Minhas pernas rodeiam sua


cintura e meu cabelo cai ao seu redor, tornando-se um com seus
fios escuros encharcados.

Ele beija gotículas dos meus lábios e sorrio contra os dele.

“Aí está.” Ele afasta meu cabelo de um lado e mordisca até


minha orelha.

“O quê?” Eu afundo em seus braços.

“Seu sorriso.” Ele segura minha bunda através do jeans e me


puxa para mais perto. “Eu não vi isso em dezoito meses.”

“Desculpe-me, eu machuquei você.” Enterro meu rosto na


curva de seu ombro.

“Ei.” Ele agarra a parte de trás do meu cabelo e captura meus


olhos. “Eu também te machuquei. Sem arrependimentos, lembra?”

“E sem segredos.”

“Sem mentiras.”

“Nada mais de acordos.” Eu mordo meu lábio.

“Chega de espera.” Sua expressão muda, as maçãs do rosto


como lâminas sob a expressão em seu olhar.

Ele sabe o quão sexy ele é quando olha para mim


assim? Como isso me faz querer sufocar seu rosto em beijos
vorazes?

Trails of Sin #2
“Eu não posso acreditar que você está aqui.” Minha cabeça
flutua, meu sangue bombeando com êxtase enquanto observo suas
feições maravilhosas.

“Não posso acreditar que você é real.” Ele pressiona sua boca
na minha, nos ligando em um beijo tão insaciável que nos
agarramos um ao outro para chegar mais fundo, mais perto, e não
é o suficiente.

Ele se inclina para pegar o chapéu. Seus pés se movem


abaixo de nós, espirrando nas poças d'água e nos levando em
direção à entrada do meu apartamento. A chuva cai ao nosso
redor, lavando a dor e intensificando o calor de nossos corpos.

O passado deixa de existir, borrado e esquecido enquanto


agarro o futuro com braços e pernas. No momento em que ele
tropeça na escadaria mal iluminada, nossa necessidade um pelo
outro explode em um incêndio violento.

Minhas costas atingem a parede e ele empurra contra mim,


torturando o pulsar entre minhas pernas. O frio que penetra nos
nossos jeans não importa. Somos uma fornalha de desejo e
urgência, rasgando roupas, mordendo os lábios e marcando a pele.

Nossos gemidos ecoam nas paredes de concreto. Nossos


corpos se contorcem e suas botas rangem no chão molhado
enquanto ele me carrega pela escada.

Nós subimos a metade do primeiro lance antes que ele me


coloca no degrau para aprofundar o beijo e empurrar entre as
minhas pernas.

“Preciso estar dentro de você.” Ele lambe minha língua,


ofegante contra os meus lábios.

Eu não sei quem mais precisa de quem enquanto movimento


e empurro com força meus quadris para desafiar os impulsos dos
dele.

“Três lances.” Ele estica o pescoço e geme para a escada


acima de nós. “Nós nunca vamos fazer isso.”

Trails of Sin #2
Bom, porque Raina está na minha cama e eu não vou matar
o momento com essa conversa.

“Meus vizinhos vão trabalhar cedo.” Eu agarro seu cabelo,


trazendo sua boca de volta para a minha. “Eles já estão dormindo.”

Ele se afasta para olhar em mim, seus olhos como todas as


fantasias que eu já tive dele, a cada momento que eu o desejava
nos últimos dezoito meses.

Então ele me beija com urgência. Usando uma língua


persuasiva. Me excitando com golpes dominantes. Possuindo-me
com o trovão do seu coração.

Eu envolvo todo o meu ser nele – o beijo, o olhar, o momento


roubado que poderia ter escapado tão facilmente dos meus
dedos. Mas o nosso caminho está definido, predestinado e
permanente.

Ele me segura firme e nos leva por mais duas escadas.


“Deveríamos...”

“Aqui.” Alcanço minha calça e solto o botão. “Agora mesmo.”

