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Questão 6 - Análise de recurso

A banca apresenta uma senhora de 64 anos com histórico de hipertensão e


diabetes tipo 2, que busca atualizar sua carteira de vacinação. A paciente tem
histórico de infecções comuns na infância, incluindo sarampo, caxumba,
rubéola, varicela e hepatite A. Com esses dados em mãos, vamos analisar as
alternativas.

Letra A: incorreta. A paciente já teve caxumba antes dos cinco anos de idade, o
que, em geral, confere imunidade vitalícia.

Letra B: incorreta. Da mesma forma, a paciente já teve hepatite A, que também


provê imunidade perene.

Letra C: incorreta. Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) também não


está indicada, já que a paciente teve todas essas doenças na infância,
garantindo imunidade.

Letra D: questionável. A vacina de varicela-zóster é recomendada - pela


Sociedade Brasileira de Imunizações, mas não pelo Ministério da Saúde" para
adultos a partir de 60 anos, mesmo para aqueles que já tiveram varicela no
passado, para prevenir o herpes-zóster, que é a reativação do vírus da
varicela.

Gabarito: letra D. Cabe recurso.

SUGESTÃO DE RECURSO

"Prezados membros da banca examinadora,

Venho por meio deste, solicitar a anulação da questão 6 da prova objetiva, cuja
resposta correta foi indicada como sendo a alternativa D, que sugere a
vacinação contra varicela-zóster para paciente idosa, hipertensa e diabética.

Contrariamente ao que indica a questão, após consulta ao Calendário Nacional


de Vacinação para adultos e idosos, disponível no site oficial do Ministério da
Saúde (https://www.gov.br/saude/pt-br/vacinacao/arquivos/calendario-nacional-
de-vacinacao-adulto-e-idoso), constata-se que a vacina contra varicela-zóster
não é recomendada ou mencionada para o público idoso no contexto do
Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil.

Dada a ausência dessa recomendação no referido calendário, solicito


respeitosamente a revisão e anulação da questão, tendo em vista a
importância de que todas as informações apresentadas nas avaliações reflitam
com precisão as políticas e diretrizes de saúde vigentes, garantindo a validade
e a equidade do processo avaliativo.

Atenciosamente.".
Questão 7 - Análise de recurso
Estamos diante de um paciente no 5º dia de pós-operatório de hemicolectomia
esquerda com anastomose terminoterminal que evoluiu com dor abdominal e
febre. A febre é uma das principais complicações pós-operatórias, sendo
relatada por 2/3 dos pacientes. A definição das principais hipóteses é feita
analisando o tempo de pós-operatório e os sintomas apresentados.

Nos primeiros 2 a 3 dias, a principal etiologia é a atelectasia, causada pela dor


e hipoventilação que ocorrem nos primeiros dias de pós-operatório. Outra
causas menos prováveis são relacionadas ao acesso vascular, como flebite e
infecção do acesso.

Ainda nos primeiros dias, outras duas condições precisam ser afastadas: a
infecção necrotizante de ferida operatória (infecção grave da ferida com
crepitação) e infecção prévia à cirurgia.

Caso perdure por mais de 5 a 8 dias, deve ser realizada investigação de


acordo com a sintomatologia apresentada pelo paciente. As causas mais
comuns são: pneumonia, infecção de sítio cirúrgico, ITU, diarreia invasiva por
C. difficile, TVP e TEP, reação a drogas e reação transfusional.

Vamos analisar as alternativas.

Letra A: incorreta. Atelectasia não é mais esperada no 5º dia de pós-operatório.

Letra B: incorreta. Não há qualquer relato de sintomatologia associada a


infecção do trato urinário.

Letra C e letra D: não é possível afirmar com base no enunciado qual é a


correta. As duas alternativas estão relacionadas a infecção de sítio cirúrgico
(ISC). As ISCs são infecções presentes em qualquer localização ao longo do
trajeto cirúrgico após a realização de um procedimento e podem ser divididas
em:

 Incisionais
superficiais: pele e tecido subcutâneo;
 Incisionais
profundas: fáscia e músculo, independentemente do
acometimento do subcutâneo;
 Relacionadas ao espaço orgânico: abscessos intra-abdominais,
empiema, mediastinite.

