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OSWALDO CRUZ
SÃO PAULO
2022
PEDRO RICARDO PESSOA QUEIROZ
São Paulo
2022
AGRADECIMENTOS
Eu, Pedro Ricardo Pessoa Queiroz, agradeço a Deus pela força e saúde para que pudesse
chegar até aqui. Agradeço a todos os professores que contribuíram para o meu aprendizado, e
em especial meu amigo e orientador Júlio Eduardo pela orientação na conclusão deste trabalho.
Agradeço a todos que participaram direta e indiretamente desse momento e agradeço todo apoio
que eles me deram. Agradeço a minha esposa Natacha por toda a ajuda e paciência que teve
comigo durante esse período.
LISTA DE FIGURAS
A sífilis é uma das infecções sexualmente transmissíveis (IST), causada pelo Treponema pallidum de
evolução crônica, que pode ser transmitida sexualmente ou verticalmente. A doença pode ser dividida
em sífilis adquirida, sífilis em gestantes ou sífilis congênita, dividida em vários estágios como
primária, secundária e terciária. Os profissionais farmacêuticos devem estar aptos a reconhecer as
manifestações clínicas da sífilis e outras IST, pois as farmácias e drogarias são consideradas uma das
entradas para os pacientes no sistema de saúde. O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão
sistemática da literatura sobre sífilis, com foco no comportamento do farmacêutico quanto à
percepção, identificação da posologia e medicações corretas além da sua importância na assistência
farmacêutica. Observou-se que o farmacêutico pode ajudar os pacientes a prevenir e a tratar a sífilis
por meio da atenção farmacêutica, reduzindo a automedicação, analisando múltiplos medicamentos e
suas interações medicamentosas e efeitos adversos. Tendo como maior dificuldade, a necessidade de
maior investimento em políticas públicas de conscientização e treinamento dos profissionais da saúde
a fim de reduzir o número de infectados, bem como a necessidade de maior reconhecimento do
profissional farmacêutico como agente promotor da saúde.
Syphilis is one of the sexually transmitted infections (STI), caused by the chronically evolving
Treponema pallidum, which can be transmitted sexually or vertically. The disease can be divided into
acquired syphilis, syphilis in pregnant women, or congenital syphilis, divided into various stages such
as primary, secondary, and tertiary. Pharmaceutical professionals must be able to recognize the clinical
manifestations of syphilis and other STDs, because pharmacies and drugstores are considered one of the
entrances for patients in the health care system. The objective of this study was to perform a systematic
review of the literature on syphilis, focusing on the behavior of the pharmacist regarding perception,
identification of the correct posology and medications, and their importance in pharmaceutical
assistance. It was observed that the pharmacist can help patients to prevent and treat syphilis through
pharmaceutical care, reducing self-medication, analyzing multiple medications and their drug
interactions and adverse effects. The greatest difficulty is the need for more investment in public policies
to raise awareness and train health professionals in order to reduce the number of infected people, as
well as the need for greater recognition of the pharmaceutical professional as a health promoter agent.
