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Terceiro Setor - Principais Obrigações Acessórias

Revisado em 09/03/2017

Apesar de prestarem serviços relevantes à sociedade, essas entidades estão submetidas a


muitas das obrigações acessórias das demais pessoas jurídicas.
As entidades sem fins lucrativos cada vez mais têm se destacado no país, sobretudo trazendo
efeitos positivos de suas atividades à sociedade.
Atuam em diversas áreas como educação, saúde e assistência social. No entanto, apesar de
prestarem serviços relevantes à sociedade, essas entidades estão submetidas a muitas das
obrigações acessórias das demais pessoas jurídicas. Muitas das vezes, por gozarem de imunidade e
isenções, o rigor e controle do Fisco e Ministério Público é até maior com essas entidades.
Daí surgem algumas dúvidas recorrentes que recebo constantemente, tais como:
 Minha entidade tem de fazer DCTF?
 Temos de entregar a Escrituração Contábil Digital (ECD)?
 E a Escrituração Contábil Fiscal (ECF)?
Visando auxiliar aqueles envolvidos com as atividades destas entidades, sejam esses
profissionais de contabilidade ou outros envolvidos diretamente com a administração, elaborei este
artigo com um pequeno resumo das obrigações acessórias principais às quais essas entidades estão
sujeitas.
Segue abaixo:

ECF - Escrituração Contábil Fiscal


A partir do ano-calendário 2015, todas as pessoas jurídicas imunes ou isentas estão obrigadas
a entregar a ECF.
Pode-se definir a ECF como uma declaração digital integrante do projeto SPED (Sistema
Público de Escrituração Digital) que veio a substituir a antiga declaração de rendas da pessoa jurídica
(DIPJ) .
Base: Manual da ECF Página 14 - Atualização 12/2016;
Ato Declaratório Executivo COFIS 101/2016;
IN SRF 1.422/2013

ECD - Escrituração Contábil Digital


Mais uma obrigação integrante do projeto SPED, a ECD nada mais é que a escrituração
contábil da entidade, que veio a substituir os livros contábeis em formato físico e seus
demonstrativos (Livro Diário, Razão, Notas Explicativas, Balanço, Demonstrativos de Resultado,
Demonstrativo de Fluxo de Caixa entre outros).
Estão obrigadas a adotar a ECD, em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de
janeiro de 2016:
I - as pessoas jurídicas imunes e isentas obrigadas a manter escrituração contábil, nos termos
da alínea “c” do § 2º do art. 12 e do § 3º do art. 15, ambos da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997,
que no ano calendário, ou proporcional ao período a que se refere:
a) apurarem Contribuição para o PIS/Pasep, Cofins, Contribuição Previdenciária
incidente sobre a Receita de que tratam os arts. 7º a 9º da Lei nº 12.546, de 14 de
dezembro de 2011, e a Contribuição incidente sobre a Folha de Salários, cuja soma seja
superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais); ou
b) auferirem receitas, doações, incentivos, subvenções, contribuições, auxílios,
convênios e ingressos assemelhados, cuja soma seja superior a R$ 1.200.000,00 (um
milhão e duzentos mil reais).
Base: Manual da ECD Página 7-Atualização 12/2016
Instrução Normativa RFB no 1.420/2015 art. 3º-A

EFD Contribuições
Declaração digital que engloba as informações de apuração do PIS, da COFINS e do INSS.
O Manual da EFD Contribuições assim fala sobre a possibilidade de dispensa da entrega da EFD
Contribuições das imunes e isentas:

"as pessoas jurídicas imunes e isentas do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ)
cuja soma dos valores mensais da Contribuição para o PIS/Pasep (sobre a receita), da COFINS
e da CPRB seja igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). As pessoas jurídicas imunes ou
isentas do IRPJ ficarão obrigadas à apresentação da EFD Contribuições a partir do mês em
que o limite fixado no inciso II do caput for ultrapassado, permanecendo sujeitas a essa
obrigação em relação ao (s) mês (es) seguinte (s) do ano-calendário em curso;

Importante ressaltar que não deve ser considerado no cálculo do limite de R$ 10.000,00
mensais, acima referido, nenhum valor referente ao PIS sobre a Folha. Ou seja, só devem ser
considerados no limite de R$ 10.000,00 mensais, as contribuições que incidem sobre as receitas,
quais sejam: O PIS/Pasep e a COFINS, nos regimes cumulativos e/ou não cumulativos, e a CPRB."
O Guia Prático apresenta dois quadros interessantes sobre exemplos de obrigatoriedade ou
não de entrega. Vale a pena consultar.
Base: Guia Prático da EFD Contribuições Atualização: 15/10/2015
IN RFB 1.252/2012 - Artigo 4º, § 3º; Art. 5º II, § 5º

DCTF
Declaração periódica que consiste basicamente na informação de débitos de tributos
federais apurados e seus respectivos pagamentos e compensações.
As regras de entrega são as mesmas das demais pessoas jurídicas. Em recente publicação de
Solução de Consulta, a Receita Federal assim explica sobre a obrigatoriedade em relação às
entidades imunes e isentas:
"As pessoas jurídicas de direito privado em geral, mesmo que equiparadas, imunes ou
isentas, deverão apresentar, mensalmente, de forma centralizada pela matriz, a Declaração
de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) .
Essas pessoas jurídicas caso não possuam débitos a declarar e permaneçam nesta condição
durante todo o exercício, a partir do ano-calendário de 2014, inclusive, somente devem apresentar
a DCTF relativa ao mês de janeiro de cada ano. Caso passem a apurar débitos a declarar tornam-se
novamente sujeitas à apresentação da DCTF mensalmente a partir do mês em que se constatar tal
ocorrência.
Solução de Consulta COSIT nº 111/2017
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action?idArquivoBinario=42878

DIRF
Declaração de impostos retidos na fonte que engloba o IRRF, INSS retido e contribuições
sociais retidas. Mesmas regras aplicáveis às demais pessoas jurídicas.

SEFIP
Declaração periódica que contém basicamente as informações de apuração do INSS e do
FGTS da entidade. A obrigatoriedade de sua entrega por parte das entidades imunes e isentas segue
às mesmas normas aplicadas às demais pessoas jurídicas.

RAIS
Declaração anual relacionada com as folhas de pagamento das entidades. Mesmas regras
aplicáveis às demais pessoas jurídicas.

CAGED
Cadastro geral de empregados e desempregados. Declaração periódica que tem de ser
informada nos meses em que a entidade tiver admissões ou demissões.
Se tiver Inscrição Estadual:
A depender do Estado, a entidade poderá estar sujeita:

 EFD ICMS/IPI - Declaração contendo a movimentação mensal e inventário periódico,


relacionada a transações envolvendo mercadorias, inclusive as imunes de tributos
como os livros;
 emissão de NF-e;
 emissão de NFC-e, se for o caso.

Se tiver inscrição municipal e prestar serviços ao público em geral com cobrança pelos
mesmos, poderá estar sujeita:

 Emissão de Nota Fiscal de Serviços;


 Declaração mensal sem movimento, se for o caso;
 Declarar tomada de serviços de prestadores de fora da cidade e reter o ISS, se for o
caso.

Lembrando que se a instituição mantém atividade filantrópica ou de assistência social, existe a


possibilidade de envio periódico de informações para obtenção de certificados específicos nos
diversos entes governamentais.

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