A ISCs se manifestam dependendo do sítio afetado. Infecções da pele,


subcutâneo, parede abdominal e fáscias geralmente se manifestam no 5º ou 6º
dia de pós-operatório como sinais inflamatórios em torno da ferida (eritema,
calor, edema e dor) com eventual drenagem espontânea de secreção
purulenta. Já os abscessos intra-abdominais são mais difíceis de diagnosticar.
Podem apresentar-se por drenagem de secreção purulenta pelos drenos,
surgimento de massas abdominais ao exame físico ou mesmo como uma febre
de origem obscura. Podem acontecer em até 30 dias após o procedimento
comum ou até 1 ano após implante de corpo estranho (próteses, telas). São em
geral causadas por Staphylococcus aureus, Staphylococcus coagulase
negativos, Enterococos e E. coli.

Segundo o Sabiston 21ª edição, página 224, a infecção de sítio cirúrgico


profundo envolve pelo menos um dos seguintes:

 Drenagem purulenta da incisão profunda, mas não do componente


órgão/espaço do sítio cirúrgico.
 A incisão profunda com deiscência esponânea ou é aberta
deliberadamente por um cirurgião e é positiva para cultura ou não é
cultivada;
 Quando o paciente apresenta pelo menos um dos seguintes sinais ou
sintomas: febre (>38°C) ou dor ou sensibilidade localizada. Um
achado de cultura negativa não atende a esse critério.
 Um abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo a incisão
profunda é encontrado no exame direto, durante reoperação, ou por
exame histopatológico ou radiológico.
 Diagnóstico de ISC incisional profunda por um cirurgião ou médico
assistente. Ferida que apresenta lesões superficiais e profundas a
infecção incisional é classificada como infecção de sítio profundo.

Por outro lado, a infecção relacionada ao espaço orgânico (p. ex., abscesso
intracavitário) envolve:

 Drenagem purulenta de um dreno que é colocado através de uma


facada no órgão/espaço.
 Organismos isolados de uma cultura de fluido ou tecido obtida
assepticamente no órgão/espaço.
 Um abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo o
órgão/espaço encontrada no exame direto, durante reoperação, ou por
exame histopatológico ou radiológico.
 Diagnóstico de uma ISC de órgão/espaço por um cirurgião ou médico
assistente.

Ou seja, veja que não conseguimos fechar um diagnóstico apenas pelos dados
fornecidos. Como não há manifestações na ferida operatória, a mais provável é
de fato um abscesso subfrênico, algo compatível tanto pela cirurgia que foi
realizada (hemicolectomia esquerda) quanto pela clínica apresentada pelo
paciente.

Logo, cabe recurso! Fica a critério do candidato se solicita anulação ou


ampliação do gabarito.

"Prezados membros da banca examinadora do Revalida INEP, Venho por meio


desta solicitar anulação da questão 7 do presente concurso. Segundo o livro-
texto Sabiston 21ª ed. página 224, não é possível diferenciar entre abscesso
subfrênico e infecção de sítio cirúrgico profundo apenas pelos dados fornecidos
no enunciado. Os achados clínicos apresentados pela banca podem ser
encontrados em ambas as condições. Conforme consta no Sabiston, temos
que a infecção de sítio cirúrgico profundo precise envolver pelo menos um dos
achados

"a. Purulent drainage from the deep incision but not from organ/space
component of the surgical site.; b. Deep incision spontaneously dehisces or is
deliberately opened by a surgeon and is culture-positive or not cultured
when the patient has at least one of the following signs or symptoms: fever
(>38°C) or localized pain or tenderness. A culture-negative finding does not
meet this criterion; c. An abscess or other evidence of infection involving the
deep incision is found on direct examination, during reoperation, or by
histopathologic or radiologic examination; d. Diagnosis of a deep incisional SSI
by a surgeon or attending physician. Wound that has both superficial and deep
incisional infection is classified as DIS."

