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Aula 5 - Política e Legislação 09/09/2017

Ambiental

Instituto de Educação Superior da Paraíba – IESP


Universidade Aberta Vida – UNAVIDA
INTRODUÇÃO
Curso de Especialização em Educação Ambiental • A Política Nacional de Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,
Disciplina: Política Ambiental e Legislação melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando a
assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida
humana, atendidos os seguintes princípios:
I. ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o
meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente
assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II. racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III. planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV. proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V. controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
POLÍTICA NACIONAL DE MEIO VI. incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso
racional e a proteção dos recursos ambientais;

AMBIENTE VII. acompanhamento do estado da qualidade ambiental;


VIII. recuperação de áreas degradadas;
IX. proteção de áreas ameaçadas de degradação;
MSC. PATRICIA AGUIAR DE OLIVEIRA X. educação ambiental em todos os níveis do ensino, inclusive a educação da
comunidade, objetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do
meio ambiente.

INTRODUÇÃO RETROSPECTIVA HISTÓRICA


• Pouco antes do fim da segunda grande guerra e face à comprovação
• O Brasil, maior país da América Latina e quinto do mundo em de que a Liga das Nações, criada em 1919, após a 1a. Guerra Mundial,
área territorial, compreendendo 8.511.996 km2, com zonas efetivamente não cumpriu o seu papel de promover a paz mundial,
climáticas variando do trópico úmido a áreas temperadas e os Estados Unidos - que haviam se recusado a participar da Liga das
semi-áridas, é certamente o país detentor do maior Nações - começaram a esboçar junto com a Inglaterra o que
patrimônio de biodiversidade (e sóciobiodiversidade) do posteriormente viria a ser denominado a nova ordem mundial, com
planeta. Mais de 16% do território brasileiro corresponde a enfoque para as áreas da economia e da política.
• Como nos lembra ERIC HOBSBAWM, a supremacia americana era,
áreas de proteção ambiental (sendo 5,22% em unidades de
claro, um fato. A pressão política por ação vinha de Washington,
conservação federais, tais como parques e reservas ecológicas
mesmo quando muitas idéias e iniciativas partiam da Grã-Bretanha,
e extrativistas, e 11,12% em áreas indígenas).
e onde as opiniões divergiram (...) os Estados Unidos prevalecer
• A adequada gestão desse imenso patrimônio ambiental • Esta experiência resultou na criação da ONU, referendada de início
constitui tarefa complexa, razão pela qual a Política Nacional por 50 países - entre eles o Brasil - e que começou a funcionar
de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e oficialmente em 24 de outubro de 1945, incorporando o Banco
aplicação estão dispostos em lei específica, a Lei nº 6.938, de Mundial e o Fundo Monetário Internacional, os quais havia sido
31 de agosto de 1981. estabelecidos pelo Acordo de Bretton Woods, de 1944.

RETROSPECTIVA HISTÓRICA RETROSPECTIVA HISTÓRICA


• De outra parte, os Estados Unidos, para manter os aliados sob
• Tais órgãos visavam, respectivamente, manter a paz e a custódia, passou a financiar a reconstrução da Europa e, logo
depois do Japão, sob os auspícios do Plano Marschall,
segurança mundiais, promover o investimento internacional e iniciado em junho de 1.947. No período de 1948 a 1952, o
manter a estabilidade do câmbio; em outras palavras, a investimento foi da ordem de US.$ 13 bilhões .
reconstrução da economia internacional do pós-guerra. • Aqui no Brasil o fim da 2a. Grande Guerra coincidiu com o fim
• Na sua esteira vieram os acordos de livre comércio a exemplo do primeiro reinado de Getúlio que, tendo funcionado ao
do Acordo Geral de Tarifas e Comércio - GATT, sucedido em lado dos países aliados, recebera alguns dividendos, como a
1995, pela Organização Mundial do Comércio, cujo Diretor Companhia Siderúrgica Nacional, cujo primeiro alto forno
Geral foi, há algum tempo atrás o ex-Chanceler CELSO LAFER. começou a funcionar em 1946.
• Evidentemente que tais Organismos eram, na sua maioria, • O fato é que, a partir deste período, passamos a conviver com
as siglas e índices impostos pelos Organismos Internacionais
subordinados à supremacia Americana que aproveitando-se antes mencionados: produto interno bruto, produto nacional
do novo desenho geográfico da Europa e já às voltas com a bruto, densidade demográfica, crescimento populacional,
Guerra Fria com a União Soviética, evitava a qualquer custo balança comercial, deficit, superavit, dívida pública e as
cair em outra grande depressão ou outro crack. inesquecíveis: renda per capita, dívida externa e inflação.

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• Porém, o financiador e destinatário de todos estes • Nos anos de 1965 surge o atual Código Florestal e, em 1967, a
aparatos econômicos e comerciais era o tão almejado e Lei de Proteção à Fauna - mal conhecida como o Código de
Caça, o Código de Pesca e o Código de Mineração.
exercitado CRESCIMENTO. • E vamos num crescendo, até atingirmos a época do
• E este realmente passou a ser o axioma que melhor denominado milagre econômico, período compreendido
identificava a tônica desta época. basicamente, entre os anos de 1968 e 1974 iniciado,
portanto, na época da ditadura militar, A expansão mais uma
• Já no segundo reinado de Getúlio, em 1953, é criado vez privilegiava as industrias de base (metalurgia e
um dos ícones da economia nacional, a PETOBRÁS. siderurgia), além de grandes obras de infra estrutura.
• O Governo Juscelino Kubitschek, entretanto, afastando- • Era, enfim, a época do Médici, da Ponte Rio Niterói, da
Transamazônica, do Tri-Campeonato, enfim do "Brasil
se do nacionalismo do Governo Vargas, passa a dar Grande".
maior ênfase ao desenvolvimento industrial, atraindo • Já no Governo Geisel, surgem dois outros símbolos do
capital estrangeiro e iniciando vultosas obras de infra desenvolvimento: a Itaipu Bi-Nacional e as Usinas Nucleares
estrutura, telecomunicações, estradas, etc. de Angra dos Reis.

