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Juízo de
realidade
Ana Beatriz
Josué Batista José Romildo
Carvalho
JUÍZO DE REALIDADE
O juízo, um processo de julgamento que é simultaneamente subjetivo e social, reflete a
interação entre a individualidade e os determinantes socioculturais.
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Erro simples
Juízos falsos podem surgir de diversas maneiras, podendo ou não indicar problemas patológicos.
Erros simples não estão vinculados a processos mórbidos, enquanto formas específicas de juízos
falsos, notadamente o delírio, são frequentemente associadas a transtornos mentais.
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Erro simples
Alterações patológicas do juízo - Ideias prevalentes
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Erro simples
Alterações patológicas do juízo - Ideias prevalentes
Uma mãe que se preocupa excessivamente com o filho Na anorexia nervosa em pessoa muito emagrecida
ausente e acredita que ele está sempre em perigo. pensar “Tenho certeza de que estou muito gorda”.
Sujeito inseguro não para de pensar se sua amada Na hipocondria, em pessoa sem dados médicos e
realmente o ama, buscando, em cada detalhe, provas laboratoriais, pensar “Estou convencido de que tenho
contra esse amor. câncer de estômago”.
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Delírio
Erro do ajuizar que tem origem no adoecimento mental, motivado por fatores patológicos.
O que define um delírio não é tanto a falsidade da crença em si (embora geralmente seja falsa),
mas principalmente a justificativa que o indivíduo apresenta para essa crença e o tipo de
evidência que ele acredita confirmar essa perspectiva.
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DIMENSÕES DO DELÍRO
Indicadores de sua gravidade
Esse grau indica o quanto o paciente realmente Trata-se da extensão com que as ideias delirantes
acredita em suas ideias delirantes. A convicção do envolvem diferentes áreas da vida do paciente.
delírio é geralmente mais forte na esquizofrenia e
menos intensa em condições como psicoses reativas
breves e transtornos do humor com sintomas
psicóticos.
Está relacionado a quão preocupado e envolvido o Diz respeito a como as crenças delirantes afetam
paciente está com suas crenças delirantes, e o quão emocionalmente o paciente, medindo o quão
forte é o impacto emocional ou a pressão que ele assustado, ansioso, triste ou irritado ele fica como
sente devido ao delírio. resultado do delírio.
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DIMENSÕES DO DELÍRO
Indicadores de sua gravidade
O quão distante o delírio está da Aqui avaliamos a coesão interna Aqui se verifica o quanto o
realidade compartilhada e o quão das ideias delirantes, sua lógica e paciente age em função de seu
improvável e impossível ele é. organização interna. Os delírios delírio e em que medida ele pratica
Delírios que envolvem a perda de mais organizados são comuns em atos estranhos, perigosos ou
controle da mente ou do corpo por transtornos delirantes e em inconvenientes a partir de suas
forças externas são considerados pacientes psicóticos, geralmente ideias delirantes.
"bizarros" de acordo com o Manual associados a uma inteligência mais
Diagnóstico e Estatístico de elevada. Em contraste, pessoas
Transtornos Mentais (DSM-5). com deficiência intelectual e/ou
demência costumam apresentar
delírios menos organizados.
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ESTRUTURA DOS DELÍRIOS
Delírios simples Delírios complexos
São ideias que se desenvolvem em torno de um São aqueles que englobam vários temas ao
só conteúdo, de um tema único, geralmente de mesmo tempo, com múltiplas facetas,
um único tipo (apenas um tema religioso, envolvendo conteúdos de perseguição, místico-
persecutório, etc.). religiosos, de ciúme, de reivindicação, etc.
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SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DO DELÍRIO
Trema
Refere-se à fase que precede imediatamente o surgimento das ideias delirantes. Nesse momento,
há uma tensão geral, um clima ameaçador, ainda sem definição clara. O campo de experiência do
indivíduo se estreita, gerando a sensação de que algo está iminente, embora ainda não seja
compreendido.
Apofania
Após a acumulação de tensão durante o trema, o delírio se revela. O indivíduo experimenta uma verdadeira revelação,
envolvendo percepções delirantes, falsos reconhecimentos, desconhecimentos delirantes, difusão e sonorização do
pensamento, e vivências corporais delirantes. Nessa fase, ocorre o que Konrad chama de "anástrofe" - uma inversão
ou deslocamento em que tudo se volta para o indivíduo. Ele se sente passivamente no centro do mundo, sendo
observado por todos. Para Konrad, a apofania (a revelação do delírio) e a anástrofe (a inversão do mundo em direção
ao delirante) são essenciais para a experiência esquizofrênica.
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SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DO DELÍRIO
Fase apocalíptica
Após a revelação inicial do delírio, ocorre uma fase de desorganização do sujeito. Nesse estágio, ele enfrenta experiências
ameaçadoras de fim de mundo, perdendo a sensação de sentido contínuo no mundo. Manifestações como sintomas
catatônicos, agitação motora, e alterações na percepção do Eu psíquico e corporal podem surgir, incluindo a sensação de
não ser mais a mesma pessoa ou a percepção de ter morrido.
Consolidação
No decorrer do processo psicótico, há uma fase de estabilização. O delírio começa a cristalizar-se, envolvendo uma
elaboração intelectual em torno dele, com elementos fixando-se à personalidade do sujeito, incluindo possíveis defesas
neuróticas, como a sensação de estar em paz apesar de sentir-se observado.
