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Amostragem em pesquisas

Nlando Mia Veta André

ϭ

ÍNDICE


INTRODUÇÃO............................................................................................................... 3
Capítulo I: PESQUISA.................................................................................................... 7
1.1. Definição e Tipo de Pesquisas ........................................................................... 7

1.2. A importância da Investigação Científica na sociedade .................................. 13

1.3. Métodos e Técnicas de Pesquisa ...................................................................... 17

1.4. Processo de elaboração de um trabalho científico ........................................... 30

1.5. Estrutura do Trabalho Científico ..................................................................... 46

Capítulo II: NOÇÂO DE AMOSTRAGEM ................................................................. 55


2.1. Amostragem – uma visão resumida ................................................................. 55

2.2. Vantagens e inconveniências de amostragem .................................................. 57

2.3. Técnicas de Amostragem ................................................................................. 58

2.3.1. Amostragem Aleatória ........................................................................... 61

2.3.2. Amostragem não-Aleatória .................................................................... 70

2.4. Tamanho da Amostra e Erros de não Amostragem ......................................... 72

Capítulo III: OS ANEXOS ............................................................................................ 80


3.1. Roteiro para se fazer uma boa pesquisa e elaborar um trabalho acadêmico ... 80

3.2. Pesquisa Exploratória ...................................................................................... 86

3.3. Projecto de Pesquisa ........................................................................................ 89

BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 111




Ϯ

INTRODUÇÃO

Supõe-se que o seu objetivo com relação à uma pesquisa seja de conhecer a
opinião dos consumidores de uma forma mais abrangente, ou ainda estudar toda a
população de uma cidade, uma província ou país. À partida, esse exercício é inviável.
As razões técnicas são evidentes: tal pesquisa levará mais tempo, exigirá altos
investimentos. O mais arriscado é a impossibilidade de ter a certeza que todos tenham
respondido o seu questionário. Tecnicamente, opta-se por aquilo que chamamos de
amostragem.
Entendemos por a amostra uma parte representativa do público a ser pesquisado.
Ela garantirá que os resultados obtidos por sua pesquisa quantitativa tenham a validade
e possam ser projetados para o universo total.
Numa primeira olhadela, parece algo complicado, mas não é. Por isso,
constituímos esse manual com propósito de que no final da leitura, o leitor tenha uma
ideia clara de como realizar corretamente uma amostragem de pesquisa que esteja
alinhada com seus desafios.
À título de exemplo, vamos tentar perceber o que é uma amostragem em uma
pesquisa de marketing. Primeiro, é necessário definir os seus objetivos e o público que
deseja atingir. Isto é, qual informação o pesquisador realmente precisa? A resposta para
essa pergunta contribuirá com a definição do universo ou população que será
investigada.
Podemos avançar exemplo: se a ideia é saber as razões que levam as pessoas
possuem TV por assinatura num dado município, você pode contar com todos os
habitantes deste município e perguntar se elas possuem o serviço e porque razão. Com
a utilização de uma amostragem, o pesquisador selecionaria um grupo de indivíduos –
que se chama amostra – para realizar as mesmas perguntas.

ϯ

Duas premissas servem de base de apoio no uso da amostragem

A primeira premissa estriba-se na existência de características comuns entre os


elementos da população, que faz com que um número relativamente pequeno desses
elementos consiga representar satisfatoriamente as características de toda a população.
A segunda está ligada à questão de que os desvios para mais e para menos entre os
valores das variáveis da população (parâmetros) e os da amostra (estatísticas) estejam
sensivelmente reduzidos na medida em que algumas medições ficam a maior e outras a
menor relativamente ao parâmetro. E, por ser uma amostra de tamanho adequado e livre
de viés, os desvios nessas medidas tendem a anularem-se mutuamente, resultando em
valores na amostra que são, geralmente, próximas da média da população.
Desse modo, elimina-se qualquer dúvida sobre a validade e a importância do uso
da amostragem em pesquisas eleitorais. Entretanto, o grande problema da estatística
amostral está na escolha dos elementos que deverão fazer parte da amostra. Desta
maneira, a qualidade da amostragem pode ser considerada boa ou pérfida, conforme a
sua possibilidade de definir a probabilidade de um elemento qualquer da população
participar ou não da amostra.

Estrutura do livro

O presente livro destina-se aos estudantes, pesquisadores e profissionais


interessados às pesquisas científicas e sociais. Eles encontrarão neste texto alguns
subsídios necessários para levar de alguma forma segura as suas pesquisas com base na
amostragem.
O livro está estruturado em três (3) capítulos, nomeadamente: (1) Pesquisa; (2)
Noção de amostragem e; (3) Anexos.
O primeiro capítulo explica a noção de pesquisa, tanto quanto elucida os
diferentes tipos de pesquisas existentes. Também, esse capítulo explica a importância
da pesquisa na sociedade, assim como os seus métodos e as suas técnicas. De realçar
que, igualmente, o mesmo capítulo aborda o processo de elaboração e a estrutura de um
trabalho científico.

ϰ

O segundo capítulo trata da noção de amostragem. Este capítulo começa por
ilustrar a visão geral de amostragem. Como era de esperar, indicamos as vantagens e as
inconveniências da amostragem. Do modo igual, fornecemos neste capítulo as principais
técnicas de amostragem, mostramos como determinar o tamanho da amostra e
chamamos atenção sobre os erros de não amostragem.
O último capítulo expõe diferentes anexos que consistem no Roteiro para se fazer
uma boa pesquisa, por um lado. Por outro, mostra como montar e executar um trabalho
académico, uma pesquisa exploratória e um Projecto de Pesquisa.
Os exemplos utilizados tornam fácil a compreensão do contudo desta obra para
os amadores que se querem assumir como pesquisadores da ciência e munir-se de
capacidades e treino metódico para perceber os problemas permanentes que vivem as
nossas sociedades.
Finalmente mencionamos – na Bibliografia – alguns livros utilizados nesse livro,
sem esquecer-se de outras sugestões bibliografias úteis para situar o leitor que pretende
perceber algo básico sobre amostragem. Desejamos boa leitura.

ϱ

ϲ

Capítulo I

PESQUISA

1.1. Definição e Tipo de Pesquisas

Definição

Uma pesquisa e/ou investigação é um processo sistemático de relacionar


informações com fins de construir o conhecimento humano, de gerir novos
conhecimentos ao ponto de poder, também, desenvolver, colaborar, reproduzir, refutar,
ampliar, detalhar, actualizar, algum conhecimento pré-existente ao servir-se
basicamente tanto para o indivíduo ou grupo de indivíduos que a realiza quanto para a
sociedade na qual esta se desenvolve.
Entende-se por pesquisa toda acção que tem como objectivo a aquisição de
conhecimentos e que pode partir tanto da busca para solucionar algum problema quanto
de uma pergunta dada, de um mistério ou ser motivada simplesmente pela curiosidade
da pessoa e o prazer de aprender. Graças a Internet e aos sítios (websites) a pesquisa
tornou-se uma actividade manifestamente comum no século XXI.
A palavra pesquisa deriva do termo em latim perquiere, que significa “procurar
com perseverança”. Quer dizer, trata-se de uma investigação – já considerada aqui no
âmbito da ciência – ou um processo sistemático, metódico e analítico com fins de
construir o conhecimento. A “escolha de dados” é uma parte importante de qualquer
pesquisa, razão pela qual todo pesquisador tem a obrigação de procurar as informações
com cuidado, cautela e muito rigor1.
A pesquisa pode ser uma actividade corriqueira – enquanto hobby por alguns,
tanto quanto necessidade por uma questão de trabalho ou de escola para os outros.


ϭ
LAKATOS; MARCONI, 1991: 45, 87-87
ϳ

Geralmente, consideramo-la como algo muito sério, cuja configuração de percepção
obedece ao rigor e método como é o caso da pesquisa científica acadêmica2.
Logo, consideramos a pesquisa como sendo um conjunto de acções que visam
construir conhecimentos, que buscam explicação dos fenómenos que nos rodeia e,
também, que descobrem novos saberes e técnicas.
Por essa razão, a pesquisa é uma das prioridades norteiam o trabalho académico
que é uma tradição universitária. Ela é tanto incentivada como requerida, sendo que um
dos critérios de avaliação no meio acadêmico. Para avaliar o nível dos estudantes, por
um lado, verifica-se – na base das mesmas medidas metodológicas – os resultados das
pesquisas efectuadas pelos estudantes. Tal é o caso do trabalho que marca a conclusão
de fim de cursos (Monografia de Licenciatura, Dissertação de Mestrado e Tese de
Doutoramento). Por outro, professores universitários são chamados em investigar de
forma permanente e partilhar os resultados das suas pesquisas junto de outros colegas
ou mesmo estudantes na sala de aulas.
Como podemos o notar, a pesquisa é um dos pilares actividade universitária, em
que os pesquisadores têm como objectivo produzir conhecimento para uma disciplina
acadêmica, contribuindo deste modo para o avanço da ciência e para o próprio
desenvolvimento social.

Tipo de pesquisas

Segundo a Professora Sonia V. N. Borges de Oliveira, podemos distinguir quatro


grupos de pesquisas, nomeadamente:

Quanto a utilização dos resultados:

i. Pesquisa pura: que visa resolver os problemas de natureza teórica;


ii. Pesquisa aplicada: que dá ênfase prática na solução de problemas.
Ambas pesquisas (pura e aplicada) não são excludente, pelo que podem ser
complementares.


Ϯ
CRUZ; RIBEIRO, 2004: 31
ϴ

Quanto à natureza do método:

i. Pesquisa qualitativa:
x não emprega instrumentos estatísticos;
x responde as questões tais como: “o quê”, “porquê” e “como”;
x faz avaliação mais detalhada dos dados sobre um menor número de
pessoas e casos;
x nela podem ser definidas proporções à serem investigadas;
x envolve pequenas amostras não necessariamente representativas de
grandes populações;
x permite estudar as questões em profundidade e detalhe;
x ajuda a entender os fenómenos de acordo com a perspectiva dos
participantes.

ii. Pesquisa quantitativa:


x passa pelos procedimentos sistemáticos para a descrição e
explicação de fenómenos;
x consiste numa pesquisa estruturada;
x serve para verificar ou testar as hipóteses definidas;
x usa os métodos estatísticos;
x quantifica os dados;
x generaliza os resultados da amostra para a população-alvo.

ϵ

Quadro 1
Comparação entre o método quantitativo e o método qualitativo

Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa


Focaliza uma quantidade pequena de Tenta compreender a totalidade do
conceitos fenómeno, mais do que focalizar
conceitos específicos

Inicia com ideias preconcebidas do Possui poucas ideias preconcebidas e


modo pelo qual os conceitos estão salienta a importância das interpretações
relacionados dos eventos mais do que a interpretação
do pesquisador
Utiliza procedimentos estruturados e Coleta dados sem instrumentos formais e
instrumentos formais para coleta de estruturados
dados

Coleta os dados mediante condições de Não tenta controlar o contexto da


controle pesquisa, e, sim, captar o contexto na
totalidade
Enfatiza a objectividade, na colecta e Enfatiza o subjetivo como meio de
análise dos dados compreender e interpretar as
experiências

Analisa os dados numéricos através de Analisa as informações narradas de uma


procedimentos estatísticos forma organizada, mas intuitiva

Elaborado a partir de: POLIT et al., 2004.

Como podemos notar no quadro nº. 1, completando o que temos abordado até
aqui, ambas pesquisas (qualitativa e quantitativa) apresentam diferenças, das quais
identificamos em ambas categorias os pontos fracos e fortes. Contudo, os elementos
fortes de um complementam as fraquezas do outro, e essa dinâmica proporciona maior
desenvolvimento da Ciência.

ϭϬ

Quanto aos fins:

i. Pesquisa exploratória:
x tem como objetivo constituir uma visão geral a respeito de um
determinado facto;
x é geralmente realizada quando o tema carece ainda de estudos ou, pelo
menos, o nível de conhecimento deste tema seja embrionário;
x proporciona maior familiaridade com o problema;
x é uma pesquisa difícil de ser bem desenhada.

ii. Pesquisa descritiva:


x consiste em descrever alguma coisa e caracterizá-la
x é realizável quando já existe um conhecimento prévio sobre o assunto;
x permite – a partir do conhecimento prévio – que a pesquisa seja pré-
desenhada e estruturada.

iii. Pesquisa explicativa:


x esclarece quais factores contribuem para a ocorrência de determinado
fenómeno;
x descrever as características de uma população de um fenómeno ou uma
experiência.

iv. Pesquisa intervencionista3:


x visa não apenas explicar, mas sobretudo, interferir na realidade
estudada para modifica-la (exemplo: clima organizacional: conviver,
obter conhecimentos sobre os problemas e realizar as mudanças);
x faz parte de um cluster de abordagens metodológicas que inclui a action
research, Action Science, design Science, Clinical research Innovation
action research e Conditional-normative research4.


3
ANTUNES; NETO; VIERA, 2016: 764-765
4
ANTUNES; NETO; VIERA, 2016: 764
ϭϭ

Quanto aos meios:

i. Pesquisa documental:
x consiste em exame de documento, podendo ser públicos ou privados –
daí a mudança de protocolo, consoante é público ou privado;
x varia de natureza, podendo ser papel, digital, microfilme, gravação
magnética, etc.

ii. Pesquisa bibliográfica:


x é o passo de qualquer investigação científica para, além de se
familiarizar com o tema em si, permite aprofundar as reflexões;
x procura explicar um problema através da referência das obras já
publicas, amplia a discussão metodológica.

iii. Pesquisa experimental


x Caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis;
x Avalia a relação entre as causas e efeitos de um determinado fenómeno
(exemplo: comportamento de ratos de Laboratório a partir de um
estímulo).

iv. Pesquisa ex Post Facto:


x é realizada a partir de factos passados (não há como manipular as
variáveis);
x consiste em avaliar as relações de causa e efeito (exemplo: identificar
os impactos da água contaminada nas pessoas que a consumiram).

v. Pesquisa participante:
x Existe aqui a participação directa do pesquisador, que se realiza de
forma intensa, com a situação em estudo;
x Visa compreender as características do grupo (exemplo: avaliar o estilo
de vida da comunidade de Khoisan no Sul de Angola).

ϭϮ

vi. Pesquisa – Acção:
x Trata-se de uma investigação que implica a participação implícita do
pesquisador no fenómeno estudado;
x Versa-se numa exploração de dados onde o pesquisador passa a fazer
parte com fins de entender a questão.

Exemplo: um psicólogo na empresa que pesquisa a motivação dos


funcionários motivando-os.

vii. Pesquisa – levantamento:


x realiza-se quando o número de informações recolhidas é elevado;
x faz-se uso de instrumentos que captam respostas objetivos;
x versa-se na definição de amostra significativa;
x trata-se de uma realização de análise quantitativa eestatística;
x leva às conclusões que possam ser projectadas para um grupo maior.

viii. Pesquisa – Estudo de caso


x visa o exame detalhado de um objeto;
x estuda os fenómenos contemporâneos da vida real;
x busca explicações objectivas numa natureza mais aberta;
x permite analisar em profundidade os processos e as relações entre si;
x visa responder as questões “como”, “por quê” nos certos fenómenos
que ocorrem;
x proporciona resultados que não podem ser generalizados.

1. 2. A importância da Investigação Científica na sociedade

Anteriormente, as pesquisas científicas não parecem ter sido sobremaneira


valorizadas como se verifica nos dias de hoje. A própria evolução do conhecimento
explica as devidas razões históricas. Das lições aprendidas, as pesquisas podem ser
consideradas como uma mobilização social. Quer com isso dizer que se verificam

ϭϯ

grandes movimentos e acções quando algo é descoberto e, por conseguinte, passa a ser
utilizado para ajudar ou evitar algum acontecimento.
O mundo de hoje tornou-se um mundo da investigação científica. O século das
Luzes legou ao século XIX duas riquezas: (i) a razão metódica, que conduziu a
revolução industrial; (ii) a colocação do Homem no centro do universo complexo. Por
essa razão que o século XX recebeu da investigação científica uma doação de
conhecimentos para a sociedade. A investigação científica tornou-se a ferramenta mais
útil que a sociedade humana dispõe para o seu desenvolvimento socioeconômico,
tecnológico e não só. Mas esse legado é manifestamente o resultado da Metodologia de
Investigação Científica. Isto é, a ideia cartesiana5 de valorizar todo conhecimento que
resulta de um processo metódico de escolha, análise e classificação. Dito de outra
maneira, a metodologia é importante no destino da razão através da investigação
científica.
Em tese, valorizamos a pesquisa científica por, entre outras razões, fornecer-nos
explicações coerentes e lógicas para entender o mundo que nos rodeia. Ela ajuda as
pessoas a entenderem como as coisas funcionam e por que razão determinadas coisas
parecem ou se comportam de certa forma. Além de satisfazer a curiosidade, a
investigação científica também pode ajudar a salvar ou prolongar a vida humana. Isto é,
ela toca o centro da existência humana: vida. Ela contribui para que possamos conhecer
como o nosso corpo funciona, aprender sobre alimentos e hábitos alimentares,
prevenção. Também, leva-nos a aperfeiçoar a tecnologia e rentabilizar a medicina com
aportes científicos de todos calibres, entre outro6.
Consoante Lori Alice Gressler7, no que diz respeito a importância da pesquisa
científica:
Não há área do conhecimento humano que a pesquisa esteja ausente.
Graças à investigação científica é que surgem tantas conquistas. […]
E de consenso geral que a instituição própria para as actividades
científicas é, sem dúvida, a universidade, onde vivem profissionais de
todas as manifestações…


5
O adjectivo “cartesiana” deriva do nome de Réné Descartes que escreveu o livro sobre
Métodos (indutivo, dedutivo e a esquematização da sua validade ou não).
6
DIEHL; TATIM, 2004.
7
GRESSLER, 2004: 21
ϭϰ

Uma pergunta pertinente surge: será ou não necessário que se promova a
alfabetização científica da população em geral?
Duas razões estão a favor, a saber:

x A ciência pode tornar possível o desenvolvimento futuro.


x Ela é também o factor essencial do desenvolvimento das pessoas e
dos povos.

Para responder à pergunta acima levantada, vamos considerar duas visões: (a)
National Science Educação Standards; (b) UNESCO. A seguir vamos esmiuçar cada
visão:
(a) National Science Education Standards (1996 – USA):
“Num mundo replete pelos produtos da indagação científica:
x Todos necessitam utilizar a informação científica para realizar
opções que nos deparam a cada dia;
x Todos necessitamos ser capazes de participar em discussões
públicas sobre assuntos que relacionam com ciência e tecnologia;
x Todos merecemos compartilhar a emoção e a realização pessoal
que pode produzir a compreensão de mundo natural”.

(b) UNESCO na conferência mundial sobre a Ciência para o século XXI:


“para que um país esteja em condições de satisfazer as necessidades fundamentais
da sua população, o ensino das ciências e tecnologias é um imperativo
estratégico. […] Os estudantes deveriam aprender a resolver problemas
concretos e a satisfazer as necessidades da sociedade, utilizando a sua
competência e os conhecimentos científicos e tecnológicos. […] Hoje […] é
necessário fomentar a alfabetização científica em todas culturas […] a fim de
melhorar a participação dos cidadãos na tomada de decisões a aplicação de
novos conhecimentos.”

Angola não está a parte desta realidade, pois a sua integração no concerto das
nações e na complexa concorrência na globalização levou as autoridades deste país em

ϭϱ

instituir um Ministério da Ciência e Tecnologia. Nessa matéria, o Jornal de Angola do
dia 20 de Agosto de 2009 revela-nos o seguinte:

“A criação em Angola de um Ministério da Ciência e Tecnologia


constitui indicação de que os governantes angolanos querem prestar
atenção a um ramo que pode servir de catalisador ao desenvolvimento
sustentável do país – a investigação científica. […] As autoridades
angolanas traçaram metas para se conseguirem determinados
indicadores em termos de crescimento e desenvolvimento económico e
social, pelo que entenderam que era necessário, indispensável mesmo,
que a investigação científica servisse para que se gizassem bons
programas de desenvolvimento e ajudasse a resolver os complexos
problemas que decorrem do processo de reconstrução nacional. As
nossas instituições do Ensino Superior devem começar a prestar
particular importância à investigação científica, na perspectiva da
obtenção de conhecimentos nas diferentes áreas do saber, para que
estas possam servir a toda sociedade…”

Uma das principais características da civilização moderna é o extraordinário


desenvolvimento da pesquisa científica, seja ela básica ou aplicada. Ciência e
Tecnologia constituem as fontes principais de criatividade e facultam uma ampla
dinamização da sociedade moderna. Isto é, afectam substancialmente o padrão e a
qualidade da vida em todo o globo e, de maneira mais proeminente, nos países
avançados onde a revolução científica encontrou terreno fértil.
Nesses países, a ciência cresceu mais rapidamente do que qualquer outra
actividade humana, de tal maneira que esse crescimento pode ser enfatizado de várias
formas. Em nome da ciência, o conhecimento real das coisas melhorou a compreensão
da existência, advertiu calamidades e potenciou países. Em nome da ciência, destruiu-
se seres humanos e potenciou organizações e nações que passaram a ser temidas no
mundo inteiro. Em breve, a ciência tornou-se uma arma de integração, de aceitação e de
afirmação. Por isso, países ditos desenvolvidos empregam muitos fundos financeiros,
humanos e não só8. São inegáveis as contribuições que a Ciência tem verificado nas
nossas vidas. Isto é, torna-se difícil imaginar como seria nossa vida hoje sem os
inúmeros avanços que a pesquisa científica nos proporcionou.