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• No mundo, dois grandes marcos haviam sido fixados na história do • De qualquer modo, é justamente neste período que a preocupação
Direito Ambiental: não só com o meio ambiente mas, principalmente, com a sua
– os Estados Unidos haviam editado em 1969 o NEPA - National qualidade, passou a fazer parte da rotina de um grade contingente de
Environmental Policy Act, a Lei da Política Ambiental Americana, que
previa entre outras novidades, a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA, cidadãos comuns e, mais especificamente, de alguns dirigentes.
para projetos, planos e programas e para propostas legislativas de • Começava-se a desviar o foco do axioma crescimento para a
intervenção no meio ambiente, de forma interdisciplinar, sendo que o expressão desenvolvimento sustentado, “conceito originado em 1968
documento resultante da AIA passou a denominar-se Declaração de na ‘Biosphere Conference’ de Paris. Modelo de desenvolvimento que
Impacto Ambiental (Environmental Impact Statement - EIS); e
leva em consideração, além dos fatores econômicos, aqueles de
– a ONU havia realizado em Estocolmo, em 1972, a 1a. Conferência das caráter social e ecológico, assim como as disponibilidades dos
Nações Unidas para o Meio Ambiente.
recursos vivos e inanimados, e as vantagens e os inconvenientes, a
curto e longo prazos, de outros tipos de ação. É um conceito difícil de
• Atribui-se a Costa Cavalcanti, representante do Brasil nesta implementar, dadas as complexidades econômicas e ecológicas das
Conferência a afirmativa de que o Brasil, àquela altura, queria o situações atuais. Nem as considerações econômicas nem as
desenvolvimento a qualquer custo. O Itamaraty, entretanto, nega
veementemente tal afirmação e coloca os anais da mesma à ecológicas são unitárias, nenhuma leva a uma conclusão possível. Há
disposição de quem desejar realizar tal prospecção/pesquisa. fatores sociais, legais, religiosos e demográficos que também
interferem na aplicação de considerações e diretrizes ecológicas às
finalidades e processos de desenvolvimento”.

RETROSPECTIVA HISTÓRICA RETROSPECTIVA HISTÓRICA


• Em outras palavras, constatava-se, clara e insofismável, que todo
aquele arsenal de índices destinados a medir o crescimento, na • É, entretanto, na Conferência das Nações Unidas para o
melhor das hipóteses, encobria de forma conivente - senão Meio Ambiente, de 1972, onde acontecem grandes
criminosa, a destruição, ou o aproveitamento desordenado dos
recursos naturais dos países. debates formais sobre o tema desenvolvimento
• Neste sentido, são bem presentes as palavras de NEGRET quando sustentável e é solicitada a realização de estudos sobre
afirma que “sendo coerentes com os princípios da economia preservação da qualidade de vida.
ortodoxa, os indicadores econômicos são o reflexo cristalino do
pensamento redutível de todos os valores humanos à visão • Foi também em tal Conferência que se passou a pensar
mesquinha da produção e do consumo, da compra e da venda; tudo a terra como um todo, e na qual pela primeira vez,
dentro de um marco conceitual do paradigma econômico, concebeu-se a problemática do meio ambiente, com
caracterizado por miragens, ilusões (...) que na medida que avançam, suas implicações planetárias, afetando a qualidade de
cegas, sem tato, sem sentidos, ampliam ainda mais a brecha entre as
diferentes classes sociais. As razões são simples e fáceis de entender,
vida de todos os habitantes, pobres e ricos.
afinal a economia não tem princípios morais, éticos religiosos, nem • Não imaginemos, porém, que tal Conferência foi
sociais (...), a preocupação fundamental é manter o mercado ansiada pela grande maioria dos Países, como ocorreu
aquecido sem considerar as consequências nas classes menos
favorecidas e muito menos no futuro da vida na terra”. na UNCED 92.

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RETROSPECTIVA HISTÓRICA RETROSPECTIVA HISTÓRICA


• O Embaixador GERALDO EULÁLIO DO NASCIMENTO E SILVA nos • Entre os seus 20 membros, vale recordar a presença marcante
lembra que à época, a idéia da realização de uma Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente não teve uma repercussão de um brasileiro, o Dr. PAULO NOGUEIRA NETO à época
positiva entre os países em desenvolvimento; ao contrário, no caso Secretário da Secretária Especial de Meio Ambiente da
de alguns, a reação foi francamente antagônica, como ocorreu Presidência da República, órgão que contou em seus quadros
com o Brasil. (...) o fator mais importante era que as questões com o eminente Professor PAULO AFFONSO LEME MACHADO,
ambientalistas tinham importância secundária para os países em na qualidade de Consultor Jurídico.
desenvolvimento, onde os grandes desafios eram a pobreza e suas
seqüelas, ou seja a fome, a falta de moradia, de roupa, educação, • Ali se fixava o entendimento de que a definição de
escolas, etc. Para eles, os direitos políticos e civis pouco desenvolvimento sustentável “prevê a satisfação das
importavam em relação aos direitos econômicos e sociais. necessidades presentes, sem prejuízo da capacidade de
• Desta forma, em 1987 é apresentado ao mundo o relatório NOSSO futuras gerações exercerem os mesmos direitos”.
FUTURO COMUM, originário da Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, formada pela ONU em 1983, e que • Assim é que a ONU, através de seus Organismos
foi presidida pela 1a. Ministra da Noruega, GRO HARLEN Financiadores, passa a incorporar e solicitar novos
BRUNDTLAND. mecanismos de aferição para o financiamento de projetos,
entre eles, a avaliação dos impactos ambientais.

