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Gestão Empreendedora e

suas Implicações para as


Organizações no Século XXI
Núcleo de Educação a Distância
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Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160
25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ

Reitor
Arody Cordeiro Herdy

Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária


Nara Pires Carlos de Oliveira Varella

Pró-Reitoria de Programas de Graduação Núcleo de Educação a Distância (NEAD)


Lívia Maria Figueiredo Lacerda Márcia Loch

1ª Edição
Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD

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Sumário
Gestão Empreendedora e suas Implicações para as
Organizações no Século XXI
Para início de conversa… ................................................................... 04
Objetivos ........................................................................................... 05
1. O Intraempreendedorismo ..................................................... 06
1.1 O Intraempreendedorismo e a cultura organizacional ................. 07
2. Empresas empreendedoras .................................................... 10
3. Processo Evolutivo do Empreendedorismo ................................ 12
4. Perfil Empreendedor .............................................................. 15
5. Empreendedores e Gestores ................................................... 17
6. Oportunidades de Empreendimentos ....................................... 19
Considerações Finais ........................................................................... 24
Bibliografia ........................................................................................ 25
Para início de conversa…
Nesta unidade você conhecerá os princípios do intraempreendedorismo
e como ele contribui para o desenvolvimento das empresas. Além disto,
você entenderá que fatores contribuem ou restringem a sua implantação.
Conhecerá também a experiência de empresas que implantaram a ideia em
suas organizações e porque elas fizeram isto.

Você também conhecerá melhor as características que definem o perfil


do empreendedor. Entenderá a diferença entre negócio e oportunidade e
ainda como os empreendedores conseguem transformar oportunidade em
resultado financeiro.

4 Empreendedorismo
Objetivos
▪▪ Conhecer os conceitos do intraempreendedorismo.
▪▪ Entender que fatores contribuem para o desenvolvimento do
intraempreendedorismo.
▪▪ Avaliar como o intraempreendedorismo contribui no
desenvolvimento das empresas.
▪▪ Conhecer as características necessárias ao empreendedor para
empreender no século XXI. Entender as mudanças no ambiente
de negócios neste século e avaliar de que forma elas afetam
as oportunidades.

Empreendedorismo 5
1. O Intraempreendedorismo
Vivemos em uma época que a maioria dos produtos possui
características muito próximas e são ofertados por uma grande quantidade
de fornecedores em um ambiente de negócio caracterizado por uma intensa
competição entre as empresas.
Para enfrentar o desafio em um mundo tão competitivo e em um
cenário sujeito a tantas mudanças, as empresas têm buscado criar diferenciais
em relação a concorrência e que agreguem valor a marca, o que é chamado de
“diferencial competitivo”.

Na visão de Jack Trout a diferenciação deve ser entendida pelas empresas


como uma estratégia de sobrevivência “em uma era de competição mortal”.
Steve Rivkin, colaborador no livro “Diferenciar ou Morre” de Jack Trout1,
escreve: “O importante é ser diferente. Ao longo de das últimas décadas, no
que se refere a negócios, as opções relativas aos produtos atingiram um nível
de variedade surpreendente em praticamente todas as categorias. Hoje em
dia, quando as diferenças das mercadorias são rápidas e facilmente copiadas
ou consideradas insignificantes, a diferenciação entre bens e serviços de uma
empresa e os da concorrência tornou-se o grande segredo para a sobrevivência
das organizações.”

Na busca do diferencial competitivo, as empresas têm investido em


processos de gestão e operação que melhorem a eficiência do negócio, bem
como no desenvolvimento e aprimoramento de produtos e serviços que
melhor atendam às expectativas do mercado.

O desafio é grande e para atingir o objetivo é necessário do


envolvimento e comprometimento da todos. Portanto, espera-se que os
colaboradores das empresas identifiquem as oportunidades e cooperem no
planejamento e na implantação das mudanças necessárias, agindo como
pequenos empreendedores dentro do empreendimento maior – a empresa.

“O trabalhador deixa de ser um paciente do processo de gestão


para ser um agente do processo e passa, portanto, a assumir papel
importante na gestão de seu próprio desenvolvimento e de sua
competitividade profissional.” (DUTRA, 2002, p. 26).

6 Empreendedorismo
O conceito de empreender dentro das empresas foi introduzido por
Gifford Pinchot III2 em 1985 com o nome de ‘’intrapreneur’’. A expressão foi
traduzida para o português como “intraempreendedorismo”.

