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TEORIA DO DIREITO – 04/09/2023

Epoché – suspensão de juízo, não tomar decisões apressadas.

Isostenia – os argumentos em princípio, tanto a favor quanto contra, são passíveis de


convencimento. Não há hierarquia entre os argumentos, são igualmente capazes de nos
convencer.

Ataraxia – Imperturbabilidade; não usar os pensamentos e linguagem para se angustiar com


coisas inevitáveis; melhor decisão possível a partir dos argumentos trazidos dentro dos limites
do convencimento. Exercício de autoprovocar a imperturbabilidade.

Durante o processo de passagem/ avanço, a sociedade vai deixando de ser menos complexa
para mais complexa. Isto é, a sociedade está cada vez mais se subdividindo em partes (setores)
mais especializadas – funções específicas. Surgindo autoridades específicas de cada setor. Em
sociedades menos complexas há uma homogeneidade maior e as pessoas acumulam funções.

Ex.: pajé é autoridade médica e religiosa; na sociedade moderna uma autoridade da medicina
é o médico e uma autoridade religiosa é o pastor/ padre

Niklas Luhmann

Mito de Sísifo

 A história não evolui de forma linear


 A retórica não acredita em linearidade
 A história, explicada desse ponto de vista “sisífico”, não é linear, mas é cíclica – avança
de forma cíclica ao longo do tempo; A cada novo ciclo ela não vai se repetir
inteiramente como no ciclo anterior, mas não vai necessariamente haver o progresso
(inovação) que a ideia de linearidade traz. A história é uma espécie de alternância de
continuidade de sentidos já existentes no passado, mas com o aparecimento de
inovações ao longo do tempo. Alternância entre inovações (novos sentidos) e
continuidades (sentidos já conhecidos em tempos passados.
 Combinação de continuidade de um lado e inovação de outro.

AS TRÊS TESES QUE INFORMAM ESTE LIVRO E OS TRES SENTIDOS DA PALAVRA “RETÓRICA”

 A palavra retórica tem três sentidos diferentes


 O Livro apresenta três teses
 a retórica não é só falácia e sedução – estuda a arte de enganar, mas também outras
coisas.
 Filosofia: filosofia ontológica (descende de Platão e acredita que a filosofia tem
compromisso com a ideia de verdade – filósofo como amigo da verdade) e filosofia
retórica (filósofo como amigo da sabedoria).
 Filosofia retórica – não acredita na ideia de verdade, mas se subdivide em quatro
campos: Ethos, páthos, logos e erística
 Ethos – dimensão da retórica que estuda a reputação (o que é necessário para conferir
credibilidade às falas do orador) do orador
 Pathos – campo da emoção, provocar a emoção da plateia inclinando-a a se predispor
a concordar com o orador. Envolvimento emocional – através, por exemplo da
entonação, linguagem corporal etc.
 Logos – trabalha a dimensão da racionalidade; os argumentos precisam ser coerentes,
estar em linha de coesão, uns com os outros. Essa coesão e coerência interna leva a
persuadir o ouvinte.
 Erística – Górgia e Isóstenes (sofistas) – para vencer um debate, você pode vencê-lo
“jogando sujo”. No campo da erística interessa aos retóricos estudar a mentira, o blefe,
o engano... Imunizar (proteger) contra a prática do engano, isto é, você só conseguirá
identificar um larápio entendendo como ele age.
 Retórica Material – campo argumentativo retórico cultural. ideia de que não há uma
correspondência exata e precisa entre o que eu penso e a linguagem que uso, assim
como não há uma correspondência precisa entre a linguagem que eu uso e o que é
percebido pelos órgãos sensoriais – essa imprecisão de correspondências entre
pensamento e linguagem/ linguagem e percepção sensorial nos insere no mundo em
que vivemos: material, cultural.
 Retórica Estratégica – disputa entre os melhores argumentos, estratégias de
convencimento em qualquer que seja o debate. “relatos vencedores numa disputa
argumentativa”
 Retórica Analítica – busca observar de fora, com o máximo de isenção possível, a
retórica material e estratégica para chegar a uma conclusão o mais neutra possível

Retórica Literária - Heinrich Lausberg

TEORIA DO DIREITO 06/09/2023

Hermenêutica Jurídica – A linguagem do direito é bastante sofisticada e


complexa
Semasiologia – empregamos o vocabulário técnico específico sem utilizar o
vocabulário comum
Onomasiologia – apoderar-se da linguagem comum, deslocando para o campo
do direito e atribuindo sentido específico
Linguagem jurídica: a) vocábulos técnicos; b) vocabulário comum com o
sentido comum; c) vocabulário comum com um sentido técnico específico
Ruído comunicativo –

TOPICO 1.1 –
Common Law direito é construído pelos costumes e os tribunais estão no centro da
Introdução do Estudo do Direito - Cultura Anglo Saxã
Direito compartilhado por todos porque possui base costumeira
Criado “de baixo para cima”
Criado como costume e esses costumes são aos poucos vão sendo institucionalizados
João Maurício Adeodato diz que há um segundo modelo para o estudo do direito, o
sistema do Civil Law (Alemanha) – direito deve ser construído pela lei, o poder
legislativo é um agente principal e o judiciário como coadjuvante
- introduzir os alunos a conceitos básicos do direito, nomenclatura
Valorizar a jurisprudência das cortes – importação de uma cultura norte-americanizada

Civil Law – tradição alemã, influencia o brasil


 Perspectiva da dogmática – decidir os conflitos
 Perspectiva zetética jurídica – questiona/ critica os dogmas, para que com o
passar do tempo os dogmas sejam aprimorados

Vagueza e ambiguidade não são defeitos, mas características da linguagem humana.


Vagueza está ligada à denotação (extensão de significados)
e ambiguidade (dúvida – finalidade para qual a palavra foi empregada dentro daquele
contexto comunicativo) à conotação.
Ambiguidade está relacionada ao contexto

Círculo Hermenêutico – significado (sentido que a palavra tem e o alcance desse


sentido), significante (a palavra em si e seu fonema, grafia e som específico) e evento
Pre-compreensão – todos os conceitos que nós acumulamos em nossa vida até o
presente momento
Quando você interpreta, você acessa sua memória, que estava
Pensamento alargado – processo de ir e vim – ir a precompreensao e voltar ao texto que
está tentando interpretar – dialogo de você para consigo mesmo
Pode ser que ao final do processo de interpretação, pode-se reformular uma opinião pré-
formada, desencadeando o pensamento alargado.

TOPICO 1.2
-as regras estão organizadas de forma hierárquica (regras superiores e inferiores)
-quando se estudam as dogmáticas se estudam as regras para controlar comportamento e
decidir conflitos. Mas diante de tantas regras, é necessário se estabelecer um critério de
organização: a hierarquia (pirâmide)
-na base da pirâmide teremos um conjunto extenso de regras, mas a medida que
subimos na pirâmide, teremos uma restrição na quantidade de regras. Essas regras que
estão na parte de baixo da pirâmide estarão as regras de conduta, que servem para
controlar comportamento: a) proibindo comportamento b) permitindo
comportamento c) obrigando comportamento; por meio da sanção (castigo) e
indução (prêmio/vantagem)
-acima dessas regras de conduta, existem as metarregras, que controlam as regras
de condutas. Controlam a interpretação das regras de conduta, restringindo o
processo de interpretação. Ex.: no campo do direito penal de vale o princípio de
presunção de inocência, isto é, quando há dúvidas ao final do processo o reu deve ser
absolvido. (regra de interpretação = metarregra)
AULA 11/09/2023

