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Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

A Lírica Camoniana

Florêncio Fernando Ângelo: 71231217

Quelimane, Novembro de 2023


Departamento de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português

A Lírica Camoniana

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenaçãodo Curso de Licenciatura em
Ensino de Língua Portuguesa na UnISCED.

Tutor:

Florêncio Fernando Ângelo: 71231217

Quelimane, Novembro de 2023


Índice

1.Introdução .................................................................................................................................. 2
1.1. Objectivo Geral ..................................................................................................................... 2
1.2. Objectivos Especificos: ......................................................................................................... 2
1.3. Metodologia ........................................................................................................................... 2
2. Lírica Camoniana ..................................................................................................................... 3
2.1.-Caracterização da Lírica Camoniana no período de Renascimento ......................................... 4
2.3- Descrição dos matizes de Camões lírico na época clássica em Portugal ................................. 5
2.4- Comparação entre camões épico e camões lírico .................................................................. 6
3.Análise literária de um poema de Camões com enfoque para demonstração/identificação das
características temáticas afloradas na parte teórica ...................................................................... 7
4.Considerações Finais ................................................................................................................. 9
5.Referência bibliográfica .......................................................................................................... 10

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1.Introdução
A lírica camoniana no período de renascimento português corresponde ao desenvolvimento
de uma nova literatura marcada pela nova valorização do individuo, nascimento do
individualismo a valorização da história, a libertação do homem em relação aos modelos
tradicionais, como a Igreja, o Estado e a Família.

O Cenário político e social do renascimento acabou influenciando de forma significativa o


trabalho de Camões. Em seu texto," os Lusíadas", ele narra, em parte, as descobertas do período,
bem como as dificuldades e desafios. Isso faz com que o poema seja considerado uma das maiores
expressões da literatura renascentista portuguesa.

1.1. Objectivo Geral


✓ Conhecer a Lírica Camoniana desde o período de renascimento ao classicismo

1.2. Objectivos Especificos:


✓ Caraterizar a lírica Camoniana desde o período de Renascimento;
✓ Comparar Camões épico e Camões lírico;
✓ Descrever uma poesia lírica camoniana.

1.3. Metodologia
Para a realização do presente trabalho, foi usado a metodologia de pesquisa bibliográfica,
através da consulta de livros, artigos e módulos para construção de abordagens no campo literário
disponibilizados na internet, orientação metodológica com base nas normas de publicação de
trabalhos científicos.

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2. Lírica Camoniana
O poeta Camões escreveu algumas de mais belas obras da literatura portuguesa, tais como" os
Lusíadas " e "os sonetos " (entre outras). A poesia de camões é considerada um marco da literatura
romântica é caracterizado por imagens vibrantes, expressões poderosas e forte possibilidade, por
outro lado, o estilo lírico de Camões também e rigor.

A palavra lírica originou-se do grego (lyra) e do latim (lira), a “Lira” é o instrumento musical
que acompanhava a recitação dos poemas líricos. Antigamente, se classificava como lírica apenas
a poesia que fosse acompanhada de música e que seguisse o padrão do soneto, das baladas ou de
outras formas líricas. Mas, atualmente, este modelo grego já não serve mais e passou a ser
considerado lírico produções que apresentem um teor altamente emocional. A poesia lírica é
aquela na qual o “eu” flagela-se na tentativa de expor ao mundo suas dores individuais, de uma
maneira que consegue despertar no leitor e fazê-lo identificar-se e emocionar-se com os temas.

A poesia lírica camoniana apresenta-se marcada por uma dualidade; a qual é marcada pelos
textos de herança nítida da poesia tradicional portuguesa e pelas poesias perfeitamente
enquadradas no novo estilo do Renascimento. No entanto, não se pode afirmar que Camões tenha
conseguido isolar suas influências, ao contrário, tais influências aparecem fundidas. Daí se resulta
em uma obra típica do século XVI. È dessa forma que se observa a vasta composição lírica de
Luís Vaz de Camões, na qual aborda o amor, fazendo o uso de ideias platônicas, onde perpassam
os novos elementos neoplatônicos quinhentistas.

Da lírica camoniana é um dos temas mais ricos, visto de duas formas, como ideia
(neoplatonismo) e o amor como manifestação carnal. No amor como ideia ou espiritualidade, é o
que conduz a uma idealização da mulher. Nota-se, também, que o amor surge á maneira de
Petrarca e como extensão de Dante Alighieri, a mulher amada é ininterruptamente retratada de
forma ideal. Desta forma o poeta recorre a uma inabalável adjetivação, descrevendo assim um ser
superior, angelical, perfeito.