Pinchot propõe que os colaboradores de uma mesma corporação atuem


internamente valendo-se de suas características empreendedoras, pensando a
frente, sendo proativos e indo além da execução de tarefas rotineiras.

Intraempreendedores são visionários na identificação de oportunidades


e inovadores na formulação das ideias, possuem motivação própria e estão
dispostos a assumir riscos com responsabilidades. Devidamente geridos,
assumem a posição de sócios do negócio e transformam ideias em soluções
rentáveis para a organização, contribuindo de maneira efetiva para o resultado
almejado pelos investidores.

Organizações competitivas percebem o valor destes intraempreendedores


e desenvolvem estratégias de retenção que passam por incentivá-los a expor
suas ideias e premiar seus autores, caso sejam implantadas. De outra forma,
seus autores deixarão a empresa, provavelmente migrando para a concorrência
ou desenvolvendo atividade em um negócio próprio.

Ações como estas, além de se mostrarem efetivas na retenção de


valores, contribuem para a melhoria do clima organizacional.

Vídeo
Clique no ícone ao lado e veja o que diz Gladis Costa,
fundadora do grupo Mulheres de Negócios, fala sobre o tema
intraempreendedorismo.
Assista agora

1.1 O Intraempreendedorismo e a cultura organizacional


A cultura organizacional é definida como o acúmulo de experiências
de uma empresa ao longo de sua existência e é formada pelos valores éticos,
princípios e crenças de todos os seus integrantes.

Empreendedorismo 7
A cultura organizacional, quando bem construída e aprimorada, se
constitui como um dos pilares de sustentação da organização. Por outro lado,
se estiver contaminada por conceitos ultrapassados e presa a antigos
paradigmas, pode se tornar um veneno para a organização, impedindo a
implantação das mudanças necessárias para a continuidade e desenvolvimento
do negócio.

Vídeo
Clique no ícone ao lado e conheça um pouco mais sobre cultura
organizacional e como ela é construída.

Assista agora

Conheça o caso Kodak e avalie como a ausência do


intraempreendedorismo pode contribuir para a destruição de uma empresa,
por maior e mais experiente que ela seja. A secular Kodak (1888), símbolo do
capitalismo americano, empresa mundialmente conhecida por sua inovação e
líder na produção de filmes para fotografia, percebeu que seu negócio estava
sendo ameaçado pelo crescimento das máquinas digitais.

Em 1992, Don Strickland, então vice-presidente da Kodak, declarou


que a empresa estava pronta atuar no negócio de câmeras digitais. No entanto
seus executivos não apoiaram o processo de transformação do negócio
temendo que isto levasse a empresa a acabar com o filme. A consequência
da falta de atitude intraempreendedora de seus dirigentes, caracterizada pela
falta de proatividade na implantação das mudanças, levaram empresa a pedir
concordata em janeiro de 2013.

“São uma empresa presa no tempo. A sua história era tão importante
para eles, esta rica história centenária em que fizeram muitas coisas espantosas
e muito dinheiro pelo caminho. Agora a sua história tornou-se um passivo”.

Robert Burley, professor da Universidade Reyrson, citado pela


Bloomberg.

Apesar de entenderem que é necessário criar diferenciais competitivos


e que isto pode ser determinante para a sobrevivência do negócio, e até

8 Empreendedorismo
intuírem que é necessária a participação de todos os colaboradores para superar
o desafio, muitos empresários ainda não adotam o intraempreendedorismo
como estratégia.

Mudar não é uma tarefa fácil para a maioria das pessoas e quando
falamos de empresas esta dificuldade é maior ainda. O medo de enfrentar o
novo, a possibilidade de seguir por um caminho errado ou de perder o
controle, são algumas das principais razões que nos levam a fazer as coisas da
mesma maneira. Mesmo que isto nos leve ao mesmo lugar.

Vídeo
Clique na imagem e conheça um pouco sobre o processo de construção
da cultura organizacional.

Assista agora

“Manda quem pode obedece que tem juízo”. Esta é uma frase antiga
e ouvida muitas vezes por aqueles ao tentar mudar algo que “sempre foi feito
daquela maneira”. A situação é comum em empresas onde a figura do “dono”
é percebida ao invés da figura do empreendedor e pode ser outro problema
para a implantação do intraempreendedorismo.