Logo, não podemos definir pelo apresentado que de fato se trata de uma
infecção de sítio cirúrgico. Portanto, solicito anulação da questão."

Fonte: TOWNSED, C.M.; BEUCHAMP, R.D.; EVERS, B.M.; MATTOX, K.L.; et


al. (Eds.). Sabiston. Textbook of Surgery: the biological basis of modern
surgical practice. 21th ed.

Questão 27 - Análise de recurso


Pessoal, apesar de que, dentre as alternativas, a melhor resposta, de fato, seja
alternativa A, vamos tentar "forçar" um recurso aqui. Perceba: estamos diante
de um paciente vítima de ferimento por arma branca em região axilar direita e
que apresenta um hemotórax maciço, ou seja, macicez à percussão e ausência
de murmúrio vesicular em hemitórax direito associados à instabilidade
hemodinâmica grave, como hipotensão arterial, taquicardia, palidez cutânea e
pulso filiforme. Lembre-se que nesses casos, via de regra, a primeira conduta
diante de um hemotórax maciço é a reposição volêmica com hemoderivados
associada à toracostomia com drenagem pleural fechada. Caso a drenagem
imediata de > 1.500 ml geralmente requer toracotomia mas de URGÊNCIA,
assim como a saída de > 200 ml/h nas primeiras duas a quatro horas.
Pacientes com menos de 1.500 ml de sangue drenado, mas que continuam a
sangrar, devem ser candidatos também à cirurgia. Outras indicações
seriam instabilidade hemodinâmica e necessidade contínua de
hemotransfusões. Por isso, apesar de podermos sim indicar uma toracotomia,
mas como vimos de urgência no centro cirúrgico e não de emergência na sala
de trauma, a melhor conduta seria a drenagem de tórax em selo d'água.

Agora, repare que, não existe nenhuma alternativa correta na questão, pois a
alternativa B começou bem, mas terminou muito mal! Não podemos esperar o
paciente estabilizar hemodinamicamente para indicar a drenagem torácica.

Logo, cabe recurso! Segue modelo abaixo.


"Prezada banca examinadora,

De acordo com a página 68 da 10ª edição do ATLS, em casos de hemotórax


maciço, como o da questão de número 27 deste concurso, a próxima conduta
seria a toracostomia com drenagem pleural em selo d'água:

"Massive hemothorax is initially managed by simultaneously restoring blood


volume and decompressing the chest cavity. Establish largecaliber intravenous
lines, infuse crystalloid, and begin transfusion of uncrossmatched or type-
specific blood as soon as possible. When appropriate, blood from the chest
tube can be collected in a device suitable for autotransfusion. A single chest
tube (28-32 French) is inserted, usually at the fifth intercostal space, just
anterior to the midaxillary line, and rapid restoration of volume continues as
decompression of the chest cavity is completed. The immediate return of 1500
mL or more of blood generally indicates the need for urgent thoracotomy."
Fonte: ATLS - Advanced Trauma Life Support for Doctors. American College of
Surgeons. 10a. Ed 2018
Portanto, solicito anulação da referida questão."

...
Questão 28 - Análise de recurso
A questão traz um menino de 6 anos, portador de nefropatia crônica, em uso
de corticóide oral em dose imunossupressora (para fins de imunização,
considera-se dose imunossupressora valores maiores que 2mg/kg/dia). A
criança não possui registro vacinal, sendo necessária a atualização do seu
calendário. Vamos considerar as alternativas apresentadas:
Letra A: incorreta. Crianças em uso de medicação imunossupressora não
podem receber vacinas com agentes vivos atenuados. A Sociedade Brasileira
de Imunizações tem ainda orientações específicas para pacientes vivendo com
nefropatia crônica, independente do uso de imunossupressor.