- as regras estão dentro da dogmática jurídica, com função de controlar


comportamentos; não são apenas dirigidas aos “cidadãos comuns”, mas também ao
corpo de servidores públicos do Estado encarregados de aplicar essas regras.
-as regras funcionam de duas formas: através de punição/ ameaça de castigo (controle
coercitivo) e de promessa de vantagem (controle premunitivo)
-> Funtores de Comportamentos – funções de controle que as regras podem
desempenhar
1. proibir
2.permitir
3.obrigar
-As regras de conduta, que controlam comportamento, aumentam em
1. Quantidade
2. Qualidade (especificidade-assuntos cada vez mais específicos -
heterogêneos)
3. Velocidade de modificação (aceleração na modificação do direito devido a
velocidade em que novas tecnologias vão surgindo e modificações sociais
consequentes)
-Evento relevante (fato) – retórica material
-Regras – retórica estratégica
-As metarregras estão controlando as regras de conduta – regras de interpretação – a
interpretação jurídica não é livre, mas guiada pelas metarregras
1. quantidade menor
2. velocidade de transformação menor
-Quando empregamos a palavra hermenêutica a empregamos no plural, isto é, geral e
específica.
-Quando falamos de interpretação e metarregras, não falamos apenas das metarregras
que servem para todas as áreas do direito, mas também das específicas de cada campo.
Ex.: para o direito penal – in dubio pro reu
-As metarregras fazem parte do ordenamento jurídico
-As metarregras podem estar previstas em leis (constituição, códigos, etc), mas também
podem não estar previstas em lei alguma pois foram construídas ao longo do tempo
pelos doutrinadores, que se consolidou com o passar dos séculos.
-Onde podemos consultar as metarregras: Legislação e na doutrina (bagagem cultural
jurídica acumulada através dos séculos pelos doutrinadores)
-Critérios
1. Tradição
2. Lógica
3. Dados empíricos
- Não devem ser confundidas com o campo da zetética (outras áreas do conhecimento)
-A hermenêutica está dentro do ordenamento jurídico, portanto não é zetética.
-A hermenêutica não faz parte da zetética, nem da dogmática. Está numa zona de
interferência recíproca (troca) entre as duas áreas.
(áreas do conhecimento) <- Hermenêutica -> Dogmática (regras)
- Para Técio Sampaio, a hermenêutica está dentro da dogmática
- Hermenêutica é o estudo das metarregras, por isso não é dogmática. Trata do
conflito de regras.
- As metarregras se aplicam também para duas situações: antinomia e lacuna
1. Antinomia – quando se tem duas ou mais regras entrando em contradição
umas com as outras; tratam do mesmo tema, mas estão opostas; (abundância/ inflação
de regras)
2. Lacuna – Ausência de regra; o juiz tem que decidir o caso mesmo diante da
ausência de regra; ausência de regras de >comportamento<; as metarregras auxiliam o
magistrado a decidir um conflito mesmo diante de lacunas. (escassez de regras)
- Por trás das situações de lacuna, há uma omissão do Poder Legislativo, garantindo
protagonismo ao Poder Judiciário.
- Assuntos polêmicos comprometem possíveis reeleições, por isso o Legislativo decide
pela omissão.
- Diante de lacunas, a interpretação será cada vez mais elastecida
-Evolução tecnológica provoca a aceleração na modificação dos fenômenos sociais, que
produz novos conflitos e cada vez mais lacunas.

Tópico 1.4
1. O que é interpretar
-Dizer o significado
- Tentativa de produzir um sentido novo na palavra
-Atividade por meio da qual dizemos o sentido e o alcance das palavras
-Ao interpretar, não estamos descobrindo o sentido das palavras – isto é, não há um
sentido prévio oculto, que se poderia ser descoberto. Se pudesse ser descoberto,
todos chegariam a uma mesma conclusão e, se não chegasse a essa conclusão estaria
interpretando errado.
-Quando nós interpretamos, nós construímos/ atribuímos sentidos as palavras –
atribuímos um alcance a esta palavra.

2. O que é argumentar
-Convencer os circunstantes de que aquela interpretação é a melhor que existe para
aquela situação.
-Quanto mais sua argumentação for sutil no sentido de disfarçar sua intenção, mais
eficiente ela é. Ou seja, não deixar transparecer
-Apresenta mecanismos decisórios para um caso concreto.
-A argumentação abandona o campo da produção/ preparo do sentido que
- Metáfora do Mágico
-Uma vez que o sentido para aquele texto/ palavra foi construído, você irá sustentar que
aquele sentido construído é o “mais correto” para aquela situação em comparação a
outras.
-A argumentação está imunizando o sentido que a interpretação criou contra possíveis
críticas a essa interpretação.
-Antecipa as críticas para criar argumentos contra elas
-O recurso é criticar ou colocar em dúvida a interpretação do magistrado

3. O que é decidir
- Significado é diferente de Significante
- Significante => palavra (letras e sílabas) + som (fonema)
- Significado => sentido + alcance

- Non Liquet – Não Liquidade - O juiz não pode deixar de decidir os conflitos mesmo
diante de uma lacuna.
- O juiz recorre ainda mais a hermenêutica (criando um novo sentido) e argumentação
(sustentação/ convencimento) diante de lacunas
-Proibição do Non Liquet – o juiz está proibido de deixar de decidir qualquer que seja o
processo, mesmo em situação de lacunas.
-DECISÃO.
- O Estado diz que é probido fazer justiça com as próprias mãos, portanto só o Estado
pode julgar – ou seja, ele não pode se negar a decidir conflitos para garantir civilização.

AULA 13/09/2023

 Aristóteles
- Para Aristóteles é necessário fazer uma distinção entre Ciência e Prudência
- “Analíticos Posteriores” (livro)
-Na ciência buscamos a ideia de certeza, precisão e exatidão.
-No campo das prudências trabalhamos com a ideia de probabilidade, verossimilhança.
-O Direito não é uma ciência, mas sim uma prudência. Portanto, deve ser estudado no
campo da retórica.
-No Ethos, estudamos a reputação e a credibilidade do orador (o orador por ele ser quem
é, antes mesmo de começar o discurso, garante credibilidade a ele). O Pathos é o estudo
da emoção, interessa ao orador a capacidade de desenvolver gatilhos aptos a despertar
emoções a plateia, tornando-a mais ou menos propensa a aceitar o discurso. No Logos,
interessa a coerência do discurso – faça a melhor relação/ entrelaçamento possível entre
os seus argumentos, de modo a não deixar brechas para contrargumentações – Dê o
máximo de detalhes possível, buscando encadear os argumentos de modo mais
entrelaçado possível.

 Erística
- Sofistas
- “Jogar sujo” - mentir, blefar, enganar, levar a engano...
- O que é o processo? A retórica diz que é um jogo e, assim como em um jogo, é
possível blefar.
-Estudamos a erística para imunizar-se do blefe/mentira no processo. “Ficar esperto”
-Identifica-se o blefe/ mentira, aprendendo as técnicas do blefe e da mentira.

TÓPICO 1.5

A) Eventos Singulares
-Os eventos têm como principal característica a singularidade
-Os eventos não se repetem, não são exatamente iguais aos outros – sempre tem algo
que o torna único.
-Quando usamos a linguagem para nos referir aos eventos, a linguagem é sempre
genérica
Ex.: quando vc prova uma calça M e fica apertada e uma calça G fica folgada – seu
corpo tem medidas únicas, a calça é fabricada a partir de medidas genéricas. O corpo é o
evento e a calça é a linguagem. O juiz é como se fosse uma costureira. A costureira se
depara com a singularidade do corpo e ajusta a calça ao corpo – o juiz se depara com a
singularidade do caso e ajusta a generalidade da lei a singularidade do conflito.
-Equidade – esforço que o magistrado faz diante do caso concreto/ conflito, ajustando a
generalidade da lei a singularidade do caso.
-Max Weber – Tipos Ideais – o máximo que vamos conseguir fazer é um esforço de
aproximação. O que chamamos de conceito, são esforços de aproximação que nunca são
precisos e exatos na tentativa de explicar ou descrever por meio da linguagem o que
captamos através da percepção sensorial.
-Omnicompreensiva/ Olística – teorias que tentam explicar tudo da forma mais
abrangente possível – o autor do livro diz que são teorias que devemos desconfiar, já
que a linguagem é limitada, por tras delas há uma tentativa de enganar os incautos/
inocentes
-Etnometodológicas – é uma forma de abordar os fenômenos sociais,
inclusive o direito, que parte de uma desconfiança para com teorias que
procuram explicar a sociedade em um sistema, tal como procedem as
correntes dominantes desde a fundação da sociologia.

AULA 18/09/2023

2.1- Etimologia da Palavra Direito


-Etimologia – estudo da origem da palavra
-Jus – Justiça (direito previsto numa “regra”, num texto de lei)
-Derectum – Direito (De + Rectum = “Direito Justo”)
-Com o passar dos séculos, Direito passou a se referir à Lei e Jus passou a se referir à
ideia de justiça
-Porosidade da língua – quanto mais uma palavra é velha, maior a chance dessa palavra
ter diferentes significados

Grécia – Diké, olhos abertos, espada e balança, de pé, a balança sem “fiel” (ponto de
equilíbrio entre os fatos)
-Para a Grécia antiga, a visão era o mais importante dos cinco sentidos, a justiça para ser
feita tinha que se aproximar o máximo possível da verdade – direito justo.
-A espada representa força/violência, ou seja, se o direito precisar recorrer à força para
se impor, assim será feito. A balança representa equidade, fazer justiça num caso
concreto e fazer justiça de uma forma “única”.
- Não é prevciso uma pessoa com grau de conhecimento especializado/ capacitado para
fazerr o direito num caso concreto, mas qualquer pessoa com o mínimo de “Bom senso”
poderia fazer.