Muitos empresários não são empreendedores e consequentemente


tem sua imagem associada a centralização e pouca flexibilidade na formulação
e implantação de estratégias e processos na empresa. Isto porque têm muitas
dificuldades em perceber as oportunidades e receio de implantar mudanças.

Empresários que têm esta atitude são rotulados como “donos” e


costumam não ter uma boa percepção daqueles colaboradores que tentam
mudar aquilo que “sempre foi assim”. Na visão deles, aqueles que atuam
em áreas operacionais deveriam fazer somente aquelas tarefas que lhe são
atribuídas e nada mais.

Situações como estas limitam, ou impede, o desenvolvimento do


intraempreendedorismo, fazendo com que os colaboradores desmotivados e
temendo por seus empregos aceitem à rotina burocrática ou deixe a empresa.

Empreendedorismo 9
Intui-se que a implantação do intraempreendedorismo depende da
aceitação daqueles que dirigem o negócio, que precisam estar dispostos a
quebrar antigos paradigmas, a pensar diferente, abrir mão da centralização
e sobretudo permitir que aqueles colaboradores dispostos a empreendedor
internamente possam fazê-lo, assumindo o negócio como se fosse deles. É
preciso dar-lhes a liberdade de criar e errar, mas sobretudo é saber conviver
com sua inquietação.

“Ter boas ideias não é o ponto mais difícil no processo de inovação.


O verdadeiro desafio é transformar essas ideias em realidades
rentáveis, tarefas que exige que empregados se comportem como
empreendedores.”
(Gifford Pinchot III)

2. Empresas empreendedoras
Embora esteja frequentemente associado a novas ou pequenas
organizações, o intraempreendedorismo é uma prática que pode ser aplicada
em empresas grandes e maduras.

Logo, não é surpresa que nos últimos 20 anos o intraempreendedorismo


venha ganhando força e que é cada vez um maior o número de empresas
que estejam atuando no sentido de propiciar um ambiente propício ao
seu desenvolvimento. Para isto é preciso as empresas adotem processos de
identificação, avaliação, aprimoramento e implantação das ideias inovadoras
de seus colaboradores.

Empresas como Facebook, Google e Microsoft já nascem tendo o


intraempreendedorismo como um pilar e valor do negócio. Outras, como
3M, DuPont e HP descobriram muito cedo a importância de se cultivar e
valorizar os intraempreendedores.

No caso da 3M, empresa norte americana nascida em 1902 e tida como


líder mundial no desenvolvimento de patentes, o intraempreendedorismo foi
institucionalizado em 1925, quando Richard G. Drew, um jovem assistente
de laboratório, inventou a fita de mascaramento - uma etapa inovadora para

10 Empreendedorismo
a diversificação e a primeira de muitas fitas adesivas sensíveis à pressão da
marca Scotch®.

“Desenvolver e reconhecer a diversidade de talentos, iniciativas e


a liderança de nossos funcionários.” (web site da 3M na internet).

Todos os anos a Revista Exame publica o guia “VOCÊ S/A EXAME 150
Melhores Empresas para Você Trabalhar”. Trata-se do resultado de pesquisa
que avalia o grau de empreendedorismo das companhias participantes. Com
base em notas, a Fundação Instituto de Administração (FIA) e a redação de
VOCÊ S/A estabelecem um ranking das empresas que mais incentivam o
empreendedorismo entre seus funcionários.

No Google, gigante do segmento de Tecnologia da Informação,


fundada em 1998 por Larry Page e Sergey Brin, com um patrimônio
avaliado em US$ 27,6 bilhões (2007) e cerca de 20 mil colaboradores em
todo o mundo, tem estabelecido como pilares do negócio a inovação e
gestão de talentos.

A empresa é movida pelo intraempreendedorismo e o modelo de


trabalho reflete isto. Os colaboradores são incentivados a investir 70% do
seu tempo em atividades ligadas ao core business com foco em resultado;
20% em atividades que podem ou não dar resultados e 10% em qualquer
absurdo pessoal.

