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PROJUDI - Processo: 0011724-85.2007.8.16.0017 - Ref. mov. 71.

1 - Assinado digitalmente por Mario Seto Takeguma:8236


03/08/2018: JULGADA IMPROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE MARINGÁ - FORO
CENTRAL DE MARINGÁ
1ª VARA CÍVEL DE MARINGÁ - PROJUDI
Av. Pedro Taques, 294 - Edifício Empresarial Atrium, 1º Andar, Torre Sul - Zona

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Armazém - Maringá/PR - CEP: 87.030-008 - Fone: (44) 3472-2720 - E-mail:
primeiracivelmaringa@hotmail.com

Autos nº. 0011724-85.2007.8.16.0017

Trata-se de ação de nulidade de negócio jurídico proposta por PEDRO


MANZOTTI, EUCLIDES MANZOTTI e CLEUZA MARIA SALGUEIRO MANZOTTI contra
ÉVORA COMERCIAL DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS LTDA, LUIZ CARLOS BALDO KOZAK,
ADMINISTRADORA BRASIL DE IMÓVEIS LTDA, SUPERMERCADOS LUEDGÍL LTDA,
TOZETTO & CIA LTDA, JOÃO MELITÃO CAGNÍ,e LUMÍPARTS COMERCIAL LTDA, ambas
as partes qualificadas.

1. Alega a parte AUTORA (1.3) o seguinte:

a) Que eram credores do Precatório Requisitório 476/1997 emitido pelo TJPR,


decorrente da Ação 5102/00 que tramita na 3ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba.

b) No dia 05/07/2004, os Autores Pedro(Serviço Notarial e Protesto de Títulos de Nova Esperança-PR)


e Euclides/Cleuza(Serviço Notarial "De Cario" da cidade de Castelo Branco-PR) outorgaram duas procurações, em
causa própria, dos respectivos direitos sobre a integralidade do crédito, em favor de Carlos
Baldo Kozak.

No dia 09/07/2004, Luiz Baldo Kozak repassou tais direitos creditórios à


Administradora Brasil Imóveis Ltda(6ª Serventia Notarial Malucelli, de Curitiba-PR).

No dia 15/07/2004, Luiz Baldo Kozak “se dizendo procurador de Pedro, Euclides e
Cleuza Manzottí, EM NOME DOS MESMOS, cede "parte do total dos créditos, ou seja, 100% (cem por
cento) dos 1". 2" e 3" décimos vencidos, com toda a correção que vier a incidir, do PRECATÓRIO
REOUISITÓRIO. referentes aos AUTOS ... n°005102/00 " ... a João Melitão Cagní, negócio a que se
atribuiu o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).” “Gize-se que Luiz Carlos Baldo Kozak
NUNCA FOI procurador dos Manzotti. As procurações por ele mencionadas naquele ato não
traduziam mandato. Ademais, os supostos cedentes, na ocasião, NÃO possuíam direitos
creditórios incidentes sobre o precatório mencionado, uma vez que já os tinha cedido a Luiz
Carlos Baldo Kozak.”

c) “No dia 17.01.2005, a Administradora Brasil de Imóveis, então cessionária


dos remanescentes direitos que lhe foram cedidos por Luiz Carlos Baldo Kozak, fez retomar ao
patrimônio dos Manzotti, o que ainda lhe pertencia, concernente ao precatório pendente e
oriundo da ação 5102/0000 prefalada. Conquanto fizesse constar do documento que, na
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oportunidade estava "distratando" a cessão de direitos que os Manzotti lhe teriam feito (fez menção

à "Escritura Pública de Cessão de Direitos Creditórios" lavrada às fls.4/5, do livro 787-E, datada de 09.07.2004, lavrada na 6ª Serventia Notarial

Malucelli),
na verdade, ocorreu uma cessão de direitos creditórios da Administradora Brasil de
Imóveis Ltda para os Manzotti, vez que quem cedera tais direitos a ela Administradora, fora
Luiz Carlos Baldo Kozak. O instrumento de cessão, titulado de "Escritura Pública de Distrato de

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Cessão de Direitos Creditórios" foi lavrado na 6ª Serventia Notarial Malucelli, em Curitiba - doc.
7.”

c.1) “Embora já tivesse cedido aos Manzotti os direitos creditórios remanescentes


de que era titular em 17.01.2005, sobre o já mencionado precatório 476/97, no dia 09.02.2005,
23 dias após ter disposto de tal crédito, a Administradora Brasil de Imóveis, representada por
João Melitão Cagni "cedeu" (com aspas) à Pennacchi & Cia Ltda " parte da totalidade dos
direitos creditórios, o qual o ora cedente tem direito através da Escritura Pública de Cessão de
Direitos, lavrada nestas mesmas notas, às fls (004/005) do Livro 0787-E, em data de
09/07.2004, sobre os créditos infra mencionados, no valor de RS 170.000,00 (...), inclusive
correção monetária, juros e demais direitos remuneratórios incidentes e que venham a incidir
sobre a parte ora cedida, bem como todos os direitos legais, vantagens e obrigações que tem
direito, referente ao Precatório Requisitório originário da Ação Ordinária n''\5.102/00, junto à 3"
Vara da Fazenda Pública desta Capital.." A escritura pública dita ''de Cessão de ^ Direitos
Creditórios" foi lavrada na 6^ Serventia Notarial/ Malucelli, em Curitiba -”.

