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RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO ESPECÍFICO EM

PSICOLOGIA HUMANISTA GESTALT-TERAPIA

_________________________________________
NOME COMPLETO
Estagiária/o

_________________________________________
Marcos Pablo Martins Almeida
ORIENTADOR

CABEDELO
2023
NOME COMPLETO

1
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO ESPECÍFICO
EM PSICOLOGIA HUMANISTA GESTALT-TERAPIA

Relatório de Estágio Supervisionado


Específico I – GestaltTerapia, apresentado
ao Professor Orientador Marcos Pablo
Martins Almeida, do curso de Psicologia
do Centro Universitário UNIESP, como
requisito para avaliação final do estágio.

CABEDELO
2023

2
SUMÁRIO

1 IDENTIFICAÇÃO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO.................................................4


1.1 ESTAGIÁRIO..................................................................................................................4
1.2 ÁREA E ORIENTAÇÃO..................................................................................................4
1.3 CAMPO DE ESTÁGIO....................................................................................................4
1.4 PERÍODO DO ESTÁGIO.........................................................................................................5
1.5 CARGA HORÁRIA.........................................................................................................5
2 INTRODUÇÃO......................................................................................................................6
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................................7
3.1 CONTEXTO HISTÓRICO E BASES FILOSÓFICAS DA GESTALT TERAPIA................7
3.2 PRINCIPAIS CONCEITOS DA GESTALT TERAPIA.......................................................9
3.3 PSICOLOGIA DA GESTALT.........................................................................................12
4 ATIVIDADES......................................................................................................................16
4.1 TABELA DE ATENDIMENTOS....................................................................................16
4.2 TRIAGEM.....................................................................................................................16
4.3 PLANTÃO DE ESCUTA PSICOLÓGICA.......................................................................16
4.4 PSICOTERAPIA............................................................................................................17
4.5 ESTÁGIO EXTERNO....................................................................................................17
4.5.1 Intervenções grupais com Teatro do Oprimido e Gestalt-Terapia............................17
5 RELATO DO ESTÁGIO: Descrição geral das experiências e apresentação de um
estudo de caso..........................................................................................................................21
6 CONCLUSÕES....................................................................................................................22
REFERÊNCIAS......................................................................................................................24
ANEXOS

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1 IDENTIFICAÇÃO

1.1 ESTAGIÁRIO (A)

Estagiário(a)
Matrícula

1.2 ÁREA E ORIENTAÇÃO

Área Processos Clínicos


Sub-área PSICOLOGIA HUMANISTA/ GESTALT- TERAPIA
Orientador Marcos Pablo Martins Almeida (CRP 13-6951)

1.3 CAMPO DE ESTÁGIO

Coordenação do Prof.ª Dr.ª Maria da Penha de Lima Coutinho


Curso de Psicologia
Gestora da Clínica Carla Jeane de Melo Mendonça
Integrada de Saúde
UNIESP
Responsável Técnica Prof.ª Dr.ª Aline Arruda Rodrigues da Fonseca
da Clínica Integrada
de Saúde – Psicologia
UNIESP
Local Clínica Integrada de Saúde UNIESP – Psicologia (Bloco G)
Endereço UNIESP, Rodovia BR 230 Km 14 s/n Morada Nova, PB, 58109-
303
Contatos 2106-3833 ou 83-99191-8937
clinica.integrada@iesp.edu.br
https://www.iesp.edu.br/servicos/clinicaescola

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1.4 PERÍODO DO ESTÁGIO

Data de início 22/08/2022


Data de término 16/12/2022

1.5 CARGA HORÁRIA

Carga horária 13 horas


semanal Distribuídas da seguinte forma: 4 horas de atendimento em
psicoterapia; 4 horas de supervisão/orientação clínica; 3 horas em
estágio externo; 2 horas semanais de estudo dirigido.
Carga horária 260 horas
total/semestral

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2 INTRODUÇÃO

O estágio supervisionado tem o objetivo de proporcionar ao aluno em formação, o


desenvolvimento das competências e habilidades necessárias para sua atuação profissional.
Proporcionando também, sua participação em situações reais que serão vivenciadas em sua
área de formação, sendo, portanto, um requisito obrigatório e parte da grade curricular na
conclusão do curso de Psicologia da presente instituição.

[OUTRAS POSSIBILIDADES]

O presente estágio aqui apresentado, aconteceu na Clínica Integrada de Saúde, onde


funciona o Serviço Escola de Psicologia do UNIESP. A Clínica está localizada dentro do
Campus do UNIESP e oferece serviços de Odontologia, Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia e
Psicologia. O Serviço Escola de Psicologia oferece, de forma gratuita para a população, as
seguintes modalidades interventivas: Triagem; Avaliação Psicológica; Escuta Psicológica;
Atendimento Psicoterápico para Criança, Adulto e Idoso; Psicoterapia de Casal; Psicoterapia
em Grupo; Orientação Profissional. Os serviços funcionam de segunda-feira a sexta-feira, no
horário das 08:00 às 12:00 e 13:00 às 21:00. Não abrindo aos finais de semana e nem feriados.
Nos meses de recesso do calendário escolar a clínica também não efetua atendimentos.

Sua estrutura física conta com:

 06 Consultórios para atendimento, sendo 01 infantil;


 01 consultório para escuta psicológica;
 01 Sala de observação (sala 12);
 01 sala de supervisão (sala 15);
 01 sala para supervisoras e triagem (sala 7);
 02 Banheiros internos;
 01 Staff de Estagiários (sala 6);
 01 Recepção para usuários;
 01 Recepção Técnica;
 01 Sala da Responsável Técnica e guarda de materiais (sala 5).

