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da Administração e
Tecnologias de Gestão
Unidade 5
Evolução do Pensamento
da Administração e
Tecnologias de Gestão
1ª edição
2019
Produção do Material Didático - Pedagógico
Delinea Tecnologia Educacional
Objetivos de Aprendizagem
• Analisar a importância da teoria dos sistemas para a atual administração das organizações.
• Analisar a ideia de sistema e os elementos de sua estrutura: inputs, processamento, outputs e
retroalimentação; as relações da equifinalidade, sinergia e entropia negativa como metáforas
para a compreensão dos pressupostos da atual administração nas organizações.
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5.1 Teoria dos sistemas
De acordo com Maximiano (2010), o principal idealizador da teoria dos sistemas foi Ludwig Von Berta-
lanffy (1901-1972), biólogo austríaco que estudou o metabolismo celular e sua relação de trocas com o
ambiente externo. Chiavenato (2002, p. 410) discorre sobre o fato de Bertalanffy ter elaborado
uma teoria interdisciplinar para transcender os problemas exclusivos de cada ciência e proporcio-
nar princípios gerais (sejam físicos, biológicos, sociológicos, químicos etc.) e modelos gerais para
todas as ciências envolvidas, de modo que as descobertas efetuadas em cada uma pudessem ser
utilizadas pelas demais.
A teoria dos sistemas tem por finalidade identificar as propriedades, os princípios e as leis dos siste-
mas em geral, independentemente do tipo de sistema estudado.
Mas, antes de continuar acompanhando a abordagem sobre a teoria dos sistemas, pense na seguinte
questão: o que é sistema? Conforme Chiavenato (2002, p. 188), “[...] é um conjunto de elementos que
estão dinamicamente interligados para formar um todo [...]. São características que existem no sistema
como um todo e que não existem em seus elementos em particular”. Como exemplo de sistema, o
autor cita as características da água, que são totalmente diferentes das características dos elementos
isolados que a compõem: o hidrogênio e o oxigênio.
Reflita
Podemos entender que um sistema é um conjunto de unidades relacionadas para alcançar um obje-
tivo. Desse conceito, de acordo com Chiavenato (2014), decorrem duas características: o propósito e
o globalismo.
Propósito
Diz respeito ao fato de que todo sistema existe para alcançar objetivos. Suas partes/elemen-
tos, bem como seus relacionamentos, definem um arranjo que visa sempre a um objetivo ou
a uma finalidade.
Globalismo
Todo sistema tem uma natureza orgânica. Mas o que isso significa exatamente? Significa que
uma ação que produzir mudanças em uma de suas partes produzirá mudanças em todas as
outras. Em última instância, qualquer estímulo, em qualquer unidade, afetará as outras unida-
des por conta do relacionamento que existe entre elas. O efeito fará um ajustamento em todo
sistema. À medida que o sistema sofre mudanças, esse ajuste será contínuo.
Cabe ainda destacar que todo sistema é constituído de subsistemas (partes) que integram um sistema
maior (suprassistema). Há uma hierarquia de sistemas: cada sistema tem subsistemas e faz parte de
um suprassistema.
Nesse sentido, podemos verificar que o conceito de sistema pode ser aplicado a vários níveis: desde
um microssistema até um suprassistema, indo, por exemplo, desde a célula até o universo. A figura a
seguir ilustra essa questão.
Suprassistema
Sistema
Subsistema Subsistema
Vamos a um exemplo prático? Podemos ilustrar dizendo que o suprassistema seria uma fábrica de
automóveis que tem como objetivo fabricar peças e realizar montagem de automóveis.
Esse suprassistema (fábrica de automóveis) é composto por outros sistemas, dentre eles, está o sis-
tema automóvel, que tem como objetivo transportar passageiros e cargas. Esse sistema (automóvel) é
constituído pelos subsistemas motor, caixa de marchas, suspensão, pneus, carroceria, dentre outros.
Ficou mais clara essa hierarquia dos sistemas? Além da hierarquia entre sistemas, subsistemas e
suprassistemas, é importante observar as tipologias de sistemas, bem como sua classificação. Chia-
venato (2014) distingue os tipos de sistemas conforme sua composição. São eles:
a. Sistemas físicos ou concretos: são compostos de equipamentos, maquinarias, obje-
tos e coisas reais. São denominados de hardware e podem ser descritos em termos
quantitativos.
b. Sistemas abstratos ou conceituais: são compostos de conceitos, filosofias, planos,
hipóteses e ideias abstratas. Os símbolos representam atributos e objetos que, muitas
vezes, só existem no pensamento das pessoas. São denominados de software.