Roma – Iustitia, olhos vendados, balança, sentada, balança com “fiel”


-Os romanos foram os que mais se aprofundaram na especialização do direito.
-Olhos vendados representando a imparcialidade. A justiça não pode buscar a verdade
nos fatos a custo de comprometimento da imparcialidade. (Estar imparcial é estar
alheio, não ter interesse no assunto (objeto) nem nas pessoas (partes) envolvidas no
processo. O julgador não terá nenhum benefício e nem será prejudicado com o desfecho
do processo) (Neutralidade significa a ausência de preferências ideológicas, vieses de
valor)
-Os olhos vendados representam também a valoração da audição, ou seja, valorização
da argumentação. Os romanos, quando se referem a justiça, se referem como
Jurisprudência – campo do conhecimento, decidir os casos da melhor maneira possível;
saber julgar bem (saber distinguir bem uma situação da outra, de modo a decidir os
casos da maneira mais precisa, na sua riqueza de detalhes – não tratar os casos de forma
padronizada) – persuasão. Para a prudência é suficiente a decisão com base na força dos
argumentos, não necessariamente com base na “verdade”
-Os romanos não confiam no direito como uma ciência – que busca “a verdade dos
fatos”, mas sim como uma prudência.
-Ausência da espada: quando se enfatiza a espada, enfatiza-se que o Direito é violento –
ressaltando também a resistência;
-O direito deve ser obedecido espontaneamente com base na força dos argumentos
-A justiça na Roma antiga está sentada, significando que ela está inerte – ela não vai se
movimentar sem que haja uma provocação, porque se a justiça se autoprovoca ela
compromete sua imparcialidade (tendenciosa)
-Na roma antiga, a balança possui um fiel, que indica quando os pratos entram em um
ponto de equilíbrio. Essa representação significa que, quando os pratos entram em
equilíbrio, o fiel passa da horizontal para a vertical – aparecendo a a palavra derectum
“reto de cima a baixo”

Tópico 2.2 – Direito é um termo “multívico”

-Multívoco: Possui diversos significados diferentes e muitos desses significados não


têm relação um com o outro (podem ter, mas não necessariamente)
-A palavra direito, a rigor, é um substantivo da língua portuguesa, mas não impede que
ela seja empregada como um advérbio ou adjetivo
-A sociedade, com o passar do tempo, está se tornando cada vez mais complexa e com
problemas cada vez mais sofisticados para serem resolvidos
-Esse substantivo, passou a ter a ele atrelado pares de dicotomias que na verdade são
adjetivos para se referir à palavra direito
-O direito está REPLETO de dicotomias e é preciso dominar todas esses pares de
adjetivos atribuídos a ideia de direito, onde esses pares têm significados importantes
para compreender o direito
-Direito Natural x Direito Positivo
-Direito Objetivo x Direito Subjetivo
-Direito Público x Privado
Tópico 2.3 – Direito Natural x Direito Positivo

 Jusnaturalismo
-Dicotomia do Direito Natural x Positivo é válida
-Séculos 15a.C a 18d.C.
-Pretende ser “universal” – ser aplicado a todos ao mesmo tempo
1. Jusnaturalismo da Era Antiga (Cosmológico)
-Direito Natural é aquele que nos é dado pela natureza/ Universo
-Ainda não havia a ideia de Deus, mas o que havia era um politeísmo nesse momento
histórico – quando se tinha “deuses’, não havia um Deus criador, mas deuses que
surgiram junto com o Universo. Os deuses tinham papel de fiscalizar, guardar as leis
naturais do Universo.
2. Jusnaturalismo Medieval
-Surge a ideia de um Deus único
-O direito natural é criado por Deus
-O direito natural é imutável
-Hierarquia – caso haja um conflito em uma regra de direito positivo x natural,
prevalecerá o direito natural (que era dito pela Igreja)
3. Jusnaturalismo Moderno (Racional)
- “Descobrimento da América” e Renascimento Cultural
-Queda do discurso da igreja e protagonismo do discurso científico
-Antropocentrismo – todo o conhecimento é produzindo pelo homem, em favor do
homem
-O jusnaturalismo moderno racional, o direito busca sua justificação não mais em Deus,
mas na Razão
-Descobrimos o direito por meio da razão – a razão é capaz de levar qualquer ser
humano a descobrir/ identificar a natureza humana (conjunto das necessidades e
características compartilhadas por todas os seres humanos e conseguimos percebê-las
através da racionalidade)
-Começam a aparecer os primeiros Estados (França, Portugal, Inglaterra...)
-O direito natural preexiste ao Estado, portanto o Estado precisa respeitá-lo

 Positivismo Jurídico
-Na explicação do Positivismo jurídico, todo direito é >exclusivamente< positivo
-A partir do início século XIX (século das codificações e constituições)
-Movimento das Codificações – os países passaram a se interessar a elaborar
códigos para melhor organizar o sistema de leis (Código Civil Frances – Código de
Napoleão); o direito agora está ordenado, concentrado e organizado em um só local: o
código;
-A ideia de Estado está justificada não mais num discurso jusnaturalista, mas sim
justificado por uma Constituição (direitos naturais passam a ser positivos; direitos
absolutos passam a ser relativos, pois dependem da interpretação dos operadores do
direito e do Estado); justificativas da resolução de conflitos com base na constituição,
não mais em “direitos absolutos”.
-O Direito positivo está em constante modificação
-O Direito positivo é um direito criado, construído socialmente pelos homens
-O direito positivo é regional, sendo moldado as especificidades de cada região
-O direito positivo no período medieval era produzido pelos feudos, não havia ainda
Estado
-O direito positivo na era moderna é criado pelo Estado

AULA 20/09/2023 / AULA 25/09/2023

-A dicotomia direito objetivo x subjetivo nasce na Roma antiga


-Durante o século XVII e o século XVIII, na Europa, buscava-se justificar (teorias que
explicassem) o surgimento dos Estados – Teses Contratualistas
-O “contrato social” de Hobbes e Rousseau são suposições/hipóteses, não descrições

 Direito Objetivo
-Na Roma antiga, essa ideia estava ligada a um direito previsto em algum texto de lei,
alguma norma que pudesse ser consultada para alegar que aquele direito está garantido
-Positivismo Jurídico (Hobbes): O direito subjetivo só é direito se estiver previsto em
um direito objetivo. O direito subjetivo está hierarquicamente inferior, submetido ao
direito objetivo. Não existem direitos subjetivos prévios aos direitos objetivos, estão
submetidos aos direitos objetivos.
-Antropologia do Homem – a ideia de que o homem é o lobo do homem, o homem é por
natureza egocêntrico e agressivo; o que torna a convivência humana é o processo
gradativo de civilização
-Não havia garantia de que viveriam por muito tempo, já que a natureza egocêntrica e
agressiva geraria conflitos
-Hobbes dizia que era preciso criar um Ente que garantisse o mínimo de segurança
-Quem celebraria o contrato social seriam os indivíduos entre si, fazendo concessões
recíprocas e criando um Ente que garantisse que o contrato fosse cumprido.
-O Estado é resultado do contrato social
-O Estado precisaria ser absolutista, já que precisava ter superpoderes e não poderia ser
questionado para garantir segurança.
-O que faz um direito ser objetivo é o arbítrio do Estado.
-O direito subjetivo teria como fundamento último o direito objetivo, que por sua vez
tem por fundamento último o arbítrio (poder pelo poder, pautado na violência, sem
fundamentação).

 Direito Subjetivo
-Na Roma antiga, essa ideia estava ligada à faculdade de fazer ou deixar de fazer algo
(ação ou omissão)
-Jusnaturalismo (Rousseau): uma pessoa tem um direito subjetivo (enquanto sujeito)
independentemente de estar previsto em algum código ou lei; esses direitos existiriam,
portanto, por si só não dependendo da existência dos direitos objetivos. – Direito
Natural, direitos inerentes aos seres humanos (existem por si só)
-O Estado é uma das partes envolvidas – O Estado e os indivíduos que estão celebrando
o contrato, sendo que os indivíduos (cidadãos) já possuíam direitos antes de negociar
com o Estado. Os indivíduos não cederam uma parte desses direitos e outra parte se
dispuseram a flexibilizar esses direitos que originalmente possuíam para celebrar o
contrato, dessa forma o Estado garante os direitos subjetivos (naturais) com o trato de
que os cidadãos estariam flexibilizando outros direitos.
-Contrato sinalagmático (contrato no qual ambas as partes fazem concessões recíprocas)
-O homem nasce bom por natureza, a propriedade o corrompe.

-Ao longo dos séculos (a partir do século XIX) surgem autores que tentam explicar o
que é o direito subjetivo de forma que não recaia no jusnaturalismo nem na
arbitrariedade do positivismo
 Teoria da Vontade
-Escola Histórica do Direito
-Fundamento do direito subjetivo seria a vontade humana
-Savigny

 Teoria do Interesse
-Escola da Jurisprudência do Interesse
-Verdadeiro e melhor fundamento para o direito objetivo seria o Interesse
-Philip Heck

 Teoria Eclética
-Escola Pandectas
-Fundamentação do direito subjetivo é a combinação da vontade + interesse
-Jelineck
 Tese Monista
-Hans Kelsen
-Monismo: deixou de ser dois, virou um
-A dicotomia de direito subjetivo x objetivo é uma falsa dicotomia, porque, a rigor,
são conceitos complementares. Portanto não é uma oposição, mas sim uma
complementariedade de conceitos – não dá para entender um sem recorrer ao outro.
-Diferentemente de Hobbes, que diz que há uma hierarquia em que o direito
subjetivo é submetido ao direito objetivo – levando também a um monismo, Kelsen
diz que todo o direito é ao mesmo tempo, de modo complementar (e não
hierárquico), subjetivo e objetivo.

