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639/2003 para um
ensino em artes contra colonial na EEEP Joaquim Moreira de Sousa
Victor de Freitas da Silva1
RESUMO
O presente artigo relata a experiência em aplicar metodologia afrorreferenciada
fazendo uso das oralidades de memória originária e diaspórica, que é indispensável,
para superarmos as problemáticas raciais e estruturais no âmbito educacional,
sobretudo, no ensino em artes, no qual, aplico a lei 10.639/2003 com auxílio
pedagógico da preceptora Shirley Alencar no programa de residência pedagógica da
CAPES.
INTRODUÇÃO
1
Está graduando em licenciatura em teatro pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Ceará, Fortaleza, CE, desde 2016. Participando da reabertura do NEABI-Campus Fortaleza,
enquanto membro bolsista do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas, Fortaleza, CE, no ano
de 2018. Participou como artista visual pesquisador no programa de Residência & Intercâmbios - Eixo
01 - Visualidades Contemporâneas do equipamento cultural Porto Dragão, no ano de 2021 à 2022.
Fazendo parte também do programa de residência pedagógica da CAPES em Teatro pelo IFCE-
Campus Fortaleza, no ano de 2020 á 2022. Tendo experiência na área de debates étnico-raciais com
foco, em poéticas macumbeiras, atuando, principalmente nos temas: filosofia africana - pedagogia do
encantamento, contra colonialidade, encantamento e dramaturgia.
preceptora, Professora Shirley Alencar. Abordamos o complexo tema dramaturgia
com eixo em bio-poéticas.
DESENVOLVIMENTO
Uma pendêncya que nos prende ao ano de 1500, por ysso não exyste o
perýodo Pós-Colonyal.
É possývel demarcar terrytóryos fýsycos sem Demarcar Ymagynáryos?
A mente é um terrytóryo. O YMAGYNÁRYO é terra. (SILVA, 2020)
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Lei n°10.639, de 9 de janeiro de 2003 - Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de
Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.
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Nome artístico que corresponde ao nome de batismo, João Paulo Querino da Silva.
Sendo assim, confluindo com o pensamento indígena potyguara em
potyguês4 de Juão Nyn colabora com a perspectiva de repovoamento dos imaginários
em disputa em várias frentes, sejam sociais, políticas e culturais, ambas estão
convergindo com a perspectiva de rivalizar com aspectos estruturais coloniais da
nossa sociedade, contudo, o âmbito educacional é o ambiente em disputa para
descolonização dos currículos e implementação da lei 10.639/2003. No qual,
reconhecemos ao elaborar nosso percurso educacional em três encontros para
introduzir o tema dramaturgia sob o olhar pedagógico e metodológico
afrorreferenciado, portanto, subentendemos a introdução de um processo
psicopedagógico sobre a descolonização dos sentidos ocidentais ao indagar “quem
sou?” e “de onde venho?”, embora seja uma premissa simples, é substancialmente
eficiente ao racializar os educandos, a partir de uma provocação que gera um olhar
de auto-identificação. Destaco que obtivemos respostas, a partir da pergunta
geradora que evocou a desinformação estrutural gerada pelo racismo, a esse fato,
Antônio Bispo, argumenta que “o racismo não é a causa, mas, o efeito. A causa é o
colonialismo”, dito isso, essas respostas possibilitaram um debate paralelo entre a
turma sobre “o que é racismo estrutural? colorismo? racismo religioso?”, e dentre
outros tópicos que têm relação direta ao colonialismo, no qual, cruza o argumento de
Antônio Bispo que destaca as condições de desigualdades sociais, pelo visto, o
desconforto da tomada de consciência é um processo educativo de descolonização
pedagógica por conseguinte, apresentamos alguns exemplos que envolve a
linguagem da cultural popular com um fragmento do ensaio do espetáculo de dança
- Escudo de Peneira e espada de São Jorge, no qual, exprime os conectivos dos
relatos de memória das atrizes na confabulação poética de uma dramaturgia para
criação da obra-cênica, deste modo, o exemplo pressupõe uma possibilidade de
mesclar memórias individuais para uma narrativa coletiva, sendo assim, pedimos aos
educandos que trouxessem objetos de memória e socializarem entre todos suas
respectivas histórias.
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Segundo Juão Nyn em seu livro – TYBYRA: Uma tragédia indígena brasileira, destaca que o,
“Potyguês é um manyfesto lyteráryo e se aproprya do alfabeto grego latyno para fazer uma
demarcação Yndýgena Potyguara no Português; ydyoma este que veyo nas caravelas de Portugal,
assym como o Espanhol, da Espanha, e o Ynglês, da Ynglaterra, e que não são, obvyamente, oryundos
daquy.”
exemplos e desenvolvendo dois documentos para nortear e relembrar os estudantes
sobre os assuntos abordados no encontro, sendo estes, um anexo para preencher
sobre informações do grupo e um outro documento que continha informações sobre
o tema, escrita criativa para roteiro, edição do podcast e passo-a-passo para
publicação que por sua vez, foram difundidos na concepção de roteiro dos podcasts
criados pelos educandos que vieram a ser apresentados no último encontro, tendo a
participação de todos envolvidos.
CONCLUSÃO
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Cultrix, 1994.
5
Estou me referindo que existe outras pedagogias que não confabulam com o modelo de ensino
vigente no Brasil, tal qual, pedagogia quilombola, indígena, sobretudo, pensamento de pedagogas,
tal qual, Professora Sandra Petit com sua tese – Pretagogia.
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