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Fazem parte da Clínica Integrada de Saúde – Psicologia UNIESP: a responsável
técnica com titularidade de coordenadora e responsável pelos outros responsáveis técnicos
diários (de acordo com a escala), a gerente administrativa da clínica, as recepcionistas, a
equipe de serviços gerais, e os porteiros, garantindo o acesso e controle da entrada na clínica e
no bloco.
[OUTRAS OBSERVAÇÕES POSSÍVEIS: NO SENTIDO MAIS ETNOGRÁFICO
DO ESPAÇO]
A divisão da carga horária e todo o trabalho realizado durante o processo de estágio
está descrita no corpo do presente plano de ensino, tendo abrangência ao público externo.
Todos os encontros para a supervisão clínica aconteceram na Sala de Grupos da Clínica (sala
8), nas segundas-feiras das 13:00 às 17:00 h.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Eu faço minhas coisas, você faz as suas,
Não estou neste mundo para viver de acordo com as suas expectativas,
E você não está neste mundo para viver de acordo com as minhas,
Você é você, e eu sou eu,
E se por acaso nos encontramos, é lindo,
Se não, nada há a fazer.

Oração da Gestalt Terapia por Fritz Perls

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Com intuito de aprofundar na compreensão dos pressupostos da abordagem
escolhida para o estágio, essa seção será dividida em três partes: Contexto histórico e bases
filosóficas da Gestalt Terapia; Principais Conceitos da Gestalt Terapia, e Psicologia da
Gestalt.

5.1 CONTEXTO HISTÓRICO E BASES FILOSÓFICAS DA GESTALT TERAPIA

Imersa na psicologia humanista, que traz uma nova visão de homem, surge a Gestalt
Terapia em 1951 por Frederick Perls, nascido em 1983 na Alemanha. Perls sempre teve suas
convicções e suas percepções acerca das coisas de forma apurada, fugiu do seu país de
origem por não concordar com as perseguições, e após alguns anos na África do Sul, decide
também abandonar o país por temer que o apartheid caminhasse para o nazismo. Foi assim
que em 1946 chega a Nova York e passou a frequentar lugares onde os intelectuais e ativistas
da época frequentavam. (FRAZÃO,2013)
Ainda segundo Frazão, (2013), em um café, no mesmo ano, se aproxima de um casal
que conversava a respeito de política, eram Holley Cantine e Dachine Rauber, editores da
revista anarquista Retort, essa nova amizade trouxe outras pessoas que Perls ansiava
conhecer, um deles, Goodman, que contribuiu muito para a Gestalt Terapia. Na ocasião, Perls
pagou US$ 500 a Goodman para dar forma às ideias que ele rascunhara ao longo da sua vida.
Assim nasce, Gestalt-terapia: “Excitment and growth in the human personality” (Excitação e
crescimento na personalidade humana), o livro pioneiro de Perls, que se tornou um dos livros
mais importantes da abordagem.

Perls e Goodman consideravam importante o conceito reichiano de autorregulação


organísmica, o qual, aliado à ideia de ajustamento criativo, poderia ser uma tradução, para a
perspectiva organísmica, da perspectiva econômica enunciada por Marx; “De cada um, de
acordo com suas habilidades, a cada um, de acordo com suas necessidades”.
(FRAZÃO,2013, p.6)

Nesse contexto, “Goodman reconheceu no trabalho de Perls a influência de Otto


Rank, o primeiro a utilizar a expressão “aqui e agora” e a enfatizar seu valor no trabalho
clínico” (FRAZÃO,2013, p.6), o que leva Perls e Goodman desenvolverem esse e outros
conceitos de Rank. Outra figura importante na história da Gestalt Terapia é Laura Perls.
Embora casada com Perls, Laura contribuiu com todo seu conhecimento da psicologia da
Gestalt, já que foi aluna de Wertheimer, o que a levou ao doutorado sobre percepção visual,
onde através de Goldstein, com quem trabalhou alguns anos, conheceu seu marido e passou a

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contribuir significativamente para a nova abordagem que surgia, com isso, seu nome é
carregado de contribuições significativas para abordagem e não apenas porque se casou com
Fritz.

Já no Brasil, a Gestalt Terapia só começou a ser reconhecida nos anos 70, dias
difíceis ocasionados pela ditadura e repressão, mas apenas alguns anos após o
reconhecimento da Psicologia no país. “Por sua concepção de homem e de mundo e por sua
forma horizontal de relação, a Gestalt--terapia imediatamente suscitou o interesse de um
grupo de psicólogos, que passou a estudar essa nova abordagem” (FRAZÃO,2013, p.10)
“Seus pressupostos filosóficos são baseados no Humanismo, na Fenomenologia e no
Existencialismo, a partir dos quais ela constrói sua visão de homem, o que define sua prática
e sua teoria.” (FREITAS, 2016, p.89) A Fenomenologia, trazida por Husserl, “que
revolucionou todo o pensamento das ciências humanas do século XX — e da própria filosofia
— até o presente.” (REHFELD, 2013, p.12 - 13)

Partindo de um ideal de origem positivista, que depois veio a criticar, e da ideia de rigor da
matemática, Husserl procura, a princípio, pela epoqué (redução eidética e fenomenológica)
chegar a um Eu e a um Objeto puros em suas propriedades essenciais, retirando todas as
qualidades circunstanciais, ou acidentais, com o fim de, estando de posse de um Eu e de um
Objeto puros, fundar uma nova teoria do conhecimento de modo sólido e inquestionável.
Para isso, é imprescindível uma mudança radical de atitude: a redução fenomenológica ou
epoché vai consistir em “pôr entre parênteses” a realidade do senso comum. Não se deve
permanecer ao nível das impressões sensíveis, mas sim captar a “essência” ou o sentido das
coisas. Por isso é que a intuição recebe o qualificativo de eidética, ou seja, é a “visão das
essências”.