Tópico 2.4
-Quando apareceram as primeiras constituições no século xix, tudo que antes era
chamado de direito natural deixou de existir e foi arrastado para dentro das
constituições, transformando-se em direitos positivos.
-O direito subjetivo deve ter algum amparo na constituição (direito positivo).
-Depois da constitucionalização do direito, se alguém alega que tem um direito
subjetivo e este não está na constituição, este não é um direito, mas uma ideologia.
-Esse “direito subjetivo” precisa ser disputado primeiramente no campo da política
para que esse seja legalizado e a ideologia seja transformado em norma (direito
objetivo)

-Do nascimento de Cristo até o século XIX, o que imperava era o jusnaturalismo, do
século XIX até a segunda guerra mundial o que imperou foi o positivismo, depois da
segunda guerra mundial é o pós-positivismo.

-A Dicotomia de direito público x Direito privado também aparece na Roma antiga


(Digesto – Reunião das maiores doutrinas dos jurisconsultos da roma antiga)
-Corpus Iuris Civilis (Corpo das Leis Civis – Imperador Justiniano – Código
Justiniano) – 1. Digesto 2. Institutas 3. Codex 4. Novelas 5. Pandectas
-Criador da Dicotomia Direito público x privado Ulpiano
-Tribunal dos Mortos

-Na Grécia, fazia-se a distinção da esfera pública e privada – essa distinção era
atribuída ao campo da filosofia
-Esfera Privada – esfera marcada pela desigualdade entre os indivíduos (pai x filho;
senhor x escravo)
-Esfera Pública – os cidadãos vão até a Ágora debater os assuntos de interesse
público em nome de alcançar aquilo que era melhor para a Polis. Dentro da esfera
pública todos os cidadãos gregos eram iguais entre si; Na Grécia antiga, a esfera
pública deve atender alguma exigências: 1.cidadãos devem ser todos tratados de
forma igual entre si 2. Os assuntos debatidos devem ser de interesse público, não de
interesse individual/ particular 3. Deve prevalecer a ideia de liberdade (todo cidadão
deve ser livre para manifestar sua opinião, não deve haver censura) 4. Tudo deve ser
o mais transparente possível (não deve haver privilégios ou perseguições)
-A Política (Aristóteles) - O cidadão na Grécia antiga era apenas o homem grego
(não são cidadãos: mulheres, estrangeiros e escravos)
-Ulpiano foi o primeiro a propor um “critério mais seguro” para distinção de direito
público x privado: participação do Estado na relação jurídica
-Qualquer relação jurídica em que haja a participação do Estado, mesmo em que do
outro lado esteja um indivíduo, é de direito público
-Alguns autores defendem que existem relações em que o Estado está presente, mas
que são de interesse particular, isto é, de direito privado.

-Uma segunda teoria para tentar distinguir publico x privado seria: o direito público
é marcado por interesses da coletividade
-Mas surgiram críticas também a essa teoria: a definição da palavra interesse é
problemática, pois é demasiadamente vaga

-Buscando algum critério de segurança jurídica para se fazer essa distinção, surgiu
uma terceira teoria: iniciativa processual – quem pode provocar o poder judiciário
caso haja um conflito?
-Não é um critério absolutamente seguro e confiável, pois também é passível de
objeções

-Critério da Igualdade ou Desigualdade entre as partes na relação – quando os


indivíduos estão em pé de igualdade, estamos diante de uma situação de direito
privado (igualdade de condições, interesse em comum, celebração de um contrato
com regras de comum acordo) – autonomia da vontade: não é uma terceira pessoa
que dita as regras, mas as pessoas envolvidas na relação tem liberdade de criar/
negociar as regras, desde que essas regras não violem as regras de direito público,
isto é, não violem os interesses da coletividade.
-No Direito público temos uma desigualdade entre as partes da relação, pois não pe
a autonomia da vontade que prevalece na relação, mas em nome do interesse
público, essa relação será marcada pela desigualdade entre Estado e indivíduos
-Distinção: há uma igualdade ou desigualdade na relação.
-Os crimes são de direito público, pois há uma desigualdade entre Estado e réu.
-Ação: no campo do direito significa provocar o poder judiciário para inaugurar um
processo.
-Licitação: concorrência pública aberta
-Ações penais privadas: só quem pode entrar com uma ação contra um criminoso é a
própria vítima

Direito Publico
-Derivado da República (coisa de todos)
-Presença ou interesse por parte do Estado

Direito Privado
-Direito inerente, próprio, específico do campo dos indivíduos, particulares
-Ausência do Estado
-
-Existem teóricos que defendem o direito publico x privado é uma falsa dicotomia
(Hans Kelsen) – todo direito é público, o que chamamos de direito privado é aquilo que
o direito público não teve interesse em regular (residualidade)
-Teoria Eclética- combinação de pelo menos dois dos critérios (a. participação do
Estado; b. interesse público; c. iniciativa processual; d. igualdade ou desigualdade entre
as partes de uma relação) para distinguir o que é direito público – simultaneidade de
critérios
- Tricotomia: Público (ex.: penal) x Privado (ex.: civil) x Sociais (ex.: trabalho.
Previdenciário)

1. Esses critérios e essas dicotomias nos ajudam a organizar o estudo do direito,


classificar o direito. Essa classificação depende muito de você recorrer a essas
dicotomias – essas dicotomias nos ajudam a compreender o estudo do direito,
tornando uma tarefa mais didática.
2. Essas classificações baseadas nas dicotomias aprimoram a capacidade de
decidibilidade dos conflitos jurídicos

AULA 27/09/2023

Capítulo 3 – Problema do Conhecimento: Separar o Direito do Não-Direito

Tópico 3.1 – Eterno Fluxo dos Dados Empíricos


-Metáfora de Heráclito (rio do conhecimento) – ninguém se banha nas mesmas águas de
um rio mais de uma vez, pois nem as águas serão mais as mesmas, tampouco a pessoa
que mergulhará será mais a mesma – tudo está em constante transformação
-Se tudo muda o tempo todo, nada que existe na “realidade” é igual/idêntico/exato a
outra coisa, tudo aquilo que você percebe é único/singular/ímpar, não existe uma
repetição, é no máximo “parecido”
-Por mais que o processo de mudança seja sutil e você não perceba, ele está
acontecendo – a nossa percepção sensorial é marcada por um “ponto cego”, ela não
consegue perceber o evento se transformando o tempo todo, portanto não consegue
captá-lo em sua completude.
- O conhecimento é marcado por dois abismos (abismos gnosiológicos) entre o evento
que eu percebo, a ideia/pensamento/conceito construído pelo meu cérebro e a linguagem
utilizada para exprimi-lo – não há correspondência exata.
Evento (percepção) Ideia (mente) Linguagem empregada
Abismo Abismo
-A minha percepção sensorial está tentando compreender o evento que está diante de
mim, essa percepção sensorial fornece informações para meu cérebro
-A percepção sensorial tenta capturar o máximo de informações que consegue através
dos sentidos (especificidade), contudo o cérebro não opera através da especificidade da
informação, mas através da generalização das informações (organização das
informações, operando através um mecanismo de seleção e descarte,
-O cérebro tende a selecionar aquilo que ele entende que não muda (aquilo que não é
contingente), selecionando através de uma percepção de padrões (algoritmo) – é como
se ele tivesse uma pré-disposição a identificar/capturar padrões e, automaticamente, ele
descarta aquilo que ele não identifica como padrão (o que é contingente) – uma coisa é
o que você percebe, outra coisa é o que você entende – o cérebro cria pra você uma
imagem, que não necessariamente é a imagem que você percebe.
-O cérebro é capaz de criar imagens que não necessariamente correspondem com
exatidão a percepção sensorial.
-Platão diz, em seu livro “A República”, diz que é preferível confiar nas informações
fornecidas pela atividade cerebral do que é fornecido pela percepção sensorial – pois
não há uma oscilação. (o conhecimento é uma construção feita através da atividade
cerebral ou das percepções sensoriais?)
-A nossa percepção opera como se fosse uma câmera fotográfica – que tenta congelar
um momento, mas que ignora que o evento continua acontecendo.