Ele concorda, já soltando o cinto e o zíper e respirando com


tanta dificuldade quanto eu. Sua boca não afasta da minha
enquanto ele retira minhas botas e tudo embaixo da minha
cintura. O jeans dele é o próximo, empurrado até as coxas.

Então voltamos nossa atenção um no outro, ofegando de


desejo, queimando de necessidade e tremendo de fome. Ele morde
meus mamilos através da camiseta molhada e eu puxo seu cabelo,
contorcendo-me debaixo dele, ansiosa, pulsando, pressionando
para chegar mais perto.

Seus dedos encontram minha buceta quente e úmida, e ele


afunda dois dedos dentro, gemendo contra meus lábios. Eu
alcanço entre nós e agarro seu pau. Estou muito excitada para
preliminares. Tem sido muito tempo para prolongar isso.

“Por favor, Jarret.” Eu aperto seu pau. “Depressa.”

Trails of Sin #2
Ele olha para baixo entre nós, lábios entreabertos enquanto
ele desliza a cabeça de seu pau ao longo da minha fenda. “Eu não
estive com ninguém.”

“Nem eu. E ainda tenho o DIU.” Eu solto um suspiro e


encontro seus olhos. “Algum dia... Não agora, mas algum dia, eu
quero filhos com você.”

Suas bochechas levantam com um sorriso que ele não pode


conter e ele agarra o lado da minha cabeça, sua outra mão firme
em torno de seu pau.

“Eu amo você.” Ele empurra com força e profundamente.


“Ahhhh, Cristo, Maybe.”

Ele apoia sua testa na minha. Suas mãos alcançam meus


quadris e ele não me dá tempo para me ajustar. Ele me fode com
uma velocidade e urgência que faz meus seios saltarem e alonga
meus músculos internos.

Com os braços escorregando debaixo de mim, ele me tira dos


degraus e impede que minhas costas pressionem contra o
concreto. Sua fome, seu poder, seu amor – tudo isso me atinge,
agressivo e rápido, como um pistão martelando enquanto ele solta
um ano e meio de celibato.

Eu seguro sua bunda, deleitando-me com a flexão e


contração de músculos duros enquanto ele penetra mais profundo,
mais forte entre as minhas pernas, inclinando-se sobre mim,
forçando-me a abrir mais, exigindo que eu aceite cada centímetro
longo e cruel dele.

Seus olhos ficam comigo, absorvendo minhas expressões e


cimentando a conexão. Nossos quadris se movem em conjunto no
ritmo mais rápido que já fodemos, mas nossas cabeças se mantêm
unidas, as testas se tocando, respirações unidas, olhares presos
em transe.

“Você vai me fazer gozar.” Eu me inclino e lambo seus lábios.

Trails of Sin #2
“Eu estou com você.” Ele pressiona a mão contra a parte
inferior das minhas costas e pressiona contra meu clitóris,
aprofundando os golpes. “Goze no meu pau.”

Meu corpo inteiro entra em erupção, pulsando e


apertando. Eu abro minha boca para gritar, mas não há som. Sem
ar. Apenas ele e o prazer irresistível que provoca em nós.

Ele goza comigo, sacudindo os quadris, o rosto relaxado e o


gemido baixo reverberando pela escada.

“Foda-se, Maybe.” Ele coloca as mãos no degrau em ambos


os lados da minha cabeça, olhando para mim, sem fôlego. “Isso foi
tão bom.”

Eu contraio ao redor de seu pau amolecido, perfeitamente


cheia e lutando para me concentrar.

“Não se incomode em se vestir.” Ele balança os quadris,


entrando e saindo. “Assim que chegarmos lá em cima, vou espalhar
você na cama e adora-la corretamente.”

A cama que está ocupada atualmente.

Eu fecho meus olhos. “Há algo que preciso te dizer.”

Trails of Sin #2
É depois de uma hora da manhã quando passo com a
caminhonete sob o arco do Julep Ranch. A cabeça de Maybe está
apoiada no meu ombro, seu cheiro de menta provocando minhas
inalações e aquecendo meu sangue.