RETROSPECTIVA HISTÓRICA A POLÍTICA NACIONAL


• É justamente neste contexto e conscientes de que o Brasil não
• Em razão dessas exigências internacionais, alguns poderia submeter-se indefinidamente a normas estritamente
internacionais, na avaliação dos impactos ambientais gerados no
projetos desenvolvidos em fins da década de 70 e país, face às peculiaridades e atributos incomparáveis da nossa
início dos anos 80 e financiados pelo BIRD e pelo biodiversidade, que passamos a buscar a nossa própria lei de
política ambiental.
BID foram submetidos a estudos ambientais, dentre
• Afinal, o Princípio 21 da Declaração de Estocolmo, resultante da
eles, as usinas hidrelétricas de Sobradinho-BA, Conferência de 1972, dispunha que os Estados têm o direito
Tucuruí-PA e o terminal porto-ferroviário Ponta da soberano de explorar seus próprios recursos, de acordo com a sua
política ambiental. (Este princípio foi mantido de forma quase
Madeira, no Maranhão, ponto de exportação do idêntica, no Princípio 2 da Declaração do Rio de Janeiro, assinada
minério extraído pela Companhia Vale do Rio Doce, durante a realização da UNCED 92.)
na Serra do Carajás. No entanto, os estudos foram • O fato é que em 31 de agosto de 1.981 foi editada a Lei no. 6.938,
criando a Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecendo
realizados segundo as normas das agências conceitos, princípios, objetivos, instrumentos, penalidades, seus
internacionais, já que o Brasil ainda não dispunha fins, mecanismos de formulação e aplicação, e instituindo o
SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente e o CONAMA -
de normas ambientais próprias. Conselho Nacional do Meio Ambiente.

CONCEITOS CONCEITOS
– Poluição: A degradação da qualidade ambiental, resultante de
• Vejamos como o artigo 3o., da mencionada lei atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;
conceitua vários temas: b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
– Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos;
abriga e rege a vida em todas as suas formas . Como se vê,
• Aqui vemos que o legislador, foi entrelaçando os temas a partir do
pela amplitude do conceito, pode-se afirmar que qualquer principal - meio ambiente - a fim de que os conceitos, embora
manifestação ocorrida nos reinos animal, vegetal e mineral autônomos, possam conviver de forma indissociada, para melhor
facilitar sua aplicação, notadamente nos enquadramentos das sanções
estão incluídos no meio ambiente. administrativas e penais, previstas no próprio diploma legal - artigos 14
e 15.
– Degradação da qualidade ambiental - alteração adversa das
– Poluidor - A pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,
características do meio ambiente; Ora, como vimos, o responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de
conceito de meio ambiente é vastíssimo e qualquer degradação ambiental
modificação não favorável ao mesmo, passa a ser – Recursos Ambientais - Atmosfera, as águas interiores, superficiais ou
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os
considerada degradação. elementos da biosfera, a fauna e a flora.

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PRINCIPIOS DA POLITICA NACIONAL OBJETIVOS DA PNMA


DO MEIO AMBIENTE (art. 4° da Lei 6.938/81)
• O artigo 2o. da Lei 6.938/81, elenca que “a política nacional do
meio ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e • A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando – a compatibilização do desenvolvimento econômico-social, com a
assegurar no País, condições ao desenvolvimento sócio- preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio
econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da ecológico; Atento a tal dispositivo em novembro de 1995, por
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: iniciativa do atual Deputado Federal por Pernambuco, Raul
– equilíbrio ecológico; Jungmann, à época Presidente do IBAMA, foram iniciados estudos
– racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; visando a criação do Protocolo Verde, que foi oficialmente
– planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; instituído por Decreto em 29 de maio de 1996, sendo integrado
– proteção dos ecossistemas; pelos Ministérios do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal, da Fazenda, do Planejamento e Orçamento, além
– controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente das seguintes Instituições: Banco Central, Banco do Brasil, Banco
poluidoras;
do Nordeste, Banco da Amazônia, Caixa Econômica Federal e
– acompanhamento do estado da qualidade ambiental; Banco Meridional,com a finalidade de incorporar a variável
– recuperação de áreas degradadas; ambiental no processo de gestão e concessão de crédito oficial e
– proteção de áreas ameaçadas de degradação e benefícios fiscais às atividades produtivas, atuando nas seguintes
– educação ambiental em todos os níveis de ensino”. linhas:

OBJETIVOS DA PNMA OBJETIVOS DA PNMA


(art. 4° da Lei 6.938/81) (art. 4° da Lei 6.938/81)
– a definição de áreas prioritárias de ação governamental, relativa à
• dar subsídios à atuação institucional para o cumprimento das qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da
prescrições constitucionais relativas ao princípio de que a defesa e União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
preservação do meio ambiente cabem ao poder público e à Municípios;
sociedade civil. – ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e
• assessorar as ações governamentais para a priorização de programas de normas relativas ao uso e manejo dos recursos ambientais; Vide
e projetos que apresentem maiores garantias de sustentabilidade item VI - Instrumentos da PNMA.
sócio-econômico-ambiental e que não contenham componentes que – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais,
venham a causar danos ambientais, no futuro. orientadas para o uso racional dos recursos ambientais;
– a difusão de tecnologia de manejo do meio ambiente, e à divulgação
• promover a captação de recursos internos e externos que viabilizem a de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência
criação de linhas de crédito, no sistema financeiro, orientadas pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental
especificamente para o desenvolvimento de projetos com alto teor e do equilíbrio ecológico; Neste sentido, foi criado, no âmbito do
ambiental a ser atendido. IBAMA, o CENTRO DE ESTUDOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL,
• atender a condicionamentos de doadores para obter isenção de através da Portaria 93, de 14/11/95, que visa a organização de um
imposto de renda. fórum que permita ao Instituto colocar à disposição dos Órgãos do
• financiar atividades pioneiras no desenvolvimento de estudos, Governo e da Sociedade, instrumentos adequados à consecução do
pesquisas e instrumentos ligados ao desenvolvimento sustentável. desenvolvimento sustentado efetivo e eficaz.