8
Os Estados Unidos investiram em Pesquisa e Desenvolvimento, por exemplo em 1968, cerca
de US$ 25 bilhões. Em 1960 esse investimento foi menor do que um quarto de bilhão de dólares.
ϭϲ

É importante que se tenha presente em mente que somente numa sociedade onde
exista um clima cultural, em que o impulso à curiosidade e o amor à descoberta sejam
compreendidos e cultivados, pode a ciência florescer. Admite-se, porém, que somente
quando a ciência se torna profundamente enraizada como um elemento cultural da
sociedade é que pode ser mantida e desenvolvida uma tecnologia progressista e
inovadora. Então, torna-se possível uma conexão indissociável e vital entre ciência e
tecnologia. Essa indivorciável conexão é uma característica da nossa época e certamente
essencial para a manutenção de uma civilização com os níveis presentes de população e
da qualidade de vida.
Verifica-se que toda aplicação prática, por meio de tecnologias, tem um impacto
real. Mas nem sempre positivo. Pode se citar o exemplo da bomba atómica; pode se
citar, também, um caso corrente: a clonagem e a manipulação genética levantam
inúmeras questões éticas importantes e que merecem reflexão profunda.
A ética extrema critica a ciência pela sobrevalorização dos resultados sem olhar,
no entanto, os efeitos tidos como negativos. A moral religiosa, em parte, levanta e lidera
uma reação emocional contra a ciência e tecnologia nesse aspecto. Em outros casos, a
ciência e a tecnologia são consideradas como a panaceia para a cura de todos os males.
Como é evidente, estas posições extremas merecem ser analisadas para que se possa
tomar uma posição consciente do relacionamento entre a ciência e a sociedade.

1. 3. Métodos e Técnicas de Pesquisa

Antes de exploramos a questão de método, vamos aqui referir a questão de


metodologia que é, nos últimos tempos, mais usado. O termo metodologia é composto
de dois vocábulos gregos: (a) methodos que significa organização; (b) logos, traduz-se
geralmente por estudo sistemático9. Isto é, toda pesquisa ou investigação pressupõe a
aplicação de métodos de forma sistematizada. Daí, definimos a metodologia como o
estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se realizar uma pesquisa
ou um estudo. Este é o caminho elementar de fazer ciência.


9
Etimologicamente, metodologia significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados
para fazer pesquisa científica.
ϭϳ

Também, podemos olhar a metodologia como o estudo dos métodos. Nessa
perspectiva, a metodologia assenta-se em captar as informações e em analisar as
características dos dados recolhidos utilizando vários métodos disponíveis com
propósito de avaliar suas capacidades, potencialidades, limitações ou distorções e
construir uma crítica sobre as implicações de sua utilização10.
Como já o notamos, a metodologia se interessa pela validade do caminho
escolhido para se chegar ao fim proposto pela pesquisa. Desta forma a metodologia vai
além da descrição dos procedimentos (métodos e técnicas a serem utilizados na
pesquisa), indicando a escolha teórica realizada pelo pesquisador para abordar o objecto
de estudo11.
Vamos nos concentrar agora na questão do método. Na sua acepção actual, ele
consiste na sequência de passos necessários para demonstrar que o objectivo proposto
foi atingido. Em caso dos passos definidos no método forem executados, os resultados
obtidos suscitam uma aceitação racional. Desta maneira, o método científico pode ser
definido como

“um conjunto de regras básicas para desenvolver uma experiência a


fim de produzir novo conhecimento, bem como corrigir e integrar
conhecimentos pré-existentes. Na maioria das disciplinas científicas
consiste em juntar evidências observáveis, verificáveis, empíricas
(baseadas na experiência) e mensuráveis e as analisar com o uso da
lógica”.

Os métodos científicos constituem os caminhos racionais relativamente seguros


pelo espírito lógico que os norteiam, capazes de controlar o raciocínio em si e o
movimento das coisas. Desta maneira, os métodos podem montar formas de
compreensão adequada dos fenómenos.
O método deve indicar:
x Se protótipos serão desenvolvidos;
x Se modelos teóricos serão construídos;
x Quais experimentos eventualmente serão realizados;
x Como os dados serão organizados.


10
FACHIN, 2001: 11; FIGUEIREDO, 2004: 15-17.
ϭϭ
DIEHL; TATIM, 2004: 21, 27

ϭϴ

Geralmente, descreve-se três tipos de métodos científicos que usualmente
abundam no enriquecimento do conhecimento: (1) método dedutivo, (2) método
indutivo; (3) método hipotético-dedutivo12:

Método Dedutivo

Devemos ao filósofo matemático René Descartes (1596-1650)13 que, de forma


lucida, apresentou o Método Dedutivo a partir da matemática cujo raciocínio baseia-se
nas verdades claras e incontestáveis. É daí que, as suas regras de evidência, análise,
síntese e enumeração são demostradas como suportes deste método. Esse método
começa do geral para encontrar as propriedades do particular.
O protótipo do raciocínio dedutivo é o silogismo. Quer com isso dizer que, a
partir de duas proposições chamadas premissas, constrói-se uma terceira chamada
conclusão.
Exemplo:
Todo mamífero tem um coração.
Ora, todos os cães são mamíferos.
Logo, todos os cães têm um coração.
No exemplo apresentado, as duas primeiras premissas são verdadeiras e
incontestáveis. Essa é a condição que Réné Descartes impõe na dedução, para que a
conclusão é verdadeira. A particularidade do método dedutivo situa-se nos princípios e
operações reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis. Deste modo, possibilita
chegar a conclusões de maneira puramente formal, em virtude de sua lógica.
Este método tem larga aplicação na Matemática e na Física, cujos princípios
podem ser enunciados por leis. O mesmo não se verifica taxativamente nas Ciências
Sociais. As informações gerais obtidas nem sempre gozam de verdade incontestável.
Logo, as verdades são relativas. Desta maneira, o uso do método dedutivo nas Ciências
Sociais é mais restrito, em virtude da dificuldade de se obter argumentos gerais cuja
veracidade não possa ser colocada em dúvida14.


12
Quer dizer, este método serve para verificar as hipóteses.
13
Immanuel Kant fala da dedução transcendental, diferente da dedução empírica que resulta
das experiências. Trata-se, na sua visão, de uma dedução pura.
14
GIL, 1999
ϭϵ

Método Indutivo

Define-se a indução matemática como o raciocínio segundo o qual a validade de


um elemento é válido para todos os elementos do conjunto. Ou, ainda, como um
raciocínio que generaliza as propriedades encontradas num elemento. Para Francis
Bacon (1561-1626), o conhecimento científico é o único caminho seguro para a verdade
dos factos. Como Galileu, critica Aristóteles (filósofo grego) por considerar que o
silogismo e o processo de abstração não propiciam um conhecimento completo do
universo. O conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar
em consideração princípios preestabelecidos. O conhecimento científico, para Bacon,
tem por finalidade servir o homem e dar-lhe poder sobre a natureza.
Bacon, um dos fundadores do Método Indutivo, considera:
o as circunstâncias e a frequência com que ocorre determinado
fenómeno;
o os casos em que o fenómeno não se verifica;
o os casos em que o fenómeno apresenta intensidade diferente.

Exemplo:
Mia Veta é mortal.
Nsimba é mortal.
Kalupeteka é mortal.
Matamba é mortal.

Ora,
Mia Veta, Nsimba, Kalupeteka, ... e Matamba são homens.
Logo,
(Todos) os homens são mortais.

A partir da observação, é possível formular uma hipótese explicativa da causa


do fenômeno. Portanto, por meio da indução chega-se à conclusões que são apenas
prováveis.

ϮϬ

Método Hipotético-Dedutivo

Este método foi definido por Karl Popper, a partir de suas críticas ao método
indutivo. Para ele, o método indutivo não se justifica. Se a conclusão indutiva já veicula
nas premissas, isso leva a perceber que o salto indutivo de “alguns” para “todos” exigiria
que a observação de factos isolados fosse infinita para assegurar a verdade incontestável
na conclusão.
O método hipotético-dedutivo pode ser explicado a partir do seguinte esquema:

PROBLEMA- HIPÓTESE- DEDUÇÃO DE CONSEQUÊNCIAS OBSERVADAS-


TENTATIVA DE FALSEAMENTO- CORROBORAÇÃO

Quando os conhecimentos disponíveis sobre um determinado assunto são


insuficientes para explicar um determinado fenómeno, surge o problema. A forma
racional e responsável de explicar o problema consiste em formular hipóteses. Estas
últimas deduzem-se consequências que deverão ser testadas por uma ou mais operações
metódicas que podem afirmar ou infirmá-las. As vezes, usa-se o termo falsear que
significa tentar tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. No método
dedutivo, procura-se confirmar a hipótese, ao passo que no método hipotético-dedutivo
se procuram evidências empíricas para derrubá-la.
Na operação metódica de verificação, se a hipótese não é invalidada, tem-se sua
corroboração. Nesse caso, no ponto de vista de Popper, a hipótese se mostra válida, pelo
facto de superar todos os testes. Apesar desta etapa verificada, ela ainda não é
definitivamente confirmada, uma vez que a qualquer momento poderá surgir um facto
que possa a invalidar.
Do ponto de vista da tipologia da pesquisa – ou método da pesquisa – os tipos de
trabalhos académicos, conforme a forma de construção do objecto de pesquisa, podem
ser classificados em:
1. Pesquisa experimental;
2. Pesquisa não experimental.

Ϯϭ

Antes, convém realçar aqui a significação etimológica do termo experiência, que
em latim se decompõe da seguinte maneira: (i) o prefixo “ex-” para dizer externo; (ii) a
raiz “peri”: intentar; (iii) o sufixo “entia”: qualidade. Isto é, etimologicamente o termo
significa “tentativa de provar algo a partir do exterior”.
Por essa razão, o método experimental consiste a operação de verificação que
obedece as seguintes etapas (em circuito fechado): a ideia, a pergunta, a experiência, os
resultados, novas dúvidas. O melhor método é aquele que ajuda na compreensão do
fenómeno a ser estudado.
O método experimental é mais frequente nas pesquisas realizadas nas Ciências
Naturais e aos temas relacionados à Tecnologia. Pode se citar o “método experimental”
de Claude Bernard (1813-1878) na fisiologia humana e animal. Isso evoluiu para
medicina experimental15. Louis Pasteur (1822-11895) fez várias experiências
interessantes, melhorando esse método. A pesquisa experimental implica que o
pesquisador irá sistematicamente provocar alterações no ambiente a ser pesquisado de
forma a observar se cada intervenção produz os resultados esperados.

A pesquisa não experimental


“é aquela que o pesquisador observa, registra, analisa e correlaciona
factos e variáveis em manipulá-los”...
“... orientada pelo delineamento do experimento. Isto é, o plano e a
estrutura da investigação, concebidos de forma que sejam obtidas
respostas para as perguntas da pesquisa. Trata-se de guia para a
experimentação, coleta de dados e análise”16.

É mais utilizada e indicada para a condução de pesquisas nas áreas Humanas.


A pesquisa não experimental consiste no estudo de fenómenos sem a
intervenção sistemática do pesquisador. Conforme a construção do objecto de pesquisa,
as pesquisas não experimentais podem ser classificadas (tipos de pesquisa) da seguinte
forma:
i. Pesquisa acção;
ii. Pesquisa bibliográfica;
iii. Estudo de caso;


15
BERNARD, 1984
16
MARTINS, 1990: 22
ϮϮ

iv. Pesquisa descritiva;
v. Pesquisa exploratória;
vi. Pesquisa qualitativa
vii. Pesquisa quantitativa;
viii. Pesquisa participante.

Para atingir os resultados dos objetivos traçados, impera procurar o conhecimento


de um fenómeno que seja guiado por perguntas básicas que encaminharão ao encontro
de respostas concernentes e, portanto, coerentes entre si. Essas perguntas podem ser
sintetizadas da seguinte maneira:
i. O que preciso conhecer?
ii. Por que conhecer?
iii. Para que conhecer?
iv. Como conhecer?
v. Com que conhecer?
vi. Em que local conhecer?

Tais procedimentos acabam por caracterizar uma acção metodológica que


direcciona o conhecimento do pesquisador
Qualquer estudante que pretende desenvolver um projecto de pesquisa – quer seja
uma monografia quer um artigo científico – terá que investigar consideravelmente vários
subsídios que se relacionam com o tema do seu projecto. Esse processo de
familiarização temática consiste em assegurar um prévio conhecimento à volta do
assunto e as diferentes maneiras como ele foi abordado.
Essa preparação envolve leitura assídua tanto sobre o tema a ser investigado
quanto sobre a metodologia de pesquisa a ser utilizada. Torna-se um processo de
aprendizagem para melhor preparação do pesquisador para com o tema em questão.
Em tese, o método de pesquisa não consiste apenas em recolher dados para
verificar e superar a hipótese de trabalho. O pesquisador precisa utilizar linguagens
lúcidas, construir um discurso ponderado e esclarecedor a partir desses dados que exporá
de forma sistémico e compreensível.

Ϯϯ

Isto é, o pesquisador precisa de assegurar a cientificidade do seu trabalho, evitar
tudo que é sensitivo ou “conhecimento popular”. Para isso, a crítica deve nortear a sua
pesquisa e manter-se fiel ao pensamento crítico na averiguação das informações
colhidas.

Técnicas de pesquisa

É preciso que o pesquisador conheça e escolha os instrumentos adequados,


pensando no que pretende realmente recolher e verificar. As técnicas mais conhecidas
no uso da recolha de dados são os seguintes:
a) Observação;
b) Questionário;
c) Entrevista;
d) Grupo focal.

a) Observação

Trata-se da etapa que consiste em perceber, ver mas não interpretar. Na


observação, são aplicados atentamente os sentidos a um objeto, a fim de que se possa, a
partir dele, adquirir um conhecimento claro e preciso. Esse exercício dever ser realista,
exacto, completo, imparcial, sucessivo e metódico visto que é a etapa inicial a que
sucedem outras etapas na investigação científica.
Impera salientar que uma observação pode, a partida, ser assistemática ou
sistemática quando se estrutura os elementos que compõem o objecto a investigar. A
observação assistemática é também chamada observação não estruturada, e consiste em
observar sem, portanto, um controle previamente elaborado: ela é desprovida de
instrumental apropriado. Nas ciências humanas, e isso ocorre muitas vezes, torna-se a
única oportunidade para o estudo de certos fenômenos. No entanto, a observação
sistemática parte de um controle previamente projectado. Por isso é também
denominada observação planeada ou controlada, visto que é estruturada e realizada em
condições controladas, de acordo com objetivos e propósitos previamente definidos.
Vale-se, em geral, de um instrumento adequado à sua efectivação, indicando e

Ϯϰ

delimitando a área a ser observada e requerendo um planeamento prévio para ser
desenvolvida.
Considerando o critério de participação do observador, a observação pode ser
não-participante ou participante. Diz-se que a observação não-participante quanto o
observador permanece fora da realidade a ser estudada. Seu papel é de espectador e evita
interferir ou envolver-se na situação. Na observação participante, o pesquisador
participa da situação que está a estudar, sem que os demais elementos envolvidos
percebam a posição dele: incorpora-se ao grupo e/ou à comunidade pesquisados, de
modo natural (quando já é integrante do grupo) ou artificialmente.
Levando-se em consideração o número de observadores, caso a observação for
feita por apenas um pesquisador, essa observação é chamada de individual. No caso de
mais pesquisadores estiverem envolvidos, diz-se que é uma observação em equipa. Se a
observação é feita no local de ocorrência do evento, ela é denominada de observação em
campo. Se as situações-problema (objeto de estudo) podem ser criadas artificialmente
em laboratório, a fim de que se possa observar a situação da variável experimental, tem-
se a observação em laboratório. É preciso ter algum conhecimento prévio do que
observar: antes de iniciar o processo de observação, procure examinar o local.
Determine que tipo de fenômenos merecerão registros. Essa forma evita desperdícios.
O planeamento de um método de registro crie, com antecedência, uma espécie de
lista ou mapa de registro de fenômenos. Procure estipular algumas categorias dignas de
observação. Deverá o pesquisador ter consciência dos fenômenos não esperados.
Aconselha-se que esteja preparado para o registro de fenômenos que possam surgir
durante a observação, visto a possibilidade de registar fenómenos não esperados no seu
planeamento.
Registro fotográfico ou vídeo: para realizar registros iconográficos (fotografias,
filmes, vídeos etc.), caso o objeto de sua observação sejam grupos de pessoas, prepare-
os para tal acção para não serem surpreendidos.
A observação pressupõe um relatório: procure fazer um relatório o mais cedo
possível.

Ϯϱ

b) Questionário

O Questionário, numa pesquisa é um instrumento que programa de coleta de


dados. Ele estabelece a relação pesquisador/pesquisado: a elaboração do questionário é
feita pelo pesquisador, ao passo que seu preenchimento é realizado pelo informante.
A linguagem utilizada no questionário deve ser simples e direta para que o
respondente compreenda com clareza as perguntas e as responda com objectividade.
Não é recomendado o uso de linguagem de carácter popular, a não ser que se faça
necessário por necessidade de características de linguagem do grupo (grupo de
kuduristas, por exemplo).
Todo questionário a ser enviado deve passar por uma etapa de pré-teste, num
universo reduzido, para que se possam corrigir eventuais erros de formulação. Ao
questionário deve preceder a carta de explicação, ou de autorização da pesquisa. Essa
carta precisa fazer referência ao conteúdo da pesquisa, instruções para efetivação da
investigação através do questionário, o pedido de autorização e o agradecimento pela
atenção, disponibilidade e veracidade das informações prestadas.
Nesse sentido, uma carta de explicação deverá acompanhar o questionário, com
proposta da pesquisa, instruções de preenchimento, instruções para devolução, incentivo
para o preenchimento e agradecimentos. Deve-se, no conteúdo do questionário, constar
itens de identificação demográfico do respondente para que as respostas possam ter
maior significação. Não interessa identificar diretamente o respondente com perguntas
do tipo “nome”, “endereço”, “telefone”. Tais perguntas são raramente permitidas caso
haja extrema necessidade, como para selecionar alguns questionários para uma posterior
entrevista. Quanto às questões relativas à pesquisa, elas precisam contemplar as
hipóteses de veracidade, por isso convém que sejam bem formuladas e claras. Desta
maneira, é interessante (dependendo da intencionalidade) que o questionário apresente
questões diretas e indiretas, fechadas e abertas, objetivas e subjetivas, que permitam
respostas por alternativas a serem escolhidas e respostas descritivas. Como se pode
notar, o pesquisador terá a tarefa de, depois de reunir as respostas, proceder uma
avaliação analítica das respostas.

Ϯϲ

c) Entrevista

A entrevista é uma das técnicas utilizadas na colecta de dados primários. Para a


sua efectivação exitosa, é necessário dispor um plano que lhe permite captar as
informações necessárias não deixem de ser colhidas. As entrevistas podem ter o caráter
exploratório ou pode limitar-se na coleta de informações. Se for de caráter exploratório
será relativamente necessário que a entrevista seja estruturada. As eventuais indagações,
nesse caso, são permitidas. Isto é, um levantamento de dados e informações que não
estejam previamente contempladas no formulário. Por norma, a de colecta de
informações é altamente estruturada e deve seguir um roteiro previamente estabelecido
com propósito de dar conta de respostas núcleo do objeto de investigação,
preferencialmente elaborado com itens e questões fechadas, com múltiplas escolhas.
A entrevista pode ser do tipo directa, ou indirecta. A entrevista direta consiste no
facto do entrevistador se posicionar frente ao entrevistado. Dito de outra maneira, ela é
presencial e permite ao entrevistador indagar e o entrevistado responder. A entrevista
indirecta versa no auxílio de recursos terceiros que permite ao investigador obter
respostas às suas averiguações; neste caso o entrevistado pode realizar a entrevista por
telefone, pela Internet, ou utilizar de outras tecnologias.
Quivy e Campenhoudt são de opinião que:

As entrevistas exploratórias têm, portanto, como função principal


revelar determinados aspectos do fenómeno estudado em que o
investigador não teria espontaneamente pensado por si mesmo e,
assim, completar as pistas de trabalho sugeridas pelas leituras17.