Ainda não consigo acreditar que ela me aceitou de volta. Eu


esperei. Porra, esperei com cada maldita respiração que dei, nunca
desisti. Mas quando ela correu para fora do seu apartamento na
chuva, a visão dela me suspendeu em um sonho.

Eu ainda preciso acordar desse sonho.

Temos muito a discutir, dezoito meses para colocar em dia.


Sem mencionar a façanha imprudente que ela fez com meu pai.

Minha mão aperta em torno do volante enquanto a raiva


reacende.

Quando ela me disse que Rogan a enganou, eu queria matá-


lo novamente. Então ela descreveu sua missão de resgate com
Raina. Eu precisei bloquear minha raiva com força. Socar paredes
e gritar não teria sido a melhor maneira de recebê-la de volta à
minha vida.

Ela está viva e ilesa, e estou concentrando toda a minha


energia nisso. Sua punição virá depois.

Ao lado dela, Raina se curva contra a porta, congelada no


tipo de sono profundo que não traz descanso.

Trails of Sin #2
Ela não fala desde que a encontrei no apartamento de Maybe
há cinco horas. Ela mal estava consciente. Eu olhei para as feridas
dela. Um monte de hematomas, vergões e cortes de faca. Mas nada
parece infectado ou quebrado. No lado de fora.

O que está por trás de seus olhos assombrados é algo


completamente diferente. Ela não precisa de um médico de
emergência. Ela precisa de um psiquiatra.

Ao estacionar a caminhonete na frente da casa, a porta da


frente se abre e Jake sai.

Liguei para ele antes de sair do apartamento e decidimos que


era o melhor lugar para Raina até sabermos o que aconteceu.

Ela morou com meu pai por mais de dois anos. Tenho
certeza de que ela conhece todos os segredos que enterramos, todos
os crimes que cometemos. Inferno, ela provavelmente sabe mais
sobre minha família do que eu. Ela é uma grande responsabilidade.

O fato dela não querer que os policiais se envolvam é uma


bênção. Mas também me coloca em alerta máximo. Ela fez alguma
coisa ou pretende fazer. Algo fora da lei. Embora seja um modo de
pensar com o qual posso me relacionar, não quero que minha
família seja pega no fogo cruzado.

Jake abre a porta do passageiro e a levanta em seus


braços. Ele absorve o dano inchado em seu rosto, seus olhos
endurecendo com fúria assassina antes de olhar para mim.

“Jesus.” Ele a empurra contra o peito, fazendo-a gemer.


“Papai fez isso?”

“Sim.” Eu puxo Maybe contra mim e a puxo para fora da


caminhonete.

“Eu posso andar.” Ela passa os braços em volta do meu


pescoço e esfrega o rosto contra a minha garganta.

Com uma risada, eu beijo sua sobrancelha e sigo Jake para


dentro.

Trails of Sin #2
Ela não tinha muito em seu apartamento. Roupas e algumas
coisas que ela colecionou no Texas estão na carroceria da minha
caminhonete. O carro dela ficou para trás. Se ela quiser, vou
reboca-lo até em casa.

Na casa, Jake faz uma pausa no vestíbulo, olhando entre a


sala e o corredor para a minha ala.

“O quarto de Lorne.” Eu não quero Raina dormindo no sofá.

Maybe levanta a cabeça e agarra meus ombros. “Mas Lorne


chega em casa em dois dias.”

Meu peito sobe ao som glorioso dessas palavras. “Nós vamos


resolver isso.”

A caminho de casa, atualizei-a sobre os pontos altos da


minha vida, exceto perseguir todos os seus movimentos.

Conor se formou e agora é oficialmente uma doutora em


medicina veterinária. Jake terminou de construir sua clínica sobre
a ravina preenchida. Chicken é mimada, alimentada à mão e
cuidada como um animal de estimação da família por todos que
vivem aqui. E Lorne ganhou uma libertação antecipada da
prisão. Ele estará em casa em dois dias.