d) “Por sua vez João Melitão Cagni, a quem Luiz Carlos Baldo Kozak "cedera "
(com aspas) sem ser possuidor ou mesmo estar autorizado, "parte do total dos créditos, ou
seja, 100% (cem por cento) dos 1", 2" e 3" décimos vencidos..." (doc. 3) supostamente
decorrentes do precatório de que os Manzotti são credores, arvorando-se em possuidor,
entendeu de negociar o que não tinha:

- no dia 16.07.2004, pela "Escritura Pública de Cessão e Transferência de


Direitos de Crédito", lavrada na 11ª Serventia Notarial de Curitiba, no livro 384-N, fls.87-88,
"cedeu” (com aspas) à empresa Móveis Leva Já Ltda, direitos creditórios que entendia
possuidor, no valor de R$5.700,00 (cinco mil e setecentos reais), que, segundo ele,
corresponderia a parte dos 3/10 de indenização que lhe caberia no referido precatório - doe. 9;

- no dia 27.07.2004, pela "Escritura Pública de Cessão e Transferência de


Direitos de Crédito", lavrada na 11® Serventia Notarial de Curitiba, no livro 385-N, fls.93-94,
"cedeu” (com aspas) à empresa Tozetto & Cia.Ltda, direitos creditórios que entendia ser
possuidor no valor de R$283.300,00 (...) que, segundo ele, corresponderia a parte dos 3/10 que
lhe caberia no prefalado precatório - doe. 10;

- no mesmo dia 27.07.2004, pela "Escritura Pública de Cessão e Transferência de


Direitos de Crédito", lavrada na 11'' Serventia Notarial de Curitiba, no livro 385-N, fls.95-96,
"cedeu" (com aspas) à empresa Évora Comercial de Gêneros Alimentícios Ltda, supostos
direitos creditórios de que julgava possuidor equivalentes a R$186.600,00 (...) que, segundo
ele, corresponderia a parte dos 3/10 do precatório referido - doe. 11;

- no dia 19.10.2004, "cedeu" (com aspas) à empresa Supermercado Luedgil


Ltda "a quantia líquida e atualizada até esta data de R$ 49,200,00 (...) que corresponde à parte
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dos 1º, 2º e 3º décimos vencidos" daquilo que supostamente lhe cabia. A "Escritura Pública de
Cessão e Transferência de Direitos de Crédito" foi lavrada na 11 Serventia Notarial Cartório
Caetano, de Curitiba, livro 394- N, fis. 38 - doc. 12.

- no mesmo dia 19.10.2004 "cedeu" (com aspas) a empresa AM Supermercados

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Ltda, "a quantia líquida e atualizada até esta data de R$ 16.800,00 (...) que correspondente
(sic) à parte dos 1", 2" e 3" décimos vencidos" supostamente do que lhe cabia no já
mencionado precatório. A "Escritura Pública de Cessão e Transferência de Direitos de
Créditos" foi lavrada na 11" Serventia Notarial Cartório Caetano, de Curitiba, livro 394-N fls. 36 -
doc: 13;

- no dia 08.11.2004 "cedeu" (com aspas) a empresa Lumiparts Comercial Ltda,


parte do crédito que entendeu possuir na já referido precatório, parte est equivalente a R$
5.000,00 (...), mais "os acréscimos aplicados de conformidade com a legislação pertinente"» A
"Escritura Pública de Cessão e Transferência de Direitos de Créditos" foi lavrada na 6"
Serventia Notarial Malucelli, de Curitiba, livro 0796-E, fls. 15/16 - doc. 14;

Móveis Leva Já Ltda; Tozetto &Cia Ltda; Évora Comercial de Gêneros


Alimentícios Ltda; Supermercados Luedgil Ltda; AM Supermercados Ltda; e Lumiparts
Comercial Ltda; e Pennacchi & Cia Ltda, fiados nas aquisições que fizeram, entenderam de
promover as respectivas habilitações nos autos da ação ordinária n° 5102/0000, se dizendo
credores em substituição dos Manzotti perante o DER-PR.”

f) “O Direito... Conforme adiante será demonstrado, a pretensão da litisconsorte


Pennacchi & Cia Ltda não pode prosperar porque seus supostos direitos creditórios provieram
de quem já não os possuía (Administradora Brasil de Imóveis Ltda).

As dos litisconsortes Móveis Leva Já Ltda; Tozzetto & Cia. Ltda; Évora Comercial;
Supermercados Luedgil; AM Supermercados; e Lumiparts, igualmente NÃO PODEM PROSPERAR
vez que seus supostos direitos creditórios foram "cedidos" (com aspas) por João Melitão Cagní
que também NÃO OS POSSUÍA, ante ao fato da nulidade do negócio que fez com Luiz Carlos Baldo
Kozak, supostamente em nome dos Manzotti.

Explicando. Consoante cronologia dos fatos acima deduzida, quando a


Administradora Brasil "cedeu" (com aspas) à Pennacchi, em 09.02.2005 "parte da totalidade
dos direitos creditórios " que dizia ter direito por força da "Escritura Pública de Cessão de
Direitos", lavrada na 6® Serventia Notarial Malucelli, dia 09.07.2004 (livro 0787-E, fls.4- 5), de
há muito tinha se desfazido dos mesmos. Parte deles cedidos (sem aspas) ao Supermercado
Luedgil, em 12.08.2004 (vide item 5, retro); e os restantes cedidos (sem aspas) aos Manzotti,
em 17.01.2005. No caso, NULO se afigura o negócio havido entre a Administradora Brasil e a
Pennacehi, porquanto inexistente o objeto (os supostos direitos creditórios). A "Escritura"
lavrada na 6®* Serventia Notarial Malucelli, no livro 0804-E, às fls.144 (doc.8) não pode
produzir os efeitos desejados (cessão de direitos) posto que só faz prova da declaração de um
fato, não de sua existência. Quer dizer, só demonstra que certas pessoas estiveram na
presença do notário e afirmaram certas circunstâncias.