Outra base que fundamenta a Gestalt Terapia é o existencialismo. Cardoso (2013,


p.30) explana sobre essa corrente filosófica:

A palavra “existência” deriva do latim ex-sistere, que significa surgir, exibir-se, movimento
para fora, estar em tensão para adiante. Nesse sentido, o existencialismo pode ser entendido
como um conjunto de doutrinas filosóficas cujo tema central é a existência humana em sua
concepção individual e particular, tendo por objetivo compreender o homem como ser
concreto nas suas circunstâncias e no seu viver, conforme se mostra na sua realidade. Cada
pensador existencial aborda o ser humano partindo da valorização de uma questão particular
do homem em sua relação com o mundo e consigo mesmo, mas todos eles têm algo em
comum: a preocupação em compreender a existência humana.
Todos os pressupostos do existencialismo estabelecem de forma primordial a teoria
e a prática da Gestalt Terapia. Diante da fenomenologia e existencialismo, a Gestalt Terapia
se vê entrelaçada a psicologia humanista, que surgiu para ampliar a visão do homem, restrita
em outras abordagens da época.

Tributária do pensamento holístico que também vicejava nessa década, a vertente humanista
da psicologia afirmou ser a dimensão não consciente, assim como o comportamento

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observável, apenas uma perspectiva da realidade do homem, e não sua totalidade. A
consideração pela dimensão consciente do homem retomou a questão da liberdade e do
presente e foi muito influenciada pela contribuição filosófica da fenomenologia e do
existencialismo, que ganhavam vulto na época. Os humanistas também se opuseram às ideias
da psicanálise pelo fato de Freud ter se baseado apenas em estudos de neuróticos e psicóticos,
sem observar as possibilidades do indivíduo saudável. Para eles, quando se abria mão dos
aspectos positivos do ser humano, focando apenas lado obscuro da personalidade, a
psicologia ignorava forças e potencialidades da pessoa que os humanistas se empenharam cm
recuperar em conceitos como tendência à autorrealização, status de homem consciente e —
ao retomar a questão da liberdade como extensão conceitual — importância do momento
presente. Seus maiores representantes foram Abraham Maslow, Clark Moustakas e Carl
Rogers, entre outros. (MENDONÇA, 2013, p.39)

“O Humanismo, acredita que o valor do homem é infindável, por isso exalta as


potencialidades do homem e o valoriza como um ser em busca de si mesmo e de seu
desenvolvimento.” (FREITAS,2016, p.90) Ela se atenta para a valorização humana, do
indivíduo como parte integrante da sociedade, lida com o que há de positivo, creditando que
esse indivíduo pode autogerir-se e regular-se.

5.2 PRINCIPAIS CONCEITOS DA GESTALT TERAPIA

O Aqui e Agora é um dos conceitos da Gestalt Terapia.

Tal estratégia visa evitar o problema ocasionado quando pensamos que vivemos, e não
vivemos de fato; quando tendemos a substituir nossa experiência por explicações da
experiência, trocamos fatos vividos por discursos proferidos (POLSTER, 1979). Com isso,
saímos da situação real presente, saímos do “jogo” que está acontecendo e nos mudamos para
a “arquibancada” e passamos a discursar sobre o jogo que “está lá”, e do qual passamos a nos
manter afastados. (RODRIGUES,2011, p. 57)

Para Rodrigues (2011, p.60) o aqui e agora, é utilizado na Gestalt terapia como
estratégia de enfoque, estando focado no que o cliente traz, naquilo que ele vive no momento
do processo terapêutico, o que não significa descartar qualquer tipo de informação que possa
ser relevante ao processo:

Isto quer dizer que, todas as informações serão consideradas: não só o que ele diz (não apenas
o seu discurso verbal), mas também olhar, enfim, todas as coisas que estão acontecendo no
“aqui-e-agora”. Como “relevante” deve ser entendida toda informação que tanto o terapeuta
como o cliente achem que deva ser checada junto ao outro para juntos avaliarem seu sentido.

O conceito de figura e fundo, vem da psicologia da Gestalt, onde figura é quando


toda necessidade orgânica não saciada, passa a ser prioritária, emergente, ou figura central da
sua busca. O fundo se denomina como o contexto de toda essa necessidade, ou seja, tudo o

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que o indivíduo não consegue enxergar de forma clara, quando está em contato com sua
necessidade central. (RODRIGUES, 2011).

Sempre enxergaremos figuras sobre fundos, ou, em outras palavras, sempre haverá contexto
para texto, um livro para outra página, uma família para outro filho, um país para o cidadão,
uma cultura para um mito, uma pessoa para uma doença (...) O trabalho psicoterápico
consiste em propiciar condições da pessoa considerar a si mesma como um todo e – nesse
caso – o que está além das necessidades: sua saúde, sua força, sua determinação, sua
esperança etc. (RODRIGUES, 2011, p. 112-113)

Awareness, é um dos conceitos centrais da Gestalt Terapia, concerne à tomada de


consciência do indivíduo de forma plena, ou seja, resultado de um conjunto de percepções
emocional, interior e ambiental. Segundo Yontef (1998, p. 215), a awareness é:

Uma forma de experenciar. É o processo de estar em contato vigilante com o evento mais
importante do campo indivíduo/ambiente, com total apoio sensório motor, emocional,
cognitivo e energético. Um continuum e sem interrupção de awareness leva a um Ah! A uma
percepção imediata da unidade óbvia de elementos díspares no campo. A awareness é sempre
acompanhada de formação de Gestalt. Totalidades significativas novas são criadas por
contato de awareness. A awareness é, em si, a integração de um problema.

