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HISTÓRIA DA MÚSICA
MODERNISMO
Índice
3.4 Hungria.............................................................................................................. 14
5) Futurismo................................................................................................................ 24
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sobre poemas de Peter Altenberg. Foi tal o clamor que as canções não puderam
ser concluídas e a polícia teve de intervir.
• Relativamente à orquestração, os compositores muitas vezes privilegiaram as
orquestras menores, explorando a “cor” dos instrumentos. A percussão adquiriu
uma proeminência maior e o piano ocupou um lugar no conjunto orquestral.
• Em suma, em poucos anos a tradição musical de séculos foi questionada,
nomeadamente os princípios da tonalidade, do equilíbrio formal, da continuidade
temática, da estabilidade rítmica e da homogeneidade orquestral.
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2) Igor Stravinsky
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Entre 1920 e 1939, Stravinsky viveu em França, estando preparado para assumir
uma posição mais ideológica em relação às suas novas ideias. Decidiu que a música
deveria empenhar-se na procura de uma elegância e de uma objetividade da forma e
da linguagem, com uma estética de antiexpressão, rejeitando explicitamente o ideal
romântico. A primeira obra em que esta posição se projetou foi a ópera Mavra (1922),
com base num texto do poeta russo Alexander Pushkin (1799-1837) e cheia de
referências estilísticas a Mozart, Gluck, Verdi e Gounod, entre outros. Entretanto, o
progresso das carreiras de Stravinsky como maestro e pianista refletia-se em obras
como o Concerto para Piano e Instrumentos de Sopro (1924) e o Capricho para Piano
e Orquestra (1929), ambos escritos para serem tocados por ele próprio. Segue-se uma
produção imensa, destacando-se a ópera-oratória Oedipus Rex (1917), com libreto de
Jean Cocteau (1889-1963), assim como o bailado Apollon Musagète (1928), em que
Stravinsky colaborou com o coreógrafo George Balanchine (1904-83).
Stravinsky, no ano de 1939, quando estalou a Segunda Guerra Mundial e após a
morte da mulher e da mãe, deixou França para se instalar nos Estados Unidos da
América. Na década de 1940, Stravinsky compõe a Sinfonia em Três Andamentos
(1942-5), o Ebony Concerto (1945) para o músico de jazz Woody Herman (1913-87),
seguidos de duas obras do Neoclassicismo tardio, o bailado Orpheus (1947) e a ópera
The Rake's Progress (1947-51).
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mamelles de Tirésias (1939-44), Les Dialogues des Carmélites (1953-6), vista como a
sua obra-prima, e La voix humaine (1958). Estava a trabalhar na quarta ópera quando
faleceu de um ataque cardíaco, em 1963. Como o próprio compositor referiu em 1977:
“Acima de tudo, não analisem a minha música. Apreciem-na”. Apesar de não ter sido
um compositor revolucionário, a sua música figura entre a mais notável do século.
Um outro compositor francês deste período, embora não pertencendo ao Grupo
dos Seis, é Jacques Ibert (1890-1962). Os seus estudos musicais tiveram lugar no
Conservatório de Paris, de 1910 a 1914, em companhia dos seus condiscípulos
Honegger e Milhaud. Obteve o Grande Prémio de Roma em 1919, com a obra Le Poète
et la fée. Tornou-se um dos compositores de referência da jovem geração. Em 1927, foi
nomeado diretor da Academia Francesa em Roma (Villa Médicis) e, após a Segunda
Guerra Mundial, ocupou durante um ano as funções de administrador da Réunion des
Théâtres Lyriques Nationaux, em Paris. Versátil e prolífico, escreveu várias peças para
orquestra (Escales, Divertissement pour orchestre de chambre), óperas (Persée et
Androméde, Angélique), música de câmara e música para filmes.
3.2 Alemanha
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3.3 Inglaterra
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autêntica, mesmo que seja apenas uma canção. Desde que possua realmente
sensibilidade e vida, vale tanto como os refugos dos clássicos do mundo” (1902).
Estudou no Trinity College, em Cambridge, e no Royal College of Music, em Londres,
sob duas importantes figuras do renascimento da música inglesa do final do século
XIX, Charles Stanford e Hubert Parry. Depois foi aluno de Max Bruch em Berlim e de
Maurice Ravel em Paris. No seu trabalho como compositor foi criando um idioma
musical especificamente inglês, muito influenciado pelo seu interesse pelas canções
populares do seu país e pela música isabelina e jacobina dos séculos XVI e XVII, mas
com uma visão e uma linguagem pessoal, marcadas pelas perspetivas internacionais.
Colaborando com o seu amigo Cecil Sharp, um dos membros mais importantes da
Folk Song Society fundada em 1898, reuniu mais de oitocentas canções populares e
harmonizou muitas delas. Compôs em quase todos os géneros musicais, desde obras
orquestrais e de música de câmara, a uma grande quantidade de música coral e de
canções, para além de óperas, bailados e música para filmes.