“Para trabalhar no Google, a pessoa precisar ser inquieta, criativa,


inconformada, que não desiste e não aceita um não como resposta.
Queremos mais do que gestores, queremos empreendedores em
nossos quadros”.
Carlos Felix Ximenes – Diretor de Comunicação do Google Brasil

Mais do que um pilar, o empreendedorismo é negócio para o


pessoal de Google. Em 2012, a empresa lançou um ambiente na web para
empreendedores (http://www.google.com/entrepreneurs), reunindo serviços,
produtos e parcerias para startups e empreendedores em um único site, com o
objetivo de apoiar novas ideias e modelos de negócios no mundo todo.

Empreendedorismo 11
Leia a entrevista dada por Alex Dias, Presidente do Google no Brasil,
dada a revista Você S/A com o tema “No Google empreender é fundamental” e
entenda porque, para o Google, é crucial manter uma equipe empreendedora
motivada.

Os empreendedores são importantes não apenas na implantação


de novos negócios, mas também nas atividades diárias das organizações já
consolidadas.

“A competitividade nas empresas e no próprio mercado é muito


grande. Vence quem consegue fazer a diferença”.
Makoto Yokoo (Gerente de Apoio a Empreendedores da Endeavor
Brasil)

3. Processo Evolutivo do Empreendedorismo


A atividade econômica no mundo vem passando por profundas e
constantes mudanças ao longo das últimas décadas. Segundo Dornelas
(2001), nos Estados Unidos, desde 1980, as quinhentas maiores empresas da
Revista Fortune eliminaram 5 milhões de empregos, por outro lado, mais de
34 milhões de novos empregos foram criados nas pequenas empresas.

Ainda segundo Dornelas, em 1996, as pequenas empresas americanas


criaram 1,6 milhão de empregos, 15% das empresas que mais crescem foram
responsáveis por 94% dos novos postos de trabalho, as empresas com menos
de 500 funcionários empregam 53% da mão de obra privada, tendo sido
responsáveis por 51% do PIB americano.

Além disto, 16% de todas as empresas americanas foram criadas há


menos de um ano. Os dados demonstram que a maior economia do mundo
tem sustentado esta posição apoiada pelo seu movimento empreendedor.

O resultado americano tem inspirado outros países a trilhar o mesmo


caminho e têm adotado o empreendedorismo como um dos pilares do
crescimento econômico com geração de emprego e renda.

12 Empreendedorismo
Vídeo
No Brasil o cenário não é diferente, dados de 2011 demonstram
que o país possui a terceira maior população empreendedora do
mundo e que o brasileiro vem empreendendo por opção, assumindo
o empreendedorismo como uma opção de carreira. Clique no ícone e
Assista agora
conheça um pouco mais sobre o assunto.

Empreender é uma característica inerente ao ser humano, logo nós


empreendemos desde sempre, mas o termo “entrepreneur” foi utilizado pela
primeira vez pelo economista irlandês Richard Cantillon1 em 1725 para indicar
aqueles indivíduos que corriam riscos e que recebiam recursos provenientes
de rendas incertas. Segundo ele, a função do empresário é afrontar o futuro e
a incerteza, produzindo bens e serviços necessários de acordo com a demanda
do mercado e na expectativa de conseguir algum benefício.

Foi Jean-Baptiste Say (1814) que pela primeira vez utilizou o termo para
associar certas características do ser humano ao processo de desenvolvimento
econômico com maior produtividade e a geração de riqueza.

“o indivíduo capaz de mover recursos econômicos de uma área de baixa


para outra de maior produtividade e retorno”. (Jean-Baptiste Say)

Ao longo dos anos, outros pesquisadores vêm contribuindo para


o melhor entendimento do conceito e seus estudos têm implicado em
desdobramentos teóricos e práticos para o empreendedorismo.

Carl Menger (1871), economista austríaco, definiu o empreendedor


como “aquele que antecipa necessidades futuras”. Frank Knight (1921), norte-
americano, afirmou que “o que distingue o empreendedor é a capacidade
de lidar com a incerteza”. Ludwig Von Mises (1949), economista austríaco,
afirmou que, o “empreendedor é o tomador de decisões”.

Mas foi Joseph Schumpeter (1950), economista austríaco, que


pela primeira vez associou o comportamento dos empreendedores à
inovação e o aproveitamento das oportunidades nos negócios, dizia ele “O

Empreendedorismo 13
empreendedor é o responsável pelo processo de destruição criativa, sendo o
impulso fundamental que aciona e mantèm em marcha o motor capitalista,
constantemente criando novos produtos, novos métodos de produção, novos
mercados e, implacavelmente, sobrepondo-se aos antigos métodos eficientes
e mais caros”.

