Você está na página 1de 20

1

Apostila de Ética
no Serviço Público

Concurso CEFET 2024

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


2

ÉTICA E MORAL

A Etimologia da Palavra
Vamos a algumas orientações iniciais: a) é importante entender os conceitos expostos neste tópico
introdutório, pois são basilares; b) apesar de este tema se desenvolver acerca dos próximos
capítulos, esta base é de grande importância; e c) é importante ter atenção com as expressões
destacadas e quadro conclusivo ao final.

Etimologia corresponde à origem evolutiva das palavras. Assim, temos que a palavra ÉTICA vem
de ETHOS, que tem origem grega, cuja abrangência atinge duas concepções, ideários, quais sejam:
a QUALIDADE DO INTERIOR DO SER e os HÁBITOS e COSTUMES.

Neste primeiro viés, da qualidade interior do ser, temos que ÉTICA é CARÁTER, QUALIDADE
INTERIOR do ser; a MORADA do ser, segundo Heidegger.

Em sua segunda concepção, ETHOS manifesta a exteriorização dessa qualidade, sua manifestação
perante os demais, por meio do costume, dos hábitos. Este viés secundário que foi levado do grego
para a formação da palavra latina MORAL. Esta palavra, portanto, tem suas raízes fixadas no latim
“mos” (Mores, se flexionada no plural), significa costume e era uma tradução para ETHOS.

Concluímos que o termo ETHOS foi inicialmente desenvolvido na Grécia Antiga e em seguida
desenvolvida por romanos. Isto posto, tanto a palavra ÉTICA quanto a palavra MORAL derivam do
vocábulo ETHOS, porém, em tempos modernos, ÉTICA corresponde ao primeiro viés de ETHOS
(caráter, qualidade interior do ser) e MORAL ao segundo conceito de ETHOS (costumes, hábitos).

Note que a palavra grega ETHOS, que deu origem à palavra ÉTICA, relaciona-se com estas duas
ideias, sendo que apenas uma delas foi traduzida e incorporada no termo latim MOS.

Os GREGOS conceberam DOIS IDEÁRIOS à ETHOS, ÉTICA E MORAL, enquanto os


ROMANOS APENAS UM, MORAL – MOS. Assim sendo, com o passar dos anos, ÉTICA ficou
intimamente relacionada com a QUALIDADE INTERIOR DO SER, a primeira vertente grega,
enquanto MORAL, do latim MOS, conexa aos HÁBITOS E COSTUMES, a vertente romana (e
segunda concepção da Grécia Antiga).

POR ESTA “CONFUSÃO” DE ORIGEM DAS PALAVRAS E SEUS CONCEITOS QUE AS


PESSOAS TENDEM A EQUIVOCAMENTE UTILIZAR AS EXPRESSÕES COMO SE
SINÔNIMAS FOSSEM. NÓS, NO ENTANTO, NÃO FAREMOS ESSA CONFUSÃO, FÃ DE
ESTUDOS!
O USO INDEVIDO, DESCONTROLADO, INDISCRIMINADO DESTAS PALAVRAS NÃO
PODE OCORRER EM NOSSA DISCIPLINA!

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


3

Mas qual a diferença da interioridade do ato humano para seus hábitos e costumes?

ETHOS, relaciona-se com a intenção do agir, precede a exteriorização do ato no mundo fático, na
sociedade, no mundo real, palpável, material, sensível. É a essência humana, fruto de um ser moral.
Esta é a qualidade interior do ser – a ética.

ETHOS, em sua segunda concepção grega e única romana, qual seja a MORAL, estava intimamente
relacionada aos HÁBITOS, USOS, REGRAS e COSTUMES. É a materialização da vida em
sociedade, os eventos que ocorrem no mundo prático através da assimilação, absorção dos valores
socialmente aceitos. Isto é, relaciona-se com a ideia propriamente dita de PRESCRIÇÃO DE
CONDUTAS.

Podemos encerrar nossos esforços neste tópico instituindo que embora tenham origens e significados
semelhantes em seus primórdios, ética e moral possuem conceitos diferentes. Veja!

ETHOS
Origem Grega que apresenta duas concepções:
1 - qualidade do interior do ser;
2 - hábitos e costumes.

ÉTICA MORAL
Deriva de ethos e corresponde à sua
Deriva de ethos e corresponde à sua
segunda concepção, cuja nomenclatura
primeira concepção
foi dada pelos romanos (latim mos)
Qualidade do interior do ser, caráter.
Hábitos e Costumes

Ética e Moral na Antiguidade


A partir da própria origem das expressões em seus primórdios podemos inferir que a preocupação
com seu significado e conceito vem de longa data. Desde os gregos da Era pré-Cristã que já se
debruçava sobre questões ético-morais até o exercício moderno das funções públicas.

Três grandes filósofos ganham destaque, possuindo cada um sua relação peculiar com a Ética, quais
sejam:

- ARISTÓTELES, concebia a ética como conhecimento, a filosofia que propicia ao homem alcançar
a VIRTUDE fundamental, consistente na ação justa, prudente, corajosa e temperada;

- SÓCRATES, que entendia a ética como o caminho que conduz o homem à FELICIDADE;

- Para PLATÃO, a ética relaciona-se com a conduta humana ligada à JUSTIÇA e ao BEM.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


4

À título de informação, para melhor compreensão das expressões, virtude significa a qualidade do
que se conforma com o que é considerado correto e desejável. É a conformidade com o bem. A
aceitação do certo, da excelência.

Isto posto, para Aristóteles as virtudes morais eram frutos do hábito, ou seja, não eram inatas, pois
permitiam o desenvolvimento ao longo da vida. Para Platão e Sócrates, por outro lado, consideravam
que as virtudes morais já nasciam com as pessoas. Entendemos que a visão aristotélica

Ao longo dos séculos, outros filósofos refletiriam sobre o tema, como Adam Smith, David Hume e
Immanuel Kant.