A chegada de Raina instala uma nuvem sobre a nossa


excitação. Mas eu estou segurando meu mundo inteiro em meus
braços. Nada pode abafar a sensação boa no meu peito.

Jake leva Raina pelo corredor e eu sigo atrás dele. No quarto


de Lorne, Maybe se contorce contra mim até que eu a coloque no
chão.

“Onde está Conor?” Ela atravessa o quarto apressadamente,


reunindo lençóis e cobertores.

Eu a ajudo a arrumar a cama, ansioso para colocá-la na


minha.

Trails of Sin #2
“Ela está dormindo.” Jake coloca Raina na cama, tomando
cuidado com seus ferimentos. “Ela vai ficar chateada que não a
acordei.”

Maybe passa os próximos minutos se preocupando com


nossa nova hóspede, enquanto Jake e eu ficamos ali,
compartilhando um sentimento silencioso de desconfiança pela
mulher abusada.

Eu não sei o que fazer com ela. Talvez uma boa noite de sono
faça ela falar de manhã. Até então, eu só quero me enrolar com
minha garota e enterrar meu nariz contra sua pele.

“Maybe.” Eu curvo um dedo para ela. “Vamos.”

Ela finge me ignorar, concentrando sua atenção em Raina.


“Tem certeza de que não posso conseguir nada?”

Raina está deitada de costas para Maybe. Sem


resposta. Nem mesmo um movimento.

“Eu vou estar no quarto no final do corredor, se precisar de


mim.” Maybe se levanta da cama, parecendo incerta.

“Ela viveu aqui por um mês.” Eu aperto a mão dela e guio-a


para o corredor. “Ela conhece a casa.”

“Mas você remodelou essa ala desde então, certo?”

“Sim.”

Provavelmente uma coisa boa. Lembretes do meu pai são


exatamente o que ela não precisa agora.

Eu deveria ter matado ele quando tive a chance. Mas se eu


tivesse, Maybe não teria aparecido na minha porta há dois anos.

Quando chegamos ao nosso quarto, eu a levo para o


banheiro. Após a nossa reunião na chuva e nas escadas imundas,
nós precisamos de um banho.

Trails of Sin #2
Eu retiro a roupa dela lentamente, beijando cada centímetro
de sua pele enquanto revelo seu corpo. Então eu removo minhas
roupas e a sigo sob o jato quente.

Eu a lavo, toco nela e reajo com seus gemidos ofegantes e


curvas delicadas. Eu não pretendia fodê-la aqui, mas quando ela
encosta nos ladrilhos e abre as pernas, sou um caso perdido.

Segurando-a contra a parede, eu afundo dentro dela com


movimentos sem pressa. Eu a fodo gentilmente, com ternura,
saboreando a conexão, a sensação dela apertando meu pau, o
gosto de seus lábios e a devoção em seus olhos.

Quando gozamos, é uma onda poderosa de satisfação e


admiração, beijos lentos e corpos cansados. Membros entrelaçados
e relutantes em se separar, afundamo-nos um no outro, olhando
fixamente, perdidos da melhor maneira possível.

Mais tarde, ela adormece com a cabeça no meu travesseiro,


sua respiração contra meus lábios e sua perna sobre meu quadril.

Eu a observo dormir sem vontade de fechar os olhos,


recusando-me a apagar a visão dela.

Durante meus momentos mais sombrios, meu amor por ela


impediu que minha mente afundasse na lama. Tão fundo quanto
eu caí, ela era meu chão sólido, me firmando, me levantando.

Os sentimentos que alimento por ela nunca acabarão. Nem


quando meu corpo deixar de funcionar. Nem quando minha alma
se liberar para o que vem a seguir. Mesmo na morte, eu não vou
deixá-la ir.

Ela é minha serenidade e meu fogo, meu primeiro e último


suspiro.

Deitar ao lado dela é o meu lugar favorito, e para o resto da


minha vida e para a próxima, ela é toda minha.

