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1 INTRODUÇÃO

Segundo a ABIAF (2019), poucas áreas de estudo apresentam um


impacto tão significativo no cotidiano de uma sociedade quanto a área de
logística.
Pode-se dizer que a logística é o processo de gestão do fluxo de
produtos, de serviços e de informação, e é vital para os consumidores, as
organizações e industrias e para a economia em geral. Normalmente os locais
onde ocorrem a produção dos produtos são afastados dos locais de consumo,
desta forma o transporte e armazenagem devem ser corretos para não
ocasionar dano à qualidade final do produto. (MOURA, 2006; CARVALHO,
2013)
Mudanças no estilo de vida aumentaram o consumo de alimentos
refrigerados e congelados nas últimas décadas, e além da demanda crescente
também é observada uma maior exigência pelo consumidor, uma vez que
esses buscam produtos de maior qualidade. A manutenção da temperatura
adequada durante o transporte e armazenagem da mercadoria comercializada
é fator determinante e crítico à qualidade do produto final a ser oferecido para o
consumidor. (CARVALHO, 2013)
O processo de armazenamento, transporte, conservação, manipulação e
distribuição de produtos que necessitam de um controle de baixa temperatura é
chamada de cadeia do frio, qualquer falha nessa cadeia pode comprometer a
qualidade dos produtos, alterando a qualidade sensorial, qualidade nutricional e
a sanidade dos mesmos. Dessa forma é essencial a manutenção das baixas
temperaturas desde o início da produção até o consumidor final. (PEREIRA et
al., 2010)
No presente trabalho os autores buscaram fazer uma análise crítica
sobre o transporte de cargas refrigeradas através de uma pesquisa analítica e
empírica dos dados e informações disponíveis sobre o transporte de tais
cargas focando no transporte do produto carne bovina.

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2 O TRANSPORTE DE CARGAS REFRIGERADAS E CONGELADAS

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2.1 O Transporte De Carne Bovina Refrigerada E Congelada

O Brasil fechou o ano de 2018 com um saldo positivo na balança comercial,


as exportações brasileiras de carne bovina concluíram o mesmo ano com um
total de 1,64 milhão de toneladas exportadas mundo a fora, volume que é 11%
acima do registrado no ano de 2017, segundo dados concedidos pela
Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC). Este
resultado representa o maior volume já exportado pelo país e também é o
maior resultado dentre os países exportadores de carne em âmbito mundial.
(ABIEC, 2019).
A cadeia de transporte da carne bovina refrigerada é mais complexa do que
a de outros produtos agrícolas, visto que toda a sua produção e ganhos
logísticos com otimização na produção podem ser prejudicados por conta de
um transporte mal realizado, o transporte do produto exige um maior cuidado, a
mesma deve ser transportada dentro de contêineres onde utilizam-se, como
meios de conservação, a refrigeração ou o congelamento, e essa necessidade
especial que a carga necessita para o seu transporte aumenta os seus custos
de transporte e traz a complexidade já citada anteriormente. (DA SILVA,
CAIXETA FILHO e ZUCCHI, 2010)
Tomamos como aspecto importante de que a carne é um bem perecível, e
por isso ela possui um tempo de vida útil que passa a contar no mesmo
instante em que o animal é abatido. Para combater o efeito negativo que o
tempo causa a carne, foram criados dois métodos para o controle de sua
qualidade: O método osmótico, no qual se utiliza sal para evitar que micro-
organismos e bactérias se desenvolvam na carne abatida. O segundo processo
trata da diminuição da temperatura da carga em trânsito, tal processo irá alterar
ou até mesmo parar o desenvolvimento desses agentes nocivos a carne.
Sendo este método o mais utilizado para a movimentação da carga dentro do

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país e o único utilizado em sua exportação. E dentro desse processo de
diminuição de temperatura, há duas formas de controle: o resfriamento, que
aumenta a durabilidade da carne em média de 120 dias e o congelamento, que
aumenta a sua durabilidade em até dois anos. (DA SILVA, CAIXETA FILHO e
ZUCCHI, 2010)
As carnes são armazenadas em contêineres refrigerados ou reefer, estes
containers diferentes dos containers padrões utilizados por outros setores, são
containers com isolamento térmico, isso para que a temperatura gerada pelo
mesmo seja mantida. (MIRANDA CONTAINER EIRELI, 2018).
Ainda segundo Miranda Container Eireli(2018) em relação as
especificações e funcionalidades do contêiner:

[...] O container refrigerado tem um sistema de refrigeração que


mantém a temperatura interna de 30°C negativos a 30°C,
dependendo da necessidade. Esse sistema está localizado na parte
frontal oposta à porta, e é composto por um compressor, um
condensador, uma entrada de ar, o controlador externo e um
instrumento de expansão e evaporação interno.
Sua estrutura pode ser de aço ou alumínio, com isolamento
térmico de poliuretano de 10 centímetros e acabamento em inox no
interior. Geralmente dispõe de refrigerantes R-134A e R-404A.
O grande segredo dos containers refrigerados é o fluxo de ar
interno. Mesmo que haja carga máxima, ele não deve ser bloqueado,
por isso é importante respeitar as linhas que demarcam esse limite.
Além disso, o piso é constituído por barras em formato de T, que
garantem que o fluxo de ar passe abaixo dos produtos para haver a
troca de calor, retornando por cima até chegar ao evaporador.

Os contêineres são desenvolvidos para suportar as mais diversas condições


climáticas, das mais brandas as mais extremas, eles são produzidos a partir de
uma liga de aço galvanizado o que torna a sua estrutura, as mais diversas
intempéries que possam vir a ocorrer, protegendo o container de corrosões e
outros problemas que podem surgir devido a exposição do container ao ar livre.
(MIRANDA CONTAINER EIRELI, 2018)
Ainda dentro da questão de durabilidade do container, segundo Miranda
Container Eireli (2018), pode se afirmar:

[...] O isolamento térmico foi elaborado para garantir a estabilidade


das temperaturas ambientes sem sofrer influência externa,
beneficiando o controle em um local lacrado. Além do mais, o material
é à prova de todos os tipos de animais ou insetos, impedindo o

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acesso de qualquer contaminante durante o armazenamento ou
transporte.
E mesmo que as mercadorias atinjam a capacidade máxima
estipulada, ainda proporciona um ótimo espaço para se trabalhar,
como estrutura de iluminação bem planejada, ocasionando fácil
visualização e acesso na hora de descarregar ou carregar os
produtos.

Cabe ressaltar que os contêineres refrigerados não são projetados para


aumentar ou reduzir a temperatura da carga em trânsito, e sim tem como
objetivo principal manter a condição pré-estabelecida para o bem em
transporta, seja o mesmo quente, frio ou congelado. (MIRANDA CONTAINER
EIRELI, 2018)
Segundo Da Silva et al. (2010), as opções para o transporte da carne
resumem-se, basicamente, do transporte rodoviário até os portos nacionais e
do transporte marítimo até os portos de destino. A também algumas empresas
que vem se utilizando do modal ferroviário para a movimentação da carne
congelada dentro do país. O transporte rodoviário da carne atualmente é feito
de duas formas dentro do país:

1. O produto é colocado em caixas e transportado em carretas frigori-


ficadas, sendo essa utilizada mais comumente para consumo interno.

2. A utilização de contêineres refrigerados, comumente de 40 pés


utilizado para levar uma quantidade maior de carne do que a
capacidade possível nas carretas frigorificadas.

Referente a exportação da carne bovina refrigerada, segundo Da Silva et


al. (2010), atualmente as empresas frigorificas, com o objetivo de reduzir os
possíveis problemas de qualidade que se pode ter por tratar de um bem tão
sensível tem alocado toda a sua produção o mais próximo possível dos portos
por onde essas carnes serão transportadas. Hoje há uma maior produção de
carne refrigerada para exportação nos estados de Minas Gerais e São Paulo,
isso devido a proximidade que ambos os estados possuem dos locais onde
ocorrerá a troca de nota para obtenção do crédito fiscal, ou seja do porto pelo
qual a carne será escoada.