Perls1(1988), definiu a awareness como um processo do “dar-se conta”. Para ele,


esse é um processo terapêutico que se desenvolve de forma paradoxal no aqui e agora e esse
sempre será o principal acontecimento na psicoterapia. Dessa forma, a Gestalt Terapia se
define como uma abordagem fenomenológica clínica que está focada na descrição subjetiva,
a partir da vivência e dos sentimentos e emoções experenciadas pelo paciente na sua
awareness. (GINGER, 1995)
Ribeiro (2006), defende que a awareness traz ao campo um processo de mudança e
uma integração harmoniosa com o mundo partir do que é experimentado. Para ele, a
awareness pode trazer uma sensação de “fim da linha”, como uma completude e um mundo
de novas possibilidades, possibilitando com isso, encontrar respostas para perguntas e/ou
reflexões que pouco ou que nada se alcançava.
Já o conceito de Teoria Organísmica e Autorregulação Organísmica, foi empregado
por Kurt Goldstein e tornou-se uma referência para a Gestalt Terapia.

Dentro desta visão, o organismo é compreendido em si como um sistema, que funciona como
uma unidade, sendo que qualquer estímulo que atinja este organismo em qualquer um dos
seus subsistemas, necessariamente promoverá mudanças na unidade total. Os padrões de
resposta (performances) desta unidade são guiados por um objetivo único – a busca de
equilíbrio do sistema global. Kurt Goldstein já dizia que este modo de funcionamento se

1
Friederich Salomon Perls, mais conhecido como Fritz Perls (Berlim, 8 de julho de 1893 – Chicago, 14 de maio de 1970) foi
um psicoterapeuta e psiquiatra de origem judaica que, junto com sua esposa Laura Perls, desenvolveu uma abordagem de
psicoterapia que chamou de Gestalt-terapia.
11
dava de forma semelhante à lei de figura-fundo da Psicologia da Gestalt para explicar os
fenômenos perceptivos. Fritz Perls irá ainda mais longe, estendendo a lei de figura-fundo
para todas as áreas de funcionamento do homem. Sendo assim, a emergência de tarefas,
desafios, ou ações necessárias ao bom funcionamento do organismo surgem como figuras
que se destacam como prioridades para o indivíduo. Estes desafios conforme Goldstein,
Perls chamará meramente de necessidades. Goldstein dizia que estas eram definidas pela
“essência” (dotação natural) do organismo. As mesmas são atualizadas diante das mudanças
trazidas pela relação com o meio circundante, que está interagindo permanentemente com o
organismo total. O equilíbrio acontece quando o organismo consegue se atualizar através de
suas performances, lidando simultaneamente com as demandas do meio. (LIMA, 2005, p. 4)

Sobre a autoregulação:

Goldstein definia a autoregulação organísmica como uma forma do organismo de interagir


com o mundo, segundo a qual o organismo pode se atualizar, respeitando a sua natureza, do
melhor modo possível. Este lidar com o meio pode se dar tanto através de reações de
aceitação e adaptação a este, quanto também através de ações de rejeição e fuga do mesmo.
Quanto à continuidade do sistema é ameaçada pelo contato com o meio, a retirada do contato
é uma tentativa de adaptação do organismo. Esta noção de fuga, de resistência, como
respostas também de equilibração, é claramente levada para o campo conceitual da Gestalt
terapia. (LIMA, 2005, p. 4)

A Teoria Paradoxal da mudança, está implícita em grande parte das obras e técnicas
da Gestalt Terapia, apesar de Perls não a definir diretamente.

[...] a mudança ocorre quando uma pessoa se torna o que é, não quando tenta converter-se no
que não é. A mudança não ocorre através de uma tentativa coerciva por parte do indivíduo ou
de uma outra pessoa para mudá-lo, mas acontece se dedicarmos tempo e esforço a ser o que
somos – a estarmos plenamente investidos em nossas posições correntes. (BEISSER in
FAGAN e SHEPHERD 1975, p.110).

Na prática Gestáltica, a Teoria Paradoxal da Mudança acontece na aceitação do


indivíduo e na capacidade de transformação e crescimento do sujeito. “Quanto menos ‘me
empurrarem’ ou eu ‘me empurro’, mais eu ando” (RIBEIRO, 1998, p. 58).

O que a Teoria Paradoxal da Mudança propõe é que justamente quando o cliente não tenta
mudar é que a mudança pode ocorrer. Quando o cliente se conhece e assume e aceita seu
modo se ser no mundo a mudança ocorre espontaneamente. Pensando desta forma, para que o
cliente possa se conhecer, ele precisa estar em contato com o que está à volta dele, com o
meio que o cerca, em todos os momentos. Se ele estiver em contato com as suas necessidades
pode ser mais fácil conhecer seu modo de funcionar. (PAULA, 2008, p. 26-27)

O conceito de Sistema Self é sistema complexo de contatos no aqui e agora:

O self, o sistema de contatos, integra sempre funções perceptivo-proprioceptivas, funções


motor-musculares e necessidades orgânicas. É consciente e orienta, agride e manipula, e
sente emocionalmente a adequação entre ambiente e organismo.
12
(PERLS, HEFFERLINE e GOODMAN 1997, p. 179).

