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03/03/2023 19:10 Estudando: Desenvolvimento Sustentável | Prime Cursos

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Estudando: Desenvolvimento Sustentável

Ambiente e Abordagem Sistêmica


A inserção de elementos da abordagem sistêmica é responsável por grande parte das alterações conceituais
apresentadas para meio ambiente, nos últimos 50 anos. Assim, os conceitos sobre meio ambiente,
trabalhados no item anterior, podem ser melhor entendidos quando compreendemos o meio ambiente como
um sistema. Para isso, é necessário, primeiro, estabelecer o que é sistema.

O termo sistema é utilizado por todos nós, quase que intuitivamente, quando buscamos nos referir às várias
categorias de organizações ou grupos de elementos inter-relacionados: sistema solar, sistema nervoso,
sistema organizacional, ecossistema, sistema econômico, sistema de comunicação etc., ou seja, sempre que
pretendemos enfatizar interrelacionamento, organização e interdependência, entre vários elementos que
compõem um grupo ou conjunto avaliado.

A base conceitual de sistemas foi formulada inicialmente por Bertalanffy, ainda na década de 30, precisamente
em 1937, para oferecer um conjunto de novas explicações e metodologias que pudessem dar conta dos
problemas ligados à dinâmica dos sistemas vivos na natureza.

Um pouco de história...

"Essa idéia [a Teoria Geral dos Sistemas], remonta há muito tempo. Apresentei-a pela primeira vez em 1937
[...] entretanto, nessa ocasião, a teoria tinha má reputação em biologia e tive medo [...] Por isso, deixei meus
rascunhos na gaveta e foi somente depois da guerra que apareceram minhas primeiras publicações sobre o
assunto [surpreendentemente] verificou-se ter havido uma mudança no clima intelectual [...] Mais ainda, um
grande número de cientistas tinha seguido linhas semelhantes de pensamento [...] Assim, a Teoria Geral dos
Sistemas não estava isolada [...] mas correspondia a uma tendência do pensamento moderno".

(BERTALANFFY, 1973)

Segundo Bertalanffy (1973), os motivos que o levaram a desenvolver a Teoria Geral dos Sistemas
estabeleceram-se a partir da observação da inadequação do postulado do reducionismo da física teórica (o
princípio segundo o qual a biologia e as ciências sociais e do comportamento deviam ser tratadas de acordo
com o paradigma da física e, finalmente, reduzidas a conceitos de entidades do nível físico), para tratar os
novos problemas específicos das outras ciências.

"A inclusão das ciências biológicas, sociais e do comportamento junto à moderna tecnologia exige
generalizações de conceitos básicos da ciência. Isto implica novas categorias do pensamento científico, em
comparação com as exigências da física tradicional, e os modelos introduzidos com esta finalidade são de
natureza interdisciplinar." (BERTALANFFY, 1973).

Mas o que é um sistema?

"Por definição, um sistema compõe-se de partes, ou elementos, inter-relacionados. Isso acontece com todos
os sistemas mecânicos, biológicos e sociais. Todos os sistemas têm, pelo menos, dois elementos em inter-
relação. Num sistema, o todo não é apenas a soma das partes; o próprio sistema pode ser explicado apenas
como totalidade." (KAST & ROSENWEIG, 1976).
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Na concepção
concorda com estasde Bertalanffy (1973), um sistema apresenta as seguintes características gerais:
condições.

• um todo sinergético, maior que a soma de suas Ok


partes - assim, para compreender um sistema não basta
considerar as partes "funcionando" isoladamente. Estas devem ser observadas a partir de suas relações
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(umas com as outras e com o próprio sistema);

• um modelo de transformação - considera-se, assim, que um sistema é uma estrutura dinâmica que está em
constante processo de transformação;

• um conjunto de partes em constante interação, com ênfase na interdependência - considera-se, assim, que
um sistema possui interação entre suas partes constituintes e estas têm características de interdependência;

• uma permanente relação de interdependência com o ambiente externo, influenciando e sendo influenciado,
com capacidade de crescimento, mudança e adaptação ao ambiente externo - considera-se, assim, que um
sistema também não pode ser observado de forma isolada, sem compreender suas relações com seu
ambiente externo.