Fase de resíduo
Nessa fase final do processo psicótico-delirante, ocorre a perda de impulso e afetividade manifesta. O sujeito se torna incapaz de confiar
e se relacionar de maneira calorosa com os outros, buscando isolamento e focando em aspectos impessoais da vida. Alguns pacientes
com esquizofrenia crônica podem adotar uma retração positiva, mantendo distância das pessoas, mas procurando interagir de maneira
impessoal em ambientes específicos, como bares, praças, grupos marginalizados e online.
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Mecanismos constitutivos do delírio
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Mecanismos constitutivos do delírio
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MECANISMOS DE MANUTENÇÃO
DO DELÍRIO
A inércia em mudar as próprias ideias e a
necessidade de consistência das produções
A pobreza na comunicação interpessoal, a falta
ideativas que são formadas ao longo do tempo.
de contatos pessoais satisfatórios, o isolamento
Isso refere-se à resistência em alterar as
social, o fato de ser estrangeiro e não falar a
próprias ideias e à busca por consistência nas
língua dominante, etc.
criações mentais que se desenvolvem ao longo
do tempo.
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TIPOS DE DELÍRIOS
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TIPOS DE DELÍRIOS
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ETIOLOGIA A afetividade, expressa por emoções negativas, estresse
(incluindo problemas de sono) e baixa autoestima, está
cada vez mais associada, em estudos empíricos, ao
surgimento, recaída e manutenção de delírios.
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Etiologia
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Semiotécnica do delírio e dos demais transtornos do juízo de realidade
Iniciar a entrevista com perguntas neutras (idade, estado civil, onde mora, etc.). Após ter estabelecido esse contato, com cuidado ir “chegando
perto” dos delírios. Sempre que o paciente relatar o delírio ou algo dele, perguntar “como é que você sabe disso?”, “como chegou a essas
conclusões?”. A seguir, são apresentadas perguntas referentes aos distintos tipos de delírio.
Delírios de perseguição: Você tem motivos para desconfiar de alguém? Alguém tentou prejudicá-lo? Recebeu ameaças? Foi roubado ou
enganado? Alguém o persegue? Tem inimigos? Insultam-no? Por que motivos? Trata-se de um complô, de uma “armação”, de uma máfia? Como se
comporta sua família em relação a você? Também querem prejudicá-lo? E seu cônjuge, confia nele? Também quer prejudicá-lo? Quando começou a
perseguição e por que motivo? Você está certo do que me disse ou acha que podem ser “coisas de sua imaginação”? Você não está enganado?
Como pensa defender-se desses perigos?
Delírios de referência: Observou se as pessoas falam de você quando conversam? Tem notado se, na rua ou em outro lugar, alguém o segue ou
espia? Alguém faz gestos ou sinais quando você passa? Viu nos jornais ou na televisão alguma coisa a seu respeito? Conhece as pessoas que fazem
essas coisas? Que intenção elas têm?
Delírios de influência: Já sentiu algo externo influenciando seu corpo? Já recebeu algum tipo de mensagem? Alguma força externa influencia ou
controla seus pensamentos? Já teve a sensação de que alguém ou algo pode ler sua mente? Já sentiu que seus pensamentos podem ser
percebidos ou ouvidos pelos outros? Tem a sensação de que controlam seus sentimentos, seu corpo ou suas vontades?
Ideias/delírios de ciúmes: Você confia no seu cônjuge? Tem motivos para suspeitar de sua fidelidade? Tem provas de que o enganou ou o traiu? Como foi que
começou? Como tem certeza de que o traiu?
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Semiotécnica do delírio e dos demais transtornos do juízo de realidade
Delírios depressivos e hipocondríacos: Tem pensamentos tristes ou negativos? Há algo de que se arrepende? Fez mal a alguma pessoa?
Culpam-no de algum crime ou falta? As pessoas reprovam ou condenam seu comportamento? Teme arruinar-se? Acha que não poderá mais
trabalhar e que sua família passará fome? Preocupa-se com sua saúde? Que partes de seu corpo estão doentes? Algo está errado com ele?
Falta algo em seu corpo? Alguma parte dele está podre ou estragada?
Delírios de grandeza: Sente-se especialmente forte ou capaz? Tem algum talento ou alguma habilidade especial? Tem projetos, realizações
especiais para o futuro? Aumentou ultimamente sua capacidade para o trabalho? Observou se uma pessoa importante se interessa por você?
Você é uma pessoa rica?
Delírios religiosos: Você é uma pessoa religiosa? Já teve contato ou recebeu influências de espíritos ou forças sobrenaturais? Você sente que
tem uma relação especial com Deus? Teve contato com forças sobrenaturais, como espíritos, anjos ou demônios? Já conversou com Deus? Já
conversou com espíritos?
Ideias obsessivas: Há pensamentos que surgem com frequência em sua mente? Quais são esses pensamentos? Eles se repetem
constantemente? De onde vêm tais pensamentos? São seus mesmo? São desagradáveis? Você faz algo para livrar-se deles? Pratica rituais (de
verificação, de limpeza, etc.) para atenuar ou neutralizar esses pensamentos?
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REFERÊNCIAS
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OBRIGADO
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