Friedrich Von Hayek (1959), austríaco e economista, entendeu que


o empreendedorismo envolve não apenas risco, mas, sobretudo, conduz a
um processo de descoberta das condições produtivas e das oportunidades de
mercado por parte dos próprios atores sociais.

Mudanças fazem parte do processo de evolução da humanidade e elas


normalmente afetam o comportamento da sociedade.

Com o surgimento da rede mundial de computadores em 1989 as


mudanças se tornaram globais, passaram a acontecer com maior frequência e
a impactar mais a sociedade.

Isto porque o uso da rede mundial e as ferramentas nela disponibilizadas


encurtaram as distâncias e derrubaram fronteiras geográficas e culturais.
Neste contexto, a internet é reconhecida como um marco na história de
humanidade, um divisor de aguas tão relevante como foi o surgimento do
fogo, da roda e da imprensa.

Dornelas (2008) percebe isto e vê no empreendedorismo um agente


de mudanças em um mundo globalizado “eliminando barreiras comerciais
e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos
econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando
paradigmas e gerando riqueza para a sociedade”.

Portanto, é preciso entender melhor o mundo globalizado, seus


efeitos sobre o movimento empreendedor e que novas que competências
serão necessárias ao empreendedor para atuar neste cenário, para que
o empreendedorismo continue sendo utilizada como ferramenta de
desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda no século XXI.

14 Empreendedorismo
4. Perfil Empreendedor
Estudiosos das razões que levam as pessoas a empreender costumam
classifica-las em dois grandes aspectos: o econômico e o comportamental.

Os economistas, seguidores das teorias de Say e Schumpeter, entendem


que os empreendedores utilizam sua visão inovadora na busca de uma maior
eficiência do negócio e, portanto, maior eficiência e rentabilidade financeira.

Para eles os empreendedores focam energia:

▪▪ no desenvolvimento, ou aprimoramento, de novos produtos;


▪▪ em novos serviços ou novos métodos de gestão;
▪▪ em novos mercados ou novas organizações.

Os comportamentalistas como Weber (1904), autor da obra “A ética


protestante e o espírito do capitalismo” e David McClelland (1961), professor
da Universidade de Harvard, autor de “A Sociedade Competitiva“, procuram
destacar em seus estudos os atributos psicológicos do empreendedor como a
criatividade, perseverança, intuição e motivação.

Segundo McClelland, a motivação das pessoas depende dos fatores


realização, afiliação e poder e que estes independem do sexo, cultura ou idade.
Um destes fatores será o motivador dominante e no caso dos empreendedores,
o fator dominante é a realização.

Ela é que estimula o empreendedor a desafiar limites e estabelecer


novas metas, que implicam no reposicionando suas vidas. Assim, a necessidade
de realização é um traço de personalidade do empreendedor, caracterizada por
uma forte motivação para a excelência, para a obtenção de resultados ótimos
e um forte desejo de sucesso.

Motivadores Características das Pessoas


Tem uma forte necessidade de estabelecer e cumprir metas desafiadoras.
Assume riscos calculados para atingir seus objetivos.
Realização
Gosta de receber feedback regular sobre o seu progresso e realizações.
Gosta de trabalhar sozinho.

Empreendedorismo 15
Quer pertencer ao grupo.
Quer ser amado, e, muitas vezes, ir junto com o que o resto do grupo quer
Afiliação fazer.
Favorece a colaboração sobre a competição.
Não gosta de alto risco ou incerteza.
Quer controlar e influenciar os outros.
Gosta de ganhar argumentos.
Poder
Gosta de concorrência e ganhar.
Goza de status e reconhecimento.

Fonte: Teoria da Motivação Humana (McClelland, 1961)

“O empresário é uma pessoa que organiza e mantém um negócio,


arcando com os riscos por visar lucros. É alguém que exerce algum
controle sobre os meios de produção, produzindo mais do que
pode consumir, a fim de vender ou trocar a sua produção por renda
individual ou familiar”.
(McCLELLAND, apud TOMECKO, 1992: 3).

Collins, Moore e Zaleznik (1964) defendem a tese de que o empreender


é uma ação que copia modelos percebidos na infância e que as características
emocionais dos empreendedores têm como base alta necessidade de autonomia,
independência e autoconfiança.