-PG74 penúltimo parágrafo: “As palavras somente generalizam semelhanças que as


pessoas constroem. Todos os eventos e coisas são diferentes e a igualdade é um produto
da mente humana”
-PG 75: “A complexidade da sociedade aumenta a distância entre significantes e
significados” – significante pode ser texto, fotografia, pintura, expressão oral, imagem,
gesto, voz... os significantes podem ter diferentes significados.
-A razão está sempre selecionando e descartando, buscando cada vez mais o processo de
especialização – isto é, o conhecimento que outrora era um emaranhado de informações,
foi subdividido (especializado) em diversas áreas do conhecimento – a razão atua como
uma tesoura, cada vez recortando em pedaços menores
-No processo de convivência social, é perceptível que a sociedade se tornou cada vez
mais complexa, subdividida em grupos menores com diferentes visões de mundo.
-Quanto mais a sociedade se torna complexa, mais os significantes recebem diferentes
significados – O texto da lei vai receber cada vez mais significados ao passo que a
sociedade se torna mais complexa.
-Com a informação que foi retida, é iniciado o processo de especificação – O
conhecimento se subdivide e a sociedade se torna mais complexa.
-Acúmulo de informações como uma tentativa de diminuir o ponto cego.
-O evento é irracional, pois nunca será percebido plenamente pela nossa atividade
mental, uma vez que essa opera por meio de generalizações e nunca será capaz de
compreender o evento em sua inteireza
-O cérebro, numa tentativa de organizar o pensamento, cria classificações (Ex.:Gênero e
Espécie) – redução, padronização...
-Para o senso comum, percepção e evento seriam correspondentes – entretanto a
atividade mental opera por meio de seleção e descarte

Tópico 3.2 – A Racionalização dos Dados Empíricos


- “Como o cérebro trabalha”
- Ao longo da história da filosofia os filósofos (gregos) se perguntaram como a
atividade mental opera através do mecanismo de seleção e descarte, levantando quatro
hipóteses:
1. Platão – Universalia Ante Rem– as ideias já existem na nossa mente no momento em
que nós nascemos e não dependem da nossa percepção sensorial, mas já estão pré-
existentes na nossa atividade mental. – A atividade mental que interfere
(condicionando) na sua percepção sensorial, não os estímulos que determinam a
atividade cerebral
- Tanto as ideias, como a linguagem estão a todo momento buscando padrões,
generalizando, o evento é único. – Conhecimento marcado por dois abismos
gnosiológicos, pensamento não corresponde ao que foi percebido sensorialmente e não
há correspondência com o que foi vivenciado/percebido com a linguagem usada para
exprimir o evento.
-Alegoria da Caverna – Alegoria é metáfora, nossos pensamentos e nossa linguagem
sempre trabalham por meio de metáforas – o indivíduo ao sair da caverna a luz, no
primeiro momento não o iluminou, mas o tornou cego, pois era tanta luz (tanto
conhecimento ao mesmo tempo) que ele não teve capacidade de absorver (não consegue
entender tanto conhecimento), mas depois da cegueira ele começa a enxergar com muita
clarividência, ele volta para a caverna para anunciar que eles estavam sendo enganadas
por uma percepção equivocada e que o verdadeiro conhecimento estava fora da caverna.
-Pensamento e linguagem nunca conseguem responder exatamente ao evento que
ocorreu
-O mundo das ideias é o mundo que está fora da caverna – o mundo da atividade
mental/ pensamentos – é o único que é seguro e confiável. O mundo de dentro da
caverna é a percepção sensorial, ou seja, não é seguro e imutável.
-O mundo das ideias é aquele que a atividade mental produz, o pensamento consegue
corresponder em diferentes pessoas da mesma maneira – percepções são diferentes e
não correspondem entre diferentes pessoas. A atividade mental determina o modo como
você percebe sensorialmente o ambiente.
-Padrões se repetem – pensar diferente = interpretar diferente – ideias = as pessoas
compartilham generalizações de raciocínio, padrões, pré disposição do ser humano a
encontrar padrões.
2. Aristóteles – Universalia In Rem – As ideias estão associadas aos eventos que nós
percebemos, a ideia já está atrelada ao evento percebido – a ideia não preexiste a
percepção sensorial, mas ocorrem simultaneamente a percepção sensorial – Ideias
preexistem à percepção sensorial (coisas), nossa atividade mental condiciona o modo
como percebemos sensorialmente o mundo.
-Quando eu observo ou percebo o objeto, o objeto traz consigo simultaneamente a ideia
que a ele corresponde – a cada objeto corresponde uma determinada ideia, portanto
ideias não preexistem, mas são simultâneas as percepções
3. Pós-Socráticos – Universalia Post Rem – as ideias se formam após a percepção
sensorial – as ideias são resultado dos estímulos anteriormente percebidos
-A formação das nossas ideias é posterior à percepção sensorial, são subsequentes/
derivações da nossa percepção sensorial.
4. Céticos Medievais (Idade Média) – Flatus Vocis – A formação das ideias é
decorrente da autoindução que podemos provocar em nós mesmos – as ideias não
precisam ter correspondência a qualquer estímulo de percepção sensorial, mas através
de um processo autoprovocação – o que chamamos de ideia pode ser uma criação única
e exclusivamente criada da atividade mental (dizer a si mesmo, convictamente, e passar
a acreditar)
- Sopro da voz – uma mentira repetida é capaz de se tornar uma verdade – o que
chamamos de significado ou de ideia não necessariamente precisa corresponder a uma
linguagem ou um evento – criar artificialmente, por meio da linguagem, outros
significados – os significados são resultados da construção arbitrária da linguagem

Tal perspectiva, mais próxima da retórica, encontrou eco em um mundo de rápidas mudanças,
no qual as fronteiras entre as diversas “ciências humanas e sociais” são elastecidas e não
reforçadas, o que torna desejável a interdisciplinaridade. Nesse contexto, o estudo da
linguagem passou a ser o elemento catalisador. A evolução das teorias da linguagem segue o
caminho de esvaziamento das ontologias que se percebe em outras áreas do conhecimento. A
tese do desconstrutivismo, no sentido em que é compreendida e utilizada aqui, é que o
pensamento diante da experiência é figurativo, imagético, metafórico, mas a ideia não é
exclusiva dos desconstrutivistas: “A relação humana com a realidade é indireta, complexa,
retardada, seletiva e sobretudo “metafórica” (página 125 pdf, 79 do livro)

Tópico 3.3 – Síndrome de Babel


- Deus furioso com a humanidade castigou a humanidade, pois ela queria se equiparar a
Ele – a humanidade ousou construir um edifício que chegaria aos céus, querendo se
equiparar ao Altíssimo – desse modo, Deus condenou a humanidade a falar línguas
diferentes, desse modo as pessoas viveriam em dissenso e não conseguiriam construir a
Torre.
- Usam a mesma língua, mas interpretam de formas diferentes – nunca entrando em
acordo, estando em eterno conflito consigo mesmo e com os outros
- Nos vemos por meio da linguagem, não nos aceitamos como nós somos por causa da
linguagem. Não entendemos uns aos
- Círculo de Viena – estudo aprofundado da linguagem – ao longo de toda a história da
filosofia os autores teriam parado para estudar vários objetos, mas não a linguagem,
dessa forma um grupo de filósofos pararam para estudar a linguagem
- Ludwig Wittgenstein - virada linguística – rompimento com tudo o que se achava que
era a linguagem, sustenta duas teses
1. O fato de os filósofos não terem chegado a um consenso, é porque eles nunca
pararam para estudar a linguagem. O problema filosófico das divergências filosóficas
reside no não debruçamento sobre o que é a língua.
2. Os significados não se confundem com os significantes. Os significados não
preexistem nem são simultâneos aos significantes, mas oscilam a depender do contexto
em que a comunicação está acontecendo.
-Os significantes são a “base midiática” (livro, pintura, expressão facial, gesto, som
etc.), os significados = sentido + alcance
-Wittgenstein diz que uma mesma palavra pode ter infinitos significados a depender do
contexto em que ela é empregada. (Jogos de Linguagem – como a palavra está sendo
usada a depender do contexto comunicativo)
-Nessa visão de Wittgenstein, Adeodato diz que o círculo Hermenêutico é caracterizado
pelos três elementos = significado, significante e o evento
-Os eventos nunca vão conseguir ser exprimidos com exatidão pelos significantes, e os
significantes têm variados significados.
-As pessoas tem diferentes tem diferentes formações culturais e estarão pensando a
partir de diferentes valores morais e diferentes ideologias, portanto essas pessoas não
conseguirão chegar a uma mesma conclusão
Tópico 3.4 – Esquema Circular (Círculo Hermenêutico)
3.4.1 – O direito como um evento
- O direito existe porque os seres humanos entram em conflito: mesmo que não se trate de
contencioso, ou seja, até um contrato entre amigos – desde que procure regras jurídicas para
se guiar – precisa ter ao menos a possibilidade de conflito em seu horizonte. E regras consistem
em projeções feitas agora no presente, projeções atuais para conflitos futuros, como se verá
adiante.
O conflito consiste numa forma de interação social na qual existem pelo menos duas vias
diferentes de tratamento e essas vias não podem ser conciliadas, vale dizer, uma terá que ser
total ou parcialmente preterida por outra. Nem todos os conflitos são igualmente relevantes
para o meio social e somente alguns interessam ao direito, que os separa em um ambiente
próprio, segundo critérios também seus. (página 132 do pdf, 84 do livro)
- Hubis societas, hubis jus. Hubis jus, hibis societas. – Onde houver sociedade, vai haverá
direito. Onde houver direito, haverá possibilidade de convivência social
- Precisamos estar convivendo, mas a mesma convivência que me permite deixar de ser um
bebê e virar uma criança, é a mesma convivência que gera um conflito que pode fazer alguém
me matar.
-a mesma convivência que potencializa minha sobrevivência, é a mesma convivência que é um
risco iminente a minha existência.
- O evento do direito é o conflito, nem todos os conflitos são importantes para o meio social,
apenas alguns específicos são importantes para o direito
-Direito -> evento
-Direito compreendido como evento, a base eventual/fática deve ser o conflito
-Não é qualquer conflito que o direito se preocupa, mas o Conflito Jurídico (juridicamente
relevante).
-A norma determina se o conflito é ou não juridicamente relevante
-O Conflito Jurídico é subdividido em civil, penal, trabalhista, tributário, entre outros – ou seja,
também é uma expressão genérica, pois apresenta subdivisões. A ideia não é solucionar o
conflito jurídico, mas sim decidi-lo.
-Solução é diferente de Decisão – solucionar exprime que o conflito está sendo apagado,
desaparecendo, decidir exprime que o conflito está sobre seu controle, está sendo gerenciado.
-Confronte o Conflito com o significado, no caso a norma jurídica será o significado do Conflito
jurídico
-O significado não preexiste a interpretação, o que preexiste a interpretação é o significado
(diferentes tipos de texto, nesse caso o texto de lei – que é diferente de norma)