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 7
2. OBJETIVOS .................................................................................................................................. 9
3. METODOLOGIA ......................................................................................................................... 9
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................... 10
4.1. MICROBIOLOGIA .................................................................................................................. 10
4.2. TRANSMISSÃO....................................................................................................................... 10
4.3. CLASSIFICAÇÃO DA SÍFILIS ............................................................................................... 12
4.3.1. Sífilis Adquirida .................................................................................................................. 12
4.3.2. Sífilis em gestantes............................................................................................................... 13
4.3.3. Sífilis congênita .................................................................................................................... 13
4.4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA SÍFILIS.......................................................................... 15
4.4.1. Sífilis primária ..................................................................................................................... 15
4.4.2. Sífilis secundária.................................................................................................................. 16
4.4.3. Sífilis terciária...................................................................................................................... 18
4.4.4. Sífilis latente ......................................................................................................................... 19
4.5. EPIDEMIOLOGIA ................................................................................................................... 19
4.6. DIAGNÓSTICO........................................................................................................................ 21
4.6.1. Técnicas diretas ................................................................................................................... 22
4.6.1.1. Observação ao microscópio de campo escuro ................................................................... 22
4.6.1.2. Imunofluorescência Direta (IFD) ...................................................................................... 23
4.6.1.3. Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) .......................................................................... 24
4.6.2. Técnicas Indiretas ............................................................................................................... 24
4.6.2.1. Testes não-treponêmicos ................................................................................................... 25
4.6.2.1.1. Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) .............................................................. 26
4.6.2.1.2. Rapid Plasma Reagin (RPR) ............................................................................................. 26
4.6.2.2. Testes treponêmicos .......................................................................................................... 27
4.6.2.2.1. Absorção de Anticorpos Treponêmicos Fluorescentes (FTA-Abs) ................................... 28
4.6.2.2.2. Ensaio de Hemaglutinação Treponema pallidum (TPHA) ............................................... 28
4.7. TRATAMENTO ....................................................................................................................... 29
4.7.1. Tratamento da sífilis precoce ............................................................................................. 30
4.7.2. Tratamento da sífilis tardia ................................................................................................ 30
4.7.3. Tratamento em caso de alergia à penicilina ...................................................................... 30
4.7.3.1. Sífilis precoce .................................................................................................................... 30
4.7.3.2. Sífilis terciária ................................................................................................................... 31
4.7.3.3. Sífilis latente tardia de duração indeterminada. ................................................................ 31
4.7.4. Sífilis Congênita ................................................................................................................... 31
4.7.5. Neurossífilis.......................................................................................................................... 32
4.8. ATENÇÃO FARMACÊUTICA ............................................................................................... 33
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 37
6. CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 38
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 39
7
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos 10 anos, no Brasil, foi constatado um crescimento nas notificações de casos de
sífilis congênita, adquirida e sífilis em gestantes que, em parte, pode ser imposto ao
aperfeiçoamento do sistema de vigilância e ao aumento do uso de testes rápidos. (MADEIRA
et al, 2019).
No geral, a transmissão da sífilis ocorre nas relações sexuais sem devida proteção, ou em
alguns casos pelo contato com as lesões de pessoas infectadas. Mesmo que esteja disponível
diversos tipos de tratamentos, os indivíduos apresentam grande chance de reinfecção,
agravando ainda mais a estatística da sífilis no Brasil (DORADO et al., 2014). Em grande parte,
os casos de reinfecção são subnotificados devido ao pouco conhecimento e costume com a
doença, bem como por parte dos agentes de saúde que necessitam de educação periódica
referente ao assunto (LAFETÁ, 2016).
Assim que ocorre a infecção, surge a sífilis primária é possível identifica-la devido a
presença de úlceras (sinal de crescimento bacteriano). Entretanto na fase secundária surge
lesões cutâneas na pele, principalmente no tronco, pés e mãos, além de lesões mucosas, febre,
fraqueza muscular, alopecia, etc. Já na fase terciária, é mais tardia e pode aparecer anos após a
infecção e é caracterizado por lesões na pele, rim, ossos, fígado, entre outros (DORADO et al,
2014).
A infecção pelo Treponema pallidum não confere imunidade permanente, por isso, é
necessário diferenciar entre a persistência de exames reagentes (cicatriz sorológica) e a
reinfecção pelo T. pallidum. Sendo assim o diagnóstico laboratorial da sífilis pode-se utilizar
os testes treponêmicos e os não treponêmicos (BRASIL, 2006).
8
2. OBJETIVOS
Este trabalho busca apresentar a sífilis e também os seus diferentes tipos, tendo como
enfoque principal a sífilis congênita e de quais maneiras os farmacêuticos podem atuar na
promoção à saúde, diagnóstico e correto uso dos medicamentos.