OBJETIVOS DA PNMA
INSTRUMENTOS DA PNMA (artigo 9o)
(art. 4° da Lei 6.938/81)
• estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; dentre os quais
– a preservação e restauração dos recursos ambientais, com citamos: a Resolução CONAMA 03/90, que estabelece conceitos, padrões
vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, de qualidade, métodos de amostragem e análise de POLUENTES
ATMOSFERICOS; a Resolução CONAMA 05/89, que instituiu o PROGRAMA
concorrendo para manutenção do equilíbrio ecológico NACIONAL DE CONTROLE DA QUALIDADE DO AR - PRONAR; a Resolução
propício à vida; Neste ponto, a Lei da Política Nacional do CONAMA 18/86, que instituiu o PROGRAMA DE CONTROLE DA POLUIÇÃO
DO AR POR VEICULOS AUTOMOTORES - PROCONVE; entre outras.
Meio Ambiente antecipou o conceito de desenvolvimento • zoneamento ambiental; agora guindado à Constituição Federal, que no
sustentável, que veio a consolidar-se - em 1987 - no Relatório artigo 21, IX dispõe que é competência da União elaborar e executar planos
nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento
Nosso Futuro Comum; econômico e social; A Lei 8.171/91, por sua vez, dispõe no artigo 102, que o
– a imposição, ao poluidor e ao predador da obrigação de solo agrícola é considerado patrimônio natural; também é previsto no
artigo 19, III desta Lei, o zoneamento agroecológico para disciplinar e
recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da ordenar a ocupação espacial pelas diversas atividades produtivas, bem
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins como para a instalação de hidrelétricas; Existe ainda o Decreto 99.540, de
21.09.90, que instituiu a Comissão Coordenadora do Zoneamento
econômicos. Aqui temos, desde 1981, época da Lei da PNMA, ecológico-econômico do Território Nacional, em âmbito macrorregional e
os princípios do Poluidor-Pagador e do Usuário-Pagador, que regional, para acompanhar e avaliar a execução de trabalhos desse
zoneamento, inclusive em nível estadual. Atualmente a matéria é
posteriormente passaram a constar da Declaração do Rio. regulamentada pelo Decreto No. 4.297/2002.

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INSTRUMENTOS DA PNMA (artigo 9o) INSTRUMENTOS DA PNMA (artigo 9o)


• avaliação de impactos ambientais; também elevado ao status • Alguns exemplos:
constitucional, nos termos do artigo 225, parágrafo 1o., item IV. A Lei 6.938,
no seu artigo 8o., item I, inclui entre as competências do CONAMA a de – A Resolução CONAMA 01/86, dispõe sobre critérios básicos e diretrizes
estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o gerais para o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA
licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser – A Resolução CONAMA 06/87, dispõe sobre o licenciamento ambiental
concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA. Desta forma, o de obras de grande porte, especialmente aquelas nas quais a União
CONAMA através da Resolução 01/86 (alterada pelas Resoluções 11/86 e tenha interesse relevante, como a geração de energia elétrica. Tal
05/87), tornou obrigatória, para diversas atividades, a elaboração de EIA - Resolução dispõe que a Licença Prévia - LP, deverá ser requerida no
que deve contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do início do estudo de viabilidade da Usina; a Licença de Instalação - LI,
projeto, confrontando-se, inclusive, com a hipótese de não execução, e do deverá ser obtida antes da realização da licitação para construção do
RIMA - que deverá ser apresentado de forma objetiva e adequada à sua empreendimento e, a Licença de Operação - LO, antes do fechamento
compreensão, e que será acessível ao público. Tal Resolução conceitua, no da barragem.
artigo 1o., o que considera-se impacto ambiental. Não é demais lembrar – Resolução CONAMA 05/88 dispõe sobre o Licenciamento de Obras de
que a institucionalização da AIA, no Brasil e em diversos países guiou-se Saneamento;
pela experiência americana, face a grande efetividade que os Estudos de – Resolução CONAMA 08/88, dispõe sobre o Licenciamento de Atividade
Impacto Ambiental demonstraram no sistema legal da “common law” dos Mineral, uso de mercúrio metálico e do cianeto;
Estados Unidos, além das exigências internacionais, anteriormente citadas.
– Resolução CONAMA 09/90, dispõe sobre o licenciamento de Atividade
• licenciamento e revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; Mineral das Classes I, III e VII.;
também previsto no artigo 10, como já mencionado, e no artigo 17 do
Decreto no. 99.274/90. – Resolução CONAMA 10/90, dispõe sobre o licenciamento de Atividade
Mineral da Classe II.

INSTRUMENTOS DA PNMA (artigo 9o) INSTRUMENTOS DA PNMA (artigo 9o)


• Alguns exemplos: • Alguns exemplos:
– Resolução CONAMA 02/96 que dispõe sobre o licenciamento de – incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação
Obras de Grande Porte, bem como a implantação ou ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade
fortalecimento de Unidade de Conservação já existente, tendo ambiental; Tal previsão tem encontrado grande eco, atualmente,
revogado a Resolução CONAMA 10/87; por força dos processos de certificação da ISO 9.000 e ISO 14.000.
– Resolução CONAMA 237/97 regulamenta os aspectos de – criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo
licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Poder Público Federal, estadual ou Municipal, tais como APA, ARIE
Meio Ambiente; e RESEX; A matéria foi alçada à esfera constitucional, vez que o
– Resolução CONAMA 279/2001, estabelece procedimentos para o artigo 225, III da Constituição Federal dispõe que incumbe ao
licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos Poder Público definir, em todas as unidades da Federação, espaços
elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental; territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,
– Resolução CONAMA 284/2001 Dispõe sobre o licenciamento de sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de
empreendimentos de irrigação; lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos
– Resolução CONAMA 289/2001 estabelece diretrizes para o atributos que justifiquem sua proteção, tendo sido regulamentada
Licenciamento Ambiental de Projetos de Assentamentos de através da Lei No. 9985/2000 que institui o Sistema Nacional de
Reforma Agrária; Unidades de Conservação da Natureza.