Segundo o artigo 145 do Código Civil, os negócios jurídicos resultante de dolo


podem ser anulados, dispositivo que se completa com as regras dos artigos 171, II e 422,
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ambos também do Código Civil.

À evidência, Luiz Carlos Baldo Kozak agiu de má-fé. Agiu com artificio, com
expediente astucioso, no sentido de induzir a empresa Pennacchi à aquisição^ de supostos
direitos creditórios, não só com o propósito de prejudicá-la, COMO TAMBÉM DE PREJUDICAR OS

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AUTORES, pois, ao preço de R$ 57.800,00 (cinqüenta e sete mil e oitocentos reais), "cedeu "
(com aspas) direitos que não possuía e remeteu a suposta cessionária a se haver com os
Manzotti na sede da Ação Ordinária 5.102/000, em curso na 3® Vara da Fazenda Pública de
Curitiba. Ora, é princípio elementar de direito que somente pode dar em compra e venda quem
for proprietário ou seu legítimo representante para este fim. Quem não é proprietário ou não
tem poderes de proprietário, não pode transferir a propriedade que não tem. A venda efetuada
pelo non domino é nula de pleno direito. A respeito do assunto, o Excelso Supremo Tribunal já
se posicionou no sentido de que '^declarar e vender aquilo que não se tem é ato nulo pois
ILÍCITO ou IMPOSSÍVEL é o seu objeto" (RE 73.070/Baleeiro - grifou-se)

g) “Da mesma forma NULO se há de reputar o negócio realizado entre Luiz Carlos
Baldo Kozak e João Melítão Cagní, supostamente a mando dos autores Manzotti, à vista do
que dispõe o mencionado artigo 145, do Código Civil. Quando da "cessão " (com aspas) a que
se refere a "Escritura" lavrada no livro 0787-E, fls.87-88 (doc.5), em 15.07.2004, Luiz Carlos
Baldo Kozak NÃO ERA PROCURADOR DOS MANZOTTI (como artificiosamente alegou), NEM ELES
POSSSUIAM DIREITOS CREDITÓRIOS INCIDENTES SOBRE O PRECATÓRIO 476/97, decorrente da Ação
Ordinária n° 5.102/000, em curso da 3" Vara da Fazenda Pública de Curitiba.

As procurações mencionadas por Luiz / Carlos na “Escritura" não lhe conferia


MANDATO pois que PROCURAÇÕES EM CAUSA PRÓPRIA e, àquela época, destituídas de
objeto (em 05.07.2004, doe. 3). En passant, importa lembrar que a ^ procuração em causa
própria não configura um mandato mas, mantém apenas, a aparência de procuração como
forma de representação. "Caracteriza-se, em verdade, como negócio jurídico dispositivo,
translativo de direitos que dispensa prestação de contas, tem caráter irrevogável e confere
poderes gerais, no exclusivo interesse do outorgado. A irrevogabilidade lhe é ínsita justamente
por ser seu objeto a transferência de direitos gratuita ou onerosa" (STJ-3® Turma, REsp n.
303.707-MG, Rel.Ministra Nancy Andrighi, j.l9.11.2001,inDJU 15.04.2002).

-Reafirmando. A procuração que Pedro Manzotti (só por ele) outorgou a Luiz
Carlos Bado Kozak, no Serviço Notarial de Nova Esperança (livro 132-P, fls.50-51), conferiu ao
outorgado poderes irrevogáveis e irretratáveis de cessão de '^direitos integrais quanto a tal
precatório ficando o procurador isento de prestação de contas, o que significa dizer, tratar-se de
procuração em causa própria. O mesmo pode ser dito a respeito da procuração outorgada por
Euclídes Manzotti e sua mulher Cleuza Manzotti a Luiz Carlos Baldo Kozak (Serviço Notarial
"De Cario", Presidente Castelo Branco-PR, livro 19-P, fls.125- 126).

- Isto implica em dizer que o procurador Luiz Carlos Baldo Kozak, a partir do
"recebimento" dessas procurações passou a ser dono único, por cessão, dos "direitos integrais"
que os Manzotti, àquela época, possuíam sobre o citado precatório pendente de pagamento.

- Isto porque foram títulos suficientes das aquisições os próprios instrumentos,


que por um eufemismo jurídico deu-se o nome de procuração. Nem carecia de outra prova o
cessionário, pois bastava exibir os instrumentos que operaram por si mesmos a tradição.
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-A "cessão" (com aspas) realizada por Luiz Carlos Baldo Kozak a João Melitão,
em consequência de mandato não outorgado pelos supostos proprietários (os Manzotti),
constitui negócio jurídico NULO.”

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h) “Deste modo, NULO o negócio realizado entre Luiz Carlos Baldo Kozak e João
Melitão Cagni, NULOS igualmente serão os negócios que lhe foram subsequentes. No caso, as
"cessões" (com aspas) realizadas por Cagni a Móveis Leva Já Ltda; - Tozzetto & Cia.Ltda;
Évora Comercial de Gêneros Alimentícios Ltda; - Supermercados Luedgil Ltda; - AM
Supermercados Ltda; e - Lumiparts Comercial Ltda.

