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TC Final - Alcione Prof
TC Final - Alcione Prof
RESUMO
A busca por um melhor desempenho, velocidade e economia de energia entre os corredores, trouxe
mudanças nos tênis para as competições. O tênis de placa de carbono diferente dos demais não é
muito flexível, a placa de carbono limita o movimento do pé, assim fazendo um efeito gangorra
favorecendo a propulsão do pé afim do ganho em velocidade. Porém há pesquisas que mostram
que esse diferencial no movimento do pé pode causar lesões de membros inferiores. Esse estudo é
uma pesquisa explorativa sobre os achados sobre o tênis de placa de carbono e sua relação com as
lesões. Conclui-se que é importante a avaliação de um profissional antes de fazer uso do tênis de
placa de carbono, sendo que o seu objetivo é para uso em competições e não para uso do dia a dia
em treinos.
1 INTRODUÇÃO
Há pesquisas e estudos que mostram que a tecnologia do tênis de corrida é diferente dos
demais quanto à absorção de impacto, inclusive citando benefícios e malefícios dessa nova
tecnologia.
Nessa pesquisa explorativa pretende-se uma revisão bibliográfica de materiais e estudos com
a finalidade investigar, abordar e revisar pesquisas e estudos que mostrem os efeitos anatômicos,
características, performance, eficácia, indicações e contra-indicações que o tênis de placa de
carbono se propõe.
O objetivo da pesquisa é verificar o que a literatura cita sobre a influência do tênis de placa
de carbono sobre lesões em membros inferiores.
2 CALÇADO
Brochado (2016) refere que uma das funções do calçado é proteger os pés durante a
locomoção assim protegendo a base do corpo de circunstâncias ambientais, superfícies ásperas,
temperaturas adversas, choques de objetos e ainda podem diminuir cargas mecânicas recebidas pelo
corpo.
Souza et al. (2011) apud Muner et al.(2019) referem que com a popularização das corridas
trouxe também a preocupação das lesões que podem ser causadas pela sobrecarga de treinamento e
geralmente são de joelho, pé, tornozelo e impactando a vida do corredor, seja de forma temporária
ou definitiva.
Zatsiorsky (2004) apud Costa (2021) complementam que a evolução dos calçados esportivos
começou a sofrer alterações a partir da popularização das corridas em torno de 1980 “houve uma
evolução significativa no desenho e nos materiais utilizados nos calçados para corrida, tal como,
têm sido desenvolvidas técnicas de construção mais sofisticada e avanços nos materiais”.
A massa está relacionada à leveza do calçado, uma diferença dos tênis de corrida está na
construção de material no cabedal, é mais leve, respirável e absorve menos água do suor ou da
chuva, por isso permanece arejada e seca durante uma maratona. (HERRERA, 2019).
Abaixo segue a estrutura principal dos tênis de corrida:
Simões (2023) descreve o tênis com placa de carbono com um “efeito gangorra”, sendo que
provoca uma dorsoflexão, explica que o pé faz essa flexão do calcâneo, metatarsos e falanges faz
uma redução nas articulações metatarso-falangeanas antes da decolagem, movendo as forças
anteriormente no pé durante a fase propulsiva.
A busca pela economia de energia e tempo faz crescer o interesse de pesquisadores pelos
efeitos no desempenho de praticantes de corrida de longas distâncias e investigar estratégias que
possam trazer melhorar o desempenho e os mecanismos responsáveis pela melhora da economia de
corrida passou a ser relevante. (SAUNDERS et al., 2004, apud DE BRUM, 2022 p.15).
Com as novas tecnologias nas corridas, surgem também avanços nos calçados conforme De
Brum (2022, p.01):
O avanço tecnológico relacionado ao calçado esportivo tem gerado debates a
respeito da sua influência no desempenho de corredores. As grandes marcas
de fabricantes de tênis de corrida inundam o mercado com seus novos
produtos ano após ano prometendo potencializar o desempenho.
Silva (2021, p.01) complementa referindo que mesmo com novas tecnologias e melhora
significativa na performance dos atletas de corrida, os treinos não podem ser substituídos, bem
como impactam também nos resultados. Mas qualquer otimização é válida levar em consideração e
verificar a viabilidade do uso da placa de carbono nos tênis de corrida.
É relevante considerar que há tênis para competições e para treinos, Bianco (2005, p.31) em
sua pesquisa refere que a principal diferença está na massa, sendo os de competição mais leves dos
que os tênis de treinamento.
4. LESÕES
Meardon et al.(2018) apud Muner et al.(2019) relata a incidência de lesões vem aumentando
anualmente considerando que os adeptos das corridas também aumentam muito, como
entendimento de estilo de vida. Descreve a “corrida como a força de reação do solo, essa força se
eleva durante a fase de apoio e pode acarretar inúmeras lesões, incluindo no tornozelo”.