O que é ética?
Os estudiosos de certa maneira convergiam: ÉTICA é o conhecimento, o campo filosófico que
oferece ao ser humano critérios para a escolha da melhor conduta possível para uma vida em
comunidade/sociedade. Destacamos que a ética debruça seus esforços em um processo avaliativo,
ou seja, de avaliação, da conduta humana e não animal (de animais) ou natural (da natureza).

Refletir sobre atitudes e comportamento que melhor corroboram para uma vida em sociedade é recair
sobre a ética, a parte da FILOSOFIA que estuda o comportamento moral do homem. É, portanto,
o ramo da filosofia que ESTUDA A MORAL, analisando os diferentes sistemas de regras, seus
fundamentos e suas características.

O que é ser ético?

Ser ético significa refletir sobre quais ações são virtuosas e quais não são, concretizando-se na
convivência em grupo/sociedade e no incremento, no progresso das relações intersubjetivas (entre
sujeitos).

A ética é especulativa, se apresenta como uma investigação teórica, uma base de estudos, um ramo
filosófico/científico, procurando responder a certas perguntas, como: “o que é moral”? “qual é a
melhor decisão para se viver em sociedade”?

É a teoria acerca do certo e do errado, do justo e do injusto, do honesto e do desonesto, do bom ou


ruim. É uma ciência que possui conteúdo valorativo. É a ciência, a filosofia que se ocupa do
comportamento moral do homem em sociedade ofertando subsídios teóricos, argumentos para a
tomada de decisões, a escolha pessoal de determinada ação.

Em uma das definições possíveis constante do Dicionário Aurélio “ética é o estudo dos juízos de
apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem
e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”.

Insta salientar que a ética é considerada uma reflexão pessoal de si mesmo. Ou seja, a escolha sobre
ser ético é uma dimensão de natureza subjetiva, pessoal. É uma decisão individual e singular de
forma voluntária buscando respeitar princípios e valores morais, o que pressupõe, naturalmente,
o ideário da liberdade para escolher, afinal, sob coação, física ou psicológica, ninguém tem a opção
de escolher entre o certo e o errado.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


5

O que é Moral?
Ética é reflexão, a moral apresenta-se por meio da ação, hábitos, condutas, costumes. Moral
significa costume e está ligada à ideia de repetição de atos e condutas aceitos como bons e
necessários para a harmoniosa vida em sociedade.

Outra característica é que a MORAL É NORMATIVA, ou seja, estabelece normas, prescreve


condutas positivas (deveres) ou negativas (proibições) que devem ser seguidas por todos (lembra que
a ética é especulativa, teórica? Eis uma distinção entre elas).

A MORAL, portanto, ao lidar com hábitos/costumes é considerada como particular. A ética, por
sua vez, por possuir cunho filosófico, científico, é mais ampla e é tida como universal. A MORAL
sofre, portanto, influência de fatores sociais e históricos (espaço-temporais), o que confere espaço
para diferentes conceitos morais de um grupo para outro. É o que chamamos de relativismo.

No relvado da ÉTICA, por outro lado, não há essa abertura. Seu conceito é universal e absoluto,
isto é, considera que seus princípios possuem os mesmos valores para os locais e povos. Ressaltamos
que a ética pode sofrer processo evolutivos, logo, ser universal e absoluta, não significa ser imutável,
principalmente ao longo do tempo. O que a diferencia da moral é o fato de que a ética não varia no
mesmo tempo de local para local e sociedade para sociedade. Aliás, esta é uma característica das
ciências como um todo.

Ante a exposição, podemos dizer que a MORAL se baseia num conjunto de normas de conduta
que se apresentam como corretas (boas) e aceitas. Isto posto, a vida cotidiana, onde desenvolvemos
hábitos e costumes, é que serão reconhecidas as fontes das normas morais.

Concluímos, portanto, que a moral é pragmática/normativa (enquanto a ética é especulativa). Por


fazer parte de um campo de estudo pragmático, prático, as normas morais são elaboradas para
ORDENAR E REGULAR O COMPORTAMENTO HUMANO. Veja o comparativo abaixo.

CRITÉRIO ÉTICA MORAL

REFLEXIVA, promove o ESTUDO, a Apresentada por meio de AÇÕES,


OBJETO INVESTIGAÇÃO sobre a moral CONDUTAS

FILOSÓFICA, CIENTÍFICA, NORMATIVA, extraída de REGRAS DE


DISCIPLINA ESPECULATIVA CONDUTA

PARTICULAR, CULTURAL, variável,


DIMENSÃO UNIVERSAL
TEMPORÁRIA

CONTEÚDO PRINCÍPIOS CONDUTAS

REFERÊNCIA FILOSÓFICA, REFLEXIVA HÁBITOS, COSTUMES

FINALIDADE Oferecer critérios e reflexões para a melhor


Por ser normativa DETERMINA ações
ESCOLHA DAS CONDUTAS

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


6

Ética e Moral: sua íntima relação


Existe uma relação íntima e densa entre ética e moral?

A resposta é sim! A ÉTICA ENQUANTO DISCIPLINA, base de estudos que se pretende universal
e absoluta PODE MODIFICAR E APRIMORAR VALORES MORAIS DE UMA
DETERMINADA SOCIEDADE em um determinado tempo e espaço. Ou seja, a ética pode
engendrar mudanças morais em duas dimensões: espacial e temporal.

A partir das reflexões éticas, nossa sociedade, por exemplo, promoveu a mudança de padrões morais,
tais como, os direitos de votos mulheres, abolição da escravidão, entre outros que maturaram em
nosso seio social ou que, ainda, estejam em vias de amadurecimento.