3. METODOLOGIA
Para este trabalho, foi efetuada revisão bibliográfica referente ao tema atenção
farmacêutica para a Sífilis, na qual foram realizadas buscas e consultas em artigos científicos,
pesquisando no Google, revistas e jornais online, Scientific Eletronic Library Online (SciELO)
, site do Ministério da Saúde do Brasil, Conselho Federal de Farmácia e Biblioteca Virtual em
Saúde do Ministério da Saúde. Além disso utilizou-se as seguintes palavras chaves: Sífilis,
Sífilis Congênita, Treponema pallidum e Atenção Farmacêutica.
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1. MICROBIOLOGIA
A sífilis é causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum, gênero Treponema, da
família dos Treponemataceae. O T. pallidum tem forma de espiral (10 a 20 voltas), com cerca
de 5-20μm de comprimento e apenas 0,1 a 0,2μm de espessura. Não possui membrana celular
e é protegido por um envelope externo com três camadas ricas em moléculas de ácido N-acetil
murâmico e N-acetil glucosamina. Apresenta flagelos que se iniciam na extremidade distal da
bactéria e encontram-se junto à camada externa ao longo do eixo longitudinal. Move-se por
rotação do corpo em volta desses filamentos (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006).
4.2. TRANSMISSÃO
A sífilis é transmitida por meio das relações sexuais sem proteção, contato com sangue
ou produtos sanguíneos como agulhas contaminadas ou transfusão com sangue não testado, da
mãe para o filho em qualquer fase da gestação ou no parto, em que se enquadra no tipo sífilis
congênita e pela amamentação. (BRASILa, 2021). Caso a sífilis não seja tratada precocemente,
11
é possível que comprometa alguns órgãos como olhos, pele, ossos, coração, cérebro e sistema
nervoso. (FIOCRUZ, 2020). Mesmo que possua um tratamento acessível, a sífilis ainda atinge
milhões de pessoas ao redor do mundo. (CIDACS, 2021).
Em geral as pessoas com sífilis são assintomáticas e isso contribui para manter o círculo
de transmissão da doença. Se não tratada, a doença pode evoluir para complicações sistêmicas
graves, após vários anos da infecção inicial. (FREITAS et al, 2020). Por ser inicialmente
assintomática o paciente abandona o tratamento, por entender, de forma erronia, que está
curado, ou por receio de serem alvo de preconceito, tornando-se um agente transmissor da
doença (CAVALCANTE et al, 2013).
Ainda não existe vacina contra a sífilis, e a infecção pela bactéria causadora não confere
imunidade protetora. Isso significa que as pessoas poderão ser infectadas tantas vezes quantas
forem expostas ao T. pallidum (BRASIL,2021).
No geral, para que tenha a infecção, vai depender do estágio em que encontra-se a
doença na pessoa (DORADO et al, 2014). A infectividade da sífilis por transmissão sexual é
maior (cerca de 60%) nos estágios iniciais (primária, secundária e latente recente), diminuindo
gradualmente com o passar do tempo (latente tardia e terciária) (PAULO,2021).
Para se combater a sífilis as melhores formas são através de prevenção (como fazer o
uso correto de preservativos) e campanhas direcionadas ao público-alvo. Porém, Entre os
fatores sociodemográficos, a pouca escolaridade, baixa renda e situação conjugal (união estável
ou não estável) são apontadas como situações de risco e uma expressão de que a sífilis se
12
relaciona com a pobreza, embora não se limite a ela. Alienado a estes fatos, não menos
importante são os comportamentos que vulnerabilizam as mulheres, associando-se a maior
risco, como a menor idade da primeira relação sexual e da gestação, elevado número de
parceiros sexuais, não adesão a práticas de sexo seguro, uso de drogas ilícitas e psicoativas,
entre outros (MACÊDO et al, 2017).
Geralmente, na fase primária, apresenta-se ferida única, no local de entrada da bactéria (pênis,
vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece cerca de 10 a 90
dias depois do contágio. (GERAIS, 2022). Na fase secundária, os sinais e sintomas aparecem
entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial. Podem surgir
manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés,
além de febre, dor de cabeça e mal estar. A fase terciária provoca sintomas bem mais graves
acometendo os órgãos internos, sistema cardíaco e até mesmo o sistema nervoso central (SNC),
podendo surgir entre 1 e 40 anos após o início da infecção, além de poder até levar à morte.