Empreendedores são visionários e inovadores, são estimulados pelo


novo, estão sempre atentos às oportunidades de mudança que podem oferecer
um diferencial competitivo para o negócio ou para seu posicionamento pessoal.

Independente da linha de pesquisa adotada para a análise do perfil


do empreendedor de sucesso, é consenso entre os pesquisadores que
empreendedores são visionários e inovadores, são estimulados pelo desafio
do novo e atentos às oportunidades de mudanças que possam oferecer um
diferencial competitivo para o negócio ou para seu posicionamento pessoal.

Características de empreendedores bem sucedidos


Visão Coragem Capacidade analítica
Para identificar de oportunidades Para assumir riscos Para avaliar cenários

16 Empreendedorismo
Determinação Sensibilidade Planejamento
Para transformar adversidades em
Para a superar as adversidades Para a não perder o foco
oportunidades
Iniciativa Velocidade Vocação
Para realizar o que foi planejado Para tomar decisões Para acreditar em seu sonho

Além disto, no trato com a equipe, precisam saber motivar, delegar,


cobrar resultados.

Vídeo
Clique no ícone ao lado para ler a reportagem da revista Exame e
conhecer a história de cinco empreendedores de sucesso.

Assista agora

5. Empreendedores e Gestores
Empreendedores têm predileção por desempenhar funções voltadas aos
aspectos estratégicos, gestores são mais afetos àquelas atividades operacionais
inerentes ao dia-a-dia.

Para Henry Fayol3 (1916), o administrador era aquele que tinha a


missão de fazer a ligação entre a estratégia e a teoria empresarial. Fayol definiu
como responsabilidades dos administradores os atos de planejar, organizar,
comandar; coordenar e controlar.

“Uma das grandes diferenças entre o empreendedor e as pessoas


que trabalham em organizações é que o empreendedor define o
objeto que vai determinar seu próprio futuro.”
Filion (1999)

Portanto, além das funções administradoras conceituadas por Fayol, o


empreendedor possui o diferencial visionário.

Empreendedorismo 17
“O empreendedor de sucesso possui características extras, além
dos atributos do administrador, e alguns atributos pessoais que,
somados a características sociológicas e ambientais, permitem o
nascimento de uma nova empresa”.
Dornelas (2001)

Empresários empreendedores2 bem sucedidos precisam estar atentos a


todas as questões que afetam a empresa, portanto precisa estar assessorado por
bons administradores. Assim, para ter um empreendimento bem sucedido, para as
questões operacionais, é imprescindível que em todos os níveis da administração
(supervisão, gerencia ou direção) os gestores tenham atitude empreendedora.

Mesmo nas tarefas de rotina existem muitas oportunidades para serem


desenvolvidas. Sendo assim, seus gestores precisa ter visão empreendedora,
ousar com responsabilidade, estar comprometidos com o negócio, ter
capacidade de motivar e mediar, além disto, desenvolver esta mesma atitude
entre os membros de sua equipe.

“Gerentes eficazes colocam seu melhor pessoal em oportunidades, e


não em problemas”. (Peter Drucker).

Os quadros abaixo procuram resumir as características de


empreendedores e gerentes segundo Hisrich (1998).

Temas Gerentes Tradicionais Empreendedores


Promoção e outras recompensas
Independência, oportunidade para criar
Motivação principal tradicionais da corporação, como
algo novo, ganhar dinheiro.
secretária, status, poder etc.
Curto prazo, gerenciando orçamentos
Sobreviver e atingir cinco a dez anos
Referência de tempo semanais, mensais etc. e com
de crescimento do negócio
horizonte de planejamento anual.
Atividade Delega e supervisiona. Envolve-se diretamente
Preocupa-se com o status e como é
Status Não se preocupa com o status
visto na empresa
Como vê o risco Com cautela Assume riscos calculados
Falhas e erros Tenta evitar erros e surpresas Aprende com erros e falhas
Geralmente concorda com seus Segue seus sonhos para tomar
Decisões
superiores decisões
Fonte: Dornelas (2001. p.36)

18 Empreendedorismo
Os quadros abaixo procuram resumir as características de
empreendedores e gerentes segundo Hisrich (1998).