De acordo com PERLS, HEFFERLINE e GOODMAN (1997), o self é um processo


que deriva de várias funções: Id, Ego, Personalidade. Acontece em movimento, acontece na
fronteira de contato, surge como o campo, às vezes se individualiza, outras se expande. É o
processo existencial o indivíduo, as experiências vividas de forma totalmente pessoal e
característico do sujeito em sua própria maneira de intervir nas circunstâncias.

Finalizaremos no conceito do Contato e Fronteira de Contato, que segundo Perls,


Hefferline e Goodman (1997), é todo tipo de elo vivo que se dê na fronteira, na interação
entre o organismo e o ambiente. É a reciprocidade do processo contínuo em que o homem e
mundo se modificam.

Na primeira fase, o pré-contato, o corpo é o fundo e a figura, as excitações orgânicas


(fisiologia), as situações inacabadas do passado que se tornam inconscientes ou algum
estímulo do ambiente (o “dado” da situação), portanto a figura ainda não está propriamente
definida e o self está em seu modo id. Na segunda fase, o contatando, o fundo são as
excitações e a figura será “algum objeto” ou um “conjunto de possibilidades”. O self em seu
modo ego aproxima, avalia, escolhe ou rejeita as possibilidades oferecidas pelo campo. É o
ego deliberando. É “a intensificação do contato em andamento, incluindo o comportamento
motor, a agressão, a orientação e a manipulação” (Perls, Hefferline e Goodman, 1997, p.
184). Na terceira etapa, chamada de contato final, o fundo quase não existe e a figura toma
todo o interesse do self de maneira que ele é a própria figura, formando uma unidade
figura/fundo, uma confluência saudável, sem fronteiras estabelecidas, sem deliberação. O self
então concretizará uma ação. O modo ego ainda atua, porém com menos intensidade. A
quarta fase desse processo é o pós-contato, a consequência do contato, ou seja, a assimilação
da novidade e, portanto, o crescimento, a mudança, a transformação. A Gestalt se completa.
O que foi assimilado faz parte agora do fundo de experiências, do vivido, da autorregulação
fisiológica, do conservativo. O self pode agora “se identificar com uma certa personalidade”
que é a figura criada na qual ele se transformou e assimilou ao organismo, unindo-a com os
resultados de um crescimento anterior (Perls, Hefferline e Goodman, 1997; Robine, 2006;
Müller-Granzotto e MüllerGranzotto, 2007). E assim é uma experiência de contato: uma após
a outra, mas apenas uma de cada vez. Essa exposição corresponde à concepção de Goodman
de um ato de contato sem qualquer interrupção. (D’ACRI, 2014, p. 23-24

Para Perls (1988), o modo como o ser humano funciona no meio, ocorre na fronteira
de contato entre o sujeito e seu meio. Para ele, no limite do contato acontecem eventos
psicológicos, pois pensamentos, ações, emoções e comportamentos é a maneira individual e
cada sujeito vivenciar e encontrar circunstâncias limítrofe.

5.3 PSICOLOGIA DA GESTALT

A Psicologia da Gestalt, também conhecida como Psicologia da Forma, é uma das


matrizes mais importantes para a compreensão da Psicologia contemporânea, ela nasce na
13
Europa e surge como tentativa de superação da fragmentação das ações e dos processos
humanos, a fim de postular a necessidade de compreender o ser humano como um todo. É
representada por Edmund Husserl, que busca estabelecer uma nova ciência, não empírica,
mas a partir da subjetividade (BOCK, FURTADO & TEIXEIRA, 2008).
Essa nova psicologia tinha como finalidade, analisar os fenômenos, chegar ao nível
da consciência de “pura visão”. A investigação filosófica e científica, estabelecida nesse
conceito é compreender como tomamos consciência do fenômeno, analisando o objeto da
experiência e a forma como ela é compreendida. Com isso, os autores da Gestalt, buscaram
inspiração em fundamentos filosóficos que dessem embasamento para a construção e uma
psicologia que levasse em consideração as formas de percepção. “A percepção do mundo é a
porta de entrada da consciência, do ponto de vista fenomenológico. Mas o fundamental é
como a consciência decodifica o que é aprendido” (BOCK, FURTADO & TEIXEIRA, 2008,
p. 89).
Muito embora a Gestalt Terapia seja constantemente confundida com a Psicologia
da Gestalt, não está diretamente ligada a ela. Apesar disso, Perls (1988, p. 18 e 19), defende a
importância dos fundamentos da Psicologia da Gestalt para a Gestalt Terapia:
O que é novo aqui não são necessariamente as partes e fragmentos que vão constituir a teoria,
mas o modo pelo qual são usadas e organizadas, é que dá a esta abordagem, sua singularidade
e seu apelo à nossa atenção (...) Originalmente, este conceito foi desenvolvido por um grupo
de psicólogos alemães, que trabalhavam no campo da percepção, e que mostraram que o
homem não percebe as coisas isoladas e sem relação, mas as organiza no processo perceptivo
como um todo significativo (...) Gestalt é uma palavra alemã para a qual não há tradução
equivalente em outra língua. Uma Gestalt é uma forma, uma configuração, o modo particular
de organização das partes individuais quem entrame m sua composição. A premissa básica da
Psicologia da Gestalt é que a natureza humana é que a natureza humana é organizada em
partes ou em todos, que é vivenciada pelo indivíduo nestes termos, e que só pode ser
entendida como uma função das partes, ou todas as partes dos quais é feita.