Letra B: correta. A vacina tríplice bacteriana pode ser feita em nefropatas e


pacientes em uso de corticóide em dose imunossupressora. Idealmente,
devemos dar preferência ao uso da vacina acelular (DTPa). O imunizante
contra a hepatite B também está indicado, devendo ser administrado em quatro
doses, com o dobro do volume recomendado para a faixa etária.

Letra C: incorreta. A vacina tetraviral inclui a vacina contra varicela, composta


por vírus vivos atenuados. Essa vacina é contraindicada para pacientes em
vigência de imunossupressão. Ainda, vale reforçar que pelo Programa Nacional
de Imunizações (PNI) a vacina tetraviral é feita apenas até 4 anos, 11 meses e
29 dias. Crianças mais velhas sem contraindicação devem receber duas doses
da tríplice viral e a vacina contra varicela separadamente.

Letra D: incorreta. A vacina BCG não pode ser administrada em vigência de


uso de imunossupressor.

Resposta: letra B. A banca lançou como gabarito a letra C. Vamos solicitar um


recurso.

"Prezada banca avaliadora,

De acordo com o manual de normas de vacinação do Ministério da Saúde e


com o calendário de vacinação para pacientes especiais da Sociedade
Brasileira de Imunizações (SBIm)
(https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-pacientes-especiais.pdf,
acesso em 21 de março de 2023) pacientes em uso de corticosteroides em
dose imunossupressora (superior a 2mg/kg/dia por período superior a 14 dias)
não devem receber vacinas de agentes vivos. Assim, o paciente em questão
não poderia receber a vacina tetraviral, que inclui o imunizante contra varicela,
composto por vírus vivos atenuados. Solicito por gentileza anulação da
questão".

Questão 42 - Análise de recurso


Questão que gerou alguma polêmica. Vamos entender. Quando lemos
inicialmente o enunciado surge logo a hipótese de sífilis primária pelas
características da lesão. Apesar de não haver relato de atividade sexual
próxima ao aparecimento da lesão, veja que as características da lesão
apresentada são totalmente compatíveis com o cancro. E o fato de ter tratado
com pomada de neomicina não fala contra, uma vez que este tratamento não
faria efeito no cancro.
Lembre-se que a primeira manifestação da sífilis primária é caracterizada por
uma úlcera rica em treponemas, geralmente única e indolor, com borda bem
definida e regular, base endurecida e fundo limpo, que ocorre no local de
entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca ou outros
locais do tegumento), sendo denominada "cancro duro" ou "protossifiloma".
Alguns detalhes não são tão sugestivos, como o fato da lesão primária pode
ser acompanhada de linfadenopatia regional (acometendo linfonodos
localizados próximos ao cancro duro). Sua duração pode variar muito, em
geral, de três a oito semanas, e seu desaparecimento independe de
tratamento. Pode não ser notada ou não ser valorizada pelo paciente. Embora
menos frequente em alguns casos, a lesão primária pode ser múltipla.

Sendo sífilis, a benzilpenicilina benzatina é o medicamento de escolha para o


tratamento de sífilis, sendo a única medicação com eficácia documentada
durante a gestação. No caso da sífilis primária, a dosagem é de 1,2 milhão UI
IM em cada glúteo, conforme orienta a letra D.

Então a resposta poderia também ser letra D, certo? Não tão simples assim.

Veja que não há relato de atividade sexual, e a banca fez questão de trazer um
trabalhador rural e tabagista, com secreção crônica no sulco balanoprepucial
que, com o tempo, evoluiu para uma lesão ulcerada. Tudo bem que as
características da lesão sugerem bastante sífilis, mas o grande pulo do gato é
que não podemos afastar aqui um câncer de pênis!

O câncer de pênis ocorre mais comumente na sexta década de vida e tem


como principal fator de risco a má higiene. A doença é praticamente inexistente
em indivíduos circuncisados próximo do nascimento e sua localização mais
comum é na glande. Uma teoria postula que o acúmulo de esmegma sob o
prepúcio com fimose resulta em inflamação crônica, levando ao carcinoma.
Uma causa viral também é sugerida como resultado da associação deste tumor
com o carcinoma cervical uterino.

