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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

FACULDADE DE DIREITO “LAUDO DE CAMARGO”

LÍVIA BENTLIN BELTRAME


Código: 841066

TRABALHO DE HISTÓRIA DO DIREITO

RIBEIRÃO PRETO
2023
Tema: Qual o conceito jurídico atual de liberdade e homem livre? O ‘’servo’',
durante a idade média, era um homem livre? Como o direito trata (tratou) o
escravo?

A conceituação do que atualmente nós entendemos o que é liberdade e


consequentemente homem livre, foi um lento processo evolutivo.
Teve seu início na Revolução Francesa que impôs ao mundo moderno o chamado
‘’governo das minorias’’ e seu lema maior era: liberdade, igualdade, fraternidade.
Ao decorrer da história das civilizações foi definido que a liberdade no sentido jurídico
é quando não houver obrigação imposta de conduta, de acordo com a Constituição
Federal assegura que ‘’nenhum indivíduo será obrigado a fazer senão em virtude de
lei’’.
Nesse sentindo, conceituando apenas a liberdade: significa agir de acordo com seu
livre arbítrio, desde que não prejudique outra pessoa, é a independência e autonomia
com espontaneidade.

Nessa perspectiva, ser um homem livre está conectado com os conceitos de liberdade
supracitados, ou seja, homem livre é aquele que tem assegurado sua liberdade, não
é impedido de fazer o que deseja, desde que esteja dentro das normas jurídicas.

Diante disso, analisa-se uma ambiguidade nessas conceituações, pois o indivíduo


apenas pode obter sua liberdade plena na ausência do Estado (normas jurídicas),
porém ao mesmo tempo o Estado também assegura está liberdade.

Dado esse pressuposto sobre liberdade e homem livre no contexto jurídico


contemporâneo, é válido fazer uma análise na história das civilizações antigas.
Assim, o recorte feito na antiguidade é na Idade Média, teve seu início no século V e
termina XV, uma de suas maiores características é a instauração do feudalismo.

O feudalismo dominou a Europa ocidental por muitos séculos, a população buscava


refúgio nos campos, pois as cidades estavam dominadas pela violência e
precariedades após a queda do Império Romano e dominação dos chamados
‘’bárbaros’’.
Esse sistema político, econômico e social, tinha sua base em grandes propriedades
de Terra (feudos), os proprietários eram os senhores feudais e a mão de obra que
movia esse sistema era os servos.

A descrição de servo pelo dicionário da língua portuguesa é: aquele que não é livre,
não tem direitos ou bens e dependente de um senhor. Dentro de uma sociedade feudal
ser servo é pertencer a um senhor feudal sem ser necessariamente escravo, em troca,
principalmente, de proteção. Nesse ponto é importante diferenciar o que é ser um
escravo e ser um servo no feudalismo, a diferença está na propriedade. Enquanto os
escravos eram propriedade de seus senhores e podiam ser trocados e vendidos, os
servos não pertenciam a ninguém, apenas sua mão de obra poderia ser vendida e
não sua pessoa, ou seja, o que existe na relação entre senhor feudal e servo é a
dependência.

Nesse contexto, os servos abandonam sua liberdade de movimento e trabalho, em


troca dos benefícios em uma propriedade (feudo) pois este ambiente garantia
proteção e alimentação. Portanto, os servos não se configuram nem como escravos
e nem como trabalhadores livres, assim estabelecendo uma nova categoria de relação
de trabalho, pois possuíam o título de liberdade, mas as condições do senhor feudal
faziam com que eles ficassem em suas terras. Assim sendo, o status de liberdade no
servo existia apenas na teoria, enquanto na ação era ao contrário.

Ao passo que entendemos a correlação entre liberdade e servidão, a sequência é


compreender como o direito se conduz em sentido do escravo.
Primeiramente, os escritos das Ordenações Manuelinas e Ordenações Filipinas foi o
que regulamentou a escravidão e o passado das civilizações. Nelas não estava
explicito o registro da '’personalidade jurídica’’ dos escravizados, por mais que esse
assunto rondasse o sistema jurídico da sociedade escravista daquela época.

Assim como a maiorias das legislações vigentes desse período, essa tinha suas
contradições, por um lado ela aumentava a possibilidade do escravo ter espaço no
âmbito jurídico e por lado diminuía tal condição. Essa falha dava abertura para que os
interesses dos ‘’personagens’’ mais influentes prevalecesse, pois possuía diferentes
interpretações, assim constituindo a estrutura do jurídico oitocentista.

Por conseguinte, tais Ordenações servia também para limitar em alguns sentidos os
senhores e minorias de garantia de liberdade para escravos e libertos. Entretanto é
válido ressaltas que tais ‘’garantias’’ não eram suficientes, a escravidão continuou
sendo desumana.

Dessa forma o direito tentava traçar limites para os senhores e escravos, o que acaba
prevalecendo mais para o lado dos senhores, pois esses também estavam
controlando a âmbito jurídico. Por sua vez, os escravos viviam uma luta invencível de
conquistar mais direito e liberdade para terem o mínimo de uma vida digna, tentando
combater o judiciário que na prática acabava sempre por fortalecer a continuidade da
escravidão.

Portanto, dado o exposto sobre os temas, segundo a autora Cecília Meirelles em seu
livro Romanceiro da Inconfidência ela cita a seguinte frase: ´´Liberdade é uma palavra
que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não
entenda’’
Portanto, conclui-se que a história das civilizações por muitas vezes é movida pela
busca e anseio da liberdade. Uma luta incessante entre o topo e a base dos sistemas
hierarquizados, foi assim com os servos e escravos e continuará sendo entre nossa
sociedade contemporânea.

REFERÊNCIAS

https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/o-que-e-ser-livre
https://blog.stoodi.com.br/blog/historia/diferenca-escravidao-e-servidao/

https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-17609/servo/

https://conectaescoladigital.seduc.se.gov.br/planos-de-aula/os-servos-na-idade-
media-trabalho-e-cotidiano

https://phmp.com.br/aspectos-juridicos-da-liberdade-de-expressao/

Artigo disponibilizado no classroom na sala de História do Direito. O TRATAMENTO


JURÍDICO DOS ESCRAVOS NAS ORDENAÇÕES MANUELINAS E FILIPINAS.

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