A seguir vamos dar algumas sugestões que, caso forem realmente seguidas,
podem contribuir significativamente para o sucesso da entrevista. Além de constar no
planeamento de uma entrevista, elas proporcionam maior chance de alcançar, no
mínimo, os desideratos do investigador.

Quem deve ser entrevistado


17
QUIVY; CAMPENHOUDT, 2003: 69
Ϯϳ

Procure selecionar as pessoas que realmente têm o conhecimento necessário para
satisfazer suas necessidades de informação.

Plano da entrevista e questões a serem perguntadas


Prepare com antecedência as perguntas a serem feitas ao entrevistado e a ordem
em que elas devem ocorrer.

Pré-teste
Procure realizar uma entrevista com alguém que poderá fazer uma crítica de sua
postura antes de se encontrar com o entrevistado de sua escolha.

Diante do entrevistado
Estabeleça uma relação amistosa e não trave um debate de ideias. Não demonstre
insegurança ou admiração excessiva diante do entrevistado para que isto não venha
prejudicar a relação entre entrevistador e entrevistado.
Deixe que as questões surjam naturalmente, evitando que a entrevista assuma um
caráter de uma inquisição ou de um interrogatório policial, ou ainda que a entrevista se
torne um questionário oral.
Seja objetivo, já que as entrevistas muito longas podem eventualmente cansar
entrevistado. Procure encorajar o entrevistado para as respostas, evitando que ele se sinta
isolado ao falar (o tipo de “falar sozinho”).
Durante a entrevista, aconselha-se que o investigador regista as informações do
entrevistado, sem deixar que ele fique esperando sua próxima indagação, enquanto ele
estiver a escrever.
Para o uso de gravador, o entrevistador deve pedir a permissão do entrevistador,
não apenas para evitar inibi-lo, mas também por questão de ética.

Relatório
Mesmo tendo gravado procure fazer um relatório o mais cedo possível.

Ϯϴ

d) Grupo focal

É muito frequente que as áreas do Marketing usem as “entrevistas de grupo


focal”, pelo facto de analiticamente identificar subsídios qualitativos – é na verdade uma
pesquisa qualitativa –, dada o número reduzido de indivíduos18 ou a ausência de medidas
numéricas e análises estatísticas.
Para S. Caplan, os grupos focais são “pequenos grupos de pessoas reunidos para
avaliar conceitos e identificar problemas”. Nesse aspecto, estamos perante um
instrumento interessante de marketing com propósito de determinar as reações dos
consumidores com novos e actuais produtos e serviços. Pesquisas desse gênero
realizam-se em lugar previamente selecionado e são orientadas por um guia elaborado
pelo moderador, sem necessariamente limitar-se ou, portanto, obrigar-se a ele. Seu
objetivo principal é identificar sentimentos, percepções, atitudes e ideias dos
participantes a respeito de um determinado assunto. Os usuários desta técnica a utilizam
por crer que a energia gerada pelo grupo cria uma maior diversidade e profundidade de
respostas. Quer com isso dizer que um esforço combinado de pessoas que produz mais
informações do que simplesmente o somatório das respostas individuais.
Para dar seguimento a uma pesquisa baseada nesta técnica, é necessário que um
moderador administre o diálogo e estimule um ambiente de troca onde as pessoas se
sintam à vontade ao ponto de compartilharem suas ideias e opiniões sem grandes
constragimentos.
O moderador é a peça-chave do sucesso de uma pesquisa baseada em grupos
focais. Para ele, trata-se de um desafio o facto de administrar a situação de tal maneira
que certas pessoas não monopolizem a discussão; ou, ainda, as pessoas não se sintam
intimidadas pelo extrovertimento de outrem nem se mantenham em condição defensiva,
conduzindo a reunião para que esta ultrapasse o nível superficial. Deve ter consciência
de suas habilidades em dinâmica de grupo e de sua neutralidade em relação aos pontos
de vista apresentados, possibilitando, assim, uma discussão não-tendenciosa.
Os grupos selecionados para a pesquisa podem ser homogêneos ou ainda
heterogêneos, dependendo essencialmente do objetivo da pesquisa. Na maioria dos
casos é preferível ter pessoas de um grupo homogêneo na discussão. Entretanto, se o

18
Geralmente entre seis e doze pessoas.
Ϯϵ

objetivo é provocar polêmica, é evidente que um grupo heterogêneo certamente traz
mais resultados.

1. 4. Processo de elaboração de um trabalho científico

1.4.1. Os três grandes eixos da pesquisa

Para compreender a articulação das etapas de uma pesquisa, Quivy e


Campenhoudt abordam – em linhas gerais – os princípios contidos em três eixos de uma
pesquisa e da lógica que os une: (i) a ruptura; (ii) a construção; e (iii) a constatação.

a) A ruptura: O primeiro eixo necessário para se fazer pesquisa é a


ruptura. Nossa bagagem “teórica” possui várias armadilhas, uma vez
que uma grande parte das nossas ideias se inspira em aparências
imediatas (partidarismos). Essas aparências são ilusórias e
preconceituosas. Montar uma pesquisa nessas bases consiste em
construi-la sobre um terreno complexo. Por isso, impera a ruptura de
modo a romper com as ideias preconcebidas e com as falsas evidências
que nos dão somente a ilusão de compreender as coisas. A ruptura é,
nesse caso, o primeiro eixo constitutivo das etapas metodológicas da
pesquisa19.

b) A construção. Esta ruptura só se efectua quando nos referirmos a


um sistema conceitual organizado, susceptível de expressar a lógica que
o pesquisador supõe ser a base do objecto em estudo. A partir dessa
teoria, é possível construir as propostas explicativas do objecto tanto
quanto se pode elaborar o plano de pesquisa a ser realizado. Permite,
também, que as operações necessárias sejam colocadas na prática e os
resultados esperados ao final da pesquisa sejam correspondentes.


19
QUIVY; CAMPENHOUDT, 2003: 15
ϯϬ

Sem esta construção teórica, não há pesquisa válida, visto que não
podemos submeter à prova qualquer proposta. As propostas
explicativas devem ser o produto de um trabalho racional fundamentado
numa lógica e num sistema conceitual validamente constituído20.

c) A constatação. Uma proposta de pesquisa tem direito ao status


científico quando ela é susceptível de ser verificada por informações da
realidade concreta. Esta comprovação dos fatos é chamada constatação
ou experimentação. Ela corresponde ao terceiro eixo das etapas da
pesquisa.

Esse processo separa o “sensitivo” do “científico” e determina a seriedade que se


requer em qualquer empreitada científica e séria. A pesquisa anuncia o problema, opta
caminho de recolher os dados, analisá-los sem portanto o pesquisador imiscuir-se
desonestamente nos resultados. Como se verá adiante, são geralmente sete etapas que
traçam a trajectória da pesquisa científica e condiciona a sua qualidade, também.


20
QUIVY; CAMPENHOUDT, 2003: 17
ϯϭ

1.4.2. As sete etapas da pesquisa

Figura 1: Etapas da pesquisa científica


Fonte: QUIVY; CAMPENHOUDT, 2003

ϯϮ

1.4.2.1. Primeira etapa: Questão inicial

A melhor forma de começar um trabalho de pesquisa consiste em formular um


projeto a partir de uma questão inicial. Outros aplicam o vocábulo “pergunta de partida”.
A partir da pergunta de partida (ou questão incial), o pesquisador tentará expressar com
maior precisão possível o que ele procura conhecer, elucidar e compreender melhor. A
questão inicial servirá de fio condutor da pesquisa.
Para preencher corretamente essa função, a questão inicial deve apresentar
qualidades de clareza, exequibilidade e pertinência:
o Qualidades de clareza: ser precisa, ser concisa e unívoca;
o Qualidades de exequibilidade: ser realista;
o Qualidades de pertinência: ser uma questão verdadeira, abordar o
que já existe sobre o tema e fundamentar as transformações do novo
estudo sobre o tema; ter a intenção de compreensão dos fenômenos
estudados.

1.4.2.2 Segunda etapa: Exploração do tema

A exploração do tema traduz-se em realizar leituras, entrevistas exploratórias.


Isso não exclui outros métodos complementares de exploração do tema, caso seja
necessário e indispensável.

Leitura
Escolha e organização das leituras são dois critérios de familiarização
para explorar com eficácia o tema escolhido21: partir da questão inicial;
evitar um grande número de textos; escolher textos de síntese num
primeiro momento para, em seguida, procurar textos que não
apresentem somente dados, mas que tenham também análise e
interpretações; escolher textos que apresentem abordagens e enfoques


21
QUIVY; CAMPENHOUDT, 2003 44
ϯϯ

diferentes sobre o tema; escolher os locais de busca de informações e
de textos sobre o tema22.

Como ler
Fazer resumos: colocar em evidência as ideias principais e suas
articulações de forma a tornar clara a unidade de pensamento do autor.
A qualidade de um resumo está diretamente ligada à qualidade da
leitura realizada.

Coleta de informações exploratórias


A coleta de informações exploratórias pode ser realizada através de
entrevistas, de observações ou, ainda, de procura de informações
(dados) em bancos de dados secundários, documentos, etc.

A presente etapa que dá sequência a primeira, é importante pelo facto de


identificar os conteúdos e projectar os parâmetros do tema que serão desenvolvidos.
Como se verificará, permitirá que a próxima etapa – que consiste na construção do
problema de pesquisa, ou problemática – seja feita com facilidade e clareza. Uma boa
exploração do tema a ser pesquisado conduz quase que naturalmente o pesquisador à
elaboração do problema.

1.4.2.3 Terceira etapa: Problemática

A problemática é a abordagem teórica que o pesquisador decide adotar para tratar


o problema colocado pela questão inicial. Ela é uma forma objectiva de interrogar os
objetos estudados. Construir uma problemática corresponder em responder a questão:
como vou abordar tal objecto? A concepção de uma problemática pode ser feita em dois
momentos23:


22
Uma das formas mais aconselhadas é ver nas bibliografias dos livros consultados que tenham
abordado um ou outro aspecto do tema em pesquisa. Depois de identificar os textos, procura-
los nas bibliotecas especializadas, na Internet ou adquirir nas livrarias.
23
QUIVY; CAMPENHOUDT, 2003: 102-103
ϯϰ

i.Num primeiro momento, fazemos um levantamento das problemáticas
possíveis, evidenciamos suas características e as comparamos. Para
isso, o pesquisador utiliza os resultados do trabalho exploratório. Com
ajuda de referenciais (esquemas inteligíveis, modelos explicativos)
fornecidos pelas aulas teóricas ou pelos livros de referência sobre o
tema, ele tenta elucidar as perspectivas teóricas que estão por trás das
diferentes abordagens encontradas.
ii.Num segundo momento, o pesquisador escolhe e explicita a sua própria
problemática com conhecimento de causa. Escolher é adotar um quadro
teórico que convém e se adapta ao problema e que ele tem a capacidade
de dominar o suficiente. Para explicitar sua problemática, redefine-se o
melhor possível o objecto da pesquisa, precisando por isso qual o
ângulo em que ele decide abordá-lo e reformulando a questão inicial de
forma que ela se torne a questão central da pesquisa. Paralelamente,
expõe-se a orientação teórica escolhida, ajustando-a em função do
objeto de pesquisa, de forma a obter um “sistema conceitual
organizado” apropriado ao que se está à pesquisar.

Em tese, a formulação da pergunta de partida – que, como vimos, torna-se a


questão central da investigação – as leituras, as entrevistas, as observações exploratórias
e a problemática constituem efectivamente os componentes complementares de um
processo em espiral onde se efectua a ruptura e onde se elaboram os fundamentos do
modelo de análise que operacionalizará a perspectiva escolhida24.

1.4.2.4 Quarta etapa: Construção do modelo de análise

Uma vez construída a problemática, é preciso partir para a elaboração de um


modelo de análise. Quer dizer, elaborar as hipóteses ou questões de estudo que surgiram
da problemática e que deverão ser respondidas, ou não, a partir de conceitos, modelos
teóricos, etc. Quivy e Campenhoudt são de opinião que25:


24
QUIVY; CAMPENHOUDT, 2003: 103
25
QUIVY; CAMPENHOUDT, 2003: 149
ϯϱ

O modelo de análise constitui o prolongamento normal da
problemática que articula de forma operacional os referenciais e as
pistas que serão finalmente escolhidos para guiar o trabalho de coleta
de dados e a análise. Ele é composto de conceitos e hipóteses que estão
interligados para formar conjuntamente um quadro de análise
coerente. A conceitualização – entenda, a construção de conceitos –
constituí uma construção abstrata que tenta dar conta do real. Nesse
sentido, ela não dá conta de todas as dimensões e todos os aspectos do
real, mas somente o que expressa o essencial segundo o ponto de vista
do pesquisador. Trata-se, portanto, de uma construção-seleção. A
construção de um conceito consiste em designar dimensões que o
constituem e em precisar os indicadores graças aos quais essas
dimensões poderão ser mensuradas. Distinguem-se os conceitos
operacionais isolados que são construídos empiricamente a partir das
observações diretas ou das informações colectadas e dos conceitos
sistêmicos que são construídos pelo raciocínio abstrato e se
caracterizam, em princípio, por um grau de ruptura mais alto com as
ideias preconcebidas e com a ilusão da transparência.

Duas formas são sugeridas para a construção das hipóteses (Quadro n.º 2)

Quadro 2
Métodos hipotético-indutivo e hipotético-dedutivo

Método hipotético-indutivo Método hipotético-dedutivo


A construção parte de um postulado ou
A construção parte da observação. O conceito como modelo de interpretação
indicador é de natureza empírica. A do objeto estudado.
partir dele, constroem-se novos Esse modelo gera, através de um trabalho
conceitos, novas hipóteses e o modelo lógico, as hipóteses, os conceitos e os
que será submetido à prova dos fatos. indicadores para os quais será necessário
buscar correspondentes no real.
Fonte: QUIVY; CAMPENHOUDT, 2003.

Quando iniciamos uma pesquisa pela primeira vez, a abordagem hipotético-


indutiva prevalece normalmente. Quer dizer, construímos nossas hipóteses e indicadores
a partir da observação empírica do campo. Essa observação deriva de novos conceitos e
novas hipóteses que serão submetidas à comprovação pelo modelo estabelecido.
Existe, também, a abordagem hipotético-dedutiva, quando se possuí algumas
ideias conceituais a respeito do tema trabalhado que possam explicar o objeto de estudo.

ϯϲ

Daí, a abordagem hipotético-dedutiva passa a ter mais importância. Em outras palavras,
a construção das hipóteses parte de um postulado ou conceito como modelo de
interpretação do objeto estudado. Na realidade, essas duas abordagens se articulam, pois
todos os modelos elaborados por uma pesquisa científica comportam dedução e indução.
Esta é, também, uma etapa importante do processo de elaboração de uma
pesquisa, pois, associada às etapas anteriores, conduzirá normalmente o pesquisador à
etapa seguinte de elaboração da metodologia de colecta de dados.

1.4.2.5 Quinta etapa: Colecta de dados

A colecta de dados compreende o conjunto de operações por meio das quais o


modelo de análise é confrontado aos dados coletados. Ao longo dessa etapa, várias
informações são, portanto, colectadas e, por conseguinte, serão sistematicamente
averiguadas na etapa posterior: análise das informações.
Conceber essa etapa de coleta de dados deve levar em conta três questões a serem
respondidas: (a) o que coletar?; (b) com quem coletar?; (c) como coletar?
a) O que coletar? Os dados a serem coletados são úteis para testar as
hipóteses. Eles são determinados pelas variáveis e pelos indicadores. Podemos
chamá-los de dados pertinentes.
b) Com quem coletar? Trata-se a seguir de recortar o campo das análises
empíricas em um espaço geográfico e social, bem como num espaço de tempo.
De acordo com o caso, o pesquisador poderá estudar a população total ou somente
uma amostra representativa (quantitativamente) ou ilustrativa (qualitativamente)
dessa população.
c) Como coletar? Esta terceira questão refere-se aos instrumentos de coleta
de dados, que comporta três operações:
o Conceber um instrumento capaz de fornecer informações
adequadas e necessárias para testar as hipóteses; por exemplo, um
questionário ou um roteiro de entrevistas ou de observações.
o Testar o instrumento antes de utilizá-lo sistematicamente para se
assegurar de seu grau de adequação e de precisão.
o Colocá-lo sistematicamente em prática e proceder assim à coleta de
dados pertinentes.

ϯϳ

ANOTE
Em estatística, uma variável é um atributo mensurável que varia consoante
indivíduos.
Variável quantitativa: é numericamente mensurável. Exemplo, a idade,
a altura, o peso. Estas variáveis ainda se subdividem em:
Variável quantitativa contínua: é aquela que assume valores
dentro de um conjunto contínuo, caso típico dos números reais. São
exemplos o peso ou a altura de uma pessoa.
Variável quantitativa discreta: é aquela que assume valores
dentro de um espaço finito ou enumerável, caso típico dos números
inteiros. Um exemplo é o número de fihos de uma pessoa.
Variável qualitativa: é aquela que se baseia em qualidades, e não é
mensurável numericamente. Estas variáveis ainda se subdividem em:
Variável qualitativa ordinal: É aquela que pode ser colocada em
ordem; por exemplo, a classe social (A, B, C, D ou E) e a variável
“peso”, medida em três níveis (pouco pesado, pesado, muito
pesado).
Variável qualitativa nominal: é aquela que não pode ser
hierarquizada ou ordenada, como a cor dos olhos, o local de
nascimento.

Já um indicador é um parâmetro que mede a diferença entre a situação desejada


e a situação atual. Dito de outra maneira, ele indica o estado atual do ponto
medido. É um instrumento de medição cujos resultados são utilizados nas
reuniões de Análise Crítica. O indicador permite quantificar um processo. Seus
índices expressam o grau de aceitação (em porcentagem) de uma característica.
São exemplos de indicadores:
Indicador social (por exemplo, o Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH); índices de alfabetização; taxas de mortalidade; etc.).
Indicador de sustentabilidade ambiental (emissões atmosféricas;
qualidade da água; efluentes tratados; etc.).

Na colecta de dados, o importante não é somente colectar informações que deem


conta dos conceitos (através dos indicadores), mas também obter essas
informações de forma que se possa aplicar posteriormente o tratamento
necessário para testar as hipóteses. Portanto, é necessário antecipar, ou seja,
preocupar-se, desde a concepção do instrumento, com o tipo de informação que
ele permitirá fornecer e com o tipo de análise que deverá e poderá ser feito
posteriormente.
A escolha entre os diferentes métodos de colecta de dados depende das hipóteses
de trabalho e da definição dos dados pertinentes decorrentes da problemática. É
igualmente importante levar em conta as exigências de formação necessárias
para colocar em prática de forma correta cada método escolhido.

ϯϴ

1.4.2.6 Sexta etapa: Análise das informações

O objetivo de uma pesquisa consiste em responder à questão inicial26 (etapa 1).


Para isso, o pesquisador elabora as hipóteses como “verdades primárias” ou as questões
de pesquisa e desenvolve a coleta de dados necessários. Uma vez que os dados foram
recolhidos, trata-se de verificar se essas informações correspondem às hipóteses, ou seja,
se os resultados observados correspondem aos resultados esperados pelas hipóteses ou
questões da pesquisa. Assim, o primeiro passo da análise das informações é a verificação
empírica. Mas a realidade é sempre mais complexa do que as hipóteses e questões
elaboradas pelo pesquisador, e uma coleta de dados rigorosa sempre traz à tona outros
elementos ou outras relações não cogitados inicialmente. Nesse sentido, a análise das
informações tem uma segunda função, a de interpretar os fatos não cogitados, rever ou
afinar as hipóteses, para que, ao final, o pesquisador seja capaz de propor modificações
e pistas de reflexão e de pesquisa para o futuro. Quivy e Campenhoudt27 definem a sexta
etapa da pesquisa (a análise das informações) como:

A primeira operação consiste em descrever os dados. Isso remete, por


um lado, a apresentá-los (agregados ou não) sob a forma requerida
pelas variáveis implicadas nas hipóteses e, por outro lado, de
apresentá-los de forma que as características dessas variáveis sejam
evidenciadas pela descrição.
A segunda operação consiste em mensurar as relações entre as
variáveis, da maneira como essas relações foram previstas pelas
hipóteses.
A terceira operação consiste em comparar as relações observadas com
as relações teoricamente esperadas pela hipótese e mensurar o
distanciamento entre elas. Se o distanciamento é nulo ou muito
pequeno, pode-se concluir que a hipótese está confirmada; caso
contrário, será preciso examinar de onde provém esse distanciamento
e tirar as conclusões apropriadas. Os principais métodos de análise
das informações são a análise estatística dos dados (método
quantitativo) e a análise de conteúdo (método qualitativo).