Trails of Sin #2
Na noite seguinte, Maybe está nua no estábulo com a testa
contra o suporte de madeira. Eu ando por um circuito ao redor
dela, os dedos apertando o chicote, o coração batendo forte e a
adrenalina correndo em minhas veias. Isso deve ser o que um gato
sente enquanto espera para atacar um rato.

Meu cinto amarra seus pulsos na frente dela, impedindo-a


de se afastar. Minha corda amarra seus tornozelos, impedindo-a
de correr. Não que ela faria. Ela quer isso também, evidenciado
pela umidade brilhando em suas coxas.

“Diga-me por que estamos aqui.” Eu paro atrás dela.

“Porque agrada a você.”

Porra, eu amo essa mulher. “Não é mentira, mas é a resposta


errada.”

“Porque você é cruel.” Ela troca o peso do corpo de um pé


para outro, balançando aquela bunda linda para mim.

Eu anseio queimar toda aquela pele intocada. Faz tanto


tempo desde que brinquei com ela.

Inclinando-me sobre suas costas, coloco minha boca em sua


orelha. “Tente novamente.”

Ela treme e esfrega a testa contra o poste. “Porque eu


arrisquei a minha vida quando fui para a casa do seu pai.”

“E...”

Trails of Sin #2
“Eu não liguei para você pedindo ajuda.”

Eu beijo seu ombro, provocando mais arrepios. “Você é


independente e incrivelmente corajosa. Eu nunca tentarei suprimir
isso. Mas nós somos uma equipe, Maybe. Você e eu. Vamos
enfrentar todas as batalhas juntos a partir de agora.”

“Como iguais.” Ela lança um olhar estreito por cima do


ombro.

“Sim.” Um sorriso curva meus lábios, carregados de carinho.


“Como iguais.”

Ela endireita a postura, ajeitando os ombros. Nada a


restringe a isso, exceto a minha vontade. Ela vai ficar lá e se
submeter à minha boca e dentes, minhas mãos e palavras, meu
prazer e punição.

“Diga-me sua palavra segura.” Eu dou um passo para trás,


batendo o chicote contra a minha perna enquanto o sangue corre
para a minha virilha.

“Pare.”

“O que acontece quando você usa?”

“Você me desamarra.” Ela torce o pescoço e me dá um sorriso


malicioso. “Então você vai me levar para a cama e me amar para
sempre.”

Excitação brilha em seu rosto e em sua voz, e meu pau


contrai contra o meu zíper.

Chega de espera.

Ela engasga quando o primeiro golpe atinge. No sexto


movimento, a bunda dela floresce com vergões rosados.

Eu verifico sua expressão entre os golpes e não demora


muito para os olhos dela flutuarem. Com cada golpe adicional, ela
endurece um pouco, depois volta para uma calma mais profunda,
uma paz mais suave, esperando para me obedecer.

Trails of Sin #2
Dez minutos depois, seu corpo sofre com uma energia
pacífica. Algumas pessoas precisam da dor para serem
livres. Outros precisam entregá-la para aproveitar um senso de
controle. Nós não somos essas pessoas. Simplesmente gostamos
de caminhar ao longo do limite de nossas zonas de conforto,
desafiando um ao outro e flertando com o prazer induzido pela
endorfina.

Quando estamos jogando, não é sobre sexo. É sobre


expressão, descoberta e catarse. Mas depois?

Nós temos o melhor sexo na sequência de uma boa surra.

Largo o chicote e abro meu zíper. Então eu a seguro,


penetrando em sua buceta apertada e quente por trás e
enlouquecendo com isso. Eu empurro com força, mordo e aperto
seus seios, penetrando-a como um animal.

Ela adora isso e eu a amo, de qualquer jeito e qualquer


chance que eu possa tê-la.

Uma foda forte, estilo baunilha, um vergão vermelho, um


beijo carinhoso – eu a amo em todas as cores e níveis de
intensidade, e ela me permite.

Eu sou um sortudo filho da puta.

Trails of Sin #2
A expectativa é um tipo nervoso de energia. Ela vibra através
de nós quatro como uma corrente elétrica, sacudindo meu coração
e levantando os minúsculos pelos dos meus braços.