Atenção
Um exemplo que podemos citar e que faz parte do cotidiano é uma escola, que é
dotada de um sistema físico (salas de aula, carteiras, iluminação etc.) para desenvol-
ver um programa de ensino (sistema abstrato).
Quanto à classificação dos sistemas conforme sua natureza, Chiavenato (2014) faz a seguinte distin-
ção:
a. Sistemas fechados: não fazem intercâmbio com o ambiente que os circunda, pois são
herméticos a qualquer influência ambiental. Sendo assim, não recebem influência do
ambiente e também não influenciam o ambiente.
b. Sistemas abertos: apresentam amplas relações de intercâmbio com o ambiente, por
meio de inúmeras entradas e saídas, pelas quais trocam matéria e energia regular-
mente. São adaptativos e, para sobreviver, devem reajustar-se constantemente às con-
dições do meio. Essa adaptabilidade é um aprendizado constante dentro das orga-
nizações. Podemos citar, como exemplo, o aparelho respiratório do ser humano. Se
fecharmos a boca e o nariz, o ar não entrará nos pulmões, consequentemente, o sis-
tema respiratório será prejudicado, certo? Ou seja, estão relacionados.
5.1.1 A organização como um sistema aberto
Conforme Chiavenato (2002), as organizações são sistemas criados pelo homem e mantêm uma dinâ-
mica de interação com o meio externo através do contato com clientes, fornecedores, concorrentes,
entidades sindicais, órgãos governamentais e outros agentes externos, por isso, caracterizam-se como
sistemas abertos. Podemos visualizar essa ideia na figura a seguir.
Mercado
Governo Mão de obra
Fornecedores Concorrência
ORGANIZAÇÃO
Consumidor
Sistema
financeiro
Comunidade
Sindicatos Tecnologia
Isso acontece porque a organização influencia o meio ambiente, mas também recebe influência dele.
Além disso, como já vimos, a organização é um sistema integrado por diversas partes relacionadas
entre si, que trabalham em harmonia umas com as outras, com finalidade de alcançar objetivos, tanto
dela mesma como de seus participantes.
• Morfogênese: diferentemente dos sistemas mecânicos (uma máquina não pode mudar suas
engrenagens) e dos sistemas biológicos (um animal não pode criar uma cabeça a mais), o sis-
tema organizacional possui a capacidade de modificar a si próprio e sua estrutura por meio de
um processo cibernético (os membros da organização comparam os resultados desejados com
os resultados obtidos e, ao detectar erros, fazem a correção para modificar a situação).
• Resiliência: segundo a linguagem científica, resiliência é a capacidade de superar um distúrbio
imposto por um fenômeno externo. As organizações, consideradas um sistema aberto, são capa-
zes de superar perturbações externas provocadas pela sociedade, sem perder seu potencial. A
resiliência determina o grau de defesa ou de vulnerabilidade do sistema a pressões ambientais
externas.
Na figura a seguir, é possível observar a resiliência da árvore para se adaptar ao ambiente e continuar
sua jornada.
Os estudos de Bertalanffy foram adaptados para muitas ciências naturais e humanas. No caso das
ciências humanas/sociais, o chamado “modelo dos sistemas abertos” mostrou-se bastante profícuo
em função de sua abrangência e flexibilidade.
Nesse sentido, o conceito de ambiente, apresentado por Maximiano (2010, p. 221), é o seguinte:
[...] ambiente do sistema é o conjunto de elementos que não pertencem ao sistema, mas qualquer
alteração no sistema pode mudar seus elementos e qualquer alteração nos seus elementos pode
mudar o sistema.
Para melhor compreensão dos elementos básicos que integram todos os sistemas, bem como a inte-
ração entre esses elementos, veja a figura a seguir.
Figura 5.4: Elementos do sistema
Objetivos
Retroalimentação
Já temos a visão do que é o sistema como um todo. Agora, vamos entender um pouco sobre cada parte
que o constitui.
