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ENTIDADES IMUNES E ISENTAS

APURAÇÃO DOS IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES


OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Colaboração do AFRFB Nilo Carvalho
Supervisor do Plantão Fiscal da Receita Federal do Brasil em Fortaleza-CE
28.05.2015

CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

Considera-se entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit (lucro) em
suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destine referido resultado,
integralmente, à manutenção e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. Essas entidades
compõem o chamado terceiro setor, também conhecidas como Organizações Não
Governamentais, são divididas em duas classes: As imunes e as isentas.
Para o gozo da imunidade ou isenção, as entidades estão obrigadas a atender
simultaneamente aos seguintes requisitos (arts. 12 a 15 da Lei nº 9.532, de 1997):
a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados;
b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos
seus objetivos sociais;
c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos
das formalidades que assegurem a respectiva exatidão;
d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da
emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a
efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos
ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial;
e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o
disposto em ato da Receita Federal (vide DIPJ);

Na forma como dispõe o art. 18 da Lei nº 12.868, de 2013, a exigência a que se


refere a alínea “a” acima não impede que a entidade isenta ou imune remunere seus diretores não
estatutários que tenham vínculo empregatício. Nos casos de dirigentes estatutários, a
remuneração bruta individual tem que ser inferior a 70% (setenta por cento) do limite estabelecido
para a remuneração de servidor do Poder Executivo federal.

A remuneração dos dirigentes estatutários referidos acima deverá obedecer às


seguintes condições:

 nenhum dirigente remunerado poderá ser cônjuge ou parente até 3o (terceiro)


grau, inclusive afim, de instituidores, sócios, diretores, conselheiros, benfeitores
ou equivalentes da instituição imune ou isenta; e

 o total pago a título de remuneração para todos os dirigentes, pelo exercício das
atribuições estatutárias, deve ser inferior a 5 (cinco) vezes o valor
correspondente ao limite individual, ou seja, 3,5 vezes o limite de remuneração
de servidor do Poder Executivo Federal.

Entende-se como dirigente a pessoa física que exerça função ou cargo de direção
da pessoa jurídica, com competência para adquirir direitos e assumir obrigações em nome desta,
interna ou externamente, ainda que em conjunto com outra pessoa, nos atos em que a instituição
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seja parte. Não se considera dirigente a pessoa física que exerça função ou cargo de gerência ou
de chefia interna na entidade.

O disposto acima não impede a remuneração da pessoa do dirigente estatutário ou


diretor que, cumulativamente, tenha vínculo estatutário e empregatício, exceto se houver
incompatibilidade de jornadas de trabalho.

Ainda com relação ao item “a”, a vedação não alcança a hipótese de remuneração
de dirigente, em decorrência de vínculo empregatício, pelas Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público (Oscip), qualificadas segundo as normas estabelecidas na Lei no 9.790, de 23
de março de 1999, e pelas Organizações Sociais (OS), qualificadas consoante os dispositivos
da Lei no 9.637, de 15 de maio de 1998. Nesse caso, a remuneração não poderá ser superior,
em seu valor bruto, ao limite estabelecido para a remuneração de servidores do Poder Executivo
Federal (incluído pelo art. 34 da Lei nº 10.637, de 2002).
Quanto ao item “d” anterior, as entidades imunes e isentas estavam obrigadas a
entrega da DIPJ até o exercício de 2014, exceto as inativas. Ver item 5 – DIPJ.

Além das entidades imunes e isentas terem de cumprir as determinações contidas


nos itens “a” a “e”, anteriores, ficam ainda obrigadas a recolher os tributos retidos sobre os
rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos
empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes; bem como assegurar
a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da
imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a
órgão público;

ENTIDADES IMUNES:

Conceitua-se como entidade imune a impostos, nos termos do art. 150, inciso VI,
alínea “c” da Constituição Federal (CF), a instituição de educação ou de assistência social que
preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em
geral, em caráter complementar às atividades do estado, sem fins lucrativos (lei nº 9.532, de 1997,
art. 12).

Portanto, a lei acima apenas esclareceu as condições de imunidades para as


instituições de educação e de assistência social, permanecendo imunes os templos de qualquer
culto, os partidos políticos, inclusive suas fundações, e das entidades sindicais dos trabalhadores,
na forma como determinada pela Lei Maior.