Em dado momento, por exemplo, com base em estudos éticos sobre igualdade, liberdade, respeito ao
próximo e entendimento de participação como membro de uma sociedade, padrões morais foram
modificados acerca da homossexualidade. O mesmo se aplica aos padrões morais que preteritamente
aceitavam que um ser humano fosse proprietário de outro (escravidão).

- Variações morais de dimensão espacial (espaço no mesmo tempo): atualmente em território


nacional as mulheres possuem uma série de prerrogativas, como o direito de votar, acesso ao
mercado de trabalho, divórcio, entre outros. Note que estes mesmos direitos não são conferidos às
mulheres em países do Oriente Médio. A distinção refere-se ao local, ao espaço, porém, trata-se de
uma avaliação temporal idêntica, isto é, mesmo tempo.

- Variações morais de dimensão temporal (tempo no mesmo espaço): estas mesmas mulheres no
Brasil, preteritamente, não eram detentoras das referidas prerrogativas (voto, trabalho, divórcio,
etc), porém, com o passar dos anos obtiveram tal direito. Ou seja, trata-se de uma variação moral
no tempo, contudo, em mesmo espaço, local.

Logo, concluímos que tanto a ética (qualidade do ser, caráter) quanto a moral (costumes) podem
refletir nos atos, seja por natureza individual (ética) através da reflexão ou por reflexões coletivas
refletidas em condutas culturais ou habituais da sociedade (moral). Por esta razão ética e moral são
planos de relação humana histórico-social por meio de relações em sociedade.

Ética e seus Princípios e Valores


Após tudo exposto, podemos instituir, essencialmente, que ética é uma ciência que busca valorar e
identificar o certo e o errado, o justo e o injusto, o honesto e o desonesto, o bem e o mal. Ademais,
busca ainda estimular os seres humanos a promover o certo, justo, honesto, bom.

A ética, portanto, refletirá sobre a conduta moral. A moral, por sua vez, fixará condutas. O plano de
execução ou não destas condutas é uma dimensão distinta de análise do agir humano.

Neste momento, necessário se faz compreendermos o que são PRINCÍPIOS, VIRTUDES e


VALORES para o campo ético.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


7

- VIRTUDES

Em sua etimologia, a palavra VIRTUDE deriva do latim virtus e significa uma qualidade própria
da natureza humana. Contudo, a semântica não promove o correto valor da expressão virtude, haja
vista que as virtudes não são consideradas inatas, ou seja, não são apenas inerentes ao ser e sua
natureza “de berço”, mas PODEM SER ADQUIRIDAS.

Na visão Aristotélica, virtude era a “disposição adquirida de fazer o bem”, algo que poderia ser
aperfeiçoado com o tempo. Isto é, segundo o filósofo, VIRTUDE MORAL é CARÁTER, a
PROPENSÃO À BOAS CONDUTAS. Logo, A ACEITAÇÃO DE CONDUTAS
MORALMENTE POSITIVAS (E NÃO NEGATIVAS) E SUA PRÁTICA FAZ O HOMEM DE
VIRTUDES.

Neste viés, o homem virtuoso controla seus impulsos como a raiva e as paixões e cultiva a
virtuosidade a partir de uma construção contínua e repetitiva de atos moralmente positivos. EM
OPOSIÇÃO À VIRTUDE, temos os DENOMINADOS VÍCIOS.

Isto posto, as propensões de caráter podem conduzir comportamentos bons ou maus. Se bons, ele será
virtuoso. Senão, um vício.

Aristóteles falava ainda em VIRTUDES INTELECTUAIS – dianoéticas – fundadas na razão, como


a inteligência, a sabedoria e a temperança.

Conclusão: comportamento ético é resultado de conduta virtuosa, em busca do homem do bem.


Sendo a virtude obtida a partir da inclinação de caráter e condutas repetitivas com valor moralmente
positivo (ou somente valor,
pois como veremos a seguir, só tem valor [ético] o que é moralmente positivo, praticado em busca
da perfeição).

- VALORES

Entendemos como VALOR a qualidade de algo como parte da ideia que a sociedade faz da
PERFEIÇÃO, ADMIRÁVEL. Honestidade, justiça, honra, dentre outros, SÃO
CONSIDERADOS VALORES por conduzirem noções de atitude IDEAL. Ao perseguir estes
valores o ideal norteador é o de perfeição que irá norteá-las ao longo da vida.

Como estudamos, a questão moral é envolvida no processo de escolha da pessoa entre a prática do
bem (que tem valor – valor moral positivo) ou para o mal (que não tem valor – valor moral
negativo). Portanto, a partir da propensão do indivíduo para o bem ou para o mal concluímos que o
VALOR É O OBJETO DE UMA ESCOLHA MORAL (POSITIVAMENTE MORAL).

Ao seguir determinado conjunto de valores não há indicação de que alguém é perfeito. Partimos da
premissa de que ninguém é, porém, as pessoas se orientam para um suposto padrão de perfeição
perseguido ao longo da vida.

Como a MORAL É CULTURAL, TEMPORAL E NÃO UNIVERSAL as ações não são


consideradas moralmente boas (de valor ético) independentemente do local ou do momento histórico
em que são praticadas. Os VALORES, por se basearem no que é moral ou não, TAMBÉM
MUDAM DE ACORDO COM A ÉPOCA E O LOCAL.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


8

Por fim, como valor é permeado pela decisão do que é moralmente positivo, é elementar a necessidade
da capacidade de raciocínio e tomada de decisões, razão pela qual não cabe analisar se há valor em
atos de animais ou fenômenos naturais.