Mas, por outro lado, devido à vida atribulada do poeta e suas experiências concretas, ou seja,
do mundo sensível, o que o conduz a cantar não mais um amor espiritualizado, mas um amor
terreno, carnal e até mesmo erótico. Desta maneira faz-se impossível sintetizar esses dois amores,

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o que leva a poesia lírica camoniana, algumas vezes, a uma contradição que é manifestada no uso
abusivo de paradoxos.

2.1.-Caracterização da Lírica Camoniana no período de Renascimento

Com o surgimento da renascença, há uma ruptura desse absolutismo monárquico, uma vez que
existe uma transição dos valores teocêntricos para os antropocêntricos (do grego anthropos,
“humano” e kentron, “centro”), ou seja, o homem e suas questões passam a ser mais protagonistas
e determinantes para as formulações ideológicas, descentralizando o poder outrora que a Igreja
exercia, embora o homem desse período não deixasse de acreditar em Deus; para ele, a prova da
existência de Deus é a própria criação humana.

A consciência humana repousava sonhadora ou semiacordada sob um véu comum. O homem


estava consciente de si próprio apenas como membro de uma raça, povo, partido, família, ou
corporação – apenas através de uma qualquer categoria geral. No Renascimento, este véu
evaporou- -se o homem se tornou um indivíduo espiritual e reconheceu-se a si mesmo como tal.
Burke (2008, p. 9).

A Renascença no país se inicia em 1527, portanto século XVI, quando o escritor Sá de Miranda
retorna da Itália trazendo estudos literários avançados e inovadores aprendidos com poetas
italianos, como, por exemplo, o soneto – cuja estrutura de poema trabalha com duas estrofes de
quatro versos e duas de três, ou, respectivamente, duas quadras e dois tercetos, bem como o inédito
verso decassílabo, também conhecido como dolce stil nuovo, cuja tonicidade, como o próprio
nome diz, recai na décima sílaba tónica.

O Renascimento teve seu berço na Itália, tendo nas cidades de Florença e Veneza suas mais
notáveis produções. Leonardo da Vinci na pintura, bem como Dante Alighieri e Petrarca na
literatura foram os principais ícones do movimento que se alastrara anos depois para França,
Portugal e Espanha, influenciando os artistas dessas respectivas nações, como no caso do escritor
Camões.
Os artistas representantes da renascença buscavam inspirar-se na cultura greco--romana,
com as quais tiveram intenso contato. Os autores clássicos foram descobertos a partir das culturas
bizantinas e árabes, com os quais os europeus tiveram contato dada a intensa troca comercial entre
eles.

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2.3- Descrição dos matizes de Camões lírico na época clássica em Portugal

O Classicismo surgiu na Grécia e retornou (renasceu) na Europa, a partir de uma enorme transformação
política, econômica e cultural desencadeada no século XIV, a qual teve seu ápice nos séculos XV e XVI,
momento este que foi chamado de Classicismo ou “quinhentismo”, já que se manifestou-se em 1527, logo
após o poeta Sá de Miranda ter voltado da Itália trazendo influências desse novo estilo, estes
acontecimentos foram o marco inicial dos tempos modernos.

Foi em meio a todas essas mudanças que o homem deixou de ser dominado pelos valores medievais,
pelo teocentrismo e passou a abrir espaço para o antropocentrismo, ou seja, foi nessa época que o homem
se afastou um pouco do mundo onde Deus é o centro de tudo, e ele passou a ser o centro dos estudos.

É a partir deste momento que o homem começou a perceber sua capacidade realizadora: de criar,
conquistar, inventar e fazer inúmeras coisas, todo este espírito antropocêntrico e Humanista havia sido
esquecido na Idade Média, ainda que já estivesse existido na Antiguidade Clássica, como se pode citar o
exemplo da civilização grega, a qual foi o berço do Classicismo.

O Renascimento está inserido no Classicismo, assim fica difícil de desassociar um de outro. O segundo é
constituído através da arte inspirada na imitação dos clássicos gregos e latinos, tais clássicos eram
considerados modelos da perfeição estética, enquanto o Renascimento eram todas essas ideias novas que
surgiam e buscavam a idealização do homem através do antropocentrismo.

Luiz Vaz de Camões poeta lírico, épico e dramaturgo, é tido como um dos poetas portugueses mais
importantes de sua época. Há inúmeras dúvidas envolvendo a sua biografia. Sabe-se de alguns fatos de sua
vida através de confissões que ele deixou registradas em cartas e testemunhos de contemporâneos. Essas
informações são poucas e vagas, pois, as primeiras investigações biográficas sobre o poeta só veio a ocorrer
50 anos após a sua morte.