3.4.2 – O que é o direito a partir da linguagem significada


-Significado= sentido+alcance
-Ancance é determinar o número de casos em que aquele sentido será aplicado
-Significado = norma jurídica
-Resultado do processo de interpretação
-A norma jurídica é um tipo de expectativa
a) expectativa cognitiva – esteja a mercê/ admite de uma adaptação (ex.: ciências naturais – se
eu ferver a água até certa temperatura quando submetida a determinada temperatura e
pressão, entrará em ebulição, mas se variar temperatura ou pressão, a expectativa muda)
b) expectativa ultra fática ou normativa – se comporta como norma, mesmo quando
desobedecida continua a existir – aplica-se uma sanção (controle punitivo) ou premiação
(controle premunitivo) para se fazer valer (ex.: semáforo – mesmo que muitas pessoas
desobedeçam, continua existindo)
-Juiz é uma pessoa autorizada pelo ordenamento jurídico (competente) para julgar o caso e a
interpretar os significantes, que só terão significado após a interpretação do juiz.

-O círculo hermenêutico começa porque existe diante de você um texto (que é genérico) antes
de começar o processo de interpretação, quando um conflito aparece, você se vê obrigado a
consultar o texto para interpretá-lo
-Interpretação doutrinária – meramente consultiva, opinativa, a título de recomendação –
recomendação que professores e juristas dão em seus livros (não obrigatória)
-A interpretação do magistrado é obrigatória de ser acatada

3.4.3 – O que é o direito a partir da linguagem significante


-Esses significantes são as fontes do direito (fontes/ textos que consultamos para começar o
processo de interpretação)
1. Texto de lei
2. Texto do contrato
3. Texto da sentença
4. Texto do costume
-Fontes do Direito – o grupo dos mais diferentes textos que na hora de decidir os conflitos, o
juiz se ve obrigado a consultar para interpretar os significantes
-O conflito provoca a interpretação das fontes do direito

Aula 25/10/2023
Capítulo 4
-Jusnaturalismo é um gênero que admite várias subdivisões
1. Jusnaturalismo Cósmico: Era Antiga (antiguidade clássica)
-Grécia e Roma Antiga
-Como os autores desse período pensavam a questão do Direito Natural
-Séc IX a.C até IV d.C
-Filosofia Socrática (platão e Aristóteles), pós-socrática e Roma Antiga (marco túlio cícero)
-Sócrates é um “marco” na filosofia, pois ele foi o primeiro autor a fazer a pergunta “o que é a
ética”. Isto é, os pré-socráticos (Heráclito, Ptolomeu, Parmênides, Anaximandro, etc) não se
interessaram, não tinham levantado que tinham a ver com a questão da ética.
-“É possível separar o bom do mau direito?” – Pergunta ética - Para Adeodato, não é possível.
-Os sofistas eram o grupo dos “professores” – vendiam o conhecimento
-Para Platão, o conhecimento não poderia ser vendido. “Academia” – aqui entram pessoas
interessadas com o estudo e que tenham compromisso ético com o conhecimento, mas que
não estão aqui para comprar o conhecimento. – O conhecimento não deve estar ao acesso de
todos, porque precisamos passar por um prévio filtro ético, porque se esse conhecimento
chegar as mãos de quem não tem formação ética pode gerar consequências nocivas a polis.
-De um lado está Platão e Aristóteles com a sua Filosofia Ontológica, defendendo o que eles
consideram direito Natural e mostrando as diferenças do Direito Natural x Positivo.
-Do outro lado estão os sofistas, dizendo-nos que o que existe efetivamente é o direito positivo
e defendendo a filosofia explicada através do ponto de vista da retórica. Os principais sofistas,
que eram contemporâneos de Platão: Górgias, Protágoras, Isócrates, Trazímaco, Corax, Calicles
– lançaram diversas ideias no campo da retórica e que foram difamados e ojerizados por Platão
(Gorgias e República) e Aristóteles (Ética a Nicômaco).
-Aristóteles, em Ética a Nicômaco, apresenta uma comparação meticulosa e condensada entre
Direito Natural e Direito Positivo.
-Direito Natural é o direito que apresenta as regras >gerais< para toda a Cidade Estado
(polis) – as regras que se aplicam a todos os cidadãos da polis (apenas o homem, grego – não
estrangeiro, que não é escravo e que possui um escravo – para que o cidadão possa pensar nos
problemas coletivos, não pode se preocupar nos seus próprios interesses, portanto seria
necessário ter um escravo para assegurar que esses interesses sejam garantidos – trabalho está
relacionado a busca pela sobrevivência, dessa forma o escravo trabalha pelo seu senhor –
então, quando o cidadão vai à Ágora, não vai estar preocupado “ com seu próprio umbigo”)
enquanto o Direito positivo é o conjunto de regras específicas voltadas para determinados
grupos dentro da cidade Estado (apenas aos guerreiros, apenas aos magistrados etc.)
-Direito natural seria um direito que é “dado” aos homens, não construído, mas uma
dádiva recebida do Universo/ Cosmo e o fato do ser humano ser racional permite que tenha
acesso a esse Direito (para os gregos não existe Deus, mas deuses – os gregos não consideram
Deus como sinônimo de criador, mas um sinônimo de Demiurgo, que pode ser entendido como
um artesão/ arquiteto do Universo, ou seja, não cria, mas organiza – os deuses teriam surgido
simultaneamente ao Universo, cabendo-lhes a função de organização e zelo/ fiscalização das
regras) – razão como um canal direto
-O Direito Natural, quando confrontado com o Direito Positivo, caso entre em
divergência/ contrariedade, a regra do Direito Natural deve prevalecer/ predominar sobre o
Positivo.
-Alguns estudiosos, especificamente de Aristóteles, entram em divergência se
Aristóteles defendeu ou não um quarto critério de diferenciação de Direito Natural e Positivo.
Esse quarto critério seria o da imutabilidade do Direito Natural, enquanto o Direito Positivo
seria mutável.

-O Direito Natural na Idade Média (séc. V ao séc. XV) sofre bastante influência da Igreja
Católica. Idade Moderna (a partir do séc XVI)
-O Cristianismo que surgiu no século IV d.C foi o principal responsável pela derrocada do
Império Romano, dando início a Idade Média – “Idade das Trevas” (pouco conhecimento
racional – equívoco)
-Alta Idade Média/ Baixa Idade Média
-Com a decadência do Império Romano, estabelece-se um vácuo que dá início ao feudalismo
na Europa, não existindo ainda o conceito de Estado – e, esse vácuo é preenchido pela Igreja.
-Com a queda do Império Romano, é a Igreja que assume esse lugar de poder na Europa – se
tornando um “embrião” do que viria a se chamar estado a partir do século XVII (Idade
Moderna).
-Nessa percepção de mundo que havia na Idade Média (Europa, Africa e parte da Asia) estava
esse território que era subdividido em feudos e que acima dos feudos estava a Igreja, de forma
que acima das regras dos feudos, estão as regras dos papas – se submetendo a Igreja e
pagando tributos a ela.
-No primeiro momento, muito influenciado pelas ideias do apóstolo Paulo e santo Agostinho, a
ideia que vai vigorar é a ideia de que o Direito Natural é um direito criado por Deus, mas é um
direito irracional, pois os desígnios de Deus quase sempre são incompreensíveis aos homens,
porque Deus não precisa explicar aos homens e os homens quase nunca entenderiam os
desígnios de Deus. Está fora do alcance da compreensão humana.
-Na segunda metade da Idade Média, são Tomás de Aquino, vai nos dizer que essas regras de
Direito Natural são criadas por Deus, mas que são compreensíveis por meio da razão, mas
apenas por algumas pessoas escolhidas por Deus e essas pessoas seriam os membros da Igreja
– ou seja, as regras do Direito Natural seriam acessíveis por meio do intermediário da Igreja.
-Racionalismo do Jusnaturalismo teológico
- No jusnaturalismo teológico racionalista, os desígnios divinos são passíveis de compreensão
racional, mas quem os pode compreender é a Igreja
-Neoaristotélico (São Tomás de Aquino)
-Adaptação da Ética a Nicomaco à Bíblia, usa Aristóteles a favor da doutrina Cristã
-Só quem pode compreender a Palavra de Deus são os membros da Igreja católica
(concentração de poder)