- PRINCÍPIOS

A palavra princípio significa FONTE, INÍCIO, e, do ponto de vista filosófico, é o que SUSTENTA
condutas. São, portanto, os FUNDAMENTOS, ALICERCES nos quais se fincam as ações humanas
voltada para o bem.

Nossas escolhas não são pautadas apenas entre condutas com valor (moralmente positivo) ou não
(moralmente negativa), É POSSÍVEL A ESCOLHA ENTRE VALORES (duas ou mais condutas
com valor) na prática de atos. O norte neste caso são os PRINCÍPIOS.

Por ANTECEDER a própria escolha moral, podemos considerar que os PRINCÍPIOS como
VALORES BÁSICOS, o PONTO DE PARTIDA de um processo de escolha moral, sendo o
FUNDAMENTO de ser de determinada atitude.

Fazendo uma conexão com outro possível tema de seus estudos, pense no princípio da moralidade do
Direito Administrativo. Este princípio traz o valor básico, o fundamento, de que o administrador
público deve tomar como alicerce de suas escolhas as condutas de valor (moralmente positivos).

Este senso de moralidade, esparso, inclusive, por todo o ordenamento jurídico a partir de condutas
admitidas ou proibidas, deve permear a avaliação do que é feito, se é justo ou injusto, certo ou errado,
consigo e com o próximo, nos tornando responsáveis pelas escolhas que tomamos.

A Tomada de Decisões e a Moral


Através do fluxo abaixo veremos a aplicabilidade das virtudes, valores e princípios na tomada de
decisões.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


9

Classificação da Ética
Ética é o estudo que subsidia o homem com critérios e argumentos (princípios) para a escolha das
melhores ações (tomada de decisões) voltadas uma boa vida em sociedade (valor).

Para Aristóteles, os critérios conferidos pela ética são voltados às virtudes cardeais, na busca da
perfeição e consequente harmonia social. Para Sócrates, estes critérios visavam à felicidade geral.
Para Platão, à justiça. Ademais, citamos ainda David Hume e Adam Smith.

A partir dos mais variados vieses, três são as classificações de ética que podem ser cobradas em prova:

✓ A classificação Clássica;
✓ A classificação de Eduardo García Máynez; e
✓ A classificação de Max Weber.

- A Classificação Clássica: ética do fim e ética do móvel

ÉTICA DO FIM (ética finalista):

Para estes, a conduta humana deve ser orientada por um FIM (propósito). Neste viés, esta linha
sustenta que este fim é da essência humana, e, por isso, INATA (de sua natureza, “de berço”), ou
seja, imagina-se que há um ideal para o qual o homem se dirige por sua própria natureza.

São representantes deste grupo Platão, Aristóteles e Santo Tomás de Aquino.

Para ARISTÓTELES, é a FELICIDADE;

Para PLATÃO, a JUSTIÇA é o fim que orienta a ação humana ética; Enquanto para Santo

TOMÁS DE AQUINO, é DEUS.

ÉTICA DO MÓVEL (ética finalista):

Para estes, o comportamento ético não se orienta por um fim/objetivo, mas por um MOTIVO
(causa, uma força) que a determina.

São representantes desta linha Protágoras, Epicuro, Stuart Mill e David Hume.

Para David Hume, a utilidade;

Para Protágoras, o desejo de sobreviver é o móvel;

Para Stuart Mill, é a maior felicidade possível para o maior número de pessoas possível;

Para Epicuro, é o prazer e a repulsa da dor.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


10

Imagine a seguinte situação, se um servidor público ao se vestir para o trabalho opta por utilizar
vestimentas apropriadas (respeitando o código de ética) visando ao bem geral da população, temos a
ética de fim. Relaciona-se com um ideal e parte de sua própria natureza.

Se, por outro lado, esse mesmo servidor só age assim por satisfação própria, temos a ética do móvel.
Relaciona-se com motivos ou forças que pautam seu comportamento.

- Classificação de Eduardo García Máynez: é a mais utilizada em provas.

ÉTICA EMPÍRICA:

Para estes, todo conhecimento é oriundo de EXPERIÊNCIA, do que pode ser absorvido com os
SENTIDOS, com o mundo externo. Esta linha não questiona o que deve ser feito por cada um, mas
o que cada pessoa efetivamente faz. Para isso, os princípios e valores éticos são extraídos da
observação dos fatos.

A teoria que mais se destaca neste viés é a da ÉTICA UTILITARISTA, que diz que é BOM O QUE
É ÚTIL. É útil o que tende a produzir, em relação aos outros: a) benefício; prazer; ou a prevenção de
danos (dor).

Assim, seria A UTILIDADE QUE INFORMARIA A CORREÇÃO MORAL DA CONDUTA


HUMANA. Esta teoria é considerada empírica porque é da análise dos fatos que se distingue o que
é útil ou não. Jeremy Bentham é o expoente desta linha.

Outra linha da ética empírica igualmente importante é a ÉTICA SUBJETIVISTA, que, como o
próprio nome sugere, posiciona o INDIVÍDUO COMO INÍCIO, PONTO DE PARTIDA, DA
CONDUTA MORAL.

“O homem é a medida de todas as coisas”. Frase de Protágoras, representante da ética empírica


subjetivista. As condutas são éticas quando respeitam interesses individuais ao longo do tempo e, em
última dimensão, o bem geral.

ÉTICA DOS BENS:

O comportamento humano SE ORIENTA PELA BUSCA DE UM BEM, o bem que ordena a ação
humano, o BEM SUPREMO.

Sócrates é um expoente da ética dos bens, já que coloca a felicidade como bem supremo a guiar a
ação humana. NO SERVIÇO PÚBLICO, por exemplo, O BEM COMUM, O INTERESSE
PÚBLICO E DA COLETIVIDADE É O BEM SUPREMO.