Luíz Vaz de Camões, possivelmente nascido em 1524 (ou 1525), pois não existe nenhum documento
que comprove a data. Alguns estudiosos dizem que ele é natural de Lisboa, mas outros falam em Coimbra
não há documentos que comprovem a veracidade dos fatos.

Filho de Simão Vaz de Camões e D. Ana de Sá e Macedo. Foi educado em Coimbra, onde se acredita
que tenha começado a ler Petrarca e outros poetas. Coimbra foi o lugar onde teria escrito os seus primeiros
versos. Foi onde ele criou as bases de uma sólida cultura e o conhecimento profundo da língua portuguesa.
Mas, também, vivenciou muitas experiências e dissabores através de suas expedições militares, que
principiou na Àfrica durante a conquista de Ceuta.

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Em 1570, volta à terra natal, e vive pobremente, recebendo uma mísera pensão do rei D. Sebastião
até sua morte em 10 de junho de 1580, em Coimbra foi enterrado como indigente, em vala comum.

2.4- Comparação entre camões épico e camões lírico


Lírica e Épica são duas modalidades que se distinguem pelo estilo em que se apresentam e pelo
objetivo discursivo. A primeira (lat. liricus) ressalta um “eu” muito mais subjetivo, ou seja, a
primeira pessoa fica muito mais em evidência justamente pelo fato de o “eu-lírico” ser o
enunciador e foco da trama, normalmente em forma de poesia; na segunda, o foco sai de quem
narra para o que se narra, projeta-se ao objetivo, havendo um jogo, não necessariamente opositor,
entre sujeito (representado pelo narrador) e o objeto (a situação que se apresenta na narrativa,
quem se está apresentando, feitos ou conquistas de um algum personagem tido como herói).

Contextualizando em Camões, em sua lírica, há uma preocupação em abordar, como dito


anteriormente, questões intrínsecas à alma humana, problematizando subjetivamente a partir da
poesia contida em seus poemas temas como o amor, o intelecto, a reflexão do homem enquanto
ser que pensa, os estados da alma humana, ao contrário da épica, de caráter nacionalista e, por
vezes, com um viés ideológico de afirmação da fé cristã; outra diferença importante é em relação
à forma: na lírica, a estruturação dos versos obedece a uma estruturação de soneto, algo que não
se verifica no épico.

Camões teve em Os Lusíadas sua obra de maior repercussão e renome no espaço literário, a
ponto de esta ser considerada o maior representante em Língua Portuguesa do referido gênero. É
nela que vemos nitidamente o caráter ufanista do autor quando enaltece Portugal e seu povo, em
uma clara representação do ethos, personificado pelo grandiloquente protagonista Vasco da
Gama, lançando mão de figuras mitológicas greco--romanas, quando da viagem deste na
empreitada de descobrir o caminho para a Índia, a saber tal qual Vênus (nome romano dado à
deusa grega do amor, Afrodite), que, junto com Marte nos bastidores, defende os lusos em sua
missão de “navegar por mares dantes nunca navegados” (CAMÕES, p.1) sofrendo oposição de
Baco (versão romana do grego Dionísio, deus do vinho e exímio legislador).

Com estes elementos fundamentais ou orgânicos, a elaboração da literatura portuguesa é o produto


do ethos da raça, do sentimento da nacionalidade e da consciência histórica, acompanhando
solidariamente a evolução estética das literaturas românicas na Idade Média, na Renascença e na
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época do Romantismo, seguindo a acção hegemónica de cada uma delas. Braga (2005, p.54),

O autor notoriamente teve como referências obras clássicas como Ilíada e Odisseia, de Homero,
que representam o despontar da literatura grega, bem como Eneida de Virgílio, marco da literatura
romana.

3.Análise literária de um poema de Camões com enfoque para demonstração/identificação


das características temáticas afloradas na parte teórica

A poesia “lírico-amorosa” de Camões, na concepção de Moisés, será a poesia, representada,


principalmente, pelos sonetos, em que Camões tratará especificamente da temática amorosa, privilegiando
o conflito gerado pela perda, pela rejeição ou pelas impossibilidades em geral. Moisés vê nesse lirismo um
debate ou um questionamento a moda de Hamlet, a saber, um “ser ou não ser”, que torna impalpável o
amor. Um dos poemas mais conhecidos, que trabalha com essa dualidade, é o “Soneto 2”, da parte 1 de
Rimas (Moisés, 1962, p. 269).
Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dous mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.

Farei que Amor a todos avivente,


Pintando mil segredos delicados,
Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia, e pena, ausente.