- PUGNA pela “decretação da nulidade da "cessão" (com aspas) de direitos


creditórios realizada pela Administradora de Imóveis Brasil Ltda à litisconsorte passiva
Pennacchi & Cia. Ltda e da "cessão" (com aspas) feita por Luiz Carlos Baldo Kozak a João
Melitão Cagni afigura-se factível, ex vi do artigo 145 do Código Civil, posto que as ditas
cessões ocorreram mediante fraude”. Ainda “sejam tidos como NULOS os negócios jurídicos
decorrentes da "Escritura Pública de Cessão de Direitos Creditórios" lavrada às fls. 87- 88, do
livro 0787-E, na 6" Serventia Notarial Malucelli, em 15.07.2004 e que dizem respeito às
"cessões" (com aspas) ^ realizadas aos litisconsortes passivos Supermercados Luedgil Ltda;
AM Supermercados Ltda; Évora Comercial de Gêneros Alimentícios Ltda; Tozzetto & Cia. Ltda;
Lumiparts Comercial Ltda; e Móveis Leva Já Ltda. E, em conseqüência, seja remetida a
decisão a 6® Serventia Notarial Malucelli, em Curitiba, para os fins.”

2. Contesta a Réu JOÃO MILITÃO CAGNI(1.11) sustentando:

a) A procuração passada pelos Autores à Luiz Carlos Baldo Kozak “pode sim
servir de instrumento de mandato, podendo o mandatário celebrar negócios em nome próprio
ou mesmo em nome dos mandantes.”.

b) “Nunca houve, da análise dos documentos acostados aos autos, cessão dos
direitos dos Manzotti para o Sr. Luiz Carlos Baldo Kosak, o que houve sim foram negócios
realizados em nome dos Manzotti efetivados por procuração pelo requerido.

Não pode, a nosso ver, os autores da presente ação se arvorarem dp direito de


que venderam os direitos de precatórios, para com isto anularem todas as transações
comerciais realizadas pelo ora requerido procurador à época dos autores, conforme documento
acostado aos autos.”

c) “Na própria petição os autores se contradizem, visto que num momento dizem
que o requerido era dono dos direitos de precatórios e em outro momento atestam que ele era
procurador. Ou seja, quando este representou os autores nas vendas para o ora requerido, não
poderia fazer por procuração, visto que era dono e não procurador. Num outro momento,
quando fez a venda para administradora Brasil daí os autores entendem que ele poderia agir
como procurador, pois, isto lhes trazia benefícios.”

d) “Aliás, se o fundamento dos autores tivesse cabimento, de tudo isto, o que


resta é que o possuidor dos direitos de precatórios nada mais é que o próprio Luiz Carlos Baldo
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Kosak, visto que todos os negócios que realizou segundo os autores são nulos. Ou seja, se os
autores venderam os direitos ao requerido e este não poderia representa-los e sim negociar em
contra própria os direitos cedidos, todos os atos a partir daí praticados são nulos, inclusive a
venda para administradora Brasil, que depois, segundo os autores, distratou mais tarde direitos
de precatórios que não possuía. Neste ponto, a nosso ver os autores são carecedores da ação

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poro não possuírem legitimidade para demandar na presente ação.”

-Pugna pela improcedência dos pedidos.

3. Contesta o Réu LUIZ CARLOS BALDO KOSAK(1.12) sustentando:

a) Que recebeu procuração pera negociar os direitos de precatórios dos Autores


“do Pagamento ao requisitório ao DER PR, Expediente 476/1997, decorrente da execução
Ação Ordinária 5102/2000, que tramita na 3". Vara da Fazenda da Comarca de Curitiba.
Protocolo nº 006915/1996, do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, oriundos da Ação
Ordinária de Indenização 950/87, da 1ª Vara Cível da Comarca de Paranaguá, PR, que
Francisco Cunha Pereira e outros movem contra o Departamento de Estradas e Rodagem do
Estado do Paraná.”.

b) “Após todas as Cessões realizadas pelo ora requerido, vem os Cedentes,


autores da presente ação de forma equivocada tentar desfazer todos os negócios jurídicos
realizados com argumentos pueris. A procuração passada sem que haja prestação de contas e
irrenunciável, pode sim servir de instrumento de mandato, podendo o mandatário celebrar
negócios em nome próprio ou mesmo em nome dos mandantes. Nunca houve cessão dos
direitos dos Manzotti para o requerido, o que houve sim foram negócios realizados em nome
dos Manzotti efetivados por procuração pelo requerido.”

c) “Não pode, a nosso ver, os autores da presente ação se arvorarem do direito de


que venderam os direitos de precatórios, para com isto anularem todas as transações
comerciais realizadas pelo ora requerido procurador à época dos autores, conforme documento
acostado aos autos. A citada alegação pode ser levantada caso o procurador venha a realizar
os negócios em nome dos mandantes e estes venham a se negar a firmar tais negócios. Na
própria petição os autores se contradizem, visto que num momento dizem que o requerido era
dono dos direitos de precatórios e em outro momento atestam que ele era procurador. Ou seja
quando este representou os autores nas vendas para João Melitào Cagni, não poderia fazer
por procuração, visto que era dono e não procurador. Num outro momento, quando fez a venda
para administradora Brasil dai os autores entendem que ele poderia agir como procurador, pois,
isto lhes trazia benefícios.”

d) “É claro que o requerido não tem interesse em desfazer os atos praticados,


visto que todos os negócios foram realizados na maior lisura, e que se fossem agora anulados,
como querem os autores, prejudicariam os direitos dos adquirentes das diversas cessões
realizadas, que inclusive já usaram para compensar seus débitos de ICMS junto ao Estado do
Paraná. Além do qüe, como se isto não bastasse Excelência, o requerido estranhou o
documento de fls. 40, chamado de distrato pelos autores, visto que jamais autorizou a feitura de
tal documento, sequer por substabelecimento, o que desde já requer o aprofundamento de tal
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documento, visto que entende tratar-se de uma fraude, o que será no futuro levantado através
de perícia, que desde já requer a esse MM. Juizo. Basta um simples olhar para a citado
documento e podemos vislumbrar que o mesmo carece de verdade material. O mesmo foi feito
no dia 17.01.2005, e datado de 21 de outubro de 2005, o que já traz uma desconfiança quanto
a sua veracidade”

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- Pugna pela improcedência dos pedidos.