ÉTICA FORMAL (FORMALISTA)

Para esta linha, a ética do homem está na sua BOA VONTADE PURA e não na vontade de uma
recompensa ou medo de uma sanção. Valoriza a conduta autônoma e fruto da vontade livre do
agente moral. Immanuel Kant é seu grande representante.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


11

O comportamento ético é aquele de acordo com a norma moral (imperativo categórico) por respeito
ao dever. Ou seja, não é uma a ética baseada nas noções de prazer, utilidade ou punição, por exemplo.

ÉTICA DOS VALORES

A ação ética não está na concepção de um dever propriamente dito, mas na ideia de que TODO
DEVER TEM FUNDAMENTO EM UM VALOR, que significa qualidade atribuída a um bem, o
que é valioso por si.

Esta resta clara e cristalina nos estudos sobre Direito. Os normativos constantemente ressaltam que o
Estado deve pautar suas condutas na dignidade, o decoro, o zelo e a eficácia como valores a serem
sempre perseguidos pelo agente público.

- Classificação de Max Weber: ética da convicção e da responsabilidade

ÉTICA DA CONVICÇÃO

O comportamento humano é guiado pelos valores escolhidos pela pessoa humana, que crê em
valores absolutos e decide por se abster de apreciar os resultados que dela podem advir.

Nesta linha, o contexto perde importância. Sob este viés, por exemplo, mentir será sempre errado,
não importando as possíveis consequências danosas de uma verdade.

ÉTICA DA RESPONSABILIDADE

O sujeito DEVE SE PREOCUPAR COM OS RESULTADOS QUE SURGIRÃO DO SEU


COMPORTAMENTO, haja vista que são os resultados da ação que determinarão se o
comportamento será ético ou não, considerando-se ético o que for melhor e mais justo possível para
o maior número de pessoas possível.

Nesta linha, a consequência importa. Uma mentira pode ser boa ou má, a depender dos resultados
desta.

Segundo Max Webber, as duas éticas devem se mesclar.

ÉTICA, DEMOCRACIA E EXERCÍCIO DA CIDADANIA

É necessário conhecermos alguns conceitos, como o de CIDADÃO. Cidadão é o indivíduo que possui
DIREITOS E DEVERES (civis e políticos, basicamente) em relação a um Estado.

O desenvolvimento moral e ético de uma sociedade é indicado pela efetivação da cidadania e a


consciência coletiva de sua existência, uma vez que tratam de cooperação cívica entre os seus
membros.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


12

Cidadão é o indivíduo com direitos e deveres civis e políticos; e cidadania é a qualidade de ser
cidadão sujeito a direitos e deveres civis e políticos.

Os deveres cívico-políticos de um cidadão, estão intimamente relacionados com o regime político


adotado. Por exemplo, se a forma de governo for republicana (deve haver o respeito à pluralidade,
à transparência, à rotatividade no comando do poder e à divergência de ideias). Se a forma de
governo for a monarquia, a cidadania pode ser virtualmente zero.

A democracia, além da pluralidade e heterogeneidade de ideias, é caracterizada pela


publicidade/transparência do poder e pela certeza de que transitoriedade no poder (modelo
eletivo).

No modelo democrático o poder emana do povo e pode ser exercido através de mecanismos de
cidadania direta
(como referendo e plesbicito) ou indireta (como a eleição dos nossos representantes). Outra
dimensão é a capacidade de questionamento legal dos atos, contratos e decisões de Poder Público,
materializando o controle popular.

Desta forma, podemos concluir que o exercício da cidadania, numa democracia, pauta-se por
contornos éticos, já que ele se materializa na escolha da melhor conduta com vistas ao bem comum.

Socialmente, verificamos o ideal de lidar com o próximo sem discriminá-lo em razão de gênero, sexo,
orientação sexual, origem, posição política, idade, cor, religião ou de qualquer outra razão, o mesmo
deve acontecer nas relações do Estado com os seus cidadãos em um regime democrático.

Ademais, o Estado exerce suas funções por meio de pessoas, que, antes de agentes públicos, são
cidadãs – e têm interesse na sobrevivência da sociedade como qualquer outro cidadão – membros da
sociedade cujo ápice coletivo é própria idealização do Estado.

Diante dessa perspectiva, percebe-se que o desempenho ético das funções públicas de um servidor
beneficia toda a sociedade – inclusive ao próprio servidor público.

Por tal razão, condutas fora de padrões éticos dos servidores podem trazer eventual benefício a
estes, porém, trazem consequências danosas para a coletividade como um todo e até para ele
próprio. Isto posto, o servidor que age fora dos padrões éticos não prejudica apenas a sociedade de
maneira geral, mas também a si mesmo.

Um dos pressupostos básicos para a construção da cidadania é o de que os cidadãos lutem pela
conquista dos direitos definidos por eles próprios como legítimos. Isso faz com que a noção de
cidadania se torne mais ampla, incorporando novos elementos, como o direito à diferença, o
direito à autonomia sobre o próprio corpo, o direito do consumidor, o direito à igualdade, o
direito à qualidade ambiental, dentre outros.

Por exemplo, na seara consumerista, o cidadão, no caso consumidor, pode ser ético, consciente e
responsável, valendo valer seus direitos, cumprindo com seus deveres, optando por compras
ambientalmente sustentáveis, incentivando comércios locais.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


13

Na cidadania geográfica temos outro exemplo. Direitos dos cidadãos dos Estados integrantes
exercidos mediante acordo em territórios dos demais, como na União Europeia e Mercosul. O
Estatuto da Cidadania, no âmbito do Mercosul, confere uma série de direitos e deveres aos cidadãos
nos países integrantes do bloco, tais como: política de livre circulação de pessoas na região,
equivalência de direitos e liberdades civis, sociais e econômicas e de condições para acesso ao
trabalho, à saúde e à educação.