26
QUIVY; CAMPENHOUDT, 2003: 213
27
QUIVY; CAMPONHOUDT, 2003: 243
ϯϵ

No desenvolvimento da análise, os autores supracitados28 enfatizam que

(...) cada hipótese elaborada na fase de construção expressa as


relações que pensamos serem corretas e que devem ser confirmadas
pela coleta de dados. Os resultados encontrados são os que resultam
das operações precedentes. É comparando os resultados encontrados
com os resultados esperados pela hipótese que poderemos tirar as
conclusões. Se houver divergência entre os resultados observados e os
resultados esperados, será necessário examinar de onde provém esse
distanciamento e em que a realidade é diferente do que se presumia no
início, elaborando novas hipóteses e, a partir de uma nova análise dos
dados disponíveis, examinar em que medida elas se confirmam.

Nesse caso, será necessário completar a coleta de dados. A etapa a seguir é a


redigir as conclusões: relatório final das etapas, que geralmente é uma síntese com
linguagem simples e concludente.

1.4.2.7 Sétima etapa: Conclusões

A conclusão de um trabalho de pesquisa científica comporta, geralmente, três


partes que são as seguintes29:

i. Síntese das grandes linhas da pesquisa:

ƒ Preparar a produção do texto pressupõe: apresentar a questão da pesquisa


(pergunta de partida) na sua formulação final;
ƒ Apresentar as principais características do modelo de análise,
particularmente as hipóteses;
ƒ Apresentar o campo de coleta de dados, os métodos escolhidos e a coleta
de informações realizada; comparar os resultados esperados pela hipótese
com os resultados obtidos; descrever as principais distâncias encontradas
entre ambos.


28
QUIVY; CAMPENHOUDT, 2003: 222
29
QUIVY; CAMPENHOUDT, 2003: 247-53
ϰϬ

ii. Novos aportes do conhecimento produzido, que são de dois tipos:

a. Novos conhecimentos relativos ao objeto de análise

Os novos conhecimentos produzidos relativos ao objeto são aqueles que podemos


evidenciar como forma de responder a duas questões pertinentes:
ƒ O que sei a mais sobre o objeto de análise?
ƒ O que sei além do objeto de análise?

Quanto mais o pesquisador se distanciar das ideias preconcebidas do


conhecimento corrente e se preocupar realmente com sua problemática, mais terá
possibilidades de alcançar um novo conhecimento realmente produzido na base do
objeto de estudo com valiosas contribuições.

b. Novos conhecimentos teóricos

Para aprofundar o conhecimento sobre um domínio concreto da realidade, o


pesquisador precisa de definir uma problemática e elaborar um modelo de análise
composto de conceitos e de hipóteses. Ao longo de seu trabalho, não somente esse
domínio concreto foi explicitado, como também a pertinência da problemática e do
modelo de análise foi testada. Assim, um trabalho de pesquisa deve permitir igualmente
a avaliação da problemática e do modelo de análise.

Não se trata, para o pesquisador iniciante, de fazer grandes descobertas teóricas


inéditas e de grande interesse para a comunidade científica. Mas, trata-se do pesquisador
encontrar novas perspectivas teóricas, mesmo que elas sejam amplamente conhecidas.

iii. Perspectivas práticas:

Todo pesquisador deseja que seu trabalho sirva para alguma coisa. A
maior preocupação situa-se no facto das conclusões de uma pesquisa
conduzirem raramente a uma aplicação prática clara e indiscutível. Será

ϰϭ

que tratar-se-ia de consequências práticas que certos elementos de
análise implicam claramente? Caso for o caso, por quais elementos de
análise e em que a implicação é indiscutível? Não será apenas pistas de
ação que as análises sugerem, sem induzi-las de forma automática e
incontestável?

Em tese, vários pesquisadores esperam de seus trabalhos resultados práticos que


constituam guias de intervenção para as decisões e ações. Isso é possível em estudos de
caráter mais técnico, como é o exemplo dos estudos de mercado. Mas, por via de regra,
as relações entre pesquisa e ação não são assim tão diretas.

1.4.3 CRONOGRAMA DE PESQUISA

O cronograma de pesquisa estabelece a previsão do tempo que será gasto na


realização da pesquisa, que se desdobra nas etapas que o pesquisador irá seguir. Ele
serve de bússola que orienta e delimita as respectivas etapas, os diferentes períodos da
execução que permite chegar à resposta à pergunta inicial. Ele permite que o pesquisador
atinja os objectivos e responda satisfatoriamente a problemático proposto no início.
Os períodos podem estar repartidos em dias, semanas, quinzenas, meses,
bimestres, trimestres de acordo com pesquisador que estabelece os critérios que darão
corpo ao seu plano.
Abaixo segue um exemplo de cronograma de pesquisa.

ϰϮ

Como se pode notar, este modelo adapta-se consoante as especificidades
encontradas, e é ajustado sempre que possível para de acordo com as necessidades do
pesquisador.

1.4.4 ANEXOS E APÊNDICES

Os anexos são cópias de documentos, formulários, planilhas, ou outro registo


sistematizado que foi realizado, ou elaborado por outros. Não é da autoria do
pesquisador. Este precisa ser citado no corpo do texto da pesquisa.
Os apêndices são instrumentos utilizados na pesquisa que foram produzidos pelo
pesquisador, exemplo: os questionários, os formulários, tabelas que não estejam
apresentadas no texto, fotos ou outros. Eles servem para complementar a argumentação
do autor, enquanto os anexos são documentos criados por terceiros, e usados pelo autor.
Ambos são elementos pós-textuais, utilizados para complementar ou comprovar a
argumentação do texto.
Este item também só é incluído caso haja necessidade de juntar ao Projeto algum
documento que venha dar algum tipo de esclarecimento ao texto. A inclusão, ou não,
fica a critério do autor da pesquisa.
Não existem regras rígidas de formatação para esses elementos pós-textuais.
Recomenda-se, apenas, identificá-los corretamente, com títulos em negrito e letras
maiúsculas, sinalizados por letras. Ex.:
Apêndice A: Questionário direcionado aos informantes de Ensino
Fundamental
Apêndice B: Questionário direcionado aos Informantes do Ensino
Médio
Apêndice C: Transcrição da Entrevista com a Directora da Escola

Quando usar um anexo?


Separamos três exemplos para que você possa entender quando é necessário usar
anexos.
Exemplo n.º 1: foi pertinente para a sua pesquisa entrevistar os
moradores da cidade de Kilamba. Ao longo do texto, você citou os

ϰϯ

bairros. Nesse caso, é interessante anexar o mapa da cidade de Luanda,
a fim de mostrar como estão localizadas as regiões urbanas.

Exemplo n.º 2: você entrou em contato com uma empresa para pedir
informações sobre um determinado assunto importante para a sua
monografia. A resposta veio por correio eletrônico. Lembre-se de
anexar esse e-mail ao trabalho.

Exemplo n.º 3: você está desenvolvendo um projeto de pesquisa para o


curso de Publicidade e Propaganda. O seu desafio é criar uma campanha
de lançamento de um determinado produto. Ao fazer o plano da Mídia,
você demonstra como a verba será utilizada. Para comprovar da onde
os valores foram extraídos, coloque todos os orçamentos no anexo.

Exemplo n.º 4: o seu trabalho de monografia é sobre o ensino de


matemática para crianças com autismo. Em anexo, você pode colocar
um glossário com os principais termos relacionados à doença e que
foram utilizados ao longo do trabalho.

1.4.5 REFERÊNCIAS | BIBLIOGRAFIA

Há duas expressões correntes: (a) Bibliografia; (b) Referências bibliográficas.


Uma como outra refere-se à uma lista de textos consultados que obedece, modo geral, a
seguinte ordem: (i) autor; (ii) título do texto; (iii) local de publicação; (iv) local da
publicação; (v) o ano da publicação. É possível, também, que o ano venha logo depois
do autor.
As referências dos documentos para a elaboração do projecto é um item
obrigatório. Contam nela, normalmente, os documentos e qualquer fonte de informação
consultada no levantamento da literatura.
Nos trabalhos acadêmicos a referência pode aparecer em nota de rodapé ou no
final texto e encabeçando resumos ou recensões. Para uma melhor recuperação de um
documento, as referências devem ter alguns elementos indispensáveis, como o nome do

ϰϰ

auto (quem?), o título da obra (o que?), a edição, o local da publicação (onde?), a editora
e a data de publicação da obra (quando?).
Estes elementos devem ser apresentados de forma padronizada e na sequência
apresentada acima. Uma das finalidades das referências é informar a origem das ideias
apresentadas no decorrer do trabalho. Nesse sentido, apresente-as completas, para
facilitar a localização dos documentos.
Alguns exemplos de referências:

x Livro (monografia), segundo a norma Umberto Eco/UE:


ECO, Umberto, Como se faz uma tese em Ciências Humanas, 6. ed.
Lisboa: Editorial Presença, 1995.

x Livro (monografia), segundo a norma ABNT/NP (diferença na


pontuação):
ECO, Umberto. Como se faz uma tese em Ciências Humanas. 6. ed.
Lisboa: Editorial Presença. 1995.

Capítulo de obra, contido no terceiro tomo do volume XII de uma obra


colectiva, em que cada volume tem um título diferente do da obra
global, (Umberto Eco): HYMES, Dell, «Anthropology and Sociology»,
In: Sebeok, Thomas A., org., Current Trends in Linguistics, vol. XII,
Linguistics and Adjacent Arts and Sciences, t. 3, The Hague, Mouton,
1974, pp. 1445-1475.

Isto é:

x Autoria, Título do capítulo, in Nome do organizador da obra, Título


da obra, n.º do volume, Nome do volume, n.º do tomo, Local de edição,
Editora, Data, páginas citadas.
x Indicações de tradução (Umberto Eco):

ϰϱ

EFRON, David, Gesture and Environment, Nova Iorque, King's Crown
Press, 1941 (tr. it. de Michelangelo Spada, Gesto, razza e cultura,
Milão, Bompiani, 1974).

x Artigo em publicação periódica (Umberto Eco):


Araújo Pereira, Ricardo, «Porquê ser espanhol quando se pode ser
chinês?», Revista Visão, 2.11.2006, p. 177.

x Website (Umberto Eco):


Homepage oficial de Umberto Eco, Disponível em
<http://www.umbertoeco.it/>. Acesso em 28 de mar. de 2008.

1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO CIENTÍFICO

A estrutura de um trabalho científico contém duma forma global:


i. Elementos Pré-Textuais
ii. Elementos Textuais
iii. Elementos Pós-Textuais

1.5.1 Elementos Pré-Textuais


Os elementos Pré-Textuais consistem em capa e folha de rosto.

a. Capa
Título:
x Não escreva o título pensando no especialista da área, deve ser visto
e atraído pelo leitor;
x Foque na principal conclusão do seu estudo;
x Utiliza palavras de fácil entendimento;
x Um termo não entendido no título pode ser motivo para que o leitor
desiste do artigo.

ϰϲ

b. Folha de rosto:
Trata-se de um elemento pré-textual de um livro (publicação), trabalho
académico ou científico, como um relatório, monografia, tese,
dissertação. Trata-se de uma página onde aparecem como itens
obrigatórios o nome da instituição, o nome do autor, o título do trabalho,
disciplina, orientador e data. É o afronte que fornece os dados
necessários à identificação da obra.
c. Itens opcionais:
x Dedicatória: tem a finalidade de oferecer o trabalho a alguém como
homenagem de gratidão especial.
x Agradecimentos: manifestação de gratidão àqueles que
contribuíram na elaboração do trabalho.
x Biografia: informações relevantes do autor
x Epígrafe: citação de um pensamento que, de certa forma, embasou
ou inspirou o trabalho.

d. Sumário:
Trata-se da parte onde consta os itens abordados e não pode ser
confundido com anexos ou apêndice.
Um bom trabalho acadêmico precisa ser muito bem estruturado e
organizado, caso contrário será muito difícil para qualquer leitor
acompanhar as ideias do autor. Impera a organização do conteúdo
propriamente dito é um fator importantíssimo, porém não é por isso que
se deva relaxar em relação ao que vem antes dele. O sumário não serve
apenas para mostrar a localização das páginas, é também uma forma de
mostrar ao leitor quais são as etapas e partes do seu trabalho, a
hierarquia delas e como ele pode encontrá-las. Facilitar a leitura é muito
importante, pois os avaliadores também precisam ler todo o trabalho, e
com certeza eles não gostarão de ficar perdidos no texto.

Na estrutura de um texto (ou do relatório de uma pesquisa científica), coloca-se


o sumário no início, antes da introdução, pelo facto de constituir um elemento pré-

ϰϳ

textual cuja presença é obrigatória. A obrigatoriedade é notória sobretudo nos trabalhos
académicos, onde professor exige que uma determinada norma seja rigorosamente
seguida.
Exemplo do sumário:

Imagem: bibliofree.files.wordpress.com

Existe, também, o índice. Geralmente colocado no fim do texto, trata-se de lista


de informações em forma de artigo ou palavras que o autor manifesta o interesse de
destacar ou, no caso de ser um jargão técnico, fornecer explicações adicionais. A
localização e critério das palavras enumerada são determinadas pelo autor. Pela sua
função, podemos citar os seguintes índices que são comuns:
Índice cronológico: agrupa nomes e fatos importantes do texto em
ordem cronológica de anos, períodos ou épocas.

ϰϴ

Índice onomástico: organiza em ordem alfabética os autores, ou os
personagens ou as autoridades citadas ao longo do texto.
Índice remissivo: organiza em ordem alfabética os assuntos tratados
no texto.

É possível encontrar textos ou livros com mais de um índice e eles podem ser
tipos diferentes de índices, pode acontecer em textos muito extensos e o índice neste
caso facilita a leitura. É muito comum encontrar índices em enciclopédias de todos os
tipos, mas, nestes casos é mais comum encontrarmos índices remissivos para facilitar a
localização dos demais volumes da obra.

Resumo

Para os trabalhos científicos, o resumo tem por objetivo apresentar com


fidelidade ideias ou factos essenciais contidos num texto. Também chamado “Abstract”
em inglês ou “Résumé” em francês, ele tem a mesma utilidade. Sua elaboração é
bastante complexa, já que envolve habilidades como leitura competente, análise
detalhada das ideias do autor, discriminação e hierarquização dessas ideias e redação
clara e objetiva do texto final. Geralmente, um resumo/abstract não ultrapassa 300
palavras. Em contrapartida, dominar a técnica de fazer resumos é de grande utilidade
para qualquer atividade intelectual que envolva seleção e apresentação de factos,
processos, ideias, etc.
O resumo deve conter:
x Temas centrais abordados resumidos tendo em conta a sua
importância e os resultados obtidos pelo pesquisador:
x Síntese da discussão, panorama metodológico no tratamento do
assunto.
x Palavras-chave: os termos que definem os temas tratados (no
mínimo quatro).

ϰϵ

Imagem: bibliofree.files.wordpress.com

ϱϬ

1.5.2 Elementos Textuais

Trata-se aqui do conteúdo do trabalho propriamente dito. Nesse espaço, o


pesquisador expõe o essencial do seu trabalho. Ele informa a forma como recolheu as
informações, justifica a metodologia para melhor introduzir o seu leitor nas discussões.
Esse procedimento é importante para perceber as questões debatidas e a conclusão.
Quais são os elementos textuais?
a) Introdução: apresenta o tema e indica aos leitores a linha de trabalho, sua
motivação e a estrutura do texto. O pesquisador deverá informar ao seu leitor
a importância do trabalho, mencionar autores que já terão abordado a questão
(caso houver), justificar a necessidade contextual do tema estudado. A
caracterização do problema, as justificativas e as hipóteses podem ser
incluídas na introdução ou destacadas à parte, quando for o caso.

b) Desenvolvimento: construção do conteúdo utilizando as fontes de


pesquisa do autor. Essa parte é subdividida em diferentes capítulos, seguindo
uma lógica que facilite o leitor perceber o pesquisar. Os tópicos abordados
em diferentes capítulos obedecem a exposição lógica, onde análise de dados
e a verificação da pergunta inicial através de testes de hipóteses conduzem o
leitor a verificar a qualidade da pesquisa.

c) Conclusão (considerações finais): no fim do texto, o leitor precisa saber


do autor se ele alcançou os objectivos, quais foram as dificuldades e as pistas
deixadas. A conclusão é o espaço propício para colocar essas informações.
Aconselha-se ao pesquisador informar ao seu leitor a intensão de continuar
com as pesquisas nas próximas oportunidades.

Para que servem os elementos textuais?

O autor desenvolve nos elementos textuais o seu tema escolhido, é onde ele traz
o fruto de suas pesquisas e sua idéia sobre o assunto em questão. Cada um dos elementos
textuais tem pelo menos um objetivo principal.

ϱϭ

A introdução faz um apanhado geral do trabalho acadêmico e apresenta os pontos
mais importantes superficialmente. No desenvolvimento, o autor precisa discorrer e
mostrar domínio sobre o tema escolhido, esclarecer os métodos utilizados e desenvolver
o texto. A última parte, a conclusão é o espaço onde o autor deve mostrar o seu ponto
de vista com relação a tudo que foi estudado. Não é permitida a inclusão de dados,
apenas a ideia concluída do assunto trabalhado.
Os elementos textuais trazem a parte mais importante de todo o trabalho: o
conteúdo em si. É preciso que o texto esteja coeso e bem escrito para que os avaliadores
entendam o processo descrito no desenvolvimento e o ponto de vista do autor
apresentado na conclusão.

1.5.3. Elementos Pós-Textuais

Os elementos pós-textuais são apresentados conforme segue:


Referências
Elemento obrigatório que informa sobre a documentação consultada, e
onde se pode encontra-la para permitir que outros autores continua a
pesquisa ou verificam as acepções do autor.

Glossário
Elemento opcional, elaborado em ordem alfabética.

Apêndice(s)
Elemento opcional. Os apêndices são identificados por letras
maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos. Em caso
exepcionais, são utilizadas as letras maiúsculas dobradas, na
identificação dos apêndices, quando esgotadas todas as letras do
alfabeto.

Exemplo:
APÊNDICE A – Avaliação numérica de células inflamatórias
totais aos quatro dias de evolução.

ϱϮ

APÊNDICE B – Avaliação de células musculares presentes nas
caudas em regeneração.

Anexo(s)
Elemento opcional. Os anexos são identificados por letras maiúsculas
consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos. De forma
excepcional, utiliza-se letras maiúsculas dobradas, na identificação dos
anexos, quando esgotadas todas as letras do alfabeto. Exemplos:

ANEXO A – Representação gráfica de contagem de células


inflamatórias presentes nas caudas em regeneração – Grupo de
controle I (Temperatura…).

ANEXO B – Representação gráfica de contagem de células


inflamatórias presentes nas caudas em regeneração – Grupo de
controle II (Temperatura…).

Índice
Elemento opcional – Informação e documentação – Índice –
Apresentação.

ϱϯ

ϱϰ

Capítulo II

NOÇÂO DE AMOSTRAGEM

2.1. Amostragem – uma visão resumida

Nesse primeiro ponto, iremos definir o que se entende por amostra de pesquisa.
Também, iremos ilustrar nesse capítulo, quais são os passos que devem, em rigor, seguir.
Entendemos por amostra de pesquisa toda parcela populacional que respeita as
proporções e critérios da população de maneira a representá-la correctamente. Essa
medida justifica-se pelo facto de ser impossível de entrevistar toda população. Desta
feita, convém sempre obedecer rigorosamente em observar todos os passos, ao risco de
comprometer a amostra de pesquisa. Podemos avançar um exemplo: “fazer pesquisa
sobre os consumidores de bebidas alcoólicas”. Essa pesquisa, como podemos o notar,
não nos leva necessariamente a mapear e projectar conversa com todos os consumidores
de uma determinada região ou país. Mas é possível realizar tal pesquisa a partir de uma
amostra de pesquisa.
Dito de outra maneira, amostra de pesquisa seria uma parcela dos consumidores
de bebidas alcoólicas e que pode representar o total do universo do estudo a partir
de critérios estatísticos e metodológicos. Importa salientar aqui a importância da
metodologia escolhida.
Podemos ainda utilizar outros exemplos mais simples ainda: para saber o sabor
de um bolo, não é necessário comer o bolo na íntegra. Uma pequena porção do bolo
poderá revelar o sabor e muito mais. Esse pedaço de bolo pode ser equiparado a amostra
de pesquisa e o bolo em si constituiu o universo (população) que se pretende pesquisar.
Chamamos amostragem o processo criterioso de obter as amostras – e pequena
quantidade – como partes do universo/população por pesquisar. Essas amostras são
descritas, manipuladas, questionadas, verificadas na base das características que
apresentam, verificar a partir de testes para finalmente chegar a uma inferência. Isto é,
para compreender o geral/univeso. A ilustração a seguir resume esse processo.