Segundo Taunto et al.(2002) apud Muner et al.(2019) as lesões mais comuns ocasionadas
pelas corridas são as de tornozelo, apesar de vários os fatores influenciáveis o calçado é um dos
principais fatores determinantes.
Na pesquisa de Clarke, Frederick e Cooper (1983) apud Bianco (2005) foram testados
corredores com tênis que tinham entressolas duras e macias e com diferentes densidades, apesar de
resultados variados entre os testados, o principal achado é que o choque mecânico do pé no solo foi
muito maior com o calçado duro.
Theofilo et. al. (2021, p.7) em seu estudo de caso comprovou, através de filmagens de um
corredor que o tênis com placa de carbono limita a dorsoflexão do tornozelo consequentemente
melhorando a economia de movimento mesmo em velocidades diferentes. Assim conclui que foi
benéfica a tecnologia no quesito de economia de energia e rendimento na velocidade.
A pesquisa de Resende (2011) consiste na análise de dois níveis de rigidez da parte anterior
da entressola do tênis, comparando baixa-rigidez e alta-rigidez. Os resultados mostram diferença
considerável, sendo a entressola de alta-rigidez a melhor no quesito rendimento e desempenho da
velocidade de marcha. Anatomicamente os movimentos do pé são limitados, antepé-tíbia e retropé
influenciando na articulação do tornozelo, joelho e quadril.
Outro achado de Resende (2011), é que a entressola de placa de carbono com baixa rigidez
demonstrou o excesso de movimentos dos pés, quando em contato com o solo, prejudicando a
propulsão do membro inferior na fase final de apoio. Concluiu, contrariando sua hipótese inicial,
que esse tipo de entressola prejudica a musculatura flexora plantar contribuindo para lesões nas
articulações de tornozelo e joelho.
A limitação de movimentos segundo Policarpo et. al.(2017) em sua pesquisa pode causar
lesões em tornozelos e joelhos como uma das consequências da dorsoflexão forçada, persistente e
por longos períodos.
Uma das principais causas das lesões de ligamentos de tornozelos são causadas por flexão
plantar e inversão, que é a posição de máximo estresse no ligamento talofibular anterior do pé.
Mesmo após tratadas as sequelas dos ligamentares do tornozelo apresentam sintomas crônicos,
desde sinovite ou tendinite persistente, rigidez do tornozelo, edema e dor, fraqueza muscular e
instabilidade. (RENSTRÖM e LYNCH, 1999)
Outro tipo de lesão que pode ocorrer com o uso dos tênis de placa de fibra de carbono,
segundo Simões (2023) é por estresse, principalmente no osso navicular, sendo que o osso é um
tecido adaptável que responde a mudanças nas demandas, inclusive a que o calçado propõe.
4 MATERIAL E MÉTODOS
Nesse estudo caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica explorativa com a finalidade
investigar, abordar e revisar pesquisas e estudos que mostrem os efeitos anatômicos, características,
desempenho, eficácia, indicações e contra-indicações que o tênis de placa de carbono se propõe.
Caracteriza-se também como uma pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo, tendo como
objetivo verificar conceitos e definições sobre as possíveis lesões que o tênis de placa de carbono
possa causar. (SEVERINO, 2002)
A coleta de dados foi através da investigação de materiais e estudos sobre a placa de carbono
nos tênis de corrida, sua finalidade, resultados e discussões sobre possíveis lesões.
Concordo com Simões (2023) quanto a importância de procurar um médico do esporte para
orientar sobre calçado mais adequado, fazer acompanhamento preventivo contra lesões,
fortalecimento e correções posturais além de treinar com os tênis “normais” e reservar os de placa
de carbono para treinos específicos e as provas.
6 CONCLUSÃO
Através dos materiais e pesquisas conclui-se que há a possibilidade de lesões de pés,
tornozelos e inclusive nos joelhos. Mas é importante levar em consideração em que situações
podem haver lesões.
Observou-se também que há fatores que influenciam, bem como situações que favorecem
essas lesões. Para treinos do dia a dia, de acordo com a maioria das pesquisas a indicação é manter
o uso de tênis sem a placa de carbono além de uma avaliação prévia de um profissional para indicar
o tênis apropriado para treinos diários.
Observamos que a maior parte dos materiais acadêmicos sobre o assunto é em inglês,
inclusive Ribeiro (2022) refere que o tênis de placa de carbono ainda é muito recente, bem como os
estudos e pesquisas, a tecnologia e “seus efeitos para as lesões, como se dá o aumento do
desempenho, o que esperar no futuro, qual o melhor, qual o pior, enfim temos que estudar ainda
muito, e isso leva certo tempo”.
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