Quanto ao tempo após a infecção, se classifica em latente precoce (menos de um ano) ou latente
tardia (mais de um ano) (BRASILc, 2021).
13
Com a transmissão por meio de relações sexuais, igualmente à sífilis adquirida, o que
traz maior receio nestes casos é a gestante ser acometida pela infecção, e não haver o prévio
reconhecimento e tratamento adequado da doença, podendo acarretar na contaminação vertical,
A transmissão vertical do T. pallidum pode ocorrer em qualquer fase gestacional ou estágio
clínico da doença materna (BRASIL, 2006).
A sífilis congênita é transmitida pela mãe não tratada ou tratada inadequadamente para
criança durante a gestação esse tipo de transmissão é chamado de transmissão vertical (GOIÁS,
2019).
leva à formação atenuada de anticorpos pela mãe, o que atenuará a infecção ao feto, produzindo
lesões mais tardias na criança (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006). Segundo a secretaria
municipal da cidade de São Paulo, a taxa de transmissão vertical em mulheres não tratadas varia
de 70 a 100% nas fases primária, secundária e latente recente da doença materna e é de 30%
nas fases mais tardias da infecção materna. Além disso, entre os desfechos adversos resultantes
da sífilis materna não tratada, 40% resultarão em perdas gestacionais precoces, 11% em morte
fetal a termo e 12 a 13% em partos pré-termo ou baixo peso ao nascimento. (PAULO,2021).
Cabe ressaltar que, a sífilis congênita afeta os recém-nascidos em maior número, do que
qualquer outra doença neonatal (DORADO et al, 2014).
A progressão natural e histórica da doença mostra evolução que alterna entre períodos
de atividade com características clínicas, imunológicas e histopatológicas distintas (sífilis
primária, secundária e terciária) e períodos de latência (sífilis latente). Além disso divide-se em
sífilis recente, nos casos em que é feito em até um ano depois da infecção o seu diagnóstico, e
sífilis tardia, quando o diagnóstico é realizado após um ano. (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006).
A sífilis primária é caracterizada pelo surgimento de lesão ulcerada indolor com bordas
endurecidas, no local do contágio, denominado como cancro duro, com cerca de 90 % dos casos
localizados na região genital. Geralmente entre três a quatro semanas há cicatrização
espontânea mesmo não sendo realizado tratamento, isso se deve a uma resposta imunológica
do indivíduo. O diagnóstico dessa fase se dá pelo raspado da lesão, no qual será possível
observar a bactéria por meio de microscópio de campo escuro (SILVA,2020).
entre 10 e 90 dias após o contágio. Em pessoas que realizam relações sexuais pela via anal, há
o surgimento do cancro que se localiza na região anorretal, que pode vir a ser confundida com
uma fissura anal, por apresentar hemorragia e dor ao defecar (DORADO et al, 2014). Essa lesão
é rica em bactérias e é chamada de “cancro duro”. Normalmente, ela não dói, não coça, não
arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha e essa ferida
desaparece sozinha, independentemente de tratamento (BRASIL, 2020).
Sendo assim, as principais manifestações desta fase são as lesões cutâneas, as quais
ocorrem em grande quantidade, predominantemente no tronco (Figura 3) e nas extremidades
(mãos e pés) (Figura 4). Tais erupções medem de 0,5-2 cm (DORADO et al, 2014). Se a lesão
acontece nas áreas úmidas do corpo, chama-se de condilomas planos. Se afeta a mucosa oral
ou genital, são esbranquiçadas e podem ser de 3 tipos: erosivas, papuloerosivas ou ulcerosas
(DORADO et al, 2014).
Segundo o Ministério da Saúde o Brasil, a sífilis terciaria pode surgir entre 1 e 40 anos
após o início da infecção (BRASILc, 2021). O desenvolvimento deste estágio ocorre em cerca
de um terço dos infectados, sendo estes os que não realizaram o tratamento corretamente
(ERRANTE, 2016).