Essa capacidade de interação entre Ambientes Externo e Interno representa uma das principais
características dos sistemas.

Segundo Gondolo (1999), eles podem ser fechados, quando não há troca com o meio externo ou abertos,
quando existem fluxos contínuos de energia, matéria e informação com o ambiente externo.

O sistema fechado é aquele dentro do qual circula energia, mas que por si só não mantém trocas de energia
ou matéria com o meio. Por exemplo, poderíamos imaginar uma reação química que se passa dentro de um
contêiner totalmente vedado. Também poderíamos citar como outro sistema, não tão fechado assim, um
motor de um carro que, para funcionar, precisa de combustível, mas que não é por si capaz de extraí-lo do
meio. Uma vez abastecido e bem articuladas as partes, o carro tem certo grau de autonomia de
funcionamento; porém, não havendo input de combustível, acabará o output de energia e o motor "morrerá".

Os sistemas abertos são, portanto, sistemas que dependem do ambiente externo. Dele, recebem elementos,
os transformam mediante seus processos internos e devolvem novos elementos ao meio externo. Os
sistemas abertos necessitam de entradas (ou inputs) para se manterem em funcionamento, uma vez que
recebe deste ambiente "matéria-prima" (matéria, energia e informação), para desenvolver seu processo
interno.

Relacionando esses conceitos iniciais, podemos caracterizar o Meio Ambiente como um sistema aberto, que
desenvolve seus processos internos em constante interação e interdependência com o ambiente externo.

Destaca-se, porém, que as bases conceituais sobre sistemas estão apoiadas sobre modelos teóricos que vêm
se desenvolvendo ao longo dos últimos 50 anos. Neste sentido, as teorias sobre a complexidade, presentes
em diversos campos da ciência, têm enriquecido o enfoque sistêmico para muito além do que Bertalanffy
formulou inicialmente (NOVO, 1996).

O que chamamos de sistemas complexos ampliam e agregam novos conhecimentos sobre a dinâmica dos
sistemas, incluindose questões ligadas aos processos de irreversibilidade, de incertezas, do caos e da ordem
e desordem. Nessa perspectiva, Garcia (1986) aponta que "o sistema não está definido, mas é possível ser
definido. Uma definição adequada só pode surgir em cada caso particular ou durante o transcurso da própria
pesquisa/investigação".
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Pergunta-se então: quais são os elementos da teoria dos sistemas que permitem estabelecermos uma
postura sistêmica em nossos estudos, análises e trabalhos práticos?

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Novo (1996) apresenta alguns elementos que irão nos auxiliar a estabelecer esta postura:

• As relações entre o todo e as partes: sabendo-se que um sistema compõe-se de partes, podemos pensar
em desmembrá-lo para analisá-las em separado. Porém, devemos lembrar que estas partes só adquirem seu
verdadeiro sentido quando integradas ao TODO do sistema, que se configura, justamente, pelo conjunto
criado pelas inter-relações de suas partes.

Esse princípio estabelece o caráter de interdependência entre as PARTES e o TODO. A compreensão deste
caráter nos ajuda a observar que os problemas que afetam os sistemas naturais (poluição da água, do ar e do
solo, escassez de recursos etc.) não podem ser interpretados sem a devida conexão com o que acontece nos
sistemas sociais, econômicos, entre outros. Os ambientes interno e externo de um sistema aberto possuem
forte grau de interação e interdependência.