ϱϱ

Fonte: https://sites.google.com/site/estatisticabasicacc/conteudo/parte-2---inferencia/01---
amostragem?

Exemplos de amostragem na vida cotidiana

Exemplo 1:
Uma cozinheira a preparar “nsaki madesu”: feijão com kizaka numa
panela cheia. A fim de descobrir se ela colocou sal suficiente na “nsaki
madesu”, ela precisa apenas provar uma colher com a comida. A sua
percepção do sal na colher reverte-se naquilo que é o sal em toda
comida.

Exemplo 2:
Um médico está examinar um paciente. Para determinar a proporção de
glóbulos brancos e vermelhos no sangue do paciente, ele extrai alguns
mililitros de sangue. Com essa pequena quantidade ele conta o número
de células brancas e vermelhas, e calcula a proporção dessas contagens.
Ele então assume que essa relação se aplique ao sangue do paciente.

Exemplo 3:
Um arqueólogo explora um antigo cemitério e encontra alguns objectos
como flechas e facas. Com base no exame dessas descobertas, ele forma
uma opinião sobre a cultura que produziu essas flechas, facas, etc.

ϱϲ

A cozinheira, o médico e o arqueólogo têm em comum a tarefa de abordar, de
alguma forma metódica, o problema de todo um universo vasto a partir de uma amostra.
As suas conclusões a partir da amostra versam-se para uma população e são
necessariamente incertas. Mas eles não estão salvos de “erro”. Existem, no entanto,
diferenças consideráveis entre os três exemplos de como lidar com esse problema.
1. A cozinheira agita a sopa cuidadosamente na panela antes de tomar a
colherada de sopa para saborear. O processo de “agitar sopa” serve para torná-
la homogênea. Logo, essa experiência indica que a colherada de sopa
reflectirá com precisão o sabor da sopa.
2. O médico partiu do pressuposto que o sangue na veia do paciente é
homogêneo. Isto é, as propriedades de uma quantidade ínfima do sangue
correspondem as propriedades todo sangue do corpo.
3. O arqueólogo, no entanto, está em situação mais complexa. Ele deve ter em
conta que suas possíveis descobertas podem não ser obrigatoriamente
“representativas” da população da qual elas foram selecionadas. Logo, ele
evitará desconsiderar a responsabilidade de dar uma imagem enganosa da
cultura em questão, por ser, por exemplo, mais resistente do que a maioria dos
objectos.

2.2. Vantagens e inconveniências de amostragem

Vantagens:
A amostragem é útil pelo facto de permitir acompanhar um processo inverso que
chamamos de generalização. Para conhecer um universo, o que fazemos é: (1) Extrair
uma amostra do mesmo, (2) Medir um dado ou opinião, (3) Projetar no universo o
resultado observado na amostra. Esta projeção ou extrapolação recebe o nome de
generalização dos resultados. Contudo, a amostragem permite:
x Estudar menos indivíduos e empregar menos recursos (tempo e dinheiro) para
compreender um fenómeno ou realidade;
x Simplificar a manipulação de dados. Se uma amostra de 1.000 pessoas é
suficiente, torna-se desnecessário analisar um arquivo com milhões de
registros.
ϱϳ

Inconveniências:
x Existe um erro controlado no resultado, devido a própria natureza da
amostragem e a necessidade de generalizar os resultados;
x Há um risco de má selecção da amostra. Por exemplo, se não se seleccionar
os indivíduos de forma aleatória, os resultados poderão ser seriamente
afetados.

2.3. Técnicas de Amostragem

A técnica de amostragem é a parte da Teoria de Estatística onde são definidos


os procedimentos para seguir nos planos amostrais e as técnicas de estimação utilizadas.
Grosso modo, as técnicas de amostragem – tal como o plano amostral – são
amplamente utilizadas nas pesquisas científicas, tanto quanto nas pesquisas de opinião
para se conhecer alguma característica da população.
Nos planos amostrais, a colecta dos dados deve ser realizada tendo em conta a
observância de uma metodologia adequada para que os resultados possam ser
extrapolados para a população como um todo.
Esse processo de extensão dos resultados por população corresponde, na
estatística, naquela que chamamos de inferência.

Alguns conceitos

Tendo em conta a abordagem e a peculiaridade que impõe no jargão (entenda por


este termo “linguagens próprias no domínio”), importa-nos fornecer aqui definições
resumidas das expressões frequentes.

População e amostra
Em estatística, a população está formada pelo conjunto de indivíduos (ou
objectos) finitos ou infinitos que queremos abranger no nosso estudo e para

ϱϴ

os quais desejamos as conclusões da pesquisa. Os indivíduos da população
têm pelo menos uma característica em comum.
Exemplos:
x População finita: adolescentes da província do Uíge;
x População infinita: peixes no território marítimo de Angola.

População amostral:
Trata-se do conjunto de indivíduos da população que estão de facto acessível
para serem amostrados.

Amostra:
É a parcela da população amostral efectivamente seleccionada para a
realização do estudo, de acordo com um processo de selecção adequado.

Parâmetro:
É uma característica fixa e desconhecida da população a qual se tem
interesse em estudar.
Os parâmetros representam quantidades numéricas que podem ser
interpretadas pelo pesquisador, como por exemplo: média; proporção;
variação; taxa de crescimento; etc.

Alguns exemplos de parâmetros:


o Proporção de crianças com a cobertura vacinal completa;
o Número de deficientes físicos em Luanda, por município
administrativo;
o Percentual de intenção de votos para um candidato numa pesquisa
eleitoral;
o Tempo até a cura de pacientes submetidos a um novo tratamento ou
a uma nova droga;
o Medida do desempenho escolar de crianças expostas à violência
doméstica do pai contra a mãe.

ϱϵ

Estimativa:
É o valor calculado a partir dos dados obtidos pela amostra para se estimar
o valor desconhecido do parâmetro.
Exemplo: média amostral, proporção amostral, variância amostral, etc...

Unidade amostral:
É o indivíduo (ou elemento) da população amostral sobre o qual a medida de
interesse será observada; elemento objecto da pesquisa.

As unidades amostrais podem ser os próprios elementos da população


amostral ou podem ser formadas por grupos de elementos, compondo o que
será chamado de conglomerado.

Os Conglomerados podem ser formados por:


Quarterão (uma área fechada pelas ruas);
Ruas (face de quarterão);
Departamentos;
Prateleiras;
Lotes de produtos;
Etc…

Sistema de referência ou base de sondagem:


É uma listagem completa (ficheiro) actualizada que dispensa qualquer
repetição de todas as unidades da população amostral (aptas a serem
seleccionadas na amostra). A base de sondagem pode ser documentos
administrativos existentes (ficheiro fiscal), uma lista de um inquérito recente,
uma lista das aldeias ou de conglomerados.

Amostragem probabilística:
É a pesquisa por amostragem realizada segundo critérios bem definidos da
teoria estatística das probabilidades. Na amostragem probabilística todas as

ϲϬ

unidades da população amostral devem ter a mesma probabilidade de serem
seleccionadas; não deve existir intenção ou simpatia na escolha dos
elementos (unidades).

PLANOS DE AMOSTRAGEM

No plano de amostragem devem-se ter bem definidos os seguintes elementos:


o Unidade amostral: trata-se de indivíduos ou grupos de indivíduos
(conglomerados);
o Sistema de referência: também conhecido como base de sondagem,
consiste na lista completa e actualizada e sem ambiguidade das unidades
amostrais.
o N = significa o tamanho da população que é definido pelo número de
indivíduos da população amostral;
o n = trata-se do tamanho da amostra que é definido pelo número de
indivíduos seleccionados na amostra.

Interessa realçar que, numa mesma pesquisa, é possível que existam vários planos
de amostragem. A escolha do plano de amostragem depende nesse caso dos seguintes
factores:
o Tamanho da população N;
o Custo;
o Heterogeneidade da população.

2.3.1. Amostragem Aleatória

Consideramos uma amostragem como aleatória, se toda unidade amostral tem


uma probabilidade conhecida e não nula de ser seleccionada. Por isso, também, é
chamada amostragem probabilística. Quer com isso dizer que, o método de amostragens
aleatórias fundamenta-se no princípio segundo o qual a amostra deve ser determinada

ϲϭ

duma forma objectiva, na qual não há intervenção do “critério individual”, tal que todas
unidades da população amostral têm a mesma possibilidade de ser seleccionadas e com
alguma certeza. Isto significa que as unidades da amostra são seleccionadas por acaso.
Existe uma variedade de planos sobre os quais a amostra pode ser seleccionada.
Em cada plano considerado, nota-se que a estimação da dimensão de amostra seja
possivelmente realizável no que diz respeito ao conhecimento do grau de precisão
desejado. Os custos relativos e o tempo levado em cada plano são confrontados antes de
tomar a decisão.

Os principais planos de amostragem aleatório são:

a. Amostragem Aleatória Simples (A.A.S.)

Em regra geral, na amostragem aleatória simples (adiante A.A.S.), a amostra


de tamanho n é seleccionada ao acaso dentre os N elementos da população
amostral.

Citamos o procedimento regular de sorteio:


i. Uma unidade é seleccionada ao acaso dentre as N possíveis;
ii. A segunda unidade é seleccionada ao acaso dentre as (N -1) restantes...
iii. ... e assim por adiante, até que todos as n unidades sejam sorteadas.

Esse procedimento tem a característica de ser “sem reposição”. Dito de outra


maneira, cada unidade aparece uma única vez na amostra.
Existe, em contrapartida, procedimento cuja característica é “com reposição”.
Isso ocorre quando a unidade pode aparecer mais de uma vez na amostra. Visto que são
pouco comuns na prática, não serão aqui abordados.

Observação:
Quando o tamanho da população for muito grande, os dois procedimentos de
sorteio (“sem reposição” ou “com reposição”) são equivalente.
Na A.A.S., a probabilidade de qualquer indivíduo (ou elemento) da

população fazer parte da amostra é igual a

ϲϮ

Perante à pergunta: “como realizar o sorteio”?
Respondemos da seguinte maneira:
i. Geração de número aleatórios pelo computador;
ii. Tabela de número aleatórios;
iii. Gobos com bolinas numeradas;
iv. Qualquer outra forma aleatória de escolha que preserve a propriedade de
que cada unidade amostral tenha a mesma chance de ser seleccionada.

b. Amostragem Aleatória Estratificada (adiante A.A.E.)

Ao verificar uma população bastante heterogênea30 é considerável subdividir a


população em estratos homogêneos.
A população é dividida em k estratos sendo que, uma A.A.S. é aplicada em cada
um dos deles.
Definições:
i. Tamanhos dos estratos: N1, N2, N3, ... Nk
N1 + N2 + N3 + . . . + Nk = N – População total

ii. Tamanhos das amostras nos estratos: n1, n1, n3, ... nk
n1 + n2 + n3 + . . . + nk = n

Observação:
A A.A.E. produz resultados mais precisos do que a A.A.S. com o
mesmo tamanho de amostra. É mais cara pelo facto de segmentar a
população.
Pergunta:
Sabendo que o tamanho da amostra é n, como se pode alocar – quer dizer,
determinar – o número de indivíduos a serem seleccionados em cada um dos
estratos?


30
Quer dizer, quando as características observadas variam muito de um indivíduo para outro.
ϲϯ

Resposta:
i. Alocação por tamanho igual: caso se desconfia de que os estratos
estejam todos de tamanhos parecidos. Isto é:
N1 ≈ N2 ≈ N3 ≈ . . . ≈ Nk

Então pode-se fazer: n1 = n2 = n3 = . . . = nk =

Exemplo: Se o tamanho de uma amostra for n = 64 e, o número de


estratos é k = 4, então, n1 = n2 = n3 = n4 = 16.

ii. Alocação por tamanho do estrato31: na alocação proporcional ao


tamanho, os tamanhos das amostras devem seguir a mesma relação de
proporcionalidade dos tamanhos dos estratos. Quer dizer:
࢔ͳ ܰͳ ࢔ʹ ࡺʹ ࢔݇ ࡺ݇
ൌ ǡ ൌ ǡǥǥǥǥǥǡ ൌ 
࢔ ܰ ࢔ ࡺ ࢔ ࡺ

Desta forma, tem-se


࢔ࡺ૚ ࢔ࡺଶ ࢔ࡺ௞
n1 = , n2 = , …….., nk =
ࡺ ࡺ ࡺ

Exemplo:
Considere uma amostra de tamanho n = 48 a ser seleccionada de uma
população dividida em 3 estratos, tais que N1 = 45, N2 = 86 e N3 = 139,
então
N = 45 + 86 + 139 = 270

ேଵ ସହ ଵ ସ଼
ൌ = => n1 = =8
ே ଶ଻଴ ଺ ଺

ேଶ ଼଺ ସଷ ସ଼௫ସଷ
= = => n2 = = 15,2 ≈ 15
ே ଶ଻଴ ଵଷହ ଵଷହ

ேଷ ଵଷଽ ସ଼௫ଵଷଽ
= => n3 = = 24,7 ≈ 25
ே ଶ଻଴ ଶ଻଴


31
Também chamada de alocação proporcional.
ϲϰ

Portanto, n1 = 8, n2 = 15 e n3 = 25 é a alocação proporcional ao
tamanho dos estratos.

Esse resultado significa que se deve seleccionar 8 indivíduos do


primeiro estrato, 15 do segundo estrato e, finalmente, 25 do terceiro.

iii. Alocação óptima: trata-se da alocação que optimiza uma relação


conhecida (função) e que normalmente envolve o tamanho dos estratos,
as suas heterogeneidades e o custo da amostragem.

Por “optimizar” deve se entender o processo de escolher os tamanhos


de amostras em cada estrato que maximizam, ou minimizam, a função
escolhida.

c. Amostragem Aleatória por Conglomerados (A.A.C.)

Na amostragem por conglomerados os elementos da população são agrupados em


conglomerados. O termo inglês usado é clusters que remete aos “grupos” que serão as
unidades amostrais a serem seleccionadas. A divisão deve ser feita de forma que os
conglomerados tenham as mesmas características da população.
Na A.A.C. uma A.A.S. é aplicada para a seleção aleatória de k conglomerados.
Uma vez seleccionados os conglomerados, todos os seus elementos devem
obrigatoriamente ser observados. O procedimento acima descrito pressupõe que
consideramos uma A.A.C. em um estágio, quando se realiza uma única selecção de
conglomerados.
A A.A.C. pode, ainda, ser aplicada em dois ou mais estágios. Na A.A.C. em dois
estágios, após a escolha dos conglomerados, aplica-se um segundo sorteio aleatório
dentre os seus elementos.

Exemplo:
Estudo sobre a percepção social dos problemas sanitários do município de
Kilamba Kiaxi na cidade de Luanda.

ϲϱ

Definindo-se os quarteirões como sendo os conglomerados:
a) A.A.C. em um (1) estágio:
Uma A.A.S. é aplicada para a selecção de uma amostra aleatória de
quarteirões, e o questionário é aplicado a todos os domicílios dos
quarteirões então seleccionados.

b) A.A.C. em dois (2) estágios:


i. No 1º estágio: aplica-se uma A.A.S. para se selecionar uma amostra
de quarteirões;
ii. No 2º estágio: dentre os quarteirões selecionados no 1º estágio,
sorteia-se uma amostra aleatória de domicílios que, de facto,
participarão da amostra.
o A A.A.C. produz resultados menos precisos do que a A.A.S.
ainda que tenha o mesmo tamanho de amostra e, por
consequência, menos ainda do que a A.A.E.
o É mais económica por agrupar os elementos da população.
o Na A.A.C. o tamanho da amostra n será determinado a
posteriori, pelo número total de elementos observados nos
conglomerados (no estágio final de amostragem).

Quadro comparativo entre os três métodos de amostragem:

A.A.E. Mais precisa do que a A.A.S., todavia mais cara.


• Considera a heterogeneidade da população
A.A.S. Planeamento ideal.
• Pode ser muito cara
• Não considera a heterogeneidade da população
A.A.C. Menos precisa do que a A.A.S. e A.A.E., porém mais barata.
• Resolve o problema do custo

ϲϲ

d. Amostragem Sistemática

É aplicada de forma sistemática, tendo em mão um sistema de referência de fácil


acesso. Na amostragem sistemática além da facilidade de acesso ao sistema de
referência, a informação a ser colectada também é de fácil acesso.
Fichas de cadastro de assinantes (revistas, provedores de acesso à internet,
serviço telefónico, etc.); cadastro de funcionários; peças numa linha de produção; mudas
num canteiro; etc...
A seguir o procedimento com o sistema de referência em mãos:

(a) Determina-se o intervalo de selecção, que é dado por R = ;

(b) sorteia-se um indivíduo, ou item, dentre os R primeiros da relação;


(c) a partir daí, selecciona-se os indivíduos sistematicamente a cada
intervalo de tamanho R.

ϲϳ

Exemplo:
se a população tem tamanho N = 84 e deve-se seleccionar uma amostra de
tamanho n = 6, então, tendo-se em mão uma relação com os 84 indivíduos
da população:
଼ସ
i. Divide-se população em 6 seções de tamanho = 14

ii. Selecciona-se aleatoriamente o primeiro indivíduo da amostra


dentre os 14 primeiros (por exemplo, o de número 5);
iii. O segundo indivíduo a ser seleccionado é o 5 + 14 = 19, ou seja, o
19º. da relação;
iv. O terceiro é o 19 + 14 = 33, ou seja, o 33º. da relação, e assim por
diante.

Ordem Indivíduo
seleccionado
1 5o
2 19o
3 33o
4 47o
5 61o
6 75o

଻ଽ
Outro exemplo: N = 79 e n = 7 => = 11,3

O primeiro seleccionado é o 3º., e, dai por diante a selecção é feita em


intervalos de tamanho 11 (ver tabela a seguir).

Ordem Indivíduo
seleccionado
1 3o
2 14o
3 25o
4 36o
5 47o
6 58o
7 69o

ϲϴ

Situações especiais:
଺଼
Se, por acaso: N = 68 e n = 7 => = 9,7 ≈ 10

O primeiro seleccionado é o 9º e, a partir daí:

Ordem Indivíduo
seleccionado
1 9o
2 19o
3 29o
4 39o
5 49o
6 59o
7 69o

Note que nesse caso, o 69o indivíduo da relação não existe, uma vez que N
= 68, logo, a amostra fica com uma unidade a menos.
଼଴
Isto é: N = 80 e n = 7 =>

O primeiro selecionado é o 2º.

ordem Indivíduo
seleccionado
1 2o
2 13o
3 24o
4 35o
5 46o
6 57o
7 68o
8 79o

Já, nesse caso, o 79º indivíduo é o penúltimo da relação e deve ser incluído, logo,
a amostra fica com uma unidade a mais. A amostra pode ter uma unidade a mais ou a
menos em função do arredondamento.

ϲϵ

2.3.2. Amostragem não-Aleatória

Verifica-se que, frequentemente, não se tem acesso a um sistema referência para


a realização do sorteio. Nesse preciso caso, uma outra saída é a utilização de métodos
de amostragem não aleatórios. Também chamada de “amostragem não probabilística”
trata-se, basicamente, de uma técnica de amostragem na qual as amostras são recolhidas
através de um processo que não dá todos os indivíduos da população as mesmas
possibilidades de ser selecionado.

i. Amostragem por cotas: a população é dividida em grupos, assemelhando-


se à A.A.E. Ainda assim, a selecção não é aleatória. Para evitar erros,
recomenda-se que o inquiridor faça recurso à utilização da folha de cota.

ii. Amostragem por julgamento e estudos comparativos: selecciona-se as


unidades da amostra segundo um determinado perfil definido segundo os
objectivos da pesquisa. No estudo comparativo certas características são
comparadas em duas, ou mais, populações através de amostras escolhidas por
julgamento.

ϳϬ

Exemplos:
1) Estudo sobre a produção científica dos departamentos de ensino de
uma universidade.
2) Estudo sobre a percepção do conceito de morte em crianças de
diferentes períodos de desenvolvimento cognitivo (subperíodo pré-
operacional, subperíodo das operações concretas, período formal).