Uma fase assintomática e sem sinais de infecção, pode ser detectada apenas realizando
exames sorológicos nos pacientes que apresentaram sintomas da sífilis primária e secundária.
Depois de sanados os sintomas de forma espontânea, começa a fase latente (DORADO et al,
2014). É subdividida em latente recente (infecção até um ano passado) e latente tardia (infecção
com mais de um ano passado, porém o infectado ainda transmiti a doença.) (GERAIS,2022).
4.5. EPIDEMIOLOGIA
De acordo com a OMS, estimasse que a incidência de casos de IST curáveis em 376,4
milhões, entre os quais 6,3 milhões de casos de sífilis conforme dados de 2009 a 2016
20
Na figura abaixo (Figura 9), podemos observar a evolução das taxas de sífilis de 2010 a
2020. Nesse período, verifica-se que a taxa de incidência de sífilis congênita chegou a alcançar,
no ano de 2018, 9,0 casos por 1.000 nascidos vivos, com queda nos anos de seguintes, atingindo
7,7 casos por 1.000 nascidos vivos em 2020. Já a taxa de detecção de sífilis em gestantes
alcançou 21,8 casos por 1.000 nascidos vivos em 2019 e decresceu para 21,6 por 1.000 nascidos
vivos em 2020 (BRASILb, 2021).
21
Embora se observe uma diminuição dos casos de sífilis em quase todo o país, cabe
ressaltar que parte dessa redução pode estar relacionada à identificação de problemas de
transferência de dados entre as esferas de gestão do SUS, o que pode ocasionar diferença no
total de casos entre as bases de dados municipal, estadual e federal de sífilis (BRASILb,2021).
4.6. DIAGNÓSTICO
Para realizar o diagnóstico da doença, estão disponíveis técnicas diretas, que identificam
a bactéria inteira ou parcialmente, e também técnicas indiretas, identificam as respostas dos
anticorpos do corpo do hospedeiro ao patógeno (DORADO et al, 2014). Entretanto, a utilização
de testes sorológicos permanece como sendo a principal forma de se estabelecer o diagnóstico
da sífilis (BRASIL, 2006).
congênita, principalmente quando as crianças forem filhas de mães que não fizeram pré-natal
(SILVA, 2020).
As técnicas diretas são: microscopia de campo escuro que é realizado com amostra
coletada diretamente da lesão (BRASIL, 2010), imunofluorescência direta (IFD) e amplificação
genômica (Reação em Cadeia da Polimerase - PCR), são usados apenas nos estágios iniciais do
cancróide (sífilis primária e secundária), que são ricos em bactérias que tornam essas técnicas
eficazes: Como essas técnicas procuram bactérias e/ou suas estruturas. O uso dessas técnicas
em um estágio posterior é coagido a ineficiências (DORADO et al, 2014).
Para esta técnica, a úlcera deve ser limpa com gaze estéril e solução salina. Após esse
procedimento, é necessário pressionar a base do cancro até que a secreção saia. Uma lâmina
deve ser colocada contra essa secreção e uma lamínula deve ser colocada imediatamente sobre
a secreção na lâmina. O material é levado ao microscópio com condensador de campo escuro,
em que é possível, com luz indireta, a visualização do T. pallidum vivo e móvel. (Figura 10). É
considerado um teste rápido, de baixo custo e definitivo. A sensibilidade varia de 74 a 86%,
podendo a especificidade alcançar 97% dependendo da experiência do avaliador. A técnica não
é recomendada para úlceras na cavidade oral e ânus, já que não é muito específica e diferentes
espiroquetas não-patogênicas podem ser confundidas (DORADO et al, 2014).