De acordo com a Psicologia da Gestalt, o todo é diferente da soma de suas partes,


com base nisso, psicólogos da Gestalt desenvolveram um conjunto de princípios para explicar
a organização perceptiva, ou a forma como a mente agrupa pequenos objetos para formar
outros maiores. Quando se vê somente a parte de um determinado objeto, por exemplo, há a
tendência da restauração do equilíbrio da forma e isso garante que se entenda o objeto que se
está percebendo. “Esse fenômeno da percepção é norteado pela busca de fechamento,
simetria e regularidade dos pontos que compõem uma figura (objeto)” (BOCK, FURTADO
& TEIXEIRA,1999, p.78).

14
A percepção na Gestalt, busca explicar como compreendemos aquilo que
percebemos. “Se os elementos percebidos não apresentam equilíbrio, simetria, estabilidade,
simplicidade e regularidade, não será possível alcançar a boa-forma” (BOCK, 2004, p. 53). A
tendência da nossa percepção em buscar a boa forma permitirá a relação figura fundo. Quanto
mais clara estiver a forma (boa-forma), mais clara será a separação entre a figura e o fundo.
Quando isso não ocorre, torna-se difícil distinguir o que é. “Figura e fundo integram o que
chamamos de Gestalt, configuração ou totalidade. Não se pode falar numa Gestalt sem
considerar figura e fundo. Apenas a figura não constitui uma Gestalt, uma configuração.
(FRAZÃO & FUKUMITSU,2013, p.51)
A Gestalt combina a objetividade por meio do fenômeno da percepção (observável)
e a subjetividade pela avaliação (atribuição de sentido) do percebido pela consciência
(BOCK, FURTADO & TEIXEIRA, 2008, p. 90). Com base nesses estudos foi que Perls
inicia uma nova psicologia intitulada “Gestalt theoretical psycho-therapy”, onde o mesmo,
em sua biografia, sugere a importância de recorrer a psicologia da forma sempre que for
necessário aprofundar o tema.
Frazão & Fukumitsu (2013, p. 56), pontua os prejuízos que Perls relata em sua
autobiografia por não ter se aprofundado nos estudos da psicologia da Gestalt “(...) razão pela
qual é aconselhável recorrer aos escritos de Wertheimer, Kõhler e Koffka sempre que se
quiser estudar o tema”. É necessário compreender a Gestalt como um insight, que pode ser
entendido como uma organização súbita do campo perceptivo, a fim de se tornar uma
totalidade. Esse insight acontece quando se é perceptível a relação entre o campo e o
estímulo. “A Gestalt, para além de uma simples psicoterapia, apresenta-se como uma
verdadeira filosofia existencial, uma ‘arte de viver’, uma forma particular de conceber as
relações do ser vivo com o mundo”. (Ginger, 1995, p.17)

4 ATIVIDADES

4.1 TABELA DE ATENDIMENTOS


Síntese da quantidade das atividades psicoterapêuticas realizadas durante o período
do estágio supervisionado: uma distribuição sintética das horas relativas às atividades do
estágio.

15
Formação e
Teatro-
Tipo de trabalho de
Oficina terapêutica Fórum
atendimento: Triagem Psicoterapia grupo com
– Jogos T.O (construção e
Teatro do
apresentação)
oprimido

Qtde total (em


horas):
Nº total de horas práticas durante o Estágio Supervisionado I:
Tabela I: Levantamento quantitativo

4.2 TRIAGEM

Herzberg & Chammas (2009) definem a triagem psicológica como um atendimento


realizado com os objetivos de coletar dados, levantar hipóteses diagnósticas e verificar qual
tipo de atendimento a pessoa necessita, a fim de encaminhá-la ao tratamento adequado
possível. Esse atendimento acontece a partir do agendamento com pacientes que sinalizam
desejo pelo acompanhamento psicoterapêutico, deixando seu nome na lista de espera da
recepção. A duração máxima da triagem é de 45 minutos.

A ficha de triagem utilizada na Clínica Integrada de Saúde – Psicologia, conta com


as seguintes informações a serem coletadas: a) o motivo da procura à clínica; b) os sintomas
fisiológicos e/ou psicológicos; c) se está em tratamento médico ou faz uso de medicação; d)
antecedentes psiquiátricos do paciente e/ou familiares; e) com quem reside; f) se já fez
psicoterapia, qual a expectativa do paciente para a psicoterapia e qual o horário disponível;
além de impressões iniciais relativas ao paciente são coletadas para anotação no campo
observação.

4.3 PLANTÃO DE ESCUTA PSICOLÓGICA


O objetivo do plantão de escuta psicológica é oferecer um atendimento focal e breve
ao paciente que passa por algum sofrimento mental no momento presente, e tem urgência de
uma intervenção e/ou acolhimento por parte do psicólogo.

A Clínica Integrada de Saúde – Psicologia, oferece esse atendimento diariamente,


tendo sempre estagiários de psicologia de plantão para os atendimentos de urgência, durante

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todo o seu tempo de funcionamento, podendo os estagiários atender tanto a demanda externa
de usuários (comunidade), como a demanda interna (funcionários e alunos da instituição).

4.4 PSICOTERAPIA

Sobre a psicoterapia, de acordo com o Conselho Federal de Psicologia (CFP), por


meio da Resolução nº 010/00 de 20 de dezembro de 2000, afim de aprimorar os serviços
técnicos dos psicólogos, define no artigo 1º da seguinte forma:

“Art. 1º – A Psicoterapia é prática do psicólogo por se constituir, técnica e


conceitualmente, um processo científico de compreensão, análise e intervenção que
se realiza através da aplicação sistematizada e controlada de métodos e técnicas
psicológicas reconhecidas pela ciência, pela prática e pela ética profissional,
promovendo a saúde mental e propiciando condições para o enfrentamento de
conflitos e/ou transtornos psíquicos de indivíduos ou grupos” (CFP, 2000, p.1).