As imunidades acima abrangem unicamente aos impostos incidentes sobre o


patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas
mencionadas.

Independentemente das disposições constitucionais e legais acima, até o exercício


de 2014, a DIPJ elencava, para efeito de imposto de renda, as entidades imunes a seguir:
 Assistência Social;
 Educacional;
 Sindicato dos Trabalhadores; e
 Outras
Já a DIPJ – Perguntas e Respostas 2014, diz que são imunes ao imposto sobre a
renda e estão obrigadas a DIPJ:
 os templos de qualquer culto; e

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 os partidos políticos, inclusive suas fundações, as entidades sindicais de
trabalhadores, as instituições de educação e as de assistência social, sem fins
lucrativos, desde que observados os requisitos da Lei.
Apesar de o § 1º do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997, dispor que “não estão
abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações
financeiras de renda fixa ou de renda variável” auferidos por essas instituições, o Supremo
Tribunal Federal (STF) suspendeu a vigência desse dispositivo, por meio de medida liminar
deferida na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1802-3 (em sessão de 27/8/1998).
Portanto, as entidades imunes estão dispensadas do pagamento do imposto de
renda e de retenção na fonte sobre rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa ou
variável. No caso da não retenção do IR, a entidade imune deverá fornecer a fonte pagadora
declaração de imunidade, conforme disposto no art. 57 da IN-RFB nº 1.022, de 2010. A referida
declaração não contempla todas as hipóteses de imunidades, mas a entidade pode ajustar o
formulário adequando-o ao caso concreto, como por exemplo: incluir templos de qualquer culto.

São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de


assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei (§ 7º do art. 195 da CF). Essa
isenção passa a ser imunidade, já que decorre da Lei Maior.

A suspensão da imunidade tributária, em virtude de falta de observância de


requisitos legais, deve ser procedida em conformidade com o disposto no art. 32 da Lei nº 9.430,
de 1996.

ENTIDADES ISENTAS:

Consideram-se isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e


científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas
e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos, na forma
disciplinada no art. 15 da Lei nº 9.532, de 2007. As entidades isentas possuem suas garantidas
advindas de lei, especificamente do Código Tributário Nacional - CTN, definido no art. 176 da Lei
5.172, de 1966, diferentemente da imunidade, que decorre da Constituição Federal.

Independentemente do que dispõe o art. 15 da Lei nº 9.532, de 2007, a DIPJ do


exercício de 2014 elenca as pessoas jurídicas isentas, na forma que se segue:
 Associação Civil;
 Cultural;
 Entidade Aberta de Previdência Complementar (sem fins lucrativos);
 Entidade Fechada de Previdência Complementar;
 Associação de Poupança e Empréstimos;
 Filantrópica;
 Sindicato;
 Recreativa;
 Científica;
 Fifa e Entidades Relacionadas;
 CIO e Entidades Relacionadas; e
 Outras.
A isenção dessas entidades aplica-se, exclusivamente, em relação ao imposto de
renda da pessoa jurídica (IRPJ) e à contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), não
abrangendo os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa
ou de renda variável, os quais serão tributados exclusivamente na fonte, ou seja, sua tributação
será definitiva.
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Vejamos a seguir algumas considerações sobre as entidades imunes e isentas:

1. APURAÇÃO DO PIS/PASEP:

As entidades imunes e isentas são tributadas pelo PIS/Pasep à razão de 1% (um por cento) da
Folha de Pagamento da entidade, na forma disciplinada no art. 13 da MP nº 2.158-35, de 2001.
Entende-se como Folha de Pagamento ou de Salários mensal, o total dos rendimentos do
trabalho assalariado de qualquer natureza, tais como salários, gratificações, comissões,
repouso semanal remunerado, hora extra, 13° salário, adicional de função, adicional de férias,
ajuda de custo, quinquênio, adicional noturno, aviso prévio trabalhado e diárias superiores a
cinquenta por cento do salário.