Também, Senhora, do desprezo honesto


De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-hei dizendo a menor parte.

Porém para cantar de vosso gesto


A composição alta e milagrosa,
Aqui falta saber, engenho e arte.

No campo da estética, o soneto é escrito em versos DECASSÍLABOS CLÁSSICOS (10 sílabas

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poéticas) com versos HERÓICOS (com acento nas 6ª e 8ª silabas), e com versos SÁFICOS (com
cesuras na 4ª, 6ª e 8ª silabas).É escrito em rimas regulares no esquema INTERPOLAR (A, BB,
A)
Na primeira estrofe, o EU lírico (voz que canta no poema), se propõe a louvar o amor de
uma forma sublime e alta, num concerto harmonioso que mesmo aqueles que nada sentem possam
sentir esse amor.
Ainda na segunda estrofe, reforça seu raciocínio, promete aviventar a todos com sua poesia
amorosa, e numa engenhosa citação de termos, define como fará isso, ou seja, define o próprio
Amor, segredos delicados, brandas iras, (esses termos podem sugerir o ciúme que se faz presente
num amor, pois quem ama sente ciúmes) temerosa ousadia (quando se ama, mesmo sem coragem
ousamos, lutamos, arriscamos em nome do amor) pena ausente (refere-se à saudade sempre
presente no amor, quem sente amor, sente saudade).

No penúltimo terceto, inclui uma pessoa por Ele desejada, ou seja, razão do seu amor, o termo
SENHORA DO DESPREZO HONESTO, sugere uma moça de recato, compostura, que
possivelmente não queira se entregar à realização desse amor. E ainda teria um olhar brando,
porém rigoroso, que reforça a idéia de Amor platônico.

O EU lírico se diz satisfeito em cantar a parte que menos lhe interessa, ou seja, a parte que os
olhos vêem (o rosto), isso fica claro.
No último terceto no termo, GESTO.
Porém nos dois últimos versos ele se diz incapaz de expor tal beleza, mesmo que seja a parte
menos importante, Ele afirma não ter talento suficiente para realizar tal milagre.

Em resumo , Camões propõe louvar o amor e mostrar em seus versos o que realmente sente
por sua amada, e julga ser um amor tão forte capaz de mudar até quem não está amando, No
entanto não consegue definir em versos o que se passa no seu interior, então se diz contentado em
mostrar ao mundo a beleza da moça, ou seja, a parte visível aos olhos, outra vez se diz incapaz de
tal feito, o que passa a idéia da sua amada ser de uma beleza intraduzível.

É um soneto perfeito que reuni estética e metalinguagem, num raciocínio que resume como foi
toda a obra de Camões, que nos seus sonetos não cansou de louvar o AMOR.

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4.Considerações Finais

Dentro de uma análise histórica, tornaram-se uma forma de autoafirmação do português não só
enquanto idioma, mas também enquanto cultura de um povo, de uma nação. É preciso ressaltar
que Os Lusíadas, por exemplo, retratam a época em que Portugal era uma potência marítima e
colonizadora, com territórios localizados na África, Ásia e América; tal fato era motivo de grande
ufanismo por parte dos portugueses, sobretudo da elite aristocrata e intelectual, pois a ideia que
se tinha era de um país sólido economicamente, culturalmente e forte em representatividade
global.

No soneto "Eu cantarei de amor tão docemente", Camões propõe louvar o amor e mostrar em
seus versos o que realmente sente por sua amada, e julga ser um amor tão forte capaz de mudar
até quem não está amando, No entanto não consegue definir em versos o que se passa no seu
interior, então se diz contentado em mostrar ao mundo a beleza da moça, ou seja, a parte visível
aos olhos, outra vez se diz incapaz de tal feito, o que passa a idéia da sua amada ser de uma beleza
intraduzível.

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5.Referência bibliográfica

Abdala, B. J. (1993). Camões Épica e Lírica. Colecção Margens do Texto, São Paulo: Scipione.

Camões, L. de. (1963). Obra completa. Rio de Janeiro: Aguila

Duarte, L. P.(1983) Estudos Camonianos. Belo Horizonte: Centro de Estudos Portugueses da Faculdade
de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais.

Moisés, M. (1962). A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix

Sena, J. (1980). A estrutura de “Os Lusíadas” e outros estudos camonianos e de poesia peninsular do
século XVI. Lisboa: Edições 70.

Silva,ED .(S.d) Corte de letras.São Paulo. Disponível em


https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=65419, acessado no dia 15 de Novembro de 2023.

Torralvo, I. F.; Minchillo, C. C. (2001). Sonetos de Camões. 2. ed. São Paulo: Ateliê Editorial.

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