23
Exame altamente específico e com sensibilidade maior que 90%. Praticamente elimina a
possibilidade de erros de interpretação com treponemas saprófitas. É chamado de DFA-TP
(diret fluorescent-antibody testing for T. pallidum (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006). É
utilizada em sífilis primária, terciária e congênita (DORADO et al, 2014). As microscopias com
material corado e de imunofluorescência direta têm-se tornado pouco utilizadas no Brasil. As
colorações com prata e demais corantes histológicos possuem baixa sensibilidade e
especificidade para T. pallidum, além de serem técnicas mais complexas (THEEL; KATZ;
PILLAY) (BRASIL, 2021d). O melhor local e o tempo de evolução das lesões cutâneas para
realizar biópsia para o exame de imunofluorescência direta (IFD) dependem da enfermidade
em investigação. Em termos gerais, a biópsia deve ter uma extensão adequada (punch 4mm),
bem como uma profundidade que represente epiderme e derme suficientes. Além disso, quanto
menor for o traumatismo realizado durante o procedimento, melhor será a amostra para análise.
Nesta técnica, lâminas com secreções de úlcera são fixadas com anticorpos monoclonais,
coradas e secas para posterior observação em microscópio de fluorescência. Essa visualização
se deve ao uso de rótulos emissores de fluorescência, como fluorocromos (Figura 11) (AOKI
et al, 2010).
24
A técnica amplificará os ácidos nucleicos e poderá ser usada com amostras frescas. Pode
ser feito com várias amostras, mas as amostras que garantem melhores resultados são aquelas
coletadas de úlceras genitais e lesões exsudativas. (DORADO et al, 2014).
• quantitativos – são utilizados para determinar o título dos anticorpos presentes nas
amostras que tiveram resultado reagente no teste qualitativo e para o monitoramento da resposta
ao tratamento. O título é indicado pela última diluição da amostra que ainda apresenta
reatividade ou floculação visível (BRASIL,2021).
26
VDRL é uma reação que acontece entre um antígeno lipídico, em especial a cardiolipina,
e o soro do paciente, que leva a formação de flocos, que podem ser vistos ao microscópio óptico
(ERRANTE, 2016).
São testes quantitativos, ambos de baixo custo, que ficam positivos entre as segunda e
quarta semanas após aparecimento do cancro de inoculação e apresentando títulos mais
elevados nas formas secundárias, recente latente e tardia. Por serem quantitativos e a pela
tendência de se tornarem negativos entre seis e 12 meses, são os mais indicados para
acompanhamento pós-terapêutico da doença (NADAL, 2007).
O VDRL continua sendo o teste escolhido para a detecção de reagina nos espécimes no
líquido cefalorraquidiano (LCR) obtidos de pacientes com neurossífilis (BRASIL, 2015).
Fonte: BOENO,2015
O Rapid Plasma Reagin (RPR) foi desenvolvido em 1957 e se aplica a amostras de soro
e plasma. Além da mistura habitual (cardiolipina-colesterol-lecitina), contém cloreto de colina,
27
Os testes treponêmicos não são utilizados para monitorar o tratamento e têm sido pouco
usados em procedimentos de triagem, sob a alegação de terem menor sensibilidade do que os
não treponêmicos durante as primeiras semanas da infecção. Na verdade, os testes treponêmicos
ELISA, que detectam anticorpos das classes IgG e IgM utilizando como frações antigênicas
proteínas recombinantes (TpN47, TpN14 e TpN15), têm apresentado elevada sensibilidade,
28
igual ou superior à dos testes não treponêmicos na fase inicial da infecção (SÁEZ-ALQUÉZAR
et al, 2008).
4.7. TRATAMENTO
Através de uma descoberta de Fleming em 1928 é que surgiu a Penicilina, mas somente
nos anos de 1943, a sífilis começou a ser tratada com o antibiótico Penicilina, e ainda é utilizada
atualmente, atua em todas as fases da doença. Esse fármaco interage na síntese do
peptidoglicano presente na parede celular do Treponema pallidum, levando à entrada de água
e, consequentemente, à morte do microrganismo21. A escolha da dose ideal do tratamento
baseia-se na fase da doença, no caso de gestantes, a administração medicamentosa com
Penicilina benzatina parenteral G deve ser realizada no primeiro trimestre da gestação, assim
como seu parceiro, para tentar evitar transmissão ao feto, caso não ocorra a terapêutica
adequada, o feto deverá ser tratado (AVELLEIRA; BOTTINO, 2006, SILVA, 2020).