4. Contestam as Rés ÉVORA COMERCIAL DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS LTDA.,


LUMIPARTS COMERCIAL LTDA e TOZETTO & CIA LTDA(ev 1.14), sustentando:

a) “Pretendem os Autores, em relação às contestantes, a decretação de nulidade


das cessões havidas em benefício delas, vez que a escritura pública de cessão de crédito
firmada com o Sr. João Militão Cagni, seria nula, pois Luiz Carlos Baldo Kosak não teria
poderes de representar os Autores/Cedentes.”

b) “Os Autores reconhecem que a procuração outorgada ao Sr. Luiz Carlos Baldo
Kosak era em causa própria e, às fls. 14 reconhecem que " o procurador Luiz Carlos Baldo
Kosak, a partir do 'recebimento' dessas procurações passou a ser dono único, por cessão, dos
"direitos integrais" que os Manzotti. àquela época, possuíam sobre o citado “precatório
pendente de pagamento".

Desta forma, como Luiz Carlos Baldo Kosak passou a ser detentor dos direitos
sobre o referido precatório, os Autores estão destituídos de legitimidade para figurar no polo
ativo da relação, vez que pleiteiam direito alheio em nome próprio. Diante disso, requer desde
já que o presente feito seja julgado extinto sem julgamento de mérito, ante a ilegitimidade ativa
dos Autores.”.

c) “O fundamento do pedido de nulidade da cessão feita ao Sr. João Militão Cagni


é a ausência de poderes conferidos a Luiz Carlos Baldo Kosak para a representação dos
Autores. Ou seja, os Autores entendem que não foram conferidos poderes de representação ao
Outorgado (Luiz Carlos Baldo Kosak), já que a procuração em causa própria implica em cessão
de direitos.

Diversamente do que entendem os Autores, a procuração por eles outorgada


confere ao Sr. Luiz Carlos Baldo Kosak poderes/ para representa-los na assinatura da cessão
dos direitos creditórios.

Basta uma rápida leitura nas procurações (fls. 26 e 29) para se constatar isso,
verbis: "...poderes amplos, gerais e ilimitados para o fim especial de representar o outorgante na assinatura da escritura
pública declaratória e de cessão de direitos creditórios, cessão essa relativa à transferência de todos os direitos concernentes à
Ação Ordinária de Indenização n.° 5120/0000..., podendo para tanto dito procurador assinar as escrituras necessárias com as
cláusulas e condições de estilo, transferindo direitos integrais quanto a tal precatório, inclusive sobre corrèção monetária ....,
podendo tomar todas as demais providências que se fizerem necessárias para bem representar o outorgante.... O presente
instrumento é feito em caráter irrevogável e irretratável, isento de prestação de contas...”

d) “Os poderes conferidos ao Outorgado, mesmo em causa própria, permitem que


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a transferência possa ser feita a ele ou a quem ele quiser. Nada impedia o Outorgado de ceder
os direitos sobre o precatório expedido nos autos 5102/0000 a terceiros. A doutrina é pacífica
neste sentido: "A procuração em causa própria ou mandato in rem suam é outorgado no
interesse exclusivo do mandatário e utilizada como forma de alienação de bens. Recebe estes
poderes para transferi-los para o seu nome ou para o de terceiro (finalidade mista),

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dispensando nova intervenção “dos outorgantes e prestação de contas". -ht Direito Civil
Brasileiro, vol. III, Contratos e Atos Unilaterais, Carlos Roberto Gonçalves, ed. Saraiva,2004,
pág. 415.

A conduta dos Autores, de querer discutir negócio jurídico perfeito do quál


participaram efetivamente e em momento algum alegaram vícios de consentimento, caracteriza
claro venire contra factum próprio, vedado pelo nosso direito. Por mais este fundamento a ação
é improcedente.”

e) “Nem se alegue que os direitos de crédito cedidos a João Militão Cagni teriam
sido anteriormente cedidos à Administradora Brasil.

Após a cessão de crédito celebrada pelos Autores, representados por Luiz Carlos
Baldo Kosak, à Administradora Brasil de Imóveis (fls. 31), a escritura foi retificada (doe. II),
passando a constar como percentual cedido o seguinte: "O percentual cedido na referida
escritura passa a ser de 70% (setenta por cento), correspondente aos 4°. 5°. 6°. T. 8° 9° e 10°
décimos vincendos do precatório constante da referida escritura".

Assim, verifica-se que o percentual de 30%, correspondente ao 1°. 2° e 3°


décimos não fez parte da negociação celebrada entre os Autores e a Administradora Brasil de
Imóveis, sendo, portanto» válida e eficaz a cessão feita à João Militão Cagni.”

- Pugna pela extinção do processo ou improcedência do pedido.

