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DIREITO FINANCEIRO

RECEITAS PÚBLICAS

I. ENTRADAS

1. O conceito de receitas públicas não se


confunde com o conceito de entradas (cauções,
fianças, depósitos, empréstimos contraídos
pelo poder público, etc).
Todo ingresso de dinheiro aos cofres públicos
caracteriza uma entrada.
Nem todo ingresso corresponde a uma receita
pública (entrada de forma definitiva).

2. Conceito de Receita Pública.


É a entrada que, integrando-se no patrimônio
público sem quaisquer reservas, condições ou
correspondência no passivo, vem acrescer o seu
vulto, como elemento novo e positivo (Aliomar
Baleeiro).

II. CLASSIFICAÇÃO

1. Critério de regularidade ou relativa


periodicidade.
a) Extraordinárias: auferidas em caráter
excepcional e temporário.
Empréstimo compulsório: art. 148, II, da CF.
Impostos Extraordinários: art. 154, II, da CF.
b) Ordinárias: ingressam com regularidade, por
meio do normal desenvolvimento da atividade
financeira do Estado.

2. Quanto à origem.
a) originária: advém da exploração, pelo
Estado, da atividade econômica.
Resulta da atuação do Estado, sob o regime de
direito privado, na exploração de atividade
econômica. Oriunda do domínio privado do
Estado. Sem caráter coercitivo próprio, porque
atua sob o regime de direito privado, como
empresa privada em busca do lucro.
Ainda assim, quando o Estado aliena um imóvel,
integrante de seu domínio privado há que se
observar normas jurídico-administrativas ou
jurídico-financeiras, ou seja, o Estado nunca se
afasta da submissão ao direito público.
b) derivada: arrecadada por meio de
constrangimento legal (tributos, pecúnias,
confisco e as reparações de guerra).
c) transferida: decorre da transferência de
recursos entre os entes da Federação. Não é
resultante de uma relação que se estabelece
entre Estado e particulares, mas sim em função
de relações entre os entes da Federação.
As transferências podem ser resultantes do
texto constitucional/legal, ou de mera
liberalidade do ente, a título de auxílio.
Exemplo: repartição da arrecadação tributária
(IPVA em relação aos Municípios).

3. De acordo com o motivo.


a) corrente: resultante de atividades próprias
do Estado (tributação, cobrança de preços
públicos dos particulares e outros valores
decorrentes da exploração do patrimônio do
Estado nos moldes do direito privado e entrada
de receita por conta das transferências
obrigatórias ou voluntárias entre os entes.
b) de capital: entradas resultantes de
operações nas quais o Estado busca a captação
externa de recursos e, portanto, à parte das
suas finalidades ordinárias. Ex.: receitas
provenientes das operações de endividamento.
São provenientes da realização de recursos
financeiros oriundos de constituição de dívidas;
da conversão, em espécie, de bens e direitos; os
recursos recebidos de outras pessoas de direito
público ou privado, destinados a atender
despesas classificáveis em Despesas de Capital
e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente
(art. 11, § 2º, da Lei 4.320/1964).

III. PENALIDADES - LRF

1. Deixar de criar ou disciplinar tributos. Artigos


11 a 13 da LRF.
O ente que deixar de criar ou disciplinar um
tributo para o qual a CF lhe confere
competência estará agindo em ofensa ao
princípio da responsabilidade no manejo das
verbas públicas, na medida em que, de forma
deliberada, opta por não captar receitas
tributárias.
Ex.: deixar de criar o Imposto sobre Grandes
Fortunas (art. 153, VII, da CF).

2. Renúncias de Receitas.
A Administração está autorizada a conceder
renúncias e, assim, deliberadamente, a redução
das receitas públicas. Esta possibilidade está
limitada ao cumprimento das condições
previstas no art. 14, da LRF. Assim, o ato legal
do qual decorra a renúncia deverá:
a) estar acompanhada de uma estimativa do
impacto orçamentário-financeiro da perda da
receita no exercício que deva entrar em vigor e
nos dois subsequentes;
b) atenda ao disposto na LDO (garantir que
metas e objetivos da Administração sejam
cumpridos, a despeito da renúncia de receita).
Ainda assim há duas outras condições das quais
pelo menos uma deve ser cumprida: primeira,
que a renúncia deve estar contemplada na LOA;
OU, segunda, medidas de compensação pelo
aumento de receita (geralmente, aumento de
outros tributos) também pelo período de 3
anos.
Duas situações em que é possível a renúncia de
receita sem a observância dos requisitos acima
descritos:
a) alterações de alíquotas dos impostos
extrafiscais,
b) cancelamento de débito cujo montante seja
inferior ao dos respectivos custos de cobrança
(situação em que a cobrança se torne inviável).

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