Outro e último exemplo, a DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DO CIDADÃO. Com


ideais basilares na teoria do John Locke, de que todos, independentemente de qualquer condição,
possuem direitos naturais, inalienáveis (que não se pode ser afastado – nem por decisão de seu titular)
inerentes a todos os seres humanos, nasceu o conceito de direitos humanos e da própria cidadania em
escala global. Na Declaração há, inclusive, o "Olho da Providência" brilhando no topo, representando
uma espécie de homologação divina às normas.

ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA

A harmonia social depende de um adequado desempenho moral, um desempenho com valor de todas
as atividades do ser humano, razão pela qual é falado em ética na advocacia, ética na contabilidade,
ética no desporto, ética na medicina e, ainda, ética da gestão da pública, ou da coisa pública (res
publica).

Dizeres ultrapassados ditavam que na função pública haveria uma distinção entre “moral comum” e
“moral política”, subentendendo que o homem médio, comum e aquele que exerce em algum grau
função pública estivesse vinculado à códigos morais distintos, corroborando, portanto, a visão de
Maquiavel, que defendia ter o sujeito político a prerrogativa de agir de maneira diferente da moral
comum, ordinária.

Superando este entendimento, em tempos atuais, sustenta-se uma combinação, uma integração entre
moral comum e moral política, haja vista ser difícil a concepção de que a ética praticada e
experimentada pelos demais cidadãos seja distinta daquela presente no Estado e em seus agentes.

De fato, os agentes públicos, por serem representarem da coletividade, do interesse de todos, as


instituições públicas têm obrigação ainda maior de observar os padrões éticos. Isto posto, o
Estado na gestão da coisa pública democrática, deve ser transparente e moral. Isto é, os agentes
públicos, mais que os cidadãos ordinários, comuns, devem zelar por uma boa conduta ética por
serem representantes do Estado exprimindo não a sua vontade individual, mas sim a vontade
do Estado, da coletividade.

Visando conferir respeito à ética na gestão pública, podemos citar um princípio da Administração
Pública, do Direito Administrativo, qual seja: moralidade administrativa. Esta norma impõe ao
administrador público a observância aos preceitos éticos, de boa conduta, de honestidade, de
probidade, tornando ilícito atos do Poder Público que o ignore.

Esta norma em questão possui previsão constitucional no art. 37, caput, da CRFB/88, e seu
conteúdo, bem como os demais princípios, não possui contornos, textura fechada, justamente por
trazer ao mundo do Direito uma observância obrigatória a preceitos éticos de conduta aplicáveis nos

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


14

mais variados casos, sempre que alguma conduta praticada tiver questionado seu valor ético (se é
valor moralmente negativo).

Nossa Carta Magna, em seu art. 5º, LXXIII, também incluiu mecanismo de controle da ética
pública ao prever a possibilidade de propositura de ação popular por qualquer cidadão quando a
moralidade administrativa, dentre os motivos, for atentada.

CRFB/88. Art. 37. A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

CRFB/88. Art. 5º, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para


propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência.

Isto posto, além da legalidade em sentido estrito e da eficácia em seus atos, os agentes públicos
devem, ainda, respeito aos padrões éticos de conduta, em detrimento de sua necessidade de respeitar
o interesse público. Isto é, um ato administrativo juridicamente de acordo com ditames formais da
lei, porém, por exemplo, em desacordo com a moral, hábitos e costumes e as regras de boa
administração, este ato estará ofendendo ao princípio da moralidade administrativa.

Segundo o “Pai” do Direito Administrativo brasileiro, Hely Lopes Meirelles, “o agente


administrativo, como ser humano dotado de capacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir
o bem do mal, o honesto do desonesto. E ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético da sua
conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo do injusto, o
conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também entre o honesto e o
desonesto”.

Além da própria moralidade, essas atitudes também ferem o princípio constitucional da


impessoalidade.

Neste momento, insta salientar que qualquer atuação diferente à ética, democracia, publicidade,
transparência, viabilidade de controle dos atos público, com uso indiscriminado e injustificado de
força sem preocupação com a confiabilidade de seus atos flerta com o autoritarismo, com a
tirania, a ditadura ou o pretorianismo, modelos marcados pelo excesso de poder militar na seara
política.

OS CÓDIGOS DE ÉTICA
Cada vez mais são arquitetados códigos de ética. Das mais variadas profissões. Por isso temos o
código de ética dos advogados, dos contadores, dos desportistas e, também, dos servidores públicos,
além de outros. É o conjunto de princípios que balizam a conduta funcional de uma determinada
profissão.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


15

Estes códigos de ética, por questões lógicas, trarão uma série de condutas positivas ou negativas,
porém, de forma “meramente” exemplificativa. Isto é, por ser impossível prever todos os
enfrentamentos morais e éticos na carreira de um profissional de determinada carreira, os princípios
destes códigos devem ser tomados como referência para a resolução de conflitos éticos.

Salientamos que estes códigos visam afastar comportamentos antiéticos. O intuito geral é apresentar
uma série de princípios e regras deontológicas (regras que definem condutas corretas a serem
seguidas), condutas de valor (deveres) e de valor moralmente negativo (vedações) buscando orientar
e direcionar à atuação profissional.

Isto posto, podemos conceituar ética profissional como o conjunto de princípios e regras de
condutas que elenca uma série de deveres e proibições de forma exemplificativa visando orientar e
nortear a conduta funcional de
determinada profissão, cuja observância é juridicamente compulsória a partir da previsão em
códigos de ética.