O carcinoma de células escamosas (espinocelular), por sua vez, compõe a


maioria dos cânceres penianos. Seu local de origem mais comum é a glande,
seguido de prepúcio e haste peniana. Pode ter aparência papilar ou ulcerativa.
O carcinoma verrucoso é uma variante, podendo corresponder de 5 a 16% dos
carcinomas penianos.

A biópsia da lesão é fundamental para estabelecer o diagnóstico e traçar a


conduta:

 Carcinoma in situ: pode ser tratado conservadoramente em pacientes


confiáveis: fluoroacil em creme ou laser de neodímio YAG.
 Carcinoma invasivo: excisão completa com margens adequadas.
o Lesões envolvendo prepúcio: postectomia
o Lesões envolvendo glande ou parte distal da haste peniana:
penectomia parcial com margem de 2 cm.
o Lesões envolvendo parte proximal da haste peniana:
penectomia total com uretrostomia perineal.
Quando analisamos o caso apresentado com mais cuidado, veja que o
paciente está na faixa etária característica, e com secreção esbranquiçada
crônica característica do esmegma. Então existe uma chance desta lesão ser
um câncer de pênis.

E agora? Qual deve ser a conduta?

Aí que está o problema. Quando não conseguimos diferenciar se a lesão é


tumoral ou infecciosa, há divergências na literatura sobre a conduta. A maior
parte das referências orientam biópsia logo inicialmente, porém outras orientam
primeiro tratar como infecção e avaliar a progressão do caso.

Então podemos tentar um recurso com base nisso. Dificilmente a banca


aceitará, mas podemos tentar.

"Prezados membros da banca examinadora do Revalida INEP,

Venho por meio desta solicitar alteração do gabarito da questão 42 do presente


concurso. Temos um caso clínico cuja lesão é sugestiva tanto de sífilis primária
quanto de neoplasia de pênis. Segundo o site de revisões UpToDate acessado
em 22/03/2024, "If an infection appears to be more likely [.], a four- to six-week
course of antifungals or antibiotics may be indicated, depending on the clinical
exam. [.] Lesions that do not resolve after six weeks or that progress at any time
during antibiotic or antifungal therapy should be biopsied." Ou seja, podemos
primeiro fazer o tratamento da infecção e apenas depois pensar em biópsias. E
segundo o livro-texto Harrison 21ª ed. página 1411, o diagnóstico de sífilis é
clínico, não sendo necessária biópsia. Além disso, o tratamento de escolha
para a sífilis primária é a penicilina G benzatina, conforme consta na mesma
página do livro referência em "Penicillin G is the drug of choice for all stages of
syphilis. T. pallidum is killed by very low concentrations of penicillin G". Além
disso, na página 1412 há uma tabela especificando as doses do tratamento, na
qual a dose preconizada é exatamente como descrito na letra D.

Logo, solicito anulação da questão."

Fonte: Harrison's Principles of Internal Medicine, 21e Eds. Joseph Loscalzo, et


al. McGraw Hill, 2022.

Questão 43 - Análise de recurso


Vamos considerar esse caso à luz da atualização mais recente do Ministério da
Saúde sobre o manejo do paciente com diarreia. O primeiro passo deve
sempre ser a avaliação do estado de hidratação do paciente. Consideramos
desidratação grave (grupo C) o paciente que apresente dos ou mais dos
seguintes sinais: estado geral comatoso, hipotônico, letárgico ou inconsciente;
olhos fundos; incapaz de beber; lágrimas ausentes, boca/língua muito seca,
sinal da prega que desaparece muito lentamente, pulso fraco ou ausente ou
perda de peso acima de 10%. Vale reforçar, contudo, que a presença isolada
de estado geral comprometido (comatoso/letárgico) OU incapacidade de beber
OU pulso fraco ou ausente é suficiente para classificar o paciente como grupo
C. Pacientes do grupo C devem ser tratados de acordo com o plano C, que é
baseado na reidratação endovenosa no estabelecimento de saúde ou hospital,
sendo dividido em duas etapas - fase de expansão e fase de manutenção ou
reposição. Veja que o paciente em questão tem 2 anos e apresenta várias
manifestações compatíveis com o grupo C, incluindo um estado geral
comprometido (sonolento e hipotônico). Vamos então às alternativas:

Letra A: incorreta. O paciente do grupo C deve ser tratado com hidratação


endovenosa, não estando indicada no momento o uso da solução de
reidratação oral.