É o processo terapêutico que acontece com o paciente após a triagem, caso seja
avaliada a necessidade de acompanhamento psicológico durante o período necessário para
desenvolvimento da demanda trazida pelo paciente, através da escuta ativa, observações,
técnicas interventivas, aplicação de testes psicológicos e ao que mais se fizer necessário.

4.5 ESTÁGIO EXTERNO: Manejo grupal com técnicas do Teatro do Oprimido.

O estágio externo descrito no presente relatório, refere-se a horas de estágio


supervisionado, estendida para além dos atendimentos em psicoterapia. Compreendeu uma
expansão da prática clínica, conectando a compreensão conceitual e interventiva da Gestalt-
Terapia com o sistema de jogos, exercícios, técnicas e métodos teatrais denominado Teatro do
Oprimido. Nesse sentido os estagiários passaram por formações vivenciais com o uso das
técnicas do Teatro do Oprimido e foram orientados sobre a sua utilização no manejo de
grupos em Psicologia. Ao final facilitaram oficina para estudantes do curso de Psicologia e
construíram uma cena de Teatro-Fórum que foi apresentada em uma sessão fechada para
estudantes do UNIESP.

FALAR SOBRE O TEATRO DO OPRIMIDO –

sobre JOGOS - PARA ISSO, LER (PÁGINA 85-89 do livro Jogos para atores e não
atores);

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sobre TEATRO-FÓRUM – PARA ISSO, LER (PÁGINA 317-320).

A oficina de Teatro do Oprimido foi desenvolvida ocorreu no dia 06/12/2022 de 18h


às 21h. DESCRIÇÃO DA OFICINA – O QUE ACONTECEU, OS JOGOS UTILIZADOS E
COMO SÃO, AS SUAS PERCEPÇÕES.
No dia 07/12/2022 foi realizada a sessão de Teatro-Fórum, como culminância de um
processo de escuta coletiva, escolha da história, montagem da cena, roteiro, texto, música,
coreografia, cenário e figurino. DESCRIÇÃO DO TEATRO-FÓRUM – COMO
ACONTECEU? QUAL ERA A HISTÓRIA? COMO FORAM AS INTERVENÇÕES E A
DISUSSÃO DAS ESPECTATRIZES E ESPECTATORES?

5 REFLEXÕES SOBRE UM CASO CLÍNICO

ESCOLHER UM DOS RELATÓRIOS INDIVIDUAIS E APRESENTÁ-LO AQUI, DE


UMA MANEIRA MAIS FLUÍDA E EM TEXTO CORRIDO, ARTICULANDO COM
ALGUNS APONTAMENTOS TEÓRICOS E TÉCNICOS DA GESTALT-TERAPIA.

Exemplo:

Ao longo do estágio específico I, desenvolvido a partir de uma perspectiva


psicoterapêutica na ótica da Gestalt-Terapia, pude acompanhar 4 usuários da CIS (Clínica
Integrada em Saúde) ao longo do semestre. Destaco aqui algumas reflexões sobre um desses
acompanhamentos psicoterápicos, em virtude da assiduidade e engajamento do respectivo
usuário, mas também pelo que me proporcionou de aprendizado enquanto estagiária.
O caso relatado será de D. 35 anos, casado, pai de duas filhas. Chega ao serviço com a
seguinte queixa [DESCREVER A QUEIXA]. Ao longo das sessões foi possível ampliar essa
queixa e compreender junto com ele a demanda [DESCREVER O QUE É PERCEBIDO
COMO DEMANDA PARA O PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO].
COMEÇAR A RELATAR O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO:
D. iniciou as sessões muito queixoso sobre a falta de compreensão das pessoas sobre
as suas necessidades. Aponta que sempre se mostrou disponível para ajudar as outras pessoas,
mas que não consegue perceber que esse investimento de apoio volta para si quando precisa
enfrentar situações difíceis. Ao tempo em que esse conteúdo vai sendo apresentado, o usuário
busca confirmação na estagiária sobre o que está dizendo, apresentado uma óbvia busca de
apoio no outro para firmar a sua compreensão do mundo e suas necessidades diante de uma
experiência relacional que produz sofrimento. Ao tempo em que isso acontece, aparecem as
racionalizações e justificativas que preenchem toda e qualquer tensão ou silêncio que venha a

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aparecer na sessão. Há a necessidade de dominar a narrativa e não entrar em contradição, de
se explicar muito quando a estagiária faz uma pergunta ou aponta uma contradição.
De acordo com Perls, Hefferline e Goodman (1997) a racionalização se apresenta de
forma recorrente nas práticas clínicas

6 CONCLUSÕES

Embora chegar no 9º período e chegar na clínica de psicologia seja o ápice do sonho


dos estudantes que ingressam no curso, depois de 4 anos, chego e de fato vivo a realidade e as
limitações. Algumas questões infelizmente interferiram nos meus atendimentos. A acústica
das salas não obedece ao código de ética que rege a nossa profissão, com isso, os problemas
estruturais, faz com que os atendimentos ao lado sejam ouvidos nitidamente, fazendo com que
duas pacientes, me questionaram se eu estava ouvindo, riram e disseram: “ave maria, vou
falar baixo!” Comigo, aconteceu com duas pacientes diferentes, mas sempre ouvi relatos dos
colegas que passaram pela mesma situação de constrangimento, exigindo habilidade extra da
sessão, para não terminar ali, visto que não era fácil, pois teoricamente estavam iniciando.

