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MASTOLOGIA ONCOLÓGICA

E LINFOTAPING®

Prof.Dra.Sávia Dias
Introdução
•As mamas são órgãos glandulares pares, suscetíveis
a estímulos neuro-hormonais e destinados,
primordialmente, à secreção do leite.
•São glândulas sudoríparas, altamente modificadas e
especializadas, originadas de invaginações do
ectoderma para formar os ductos e alvéolos.
•A superfície cutânea da mama pode ser dividida em
3 regiões: periférica, areolar e papilar.
Dos pontos de vista clínico, cirúrgico e radiológico,
a mama é dividida em quadrantes: quadrante
superior interno (QSI), quadrante superior externo
(QSE) – área da mama com maior incidência de
lesões malignas –, quadrante inferior interno (QII) e
quadrante inferior externo (QIE).
Vascularização

Vascularização. A. Artéria acromiotorácica.


B. Artéria mamária interna. B1. Pedículo
superointerno. B2. Pedículo posterior
inferointerno. B3. Pedículo posterior
inferoexterno. C. Artéria mamária externa.
Drenagem linfática
•A drenagem linfática da mama é feita
essencialmente para a axila, acompanhando
o suprimento arterial.
•É composta pelo plexo superficial e pelo
plexo profundo (ou aponeurótico), os quais
se interconectam. A linfa flui
unidirecionalmente do plexo superficial para
o profundo, do plexo subareolar para vasos
linfáticos dos ductos lactíferos e vasos
lobulares e, finalmente, para o plexo
subcutâneo profundo.
•O fluxo se move centrifugamente para os
linfonodos axilares (97%) e da torácica
interna (3%)
Patologias benignas da mama
•Tumores benignos: representam um grupo heterogêneo de lesões que podem
ser palpáveis ao exame físico ou detectadas em exames de imagem da mama.
Os mais comuns são o fibroadenoma, o lipoma e o hamartoma.
Patologias benignas da mama
•Derrames papilares: é a saída espontânea de secreção pelo mamilo, fora do
período de gravidez e lactação. Quando ocorre saída de material à expressão
induzida da mama, esta é denominada secreção papilar e geralmente é
fisiológica. A saída de secreção láctea bilateral é conhecida como galactorreia.
Patologias benignas da mama
•Processos inflamatórios: O abscesso
subareolar recidivante. Há um processo
inflamatório típico, isto é, dor, calor e
rubor periareolar, que evolui em surtos
intercalados por períodos de acalmia e,
frequentemente, ocorrem retração
papilar e fibrose subareolar.

•Essa patologia representa 7% das


afecções mamárias benignas e atinge
mulheres entre 30 e 40 anos. O fator de
risco principal é o tabagismo (90% dos
casos).
Câncer de Mama

▪O câncer de mama é o segundo tipo de Neoplasia mais prevalente entre


as mulheres e uma das principais causas de morbidade nesta população.

▪INCA: estima 49.400 novos casos de câncer de mama , com um risco


estimado de 51 casos a cada 100 mil mulheres. No país, a cada ano,
cerca de 22% dos casos novos de câncer em mulheres são de mama.
▪ O principal método de diagnóstico precoce da doença é a mamografia.
E deve ser feito anualmente por todas as mulheres, dos 40 aos 69 anos.
▪A mastectomia ainda é um dos tratamentos a que a maioria das
mulheres com câncer é submetida.
INTRODUÇÃO

▪O câncer de mama é uma patologia complexa e


heterogênea, diferentes graus de agressividade tumoral e
um importante potencial metastático.

▪A cirurgia constitui uma das etapas mais importantes no


tratamento, incluindo a remoção do tumor e dos tecidos
subjacentes, além do esvaziamento axilar.
Mastectomia

Caracteriza-se como uma cirurgia total


ou parcial da mama, podendo ou não
está associado à retirada dos gânglios
linfáticos da axila /esvaziamento axilar
OMS, 2012
Mastectomia

MASTECTOMIA CONSERVADORA

Consiste de cirurgia para remoção do tumor primário com margens


de tecido normal, histologicamente negativas e dissecção axilar,
sendo a radioterapia complementar obrigatória na mama
submetida à cirurgia, para controle da doença.

✓Tumorectomia
✓Quadrantectomia
Mastectomia

TUMORECTOMIA

É um procedimento cirúrgico
conservador, que consiste na remoção
do tumor com margens de tecido
circunjacente de 1 cm, sendo
necessário que estas margens estejam
histologicamente negativas

Indicado para tumores de até 1,5 cm


de diâmetro
Mastectomia

QUADRANTECTOMIA

É na remoção de um quadrante ou
segmento da glândula mamária
onde se localiza um tumor maligno,
e as margens circunjacente de
tecido normal entre 2 e 2,5 cm.