Letra B: incorreta. Novamente, considerando a gravidade do paciente, a


hidratação deve ser endovenosa. Somente quando o paciente puder beber,
geralmente 2 a 3 horas após o início da reidratação venosa, é que podemos
iniciar a solução de reidratação oral.

Letra C: incorreta. A fase de expansão para maiores de 1 ano, de acordo com o


Ministério da Saúde, deve ser feita com 30ml/kg de soro fisiológico 0,9% ou
Ringer lactato, administrados em 30 minutos, seguidos de 70ml/kg de soro
fisiológico ou ringer lactato, administrados em 2 horas e 30 minutos.

Letra D: incorreta. Essa orientação está de acordo com o protocolo anterior do


Ministério da Saúde, No qual a conduta na fase de expansão era dividida entre
menores de 5 anos e maiores de 5 anos. Para menores de 5 anos, era
orientado fazer 20ml/kg de peso na fase de soro fisiológico 0,9%, até que a
criança estivesse hidratada. A banca deixa claro que a resposta deve ser
baseada no protocolo de 2023, motivo pelo qual a alternativa está incorreta.

Vamos elaborar uma sugestão de recurso:

"Prezada banca avaliadora,

O protocolo de 2023 do Ministério da Saúde para manejo do paciente com


diarreia
(https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/
doencas-diarreicas-agudas/manejo-do-paciente-com-diarreia-avaliacao-do-
estado-de-hidratacao-do-paciente-arquivo-com-marcas-de-corte/
@@download/file) orienta que pacientes com idade superior a 1 ano
classificados como grupo C devem receber a fase de expansão com soro
fisiológico 0,9%% ou Ringer lactato, administrados em 30 minutos, seguidos de
70ml/kg de soro fisiológico ou ringer lactato, administrados em 2 horas e 30
minutos. Desse modo, não há alternativa correta para a questão, já que a letra
D, fornecida como gabarito, traz uma conduta desatualizada que não está de
acordo com o protocolo de 2023, citado no enunciado. Solicito desse modo
anulação da questão".
Questão 45 - Análise de recurso
Quadro clínico bem compatível com pneumonia! Tratar em ambiente domiciliar
ou hospitalar? Para nos ajudar nessa decisão, podemos lançar mão do escore
CURB-65, que se baseia em variáveis das quais deriva seu nome (em inglês):

 Confusão mental;
 Ureia > 50 mg/dl;
 Respiratory rate (frequência respiratória) > 30 ciclos/min;
 Blood pressure (pressão arterial sistólica < 90 mmHg ou pressão arterial
diastólica < 60 mmHg); e
 Idade= 65 anos.

Existe alguma variação de acordo com a fonte, mas pacientes com escore de 0
ou 1 podem ser tratados ambulatorialmente; a terapia hospitalar com drogas
parenterais pode ser considerada em pacientes com 2 pontos, ao passo que a
internação é tradicionalmente indicada em indivíduos com 3 pontos (na
presença de 4-5 pontos, a internação é feita em UTI).

Na ausência da ureia, podemos aplicar o CRB-65: pacientes com pontuação de


0 são tratados em nível ambulatório; com uma pontuação de 1-2, podemos
considerar a internação, ao passo que a internação é indicada se pontuação ?
3. "Puxando" para o caso, percebemos que nosso paciente só marca um ponto
pela idade. ou seja, o tratamento hospitalar até pode ser considerado, mas há
margem para tratarmos esse senhor em casa! Com esse pensamento, vamos
em busca da melhor opção:

Letra A: incorreta. Como discutido, é possível tratar esse paciente em regime


domiciliar. O problema é que a monoterapia com macrolídeo fica reservada
para pacientes jovens, sem comorbidades ou fatores de risco para
pneumococo resistente. Aqui, temos uma idade de 70 anos, HAS e diabetes
mellitus, o que inviabiliza essa opção.