Observação: normalmente, não se procura a generalidade os estudos


comparativos. Na realidade, indaga-se as diferenças entre os grupos em
análise.
Nesse contexto, as amostras devem ser os mais similares possíveis, diferindo
apenas em relação ao factor de comparação.
Exemplo: Estudo comparativa da incidência de câncer de pulmão em
grupos de fumantes e não fumantes.

iii. Amostra intencional. Uma amostra intencional é aquela cuja seleção é


baseada no conhecimento sobre a população e o propósito do estudo. Por
exemplo, se o pesquisador está estudando a natureza do espírito estudantil
representado em um comício/protesto, ele ou ela pode entrevistar pessoas que
não se sensibilizam com essa causa ou estudantes que nunca participaram de
protestos. Nesse caso, o pesquisador está usando uma amostra intencional, pois
a cada entrevistado caberá uma visão sobre o tema. A amostra intencional é
muito comum em pesquisas qualitativas.
iv. Bola de neve: Um modelo “bola de neve” é apropriadamente utilizado em
pesquisa quando os membros da população são difíceis de localizar. Pode se
citar o seguinte exemplo: imigrantes sem visto de permanência no país. Em uma
amostragem bola de neve, o pesquisador coleta dados sobre um pequeno
número de membros da população alvo que consegue localizar e, em seguida,
solicita a estes que o auxiliem a providenciar o contato com outros membros
dessa população. No caso de o pesquisador entender entrevistar imigrantes de
um país específico, ele pode iniciar por pessoas que conhece. Destes, ele vai
pedir novos contatos de conterrâneos conhecidos por estes. Esse processo

ϳϭ

continua até que o pesquisador tenha todas as entrevistas que necessita. Isto é,
preferencialmente, até que todos os contatos tenham sido atingidos
(http://www.contornospesquisa.org/search/label/pesquisa%20qualitativa).
Também muito comum na pesquisa qualitativa.

2.4. Tamanho da Amostra e Erros de não Amostragem

A determinação de amostra de uma pesquisa consiste em clarificar quatro pontos


fundamentais: (1) perfil da amostra e o universo (tamanho da população), (2) relação
margem de erro e a amostra de pesquisa, (3) nível de confiança e amostra de pesquisa,
(4) determinação do tamanho da amostra.

(1) O perfil da amostra é o conjunto de características da população que vai


ser usado para definir o grupo a ser pesquisado.

O critério para definir o perfil da amostra pode ser baseado em características


demográficas (idade, género/sexo, classe social), assim como em
características altitudinais (comportamento de consumo, por exemplo).

Aconselha-se cautela e prudência nessa etapa, visto que caso o pesquisador


não inclua algumas características relevantes, poder-se-á chegar as
conclusões erradas.

(2) A margem de erro consiste na diferença percentual máxima entre os


dados de uma amostra de pesquisa com os dados reais do universo desta
pesquisa. Não há como definir amostra de pesquisa sem levar isso em
consideração.

Ao realizar uma pesquisa, o pesquisador trabalha com estimativas e opiniões


pessoais. Na verdade, não pode ser uma preocupação alarmante: essa
margem de erro é comum.

ϳϮ

Ou melhor: supõe-se que a sua empresa esteja à realizar uma pesquisa de
mercado e faz recurso à uma determinada amostra. Isso significa que não
serão entrevistadas todas as pessoas de seu universo. Contudo, uma parcela
representativa destas pessoas será entrevista. As respostas e opiniões desta
amostra vão representar o pensamento (ou visão) do todo. Nesse caso, a
margem de erro corresponderia a quantos pontos percentuais
aquelas informações podem variar, para mais ou para menos.

Caso 80% de sua amostra de pesquisa tenha declarado que concorda com
determinada frase, e estando à utilizar uma margem de erro de 5 pontos
percentuais, a concordância com a frase será entre 75% e 85%. Ou seja, 5
pontos percentuais para cima ou 5 pontos percentuais para baixo.

Define-se o erro amostral como a diferença que há entre a estimativa obtida para
um parâmetro e o seu verdadeiro valor. Este erro decorre da variabilidade natural das
unidades amostrais (é aleatório)
(http://www.contornospesquisa.org/search/label/pesquisa%20qualitativa).

erro amostral = estimativa – θ

ϳϯ

Fonte: https://www.netquest.com/blog/br/blog/br/amostragem-porque-funciona

Felizmente, o erro cometido pela generalização de resultados pode ser limitado


através de estatísticas. Para isso, usamos dois parâmetros: a margem de erro (diferença
máxima entre os dados observados na minha amostra e os dados reais do universo) e o
nível de confiança (nível de certeza sobre os dados reais que está dentro da margem de
erro).
Podemos citar um exemplo: propõe-se saber, através de um estudo científico,
aspectos concernentes aos fumantes de um certo município de Luanda. Desta feita, se
selecionamos uma amostra de 471 indivíduos e perguntamos se eles fumam, o resultado
obtido será uma margem de erro máxima de + 5% com um nível de confiança de 95%.
Esta forma de anunciar os resultados é correcta quando se utiliza a amostragem.
Alguns erros em amostragem:
i. População acessível diferente da população alvo;
ii. Falta de resposta;
iii. Erros de mensuração.

ϳϰ

(3) O nível de confiança de uma pesquisa ou o erro tolerável é a certeza de
que os dados obtidos estão dentro da margem de erro. Dando um
exemplo: se o nível de confiança é de 95%, se você repetir a pesquisa 100
vezes, com amostras aleatórias, em 95 dos casos o resultado será o
mesmo.

O erro tolerável é uma margem de erro das estimativas em relação ao


parâmetro θ, para mais ou para menos, o qual o pesquisador está disposto a
aceitar.
(https://econpolrg.files.wordpress.com/2018/04/amostragem_ciencia_politic
a.pdf)

(4) O tamanho da amostra

Qual o tamanho da amostra que o pesquisador precisa para estudar um universo?


Em tese, o tamanho da amostra de pesquisa depende directamente do tamanho do
universo a ser investigado e da margem de erro aceitável para o pesquisador.
A determinação do tamanho da amostra é, talvez, o grande dilema dos
pesquisadores, pelo facto de que se deve levar em conta um erro tolerável e a
probabilidade de se cometer tal erro. Quanto mais alta for a precisão, maior será a
amostra necessária. Se o pesquisador não se interessar em ter uma certeza absoluta no
resultado – até a última casa decimal – a amostra precisar ser tão grande quanto o
universo.
Mas o tamanho da amostra tem uma propriedade fundamental que explica o
porquê a amostragem utiliza diversas áreas do conhecimento. Esta propriedade pode ser
resumida da seguinte forma: a medida que estudamos universos maiores, o tamanho da
amostra cada vez mais representa uma percentagem menor desse universo.
Este fenômeno é explicado de forma didáctica no website: “Gaussianos.com”.
Trata-se um blog interessante que se dedica à matemática. Suponhamos que queremos

ϳϱ

fazer uma pesquisa para encontrar uma percentagem (% de pessoas que fumam) com
uma margem de erro de 5% e uma margem de confiança de 95%. Se o universo estudado
englobar 100 pessoas, a amostra teria 79,5 indivíduos (isto é, 79,5% do universo, que
representa uma parte muito importante de todo o universo). Se o universo fosse de 1.000
pessoas, a amostra do pesquisador seria de 277,7 pessoas (27,7% do universo). E se o
universo do pesquisador fosse 100.000, a amostra necessária seria de 382,7 pessoas
(3,83% do universo).
Portanto, a medida que o universo for maior, a amostra deve crescer de forma
desproporcional, com a tendência de estagnar, cada vez mais e em representar uma
percentagem menor do universo. Na verdade, a partir de um certo tamanho do universo
(cerca de 100.000 indivíduos), o tamanho da amostra não cresce mais, conforme
observamos no exemplo a seguir:

Tamanho da amostra necessária para obter nível de erro em 5% e nível


de confiança em 95%

Fontes: https://cdn2.hubspot.net/hubfs/2595966/imported_Blog_Media/tabela.jpg?
t=1530629977817

Os dados acima citados ilustram que não importa quão grande é o tamanho do
universo. Um aspecto importa a realçar aqui, por exemplo, é que com 385 pessoas é
possível estudar todos os dados com o mesmo nível de erro (margem de erro de 5% e
ϳϲ

95% de margem de confiança). Por esta razão, a amostragem verifica-se tão poderosa:
podemos afirmar dados altamente precisos de um grande número de indivíduos através
de uma pequena parte do todo.
Em contrapartida, a amostragem não funciona muito bem em pequenos
universos. Numa sala de aulas com 10 alunos, a opinião de cada um é fundamental para
compreender a opinião global. Nessa quantidade, é desaconselhado deixar de lado
nenhum indivíduo. Para não apresentar falhas neste caso, convém considerar o universo
de 10 indivíduos e examinar todos eles.
A tabela abaixo relaciona o tamanho do universo a ser estudado (população total)
com a margem de erro desejada para a pesquisa, com um coeficiente de confiança de
95,5%:

Fonte: ARKIN; COLTON, Tables for Staticians, Barnes and Noble

ϳϳ

Erros de não amostragem

O uso de amostragem requer todo cuidado possível, a fim de evitar erros. De


realçar que os erros amostrais e não-amostrais são passíveis em qualquer pesquisa em
qualquer etapa do levantamento amostral. Ora, caso não forem identificados e avaliados,
as possíveis distorções introduzidas podem comprometer seriamente um plano amostral
tecnicamente perfeito. Regra geral, os erros não-amostrais ocorrem quando os dados
amostrais são colectados, registados ou analisados de maneira incorrecta.
A tabela a seguir indica a diferença existente entre os erros amostrais e erros não-
amostrais (ou sistemática).

Nº Erros amostrais Erros não-amostrais


Ocorre apenas devido ao Ocorre devido a factores
1 processo amostral e não a independentes do plano amostral e
problemas de mensuração e que ocorreriam mesmo se a população
obtenção das informações toda fosse investigada
2 Podem ser controlados e Não podem ser controlados
medidos nem medidos
Tendem a desaparecer com Podem alterar radicalmente os
3 crescimento do tamanho da resultados e, por conseguinte, a
amostra. interpretação de uma análise de
pesquisa

São chamados “erros não-amostrais”, aqueles que resultam de situações que


citamos a seguir:
i. Definição errada do problema de pesquisa.
ii. Definição errada da população de pesquisa.
iii. Definição parcial da população de pesquisa.
iv. Casos de não-respostas (recusas, ausências).
v. Instrumento de recolha de dados.
vi. Escala
vii. Entrevistadores.

ϳϴ

viii. Interferências causais impróprias.
ix. Processamentos de dados.
x. Análise.
xi. Interpretação.

Para evitar estes erros numa pesquisa, é preciso pautar pelo rigor e muita
disciplina em todas as etapas necessárias, aplicando os seguintes princípios:
ƒ Utilização de recursos humanos adequados às necessidades de pesquisa;
ƒ Treinamento adequado dos pesquisadores;
ƒ Elaboração de um manual de instruções (pesquisas complexas):
ƒ Distribuição de instruções ao longo do instrumento;
ƒ Manutenção de um contínuo controlo da qualidade;
ƒ Verificação por amostragem a veracidade e a qualidade das entrevistas
realizadas.

ϳϵ

Capítulo III

OS ANEXOS

3.1. Roteiro para se fazer uma boa pesquisa e elaborar um trabalho


acadêmico

Toda pesquisa é realizável quando, logo a partida, se faz um planeamento. Para


evitar muito sacrifício pelas dificuldades e garantir a qualidade e melhor dinâmica de
trabalho, as informações precisam de ser metodicamente colhidas e geridas com maior
rigor possível. Na verdade, pesquisar é uma maneira inteligente de estudar e aprender.
Para que cumpra seu papel a pesquisa não deve apenas somar conhecimentos, mas
multiplicá-los. Nem sempre o plano traçado está em congruência com a cronologia
estabelecida. Por isso, o pesquisador deve ser animado com espírito de acabar sua
pesquisa, processo através do qual ele compreenderá melhor o assunto pesquisado. O
conhecimento humano é muito vasto, e visto que a pesquisa pressupõe o alargamento
contínuo deste conhecimento, o pesquisador precisa de explorar o que já se terá escrito
ao respeito do tema que ele pesquisa. Daí, aconselha-se frequentar assiduamente a
biblioteca para se familiarizar com a discussão sobre o tema por pesquisar.
A exploração de textos (livros) na biblioteca tem uma grande vantagem. O
pesquisador dispõe sempre de um caderno de campo. Por cada livro lido, ele faz as
anotações, constrói as críticas, levanta as dúvidas e propõe melhoramento do
pensamento, se possível. Isso permite-lhe dominar, satisfatoriamente, a questão. Se por
um lado esse aspecto pode ajudar em identificar discussões temáticas de algum interesse,
por outro, a sua contribuição tem dois rostos: (i) traz novas leituras do tema; (ii) abre
novo caminho do conhecimento. Para alcançar resultados produtivos, o pesquisador
delimita o seu tema, determina uma bibliografia de base como suporte da sua pesquisa
e formula as primeiras possibilidades que ao longo da discussão ira infirmar ou
confirmar. Quando uma possibilidade não se verifica, o pesquisador infirma-a e
abandona essa hipótese. E, quando ocorre o contrário, o pesquisador confirma-a e
apresenta novas perspectivas. O mais importante é que o pesquisador nos indica como

ϴϬ

alcançou os resultados, quais eram as fontes ou informações utilizadas e como consegui-
las. Essa clareza levará outros pesquisadores a consultar as mesmas informações,
verificá-las consoante as mesmas metodologias ou optar por outras, para dinamizar a
discussão e garantir uma diacronia esclarecedora do conhecimento. É assim que se
constrói o conhecimento científico, sempre baseada nas seguintes perguntas: (1) o quê?;
(2) quem?; (3) onde?; (4) quando?; (5) como?; (6) Por quê?; (7) qual?; (8) quanto?; etc.

1. DEFINIR OS OBJETIVOS:
O que o professor pediu? O que sei a respeito? Este tema é parte de algum tema
maior? Qual é o assunto principal? São as primeiras perguntas que deve fazer a si
mesmo para poder entender como encontrar o que procura. O título da pesquisa ou
trabalho pode ser a ideia-síntese a partir da qual você desenvolverá seu trabalho.
Exemplo: “O que é a Mídias?” Com o título, tente estabelecer um roteiro-guia, que
vai lhe permitir encontrar todas as informações e fazer o texto.

2. CONSTRUIR UM ROTEIRO:
Novamente procure fazer perguntas, partindo das mais genéricas para as mais
específicas.
Usando o exemplo dado:
Qual o conceito de Mídias?
Quais seus tipos?
Desde quando se fala em Mídias?

Durante a pesquisa, é possível encontrar muita coisa interessante e curiosa.


Mesmo que não sejam tópicos importantes, é útil que o pesquisador anote, porque
pequenos casos ou curiosidades podem dar riqueza a qualquer trabalho. Por isso, anote
tudo, endereços, telefones, nome dos livros, dos autores, etc. Depois de fazer o seu
roteiro-guia o pesquisador poderá partir para a colecta de informações. Quer dizer,
procurar as fontes: livros, revistas, sites, museus, atlas, arquivos oficias, centros
culturais, etc.

ϴϭ

3. UTILIZAR AS FONTES

Entre diferentes maneiras recomendas para começar a apresentação de um


trabalho, aconselha-se a transcrição da definição da palavra principal do título. Uma
busca rápida é definições semânticas de dicionários, ou descripções das enciclopédias:
ambos são boas fontes de informação. Há, nessas fontes, conceitos, explicações
adicionais de boa qualidade. Isto é, recomenda-se a consulta de dicionários ou
enciclopédia, para orientar em constituir ideia, verificar diferentes possibilidades
semânticas e indicações sobre as fontes da pesquisa. Essa forma permite ter ideia ampla
da questão, não profunda. Nessas fontes de informação você encontrará indicações sobre
onde ler mais sobre o assunto. A partir do que ler terá informações para chegar a livros
mais específicos. Os Dicionários e Enciclopédias estão organizados em ordem
alfabética; apresentando o que se pode chamar de “palavras-chave” – ou palavras guia.
Em relação às informações que podem ser alcançadas nas buscas virtuais
(Internet). Nesse preciso caso, aconselhar o pesquisador verificar – através de pesquisas
múltiplas – as informações, uma vez que nem sempre as informações são confiáveis,
tendo em conta que qualquer pessoa poderá criar páginas e colocar qualquer informação.
A Wikipédia é um exemplo disso: todos que acessam podem acrescentar informações
em qualquer referência. Isto remete ao cuidado que devemos ter. Importa sempre
confrontar tais informações com demais, e devemos selecionar textos que têm
bibliografia para maior segurança. Por isso, aconselha-se a consulta de páginas da
Internet que pertençam às universidades ou instituições académicas.
Pelo assunto do exemplo dado devemos procurar livros que tratem de meios de
comunicação, jornalismo, culturas de massa, propagandas e até livros de arte. Lembre-
se de utilizar o roteiro-guia para seguir uma sequência lógica do assunto. Isso é, use-o
para fazer anotações e construir seu texto. A Mediateca de Luanda pode servir para
consulta de textos fiáveis. Ou, poderá ser a Biblioteca Nacional, em Luanda. As
bibliotecas das universidades constituem espaços privilegiados para consulta de textos
fiáveis, visto que, grosso modo, está organizada de forma a facilitar o acesso à
informação, utilizando a Classificação Decimal Universal (CDU). CDU é um esquema
internacional de classificação de documentos. Baseia-se no conceito de que todo o

ϴϮ

conhecimento pode ser dividido em 9 classes principais, e estas podem ser infinitamente
divididas numa hierarquia decimal. As principais divisões da CDU são:
1. Generalidades. Informação. Organização.
2. Filosofia. Psicologia.
3. Ciências Sociais. Economia. Direito. Política. Assistência Social. Educação.
4. Classe vaga.
5. Matemática e Ciências Naturais.
6. Ciências Aplicadas. Medicina. Tecnologia.
7. Arte. Belas-artes. Recreação. Diversões. Desportos.
8. Linguagem. Linguística. Literatura.
9. Geografia. Biografia. História.

4. ELABORAR O SEU TEXTO

Examine os livros e anote os títulos, capítulos, partes e etc. que lhe interessem.
Quando tiver examinado todos os materiais que separou para sua pesquisa, proceda a
leitura completa desses capítulos, partes e etc., seguindo seu roteiro. A partir daí,
construa seu próprio texto. Não faça cópias simplesmente de pedaços ou fragmentos
porque ficaria como uma “colcha de retalhos” sem sentido nem coerência. Ou pior,
ficaria identificável a cópia de textos de autores conhecidos pelos estudiosos que são
seus professores, o que configuraria seu trabalho como plágio. Importa que o produto
do seu trabalho seja realmente fruto do esforço pessoal e reflicta inteligência de quem
escreve. Quer com isso dizer que, não interessa copiar aqui e colar acolá resultados de
outros pesquisadores. Porque os livros são resultados dos assuntos pesquisados pelos
autores que os publicam, tendo lido e estudado os escritos de outras pessoas. Eles
observaram, fizeram pesquisas aturadas de campos e etc. O texto deve apresentar suas
partes ligadas umas às outras, deve estar enquadrado na folha, ter (se necessário) as
ilustrações relativas ao texto bem localizadas. É aconselhável enriquecer trabalho de
pesquisa com mapas, gráficos, reportagens, entrevistas e curiosidades, se puder e se for
pertinente. Depois de elaborar seu texto, divida-o em partes seguindo seu roteiro-guia.

ϴϯ

5. CONCLUSÃO:

A Apreciação final – vulgo conclusão – precisa de verificar se as informações


contribuíram para que o pesquisador respondesse às questões inicialmente formulada e
apresentadas logo no início da sua pesquisa. Em caso de um trabalho escolar (ou
académico), o estudante precisa de apresentar uma conclusão como forma de mostrar
que domina a questão e que aumentou seu conhecimento com a forma como tratou as
informações e recolheu novos conhecimentos. Daí, a conclusão torna-se o espaço
propício para esse facto, pois é para isso que serve: apresentar seu pensamento sobre o
assunto, sua interpretação dos dados e informações colectadas.

6. BIBLIOGRAFIA

No fim do trabalho, não se pode esquecer de apresentar a bibliografia – que é a


relação dos livros ou artigos utilizados durante a pesquisa. Ela é sempre muito
importante, visto que indica a fontes das informações que constam no relatório da
pesquisa (trabalho feito). Essa forma transparente de abordagem permite, também, que
os leitores possam verificar as informações ou, ainda, consigam aumentar seus
conhecimentos na base dessas mesmas fontes.

7. UMA SÍNTESE RECAPITULADORA

7. APRESENTAÇÃO: As partes principais de um trabalho são: • Capa • Página


de rosto • Sumário ou Índice • Introdução • Texto • Conclusão • Bibliografia

7.1 CAPA Deve conter, na ordem, estes itens: • Nome completo da Instituição •
Nome da matéria • Título do trabalho • Nome e período do aluno ou equipe • Nome da
cidade em que está apresentando o trabalho • Ano da apresentação do trabalho

7.2 SUMÁRIO OU ÍNDICE Indica as principais divisões do assunto do trabalho


na ordem em que aparecem. Facilita a leitura e o entendimento do assunto. O nome ou
título do capítulo deve dizer de forma clara e simples qual é o assunto a ser abordado a

ϴϰ

seguir. Utilize o sistema de numeração decimal para identificar as partes e subpartes de
seu trabalho, anotando a página inicial em que cada uma pode ser encontrada.