Em adultos: Benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI, IM, dose única (1,2 milhão UI
em cada glúteo) (MORALES-MÚNERA et al, 2014, BRASIL, 2020).
Em crianças: a dose de penicilina G-benzatina deve ser ajustada por peso (50.000 U /
kg, máximo de 2,4 MU/por semana), por via intramuscular durante 3 semanas (DORADO et
al, 2014).
Em adultos: é realizado com Benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI, IM, uma vez
por semana (1,2 milhão UI em cada glúteo) por 3 semanas (MORALES-MÚNERA et al, 2014,
BRASIL, 2020).
1- Doxiciclina 100 mg por via oral duas vezes ao dia por 15 dias (BRASIL, 2020).
31
2- Ceftriaxona 1 g por via intramuscular ou intravenosa uma vez por dia durante 10-14
dias (DORADO et al, 2014).
3- Azitromicina 2 g por via oral em dose única (DORADO et al, 2014).
1- Doxiciclina 100 mg por via oral duas vezes ao dia por 30 dias (BRASIL, 2020).
2- Ceftriaxona 1 g por via intramuscular ou intravenosa uma vez por dia durante 10-14
dias (DORADO et al, 2014)
1- Doxiciclina 100 mg por via oral duas vezes ao dia por 30 dias (BRASIL,
2020).
Toda gestante infectada pelo T. pallidum deve ser tratada nos casos de Sífilis recente:
sífilis primária, secundária e latente recente (com até um ano de evolução), com penicilina
Benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI, IM, dose única (1,2 milhão UI em cada glúteo). Para
Sífilis tardia: sífilis latente tardia (com mais de um ano de evolução) ou latente com duração
ignorada e sífilis terciária o tratamento deve ser realizado com Benzilpenicilina benzatina 2,4
milhões UI, IM, 1x/semana (1,2 milhão UI em cada glúteo) por 3 semanas. Dose total: 7,2
milhões UI, IM (BRASIL, 2020).
É muito importante ressaltar que a gestante e seu companheiro devem ser orientados de
forma direta, clara e correta para que as informações cheguem com precisão até eles. Pessoas
com renda e escolaridade baixas tendem a ter mais barreiras para absorver informações
(VASCONCELOS et al., 2016). Vários são os fatores que influenciam quanto a adesão do
parceiro ao tratamento da sífilis, dos quais podemos citar os fatores socioeconômicos, culturais,
educacionais e o próprio tratamento, como medicação e via de administração (HILDEBRAND,
2010).
4.7.5. Neurossífilis
A prestação do farmacêutico deve ser a atenção que um dado paciente requer e recebe
com garantias do uso seguro e racional dos medicamentos garantindo assim a eficácia da
farmacoterapia (GERAIS, 2010).
A percepção dos farmacêuticos frente a nova prática clínica, antes emoldurada por um perfil
mais administrativo, hoje decorrente das necessidades de melhoria nas condições de saúde dos
usuários do SUS e apontamentos de necessidade de suporte técnico para a equipe
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi apresentado neste trabalho que a Sífilis é doença infecciosa com presença em todos
os continentes, e afeta milhares de pessoas todos os anos. É causada por uma bactéria chamada
Treponema pallidum e tem forma de espiral (AVALLEIRA; BOTTINO, 2006).
A sua transmissão ocorre por meio de relações sexuais ou pelo contato direto com as
lesões cutâneas. É classificada em fase primária, secundária, terciária e latente (SILVA, 2020).
Podendo ser identificada através de técnicas diretas e indiretas, bem como realizado o
tratamento através da utilização da penicilina (DORADO et. al, 2014).
6. CONCLUSÃO
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AOKI V., SOUZA J.X.J., FUKUMORI L.M., PERIGO A.M., FREITAS E.L., OLIVEIRA
Z.N.P. Imunofluorescência direta e indireta. 2010. Disponível em:
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