Outras questões puramente administrativas também dificultaram nossa vida como


estagiários, uma delas foi que desde o início dos atendimentos, dei-me conta de que os
relógios da parede não estavam funcionando, pois, passado uma hora de sessão, o ponteiro
não saiu do lugar, solicitei a troca da pilha e saio frustrada no final do semestre sem que as
pilhas fossem trocadas e os relógios, que guiam o profissional na condução da sua sessão
estarem funcionando. Inacreditável.

Outra situação vivenciada por mim, sempre foi começar a atender meus pacientes às
13:00, horário de início da clínica, para tal, entendia que precisava chegar mais cedo para
organizar a sala, meus prontuários e receber meu paciente às 13:00, mas sempre enfrentei
problemas. Não conseguia adiantar o que chegava mais cedo, muitas vezes sem almoçar, para
resolver. Ocorreu que em um dia de atendimento, 13:10, a sala ainda estava trancada, os
prontuários dos pacientes que deviam ser sigilosos, presos na recepção, e minha paciente
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aguardando sentada na recepção, pois a gestora da clínica dispensou as duas recepcionistas da
clínica para o horário de almoço juntas. Por volta desse horário, ambas chegaram e uma delas
abriu a sala, meu atendimento começou com 15 minutos de atraso, por uma desorganização
administrativa novamente.

Difícil mesmo foi ter que entender a decisão arbitrária, não sei de quem, que nem
sequer se reuniu com os estagiários para fazer entender as questões que os levaram a essa
decisão, que foi de retirar os prontuários dos pacientes que antes ficavam em poder do
Responsável Técnico do dia e coloca-los na recepção, para serem manuseados por pessoas
que não são profissionais da área e cujo sigilo, empregado no código de ética, art. 9º, foi
ignorado.

Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por


meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha
acesso no exercício profissional.” (negrito nosso)

Como iniciantes na profissão, ficamos perplexos, sem respostas, e sem o tratamento


maduro que se exige ter com os estagiários, visto que estamos saindo da clínica para o
mercado., acredito, pela aluna que sempre fui e por sempre ter meus pagamentos em dia, ter
sido tratada com mais respeito sobre esses assuntos tão cobrado dos profissionais para o
exercício da profissão, principalmente tendo no curso a Presidente do Conselho Federal de
Psicologia e a Ex- Presidente do Conselho Regional de Psicologia. Acredito que isso pesou na
omissão dessas informações e no diálogo aberto com os estagiários.

Por fim, espero que o curso se atente para essas questões, e que possam ser ajustadas
para o próximo semestre. A caixa de som colocada no corredor dos atendimentos, não abafam
o barulho da sala ao lado, pelo contrário, uma paciente minha, quis interromper a sessão por
não conseguir se concentrar em nada além da música. Foi constrangedor.

O curso de psicologia da instituição conta com professores extraordinários, aos quais


tenho muito orgulho e honra de ter sido aluna, começando pelo professor supervisor, só
elogios ao professor Pablo Martins, que ser humano incrível e indispensável para os estágios,
também professores como: Leo Roque, Olívia Dayse, Denise Leite, Kay Francis, Augusto
Vaz e Márcio Coutinho fazem o curso valer a pena. Salva de palma a todos esses mestres que
se desdobram para nos formarem, o UNIESP está de parabéns pelo seu corpo docente.

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No mais, sugiro que a clínica seja vista com mais carinho, por quem se faz jus a
organização dos pontos aqui levantados, entendendo de forma madura, que todas as críticas
aqui discorridas têm o único intuito da melhoria do nosso curso.

Sem mais, agradeço ao professor por ter me ensinado a clinicar muitas vezes sem
dizer uma palavra, apenas sendo e nos ensinando o aqui e agora. Gratidão.

REFERÊNCIAS

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Psicologia. 13ª ed. – São Paulo: Saraiva, 1999.

BOCK, A; FURTADO, O. & TEIXEIRA, M.L. Psicologias: Uma introdução ao estudo da


Psicologia. 14ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2008.

CARDOSO, C. L. Gestalt-terapia: Fundamentos epistemológicos e influências filosóficas.


São Paulo: Sumus, 2013.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP nº 10/00, de 20 de dezembro


de 2000. Especifica e qualifica a Psicoterapia como prática do Psicólogo. Brasília, DF, 2000.

D’ACRI, G. Gestalt-terapia: conceitos fundamentais. São Paulo: Summus, 2014

FAGAN, J.; SHEPHERD, I. Gestalt-terapia: Teoria, técnicas e aplicações. 2ª ed. Rio de


Janeiro: Zahar, 1975.

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Paulo: Sumus, 2013.

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13, nº 24, 2016. p. 85 – 104. Disponível em http://www.igt.psc.br/ojs. Acesso em 13 de abr.
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GINGER, S. Gestalt uma terapia do contato. São Paulo: Summus Editorial, 1995.

HERZBERG, E., & CHAMMAS D. Triagem estendida: serviço oferecido por uma clínica-
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MENDONÇA, M. M. Gestalt-terapia: Fundamentos epistemológicos e influências


filosóficas. São Paulo: Sumus, 2013.

PAULA, G. A. Teoria Paradoxal da Mudança. Comunidade Gestáltica: clínica e escola de


psicoterapia especialização e formação em Gestalt-terapia. Florianópolis, 2008.

PERLS, F. A abordagem Gestáltica e testemunha ocular da terapia. 2ª ed. – Rio de


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PERLS, F. S.; HEFFERLINE, R.; GOODMAN, P. Gestalt-terapia. 2ª Ed. São Paulo:


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YONTEF, G. M. Processo, diálogo e awareness: ensaios em Gestalt-terapia. São Paulo:


Summus,1998.

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ANEXOS

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