Gustav Holst foi outra figura que se deixou fascinar pelo movimento da música
popular, acompanhando muitas vezes Vaughan Williams nas suas viagens de recolha
de canções. Estudou no Royal College of Music, em Londres. Interessou-se nesta fase
pela música de Richard Wagner, cujo estilo influenciou as suas obras de estudante, e
começou a interessar-se pelo hinduísmo, visível na sua ópera Savitri (1908), baseada
numa história do Mahabharata, uma antiga epopeia indiana. Depois de alguns anos a
tocar trombone numa orquestra, tornou-se diretor de música da St. Paul's Girls´
School. Entre 1914 e 1916, Holst compõe a famosa suite orquestral The planets, com
sete andamentos, cada um explorando o caráter astrológico dos planetas do sistema
solar então conhecidos. A estreia pública integral ocorreu, após algumas execuções
privadas ou parciais, em 1920, com a Orquestra Sinfónica de Londres. A receção foi
positiva desde o início, obtendo rapidamente um nível de popularidade que nunca
mais perderia. Seguiram-se outras obras, com uma receção variável. Contudo, durante
os últimos anos da sua vida Holst foi galardoado com inúmeros prémios. Faleceu em
Maio de 1934.
William Walton representa um período da música inglesa entre Vaughan Williams
e Benjamin Britten. Nasceu numa família ligada à música e teve a sua formação
musical na Christ Church Cathedral School de Oxford. Apesar de ter estudado piano e
violino, foi no campo da composição musical que se destacou. O seu contacto com
Hugh Allen, uma figura importante da música inglesa da primeira metade do século
XX, permitiu-lhe encontrar o modernismo musical, em particular as obras de
Stravisnky, Debussy, Ravel, Sibelius, entre outros. Os conhecimentos que travou no
meio literário, em particular com Sacheverell Sitwell, foram centrais para a continuação
do seu desenvolvimento musical, possibilitando que estudasse com nomes como
Ansermet e Busoni, circulando entre a elite musical europeia. Passou os últimos anos
na ilha de Ischia, em Nápoles. A sua linguagem musical, apesar de ter sido
considerada provocadora no início, situa‐se no seguimento do lirismo romântico. Entre
as suas obras destacam-se as duas Sinfonias, os Concertos para Viola (1929), Violino
(1938-39) e Violoncelo (1957), Façade (1922, obra para recitativo e seis instrumentos
sobre poemas de Edith Stiwell), a oratória Belshazzar's Feast (1931), para além das
bandas sonoras para filmes, sobretudo de Laurence Olivier: Henrique V (1944),
Hamlet (1947) e Ricardo III (1955).
Benjamin Britten, incontestavelmente o maior compositor inglês da sua geração.
Obteve uma grande reputação internacional, mas permaneceu completamente inglês
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Bartók publicou perto de duas mil melodias populares, escreveu livros e artigos
sobre a música popular, fazendo arranjos ou composições baseadas nessas melodias.
Mas sobretudo conseguiu criar um estilo que combinou elementos populares com um
estilo de música mais erudito. Entre as suas obras, destacam-se: a ópera O Castelo
do Barba-Azul (1911), em um ato com libreto de Bela Balazs (1884-1949), inspirado
num conto de Charles Perrault, que descreve a história do duque Barba-Azul, que no
seu castelo esconde todas as mulheres com quem se casava e que tinha assassinado;
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3.5 Rússia
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Estes três compositores foram os atores de um novo estilo nas décadas de 1920 e
de 1930. Arnold Schoenberg inventou um novo método de composição, chamado de
serialismo ou de dodecafonismo. Este método possibilitou uma maneira inteiramente
nova de pensar, sendo uma das inovações musicais mais influentes do século XX.
Neste método de composição atribuiu-se um estatuto igual a todas as 12 notas da
escala cromática. O compositor usa as dozes notas, dispondo-as em sequências ou
séries. As notas, contudo, têm de ser ouvidas na mesma ordem ao longo da obra. No
entanto, a sequência base pode depois ser manipulada: transposta (cada uma das 12
notas é movimentada para cima ou para baixo pelo mesmo intervalo), tocada de trás
para a frente (em movimento “retrógrado”), invertida (onde aos intervalos é dado o seu
reflexo, isto é, se um intervalo sobe por uma 3ª menor na sequência original, então
desce por uma 3ª menor na inversão), ou tocada em inversão retrógrada (a inversão
tocada de trás para a frente), e cada uma destas versões da sequência original pode
ser transposta conferindo um vasto número de permutações aos elementos básicos.
Assim, são possíveis 48 formas da série. Contudo, os compositores não as utilizam
todas, privilegiam certas configurações de acordo com as suas intenções expressivas.
As possibilidades são enormes, mas o princípio serial funciona como garantia de
que a composição terá um certo grau de coerência harmónica, já que os intervalos de
base não variam. Segundo Schoenberg, o objetivo deste método era “usar a série e
em seguida compor como antes”, ou seja, compor serialmente com liberdade. Como o
próprio compositor afirmou: “As minhas obras são composições dodecafónicas e não
composições dodecafónicas”.
A “emancipação da dissonância” a que Schoenberg chegou deu origem àquilo que
ficou conhecido por obras expressionistas. Enquanto os artistas franceses exploravam
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o seu lado profundamente espiritual e o seu amor pela natureza. Como o próprio
compositor afirmou: “A música é uma lei natural no que respeita ao sentido da
audição”.