Não integram a base de cálculo do PIS Folha de Pagamento os valores relativos: ao salário-
família, as férias e licença-prêmio indenizadas, ao aviso prévio indenizado; ao tíquete-
alimentação, ao vale-transporte, ao FGTS pago diretamente ao empregado na rescisão
contratual, nem indenização por dispensa, desse que dentro dos limites legais, e adesão a
Plano de Demissão Voluntária (PDV). Os pagamentos feitos a autônomos também não
integram a base de cálculo do PIS sobre a folha de salários.
As pessoas jurídicas sujeitas ao PIS sobre a folha de salários não estão sujeitas à incidência
sobre o faturamento (IN SRF 247/2002, art. 47). Assim, mesmo que tenham receitas sujeitas à
COFINS, sobre estas não incidirá PIS.
Ademais, o art. 13 da MP nº 2.158-35, de 2001, não deixa qualquer dúvida, em que a
contribuição para o PIS das entidades sem fins lucrativos, isentas do IRPJ, tem como base de
cálculo exclusivamente a folha de salários. Portanto, enquanto a entidade estiver isenta do
IRPJ não estará sujeita ao PIS calculado sobre quaisquer receitas, inclusive as financeiras.

O PIS apurado com base na folha deverá ser recolhido em DARF com o código 8301, e seu o
seu pagamento deverá ser efetuado até o 25º (vigésimo quinto) dia do mês subsequente ao
mês de ocorrência do fato gerador (art. 18, II, da MP nº 2.158-35, de 2001, alterado pelo art. 1º
da Lei nº 11.933, de 2009).

2. APURAÇÃO DA COFINS:

Já o art. 14, inciso X, da MP nº 2.158-35, de 2001, que dispõe sobre a isenção da Cofins, diz
taxativamente que a isenção da Cofins só é reconhecida em relação às atividades das referidas
entidades, ou seja, que decorram de receitas oriundas de suas atividades próprias.

Entende-se como atividades próprias aquelas que não ultrapassam a órbita dos objetivos
sociais das respectivas entidades. Estas normalmente alcançam as receitas auferidas que são
típicas das entidades sem fins lucrativos, tais como: doações, contribuições, inclusive a sindical
e a assistencial, mensalidades e anuidades recebidas de profissionais inscritos, de associados,
de mantenedores e de colaboradores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao
custeio e manutenção daquelas entidades e à execução de seus objetivos estatutários.

Portanto, a isenção não alcança as receitas que são próprias das atividades de natureza
econômico-financeira ou empresarial. Por isso, não estão isentas da Cofins as receitas
auferidas com exploração de estacionamento de veículos; aluguel de imóveis; sorteio e
exploração do jogo de bingo; comissões sobre prêmios de seguros; prestação de serviços e/ou
venda de mercadoria, mesmo que exclusivamente para associados; aluguel ou taxa cobrada
pela utilização de salões, auditórios, quadras, piscinas, campos esportivos, dependências e
instalações; venda de ingressos para eventos promovidos pelas entidades; e receitas
financeiras.
Essas receitas são tributadas pela COFINS da seguinte forma:
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 Entidades Imunes a Impostos – COFINS Cumulativa – alíquota 3% (Lei 10.833/2003, art.
10, IV) – A isenção contempla somente as receitas das atividades próprias. As demais
receitas ficam sujeitas à Cofins a uma alíquota de 3%. A revogação do alargamento da base
de cálculo da Cofins prevista na Lei nº 9.718, de 1998, pelo art. 79, XII da Lei nº 11.941, de
2009, não contempla as receitas das entidades imunes e isentas, que ficaram disciplinadas
pelos arts. 13 e 14 da MP nº 2.158-35, de 2001.

 Entidades Isentas – COFINS não-Cumulativa – alíquota 7,6%, com os descontos de


créditos previstos no art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003. A isenção abrange somente as
receitas próprias, sendo tributada as demais receitas na forma não-cumulativa, exceto as
receitas financeiras que serão tributadas com alíquota “zero” até 30 de junho de 2015. A
partir de 1º de julho de 2015 as Receitas Financeiras serão tributadas à alíquota de 4%
(quatro por cento) no regime não-cumulativo (Decreto nº 8.426, de 1º de abril de 2015).