Letra B: polêmica. É preciso entender que o contexto geral deste senhor


sugere um tratamento domiciliar. Afinal de contas, ele só marcou um pontinho
pela idade no CRB-65, sendo que seu estado geral parece ótimo (apesar das
comorbidades, os sinais vitais tranquilizam bastante). Ao mesmo tempo, a
internação poderia ser cogitada e o esquema proposto tem respaldo pelas
diretrizes brasileiras.

Letra C: incorreta. Pelos consensos brasileiros, ampicilina/sulbactam deve ser


acompanhada de macrolídeo (amoxicilina/clavulanato é citado no documento
como opção para monotereapia em pacientes internados em enfermaria).

Letra D: correta. Mesmo com um ponto no CRB-65, seria possível tratar esse
paciente em casa, já que ele tem um bom estado geral. Para pacientes com
comorbidades e mais de 60-65 anos, indicamos a combinação de um
betalactâmico e de um macrolídeo, o que garante cobertura para germes
típicos e atípicos.
Conclusão: a letra D, sem dúvidas, é a melhor resposta. Ao mesmo tempo,
podemos "forçar" um pedido de recurso pela polêmica da letra B. A gente
reforça que o gabarito liberado é sim a melhor opção, mas tentaremos ajudar
quem errou a questão, sabendo que a anulação não prejudicará ninguém.
Atenção: o pedido é para ANULAR, não para trocar o gabarito.

RECURSO

Cara banca examinadora,

De acordo com as Recomendações para o manejo da pneumonia adquirida na


comunidade 2018, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia,
página 410, figura 2, percebemos que pacientes com 1 ponto no CRB-65
podem ter a internação hospitalar cogitada. Segundo o quadro 5, na página
413, cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona ou cefotaxima) entra como
opção neste cenário. Assim, podemos entender que há duas respostas
possíveis nessa questão (letra B e letra D). Por isso, solicito anulação da
questão.
Questão 58 - Análise de recurso
Estamos diante de uma menina de 4 anos com náusea, vômitos e dor
abdominal nas últimas seis horas. Perdeu peso de forma significativa e está
sonolenta, desidratada, com hálito cetônico e exames mostram: glicemia
elevada e gasometria com uma acidose e bicarbonato reduzido. Logo,
precisamos suspeitar de Cetoacidose Diabética (CAD), que é a alteração
metabólica grave desencadeada por profunda deficiência de insulina podendo
estar presente no momento do diagnóstico do DM1 ou em descompensações
de pacientes já previamente diagnosticados. Diante disso, vamos analisar
quais níveis estarão reduzidos nessa criança:

Letra A: incorreta. Os níveis de insulina estão deficientes na CAD. Já em


relação ao potássio, o corpo perde K+ devido à acidose e à poliúria. As células,
para compensar a acidose extracelular, trocam íons H+ por íons K+, perdendo
grande quantidade de potássio. Os níveis de potássio sérico aumentam, e o
paciente perde este potássio pela urina. Com isso, os níveis de potássio
medidos no plasma, no momento da apresentação do paciente em CAD,
podem ser baixos, normais, ou elevados.

Letra B: incorreta. A falta de insulina induz à liberação pancreática de glucagon.


O stress e a diminuição da oferta de glicose para o meio intracelular estimulam
a liberação de hormônio de crescimento, cortisol e catecolaminas. Esses
hormônios vão causar um aumento da resistência aos efeitos da insulina,
diminuindo ainda mais a utilização de glicose pelos tecidos periféricos, ao
mesmo tempo em que estimulam a produção de substratos para a
gliconeogênese e cetogênese hepáticas. Logo, o cortisol está aumentado.