Depois das obras pós-românticas iniciais, tonais (por exemplo, Passacalhe Op.1,
1908) e das canções atonais em que havia trabalhado durante o período de 1908 a
1920, Webern adotou a técnica dodecafónica no início da década de 1920. Entre 1924
e 1926 produziu uma série de canções (Op.17-19) utilizando este método, refinando a
sua abordagem à medida que as trabalhava. Foi, todavia, com o Trio para Cordas
(1926-1927) que se voltou para um estilo puramente instrumental que viria a dominar
as obras dos anos seguintes, com destaque para a Sinfonia Op.21 (1927-1928), para
o Quarteto Op.22 (1928-1930) e para o Concerto para nove instrumentos Op.24
(1934). Durante a década de 1930, Webern regressou às composições para voz,
incorporando para o efeito as explorações das suas obras instrumentais, mas também
incluindo cânones e estruturas simétricas que são proezas intensas em termos de
competência técnica, preservando uma fidelidade ao método dodecafónico.
Trabalha num isolamento quase completo após a partida de Schoenberg para os
Estados Unidos da América e da morte de Berg. Numa visita à filha, em Mittersill, a 15
de setembro de 1945, foi alvejado e morto acidentalmente por um soldado americano.
Webern deixou muito poucas obras, sendo o menos famoso dos compositores da
Segunda Escola de Viena. Contudo, pouco depois da sua morte, a sua utilização
imaginativa da técnica dodecafónica levou Pierre Boulez (1925-2016) a descrevê-lo
como o verdadeiro patamar para o futuro da música.
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5) Futurismo
Movimento do início do século XX, que nasceu em Itália. Foi desencadeado pela
publicação, pelo poeta e dramaturgo italiano Filippo Tomaso Marinetti (1876-1944), do
manifesto “Fundação e Manifesto do Futurismo”, na primeira página do jornal
parisiense Le Figaro, a 20 de fevereiro de 1909, seguido de outros manifestos que se
irão propagar nos anos seguintes por toda a Europa, estendendo-se também às artes
plásticas, à música e ao cinema.
Proclamando uma nova poética, Marinetti exaltou a civilização industrial, o
movimento da máquina e da velocidade. Desta forma, o futurismo valoriza o
dinamismo, a exaltação da técnica, a simultaneidade de espaços, de tempos e de
sensações, a fusão de expressões artísticas, a dessacralização das poéticas
convencionais. Os poemas futuristas são facilmente identificáveis por uma série de
recursos destinados a abalar o leitor: profusão de exclamações, de apelos, de
neologismos criados pela associação inédita de palavras, pelo emprego de termos
insultuosos, pela exploração dos efeitos fónicos das palavras, pela introdução de
grafismos no poema, por longas enumerações, pela utilização dos verbos no infinitivo,
pelo uso aleatório da pontuação e de maiúsculas.
Esta visão está intimamente relacionada com a vida moderna, onde palavras
como energia, movimento, ação, dinâmica, liberdade, aceleração, força, ritmo
substituíam outras palavras de uma visão romântica (inspiração, sentimento,
perceção, sensação, imaginário). Era importante quebrar formas estáticas e romper
com a contenção de elementos expressivos provenientes de causas emotivas.
Pretendiam criar uma arte centrada no movimento.
Em 1910, surge o Manifesto dos Pintores Futuristas, subscrito pelos pintores
Umberto Boccioni, Carlo Carrá, Gino Severini, Giacomo Balla e Luigi Russolo. Na
música, Francesco Balilla Pratella (1880-1955) redigiu artigos nos quais manifestava
as possibilidades da nova estética: Manifesto del Musicisti Futuristi (1910), Manifesto
Tecnico della Música Futurista (1911), Distruzione della Quadratura (1912), entre
outros. Também o compositor Luigi Russolo (1885-1947) descreveu a nova estética
na obra L´Arte dei Rumori (1913) e criou instrumentos musicais designados por
Intonarumori (Entoadores de Ruído), com a intenção de produzir uma considerável
variedade de ruídos numa gama de escalas cromática e/ou diatónica. Apesar de ainda
não serem elétricos, as invenções de Russolo contribuíram para um desenvolvimento
do pensamento musical da era moderna.
Compositores como Edgar Varèse (1883-1965) foram influenciados por estas
ideias, apesar de utilizarem instrumentos acústicos. Ionisation insere-se, por exemplo,
nesta desmultiplicação “som-ruído”. Varèse compôs esta obra entre 1929 e 1931,
durante uma estadia prolongada em Paris. A obra, escrita para um ensemble de
percussões, em que 13 músicos tocam um total de 37 instrumentos, foi inicialmente
acolhida com total incompreensão. Cada um dos instrumentos assume uma identidade
muito própria, como se fosse uma verdadeira personagem. O compositor utiliza
elementos referenciais externos no discurso interno da peça, nomeadamente através
da inclusão de sons realistas da vida quotidiana, como o som das sirenes, tão
característico desta obra.
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