Todavia, a Receita Federal, ao editar a IN-SRF nº 404, de 12 de março de 2004, que trata da
Cofins não cumulativa, dispôs expressamente que a nova modalidade somente se aplica às
pessoas jurídicas tributadas pelo regime do lucro real, que não é o adotado pelas entidades
sem fins lucrativos.

A IN diz expressamente o que se segue:


“Art. 1º A apuração da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(Cofins), de acordo com o regime de incidência não-cumulativa previsto nos arts. 1º a 16
da Lei nº 10.833, de 2003, obedecerá ao disposto na presente Instrução Normativa.

Dos Contribuintes
Art. 2º São contribuintes da Cofins não-cumulativa as pessoas jurídicas de direito
privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do imposto de renda, tributadas
pelo referido imposto com base no lucro real” (destaque nosso).
A Receita Federal já se pronunciou sobre esse assunto por meio de várias Soluções de
Consulta emitidas por várias Superintendências Regionais da Receita Federal, formuladas por
entidades imunes e isentas, de que incide a Cofins sobre as receitas de aluguéis, comissões,
venda de artesanato, livros, camisas, vídeos, etc. Vide as Soluções de Consultas nºs 6 no DOU
de 09/02/04; 179 no DOU de 18/06/04 e 262 a 265 no DOU de 28/09/04. Portanto, esse é o
entendimento da Receita Federal do Brasil.
A Cofins apurada com base nos rendimentos de receitas de atividades que não são próprias
deverá ser recolhida em Darf, com o código 2172 (entidades imunes) ou com código 5856
(entidades isentas) e seu o seu pagamento deverá ser efetuado até o 25º (vigésimo quinto) dia
do mês subsequente ao mês de ocorrência do fato gerador.

3. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA (IRPJ):

 Entidades Imunes: A Constituição Federal garante a imunidade nos resultados apurados


pelas entidades imunes, mas somente com relação a impostos, não abrangendo as
contribuições, tais como: PIS, Cofins ou CSLL (vide ENTIDADES IMUNES).

 Entidades Isentas: O art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997, diz taxativamente que se consideram
isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as
associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os
coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos.
A isenção acima aplica-se, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa
jurídica (IRPJ) e à contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), não abrangendo os
rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de
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renda variável (Vide ENTIDADES ISENTAS), os quais são tributados exclusivamente na
fonte.

4. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO (CSLL):

 Entidades Imunes. A única imunidade constitucional concernente à contribuição social se


refere às receitas das entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei (art. 195 da CF).
A própria lei instituidora da CSLL (lei nº 7.689, de 1988) em nada se referiu às entidades
imunes ou isentas.
O disposto no art. 57 da Lei nº 8.981, de 1995, não autoriza estender-se à Contribuição
Social sobre o Lucro a imunidade aplicável ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas.
Vide Ato Declaratório Interpretativo (ADI)-RFB nº 01, de 24/04/2014.
Portanto, as entidades imunes não estão dispensadas da CSLL, sendo tributadas à alíquota
de 9% sobre o resultado positivo apurado, ou seja, pelo superávit (sobra).
 Entidades Isentas: O art. 15, § 1º, da Lei nº 9.532, de 1997, dispõe que as entidades
isentas estão dispensadas (isentas) de recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido (CSLL).

5. DIPJ – DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES ECONÔMICO-FISCAIS DA PJ:

Pela Lei nº 9.532, de 1997, arts. 12 e 15, as entidades imunes e isentas, respectivamente,
estão obrigadas apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o
disposto em ato da Receita Federal.

A IN-RFB nº 1.422, de 2013, alterada pela IN-RFB nº 1489, de 2014, criou a Escrituração
Contábil Fiscal (ECF) e dispensou as pessoas jurídicas de entregar a DIPJ a partir dos fatos
ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014.
Portanto, as entidades imunes e isentas estavam obrigadas a entrega da DIPJ até o exercício
de 2014, ano-calendário de 2013, sendo entregue no mês de junho de cada exercício. A partir
do exercício de 2015, ano-calendário de 2014, as entidades imunes e isentas ficam obrigadas
à Escrituração Contábil Fiscal (ECF) a ser apresentada no último dia útil de setembro de 2015.
Ficam, no entanto, dispensadas da entrega da ECF as entidades imunes e isentas que
declarem contribuições sociais (PIS/Pasep e Cofins) em valor inferior a R$ 10.000,00 (dez mil
reais) mensais.
A Receita Federal ainda não se manifestou como será feita a declaração anual das entidades
imunes e isentas, quando o valor das contribuições acima for igual ou inferior a R$ 10.000,00
(dez mil reais).