Em conjunto com o esvaziamento


axilar radical e a radioterapia
Mastectomia

MASTECOMIA RADICAL HALSTED

Extirpação da mama, músculo grande peitoral, músculo


pequeno peitoral e esvaziamento axilar radical
Mastectomia

MASTECOMIA RADICAL MODIFICADA

Extirpação total da mama com o esvaziamento axilar


radical com a conservação do músculo grande peitoral,
com ou sem preservação do pequeno peitoral.

✓Mastectomia Radical Modificada Patey

✓Mastectomia Radical Modificada Madden


Mastectomia
MASTECTOMIA RADICAL MODIFICADA PATEY
Patey – retira glândula, peitoral menor e linfonodos

MASTECTOMIA RADICAL MODIFICADA MADDEN


Madden – retira glândula e linfonodos (preserva
peitorais)

• Peitoral maior - Suas ações principais


são a rotação medial e adução do
braço, mas também estão envolvidos
na flexão e extensão deste membro
• Peitoral menor – A ação dele é
estabilizar a escápula
Complicações pós cirúrgicas
✓Escápula alada - devido à fraqueza do Serrátil anterior;
✓Lesões das raízes do Plexo braquial;
✓Limitação da flexão e rotação do ombro - em sua maioria,
por medo;
✓Linfedema - pela retirada dos linfáticos axilares;
✓Sensação dolorosa e de peso no ombro - associada ao
linfedema;
✓Limitação da expansibilidade torácica - onde a Fisioterapia
deve intervir imediatamente;
✓Parestesias.
COMPLICAÇÕES PÓS-CIRÚRGICAS

Disfunção do ombro direito ipsilateral Aderência cicatricial pós-mastectomia


à quadrantectomia com radical modificada com esvaziamento
esvaziamento axilar. axilar.
COMPLICAÇÕES PÓS-CIRÚRGICAS

LINFEDEMA

Linfedema é uma doença crônica


caracterizada pelo acúmulo de líquido
intersticial de alta concentração
protéica, decorrente de insuficiência
da drenagem linfática por
anormalidades congênitas ou
adquiridas do sistema linfático.

J Vasc Br 2005, Vol. 4, Nº3


Linfedema
Quanto à forma clínica, o linfedema pode ser classificado, segundo
Mowlen, em:
grau I: linfedema reversível com elevação do membro e repouso no leito
durante 24-48 horas, edema depressível à pressão;
grau II: linfedema irreversível com repouso prolongado, fibrose no
tecido subcutâneo de moderada a grave e edema não-depressível à
pressão;
grau III: linfedema irreversível com fibrose acentuada no tecido
subcutâneo e aspecto elefantiásico do membro.

J Vasc Br 2005, Vol. 4, Nº3


FISIOTERAPIA

A Fisioterapia desempenhará um importante papel na vida


dessas mulheres, ganhando ADM, ajudando a retornar as
suas atividades precocemente, reintegrando á sociedade e
ajudando na sua auto estima e melhorando a qualidade de
vida.
•Drenagem Linfática manual / Linfotaping

•Cinesioterapia

•Terapia física complexa


Pós-operatório imediato | Reavaliação e
programa de exercícios

•A reavaliação no pós-operatório imediato, preferencialmente, ocorre no primeiro


mês após a cirurgia e deve ser programada antes do início do tratamento
adjuvante
• Reeducação respiratória,
• Mobilização ativo-assistida e ativa de membros superiores, manobras manuais
específicas para prevenção de aderências,
• Deambulação precoce com orientação postural, posicionamento do membro
superior ipsilateral à cirurgia em 30° de flexão e abdução do ombro,
• Exercícios circulatórios,
• Controle de dor com o uso da TENS,
• Estímulo às atividades diárias e orientação quanto à realização de movimentos
ativos de membros superiores, considerando amplitude de 90° até a retirada dos
pontos.
Seguimento e vigilância