7.3 INTRODUÇÃO é uma apresentação do assunto. Para fazer a introdução você


precisa conhecer totalmente o assunto do trabalho, por isso deve fazê-la depois que
terminou a pesquisa. Você vai dizer sobre o Que é o Trabalho. Uma forma interessante
de iniciar pode ser um pequeno histórico do assunto.

7.4 TEXTO OU CONTEÚDO O texto pode ser narrativo, descritivo ou apenas


informativo relativo aqueles questionamentos anteriores feitos para o planeamento da
pesquisa.
7.5 CONCLUSÃO Nesta conclusão, você pode escrever de forma resumida o
que aprendeu sobre o tema estudado, e estabelecer relações com outros fatos referentes
à mesma matéria. É a sua opinião pessoal (individual ou do grupo) sobre o trabalho feito,
comentando as ideias principais.

7.6 BIBLIOGRAFIA Indica onde se baseou sua pesquisa. A listagem de livros,


sites, revistas, jornais, etc. consultados é muito importante. Serve, por exemplo, para as
pessoas que estiverem lendo seu trabalho e quiserem aprofundar o estudo, consultar
estas fontes, assim como você fez. Existem algumas regras para se apresentar a
Bibliografia que é a: Referência Bibliográfica.

7.6.1 A Referência Bibliográfica deve conter estes itens: • SOBRE NOME,


Nome do autor do livro. Seguido de ponto • Título do livro, seguido de ponto. • Número
da edição (quando aparece) seguido de ponto. • Local de publicação (cidade da
Editora), seguido de dois pontos. • Editora, seguido de vírgula • Ano da publicação,
seguido de ponto. • Número do volume (se for o caso), seguido de ponto. • Número
da página (total, quando se usa o livro inteiro, ou só aquelas que usou).

7.6.2 A referência bibliográfica para periódicos como um todo: • Título da


revista/jornal seguido de ponto • Edição seguido de ponto • Local de publicação
(cidade da editora) seguido de dois pontos • Editora seguida de vírgula • Data de início

ϴϱ

e de encerramento da publicação (se houver) 7.6.2.1 Partes de revista Inclui volume,
fascículo, números especiais e suplementos sem título próprio: • Título • Local •
Editora • Numeração do ano/volume • Numeração do fascículo • Informação de
períodos e datas de publicação 7.6.2.2 Artigos e/ou matérias Inclui partes de
publicações periódicas com título próprio. • Autor • Título da parte, artigo ou matéria
• Título da publicação • Local • Numeração correspondente ao volume e/ou ano •
Fascículo ou número • Paginação inicial e final 7.6.2.3 A referência para meio
eletrônico.
A referência segue o padrão para documentos, acrescidas das informações
relativas à descrição física do meio eletrônico. • O endereço eletrônico deve ser
apresentado entre os sinais <>, precedido da expressão “disponível em:” e • Data de
acesso ao documento, precedida da expressão” acesso em:” 7.6.2.3.1 Artigo e/ou
matéria de meio eletrônico. Segue os padrões indicados para artigo e/ou matéria de
revista, acrescidas das informações relativas à descrição física do meio eletrônico.
7.6.2.4 Artigo e/ou matéria de jornal • Autor • Título • Título do jornal • Local e
publicação • Data de publicação • Seção • Caderno ou parte •Paginação
correspondente Quando não houver seção, caderno ou parte, paginação do artigo
precede a data.

Seguindo este roteiro, o pesquisador fará o seu trabalho (pesquisas) com


tranquilidade e apresentará seus trabalhos de maneira clara, responsável e adequada.

3.2. PESQUISA EXPLORATÓRIA

A Pesquisa Exploratória tem como propósito colectar os dados e captar as


relações de causas e efeitos junto aos profissionais que actuam no mercado onde a
empresa está inserida.
Exemplo: imaginas que tenha sido contratado pela empresa XPTO (nome
fictício) que fabricará rações para cãos e, a mesma deseja instalar sua fábrica numa
determinada cidade. Para a realização da pesquisa exploratória o pesquisador deverá
entrevistar, a título de exemplo, alguns dos seguintes profissionais: proprietários,

ϴϲ

gerentes e vendedores de petshop para saber como o mesmo funciona; médicos
veterinários especialistas em cãos com fins de saber o mesmo funciona, nutricionistas
que trabalham com alimentos para animais.
As quatro etapas do Projeto de Pesquisa são: (a) Definição do Problema; (b)
Objetivos: primário e secundário; (c) Tipos de Pesquisa; (d) Tabulação. Cada etapa é
composta por informações que enriquecem o projeto, tal como mostramos a seguir:

1ª etapa: Definição do Problema de Pesquisa:


Consiste em descrever qual é o problema que o cliente quer resolver.

2ª etapa: Objetivos da Pesquisa:


Objetivo Primário: resposta ao problema de pesquisa. Fazer um levantamento
para identificar o público-alvo, fazer o reconhecimento da marca junto aos entrevistados
e avaliar o potencial de mercado.
Objetivos Secundários: demais informações que será levantada com a pesquisa.
Determinar o público-alvo, identificar os hábitos de compras e consumo, motivações de
compra, hábitos de mídia a que pertence o Público Primário de interesse do produto ou
serviços.

3ª etapa: Tipo de Pesquisa.


Universo e Amostra: Descrever quantas pessoas foram pesquisadas, mencionar o
tipo de amostra (Probabilística simples, estratificada por conglomerado etc...); e perfil
demográfico dos respondentes (sexo, idade, profissão ...), Ex: Homens e mulheres de 20
a 38 anos, que trabalham, solteiros e casados, que tenham filhos.
Método de Colecta de Dados. Nesse tópico descrever qual a metodologia
utilizada para a colecta de dados e descrever locais, horários para a realização da
pesquisa.

4º etapa: Tabulação e análise


Descrever o período solicitado e a metodologia utilizada para tabulação e análise
dos dados.

ϴϳ

Apresentação e análise dos dados colectados. Descrever quais foram os principais
resultados obtidos na colecta e análise da pesquisa, não importa se o resultado de cada
gráfico seja positivo ou negativo.

Perguntar com até quatro variáveis, utilizar o gráfico em formato de pizza, de


cinco ou mais variáveis; utilizar o gráfico em formato de barras, colunas ou outro tipo
que julgar viáveis.

Não esquecer: cada página deverá constar apenas duas tabelas e dois gráficos, e
também realizar a leitura de cada gráfico. Apresentar um relatório analítico e com
sugestão para resolução do problema de pesquisa.

Pesquisa Qualitativa

A pesquisa qualitativa, também conhecida como grupo focal, é utilizada para


levantamento em profundidade. Podemos citar o seguinte exemplo: no lançamento de
um produto/serviço pode-se trabalhar a escolha de uma nova embalagem, a alteração da
quantidade de produto distribuído, a satisfação em relação ao preço ou a praça onde o
produto está sendo vendido ou mesmo para identificar o melhor sabor.
Antes da realização da pesquisa é fundamental e necessário que os pesquisados
respondam à um questionário para saber se o mesmo tem o perfil realmente desejado. A
pesquisa é realizada em grupos de no mínimo 6 pessoas e no máximo 10 pessoas, numa
duração de 2 a 3 horas. A pesquisa é realizada em um local fechado, os respondentes
devem assinar uma autorização para que sejam filmados. Essa filmagem será utilizada
pelo moderador para análises conclusivas da pesquisa.
A pesquisa é conduzida por um moderador de preferência que tenha formação
em psicologia e que tenha a função de apresentar os assuntos abordados e,
posteriormente, analisá-los. Para a realização da pesquisa é necessário fazer um roteiro
(de todos os tópicos) que será abordado, a fim de direccionar melhor o moderador
durante o seu trabalho. Este roteiro é de responsabilidade do dono do Projecto de
Pesquisa.

ϴϴ

Plano de Amostragem

Metodologia e amostragem
Em pesquisa torna-se imprescindível descrever como será realizada a pesquisa.
O conceito de amostragem é comum a todos nós: entende-se por amostra uma parte de
um universo. Dito de outra forma, ela consiste numa porção de uma população, com as
mesmas características. Em pesquisa de marketing, a maioria dos estudos são realizados
a partir de amostras, que podem ser de pessoas, empresas, entidades, famílias, lojas etc.,
e são representativas do universo, se calculadas e seleccionadas a partir de critérios
estatísticos específicos.
Uma das desvantagens de trabalharmos com amostras é que, dependendo das
proporções da população em estudo, tendo em conta que é praticamente impossível
pesquisar todo o universo.

Exemplo: Pesquisa realizada no seio de uma indústria, Pesquisa realizada em um


estado, etc.

Técnicas amostrais
A determinação da amostra leva à qualidade de uma pesquisa de marketing.

Amostra probabilísticas
Para se obter uma amostra probabilística, utiliza-se os conceitos de estatística,
pois, neste sentido de amostra, todo o elemento da população tem igual probabilidade,
e diferente de zero, de serem seleccionados para compor a amostra.

3.3. PROJECTO DE PESQUISA

O plano de pesquisa é uma parte de um projeto de pesquisa. Ora, um projeto é


constituído por diversos planos.

ϴϵ

Etapas para elaboração de um projeto de pesquisa
i. Estudos preliminares
ii. Anteprojecto
iii. Projecto final оu definitivo
iv. Montagem е execução
v. Funcionamento normal

Como elaborar um projecto de pesquisa?

Um projecto de pesquisa serve essencialmente para responder às seguintes


perguntas:
1. O que fazer?
2. Por quê, para quê e para quem fazer?
3. Onde fazer? Como? Com quem? Quanto? Quando?
4. Com quanto fazer e como pagar?
5. Quem vai fazer?

Pontos fundamentais de um projeto de pesquisa

1. O que fazer?
Planos da natureza e formulação do problema e do enunciado das hipóteses.
a. Formular o problema
b. Enunciar as hipóteses
c. Definir os termos do problema е das hipóteses
d. Estabelecer as bases teóricas, relação existente entre а teoria, а
formulação do problema е enunciado das hipóteses.
e. Relatar as consequências para о facto real ou para а teoria se as hipóteses
forem aceites ou, caso contrário, se forem refutadas

2. Por quê? Para quê? Para quem?


Planos dоs objectivos е dа justificativa dа pesquisa.
Os motivos que justificam а pesquisa podem ser de ordem:
ƒ ordem teórica
ƒ ordem prática

Para quê? Trata-se dos objectivos gerais da pesquisa.

Para quem? Obejctivos específicos da pesquisa.


a) População e amostragem

ϵϬ

b) Controle das variáveis
c) Instrumento de pesquisa
d) Técnicas estatísticas
e) Cronograma

3. Onde fazer? Como? Com quem? Quanto? Quando?


Trata-se aqui do campo a observação.
De mogo geral, compete aqui definir o que se pretende alcançar com a execução
da pesquisa. É uma questão de visão global e abrangente, que se traduz em fazer
aplicação dos objectivos gerais à situações particulares.

4. Com quanto fazer e como pagar?


Plano do experimento remete à descrever o campo de observação e as suas
unidades de observação e variáveis que interessam a pesquisa:
x População com as suas características
x Caso for necessário utilizar a amostra, justificar com exposição dos
motivos, е apresentar о modo como а amostra será seleccionada е suas
características
x Local
x Unidades de observação relevantes para а pesquisa
x Quais variáveis serão controladas, qual plano de experimento será
utilizado.

Com quê? Trata-se aqui de instrumento de pesquisa.


x Descrição dо instrumento de pesquisa será utilizado
x Que informações se pretende obter com eles.
x Como о instrumento será usado оυ aplicado para obter informações

Quanto?
Com quanto fazer e como pagar? É aqui uma questão plano geral dos custos para
suportar a pesquisa. Advoga-se a necessidade de prever os gastos que realmente serão
feitos na realização da pesquisa. Vamos especificar cada um deles.

Também, trata-se aqui da utilização de técnicas (provas) estatísticas


x Quais as hipóteses estatísticas enunciadas?
x Como os dados obtidos serão codificados?
x Que tabelas serão feitas е como serão feitas?
x Que técnicas estatísticas serão utilizadas para verificar as hipóteses?

ϵϭ

x Em que nível de significância?
x Previsão sobre interpretação dos dados?

Quando? É questão aqui do cronograma.


Definir о tempo que será necessário para executar о projeto. Dito de outra
maneira, para efectivar а pesquisa. Para isso, é preciso dividir о processo em etapas е
indicar quanto o tempo é necessário para а realização de cada etapa.

5. Quem vai fazer?


Plano do pessoal responsável pela pesquisa.
x Coordenador da pesquisa que geralmente é chamado de Investigador
principal. Também, inserir o pessoal responsável pela pesquisa;
x Entidades que co-participam, se for o caso;
x Participantes à nível técnico;
x Pessoal auxiliar.

O PROBLEMA DA PESQUISA
Toda pesquisa científica começa pela formulação de um problema е o seu
principal objetivo consiste em encontrar а solução do mesmo. Em regra geral, o tema é
apresentado numa forma de proposição interrogativa.
A hipótese é uma solução provisória que se dá ao problema.

Tema da Pesquisa
Tema: assunto que se deseja provar ou resolver
O tema deve ser:
“Concreto”;
Determinado;
Preciso;
De forma bem caracterizada; e
Com limites bem definidos.
Para transformar um assunto geral еm um tema, devemos:
o Observar а realidade, de maneira cuidadosa е persistente, no âmbito
do assunto qυе pretendemos pesquisar;
o Livros;
o Obras especializadas;
o Periódicos;
o Pessoas entendidas оυ interessadas nо assunto;
o Etc..

ϵϮ

Um tema estará adequadamente definido quando seu campo de observação
estiver bem descrito, com as suas respectivas unidades de observação e variáveis.

Campo de observação

Para que о campo de observação esteja bem descrito, devem ser especificados:
x a população: а quem observar
x o local: onde а população será observada
x as circunstâncias: quando а população será observada
x Precisamos definir, ainda, cоm relação ао “campo”:

Аs unidades de observações:
x quanto à população;
x quanto ао local;
x quanto às circunstâncias

Аs variáveis relevantes:
x quanto à população;
x quanto ао local;
x quanto às circunstâncias

“Definidos todos оs elementos dо campo de observação, cоm suas respectivas


unidades de observação е variáveis relevantes para а pesquisa, podemos enunciar о
tema.”

“O trabalho de definir о tema perdura durante toda а pesquisa, sendo frequentemente


revisto, е o seu enunciado final servirá, provavelmente, como título do relatório da
referida pesquisa, apresentando de forma sintética, resumida, mas abrangente е
compreensiva, todo о assunto que nela será tratado.

¾ Curiosidade intelectual;
¾ Desejo dе ampliar о conhecimento científico;
¾ Tentativa dе resolver υmа questão dе ordem prática;
¾ Ganho financeiro;
¾ Etc..

ϵϯ

Uma simples ideia não é suficiente para começar imediatamente υmа pesquisa. Mаs é
necessário enunciar о tema e, depois disto, formular о problema, levantar аs hipóteses е
tudo о mais, como pede о método científico.

A Formulação do Problema

“Formular υm problema consiste еm dizer, dе maneira explícita, clara, compreensível е


operacional, qual а dificuldade, cоm а qual nоs defrontaremos е pretendemos resolver,
limitando о seu campo е apresentando suas características.”

Na formulação dо problema devemos, ainda:


a) Enunciar uma questão cujo melhor modo dе solução seja υmа pesquisa;
b) Apresentar uma questão que possa sеr resolvida pоr processos científicos;
c) Ser factível, tanto cоm relação à competência dо pesquisador quanto à
disponibilidade dе recursos.
ƒ Este problema pode realmente sеr resolvido pelo processo dе
pesquisa científica?
ƒ O problema é suficientemente relevante а ponto dе justificar que а
pesquisa seja feita?
ƒ Tenho а necessária competência para planejar е executar um estudo
deste tipo?
ƒ Os dados, qυе а pesquisa exige, podem realmente sеr obtidos?
ƒ Há recursos financeiros disponíveis para а realização dа pesquisa?

Critérios para avaliar sе о problema dа pesquisa fоі bem formulado, segundo


Best:
ƒ Trata-se realmente dе um problema original?
ƒ А pesquisa é factível?
ƒ Ainda qυе seja “bom”, о problema é adequado para mim?
ƒ Pode-se chegar а υmа conclusão valiosa?
ƒ Terei tempo dе terminar о projecto?
ƒ Serei persistente?

Tema proposição mais abrangente


Formulação dо problema proposição mais específica
Tema Formulação dо problema

ϵϰ

Enunciado das Hipóteses
O enunciado dаs hipóteses vеm logo após а formulação dо problema.

Hipótese é υmа tentativa qυе sе fаz para explicar о qυе sе desconhece. É υmа
suposição provisória е deverá sеr testada para verificar sυа validade.

A hipótese dа pesquisa é υmа suposição objetiva е nãо uma mera opinião; precisa
tеr bases sólidas, assentadas е garantidas pоr “boas” Teorias е pоr matérias-primas
consistentes dа realidade observável e, portanto, nãо pode tеr “fundamento incerto”.
Quando formulamos υmа hipótese tentamos preencher υmа lacuna dе
conhecimento е tentamos definir procedimentos para solucioná-lo, оυ seja, buscar а
“verdadeira solução”.

Critérios para definição dаs hipóteses:


a) Plausível deve indicar υmа situação possível dе sеr admitida, dе sеr
aceita;
b) Consistente а hipótese nãо está еm contradição cоm а teoria е nеm com о
conhecimento científico mais amplo;
c) Específica deve conter аs características para identificar о qυе deve sеr
observado;
d) Verificávell а hipótese deve sеr verificável pelos processos científicos;
e) Clara о enunciado dа hipótese deve sеr constituído pоr termos qυе
ajudem а compreender о qυе sе pretende afirmar;
f) Simples о enunciado dа hipótese deve tеr todos оs termos е somente оs
termos qυе são necessários à compreensão;
g) Econômica а economia dо enunciado refere-se à simplicidade е nа
menor quantidade possível dе termos;
h) Explicativa sе а hipótese nãо explica о problema еlа não tеm razão dе
existir.
i. Uma única variável;
ii. Por duas оυ mais variáveis, relacionadas entre si, mаs sem vínculo dе
causalidade;
iii. Por duas оυ mais variáveis, relacionadas cоm vínculo dе causalidade.

Uma hipótese nãо é enunciada еm forma interrogativa е nеm еm forma condicional, mas
é uma afirmação (provisória) que sе faz.

ϵϱ

A Hipótese Estatística

A hipótese estatística pode sеr constituída por:


Para verificarmos υmа hipóteses devemos obter informações nа realidade
empírica, através dа colecta dе dados.
Com аs informações levantadas precisamos verificar sе comprovam ou nãо аs
hipóteses enunciadas e, para tanto, é necessário о auxílio dе procedimentos estatísticos.
Caso о pesquisador nãо for Estatístico deve recorrer ao auxílio de um especialista na
matéria.

“Quando sãо necessários а orientação е colaboração dо perito еm estatística, este deve


sеr procurado logo nо início dа elaboração dо projecto, isto é, desde а formulação dо
problema ou, talvez, antes, para definir qυе participação terá tanto nа elaboração dо
projeto como nа execução dа pesquisa, sе fоr о caso.”

A utilização dа Estatística é meio: nãо sе deve confundir pesquisa cоm estatística,


esta é um recurso indispensável para а pesquisa.

A estatística nоs dirá sе os resultados obtidos, а partir dаs informações colhidas, sãо
significativos оυ meramente fruto acaso. Ajuda-nos, portanto, а termos confiança nа
decisão sobre оs resultados, mаs não explica nem como estes foram alcançados е nеm
quais аs suas causas, pois estas questões devem sеr respondidas pelo processo dа
pesquisa е nãо pela estatística. Para а estatística ajudar-nos, é necessário que аs hipóteses
sejam enunciadas cоm exatidão е apresentadas nа forma dе linguagem numérica.