6. DCTF:
As entidades imunes e isentas, como pessoas jurídicas de direito privado, deverão apresentar
a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF mensal), de forma centralizada
pela matriz (art. 2º, I, da IN-RFB nº 1.110, de 2010)

Ficam dispensadas de entrega da DCTF as entidades enquanto se mantiverem inativas.


Considera-se pessoa jurídica inativa aquela que não tenha efetuado qualquer atividade
operacional, não-operacional, patrimonial ou financeira, inclusive aplicação no mercado
financeiro ou de capitais, durante todo o ano-calendário. Entretanto, ficam obrigadas a entrega
da DCTF no mês em que praticarem qualquer atividade operacional, não operacional ou
patrimonial.

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Entretanto, no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2013, caso a entidade não estivesse
inativa, mas não tivesse débitos a declarar, ficava somente obrigada à entrega da DCTF
referente ao mês de dezembro de cada ano-calendário, na qual deveria indicar os meses em
que não tiveram débitos a declarar.

Por outro lado, a partir dos fatos geradores de 2014, a entrega da DCTF passou a adotar a
mesma sistemática de entrega da GFIP. Portanto, as pessoas jurídicas de direito privado em
geral ficam obrigadas a entregar a DCTF a partir do primeiro mês em que tenham movimento,
tenham ou não débitos a declarar, exceto as que permanecerem inativas durante todo o ano-
calendário. Na hipótese de a empresa entregar a DCTF zerada, fica dispensada de entrega das
seguintes, caso não tenha débitos a declarar nos meses subsequentes. As entidades voltarão
à condição de obrigadas à entrega da DCTF a partir do mês em que tiverem débitos a declarar.
Enfim, a entrega de uma DCTF zerada dispensa a empresa da entrega da DCTF seguinte, na
hipótese de essa não conter débitos a declarar, ou seja, a empresa fica dispensada de entrega
da DCTF a partir do 2º (segundo) mês em que permanecer zerada.
As pessoas jurídicas devem apresentar a DCTF até o 15º (décimo quinto) dia útil do 2º
(segundo) mês subsequente ao mês de ocorrência dos fatos geradores, inclusive no caso de
extinção.
A entidade imune ou isenta que deixar de apresentar a DCTF no prazo fixado pela Receita
Federal ficará sujeita a uma multa de 2% (dois por cento) ao mês-calendário ou fração,
incidente sobre o montante dos impostos e contribuições informados na DCTF, ainda que
integralmente pago, limitada a 20% (vinte por cento). Independentemente de outras reduções,
a multa mínima será de R$ 500,00 (quinhentos reais). Em qualquer situação, a multa será
reduzida em 50% (cinquenta por cento), caso o pagamento seja efetuado no prazo de
impugnação.

7. DACON – Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais:

O Dacon foi instituído em 2004 pela IN-SRF nº 387. O seu preenchimento e a sua
apresentação estavam disciplinados na IN-RFB nº 1.015, de 2010. As entidades imunes e
isentas só ficavam obrigadas a entrega do Demonstrativo quando o valor mensal das
contribuições a serem apuradas no Dacon (PIS/Pasep e Cofins) superasse a quantia de R$
10.000,00 (dez mil reais).
O Dacon, quando obrigado a entrega, deveria ser apresentado mensalmente até o 5º dia útil do
segundo mês subsequente ao mês de competência.
O Dacon foi extinto a partir dos fatos geradores de 2013, por força da IN-RFB nº 1305, de
2012.