Temas Gerentes Tradicionais Empreendedores


A quem serve Aos outros (superiores) A si próprio e a seus clientes
Membros da família trabalharam Membros da família possuem pequenas
Histórico familiar
em grandes empresas empresas ou já criaram algum negócio
Relacionamento com A hierarquia é a base do As transações e acordos são a base do
outras pessoas relacionamento relacionamento

Fonte: Dornelas (2001. p.36)

6. Oportunidades de Empreendimentos
Ideias para negócios estão por toda parte e em todos os ramos de
atividade. São facilmente localizadas, estão anunciadas em jornais, revistas
e sites na internet. Negócios são destinados a empresários, pessoas que tem
capacidade administrativa para tocar uma empresa e gerar lucro.
Oportunidades para empreender não estão a vista para todos, elas
precisam ser percebidas e construídas de modo a gerar valor para os interessados
(stakeholders), que podem ser investidores, governo, sociedade ou a empresa
onde você trabalha.

Vídeo
Clique no ícone ao lado e conheça a história do pipoqueiro Valdir
e veja a oportunidade que ele identificou para se tornar um micro
empreendedor bem sucedido na cidade de Curitiba.
Assista agora

Valdir utilizou a característica fundamental do empreendedor (visão


empreendedora) para identificar a oportunidade e construiu sobre ela um
diferencial competitivo para o seu negócio, empreendendo em um nicho de
mercado, atendendo um desejo insatisfeito do negócio que atua.

Empreendedorismo 19
O exemplo do Valdir nos mostra a diferença entre negócio e
oportunidade, o negócio dele é vender pipoca a oportunidade percebida foi,
entendendo a necessidade adicional do Cliente (comprar pipoca), oferecer um
serviço adicional, agregando valor à venda da pipoca.

“Sorte na vida é um misto de encontrar oportunidades e de estar


preparado para elas”
Oprah Winfrey4

Oportunidade tem várias faces, provavelmente a mais comum seja


atender melhor o Cliente. Ou seja, tudo que o empreendedor puder identificar
e que permita construir um diferencial competitivo para o negócio é uma
oportunidade.

Atender melhor o Cliente parece uma tarefa simples, mas não é. Exige
sensibilidade, controle e análise. É preciso ser cauteloso, porque se você não
fizer o que o Cliente pede você quebra, mas se fizer tudo o que ele pede,
quebra também.

Saiba Mais
Clique no ícone ao lado e conheça a oportunidade de para empreender
que ele percebeu no secular ramo de construção civil.
Leia mais

Clique no ícone ao lado e assista ao vídeo produzido pelo pessoal


do “Bota Pra Fazer” que mostra de maneira lúdica como as grandes
oportunidades que estão ao nosso lado podem passar sem serem
percebidas.
Assista agora
Oportunidade para empreender não está necessariamente ligada
a um negócio. A executiva Cirlene Rocha, diretora da penitenciaria
de Caruaru, utilizou sua visão empreendedora para perceber uma
oportunidade para inovar no processo de gestão do presidio, adotando
uma metodologia única para implantar projetos sociais agregando valor
ao trabalho desenvolvido pelo Estado junto a população carcerária. Assista agora

20 Empreendedorismo
Eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos trazem,
sem dúvida, excelentes oportunidades para empreender. Um segmento que
desponta como muito promissor é o de meio ambiente, isto devido a necessidade
mundial de desenvolver fontes renováveis de energia e a preservação do meio
ambiente. Outra área extremamente interessante e a educação, devido a
carência de profissionais especializados em todas as áreas.

Não é somente no mundo real que as oportunidades podem ser


encontradas. Muitos empreendedores já perceberam isto e têm focado suas
visões no sentido de empreender no mundo virtual.

O crescimento das redes sociais é um bom exemplo de novas


ferramentas desenvolvidas a partir do surgimento da internet que mudaram a
forma do mercado se relacionar. A constante troca de informação em tempo
real e a nível mundial que a ferramenta oferece vem mudando a forma de
empreender.

O mundo sempre passou por processos de transformação e, nos


últimos anos, estas mudanças têm sido mais frequentes e de maior intensidade,
principalmente aqueles que dizem respeito com a forma com que as pessoas
se relacionam e como elas têm acesso a informação, principalmente a partir
do surgimento da internet.

Em mundo globalizado, onde as informações trocam de mão com


muita velocidade, as oportunidades podem ser percebidas por um número
imenso de pessoas e empreender neste novo cenário, mais do que em qualquer
outra época, depende da velocidade que percebemos a oportunidade e o tempo
que levamos para transformá-la em resultado.