5. A parte AUTORA não apresenta impugnação(1.15).

6. Manifesta-se a Autora(1.19) requerendo a exclusão de todos os Réus(Évora


Comercial de Gêneros Alimentícios Ltda., Supermercados Luedgil Ltda., AM Supermercados Ltda., Tozetto & "Cia. Ltda., Móveis Leva Já Ltda.,

João Melitão Cagni, Lumiparts comercial Ltda., e, Pennacçhi & Cia. Ltda.),
só permanecendo Luiz Carlos Baldo Kozak
e Administradora Brasil de imóveis Ltda, e não tendo a última contestado, seja decretado a sua
revelia. Ainda que requereu instalação de inquérito policial contra os Réus na 15ª Subdivisão
de Cascavel-PR(autos 2007.2184-4).

7. Na decisão do evento 1.23 foi deferida a exclusão os Réus não citados, sendo
cumprido pela Distribuição(1.24) com exclusão das Rés AM Supermercado Ltda, Móveis Leja
Já e Pennachi e Cia Ltda.

8. Diante da existência de inquérito policial contra LUIZ CARLOS BALDO KOSAK, foi
aguardada a conclusão do feito na esfera criminal, entretanto em 10/07/2018, vem notícia aos
Autos(ev 65) que o inquérito policial iniciado em 2007 foi arquivado a pedido do Ministério
Público em face da prescrição da pena em perspectiva(CP, art. 107,IV) por decisão judicial
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datada de 15/10/2013 e transitou em julgado em 01/12/2014(ev 65.22). Verifica-se do inquérito,
que quase nenhuma prova foi produzida.

É o relatório.

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O feito comporta julgamento antecipado com base no art. 355, I do CPC[1].

Passo a fundamentar a decisão:

QUESTÕES PRELIMINARES

9. A ação foi proposta inicialmente contra Évora Comercial de Gêneros Alimentícios Ltda,
Luiz Carlos Baldo Kozak, Administradora Brasil de Imóveis Ltda, Supermercados Luedgíl Ltda, Am
Supermercados Ltda, Tozetto & Cia Ltda, Moveis Leja Já , João Melitão Cagní, Lumíparts Comercial Ltda, e
Pennacchi & Cia Ltda.

No evento 1.19 a AUTORA requer desistência da ação contra todos os Réus


exceto LUIZ CARLOS BALDO KOZAK e ADMINISTRADORA BRASIL DE IMÓVEIS LTDA,
sendo que decisão do evento 1.23 foi deferida a exclusão os Réus não citados, sendo cumprido
pela Distribuição(1.24) com exclusão das Rés Am Supermercado Ltda, Móveis Leja Já E
Pennachi E Cia Ltda.

Portanto, subsiste o pedido de desistência em relação aos RÉUS: Évora


Comercial De Gêneros Alimentícios Ltda, Supermercados Luedgíl Ltda, Tozetto & Cia Ltda,
João Melitão Cagní, Lumíparts Comercial Ltda.

10. O SUPERMERCADOS LUEDGÍL LTDA, não apresentou contestação e nem foi


excluído pela Distribuição(1.24), mas denota-se que é de rigor homologar a desistência, em
face a ausência de citação.

11. Apresentaram contestação: João Melitão Cagní(Ev. 1.11) e Évora Comercial


de Gêneros Alimentícios Ltda., Lumiparts Comercial Ltda e Tozetto & Cia Ltda (Ev 1.14),
portanto a desistência em relação aos mesmos, diante da contestação apresentada, a teor do
art. 90 do CPC[2], deve a parte Autora arcar com as custas processuais proporcionais e
honorários advocatícios pelo trabalho dos advogados, no caso que se fixa em R$ 1.000,00, em
face a simplicidade da causa e o pedido de desistência, com base no art. 85 do CPC.

Portando, subsiste ação somente em relação LUIZ CARLOS BALDO KOZAK e


ADMINISTRADORA BRASIL DE IMÓVEIS LTDA.

QUESTÕES DE MÉRITO

12. Subsiste pois, apenas a contestação do Réu LUIZ CARLOS BALDO


KOZAK(ev 1.12), uma vez que a Ré ADMINISTRADORA BRASIL DE IMÓVEIS LTDA foi citada
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(f. 7 do ev 1.9 ou f. 85/físicos) e não contestou o pedido.

13. Embora a ADMINISTRADORA BRASIL não tenha contestado o pedido a sua


revelia não produz o efeito de presunção de veracidade dos fatos alegados pela
AUTORA(CPC, art. 344)[3], com base no art. 345, I do CPC, em face a contestação

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apresentado por LUIZ CARLOS BALDO KOZAK(ev 1.12).

14. Os pedidos inicias são os seguintes:

- “decretação da nulidade da "cessão" (com aspas) de direitos creditórios


realizada pela Administradora de Imóveis Brasil Ltda à litisconsorte passiva Pennacchi & Cia.
Ltda;

- da "cessão" (com aspas) feita por Luiz Carlos Baldo Kozak a João Melitão
Cagni

- a nulidade “dos negócios jurídicos decorrentes da "Escritura Pública de Cessão


de Direitos Creditórios" lavrada às fls. 87- 88, do livro 0787-E, na 6" Serventia Notarial Malucelli,
em 15.07.2004 e que dizem respeito às "cessões" (com aspas) realizadas aos litisconsortes
passivos Supermercados Luedgil Ltda; AM Supermercados Ltda; Évora Comercial de Gêneros
Alimentícios Ltda; Tozzetto & Cia. Ltda; Lumiparts Comercial Ltda; e Móveis Leva Já Ltda.”