Aula 30/10/2023

 Jusnaturalismo Antropológico
-O fim da idade média nos coloca no início da Idade Moderna (século XVI)
-Período das grandes navegações (“descobrimento” da América e Oceania)
-Renascimento cultural
-Tese do Antropocentrismo (devemos promover conhecimento sem a censura da Igreja) –
Florença no século XVI é como o Vale do Silício no século XXI
-O renascimento cultural acabou “ascendendo a faísca” da Reforma Protestante
-A Igreja estava sofrendo críticas externas, mas com a Reforma Protestante essa “censura”
começou a ser combatida internamente.
-Martinho Lutero tinha a ideia de moralizar a Igreja – resgatar as “origens” da Igreja, do
Cristianismo antigo que se professava na Roma Antiga
-São Francisco de Assis – austeridade, simplicidade, voto de pobreza
-Lutero diz que quando voltamos ao velho testamento, Moisés não falou com Deus através da
Igreja, mas falou diretamente com Ele no Monte Sinai para justificar que os fiéis podiam pensar
por si mesmos e não precisavam dos filtros da Igreja para ter acesso aos desígnios divinos.
-Kant: “ouse pensar”
-O Direito Natural estaria “acima de Deus” – Não foi criado por Deus
-Os desígnios do Direito Natural não poderiam mudar arbitrariamente a qualquer momento as
regras do Direito Natural, pois quando Deus as criou também se submete a essas regras pois
ele não é um “insensato”.
-Para o Jusnaturalismo Antropológico: agora o Direito Natural não mais é criado por Deus, mas
pode ser acessível por meio da razão
-Nesse momento o direito está se tornando um direito “descobrível” pela razão, por conta
disso estaríamos criando pouco a pouco um jusnaturalismo cada vez mais racionalista – a nossa
razão cada vez mais vai aprofundando, descobrindo os desígnios de Deus, portanto, se
aprofundando no Direito Natural
-Teoria Mecanicista x Teoria Organicista: No final do xvi para o xvii, o jusnaturalismo
antropológico vai descobrir o conceito de sistema – num primeiro momento foi compreendida/
explicada como um “mecanismo” criado pelo homem (tal qual como o relógio), partindo da
ideia de um conjunto de elementos que são iguais e estão agrupados exatamente por serem
iguais – num segundo momento esse conceito de sistema começa a sofrer influência de outras
áreas, como a biologia e os sistemas passam a ser compreendidos como um “organismo”, um
corpo vivo, são elementos diferentes que estão juntos porque se complementam nas
diferenças e, assim, formam um organismo – E, num terceiro momento, sistema aparece como
um “ordenamento, o sistema aparece como um conjunto de elementos que podem ser iguais
ou diferentes entre si, mas que estão agrupados por uma finalidade/ objetivo comum.

 Jusnaturalismo Democrático
-Na virada para o século XVIII
-Jusnaturalismo de Conteúdo Variável/ Jusnaturalismo Procedimentalista/ Jusnaturalismo
Democrático
-se todos nós podemos igualmente pensar, todos nós podemos descobrir igualmente o Direito
Natural mas não chegaremos necessariamente a uma mesma conclusão
-Quando nós universalizamos a razão, nós universalizamos a divergência
-Se agora o conteúdo do direito natural é passível de modificação/ mutabilidade, uma vez que
agora pode ser discutido e haver divergências, agora o Direito Natural adota o princípio de
maioria para ser definido.
-O princípio da maioria será utilizado diante de um impasse de conclusão para definição do
Direito Natural a ser seguido (Rousseau) – o “soberano” agora não é mais o Rei, Deus, Clero ou
Nobreza, mas agora o soberano é o Povo – já começando a “flertar” com o juspositivismo
- O fim do XVIII assistiremos três grandes acontecimentos: primeiras constituições aparecendo
(Constituição Americana de 1786 – primeira constituição do mundo ocidental), Revolução
Francesa (iluminismo) e anunciou a Revolução Industrial que viria ser aprofundada no século
XIX (mudança nos modelos da economia)

-Não é possível distinguir o “bom” do “mau” direito para Adeodato, pois se afirmasse que seria
possível, cairia nos mesmos problemas que a sociedade enfrentou em outros momentos
históricos e que a Filosofia Retórica quer combater
-A filosofia retórica está alicerçada a três pilares fundamentais: 1 . Ceticismo (colocar em
dúvida) 2. Humanismo (tolerância a diferenças, pluralidade, convívio entre os diferentes que
fomentava um ambiente de negócios favorável e produção de riqueza) 3. Historicismo
(Relativismo – os valores não são passíveis de absolutização, mas são relativos); de modo que a
dúvida, a tolerância e o relativismo evitam que se caia numa patrulha ideológica e moralista
que já aconteceu no passado)
-Convivência na complementariedade

AULA 01/11/2023
Capítulo 5 – Premissas do Positivismo Jurídico

Positivismo Jurídico -> Legalismo (Escola Exegese)


->Normativismo Jurídico (Hans Kelsen)
->Realismo -> a) Escandinavo (Alf Ross) b) Norte-americano (Jerome Frank)

 Transição do Jusnaturalismo para o Juspositivismo


-Revolução Francesa (nos fez abraçar os ideais iluministas, quem nos liberta da opressão que a
religião nos impõe são as “luzes do conhecimento”) (“ouse pensar com sua própria cabeça” –
Immanuel Kant) – parar de reproduzir o que a tradição ou a religião te levou a acreditar e passe
a pensar com sua própria cabeça
-Ascenção da burguesia e declínio da nobreza e do clero
-O direito passaria a ser produzido exclusivamente pelo Estado, produto exclusivo do Estado –
só existe direito se produzido pelo Estado e o Estado só existe de acordo com o que está
previsto pelo direito
-Independência das Treze Colônias – Elaboração da primeira constituição em 1786 – Apoio da
França
-"Séculos do Contratualismo” – XVII e XVIII -Hobbes, Rousseau e Locke
-Como se justifica racionalmente, sem nenhuma relação com o jusnaturalismo, que o Estado
tem poder = Constituição
-Contrato tem partes, é negociado
-Século XVIII: primeira revolução industrial, constituição
-Século XIX: segunda revolução industrial, inovações tecnológicas (invenção da lâmpada,
eletricidade, encadernação de livros, imprensa - grandes placas de tipografia que possibilita a
impressão em folhas de papel) Invenção do “Código” a partir da invenção de livros
-Código deve atender três exigências: 1. Unidade 2. Completude 3. Coerência
1. Código é a única fonte que se precisa consultar para saber o que é o Direito
2. O código já lhe dá antecipadamente a resposta para todos os conflitos que venham
a acontecer; Não existe conflito que não tenha sido previamente pensado pelo legislador.
3. Como o código vai concentrar dentro de si todas as regras que se deve consultar,
essas regras não devem entrar em contradição entre si – o legislador deve tomar cuidado
para que as regras não caiam em contradição umas com as outras
-Século XIX avanços significativos no campo das ciências – ciências naturais e sociais/humanas
-Charles Darwin
-França, surgimento do movimento do positivismo (significado diferente do positivismo
jurídico) de Comte – pai da ideia de que a sociologia se afirmaria como a primeira ciência social
autônoma/ independente das ciências sociais
-Surge a discussão: Direito é uma ciência?
-Tobias Barreto
-Adeodato diz no tópico 5.1, diz que existem três pressupostos sociológicos do século xix que
explicam por que o direito passa a ser explicado através do positivismo jurídico, não mais do
jusnaturalismo
a) Aumento da complexidade social – a sociedade que até então se encontrava pouco
subdividida, passa a se subdividir em subsistemas sociais (religião, direito, política, ciência,
arte, economia, etc)
b) Pulverização Ética – até o século xviii tínhamos uma visão de mundo razoavelmente
homogênea, os indivíduos da sociedade partilhavam dos mesmos valores morais, mesma visão
de mundo, valores ideológicos, mas no século xix começa a se ter um processo irrefreável de
fragmentação dos valores morais e preferências ideológicas – desabrochar do liberalismo e do
marxismo – ideologias se multiplicam e divergem – pulverização ética, não existe uma única
visão de mundo, ética, a tendência é que, cada vez mais a sociedade experimente esse
processo de divergências morais e ideológicas
c)Legitimação pelo procedimento – diante dessa pluralidade de ideologias, não podemos mais
justificar o direito por um determinado conceito moral ou ético, mas sim pelo procedimento
(um espaço vazio de disputas de concepções ideológicas – viabilização de uma convivência
harmônica de ideologias) eleição é um tipo de procedimento que adota o princípio de maioria
– o congresso nacional deve ser plural ideologicamente e convivendo entre si que através do
diálogo deve construir consensos que resultarão em textos de lei que são legitimados através
do procedimento

