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A palavra antítese, como diz o filósofo holandês, Herman Dooyeweerd, não significa mais que
“oposição”. Existem dois tipos de antítese: a teórica e a religiosa. A teórica trata sobre
dualidades que são comuns a todos os homens como por exemplo: rico e pobre, alegria e
tristeza e/ou movimento e repouso. São antíteses, mas não são absolutas e sim relativas, pois
são conceitos que se relacionam mutuamente uns com os outros. Elas não possuem uma
separação real. Um homem pobre pode ser considerado rico em relação a uma comunidade,
mas pobre em relação a outro. Em suma, antíteses teóricas não são absolutas.
A fé cristã nos apresenta uma antítese totalmente diferente: a antítese religiosa (espírito de
Deus e o espírito das trevas). Essa dualidade é absoluta, pois não permite que pontos de
partida cristão e não cristão sejam sintetizados de forma teórica (2 Cor 6:14-16).
Dooyeweerd diz que há um impulso inato em todo ser humano, um impulso que nos direciona
para a Origem de todas as coisas, i.e., Deus ou um falso deus (ídolo). Ele chama esse impulso
de Religião – e não pode ser confundido com fé religiosa ou o sentido popular de religião.
Para ele, a religião é o única capaz de dar o ponto de partida de todo pensamento filosófico
(ou teórico). Quem discorda deste fato é porque não possui um conhecimento verdadeiro
sobre si mesmo – que só é possível através de um conhecimento verdadeiro do Criador, como
diria João Calvino – e permanece sem consciência de sua própria motivação religiosa. O fato de
um homem não saber que é traído pela esposa não anula a veracidade da traição.
Dooyeweerd ainda diz que existem forças condutoras mais profundas que estão por trás de
todo desenvolvimento cultural e espiritual do Ocidente (motivo básico). O motivo básico
religioso de uma cultura não é estabelecido pela crença pessoal de um indivíduo, mas sempre
por um fator comunitário que o governa mesmo quando ele não tem consciência ou
reconhecimento desse fato.
Vale ressaltar que, essa falta de consciência não pode, em instância alguma, ser solucionada,
tampouco, analisada de forma científica, pois a ciência lida apenas com os ramos da realidade
da vida ou da comunidade. Ela nunca penetra na raiz religiosa, no centro da vida religiosa do
ser humano, pois é “do coração procedem as fontes de vida” (Pv 4:23).
A ciência possui, em seu ponto de partida, um motivo religioso e, por isso, não pode ser
neutra!
Atuando diretamente no motivo básico religioso está ou o Espírito de Deus ou o espírito das
trevas. Como disse Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o
outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro” (Mt 6:24). Cada motivo é uma força
espiritual a que as pessoas servem e da qual são participantes.
Devemos estar aptos para fazer o bem (Rm 16:19) e nos afastarmos de toda a forma de mal
(1Ts 5:22) para a honra e glória de nosso Senhor Jesus Cristo.