• Objetivos: é a própria razão de ser do sistema, ou seja, é a finalidade para a qual o sistema foi
criado.
• Entradas (input): insumos, materiais e energia que são fornecidos ao sistema para que possa
ocorrer o processamento e gerar um resultado ou produto.
• Processo de transformação: transformação do insumo em produto. O processo é a maneira pela
qual os elementos dos sistemas interagem no sentido de produzir a saída/produto.
• Saída (output): são os resultados do processo de transformação. As saídas representam a con-
solidação dos objetivos do sistema e, nesse sentido, podem ser avaliadas para saber se os
objetivos foram ou não cumpridos.
• Controle e avaliação: trata-se de verificar se os objetivos foram cumpridos. Para que possa ocor-
rer uma avaliação, é necessária a definição de uma medida de desempenho do sistema, uma
medida padrão.
• Retroalimentação (feedback): consiste em um processo de comunicação que reage a cada
entrada de informação incorporada pelo sistema, gerando uma ação-resposta, bem como uma
alteração no sistema. Seria o feedback do sistema. A retroalimentação visa manter o desempe-
nho de acordo com o padrão ou critério escolhido.
Ao ser apropriada pela Administração, a teoria dos sistemas permitiu que as organizações fossem
vistas em sua totalidade, e não apenas no somatório de cada uma de suas partes. Assim, a partir dessa
teoria, a organização passou a ser entendida como um conjunto de áreas ou setores que, de maneira
separada, não sobrevivem. No entanto, estando unidos, têm o objetivo de manter a empresa viva e em
condições de buscar cumprir seus objetivos organizacionais.
A teoria dos sistemas utiliza o conceito do “homem funcional” em contraste ao conceito do
“homem econômico” da teoria clássica, do “homem social” da teoria das relações humanas, do
“homem organizacional” da teoria estruturalista, do “homem administrativo” da teoria comporta-
mental. Na teoria dos sistemas, o indivíduo se comporta em um papel dentro das organizações,
inter-relacionando-se com os demais indivíduos, como um sistema aberto. (CHIAVENATO, 2002,
p. 491).
Essa teoria ampliou a visão acerca das problemáticas organizacionais, diferentemente da antiga abor-
dagem dos sistemas fechados.
Quando falamos em relações da equifinalidade, sinergia e entropia negativa, podemos utilizá-las em um
contexto metafórico para compreendermos os pressupostos da atual administração nas organizações.
Equifinalidade
Figura 5.5: Equifinalidade
Sinergia
Figura 5.6: Sinergia
“A interação dos elementos do sistema é chamada de sinergia.” (GOMES et al., 2014, p. 8).
Entropia
Figura 5.7: Entropia
Ao mesmo tempo em que esses três conceitos estão inter-relacionados, percebemos que também têm
uma ligação direta com os elementos que compõem o sistema. Com isso, nos levam a compreender os
pressupostos da administração nas organizações nos dias de hoje.
Informação Comparação
Tomada com os
relevantes
de decisão padrões
para decisões
Fontes de Efeito
informação sobre
externa empresa
Ação corretiva
necessária
Para Maximiano (2010), a tomada de decisão significa a transformação das informações analisadas
em ação. Os desafios impostos conduzem os gerentes a buscarem informações que representem a
realidade das organizações, para que o processo decisório seja efetuado de forma eficaz e contribua
para o alcance dos objetivos estabelecidos.
São vários os elementos que compõem o processo decisório, tais como: condições de incerteza, ris-
cos, objetivos almejados, melhor estratégia, dentre outros.
Maximiano (2015) entende que o processo decisório compreende as seguintes fases, representadas
na figura a seguir:
Avaliação
Escolha: julgamento e
o
isã
avaliação de alternativas
c
De
Alternativas
Concepção de alternativas:
processo criativo
Diagnóstico: busca
Di de entendimento
ag
nó
st
ic
o
Frustração, ansiedade,
Problema
dúvida, curiosidade
Curiosidade
Saiba mais
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Referências
______. Introdução à teoria geral da administração. 9. ed. Barueri, SP: Manole, 2014.
GOMES, L. B. et al. As origens do pensamento sistêmico: das partes para o todo. Pensando famílias, v.
18, n. 2, p. 3-16, 2014. Disponível em: <http://bit.ly/2u1sUp8>. Acesso em: 8 jul. 2018.
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