As condutas referendadas nos códigos de ética e seus princípios não se limitam ao desempenho da
função, mas, também, abrangem atos da vida privada. Como exemplo de conduta privada a ser
questionado no âmbito ético, vimos noticiado que, durante a pandemia do COVID-19, uma juíza em
suas redes sociais, no deleite das festas de fim de ano, postar fotos com a #AglomeraBrasil. Ante o
fato, foi apresentado requerimento ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça – órgão de controle do
Poder Judiciário) para instauração de procedimento de apuração de infração administrativa e ética.

Questão: Ser ético é fazer as coisas sem prejudicar os outros e também agir de acordo com os valores
morais da sociedade a que você pertence. Pode se dizer que são comportamentos éticos os abaixo
relacionados, EXCETO:
a) avaliar as consequências, em relação aos seus colegas, daquilo que você vai fazer.
b) brincar, mas com cuidado, evitando magoar o colega ou fugir da tarefa que tem a fazer.
c) fazer alguma coisa da qual você não pode assumir a responsabilidade, mas que seu chefe pode
gostar.
d) procurar cumprir os prazos que são dados, planejando-os.
e) saber ouvir e, de preferência, ouvir mais do que falar.

Gabarito: C

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


16

LEI Nº 8.027, DE 12 DE ABRIL DE 1990.

Dispõe sobre normas de conduta dos servidores públicos civis da União, das Autarquias e das
Fundações Públicas, e dá outras providências.

Art. 1º Para os efeitos desta lei, servidor público é a pessoa legalmente investida em cargo ou em
emprego público na administração direta, nas autarquias ou nas fundações públicas.

Art. 2º São deveres dos servidores públicos civis:

I - exercer com zelo e dedicação as atribuições legais e regulamentares inerentes ao cargo ou função;

II - ser leal às instituições a que servir;

III - observar as normas legais e regulamentares;

IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;

V - atender com presteza:

a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas pelo sigilo;

b) à expedição de certidões requeridas para a defesa de direito ou esclarecimento de situações de


interesse pessoal;

VI - zelar pela economia do material e pela conservação do patrimônio público;

VII - guardar sigilo sobre assuntos da repartição, desde que envolvam questões relativas à segurança
pública e da sociedade;

VIII - manter conduta compatível com a moralidade pública;

IX - ser assíduo e pontual ao serviço;

X - tratar com urbanidade os demais servidores públicos e o público em geral;

XI - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.

Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XI deste artigo será obrigatoriamente apreciada
pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representado ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes.

Art. 3º São faltas administrativas, puníveis com a pena de advertência por escrito:

I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do superior imediato;

II - recusar fé a documentos públicos;

III - delegar a pessoa estranha à repartição, exceto nos casos previstos em lei, atribuição que seja de sua
competência e responsabilidade ou de seus subordinados.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


17

Art. 4º São faltas administrativas, puníveis com a pena de suspensão por até 90 (noventa) dias, cumulada,
se couber, com a destituição do cargo em comissão:

I - retirar, sem prévia autorização, por escrito, da autoridade competente, qualquer documento ou objeto
da repartição;

II - opor resistência ao andamento de documento, processo ou à execução de serviço;

III - atuar como procurador ou intermediário junto a repartições públicas;

IV - aceitar comissão, emprego ou pensão de Estado estrangeiro, sem licença do Presidente da


República;

V - atribuir a outro servidor público funções ou atividades estranhas às do cargo, emprego ou função que
ocupa, exceto em situação de emergência e transitoriedade;

VI - manter sob a sua chefia imediata cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;

VII - praticar comércio de compra e venda de bens ou serviços no recinto da repartição, ainda que fora
do horário normal de expediente.

Parágrafo único. Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser
convertida em multa, na base de cinquenta por cento da remuneração do servidor, ficando este obrigado
a permanecer em serviço.

Art. 5º São faltas administrativas, puníveis com a pena de demissão, a bem do serviço público:

I - valer-se, ou permitir dolosamente que terceiros tirem proveito de informação, prestígio ou influência,
obtidos em função do cargo, para lograr, direta ou indiretamente, proveito pessoal ou de outrem, em
detrimento da dignidade da função pública;

II - exercer comércio ou participar de sociedade comercial, exceto como acionista, cotista ou


comanditário;

III - participar da gerência ou da administração de empresa privada e, nessa condição, transacionar com
o Estado;

IV - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares;

V - exercer quaisquer atividades incompatíveis com o cargo ou a função pública, ou, ainda, com horário
de trabalho;

VI - abandonar o cargo, caracterizando-se o abandono pela ausência injustificada do servidor público ao


serviço, por mais de trinta dias consecutivos;

VII - apresentar inassiduidade habitual, assim entendida a falta ao serviço, por vinte dias,
interpoladamente, sem causa justificada no período de seis meses;

(ATENÇÃO: na Lei 8.112/90, conforme artigo 139, entende-se por inassiduidade habitual a falta ao
serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o período de doze meses.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


18

Deve-se ficar sempre atento ao enunciado da questão. Na pergunta tem que vir dizendo qual é a Lei ou
questão será cabível de recurso).

VIII - aceitar ou prometer aceitar propinas ou presentes, de qualquer tipo ou valor, bem como
empréstimos pessoais ou vantagem de qualquer espécie em razão de suas atribuições.

Parágrafo único. A penalidade de demissão também será aplicada nos seguintes casos:

I - improbidade administrativa;

II - insubordinação grave em serviço;

III - ofensa física, em serviço, a servidor público ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de
outrem;

IV - procedimento desidioso, assim entendido a falta ao dever de diligência no cumprimento de suas


atribuições;

V - revelação de segredo de que teve conhecimento em função do cargo ou emprego.