Ficamos ombro a ombro do lado de fora da Penitenciária do


Estado de Oklahoma, aguardando a liberação de Lorne. Estou tão
empolgada que quero correr, gritar e dizer ao mundo como esse dia
é importante. Eu não consigo nem imaginar como Jarret, Jake e
Conor devem se sentir.

Eles olham fixamente para o portão, como se seus cérebros


estivessem em avanço rápido sem um interruptor. Lorne vai sair
desse inferno a qualquer momento. Ele vai entrar na caminhonete
de Jake e ir para casa pela primeira vez em oito anos.

Oito malditos anos.

Conor conversou com ele ontem, atualizando-o sobre tudo o


que aconteceu nos últimos dias. Raina ainda está escondida em
seu quarto, recusando-se a falar, comer ou sair da cama. Lorne
disse para deixá-la em paz e ele lidaria com isso quando chegasse
em casa.

Com relação a mim, ele descobriu sobre Rogan Cassidy e


meu relacionamento com ele meses atrás, mas eu não o vejo desde
que fui embora.

Jarret me garantiu que Lorne não tem sentimentos ruins por


mim, mas vou ser o juiz disso. Ele tem todo o direito de se ressentir

Trails of Sin #2
de mim e farei tudo em meu poder para conquistar meu lugar de
direito em sua família.

Eu amo Jarret, seu melhor amigo e irmão, e não vou a lugar


algum.

“Você está bem?” Jarret me dá um olhar de soslaio e aperta


meus dedos.

“Eu? Como você está?”

“Nunca estive mais feliz, Maybe.” Ele se inclina e esfrega


levemente os lábios contra os meus.

Um ruído mecânico soa no portão e ele se endireita. Uma


atividade se agita além da porta de vidro do prédio.

Está acontecendo. Lorne está finalmente indo para casa.

Meu coração voa. Meus joelhos saltam e...

Meu telefone toca no bolso. Eu cerro meus dentes.

Jarret olha para mim. “Você precisa atender. Se é o seu


senhorio...”

“Eu sei.” Estou tentando fechar tudo o que deixei para trás
no Texas, incluindo o meu arrendamento no apartamento.
“Momento terrível.”

Eu pego o telefone e olho para a tela.

Número Privado.

Ele lê comigo e arqueia uma sobrancelha. Eu encolho os


ombros e aceito a ligação.

“Alô?”

“Você pegou algo meu.” A voz de John Holsten rosna através


da linha. “Eu quero de volta.”

Minha pulsação soa em meus ouvidos e meus olhos se


dirigem para os de Jarret, arregalados.

Trails of Sin #2
Ele puxa o celular da minha mão. “Alô? Alô?”

Sua mandíbula contrai e ele olha para a tela.

Desconectado.

“Quem era?” Ele olha no meu rosto, registrando meu alarme.

Conor e Jake se inclinam em torno de Jarret, me dando a


mesma inspeção.

“John Holsten.” Eu limpo o nó na garganta e digo o que ele


disse.

“Ele sabe que estamos aqui.” Jarret coloca um braço em


volta dos meus ombros e me coloca contra ele.

“Eu concordo.” Jake se volta para o portão enquanto ele se


abre. “Ele está tentando arruinar esse momento.”

“Nós não vamos permitir.” Conor fica entre os caras, queixo


erguido e olhos para a frente.

Assim, toda preocupação e medo se elevam e desaparecem


como a brisa morna.

Juntos, estamos de pé em uma linha unificada quando


Lorne sai pelo portão. Seus olhos se fixam em sua irmã e ela
começa a correr, os braços estendidos e um grito saindo de seus
pulmões.

Quando ela pula em seu abraço, eu sinto isso.

Escapa de mim com uma explosão de riso. Circula através


do laço inquebrável das quatro pessoas ao meu redor. Isso brilha
nos olhos dourados do homem ao meu lado.

Amor.

A força de cura mais poderosa do universo.

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