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Em casos onde a carne está mais distante dos portos pelo qual ela será
escoada, faz-se uso do aparelho GenSet, uma bateria que mantem a
funcionalidade do contêiner durante todo o trajeto, mantendo-se assim uma
temperatura constante e adequada para garantir a melhor qualidade do produto
em transporte. (DA SILVA, CAIXETA FILHO e ZUCCHI, 2010)
Quando há necessidade da entrega rápida de um produto, normalmente
em prazo menor do que dez dias, é utilizado o modal aéreo de transporte. O
mesmo é feito em caixas acondicionadas em uma carreta frigorificada, a qual
leva o produto a um entreposto próximo ao aeroporto. Neste entreposto, é feita
uma verificação da carga referente a sua temperatura para enfim montar o air
pallet ou o air container. Deste ponto em diante, o produto segue para o seu
destino. (DA SILVA, CAIXETA FILHO e ZUCCHI, 2010)
O transporte assim como a logística em geral da carne congelada, é de
fato mais simples do que a da carne que é apenas refrigerada por conta da sua
maior característica se comparada a outra parte, a sua maior durabilidade. O
transit time (Tempo de trânsito) pode ser maior para e esse tipo de carne,
possibilitando o uso de modais alternativos de transporte e possibilitando
também manter uma distancia maior da sua produção do porto por onde o
produto será escoado. (DA SILVA, CAIXETA FILHO e ZUCCHI, 2010)
Segundo Da Silva et al. (2010), o processo mais comum quanto a
exportação deste produto para empresas localizadas próximo aos portos é o
seu envio cerca de um a dois dias antes do seu prazo de embarque no porto,
isso evita com que seja necessária a utilidade de um entreposto retroportuário,
também chamado de terminal secundário. Esse terminal secundário se faz
necessário ao processo quando há um número muito grande de carga a ser
embarcada no navio e o trabalho, não pode ser realizado em apenas um dia
útil, neste terminal a carga segue para containers refrigerados e permanece
pelo tempo que for necessário.
Quando a unidade frigorifica se encontra distante do porto por onde será
escoada, o fluxo mais comum é a abatedora da carne estufar o container e o
transportá-lo para uma segunda unidade própria da empresa, dentro do estado,
mais próximo ao porto. E durante esse ato ocorre outro processo intitulado

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“troca de notas” quando essa unidade da empresa se encontra no estado de
São Paulo, o que é o mais comum devido ao porto de Santos. Isso ocorre por
que se a nota fiscal tiver como origem o estado de São Paulo, o crédito fiscal
recebido é maior do que o recebido em outros estados. (DA SILVA, CAIXETA
FILHO e ZUCCHI, 2010)
Segundo Da Silva et al. (2010), após a chegada da carga no porto para
sua exportação, é necessário se ater a eficiência e capacidade de
movimentação, tais processos que estão diretamente ligados ao uso de
equipamentos nos portos, facilidade de acesso à presença de armazéns
refrigerados, profundidade do canal de acesso e do berço de atracação.
Os equipamentos para a movimentação dos containers refrigerados, são os
mesmos utilizados para os containers comuns, sendo assim:

 Mobile Harbour Crane, (MHC), este sendo o guindaste utilizado para


erguer a carga do solo até o navio;
 Portainer, evolução dos guindastes MHC, é um guindaste com uma
estrutura especial reforçada utilizada com a mesma finalidade do MHC;
 Transtainer, uma estrutura utilizada para a organização dos containers
no pátio;
 Reach-Stacker, empilhadeiras utilizadas para a movimentação dos
containers a curtas distancias.

A disponibilidade de tais equipamentos assim como o seu estado de


conservação no terminal portuária, influenciam diretamente na capacidade de
carga e eficiência dele. (DA SILVA, CAIXETA FILHO e ZUCCHI, 2010)

3 REFERÊNCIAS

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ABIAF. Logística. ABIAF - Associação Brasileira da Indústria de
Armazenagem Frigorificada, 2019. Disponivel em: <https://www.abiaf.org.br/?
abiaf=[logistica]>. Acesso em: 24 Março 2019.
ABIEC. Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes.
Exportações de carne bovina registram melhor 1º trimestre dos últimos 12
anos, 2019. Disponivel em:
<http://www.abiec.com.br/download/release_exportacoes%20primeiro
%20trimestre_2019.pdf>. Acesso em: 14 ABR 2019.
CARVALHO, C. C. D. OTIMIZAÇÃO DINÂMICA DA LOGÍSTICA DE
DISTRIBUIÇÃO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS REFRIGERADOS E
CONGELADOS. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. CAMPINAS, p.
228. 2013.
DA SILVA, R. F.; CAIXETA FILHO, J. ; ZUCCHI, J. D. A logística da
carne bovina - Produtos desossados e refrigerados. Agroanalysis, OUT 2010.
36-37.
MIRANDA CONTAINER EIRELI. Tire 7 principais dúvidas sobre o
container refrigerado. Miranda Container, 2018. Disponivel em:
<https://mirandacontainer.com.br/tire-7-principais-duvidas-sobre-o-container-
refrigerado/>. Acesso em: 17 ABR 2019.
MOURA, B. D. C. Logistica: Conceitos e Tendências. Lisboa: Centro
Atlântico, v. 1, 2006.
PEREIRA, V. D. F. E. A. Avaliação de temperaturas em câmaras
frigoríficas de transporte urbano de alimentos resfriados e congelados. Ciência
e Tecnologia de Alimentos, v. 30, n. 1, p. 158-165, jan. mar. 2010.

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