Art. 6º Constitui infração grave, passível de aplicação da pena de demissão, a acumulação remunerada
de cargos, empregos e funções públicas, vedada pela Constituição Federal, estendendo-se às autarquias,
empresas públicas, sociedades de economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, e fundações mantidas pelo Poder Público.

Art. 7º Os servidores públicos civis são obrigados a declarar, no ato de investidura e sob as penas da lei,
quais os cargos públicos, empregos e funções que exercem, abrangidos ou não pela vedação
constitucional, devendo fazer prova de exoneração ou demissão, na data da investidura, na hipótese de
acumulação constitucionalmente vedada.

§ 1º Todos os atuais servidores públicos civis deverão apresentar ao respectivo órgão de pessoal, no
prazo estabelecido pelo Poder Executivo, a declaração a que se refere o caput deste artigo.

§ 2º Caberá ao órgão de pessoal fazer a verificação da incidência ou não da acumulação vedada pela
Constituição Federal.

§ 3º Verificada, a qualquer tempo, a incidência da acumulação vedada, assim como a não apresentação,
pelo servidor, no prazo a que se refere o § 1º deste artigo, da respectiva declaração de acumulação de
que trata o caput, a autoridade competente promoverá a imediata instauração do processo administrativo
para a apuração da infração disciplinar, nos termos desta lei, sob pena de destituição do cargo em
comissão ou função de confiança, da autoridade e do chefe de pessoal.

Art. 8º Pelo exercício irregular de suas atribuições o servidor público civil responde civil, penal e
administrativamente, podendo as cominações civis, penais e disciplinares cumular-se, sendo umas e
outras independentes entre si, bem assim as instâncias civil, penal e administrativa.

§ 1º Na aplicação das penas disciplinares definidas nesta lei, serão consideradas a natureza e a gravidade
da infração e os danos que dela provierem para o serviço público, podendo cumular-se, se couber, com
as cominações previstas no § 4º do art. 37 da Constituição.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


19

§ 2º A competência para a imposição das penas disciplinares será determinada em ato do Poder
Executivo.

§ 3º Os atos de advertência, suspensão e demissão mencionarão sempre a causa da penalidade.

§ 4º A penalidade de advertência converte-se automaticamente em suspensão, por trinta dias, no caso de


reincidência.

§ 5º A aplicação da penalidade de suspensão acarreta o cancelamento automático do valor da


remuneração do servidor, durante o período de vigência da suspensão.

§ 6º A demissão ou a destituição de cargo em comissão incompatibiliza o ex-servidor para nova


investidura em cargo público federal, pelo prazo de cinco anos.

§ 7º Ainda que haja transcorrido o prazo a que se refere o parágrafo anterior, a nova investidura do
servidor demitido ou destituído do cargo em comissão, por atos de que tenham resultado prejuízos ao
erário, somente se dará após o ressarcimento dos prejuízos em valor atualizado até a data do pagamento.

§ 8º O processo administrativo disciplinar para a apuração das infrações e para a aplicação das
penalidades reguladas por esta lei permanece regido pelas normas legais e regulamentares em vigor,
assegurado o direito à ampla defesa.

§ 9º Prescrevem:

I - em dois anos, a falta sujeita às penas de advertência e suspensão;

II - em cinco anos, a falta sujeita à pena de demissão ou à pena de cassação de aposentadoria ou


disponibilidade.

§ 10. A falta, também prevista na lei penal, como crime, prescreverá juntamente com este.

Art. 9º Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na ativa, falta
punível com demissão, após apurada a infração em processo administrativo disciplinar, com direito à
ampla defesa.

Parágrafo único. Será igualmente cassada a disponibilidade do servidor que não assumir no prazo legal
o exercício do cargo ou emprego em que for aproveitado.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br


20

Vamos praticar com questões da banca?

1- Questão da banca Instituto Selecon/2023: Danla foi aprovada em concurso público para cargo de nível
superior e tomou posse no setor com vários outros funcionários. Após o período de adaptação, revelou ter uma
personalidade comunicativa, pois sempre saudava os colegas com sorriso estampado no rosto e realizava os
atendimentos às pessoas da comunidade que procuravam os serviços estatais. Nos termos da Lei nº 8.027/90,
constitui dever do servidor tratar os demais servidores com:

A) afeto

B) empatia

C) indiferença

D) urbanidade

E) neutralidade

2- Questão da banca Instituto Selecon/2023: Kel foi flagrado cometendo atos libidinosos em público, o que
causou revolta nos populares que transitavam no local e gerou intervenção da Guarda Municipal e de agentes
policiais de plantão. Posteriormente, foi divulgado que o autor dos atos libidinosos seria servidor público federal.
Nos termos da Lei nº 8.027/90, um dos deveres dos servidores consiste em manter conduta compatível com a
moralidade:

A) social

B) pública

C) pessoal

D) religiosa

E) conservadora

3- Questão da banca Instituto Selecon/2023: Apolo é servidor público e coordena o serviço de documentação
do órgão onde exerce sua atividade. No exercício da sua função, recebeu um requerimento para expedição de
certidão cujas regras regulamentares estabeleciam prazo de cinco dias para elaboração e entrega. Diante da
urgência manifestada pelo requerente, prontamente providenciou o documento e o entregou no mesmo dia,
durante o expediente ordinário. Nos termos da Lei nº 8.027/2018, o ato praticado pelo servidor foi:

A) relevante para proporcionar futura promoção

B) desnecessário, pelo prazo curto previsto

C) decorrente do dever legal de presteza

D) originado de questão pessoal

E) liberal e destoa da regra

Gabarito: 1- D / 2- B / 3- C.

SUGESTÕES, CRÍTICAS | contato@focadonoedital.com.br

Você também pode gostar