Letra C: incorreta. A quantidade de sódio no corpo está diminuída e quando se


mede o sódio plasmático, este não reflete precisamente o grau de deficiência.
Esse erro ocorre devido à força osmótica da glicose. Para saber o valor real do
sódio (sódio corrigido), usa-se a fórmula seguinte: para cada 100mg/dl de
glicose acima de 100 o sódio medido deve ser.

Letra D: incorreta. A falta de insulina induz à liberação pancreática de


glucagon.

Logo, não há afirmativa correta para a questão e cabe recurso.

Sugestão de recurso:

"Prezada Banca Examinadora,

Estamos diante de uma menina de 4 anos com náusea, vômitos e dor


abdominal nas últimas seis horas. Perdeu peso de forma significativa e está
sonolenta, desidratada, com hálito cetônico e exames mostram: glicemia
elevada e gasometria com uma acidose e bicarbonato reduzido. Logo,
precisamos suspeitar de Cetoacidose Diabética (CAD). Em relação aos níveis
de potássio (K+), sabemos que o corpo perde K+ devido à acidose e à poliúria.
As células, para compensar a acidose extracelular, trocam íons H+ por íons K+,
perdendo grande quantidade de potássio. Os níveis de potássio sérico
aumentam, e o paciente perde este potássio pela urina. Com isso, os níveis de
potássio medidos no plasma, no momento da apresentação do paciente em
CAD, podem ser baixos, normais, ou elevados. Quanto ao sódio, sua
quantidade no corpo está diminuída e, quando se mede o sódio plasmático,
este não reflete precisamente o grau de deficiência. Esse erro ocorre devido à
força osmótica da glicose. Para saber o valor real do sódio (sódio corrigido),
usa-se a fórmula seguinte: para cada 100mg/dl de glicose acima de 100 o
sódio medido deve ser. Sendo assim, potássio e sódio podem estar baixos,
normais ou elevados. Como não temos alternativa correta, solicito anulação da
mesma. Obrigada."
Questão 11 - Análise de recurso

Cara Banca venho pedir anulação da questão 11 , por motivos que no


hipertiroidismo o exame principal de escolha seria na USG e o TSH e T4-T3 ,
ele pede propedêutica laboratorial , não tratamento " suspeita de um quadro de
hipertiroidismo pode ser confirmada pela dosagem do T3 e T4 livre (que deve
vir elevado) e do TSH (que deve estar muito baixo). No entanto, para se definir
a causa da doença podem ser necessários outros testes. Na suspeita de MBG,
a dosagem do TRAb pode confirmar a suspeita, e no BUNT e no BMNT o
mapeamento da tiróide é bastante útil. Muitas vezes também se lança mão do
ultrassom para definir o tipo de alteração tiroidiana ", pois o Iodo já seria uma
modalidade clinica de tratamento "Iodo radioativo: utiliza-se um isótopo do
iodo, chamado 131I, administrado por via oral e ambulatorialmente, que leva a
uma destruição proporcional da tiróide. Utilizado rotineiramente desde a
década de 30, com grande segurança, e mais de 80% dos pacientes são
efetivamente tratados com uma única dose. É o método preferencial dos
endocrinologistas americanos para os quadros de Doença de Graves e Bócio
uni ou multinodular toxico. Está totalmente contra indicado como opção
terapêutica na gestação." "O iodo radioativo pode ser administrado por via oral
para destruir parte da tireoide. Esse é o tratamento mais comum para
hipertireoidismo. A maior parte da radioatividade é administrada à tireoide
porque ela absorve o iodo e o concentra. Raramente, é necessária a
hospitalização." Por este meio considero a alternativa D incorreta, pois a
pergunta está mal formulada e os testes laboratoriais devem incluir os de
rotina, não como modalidade clínica de tratamento. desde já agradeço

fonte : https://www.einstein.br/doencas-sintomas/hipertiroidismo
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab
%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-da-tireoide/hipertireoidismo

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