A causa de pedir é que as procurações foi dada pelos Autores em causa própria
em favor de Luiz Carlos Baldo Kozak, mas utilizou-a como se fosse procurador dos Autores.

14.1 O contrato de mandato a teor do art. 653 do CC[4], confere ao mandatário


poderes para praticar atos em nome do mandante, de modo que no caso dos Autos, o
mandatário seria LUIZ CARLOS BALDO KOZAK e os mandantes os autores PEDRO MANZOTTI,
EUCLIDES MANZOTTI e CLEUZA MARIA SALGUEIRO MANZOTTI.

Alega a AUTORA é “procuração em causa própria” em favor de Luiz Carlos


Baldo Kozak, de modo que ele só poderia realizar negócio consigo mesmo ou autocontrato, por
se tornar dono dos créditos cedidos.

Entretanto, não se trata de procuração em causa própria(in rem suam), por não
conter a cláusula “em causa própria” exigido expressamente pelo art. 685 do CC[5] e nem
outros requisitos, pois denota-se de suas redações(fls. 10 e 12 do ev 1.4) que nenhuma das
procurações contém a cláusula “em causa própria” e apenas a segunda (outorgada por
Euclides/Cleuza) contém a isenção de prestar contas. Ambas procurações conferem poderes ao
MANDATÁRIO para representá-los para cessão de direitos creditórios, bem como perante
precatórios requisitórios, evidenciando-se que os Autores passaram tal procuração para que
LUIZ CARLOS negociasse tais créditos em seu nome, e não para fins de auto contrato, que só
serviria a LUIZ CARLOS se ele tivesse débito junto ao Estado do Paraná, o que não é o caso.

Aliado a isso a “PROCURAÇÃO EM CAUSA PRÓPRIA”, como é de praxe traz seu


nomen iuris em epígrafe no alto da procuração, além de no início conter os dizeres: “ SAIBAM
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todos quantos este público instrumento de procuração em causa própria...”, para que se
possa diferenciar da regra do mandato ad negotia, o que não ocorre nas procurações sub
judice. Nesse sentido:

“APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO ANULATÓRIA REVOGAÇÃO DE SUBSTABELECIMENTO VALIDADE MANDATO

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EM CAUSA PRÓPRIA NÃO CONFIGURADO INDUZIMENTO AO ERRO AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO

ÔNUS PROBATÓRIOS QUE O AUTOR NÃO SE DESINCUMBIU RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1.O artigo 682, inciso I do Código Civil é claro ao dispor que o mandato cessa pela revogação ou pela renúncia,

ou seja, o mandato é essencialmente revogável, a qualquer tempo e sem necessidade de justificativa o mandante

pode revogar a procuração outrora outorgada, o que também é válido em relação ao substabelecimento.

2. Uma das hipóteses em que o mandato não poderá ser revogado é a prevista no artigo 685 do Código Civil, a

saber, quando se tratar de mandato em causa própria.

3. Para que o instrumento de mandato, com cláusula in rem suam tenha os efeitos do contrato de compra e

venda, afora os elementos essenciais desse negócio jurídico, deve conter cláusulas de irrevogabilidade,

irretratabilidade e dispensa de prestação de contas. Precedentes.

4. A procuração e, consequentemente, os respectivos substabelecimentos trazidos aos autos não

instrumentalizam um mandato em causa própria, pois não contém a cláusula "em causa própria", nem tampouco

autorização expressa de transferência do bem para o próprio outorgado desde logo. Carece o aludido

instrumento, ainda, de qualquer menção acerca do eventual pagamento, pelo mandatário/outorgado, do preço do

imóvel. Por fim, não foram inseridas no instrumento do mandato as cláusulas de irretratabilidade e de

irrevogabilidade.

5. Os poderes especiais ali mencionados não devem ser interpretados de maneira ampla, mas restrita, não sendo

possível deduzir subjetividades não expostas de maneira clara e objetiva, sob pena de se incorrer em

insegurança jurídica. Assim, conclui-se que se trata de procuração ad negotia , sendo firmada apenas para

gestão dos negócios relativos ao imóvel, de modo que permanece, portanto, hígida a possibilidade, ao

substabelecente, de revogar o substabelecimento.

6. O apelante não se desincumbiu dos ônus probatórios que lhe competiam, nos termos do artigo 373 do CPC.

7. Embora a ré/apelada tenha sido revel no presente processo e um dos efeitos da revelia, segundo o artigo 344

do CPC, seja a presunção da veracidade das alegações de fato formuladas pelo autor da ação, a jurisprudência

consolidada do c. STJ entende que essa presunção é relativa, uma vez que o juiz deve atentar-se para os

elementos probatórios dos autos, formando livremente sua convicção, para, só então, decidir pela procedência ou

improcedência do pedido. Precedentes STJ.

8. Recurso conhecido e improvido.” (TJES, 2ªCCiv, Ap. 56825-55.2012.8.08.0030, Rel. Fernando Estevam

Bravin Ruy, j. em 10/04/2018)

“PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE ESCRITURA PÚBLICA. COMPRA E

VENDA REALIZADA POR PROCURAÇÃO APÓS O FALECIMENTO DO MANDANTE. INEFICÁCIA DA


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PROCURAÇÃO AD NEGOTIA. REVOGABILIDADE DIANTE DA INTELIGÊNCIA DO ART. 682, II DO CÓDIGO

CIVIL. MANDATO EM CAUSA PRÓPRIA (IN REM SUAM) NÃO EVIDENCIADO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS

ESSENCIAIS PARA CONFIGURAR EXECUÇÃO À REGRA. ATO NULO. RECURSO IMPROVIDO.