• Emergência e restrições do sistema: compreender qualquer conjunto como um sistema pressupõe


considerar que ele pode ser maior e menor que as partes que o constituem. Maior que as partes, por causa da
emergência, ou seja, os resultados das interações das partes que permitem o estabelecimento de um
"produto novo", que não pode ser observado em separado na análise das partes. E menor que as partes,
quando o sistema impõe limites ou restrições às partes, que passam a não poder realizar "plenamente" suas
potencialidades. Como exemplo, Novo (1996) cita o dizer popular "A liberdade de cada um termina onde
começa a liberdade do outro". Neste caso, o "sistema social", em sua totalidade, impõe limites a cada pessoa
como parte ou componente dele mesmo, de forma que o indivíduo isolado nem sempre pode pôr em prática
toda sua potencialidade.

• Relações entre sistema e entorno (sistemas abertos): como já abordado anteriormente, os sistemas abertos
estão em constante processo de intercâmbio (matéria, energia e informação) com o entorno, além de
necessitarem dele para semanterem em funcionamento. Essa característica de interdependência com o
entorno não possibilita aos sistemas abertos um estado de estabilidade e de permanência estático, sendo
necessário incorporar noções de ordem e desordem para explicar a realidade sistêmica como um processo
dinâmico.

• Equilíbrio dos sistemas: um sistema aberto é uma unidade dinâmica, que se transforma ao longo do tempo.
Para compreender esse processo, é necessário que conheçamos quais são os mecanismos internos
utilizados pelo sistema para manter seu equilíbrio dinâmico através dos constantes intercâmbios de matéria,
energia e informação com seu entorno. O conceito de equilíbrio dinâmico incorpora a idéia de mudança: uma
mudança temporária que, por sua vez, incorpora os conceitos de evolução e de mudança espacial, que têm a
ver com a idéia de estrutura.
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Segundo Garcia (1986), para estudarmos os sistemas complexos, devemos observar os seguintes
componentes:

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Limites: estabelecem a definição das "fronteiras" físicas dos sistemas que vamos estudar ou observar (o
interno e o externo). Destaca-se que esta definição não restringe somente o limite físico do sistema, mas
também as relações que estarão sendo analisadas.

Elementos: para determinar os subsistemas (elementos) de um sistema complexo, é fundamental definir as


escalas espaciais e temporárias que serão consideradas.

Estrutura: um grande número de propriedades de um sistema é determinado por sua estrutura, e não por
seus elementos, em que as propriedades dos elementos determinam as suas relações, e estas, sua estrutura.

Observa-se que os mesmos elementos podem, sob determinadas circunstâncias, estabelecer diferentes
estruturas.

• Retroalimentação: os mecanismos de retroalimentação (feed-back) são aqueles que permitem ao sistema


ser
realimentado pela informação gerada por ele mesmo. Podem ser de três tipos:

- Positiva: são considerados sistemas explosivos, pois os efeitos das causas iniciais aumentam a variação do
sistema em relação ao seu ponto de equilíbrio;

- Negativa: em que a informação gerada permite ao sistema alterar-se para restabelecer seu equilíbrio; e

- Regulação antecipatória: são informações que, embora atuem de acordo com o comportamento presente do
sistema, apresentam um sentido de futuro.

"Quando trabalhamos com sistemas submetidos a flutuações, como os sistemas vivos, os experimentos que
planejamos e as possíveis soluções que traçamos, ante os problemas, não podem estar estabelecidos como
certezas absolutas, mas sim em termos de probabilidades, de modo que a incerteza, o acaso, sejam
reconhecidos como elementos da própria vida".

(NOVO, 1996)

• Adaptação e inovação: um dos objetivos dos sistemas vivos é manter-se em estado de estabilidade. Para
atingir talobjetivo, os sistemas desenvolvem processos de adaptação, que buscam conduzi-lo de novo à
estabilidade inicial. Nos sistemas abertos, esses processos são muito importantes para a manutenção da
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integridade do sistema, em virtude do alto grau de interdependência com as alterações de seu entorno. Em
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alguns casos, quando as alterações são muito intensas, provocam mudanças que podem alterar o próprio
sistema. Neste caso, há a inovação no sistema.

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