INSTRUMENTOS DA PNMA (artigo 9o) INSTRUMENTOS DA PNMA (artigo 9o)


• Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - já totalmente
formalizado e fazendo parte da estrutura do IBAMA, no âmbito do CNIA
- Centro Nacional de Informação Ambiental. Constitui-se de 03 grandes • cadastro técnico federal de atividades e instrumentos
grupos de dados:
– RNCI - Rede Nacional de Computadores do IBAMA, interligando todas as suas 506 de defesa ambiental; Nos termos da Resolução
unidades descentralizadas;
– Conjunto de Base de Dados, composto de 05 grupos: (i) Base de Dados de
CONAMA 01/88, este Cadastro tem como objetivo
Informação Documentária, - DOMA, utilizando o software MICROISIS e a proceder ao registro, com caráter obrigatório, de
metodologia REPIDISCA, dispondo atualmente de 60.000 registros, sendo livros,
monografias, teses, relatórios, etc.; (ii) Base de Dados e Legislação Ambiental - pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à
LEMA, com aproximadamente 9.890 livros; (iii) Base de Dados de Informação
Referencial - REMA, desenvolvida de acordo com o Formado de Intercâmbio de
consultoria técnica sobre problemas ecológicos e
Informação Referencial - FIIR, da UNESCO; (iv) Base de Dados de Filmes e Vídeos - ambientais e à indústria e comércio de equipamentos,
REMATEC, com mais de 400 vídeos disponíveis para empréstimo; e (v) Base de
Dados de Controle de Publicação Seriada - COPUSE, com aproximadamente 2.237
aparelhos e instrumentos destinados ao controle de
periódicos; e atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. É
– RENIMA - Rede Nacional de Informação sobre Meio Ambiente. Onde se possibilitou
aos Órgãos de Meio Ambiente dos Estados criarem um banco de dados administrado pelo IBAMA, nos termos do artigo 17, I da
informatizado e interligado ao CNIA e aos demais Centros de Documentação e
Informação de outros órgãos ambientais ou não do país e do exterior.
Lei No. 6.938/81. Existe ainda o CADASTRO NACIONAL
– Demais disto, em abril de 2003, foi editada a Lei No. 10.650, que dispõe sobre o DE ENTIDADES AMBIENTALISTAS - CNEA, criado pela
acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades
integrantes do SISNAMA. Resolução CONAMA 06/89.

Política Nacional de M. A. 5
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INSTRUMENTOS DA PNMA (artigo 9o) INSTRUMENTOS DA PNMA (artigo 9o)


• instituição do RQMA - Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser
• penalidades disciplinares ou compensatórias ao não- divulgado anualmente pelo IBAMA; Pode-se dizer que este item não tem
sido cumprido sistematicamente por parte do IBAMA, mas vale ressaltar a
cumprimento das medidas necessárias à preservação importância e o relevo do Relatório lançado pelo mesmo, denominado GEO
ou correção da degradação ambiental; Matéria BRASIL 2002 - Perspectivas do meio ambiente no Brasil (disponível no site
http://www.ibama.gov.br).
também erigida a sítio Constitucional, nos termos do • garantia de prestação de informações relativas ao meio ambiente; Além da
artigo 225, § 3º da Constituição Federal, tendo sido edição da Lei No. 10.650/2003, acima mencionada, vale destacar os
serviços postos à disposição do cidadão, através da LINHA VERDE, uma
regulamentada pela Lei No. 9.605/1998 e pelo Decreto Central de Atendimentos integrante da OUVIDORIA do IBAMA que, além de
No. 3.179/1999. No entanto, sabe-se que a coleção de receber denúncias, presta informações ou encaminha as solicitações às
unidades internas que possam prestá-las. Funciona através do telefone no.
leis e outros atos normativos dispondo sobre as 0800-61-80-80. Demais disto nos licenciamentos de projetos de
sanções administrativas, cíveis ou criminais é extensa. significativos impactos ambientais é assegurada a realização de Audiências
Públicas, nos termos das Resoluções CONAMA 01/86, 09/87 e 237/1997.
O que precisa é ser eficazmente implementada, através • Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou
do fortalecimento institucional dos órgãos responsáveis utilizadoras dos recursos ambientais. Também em pleno funcionamento por
parte do IBAMA que o administra, nos termos do artigo 17, II da Lei da
pela execução da política ambiental. Política Nacional do Meio Ambiente e inclusive cobra uma taxa anual para
tal fim, nos termos da Lei No. 10.165/2000.

SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Sistema Nacional de Meio Ambiente


• O SISNAMA é um sistema que congrega órgãos públicos das esferas
federal, estadual e municipal, incluindo o Distrito Federal, da seguinte
• Constituído pelos órgãos e entidades da União, maneira:
– O Conselho de Governo é o órgão superior do SISNAMA e o
estados, DF, municípios e fundações responsáveis pela responsável por assessorar o Presidente da República na
proteção e melhoria da qualidade ambiental, formulação de diretrizes para a Política Nacional de Meio
Ambiente;
estruturado da seguinte maneira: Órgão Superior: o – CONAMA, ou Conselho Nacional de Meio Ambiente, é o órgão
consultivo e deliberativo do SISNAMA que estabelece parâmetros
Conselho de Governo; Órgão consultivo e deliberativo: federais (normas, resoluções e padrões) a serem obedecidos pelos
CONAMA; Órgão central: Ministério do Meio Estados.
– Ministério do Meio Ambiente (MMA) é o órgão responsável pelo
Ambiente; Órgão Executor: o IBAMA; Órgãos planejamento, coordenação , controle e supervisão da Política
Nacional de Meio Ambiente.
seccionais: os dos estados responsáveis pela execução – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA) é o órgão executor, responsável por formular,
de programas. projetos e controle/fiscalização de coordenar, fiscalizar, executar e fazer executar a Política Nacional
atividades degradadoras do meio ambiente; Órgãos de Meio Ambiente sob os auspícios do MMA.
– Os Órgãos Seccionais são as entidades de cada Estado da
locais: os órgãos ou entidades municipais responsáveis Federação responsáveis por executar programas e projetos de
controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras.
pelo controle e fiscalização destas atividades, nas suas – E, por fim, os órgãos locais, ou municipais, que são os
respectivas jurisdições. (art. 6o.). responsáveis por atividades de controle e fiscalização das
atividades potencialmente poluidoras.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE


• São competências do CONAMA:
– Estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o
• Este Conselho é de fundamental importância para a licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser
concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA (Art. 8o., inciso I);
fixação e acompanhamento de toda a execução da – Determinar a realização de estudos (conseqüências ambientais) de projetos
públicos ou privados (Art. 8o., inciso II);
PNMA. Se nos lembrarmos que foi criado em 1981, – Decidir, como última instância administrativa em grau de recursos, mediante
depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA
enquanto ainda perdurava o Regime Militar, como (Art. 8o., inciso III);
– Homologar acordos, visando a transformação de penalidades pecuniárias na
órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA, temos obrigação de executar medidas de interesse para a proteção ambiental (Art.
8o., inciso IV);
uma noção ainda maior da importância de sua – Determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de
criação e da clarividência das pessoas que para isto benefícios fiscais concedidos pelo poder público, e a perda ou suspensão de
participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de
lutaram, notadamente o Dr. PAULO NOGUEIRA crédito (Art. 8o., inciso V);
– Estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da
NETTO, à época Secretário da Secretaria Especial de poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante
audiência dos Ministérios competentes (Art. 8° inciso VI);
Meio Ambiente, como anteriormente mencionado. – Estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção
da qualidade do meio ambiente, com vistas ao uso racional dos recursos
ambientais, principalmente os hídricos (Art. 8° , inciso VII);

Política Nacional de M. A. 6
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Ambiental

COMPETENCIA PARA LICENCIAR COMPETENCIA PARA LICENCIAR


• O caráter de supletividade do IBAMA trazido no caput deste
• Nos termos do artigo 10 da Lei No. 6.938/81 e artigo, para o licenciamento que estiver sob o âmbito do Estado,
há de ser entendido levando-se em consideração três pontos
17 do Decreto No. 99.274/90, a competência importantes:
– A República Federativa do Brasil, é resultado da união indissolúvel dos
é dos Órgãos de meio ambiente dos estados; Estados, e tem como um dos fundamentos a SOBERANIA, prevista no
artigo 1°, inciso I da Constituição Federal; logo não há República sem
entretanto, no caso de atividades e obras com Estados;
significativo impacto ambiental, de âmbito – Os Estados, são detentores de AUTONOMIA, prevista no artigo 18 da
Constituição Federal;
regional ou nacional, a competência é do – Os Estados, juntamente com a União, os Municípios e o DF, são
detentores das competências materiais comuns descritas no artigo 23, e
IBAMA, nos termos do § 4o. deste artigo, que das competências legislativas concorrentes descritas no artigo 24 - aqui
excluindo-se os Municípios. E a Constituição foi ainda mais longe, ao
foi resultado da alteração procedida em 1989, lhes garantir no parágrafo 1° do artigo 25, as competências que não lhes
sejam negadas pela Constituição. É até, em certa maneira, uma inversão
pela Lei No. 7.804. da regra geral do princípio da legalidade aos entes públicos, vez que tal
liberalidade - fazer o que a lei não proíbe - está, historicamente,
atribuída às pessoas de direito privado.

COMPETENCIA PARA LICENCIAR COMPETENCIA PARA LICENCIAR


• Note-se que o artigo 24 da Constituição, ao tratar do tema, fixa no • De outra parte, o artigo 225 da Constituição Federal, dispõe
seu parágrafo 1o, que no âmbito da legislação concorrente, a no item IV, parágrafo 1°, que incumbe ao poder público
competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais, (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) exigir, na
para concluir no parágrafo seguinte, que esta (competência) não forma da lei, para instalação de obra ou atividade
exclui a competência suplementar dos Estados. potencialmente causadora de significativa degradação do
• Ressalta da redação do parágrafo 1o. a intenção dos Constituintes, meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental.
no sentido de reduzir a competência legislativa da União, com
relação aos aspectos relacionados nos diversos incisos do artigo • Note-se que a Constituição inovou, ao exigir que o Estudo
24, quer pelo fato de circunscrevê-la às normas gerais, quer pelo seja prévio, ao contrário do item III do artigo 9° da Lei
verbo utilizado: limitar-se-á. E ainda assim estipulou que tal 6.938/81, que prevê como um dos Instrumentos da Política
competência não exclui a suplementar dos Estados, como acima Nacional do Meio Ambiente, a avaliação de impacto
visto. ambiental, que poderia levar ao entendimento que tanto
• No entanto é bastante razoável tal distribuição de competências, poderia ser prévia, quanto "a posteriori", ou para ser mais
privilegiando os Estados, afinal no artigo 22 fixa-se as claro, "póstuma".
competências privativas da União, e no inciso II do artigo 30, • Portanto, não se pode confundir atuação supletiva, com
assegura-se aos Municípios - que não estão incluídos no artigo 24 - intromissão nas competências do Estado; esta função deve
suplementar a legislação federal e estadual no que couber. ter antes um caráter de co-participação ou co-gestão.