•O trabalho pode ser individual ou em pequenos grupos


•nessa fase, abrange alongamentos da musculatura cervical, escapular e
dos membros superiores em associação a exercícios para ganho de
amplitude de movimento e treinamento supervisionado de força
muscular.
•Exercícios ativo-assistidos e ativos para o membro afetado devem ser
realizados com objetivo de ganho de amplitude de movimento]
•Após o ganho de amplitude, iniciamos um trabalho com exercícios
resistidos para membros superiores, tronco e abdome para a melhora do
desempenho muscular e diminuição da fadiga
Seguimento e vigilância
Todos os cuidados relacionados a seguir devem ser orientados em relação ao membro
superior ipsilateral, independentemente do tempo de cirurgia:
1. Ter cuidado para não ferir o braço (faca, tesoura, fogo). Sempre que
necessário, utilizar luvas apropriadas
2. Evitar raspar ou depilar a axila. Dar preferência a barbeadores elétricos
3. Evitar aferir pressão arterial
4. Evitar aplicar injeções, vacinas e acupuntura, bem como tirar ou receber
sangue
5. Não tirar cutícula e cortar calos. Cortar cuidadosamente as unhas
6. Evitar pequenos movimentos repetidos, ou seja, atividades com contrações
isométricas por tempo prolongado
7. Evitar tomar sol excessivo ou se expor em ambiente muito quente (sauna)
8. Não usar relógios, anéis ou pulseiras apertadas, dificultando a circulação
linfática
9. Manter a pele hidratada
10. Utilizar repelentes para evitar picadas de insetos
11. Manter o peso ideal.
Princípios da terapia física complexa

Fisioterapia complexa descongestiva


ou terapia descongestiva complexa

Drenagem Linfática Manual

Enfaixamento compressivo
funcional

Exercícios linfomiocinéticos

Cuidados com a pele

Automassagens
Princípios da terapia física complexa

Compõe-se de duas fases:


•A primeira (drenagem linfática manual, enfaixamento
compressivo funcional, exercícios linfomiocinéticos, cuidados
com a pele e automassagem) tem como objetivo mobilizar o
excesso de líquido e iniciar a regressão das alterações
fibroescleróticas;
•A segunda (contenção elástica de uso diário, exercícios
linfomiocinéticos, cuidados com a pele e automassagem) visa
impedir um novo acúmulo de líquido no espaço intersticial, além
de continuar auxiliando na redução da fibrose.
Drenagem Linfática Manual
Enfaixamento compressivo
funcional
Enfaixamento compressivo
funcional
A manutenção da redução obtida na
primeira fase da fisioterapia
complexa descongestiva deve ser
realizada com o uso de
braçadeira ou compressão elástica
durante a segunda etapa do
tratamento

Compressão elástica – braçadeira.


Exercícios
Linfotaping®
Linfotaping®
O Linfotaping® é uma das formas de aplicação das bandagens
elásticas neurofuncionais para problemas de origem circulatório-
linfáticas.
Fisiologia
• A fita de Kinesio Taping® promove um alongamento da pele e aumenta o espaço
entre a derme e os tecidos subjacentes (convolução), diminuindo a pressão sobre
os vasos linfáticos e reduzindo a estase linfática pela diferença de pressão que se
forma entre eles e o interstício.
(Kasawara et al., 2018; Thomaz et al., 2018; Wallis et al., 2003; Kase, 2003, 2013).

Convolução promovida pelo Linfotaping® (adaptada de Kase K, 2003).


Linfotaping®
▪ O Linfotaping tem a propriedade de elevar a pele e favorecer a
abertura das vias linfáticas superficiais na área afetada, impulsionando
o fluxo linfático
▪ Possibilita direcionar o fluxo para as áreas livres e prontas para
reabsorver o edema.
▪ Inibe as terminações nervosas livres e estimula a analgesia
▪ O Linfotaping continua a facilitar o fluxo linfático por 3-5 dias durante
seu uso
▪ O paciente pode tomar banho sem tirar a bandagem, visto que o
material é resistente à água.
▪ Os pacientes podem ficar com a bandagem por 3 a 4 dias.
Técnica
• Princípio do “recuo”:
efeito mecânico
• Âncora
• Paper off
• Aplicação: I, Y, Web,
FAN
• Inicia a aplicação
pelas caudas (tails)
laterais em seguida as
demais
ÂNCORA:
0 ZERO A
Princípio de TENSÃO
aplicação:
Recuo
Corpo da
esticar a fita a
bandagem:
partir da âncora
TENSÃO
e o tail (cauda)
10%, 20%,
irá recuar
50%
Princípios gerais da aplicação
1. Descanso de 24 h antes da próxima aplicação;
2. Avaliar a pele;
3. Não usar secador de cabelo ( termo aquecimento);
4. Remover após qualquer irritação da pele ( testar com pequenos
pedaços sem tensão);
5. Se a âncora for nas duas extremidades o recuo atinge o meio

ÂNCORA:
ÂNCORA:
0 ZERO
0 ZERO
TENSÃO
TENSÃO
Contra indicações
• Tecido frágil;
• Sobre tumores;
• Infecções;
• Alérgicos;
• Diabetes (pele frágil) CR;
• Alterações de sensibilidade CR;
• Doença renal;
• PA não controlada.
Aplicação mama
10/05/2023
Outras aplicações

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