AULA 06/11/2023

 POSITIVISMO
 Legalismo (Exegetismo)
- Maurice Bugnet, Blondeau
-Séc XIX
-Francesa
-Iluminismo (Montesquieu)
-Tripartição dos poderes
-Revolução Francesa
-Poder Legislativo
-A Lei/ O Código é protagonista da elaboração do que é o direito
-Essa escola desenvolve Métodos de Interpretação com o objetivo de castrar o
magistrado no ato de interpretar (tolher/ limitar a interpretação do juiz)
-A finalidade do ato de interpretar deve ser descobrir a vontade do legislador; dois
momentos no ato de interpretação: 1. Elaboração do texto 2. Quando alguém pega
aquele texto para interpretar numa determinada interpretação – quando há uma distância
entre esses momentos, torna-se um problema para ser interpretado, dessa forma deve-se
ser consultada a intenção do elaborador da lei no momento em que a lei foi elaborada
para ser interpretado de acordo com o momento da elaboração – subjetivismo,
diferentemente de quando aplicado em situações casuais, não é sobre liberdade de
interpretação, mas sobre a necessidade de ser aplicada a interpretação do elaborador da
lei sem margens de outras interpretações – a interpretação não é livre, mas deve ser
utilizado um método para tal.
1.Método Gramatical – interprete mantendo-se preso o tempo todo ao que está
no texto
2.Método Lógico – o juiz deve se atrelar as regras básicas da lógica de forma a
tolher qualquer tipo de criatividade
3.Método Histórico – Volte no tempo em que o legislador estava se deparando e
discutindo o porquê da elaboração do texto, reconstruindo o cenário histórico em que o
legislador elaborou aquele texto
-Decisão Judicial/ Silogismo
-Silogismo-> Premissa maior (lei) + Premissa menor (caso concreto) = Conclusão
(sentença) – Automatização do processo de decidir
-Lei = Norma
-Revolução industrial – o mundo europeu está saindo de uma economia baseada na
agricultura para uma economia baseada na indústria
-Dentro dessa escola passamos a valorizar a ideia de código – Código Civil Francês/
Código de Napoleão) – Código = uno, completo, coerente.
 Normativismo
-Início do século XX - 1921
-Revolução Russa
-Crise da bolsa de NY
-Hans Kelsen
-Teoria Pura do Direito – objetivo de criticar/ refutar/ contra argumentar a corrente/
pensamento (Sociologismo Jurídico) predominante anterior ao normativismo, que dizia
que além das ciências naturais, a única ciência autônoma seria a sociologia,
desconsiderando o direito como uma ciência, demonstrando a “pureza” do direito
através do método
-Direito é uma Ciência
-Método = Dogmática Jurídica
-Objeto = Norma Jurídica
-Norma ≠ Lei
-Norma é um juízo hipotético – juízo = frase/ oração, no caso da norma ele tem caráter
hipotético, de modo que sempre vai aparecer de forma condicional
-Estrutura: Se Ilícito (infração), então (imputação-> responsabilizar) deve (controlar
comportamento) ser Sanção
-A norma jurídica é formada por uma norma primária (sanção) e uma secundária (que
descreve o ilícito)
-Em outras normas se encontram infrações, portanto não é uma característica particular
da norma jurídica, mas só a norma jurídica permite se aplicar sanções, portanto esta é a
principal.
-Norma Jurídica: 1. Norma Genérica -> Legislador -> Lei;
2. Norma Específica-> Juiz-> Sentença
Ex.: Código penal, Art 121 (homicídio) – Lei (norma genérica).: Proibido matar
(norma secundária - infração), pena de 6 a 20 anos (norma primária – sanção)
Sentença– 12 anos, 8 meses e 3 dias (norma específica)
-O legislador estabelece uma “moldura” (limite) para o juiz interpretar e decidir o
conflito diante da singularidade do caso concreto.
-Existe interpretação correta? Para Kelsen, não. A operação de interpretar não é
exclusivamente lógica, mas está submetida a subjetivismos, sendo assim está sujeita a
interferências valorativas e ideológicas.
-No Legalismo, temos um protagonismo do legislativo para um papel coadjuvante para
o judiciário, enquanto no Normativismo os dois são vistos como protagonistas.

AULA 08/11/2023 – ouvir áudio de mariana!!!

 Realismo Jurídico
-Por oposição, o realismo não tem nem aceita atitudes normativas no conhecimento, a
função do estudo do direito não é dizer como o direito deve ser, mas sim como ele é “na
realidade”. Daí a necessidade de definir o mundo “real”.
-Nesse sentido, o realismo está ligado ao empirismo, à ideia de que o conhecimento
possível vem dos órgãos dos sentidos.
1. Escandinavo – Axel Hägerström, Anders Lundstedt, Karl Olivecrona e Alf Ross
-Enfatizando o fato e o conceito de efetividade ou eficácia como principais
elementos do conhecimento jurídico.
-Preocupação com a cientificidade de seu estudo
-o realismo tradicional permanece apenas na negação das posturas normativas,
porém, ao reduzir o direito aos fatos sociais, não consegue distinguir claramente
os fatos juridicamente relevantes dos irrelevantes, ou seja, distinguir o direito de
outros fatos sociais. Por isso é necessário considerar as ideias normativas como
parte do fenômeno jurídico, como realidades psicológicas específicas.

2. Norte-americano – Karl Llewellyn, Jerome Frank, Oliver Wendel Holmes Jr.

-Século XX
-Entre as guerras
-Poder Judiciário: Atuação dos tribunais
-Norma específica = Resultado da Interpretação
-Norma = Texto
-Direito não é o texto de lei, mas é o que decorre da atuação dos tribunais a partir da
produção de sentenças e acordos – Direito produzido
- Na escola de Exegese, norma e lei seriam a mesma coisa, isto é, norma genérica. No
entanto, no normativismo de Hans Kelsen, ele trabalha com o conceito de norma
jurídica e subdivide esse conceito em norma genérica (encontrada no texto de lei) e
norma específica (resultado da atividade do magistrado) – Para Realismo só existirá a
norma específica, porque para essa escola aquilo que chamamos de norma sempre
resulta da interpretação do magistrado, o que há antes da interpretação do magistrado é
apenas um texto (de lei, de contrato, de jurisprudência, etc) – só é direito o que resulta
da atividade do tribunal
-O Realismo considera norma é a soma do texto que se leva em conta durante o
processo de interpretação, os valores (incluindo as ideologias que infuenciarão o
intérprete no processo de interpretação) e o caso concreto (não é a experiencia/ situação
vivida, mas um relato que foi feito pela autoridade, ex polícia ou delegado) que está
sendo apreciado
Norma = Texto + Valores (e ideologias) + Caso Concreto
-Em comum, concentram-se sobre a atividade judicial (judge-made law) no caso
concreto: direito é aquilo que a decisão do caso (o juiz) diz que é direito.
-Uma das diferenças é que no realismo escandinavo os autores estão mais preocupados
em demonstrar que o Direito é uma ciência – cientificidade do direito. Enquanto o
norte-americano não parece dar muita importância a essa discussão, mas se preocupa
mais entender por quem o direito é dito e como ele é dito – muito mais afetado por uma
corrente filosófica do século xx (filosofia pragmática) – mais preocupado em como o
direito manda e decide os conflitos do que saber se o direito é ou não uma ciência.
-O problema de Alf Ross no realismo escandinavo nessa tentativa de demonstrar que o
direito, mesmo sendo decidido através da arbitrariedade dos juízes, é a tentativa de
traçar um paralelo entre psicologia e direito redundando no início do século XX o
surgimento da corrente do psicologismo jurídico- se isso se passa dentro da cabeça do
juiz, não através da lei, a cabeça do juiz é influenciado pelos valores e ideologias
-Não é a intenção descrever um mundo ideal, como ele deveria ser feito o direito, mas
descrever como efetivamente o direito é feito.
-Encarar o juiz de uma forma realista, invés de esperar que o juiz vá se despir de sua
condição humana para decidir os conflitos.
-Portanto, o comportamento frequente, usual, cotidiano dos tribunais é que o magistrado
se depara com o caso concreto e, normalmente, na primeira audiência, quando ele bate
os olhos na pessoa que está sendo acusada e a partir da descrição do que foi relatado
como sendo o caso, o juiz faz um pré-julgamento de como ele vai decidir aquele caso e
a seguir, usando o momento de produção das provas para produzir as provas no sentido
de confirmar aquele pré-julgamento e, por fim, vai buscar na legislação um artigo de lei
que esteja em sintonia com o pré-julgamento já formulado.
-O juiz não se informa primeiramente para depois decidir, na prática, o que ocorre é que
o juiz toma uma decisão e busca argumentos para justificar essa decisão com as
informações que vão surgindo ao longo do processo.
-

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