DAS PENALIDADES DAS PENALIDADES


• Já o artigo 15 desta lei, prevê multa administrativa e pena de reclusão
• A Lei 6.938/81, fixa, no seu artigo 14 multas, suspensão de de 1 a 3 anos ao poluidor que expuser a perigo a incolumidade
atividades, perda de participação em linhas de financiamento em humana, animal ou vegetal, ou estiver tornando mais grave a
estabelecimentos oficiais de créditos, a infratores que não situação de perigo existente.
cumprirem medidas necessárias à preservação e correção de • Convém apontar que o caput dos artigos 14 e 15 foi derrogado com a
inconvenientes e danos causados ao meio ambiente. edição da Lei No. 9.605/98, que dispõe sobre as sanções penais e
• Acrescenta no parágrafo 1° deste artigo, que inobstante tais administrativas aos infratores da legislação ambiental.
penalidades é o poluidor obrigado, independentemente da • As sanções administrativas aos degradadores e/ou poluidores do
existência de culpa a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente, além da previsão na Lei No. 9.605/98, estão
meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O que disciplinadas na forma do Decreto No. 3.179/99.
representa a mais perfeita aplicação da responsabilidade objetiva • Permanecem vigendo, no entanto, as disposições constantes do § 1º
do agente infrator. do artigo 14, no que se refere à responsabilidade civil objetiva, vez
• Tais disposições também foram alçadas à esfera constitucional, nos que o poluidor, independente de culpa, é obrigado a indenizar ou
reparar os danos causados. Em tal hipótese, basta provar o nexo de
termos do parágrafo 3° do art. 225, que assim dispõe: As condutas causalidade entre o agente e o dano causado, para que seja exigida
e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os sua reparação ou indenização, além das demais medidas nas esferas
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativa* e penal.
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os • *As sanções administrativas previstas na Lei No. 9.605/98, foram
danos causados. regulamentadas na forma do Decreto No. 3.179/99.

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Ambiental

DAS PENALIDADES DAS PENALIDADES


• A Lei no. 7.804/89, alterou a Lei no. 6.938/81, para, entre outras
• O artigo 18, por sua vez, transformava em reservas ou providências, dar uniformidade no trato da questão ambiental, posto
estações ecológicas, sob a responsabilidade do IBAMA, que no mesmo ano quatro Órgãos responsáveis, em nível federal,
as florestas e demais formas de vegetação natural de pela execução da política ambiental, foram fundidos, dando origem
ao IBAMA*.
preservação permanente, relacionadas no artigo 2° da • De outra parte, possibilitou a criação das RESERVAS EXTRATIVISTAS,
Lei 4.771/65 - Código Florestal, mandando aplicar às nos termos do inciso VI do artigo 9o, o que representou uma
pessoas físicas ou jurídicas que de qualquer modo, conquista histórica para as populações que, historicamente,
degradarem reservas ou estações ecológicas, bem retiravam seu sustento dos recursos naturais de forma sustentável e
como outras áreas declaradas de relevante interesse não geradora de degradação ambiental, a exemplos dos seringueiros
da Amazônia, dos catadores do coco de babaçu do Maranhão, os
ecológico, as penalidades previstas no artigo 14. pescadores de Santa Catarina e do Rio de Janeiro, entre outros.
• Tal artigo, no entanto, foi revogado expressamente pela • *Em 22 de fevereiro de 1989, foi editada a Lei 7.735, criando o
Lei No. 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de IBAMA, resultante da fusão do IBDF - Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal; SEMA - Secretaria Especial de Meio
Unidades de Conservação, no qual, embora tenha Ambiente; SUDEPE - Superintendência do Desenvolvimento da Pesca
permanecido a categoria de Estação Ecológica, não se e da SUDHEVEA - Superintendência da Borracha. Tal lei foi resultado
prevê mais a de Reserva Ecológica. da aprovação da Medida Provisória N° 34, de 24 de janeiro de 1.989,
editada pelo Presidente da República, JOSÉ SARNEY.

O PERÍODO PÓS ECO 92 O PERÍODO PÓS ECO 92


• Apenas para citar um exemplo, no caso da Agenda 21, que foi
• Esta Conferência já encontrou a grande maioria dos assinada por todos os países participantes da Conferência, a
cidadãos brasileiros participando proativamente do previsão da criação do FUNDO MUNDIAL PARA
INVESTIMENTOS EM MEIO AMBEINTE, a ser custeado pelos
movimento ambiental e não mais a reboque dos países Países Ricos, que doariam o equivalente a 0,7% do seu PIB,
estrangeiros ou dos Organismos Internacionais. não se efetivou na prática, uma vez que só os países
escandinavos - Suécia, Noruega, Holanda e Dinamarca - além
• Tivemos nosso próprio discurso, tanto no nível de da França, estão cumprindo sua parte.
políticas públicas quanto de projetos e iniciativas do • E isto se reflete a nível mundial, não só no Brasil.
setor privado, além das propostas oriundas das • Segundo IGNACY SACHS, o principal documento da ECO-92, a
Organizações Não Governamentais Brasileiras. Agenda 21, redigida no complexo dialeto Onusiano, até hoje
não foi implantada.
• No entanto, com relação aos documentos oficiais que • Isto tem dificultado, sobremaneira, a implementação da
foram assinados, vemos que as medidas sugeridas não NOSSA PRÓPRIA AGENDA, aliado, evidentemente, às
foram muito além dos seus propósitos. dimensões continentais do nosso país.