8. EFD-Contribuições – Escrituração Fiscal Digital das Contribuições Sociais:

As pessoas jurídicas imunes e isentas do imposto de renda das pessoas jurídicas (IRPJ), cuja
soma dos valores mensais das contribuições apuradas (PIS/Pasep e Cofins) seja superior a R$
10.000,00 (dez mil reais), estão obrigadas a entregar a EFD-Contribuições, na forma do art. 4º,
§ 3º, da IN-RFB nº 1.252, de 2012, alterada pela IN-RFB nº 1305, de 26 de dezembro de 2012.
Ficam, portanto, dispensadas da entrega as entidades imunes e isentas cuja soma dos valores
mensais das contribuições apuradas, objeto de escrituração, seja igual ou inferior a R$
10.000,00 (dez mil reais), ficando obrigadas à apresentação da EFD-Contribuições a partir do
mês em que o limite for ultrapassado, permanecendo sujeitas a essa obrigação em relação ao
restante dos meses do ano-calendário em curso, ainda que nesses meses o somatório das
contribuições devidas seja inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais)
A EFD-Contribuições será transmitida mensalmente ao Sped (Sistema Público de Escrituração
Digital) até o 10º (décimo) dia útil do 2º (segundo) mês subsequente ao que se refira a
escrituração, inclusive nos casos de extinção, incorporação, fusão e cisão total ou parcial, na
forma disciplinada no art. 7º da IN-RFB nº 1.252, de 2012.
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9. ECD – Escrituração Contábil Digital:
As entidades imunes e isentas deverão manter escrituração completa de suas receitas e
despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão,
inclusive conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os
documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem
assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua
situação patrimonial.
A IN-RFB nº 1.420, de 19 de dezembro de 2013, instituiu a Escrituração Contábil Digital – ECD,
para fins fiscais e previdenciários. A ECD deverá ser transmitida, pelas pessoas jurídicas
obrigadas a adotá-las, ao Sistema de Público de Escrituração Digital (Sped), até o último dia
útil do mês de junho do ano seguinte ao ano-calendário a que se refira a escrituração.
A ECD compreenderá a versão digital dos seguintes livros:
 livro Diário e seus auxiliares, se houver,
 livro Razão e seus auxiliares, se houver,
 livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento comprobatórios dos
assentamentos neles transcritos.
Os livros contábeis e documentos acima deverão ser assinados digitalmente, utilizando-se do
certificado de segurança mínima tipo A3.
A partir do exercício de 2015, ano-calendário de 2014, as entidades imunes e isentas somente
ficam obrigadas a entrega da ECD quando a soma dos valores mensais das contribuições
apuradas (PIS/Pasep e Cofins) na EFD-Contribuições for superior a R$ 10.000,00 (dez mil
reais), conforme dispõe a IN-RFB nº 1.420, de 2013, com as alterações promovidas pela IN-
RFB nº 1510, de 2014.

10. ECF – Escrituração Contábil Fiscal:


A partir do ano-calendário de 2014, todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas,
deverão apresentar a Escrituração Contábil Fiscal (ECF) de forma centralizada pela matriz. A
ECF deverá ser assinada digitalmente mediante utilização de certificado digital válido.
As pessoas jurídicas imunes e isentas que, em relação aos fatos ocorridos no ano-calendário,
não tenham sido obrigadas à apresentação da Escrituração Fiscal Digital da Contribuição para
o PIS/Pasep, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e da
Contribuição Previdenciária sobre a Receita (EFD-Contribuições), nos termos da IN-RFB nº
1.252, de 1º de março de 2012, estarão também desobrigadas da entrega da ECF.
Portanto, a partir do exercício de 2015, as entidades imunes e isentas ficam dispensadas da
entrega da Escrituração Contábil Fiscal (ECF) se a soma dos valores mensais das
contribuições apuradas (PIS/Pasep e Cofins) no EFD-Contribuições for igual ou inferior a R$
10.000,00 (dez mil reais), conforme dispõe a IN-RFB nº 1.422, de 2013, com as alterações
promovidas pela IN-RFB nº 1.524, de 2014.
Pelas normas atuais, a ECF deverá ser entregue até o final de setembro de 2015,
correspondente aos fatos geradores ocorridos em 2014.

Este trabalho tem como objetivo esclarecer algumas dúvidas suscitadas no Plantão Fiscal
da Receita Federal do Brasil em Fortaleza-CE, não podendo ser utilizado como fonte para
eventuais questões contrárias ao entendimento da própria Instituição.

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