Notas

1. Jack Trout é mundialmente considerado um dos mais importantes


pensadores do marketing, criador do conceito de posicionamento e
marketing de guerra.
2. Gifford Pinchot III é um empresário americano, autor e co-
fundador do Instituto de Pós-Graduação Bainbridge.

Empreendedorismo 21
3. Richard Cantillon (1680/1734), franco-irlandês, economista,
considerado como o pai da economia moderna.
4. Nem todo empresário é empreendedor, assim como nem todo
empreendedor é empresário.
5. Henry Fayol (1841/1925), Turco, engenheiro de minas, foi um dos
teóricos clássicos da Ciência da Administração, sendo o fundador
da Teoria Clássica da Administração.
6. Oprah Winfrey (1954), norte americana, atriz, editora de revista,
apresentadora consagrada de televisão nos Estados Unidos e
empresária mais rica do ramo de entretenimento.
7. Jorge Paulo Lemann (1939), brasileiro de origem suíça, é
empresário do ramo financeiro e dono de fortuna avaliada hoje em
US$ 19,1 bilhões.

Vídeos

▪▪ O que é o intraempreendedorismo: http://www.youtube.com/


watch?v=SG_QfwkhxlA
▪▪ Pipoca do Valdir: http://www.youtube.com/watch?feature=player_
embedded&v=vsAJHv11GLc
▪▪ Negócios na Internet: http://www.youtube.com/
watch?v=OznhGqa98-Y
▪▪ Empreendedorismo na TV Brasil: http://www.youtube.com/
watch?feature=player_embedded&v=CbZCfLDDRz0
▪▪ Bota pra Fazer: http://www.youtube.com/watch?v=nuRrW-Y9IIs
▪▪ Penitenciária de Caruaru: http://www.youtube.com/
watch?feature=player_embedded&v=ijtf2sEy_Mw

Web Sites

▪▪ Globo.com: http://g1.globo.com/economia/
▪▪ Exame.com: http://vocesa.abril.com.br

22 Empreendedorismo
▪▪ Google para empreendedores: http://www.google.com/
entrepreneurs
▪▪ Revista Exame: http://exame.abril.com.br/pme/noticias/5-
empreendedores-de-sucesso-indicam-livros-que-marcaram-suas-
vidas

Empreendedorismo 23
Considerações Finais
Vimos que intraempreendedorismo propõe incentivar a atividade
empreendedora interna de seus colaboradores. Entendemos de que forma o
intraempreendedorismo tem contribuído para o aumento da competitividade
das empresas a para a retenção de seus talentos.

Conhecemos os aspectos que cooperam para o desenvolvimento


da cultura organizacional e de como estas podem afetar a implantação e o
desenvolvimento do intraempreendedorismo. Conhecemos experiências de
empresas que se desenvolveram muito graças ao intraempreendedorismo.

Conhecemos as características que diferenciam os empreendedores


bem sucedidos em seus empreendimentos e a diferença de negócio para
oportunidade. Avaliamos que oportunidades estão disponíveis no século XXI.

24 Empreendedorismo
Bibliografia
DEGEN, Roanald Jean. O empreendedor. 2. ed. São Paulo. Prentice-Hall
Brasil, 2011. 440p. ISBN 9788576052050

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Processo. 1. ed. São Paulo: Cengage, 2007. 443 p. ISBN 8522105332

DORNELAS, José C. Plano de Negócios: O Seu Guia Definitivo. 1. ed. São


Paulo: Campus, 2011. 130 p. ISBN 9788535239300

COZZI, Afonso; DOLABELA, Fernando; FILION, Louis J.; JUDICE,


Valéria. Empreendedorismo de Base Tecnológica. 1. ed. São Paulo: Campus,
2008. 138 p. ISBN 9788535226683

BERNARDI, Luiz A. Manual de Plano de Negócios: Fundamentos, Processos


e Estruturação. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 195 p. ISBN 852244286X

FERRARI, Roberto. Empreendedorismo para computação: criando negócios


de tecnologia. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, Campus, 2010. 164 p. ISBN
9788535234176

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias


em negócios. 3. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 232 p. ISBN
9788535232707

MAXIMIANO, Antonio C. A. Administração para Empreendedores. 2. ed.


São Paulo: Pearson, 2011. 240 p. ISBN 9788576058762

Empreendedorismo 25

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