I.A revogabilidade do mandato é a regra, devendo a sua exceção estar expressamente mencionada no

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instrumento de procuração para que possa ser considerada, conforme a inteligência dos arts. 682, I e 683 do CC.

II.Neste contexto, sabendo que o mandato ¿em causa própria¿ (in rem suam) previsto no art. 685 do CC constitui

exceção à regra, a sua outorga deve se dar de maneira expressa para possa se diferenciar da regra do mandato

ad negotia, o que, no entanto, não se evidenciou nos autos.

III.Diante da ausência de certeza de que fora outorgado o mandato específico ¿em causa própria¿, não há como

negar a extinção dos poderes outorgados ao mandatário pelo falecimento do mandante, na forma do art. 682, II

do CC, de modo a invalidar todos os atos por ele praticados após o falecimento, notadamente porque inaplicável,

na espécie, a regra do art. 689 do CC.

IV. Recurso que se nega provimento.”

(TJES, 4ªCCiv, Ap. 3309-66.2013.8.08.0069, Rel. Jorge do Nascimento Viana, j. em 2/5/2016)).

Outro fato que denota não se tratar de procuração em causa própria é o que não
contém o preço pela cessão e nem outro contrato paralelo apresentasse pelos Autores, onde
constasse por qual preço vendeu cedeu os direitos creditórios a LUIZ CARLOS, como ensina a
doutrina:

“O mandato em causa própria é, conforme indicado, outorgado no interesse


do mandatário que, consequentemente, fica isento de prestar contas, tem
poderes amplos, equivalendo a procuração à venda ou cessão de direito.
É muito usada na cessão de títulos de clube ou na alienação de bens
imóveis. Trata-se de mandato irrevogável e que subsiste após a morte do
mandante. [...] A procuração é aparente, pois o que se fez foi uma compra
e venda. É preciso, no entanto, que existam os três elementos essenciais: a
coisa, o preço e o consenso. Poderá também haver outros negócios, sob a
forma de procuração.” (Arnoldo Wald , Obrigações e contratos. 10. ed. Rev.
ampl. e atual., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1992, p. 399.).

14.2 Aliado a isso, se é procuração em causa própria para fins de auto contrato
em favor de LUIZ CARLOS, diante da irrevogabilidade do contrato e isenção de prestar contas,
os créditos cedidos são de sua propriedade, de modo que não poderiam os Autores pleitear a
nulidade de contratos, onde o objeto são créditos pertencentes a LUIZ CARLOS, que não seria
procurador, mas proprietário dos referidos créditos.

Nesse palmilhar, poderiam os Autores, pleitear apenas eventual pagamento por


parte de LUIZ CARLOS em face a “venda” realizada.

14.3 Portanto, não são nulas as cessões realizadas por LUIZ CARLOS em nome
dos AUTORES, e de consequência a cessão realizada pela ADMINISTRADORA BRASIL DE IMÓVEIS
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LTDA à PENNACCHI & CIA. LTDA e as outras envolvendo Supermercados Luedgil Ltda; AM
Supermercados Ltda; Évora Comercial de Gêneros Alimentícios Ltda; Tozzetto & Cia. Ltda;
Lumiparts Comercial Ltda; e Móveis Leva Já Ltda, quer pelo fato das procurações outorgadas
pelos AUTORES dar poder para LUIZ CARLOS representá-los, ou que pelo fato de só poder
fazer auto contrato, ser LUIZ CARLOS o proprietário dos créditos de modo que poderia

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cedê-los a terceiros, de modo que a cessão como procurador, teve igual efeito e não foi alvo de
objeção das serventias onde foram realizadas as cessões subsequentes.

Não bastasse isso, a cessão realizada à PENNACCHI e outros cessionários,


exigiriam as suas presenças na demanda, para possibilitar a nulidade.

São os fundamentos.

Homologo a desistência em relação aos Réus, exceto LUIZ CARLOS BALDO


KOZAK e ADMINISTRADORA BRASIL DE IMÓVEIS LTDA, devendo a Autora arcar com 80%
das custas processuais e honorários advocatícios que arbitro em R$ 1.000,00, para os
Advogados que apresentaram contestações nos eventos 1.11 e 1.14, com base no art. 85 do
CPC, e ante a desistência da ação.

Anote-se na distribuição.

ANTE O EXPOSTO, e com base nos arts. 653 e 685, ambos do CC, julgo
improcedentes os pedidos demais iniciais e condeno a parte AUTORA ao pagamento de 20%
das custas processuais e honorários advocatícios que arbitro em 10% do valor dado a
causa(sem correção), com base no art. 85 do CPC, em favor do advogado de Luiz Carlos Baldo
Kozak.

P.R.I.

Maringá, Data da assinatura eletrônica.

Mário Seto Takeguma - JUIZ DE DIREITO

[1] Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando :
I - não houver necessidade de produção de outras provas;

[2] Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia ou em reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários
serão pagos pela parte que desistiu, renunciou ou reconheceu. § 1º Sendo parcial a desistência, a renúncia ou o reconhecimento, a
responsabilidade pelas despesas e pelos honorários será proporcional à parcela reconhecida, à qual se renunciou ou da qual se desistiu.

[3] Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as
alegações de fato formuladas pelo autor.

[4] Art. 653 do Código Civil: Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou
administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
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[5] Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula "em causa própria", a sua revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de
qualquer das partes, ficando o mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto do
mandato, obedecidas as formalidades legais.

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