O PERÍODO PÓS ECO 92 O PERÍODO PÓS ECO 92


• Outro documento importante apresentado durante a • No entanto, é preciso haver uma fiscalização homem a
segunda Conferência Mundial para o Meio Ambiente e homem por parte da sociedade civil organizada, para
Desenvolvimento, foi o denominado Estratégia Global que cobre, não só do setor público mas,
para a Biodiversidade, elaborado pelo World Ressource principalmente, do setor privado, o fiel cumprimento
de tais documentos sob pena de cairmos, mais uma
Institute, dos EUA, e pela União Mundial para a vez, na ordem unida ditada pelos Estados Unidos da
Natureza, da Suíça. O documento contém 85 propostas América que, atento - e indutor - aos movimentos
para a preservação da diversidade biológica no planeta mundiais, criou há algum tempo, a Subsecretaria de
e um plano para o uso sustentado de recursos Assuntos Globais.
biológicos e foi aprovado pelo Programa de Meio • Afinal, GLOBALIZAÇÃO é a palavra de ordem. Ou será
Ambiente da Organização das Nações Unidas - ONU e de desordem em face dos acontecimentos do dia 11 de
pelas Organizações Não-Governamentais (ONGs) que setembro de 2001 e da recente Guerra contra o Iraque,
participam do Fórum Global. só para citar dois exemplos recentes?

Política Nacional de M. A. 8
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Ambiental

ESTRATÉGIAS GOVERNAMENTAIS ESTRATÉGIAS GOVERNAMENTAIS


• Nessa fase, o MMA vem desempenhando importante e
• No Brasil, a questão ambiental está mudando de indispensável papel, notadamente ao conceder especial
patamar, ultrapassando a sua fase heróica e ênfase à inserção da dimensão ambiental nas decisões
resistente, na qual o ambientalismo e o de políticas públicas, sendo exemplos expressivos:
desenvolvimentismo eram tidos como adversários. – o Protocolo Verde como dispositivo institucional de
Nesse sentido, a internalização dos novos conceitos introdução da variável ambiental como critério relevante nas
de desenvolvimento sustentado iniciou um novo decisões de política econômica e de financiamentos de
projetos pelas agências oficiais de desenvolvimento (espera-
ciclo, baseado na formulação e na implantação de
se que os agentes de financiamento privados venham a
políticas ambientais, assim como na busca da aderir ao sistema, consolidando-o definitivamente);
negociação e do entendimento entre a preservação – o envolvimento do setor produtivo e demais atores da
ambiental e os processos de produção. sociedade civil, através da negociação e do diálogo orientado
para a prática do uso sustentável dos recursos naturais.

ESTRATÉGIAS GOVERNAMENTAIS ESTRATÉGIAS GOVERNAMENTAIS


• Nesta direção, o Governo tem estimulado e orientado a adoção de
uma política de co-responsabilidade e parceria através do diálogo, • Outro Programa que aprofunda o sentido de
do convencimento e da conscientização da sociedade, para a
prática de uma gestão otimizada de seus recursos naturais. Hoje, o parceria entre o Governo Federal e os Estados
empresariado brasileiro vem progressivamente assumindo suas
responsabilidades diante da questão da preservação ambiental e denomina-se Programa de Execução
do desenvolvimento sustentado. Como exemplos desta postura Descentralizada. Através dele, os Estados
destacam-se a participação do Banco do Brasil nos debates e a
adoção progressiva pela indústria nacional dos ditames da ISO selecionam projetos demonstrativos de
14.000. desenvolvimento sustentável, os quais são
• No que se refere à descentralização de suas ações, o Ministério
tem adotado um conjunto de medidas buscando transferir, total financiados pelo Ministério. O pressuposto do
ou parcialmente, a Estados, Municípios e organizações não- Programa é que esses Estados se habilitem através
governamentais e outras entidades públicas e privadas o
planejamento e a execução de políticas ambientais. Citam-se como da criação de toda uma estrutura institucional e
exemplos 240 projetos financiados pelo Fundo Nacional do Meio
Ambiente e executados de forma inteiramente descentralizada. técnico-administrativa voltada para a gestão
ambiental. Onze Estados da Federação.

Programas e Projetos Relevantes na Programas e Projetos Relevantes na


Área de Meio Ambiente Área de Meio Ambiente
• Programa de Avaliação do Potencial Sustentável dos • Programa Piloto para a Proteção das Florestas
Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva - Programa Tropicais do Brasil - PPG-7, com o objetivo de viabilizar
REVIZEE, visando à realização de inventário dos recursos vivos a implementação de projetos visando à obtenção e à
marinhos e as características ambientais de suas ocorrências,
determinar suas biomassas e estabelecer os potenciais de demonstração de modelos de desenvolvimento
captura sustentável; sustentado de florestas tropicais.
• Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC, • Programa Nacional do Meio Ambiente - PNMA, que
objetivando desenvolver o ordenamento de uso e ocupação procura fortalecer institucionalmente os organismos
da região costeira do Brasil, com vistas a seu desenvolvimento responsáveis pelas ações relativas ao meio ambiente
sustentável; em nível estadual e local; promover o desenvolvimento
• Programa Nacional de Biodiversidade - PRONABIO, de instrumentos e mecanismos de gerenciamento e
contemplando a implantação do Projeto de Conservação e ações de proteção de ecossistemas; e viabilizar a
Utilização Sustentável da Biodiversidade - PROBIO, com a aplicação dos mecanismos de análise de mercado à
cooperação do CNPq, bem como a implantação do Fundo gestão do meio ambiente e ao uso sustentável dos
Brasileiro para a Biodiversidade - FUNBIO, a cargo da
Fundação Getúlio Vargas; recursos naturais.

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