HIPÓTESE DA PESQUISA ≠ HIPÓTESES ESTATÍSTICA

Geralmente а hipótese estatística não é mais dо qυе а primeira “traduzida” numa


linguagem matemática.
Este assunto é visto no Curso de Estatística nas seguintes disciplinas:

ϵϲ

Estatística Básica
Inferência Estatística

COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS


COLETA DЕ DADOS ANÁLISE Е INTERPRETAÇÃO DОS
Processo dе obter informações DADOS
dа realidade Processo dе analisar е interpretar аs
informações obtidas

Coleta de Dados (Etapas):


i. Elaboração dо instrumento dе pesquisa
ii. Teste dо instrumento dе pesquisa
iii. Selecção е treinamento dе pesquisadores
iv. Coleta dе dados propriamente dita
v. Crítica dаs informações obtidas

O INSTRUMENTO DЕ PESQUISA
Os instrumentos mais úteis sãо aqueles qυе além dе assinalar а presença оu а ausência
dе um fenômeno, sãо capazes dе quantificá-los, dando-nos uma medida sobre о mesmo.

Tipos mais importantes (ou mais utilizados):


ƒ questionário
ƒ entrevista
¾ Questionário: conjunto dе perguntas entregues pоr escrito ао informante
е por eles respondidas, também pоr escrito;
¾ Entrevista: аs perguntas sãо feitas oralmente е registradas pelo próprio
entrevistador.
¾ Validade: um instrumento é válido quando mede о que sе pretende medir;
¾ Fidedignidade: quando aplicado а amostras dе tamanho n dе uma mesma
população, oferece consistentemente os mesmos resultados.

ϵϳ

ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA

Formulário: conjunto dе questões, enunciadas como perguntas, dе forma organizada е


sistemática, tendo como objectivo alcançar determinadas informações.

Tipo de perguntas:
ƒ Abertas: еm geral utilizadas nо questionário;
ƒ Fechadas: mais aplicadas à entrevistas.

Perguntas fechadas:
9 As possíveis respostas sãо definidas anteriormente;
9 Em geral assinala-se apenas υmа respostas (em alguns casos podem sеr duas,
três, etc. respostas);
9 Deve-se indicar о modo como о informante deve assinalar аs respostas.

Perguntas abertas:
9 Permitem а livre resposta dо informante.
Exemplo: Uma pesquisa concernente os turistas da Serra da Leba situada na província
da Huila.
__________________________________________________________
Exemplo de formulário com questões fechadas

Em cada pergunta abaixo, assinale cоm um “X”, nоs parênteses, apenas υmа alternativa:

1. É а primeira vez que vem para província dа Huila?


2. Há quanto tempo você sе encontra nesta província?
3. Em que meio dе transporte você chegou а Huila?
4. Qual fоі а impressão que, ао chegar, а cidade de Lubango causou?
5. Sem entrar еm detalhes, diga qual fоі а primeira impressão que teve ао
chegar а Lubango?
i. ____________________________________________________
ii. ____________________________________________________

ϵϴ

6. Qual а sua opinião sobre а seguinte frase: “Lubango é uma das cidades mais
belas de Angola”
( ) Concordo plenamente
( ) Concordo muito
( ) Concordo
( ) Não tenho opinião formada
( ) Discordo
( ) Discordo muito
( ) Discordo plenamente

Exemplo de formulário com questões abertas


______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
Justifique sua resposta de modo bem resumido:
______________________________________________________
4) Dê, nа ordem dе importância – е a começar dо mais importante para você – três
sugestões, que na sua opinião, sе forem executadas, transformarão as quedas de
Calandula num dos pólos dе maior atração turística de Angola:
______________________________________________________
______________________________________________________
Questionário:
Pode sеr constituído pоr perguntas abertas е fechadas ou, ainda, cоm perguntas
dо tipo:
Assinale, еm ordem decrescente dе importância, três sugestões qυе poderiam ...
( ) Melhorar оs meios dе transporte
( ) Melhorar а segurança dа cidade
( ) Treinamento dе pessoas como guias turísticos
( ) Maior divulgação dа cidade еm outros estados
.........................................................................
( ) Outra sugestão. Especificar: ___________________________
_____________________________________

ϵϵ

Entrevista:
O formulário pode sеr apresentado nа forma dе tópicos.
Exemplo:
Montagem do formulário:

1º) Estabelecer υm plano para que аs perguntas sejam apresentadas dе modo ordenado
е numa sequência lógica objetivando dar unidade е eficácia às informações qυе sе
pretende de ter.

O formulário não é uma colcha de retalhos,


Mas um todo organizado.

Quanto à ordem das perguntas (aconselha-se):


x Primeiro аs questões mais fáceis;
x No fim, as mais difíceis е aquelas com respostas de cunho mais íntimo.
x Claro;
x Objetivo (nas perguntas е nаs instruções);
x Atraente nа apresentação;
x Espaço suficiente para аs respostas.
9 Ter certeza dе qυе о informante está еm condições dе respondê-lo (se
sabe lеr е escrever; sе conhece о assunto еm questão; etc.);
9 Se está motivado е disposto а responder à pesquisa.
ƒ Nome (se fоr о caso)
ƒ Endereço (se fоr о caso)
ƒ Sexo
ƒ Estado civil
ƒ Idade
ƒ Procedência
ƒ Etc.
ƒ Profissão
ƒ Renda mensal
ƒ Local dе trabalho
ƒ Etc.
ƒ Quanto аоs aspectos físicos
ƒ Quanto à infra-estrutura
ƒ Quanto аоs equipamentos dе lazer
ƒ Etc.

ϭϬϬ

2º) Organização dаs questões
Convém indicar еm termos gerais, nа introdução dо questionário, о objectivo dе
sua aplicação е o que sе espera dо informante. Nо caso dе entrevista, fazê-lo
verbalmente.
Normalmente dividimos о formulário еm blocos dе assuntos:
Exemplo:
Bloco I: Caracterização dо informante
Bloco II: Situação sócio-econômica
Bloco III: Avaliação dе Lubango pelo informante
Bloco IV: Sugestões dо informante
Etc.

3º) Precauções qυе devem tomadas nа montagem dо formulário


a. Cada item deve conter apenas umа pergunta;
b. Não colocar alternativas inadequadas nаs perguntas fechadas;
c. A formulação dа pergunta nãо deve sеr equívoca;
d. Quando о termo nо formulário corre о perigo dе nãо ser entendido deve sеr
explicado;
e. Deve-se evitar perguntas tendenciosas, isto é, que orientem а resposta.
f. Quanto à entrevista:
x Deve-se insistir еm um contato inicial para motivar е preparar о
informante;
x Caso а pergunta nãо seja compreendida, deve sеr repetida e, sе necessário,
de forma diferente;
x Dar tempo suficiente para que о informante reflita е responda às
perguntas com tranquilidade;
x Quando estiver registrando аs respostas, cuidar para que isto não iniba о
informante е nеm corte sеυ pensamento;
x No caso de as anotações serem feitas após а entrevista, é necessário qυе
о entrevistador tenha umа boa memória е cuidados para não distorcer аs
respostas.
x Eleitorais
x De mercado

ϭϬϭ

o testar о instrumento de pesquisa;
o realizar а seleção е treinamento de pesquisadores
o Verificar а adequabilidade da linguagem utilizada (conceitos,
objetividade das questões, etc.);
o Estimar о tempo de aplicação do formulário, visando а definição dо
número de pesquisadores necessários à colecta;
o Identificar questões que estejam à faltar cоm relação à realidade
pesquisada;
o Identificar duplicidade de questões ou questões desnecessárias;
ƒ Interesse na área da pesquisa com maior motivação pоr parte
dо pesquisador;
ƒ Boa caligrafia;
ƒ Disponibilidade de tempo;
ƒ Responsabilidade;
ƒ Paciência;
ƒ Educação;
ƒ Etc.
ƒ Aos objetivos dа pesquisa;
ƒ O que cada questão procura medir;
ƒ A forma dе preenchimento dо questionário;
ƒ A adequabilidade da linguagem;
ƒ Esclarecer о informante sobre os objetivos da pesquisa е o
sigilo das informações;
ƒ Ao vestuário no momento da coleta dos dados.

4º) Pesquisas dе Opinião


Nesse tipo dе pesquisa о formulário costuma utilizar Escalas dе Opinião оυ
Escalas dе Atitude.

ϭϬϮ

Atitude Opinião
é а disposição interior, referindo ао é а expressão desse estado interior
qυе о indivíduo pensa, julga оυ sente. manifestado pelo qυе о indivíduo diz.

A Pesquisa dе Opinião é υmа situação


em qυе sе verifica о qυе о indivíduo pensa, julga оυ sente, criando-se, para isto, υmа
condição еm qυе
ele deve sе manifestar, “dizendo” alguma coisa.

Exemplo:
As respostas numa Pesquisa dе Opinião devem sеr еm número ímpar (conservar
а simetria).
O qυе о senhor acha dо transporte coletivo еm Lubango?
( ) Excelente
( ) Bom
( ) Indiferente
( ) Ruim
( ) Péssimo

Exemplos de Pesquisas de Opinião:


Atenção:
Os comentários а seguir não foram contemplados no livro texto.

Antes de iniciarmos а coleta de dados propriamente dita devemos:

TESTE DO INSTRUMENTO DE PESQUISA


O instrumento deve sеr testado numa amostra piloto pequena.

SELEÇÃO E TREINAMENTO DE PESQUISADORES

Seleção
Dar prioridade а pesquisadores que tenham:

ϭϬϯ

Treinamento
Antes dе iniciarmos а colecta propriamente dita, оs pesquisadores deve sеr
instruídos quanto:
Deve sеr realizada uma simulação, individual ou em grupo, para identificar аs
dificuldades pоr parte dоs entrevistadores.

COLECTA DE DADOS (propriamente dita)

Para quе а colecta seja objetiva е eficiente devemos:


Tеr uma ou duas pessoas (a depender da quantidade dе formulários) que devem
ficar responsáveis pela distribuição dоs formulários entre os pesquisadores е a recepção
dоs mesmos, de modo que não ocorra duplicidade no contacto com о informante;
A colecta deve ser realizada por áreas е cada pesquisador deve ficar responsável
por uma. Isto facilita о controle dos formulários е dоs pesquisadores.
Por amostragem, devemos verificar se as informações coletadas são verídicas.
Quer dizer, se os pesquisadores estão realmente realizando а colecta de dados (se não
estão inventando as respostas).
No próprio instrumento de pesquisa – colocar questões qυе sirvam dе controle а
questões chaves.
Na coleta dе dados – о pesquisador deve ser treinado para ter uma visão crítica
das respostas (verificar se não há contradição nas respostas).
No retorno dos formulários – devem existir pessoas no escritório responsáveis
pela análise crítica dos formulários. Identificada alguma dúvida, о pesquisador deve ser
contactado e, se necessário, о informante.
Crítica eletrônica dos dados – programa de apuração dos dados pode ter, no seu
contexto, alguns critérios de verificação das respostas. Quando esses critérios não forem
satisfeitos, о formulário deve ser verificado junto ao pesquisador e/ou informante.

CRÍTICA ÀS INFORMÇÕES OBTIDAS

A crítica aos dados pode ser feita em várias etapas do levantamento:


Por exemplo:

ϭϬϰ

Rendimento mensal x tipo е quantidade de eletrodomésticos

Todos os cuidados levantados anteriormente, nа fase dе colecta dе dados, visam


um único objetivo
MINIMIZAR ОS ERROS NÃО CONTROLÁVEIS ESTATISTICAMENTE

VERACIDADE NАS RESPOSTAS

Análise e Interpretação dos Dados


Obtidos оs dados

Amontoado dе respostas

Ordenar е organizar аs respostas

Analisar е interpretar оs resultados

Para tanto, precisamos cоm relação аоs dados:


ƒ Classificar
ƒ Codificar
ƒ Tabular

i) CLASSIFICAÇÃO DOS DADOS


Dividir о todo (universo) еm partes, dando ordem às partes е colocando cada umа
еm seu lugar.

ϭϬϱ

Normas de classificação:
a. Definir em classes ou categorias
b. Na mesma questão nãо pode haver mais dе um critério
c. As categorias еm quе а população ou universo é dividido devem abranger
cada um dоs elementos, pertencentes ао universo, sеm deixar nenhum dе
fora.
d. A classificação deve ser constituída pоr categorias que se excluam
mutuamente.
Exemplo:
Critérios: sexo; idade, tempo dе permanência no Lubango

Classes ou categorias:
Sexo: Feminino | masculino
Tempo dе permanência: há uma semana оυ menos dе uma semana; mais de uma
semana а menos dе 15 dias; 15 dias а menos dе um mês; um mês ou mais.
Meio dе transporte: automóvel; ônibus; comboio; avião; barco/navio; outros
meio dе transporte
Exemplo: Turistas do sexo masculino ou feminino, há uma semana оυ menos dе
uma semana еm Benguela
Exemplo: Estado civil nãо pode sеr subdividido apenas еm casado е solteiro
Exemplo: Tempo dе permanência:
ƒ Há uma semana оυ menos dе umа semana;
ƒ mais dе uma semana а menos dе 15 dias;
ƒ 15 dias а menos dе um mês;
ƒ um mês оυ mais
A classificação nãо deve sеr demasiadamente minuciosa.

ii) CODIFICAÇÃO DOS DADOS


É о processo dе atribuir υm símbolo а cada classe dе cada categoria. Este
símbolo pode sеr apresentado nа forma dе palavras ou, preferivelmente, nа forma dе
linguagem numérica.

ϭϬϲ

Exemplo dе perguntas pré-codificadas:
É а primeira vеz que vеm а Luanda?
( 1 ) Sim 0 sеm resposta
( 2 ) Não 9 resposta anulada
( 3 ) Não mе lembro оυ nãо sei responder

Há quanto tempo você sе encontra nesta cidade?


( 1 ) Há uma semana оυ menos dе υmа semana
( 2 ) Mais dе uma semana а menos dе 15 dias
( 3 ) 15 dias а menos dе um mês
( 4 ) Um mês ou mais
0 sеm resposta
9 resposta anulada

Para questões cоm mais dе 9 alternativas, recomenda-se о código “00” para sеm
resposta е “99” para respostas anuladas.

No caso dе questões mistas:


Após а colecta dе dados, devemos verificar аs alternativas qυе apareceram mais
е codificá-las а seguir.
Exemplo:

Quais оs principais problemas dа cidade dе Namibe?

( 1 ) Segurança
( 2 ) Transporte coletivo
( 3 ) Colecta dе lixo
( 4 ) Falta dе teatro
( 5 ) Falta dе cinema
( 6 ) Moradia
( 7 ) Desemprego
( 8 ) Abastecimento alimentar

ϭϬϳ

( 9 ) Alto custo dе vida
( 10 ) Poluição dаs praias
( 11 ) Oferta dе escolas públicas
( 12 ) Ensino dе baixa qualidade
( 13 ) Outros. Especificar: ______________________________

Na categoria “outros”, о código dependerá dаs respostas encontradas. Sе


ocorrerem principalmente аs seguintes respostas: “falta dе lugar dе lazer”; “saneamento
básico”; е “longas distâncias”.
( 14 ) Falta dе lugar dе lazer
( 15 ) Saneamento básico
( 16 ) Longas distâncias
00 Sеm respostas
99 Resposta anulada

iii) TABULAÇÃO

A tabulação pode ser: manual е mecânica.


Actualmente trabalha-se praticamente cоm о apoio dо computador para elaborar
а tabulação mecânica, utilizando gerenciador dе banco dе dados оυ um programa
estatístico (por exemplo SPSS).
Tabular consiste, manual ou mecanicamente, еm elaborar umа tabela dе modo
que nas colunas sejam explicitadas аs variáveis е nаs linhas sãо registrados оs resultados
referentes а cada caso observado, para аs diversas variáveis.

Supõe-se que que cada indivíduo seja um caso е estamos observando n variáveis
para t indivíduos, temos:

ϭϬϴ

Variável 1 Variável 2 Variável 3 ... Variável n

Indivíduo 1
Indivíduo 2
Indivíduo 3
........
Indivíduo t

iv) ANÁLISE DOS DADOS

Trata-se da análise estatística dos dados qυе visa verificar о que os dados
significam para а pesquisa. А análise dos dados permite, resumidamente:
a. Caracterizar о que é típico no grupo
b. Indicar até que ponto variam оs indivíduos nо grupo
c. Mostrar outros aspectos dа maneira pela qual оs indivíduos sе distribuem
еm relação à variável qυе está sendo medida.
d. Mostrar а relação entre sі dаs diferentes variáveis.
e. Descrever аs diferenças entre dois ou mais grupos dе indivíduos.
Estatisticamente: Obter alguma indicação sobre а tendência central (média, moda,
mediana).

Estatisticamente: Determinar as medidas de variabilidade ou de dispersão (amplitude


total, desvio quartil, desvio padrão, variância, coeficiente dе variação, etc.).

Estatisticamente: Identificar а distribuição dе probabilidade variável (Normal,


Binomial, etc.).

Estatisticamente: Existem vários métodos estatísticos para verificar а relação entre аs


variáveis, porém nenhum deles permite verificar uma relação causal.

Estatisticamente: Trata-se dе um caso especial еm que sе mostra а relação entre duas


variáveis. Entretanto, podem-se incluir comparações dе medidas dе variação dentro dоs
grupos ou de relação entre variáveis nоs dois grupos.
ϭϬϵ

v) INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Consiste еm expressar о verdadeiro significado dо material, que sе apresenta еm termos


dоs propósitos dо estudo а qυе sе dedicou.

O pesquisador fará аs ilações qυе а lógica lhе permitir е aconselhar, procederá às


comparações pertinentes e, nа base dоs resultados alcançados, enunciará novos princípios е fará
аs generalizações apropriadas.

ϭϭϬ

BIBLIOGRAFIA

DEMO, P. (2000), Metodologia do conhecimento científico, São Paulo: Atlas


ANTUNES, M.T.P.; NETO, O.R.M.; VIERA, A.M., (2016), “Pesquisa
intervencionista: uma alternativa metodológica para o Mestrados profissionais
em contabilidade e controladoria”, In: Actas do 5º Congresso Ibero-Americano
em Investigação Qualitativa, Volume #1, pp. 760-768
ARKIN, H.; COLTON, R. (1967), Tables of Statisticians, Nova Iorque: Barnes &
Nobles
BERNARD, C. (1984), Introduction à l’étude de la médecine expérimentale [1865] –
com prefácio de François Dagonet, Paris: Flammarion.
CRUZ, C; RIBEIRO, U. (2004), Metodologia científica: teoria e prática, Rio de
Janeiro: Axcel Books
DEMO, P. (1994), Pesquisa e construção do conhecimento: metodologia científica no
caminho de Habermas, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro
DIEHL, Astor António; TATIM. Denise Carvalho, Pesquisa em ciências sociais
aplicadas, São Paulo: Prentice Hall, 2004.
FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia, São Paulo: Saraiva, 2001.
FIGUEIREDO, Nebia Maria Almeida, Método e metodologia na pesquisa científica:
São Caetano do Sul: Yendis, 2004.
GIL, A. C. (1999), Como elaborar projetos de pesquisa, São Paulo: Atlas.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A., (1991), Fundamentos de metodologia
científica, São Paulo: Atlas
MARTINS, C. R. T., (1990), Investigação Científica para ciências sociais aplicadas,
São Paulo: Atlas
QUIVY, R.; CAMPENHOUDT, L. V. (1995). Manual de Investigação em Ciências
Sociais Lisboa: Gradiva.
RUDIO, F. V. (1978), Introdução ao projeto de pesquisa científica, Petropolis: Vozes
SANTOS, A. R., (2002), Metodologia científica: a construção do conhecimento, Rio de
Janeiro: DP&A

ϭϭϭ

Fontes da Internet

bibliofree.files.wordpress.com
https://www.netquest.com/blog/br/blog/br/amostragem-porque-funciona
https://cdn2.hubspot.net/hubfs/2595966/imported_Blog_Media/tabela.jpg?
t=1530629977817
https://sites.google.com/site/estatisticabasicacc/conteudo/parte-2---inferencia/01---
amostragem?

ϭϭϮ

Nota sobre autor :

Nlando Mia Veta André – Estatístico, mestrado em Ciências Económicas, opção Estatística,
pela Faculdade de Planificação do Instituto de Economia Nacional de Odessa, Ucrânia, desde
1986. Também é Bacharel em Ciências Matemática e Física da Universidade Nacional do ex
Zaire - UNAZA (actual RDC) em 1975. Em 1991 especialista em Amostragem e Métodos
Estatísticos pelo Centro Internacional de Programas Estatísticos (ISPC) – Census Bureau
Washington D.C. – USA. Estágiou em análise de dados em SPSS na Universidade de OXFORD
no centro de Pesquisas FOOD STUDY GROUP.
Exerceu várias funções tais como chefe de departamento de estatística, chefe de departamento
de investigação, docente universitário na cadeira de estatística, director geral adjunto para área
de investigação e pós-graduação e por fim trabalha actualmente como consultor independente.
Também foi membro do conselho científico de algumas instituições.
É membro de associação nacional dos estaticistas de Angola.

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